DÉCADA DE 70 E 80
• O Brasil chegou a ser o 2º produtor mundial de Embarcações
• Empregava 40 mil trabalhadores diretos e cerca de 160 mil
indiretos
DÉCADA DE 90
• Na segunda metade da década de 90, o segmento estava
praticamente extinto
• Redução do número de trabalhadores para 11 mil (2002)
• Apenas 3% dos navios brasileiros são de fabricação nacional
• Não havia política de financiamento para o setor e nem
política de modernização para o setor
• No ano 2000, por pressão dos trabalhadores e empresas, o
governo iniciou a discussão de medidas, que não foram
suficientes para retomada do segmento no Brasil
• A partir de 2003, com a decisão de produzir as plataformas
da PETROBRAS em território nacional, o segmento inicia
uma trajetória ascendente
• A partir de 2004, os trabalhadores passaram a participar do
CDFMM (Conselho Diretor do Fundo de Marinha Mercante).
Este conselho tem a finalidade de subsidar a formulação e
implementação da política nacional de marinha mercante e
da indústria de construção e reparação naval brasileira.
RETOMADA DO SEGMENTO
• A exigência de conteúdo mínimo nacional na construção naval permeou
as medidas governamentais, entre elas: Programa de Modernização e
Expansão da Frota (Promef), Plano de Renovação da Frota de
Embarcações de Apoio Marítimo (Prorefam) e Empresas Brasileiras de
Navegação (EBN).
• A PETROBRAS tornou-se a maior cliente do segmento, com a
encomenda de plataformas e embarcações para atender a área de
petróleo e gás.
• Já para a defesa nacional, foi criado o Programa de Reaparelhamento da
Marinha (PRM), que prevê a construção de vários tipos de embarcação,
com a condição de parceria entre os detentores de tecnologia (estaleiros
e projetistas internacionais) e o estaleiro construtor brasileiro. A área de
transporte marítimo e cabotagem também mostra aumento da demanda.
RETOMADA DO SEGMENTO
RETOMADA DO SEGMENTO
Presente em 96 cidades de 23 Estados, a indústria de construção naval foi a que teve o maior índice de
crescimento de emprego no ramo metalúrgico. Isso representa taxa média anual de crescimento de 16,4%.
No ramo, a média anual foi de 4,8%.
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Fonte: RAIS/MTEElaboração: Dieese
CRISE NO SEGMENTO
• A OPERAÇÃO LAVA JATO gerou graves distúrbios nos negócios dos setores de petróleo e
construção e fragilizou ainda mais a PETROBRAS e as empresas da cadeia produtiva do
petróleo e gás, num momento de sérias dificuldades para essa indústria no mundo. Além
disso, a fragilização das empresas de construção pesada, em decorrência da Lava Jato, e o
ajuste fiscal reduziram o volume e ritmo de investimentos públicos em infraestrutura;
• O CASO DA EMPRESA SETE BRASIL é emblemático do transbordamento da crise para o
segmento naval. Iniciou com o plano de produzir e gerenciar as sondas (29) de perfuração
contratadas pela Petrobras e depois de deflagrado a Operação Lava Jato não pagou esses
contratos desde novembro de 2014, hoje se encontra sem liquidez nenhuma.
• A PETROBRAS VEM IMPLEMENTANDO UM FORTE PLANO DE DESINVESTIMENTOS
com acentuado cortes em áreas centrais, bem como a tentativa de vender uma série de
seus ativos. Em junho de 2015 apresentou a primeira redução e de lá pra cá vem nessa
mesma linha de ajustes. REDUÇÃO DE MAIS 25% DOS INVESTIMENTOS
• AS ENCOMENDAS FEITAS PELA TRANSPETRO através do PROMEF têm sido reduzidas
ou canceladas com a justificativa que os estaleiros não estariam cumprindo com os prazos
estipulados nos contratos firmados;
CRISE NO SEGMENTO
• OS RECURSOS LIBERADOS DO FUNDO
DA MARINHA MERCANTE que já vinham
apresentando quedas desde 2013,
comparado aos anos anteriores. Os dados
de 2015 não estão disponíveis, mas ao
que tudo indica sua própria fonte de
financiamento o Adicional ao Frete para
Renovação da Marinha Mercante
(AFRMM) está em queda, já que o nível de
importações tem se reduzido por conta da
crise econômica instalada;
• A carteira de encomendas nos estaleiros
no final de 2015 era de 236 embarcações,
para o mesmo período de 2014 esse valor
era de 324. A POLÍTICA DA PETROBRAS
TEM SIDO A TRANSFERÊNCIA DE
PRODUÇÃO PARA A CHINA
CRISE NO SEGMENTO
• Dentre os acordos já consolidados na venda dos ativos da estatal
brasileira, destacam-se:
• A venda de 90% da unidade de gasodutos Nova Transportadora
Sudeste (NTS), para o consórcio liderado pela Brooksfield por
US$5,19 bilhões e
• A venda da participação em campo Pré-Sal para a Statoil Brasil
Óleo e Gás por US$2,5 bilhões.
• No dia sete de julho foi aprovado pela “Comissão Especial da Petrobras e
Exploração do Pré-Sal” o Projeto de Lei (PL) 4567 de 2016, que retira a
obrigatoriedade da atuação da Petrobrás como operadora única dos
blocos contratados em regime de partilha de produção da área do
Pré-Sal. O projeto precisa ainda ser votado na Câmara dos Deputados, a
lei atual 12.351 de 2010 exige que a Petrobrás opere com 30% de
qualquer bloco contratado sob o regime de partilha e que parte dos
recursos seja destinada para saúde e educação.
CRISE NO SEGMENTO
• Em janeiro de 2016 o governo lançou o Programa de
Estímulo à Competitividade da Cadeia Produtiva, ao
Desenvolvimento e ao Aprimoramento de Fornecedores
do Setor de Petróleo e Gás Natural (PEDEFOR) com o
objetivo de debater o conceito de conteúdo local;
• Após o afastamento da presidente Dilma, o novo governo
vem apontando a retirada dessas exigências para
vigorar nos próximos leilões de áreas petrolíferas, se
reunindo continuamente com os presidentes globais da Shell
e da Staitoil, com o apoio de flexibilizar as regras de
conteúdo local do próprio presidente da Petrobras, Pedro
Parente
CRISE NO SEGMENTO• Em dezembro de 2014 haviam 77,5 mil trabalhadores e trabalhadoras do
segmento naval;
• Em setembro de 2016 o número de trabalhadores no segmento naval estava em
44,8 mil. Uma queda de 37,3% da base comparado ao último ano de pico de
contratação, sendo fechados 26,7 mil postos de trabalho
Emprego no segmento Naval no BrasilDez/2014 a setembro 2016
CRISE NO SEGMENTO
• 14 municípios concentram a
maior parte de estaleiros e
consequentemente
trabalhadores do segmento
naval que são apresentados na
tabela ao lado
• O município do Rio de
Janeiro é o que mais tem
fechado postos de trabalho,
saindo de um estoque de mais
de 12 mil trabalhadores para
1,8 mil de 2014 a 2016
• Ipojuca, onde concentra dois
grandes estaleiros
construídos nesse último
período também apresentam
queda forte do emprego
UF/MunicípioEstoque em
dez/14
Estoque em
dez/2015
Estoque em
setembro/2016
Postos fechados
de 2014 a 2016
AM 2.667 2.074 2.061 -606
Manaus 2.667 2.074 2.061 -606
BA 1.312 258 176 -1.136
Maragogipe 1.312 258 176 -1.136
CE 546 633 678 132
Fortaleza 546 633 678 132
ES 1.181 1.929 1.476 295
Aracruz 1.181 1.929 1.476 295
PE 6.607 4.894 4.813 -1.794
Ipojuca 6.607 4.894 4.813 -1.794
RJ 33.569 19.732 12.736 -20.833
Angra dos Reis 9.126 7.908 5.312 -3.814
Itaguai 1.188 1.316 1.500 312
Niteroi 10.693 6.018 4.118 -6.575
Rio de Janeiro 12.562 4.490 1.806 -10.756
RS 8.300 8.891 8.051 -249
Rio Grande 7.483 6.008 5.555 -1.928
Sao Jose do Norte 817 2.883 2.496 1.679
SC 5.934 5.290 4.613 -1.321
Navegantes 3.333 2.299 1.762 -1.571
Itajaí 2.601 2.991 2.851 250
SP 161 185 185 24
Santos 161 185 185 24
Total municípios
selecionados60.277 43.886 34.789 -25.488
Demais municípios 11.277 11.283 10.053 -1.224
TOTAL GERAL 71.554 55.169 44.842 -26.712
Emprego nos principais municípios do Brasil dez/2014 a setembro 2016
CRISE NO SEGMENTO
• As perdas nos postos de trabalho estão ligadas principalmente às
transferências de operações para a China, como é o caso da conversão
casco FPSO das plataformas P75 e P76 que deveriam ser implementadas pelo
estaleiro de Inhaúma.
• No município de Itajaí, mais de 1.100 trabalhadores foram colocados em
aviso prévio pelo consórcio MGT, responsável pela construção de módulos
para plataformas de petróleo. A decisão teria sido motivada por um impasse
com a Petrobrás, que pediu alterações nos projetos. Segundo SINAVAL, não há
previsão de novas encomendas para a construção de novos navios de apoio
para 2017, o que levaria um hiato de produção nos estaleiros.
• O estado gaúcho possui três grandes estaleiros, dois localizados no município
de Rio Grande, o Estaleiro Rio Grande (Ecovix) e o complexo QGI, e o EBR,
localizado em São José do Norte. Atualmente empresa Ecovix, está
construindo quatro cascos replicantes para projetos da Petrobrás. Esta
empresa está operando com caixa numa conta vinculada da Petrobras, e
negociando um empréstimo de R$600 milhões com a estatal para a conclusão
da construção do lote de cascos.
CRISE NO SEGMENTO
• No estaleiro QGI estão sendo trabalhados módulos das plataformas P-
75 e P-77, e no EBR da P-74. Apesar das empresas terem serviços
contratados para dois anos, parte das obras dos cascos e módulos
foram subcontratados por estaleiros asiáticos, é o caso das plataformas
P68 e P71, cuja construção foi transferida para a China.
• O Estado de Pernambuco foi impactado pelo cancelamento das
encomendas de 17 navios contratados pela Transpetro através do
Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), sete
navios de posicionamento dinâmico foram cancelados com o Estaleiro
Atlântico Sul, e dois navios gaseiros foram cancelados com o VARD
Promar. Por outro lado, foram mantidos os contratos com a Transpetro
nas construções de oito navios no Estaleiro Atlântico Sul e três gaseiros
pela Vard Promar, projetos assegurados até 2018