O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
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SEDUÇÃO DA LINGUAGEM POÉTICA
Elizeth Tesseroli Miot1
Resumo: A implementação de um projeto pedagógico necessita de professores responsáveis e preparados para enfrentar o quotidiano da sala de aula. Este artigo apresenta a implementação de um projeto, denominada “Sedução da Linguagem Poética”, realizado no Colégio Estadual do Paraná. Para tanto, contou com o auxílio de uma equipe de professores que, junto com esta pesquisadora, abraçou-o, colocando-o em execução. O objetivo geral do projeto foi o de propiciar a criação de saberes abrangentes, a partir da leitura de obras literárias, numa perspectiva multicultural, em que a literatura pudesse interagir com outras linguagens, com vistas à formação do leitor crítico na verdadeira acepção da palavra. Um levantamento bibliográfico sobre os conceitos utilizados inicia o artigo, que termina com a descrição do que foi realizado com os alunos. Os resultados obtidos demonstram que os alunos adquirem interesse pela poesia e pelos outros gêneros literários, como uma das formas de comunicação, mas também, como uma maneira de ampliar a cultura.
Palavras-chave: projeto pedagógico; literatura; poesia.
Introdução
Este artigo tem como base a obra de Bakhtin, para quem, as relações que
unem os homens numa sociedade são determinadas, primeiramente, pela
necessidade de buscar alimento, vestir-se, abrigar-se, caracterizando-se,
portanto, pelas relações de produção. “Toda esfera ideológica se apresenta como
um conjunto único e indivisível, cujos elementos, sem exceção, reagem a uma
transformação da infraestrutura” (BAKHTIN, 1998, p. 83). As transformações
estruturais da sociedade devem ser estudadas para que se entenda como
tomarão forma na superestrutura as instituições sociais com as suas leis, ou seja,
o complexo das ideologias religiosas, filosóficas, jurídicas e políticas.
O material verbal é, para o referido autor, a chave para o estudo da relação
recíproca entre infraestrutura e superestrutura aqui incluída, sem dúvida, a
manifestação literária. É a sua onipresença social que faz dele o indicador mais
sensível das transformações que afetam uma sociedade. A palavra é capaz de
registrar as fases transitórias mais ínfimas, mais efêmeras das mudanças sociais.1 Professora de Língua Portuguesa do Colégio Estadual do Paraná, participante do PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional da SEED, em 2011. [email protected]
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Colocando a palavra como signo ideológico por excelência, Bakhtin traz, na
sua filosofia da linguagem, uma importante contribuição para as ciências
humanas que lidam especialmente com o fenômeno linguístico e suas
implicações.
É importante, a partir dessa premissa que, a cada dia, a cada ano letivo, o
professor repense e reinvente sua prática pedagógica, ampliando, pela crítica
produtiva, o potencial do olhar que lança ao horizonte do fazer didático, de forma
que a diversidade de linguagens seja campo em que possa semear e colher os
frutos da educação e reflexão diária.
Portanto, no desenrolar das ações/tarefas, ele deve se deslocar do papel
tradicional para ouvir e responder, mediando a busca de informações e pontos de
vista na preparação de um trabalho que se torne sedutor, produtivo e eficiente
para todos e, principalmente, para que a transformação se concretize em todos os
níveis. Esse movimento do professor em direção à mudança da postura
pedagógico/didática é o que se entende por educação em processo mediado que,
em análise clara, pode ser entendido como processo político.
O trabalho com a linguagem literária permite o exercício da liberdade, da
espontaneidade, da subjetividade e da emoção pessoal. Além disso, a exploração
dos significados, dos efeitos sonoros, rítmicos e visuais, ocasiona a criação de
uma atmosfera semântico/lúdica que possibilita ao aluno a leitura, a criação, a
análise e a contextualização da produção textual.
Na sociedade capitalista, se a educação não seja é negada como direito
social, talvez tenha sua função vinculada a interesses capitalistas e pragmáticos,
reduzida à mera instrumentalização pragmática. Daí a riqueza das formas de
resistência de denúncia, de práticas libertadoras.
A escola é um espaço privilegiado de relações humanas, de contradições e
de ações, de realização e de possibilidades, de afirmação da liberdade e da
justiça, de desvelamento das misérias humanas, da opressão, de sonhos e de
esperanças, espaço de aprendizagem, de apropriação do saber e da cultura, e é
onde sujeitos se educam.
Por isso, a importância do espaço escolar ser espaço político-cultural de
formação humana que expresse a necessidade “de um projeto de país, de
sociedade e de educação concebidas para uma globalização mais humana”
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(SANTOS, 2002, p. 85), pois a escola é um espaço no qual as diferenças sociais
se encontram, sejam de classe, de religião, de idade, de sexo etc. É, então,
importante que a escola e seus integrantes (funcionários, docentes e discentes)
estejam preparados para receber as diferenças e conviver harmonicamente com
elas. Se isto não acontece da forma desejada ou esperada, pode haver violência.
Nem todos, porém, alcançam a coragem de se revelar, desnudar alma e os
sentimentos, escancarar as íntimas janelas, para demonstrar como a sua emoção
age e reage às mensagens e aos estímulos da vida. Um olhar mais acurado para
a escola mostrará a violência em suas múltiplas manifestações, seja na sala de
aula, nos pátios ou no seu entorno e os professores não são preparados, no seu
processo de formação, para enfrentar essa lógica da violência. Ela é tutelada
pelos poderes instituídos, conformando-se com a violência institucional que
provoca insegurança, medo, silêncio. É preciso contrapor, desatar “nós”, fazer
laços, abrir brechas para manifestações do sentir/ouvir para criar laços de afetos
na dimensão da musicalidade, das cores, dos odores, das rimas, da ciranda de
corpos em movimento e das reações saudáveis, para fazer frente ao poder da
violência. Nada melhor, do que a linguagem da poesia para o educando expressar
e comunicar seus desejos, insatisfações e angústias. Ao propiciar espaços para
as manifestações culturais, elas promovem a construção da identidade e o
desenvolvimento de um sentimento de pertencimento, de autovalorização e,
principalmente, da busca do exercício da cidadania.
A construção de um projeto pedagógico deve apostar em práticas de leitura
por meio das quais os alunos possam ter acesso à produção simbólica do
domínio literário, de modo que eles, interlocutivamente, estabeleçam diálogos (e
sentidos) com os textos lidos. E ainda, que eventos de leituras se caracterizem
como situações significativas de interação entre o aluno e os autores lidos, os
discursos e as vozes que dali emergirem, viabilizem a possibilidade de múltiplas
leituras e a construção de vários sentidos que propiciem a formação humanista e
crítica do aluno, que o estimulem à reflexão sobre o mundo, os indivíduos e suas
histórias, sua singularidade e identidade.
Nessa esteira, deve-se, também, criar espaço de vivência e cultivo de
emoções e sentimentos humanos, como experimentar situações em que se
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reconheça o trabalho estético da obra literária, identificando as múltiplas formas
de expressão da(s) linguagem(ns) para levar a efeito um discurso.
Para o desenvolvimento do projeto realizado partiu-se do seguinte
problema: tendo em vista a perspectiva de leitura como uma atividade
multifacetada que pode e deve ser desenvolvida pela escola, como levar o aluno
a ler plenamente, de modo que ao observar o mundo seja possível ler o que
transparece e o que se esconde, com o intuito de posicionar-se diante das várias
ideologias, linguagens, e, assim, intervir na sociedade?
O objetivo geral foi o de propiciar a criação de saberes abrangentes, a
partir da leitura de obras literárias, numa perspectiva multicultural, em que a
literatura possa interagir com outras linguagens com vistas à formação do leitor
crítico, na verdadeira acepção da palavra.
Para atingir esse objetivo, alguns mais específicos foram necessários
como: a) fornecer, através de uma linguagem simples, algumas orientações sobre
texto literário e figuras de linguagem; b) contribuir para a formação de “leitores” de
obras literárias; c) ajudar a ver com “novos olhos” obras de arte, escrita e plástica;
d) descobrir, para além do texto literário, quais as prováveis intenções do autor; e)
situar a obra estudada em seu contexto histórico para melhor compreender os
propósitos artísticos; f) compreender como cada obra está relacionada, por
imitação ou contradição no dialogismo entre passado e presente; g) selecionar
textos poéticos, os quais venham ao encontro das expectativas e interesses dos
estudantes.
A poesia
Poética II
Com as lágrimas do tempo
E a cal do meu dia
Eu fiz o cimento
Da minha poesia
E na perspectiva
Da vida futura
Ergui em carne viva
Sua arquitetura.
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Não sei bem se é casa
Se é torre ou se é templo.
(Um templo sem Deus.)
Mas é grande e clara
Pertence ao seu tempo
... Entrai, irmãos meus!
(Vinicius de Moraes, in “O operário em Construção”)
Poesia, do grego poesis, significa “criar” / “fazer”. O fazer poético é anterior
à escrita. Ela permaneceu por um longo tempo na oralidade, usada como método
mnemônico da história (política e guerras) e costumes do povo, de sua
genealogia e leis. Esteve ligada às tradições musicais, à religião nos mantras,
sutras e orações, e à mitologia. As obras de Gilgamesh (épico de 3000 a.C.), o
Vedas (1700-1200 a.C.) e as famosas epopeias criadas por Homero, entre 800 e
675 a.C., por exemplo, foram organizadas em versos e eram, comumente,
declamadas com acompanhamento musical.
A linguagem poética cria painéis elaborados metaforicamente para além do
tempo cronológico. Ela possibilita a transcendência, na qual apresenta um
universo que existe na dimensão dos sonhos em que estão refletidos os anseios
do ser humano.
Essa linguagem amplia o horizonte do leitor e permite o dialogismo da
leitura literária com outras manifestações artísticas.
O que é um poema?
Parafraseando a professora Luci Collin, o poema é uma entidade sonora,
orgânica. Possui estrutura externa (forma) e estrutura interna (conteúdo)
concretizados em linguagem poética, cuja organização (forma) se pauta pela
utilização de figuras de estilo e vocábulos capazes de produzir efeitos de ritmo e
musicalidade inerentes ao gênero e à intenção inicial da criação poética.
A linguagem poética é um tema riquíssimo. É possível estender-se por
várias páginas e, ainda assim, não se abarcar toda a complexidade inerente à
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poesia. Por essa razão, este trabalho se restringe às relações entre a poesia e o
engajamento social e à afinidade entre a poesia e a música.
O poeta, a poesia e o engajamento social: a militância poética
Numa análise sociológica da produção literária de alguns poetas, como
Ferreira Gullar e Pablo Neruda, percebe-se que poemas publicados num dado
contexto histórico e político refletem a produção de obras questionadoras,
ousadas e, porque não dizer, revolucionárias.
Segundo Luft2 (2010), embora o principal objetivo do escritor não seja a
recriação da realidade, é inegável que, por meio da construção ficcional, a
imaginação produz imagens que são recuperadas pelo receptor no ato da leitura e
nas quais se encontram vestígios não apenas da subjetividade do autor que as
construiu, mas do lugar que ele ocupa numa sociedade, espelhada, refratada,
reverenciada ou negada, mas sempre reconhecida no texto. Entretanto, muitas
vezes o próprio crítico trata um texto como documento a fim de considerar o
contexto social de determinada obra. A esse respeito, Candido questiona:
Como estudar o texto literário levando em conta o seu vínculo com as motivações exteriores, provindas da personalidade ou da sociedade, sem cair no paralelismo, que leva a tratá-lo como documento? A única maneira talvez seja entrar pela própria constituição do discurso, desmontando-o como se a escrita gerasse um universo próprio. E a verificação básica a este respeito é que o autor pode manipular a palavra em dois sentidos principais: reforçando ou atenuando a sua semelhança com o mundo real (CANDIDO, 1996, p. 30).
Não se trata, entretanto, de analisar os aspectos sociais como externos à
obra. Ainda conforme Candido, em um país subdesenvolvido, a melhor arte é
aquela que parte de sua realidade específica, ou seja, do seu caráter particular
para, assim, poder superar-se e transformar-se em expressão estética universal.
Pois foi justamente partindo da realidade nacional que Ferreira Gullar publicou,
em 1975, no auge da ditadura militar, o livro de poesias Dentro da noite veloz.
Diferentemente de seus romances de cordel, com essa obra, Gullar conseguiu
2 LUFT, Gabriela. Disponível em <http-www.inventario.ufba.br-07-FerreiraGullarDentroDaNoiteVeloz> . Acesso em 10. fev. 2010.
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atingir um dos objetivos da arte engajada, que o de é abordar temáticas de cunho
social sem cair na vala comum do texto panfletário. Trata-se de um poeta que não
escamoteou, na produção artística, o seu compromisso com a classe social
oprimida, na perspectiva da luta que se trava em decorrência de um sistema que
opõe, acirradamente, os diferentes estratos sociais. Podemos observar tal efeito
no poema abaixo:
AGOSTO 1964Entre lojas de flores e de sapatos, bares,
mercados, butiques,
viajo
num ônibus Estrada de Ferro – Leblon.
Viajo do trabalho, a noite em meio,
fatigado de mentiras.
O ônibus sacoleja. Adeus, Rimbaud,
relógios de lilases, concretismo,
neoconcretismo, ficções da juventude, adeus,
que a vida
eu a compro à vista aos donos do mundo.
Ao peso dos impostos, o verso sufoca,
a poesia agora responde a inquérito
policial-militar.
Digo adeus à ilusão
Mas não ao mundo. Mas não à vida,
meu reduto e meu reino.
Do salário injusto,
da punição injusta,
da humilhação, da tortura,
do terror,
retiramos algo e com ele construímos
um artefato
um poema
uma bandeira.
(GULLAR, 1991, p. 164)
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Pablo Neruda foi outro poeta que melhor representou com excelência as
atribuições de poeta e militância política. Em seus versos desfilam cidades,
líderes, dores e perdas coletivas, palavras de esperança, anúncios de uma nova
sociedade, ameaças aos exploradores, brados contra as injustiças. Além de
poetas e latino-americanos, Gullar e Neruda também são militantes comunistas.
Meu caminho junta-se ao caminho de todos. E em seguida vejo que desde o sul da solidão fui para o norte que é o povo, O povo ao qual minha humilde poesia quisera servir de espada e de lenço para secar o suor de suas grandes dores e para dar-lhes uma arma na luta pelo pão (NERUDA, 1981, p. 43).
De 1934 a 1936, o autor de Canto Geral foi cônsul na pátria de Lorca,
período em que a escuridão do franquismo toldava sobre a Espanha. Assistiu a
desgraças que deixaram marcas indeléveis em sua poética e mudaram-lhe o
rumo. Lorca foi assassinado e o povo, espicaçado na agonia, perdeu seu poeta e
sua liberdade. Essa realidade moveu Pablo Neruda e a sensibilidade do artista se
expôs. Observemos:
Espanha, envolta em sonho, despertando
como uma cabeleira com espigas,
te vi nascer, entre as brenhas
e as trevas, lavradora,
levantar-te entre os carvalhos e os montes
e percorrer o ar com as veias abertas. (...)
Até hoje corre a água de tuas penhas
entre os calabouços, e susténs
a tua coroa de farpas em silêncio,
para ver quem pode mais, se tuas dores
ou rostos que cruzam sem olhar-te.
Eu vivi com a tua aurora de fuzis,
e quero que de novo povo e pólvora
sacudam as ramagens desonradas
até que trema o sonho e se reúnam
os frutos divididos da terra.
(Canto Geral, p. 417).
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No Chile, Neruda constatou que a realidade de seu país, em muitos
aspectos, assemelhava-se à da Espanha. Não houve guerra deflagrada, mas
pobreza, ignorância e subdesenvolvimento em toda parte da América Latina,
desde a colonização luso-espanhola. Ele fincou seus pés no solo pátrio, descobriu
suas raízes, inquietou-se com a massa de desabridos que vivia sob o signo da
desesperança na terra da esperança. Voltou-se para seu povo e assumiu a
militância política.
Em quatro de março de 1945, a gente sem escola e sem sapato elegeu-o
senador. Meses depois, em quinze de julho de 1945, ele filiou-se ao Partido
Comunista e como senador, viajou para ermos lugarejos, onde se inteirou da vida
dos inumeráveis trabalhadores do salitre e do cobre, dos que nunca usaram
colarinho e gravata. Essas peregrinações ratificaram o ideário do poeta militante.
Nunca pensei, quando escrevi meus primeiros livros solitários, que com o passar dos anos me encontraria em praças, ruas, fábricas, salas de aula, teatros e jardins, dizendo meus versos. Percorri praticamente todos os rincões do Chile, derramando minha poesia entre a gente de meu povo (NERUDA, 1981, p.267).
Neruda usou sua poesia para promover o encontro com o seu povo.
A PROPOSTA IMPLEMENTADA
“A poesia sensibiliza qualquer ser humano. É a fala da alma, do sentimento. E precisa ser cultivada.”
Afonso Romano de Sant'Ana
Esta proposta foi implementada no Colégio Estadual do Paraná, município
de Curitiba e teve como participantes os professores de Língua Portuguesa, de
Arte e de Línguas Estrangeiras Modernas.
Na prática, ouvimos com frequência as seguintes questões: como
despertar o prazer pela leitura de poesia? Como ensinar poesia? Como fazer os
alunos lerem e escreverem poesia?
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T. S. Eliot (1991, p. 121) assim se referiu às funções da poesia: “comunicar
uma nova experiência, nova compreensão do que é familiar ou expressão de algo
que experimentamos e para o que não temos palavra”.
Segundo Averbuck (1984, p. 38) “mais do que ensinar poesia”, caberia
antes, discutir o termo “ensinar”, o caminho seria o de criar uma “impregnação” ou
de uma “sensibilização”, “aproximação” ou “leitura”, do que propriamente de
“ensino” “Na criança, tanto o desenvolvimento da personalidade e da
sensibilidade quanto a expansão do real pela poesia, e pela arte em geral, se dão
por meio do fluxo da fantasia, por sua percepção particular do mundo”.
Mesmo sabendo da importância da poesia na vida dos seres humanos,
muitas escolas a esqueceram, dando mais espaço, entre aspas, para coisas mais
importantes e mais sérias, como também, para textos em prosa, privando os
alunos dessa “impregnação” “sensibilização” antes citados. Nessa perspectiva
pauta-se a elaboração de uma proposta educativa com a poesia para um leitor
crítico e o inserir num universo poético.
Neste artigo, com o objetivo de propor alternativas de trabalho e uma
metodologia diferenciada utilizou-se seis momentos, especificados abaixo:
1º Momento: foi feita uma exposição aos professores de Língua portuguesa para
apresentar a proposta. Após essa exposição, cinco professores (quatro de Língua
Portuguesa e um de Arte) aderiram à proposta, assim como 13 turmas, dentre
elas, de ensino fundamental, médio e profissional:
2º Momento: árvore de natal poética.
É importante que o professor conduza os estudos de poesia de forma
lúdica, sempre despertando a imaginação dos alunos, sem deixar de lado a
seriedade que o estudo exige. Para Vygotsky (1992, p. 104) “a imaginação é um
momento totalmente necessário, inseparável do pensamento realista”. Todos têm
a oportunidade de poetizar, então devemos deixar a imaginação dos alunos fluir,
para que assim descubram suas habilidades, com objetivo de criar ou produzir
poemas.
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Dada a concisão de sua forma, a poesia é, muitas vezes, considerada por
muitos, como um gênero literário difícil ou possível somente para os iniciados nos
mistérios da criação poética.
Toda a poesia parte das emoções experimentadas pelos seres humanos
nas relações com si mesmo, com os outros ou com sonhos que povoam o
pensamento e as ações de todos. A poesia joga com recursos semânticos e
visuais que se transformam em recursos sonoros, melódicos. Ritmo visual que
vira sonoro. Quando lemos o poema em voz alta, são os cinco sentidos traduzidos
por meio de palavras.
A poesia é onde a linguagem está mais em pauta. Explora a sonoridade
das palavras. “Fabrica identidades por analogia, por imagens ou metáforas:
mulher é flor, rapaz é rocha, amor é tocha. Nuvem é pluma. Pedra é sono”
(MORICONI, 2002, p.8).
A poesia abrange sentidos que vão além da linguagem verbal, oral ou
escrita. Ela está presente num filme, num gesto, numa paisagem... É uma arte
específica das palavras, mas vai além-livro.
A leitura e a análise de poemas exigem do leitor um olhar atento, pois têm
significados complexos e oscilantes. Não podemos perder de vista que nas
análises, focalizamos os aspectos relevantes de cada poema: às vezes, a
correlação dos segmentos, às vezes, a função estrutural dos dados biográficos,
às vezes, o ritmo, a oposição dos significados, o vocabulário etc.
Nesta proposta cada aluno-autor produz um dístico a respeito do tema
solicitado. Ocorre a troca entre os colegas da turma, eles avaliam as rimas e o
ritmo. Formam-se novos dísticos. Produz-se cartões em formato de galhos, bolas
e presentes. Cada aluno lê seu poema e monta-se a árvore poética.
3º Momento: leitura e dramatização
A literatura é uma competência que deve ser desenvolvida na escola. É
importante que o aluno tenha contato com ela e pratique a leitura de todos os
gêneros, principalmente o lírico, com o objetivo de estimular e promover o gosto
por esse gênero literário.
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A importância da poesia na vida dos seres humanos é fundamental, pois
ela foi uma manifestação artística quando o homem ainda estava nos primórdios
de toda a cultura elaborada com o correr dos séculos.
Ela está presente na vida humana desde a mais tenra infância, nas
cantigas de ninar, nas cantigas de roda, nas advinhas, nas parlendas e trava
línguas. Por isso faz-se necessário que nós, educadores, trabalhemos com a
poesia na sala de aula ou fora dela.
Infelizmente, a prática da leitura de poesia nas escolas está muito
esquecida, ou, quando praticada, cai no velho relativismo cultural de apresentá-la
somente nas datas comemorativas, tais como no dia dos pais, das mães, no Natal
etc. Trabalhada dessa forma, a declamação de poesia se torna enfadonha, pouco
proveitosa, sem criatividade e, principalmente, longe do objetivo primeiro que é a
aproximação do leitor com a realidade social, o que diminui e empobrece a
literatura.
Faz-se necessário, antes de iniciar atividades com a poesia, preparar um
ambiente adequado, para que o aluno se sensibilize e adquira interesse em ler e
interpretar poemas de autores nacionais e/ou estrangeiros.
Além da preparação do ambiente – a sala de aula com as carteiras
afastadas, por exemplo, formando uma arena para leituras expressivas – é
preciso oferecer um vasto repertório de autores, para que o aluno não só perceba
a multiplicidade de linguagens poéticas possíveis, mas, também, se dê conta das
possibilidades de linguagens sinestésicas e sonoras traduzidos pelos poemas.
O poema “A valsa”, de Casimiro de Abreu, permite uma experiência de
trabalho que extrapola o simplesmente recitar, uma vez que a estrutura rítmica
elaborada pelo autor induz a movimentos que remetem aos passos elaborados da
valsa. Ao perceberem isso, os alunos realizam ligações com outros campos
artísticos e aventuram-se a coreografar os movimentos daquela dança na
apresentação declamatória.
A valsa
Tu, ontem,Na dançaQue cansa,VoavasCo’as faces
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Em rosasFormosasDe vivo,LascivoCarmim.Na valsaTão falsa,CorriasFugias,Ardente,Contente,TranqüilaSerena,Sem penaDe mim.(...)
Assim como é possível trabalhar a arte da dança com a declamação
poética, pode-se, também, encenar trechos poéticos que remetem a diálogos
dramáticos. O poema “O caso do vestido”, de Carlos Drummond de Andrade, é
um desses exemplos.
O caso do vestido
Nossa mãe, o que é aqueleVestido, naquele prego?
Minhas filhas, é o vestidoDe uma dona que passou.
...
E lhe roguei que aplacassedo meu marido a vontade.
Eu não amo teu marido,me falou ela, rindo.
Mas posso ficar com elese a senhora fizer gosto,
só pra lhe satisfazer,não por mim, não quero homem.
A dramatização desse poema foi feita com os alunos do 1º ano, turma A ,
curso de Arte Dramática da professora Cidarlei Grecco.
O resultado foi gratificante. Tanto o professor como o colégio só tiveram a
ganhar, sem falar do aluno, que foi o maior beneficiado com esse tipo de
atividades. Pois o ajuda a adquirir conhecimentos, a elevar sua autoestima,
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contribui para sua cidadania melhora a leitura e o mais importante: o aluno
aprende fazendo.
4º Momento: sarau poético
A poesia é uma ótima opção para professores que se propõem a trabalhar
com conteúdos significativos. Ela tem alto poder de síntese e fala nas entrelinhas,
mas se o professor não tiver o hábito de ler poemas e não se sensibilizar ao ler
uma poesia, dificilmente conseguirá despertar esse interesse em seus alunos,
como afirma Cunha (1986, p. 95): “Se o professor não se sensibilizar com o
poema, dificilmente conseguirá emocionar seus alunos”.
É preciso descobrir formas de familiarizar e aproximar as crianças e os
jovens da poesia. E essa forma de familiarização e aproximação deve ser feita
através de um planejamento para evitar as várias afirmações de que os poemas
são de difíceis interpretações e entendimento.
Pinheiro (2002, p.23) afirma que “a leitura do texto poético tem
peculiaridades e carece portanto, de mais cuidados do que o texto em prosa.”
Assim a poesia não é de difícil interpretação, apenas necessita de mais
cuidado e atenção para que ocorra melhor entendimento.
O sarau poético foi feito pela iniciativa do professor de Língua Portuguesa
das 2ª séries do ensino médio, ao trabalhar o Romantismo século XIX. É um estilo
literário que permite que as emoções possam ser extravasadas de todas as
formas: o desespero, a aflição, a instabilidade, a sensação de desamparo
absoluto que levava a maioria dos poetas a afirmar que preferem a morte.
A metodologia empregada pela professora foi a de levar os alunos,
inicialmente, para pesquisar poemas do período do Romantismo para leitura,
análise e declamação com música e figurino da época. As atividades poéticas
foram iniciadas com a escolha dos poemas e a declamação individual, em duplas
e ou equipes, num ambiente adequado, no caso, o salão nobre do colégio, para
apresentação dos poemas. O sarau foi encerrando com a dança de uma valsa.
Os poemas declamados foram: Se eu morresse amanhã e trechos de Noite na
taverna (de Álvares de Azevedo). Canção do Exílio e I Juca Pirama, de Gonçalves
Dias; Navio Negreiro, de Castro Alves e Meus oito anos, de Casimiro de Abreu.
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Outro momento poético vivenciado e organizado foi o evento: Centenário
de Drummond, com apresentação de poemas utilizando as três linguagens:
declamação, dramatização e musicalização de trechos e poemas de Carlos
Drummond de Andrade.
Minhas filhas, boca presa.vosso pai evém chegando.
Nossa mãe, dizei depressaque vestido é esse vestido?
Minhas filhas, mas o corpo ficou frio e não o veste.
O vestido, nesse prego,está morto, sossegado.
Nossa mãe, esse vestidotanta renda, esse segredo!
Minhas filhas, escutaipalavras da minha boca.
Era uma dona de longe,vosso pai enamorou-se.
5º Momento: sensibilização poética
Segundo Elias José (2033, p.11), “vivemos rodeados de poesia”, ou seja,
poesia é tudo que nos cerca e que nos emociona quando tocamos e ouvimos.
Poesia é inspiração para viver a vida.
Assim, foram propostas atividades que oportunizaram momentos lúdicos
aos alunos, tendo em vista exercícios de imaginação, de fantasia e de criatividade
e com maior liberdade para construir o conhecimento.
A transformação da sociedade evoca a necessidade de práticas educativas
pautadas no exercício da solidariedade contra a ganância, o individualismo e a
competição. A solidariedade advém da construção coletiva, propiciada por uma
pedagogia libertadora, humanista e humanizadora.
Essa escola, que se pretende transformadora e libertadora, deve fazer a
ligação entre o que propõe o currículo e as propostas de mudança para
aperfeiçoar a prática pedagógica. Daí a importância de que o trabalho em sala de
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aula aconteça num espaço de interlocução e produção de situações favoráveis
para a aprendizagem.
Para iniciar essa atividade, ofereceu-se um vasto repertório de poemas de
vários autores e épocas diversificadas. Esses poemas foram colocados em
cartolinas, plastificados e acomodados numa caixa especialmente preparada para
eles, de forma a poder levá-la ao espaço que o professor iria trabalhar.
Após a escolha dos poemas o professor propôs o trabalho em equipes
Desse modo, o trabalho se torna bem interessante. Primeiramente os alunos
fizeram a leitura da poesia, depois foram propostas as atividades interpretativas,
nada de questões objetivas, já que cada pessoa interpreta o texto de forma
diferente, mas de maneira coerente, ou seja, procurando marcas, pistas na
linguagem que o levassem a interpretação. As equipes interagiram sobre o texto,
analisaram as várias possibilidades e interpretaram, numa folha de papel canson,
a leitura plástica daquilo que o poema sugere culminando numa exposição em
forma de varal nos espaços do colégio.
6º Momento: a criação do texto poético
A prática de ensino da Língua Portuguesa, nas últimas décadas,
contrapõe-se àquela em que os jovens deveriam aprender todo o manual da
gramática e posiciona-se frontalmente a favor de incentivar nossos alunos a
manifestar-se oralmente e por escrito. Para tanto, busca resgatar o gosto pela
leitura de obras clássicas e modernas com o intuito de restaurar a tessitura de
textos em prosa e em versos, ou seja, a criação literária voltada para textos de
opinião, memórias literárias, crônicas, contos e poemas.
O texto poético, tanto a prosa poética quanto o poema estruturado em
versos e estrofes, proporciona oportunidade de brincar com as palavras, com os
sons, com o significado, com a forma. A linguagem poética poderá ser ótima
cúmplice no processo de revalorização da expressão linguística, pois oferece
liberdade de criação, permitindo licenças poéticas que extrapolam regras e
normas estabelecidas por estruturas gramaticais; pode-se fugir de padrões e alçar
voos coloquiais estimulados desde o início do Modernismo em nossa literatura,
como se pode ver em Oswald de Andrade (CEREJA, 1999, p. 102).
Como exemplo foi citado o seguinte poema:
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Foi o conde d'Eu que disse
Pra Dona Benvinda
Que farinha de Suruí
Pinga de Parati
Fumo de Baependi
É comê bebê pitá e caí.
Quando se interage com pessoas, no dia a dia, transmitem-se opiniões,
desejos e emoções, combinando e organizando palavras que resultem em texto
com significação. Na elaboração de um texto literário, além da significação, as
palavras são escolhidas de forma que evidencie a sonoridade, a melodia, a
ambiguidade, o conflito e essas sugerem imagens, formas, cores, odores, sons,
permitindo múltiplas sensações, leituras e interpretações. Oswald de Andrade nos
oferece a percepção da possibilidade plástica comprobatória da afirmação acima:
O capoeira_ Qué apanhá sordado?
_ O quê?
_ Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada
O poema é um gênero textual que se constrói com ideias e sentimentos,
cuja abrangência alcança campos temáticos diversos; para tanto utiliza recursos
como métrica, ritmo, rima, aliteração, assonâncias e outros tantos que emprestam
coloridos e significados em acordo com a intenção temática. Encontra-se já,
desde o Modernismo, incidência bastante acentuada de prosa com características
da poesia: a prosa poética. Exemplo disso encontra-se na obra de Guimarães
Rosa, como atesta o depoimento de Graciliano Ramos:
[…] a vigilância na observação, que o leva a não desprezar minúcias na aparência insignificantes, uma honestidade quase mórbida ao reproduzir os fatos. Já em 1938, eu havia atentado nesse rigor, indicava a Prudente de Moraes numerosos versos para efeito onomatopaico intercalados na prosa. Vou reencontrá-los. Lá estão, à página 25, fixando a marcha dos bois nos caminhos sertanejos, dois períodos (o primeiro feito de adjetivos aplicáveis ao gado) composto de quatorze pentassílabos: 'Galhudos, gaiolos, estrelos, espacios, combucos, cubetos, lobunos, lompardos, caldeiros, cambraias, chamurros, churriados, corombos, cornetos, bocalvos, borralhos, chumbados, chitados, vareiros, silveiros... E os
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tocos da testa do mocho machado, e as armas antigas do boi cornalão...' Notem que temos aí dez aliterações. O rumor dos cascos no chão duro se prolonga – e à página 26 ainda é martelado em dezesseis versos de cinco sílabas: 'As ancas balançam, e as vagas de dorsos das vacas e touros, batendo com as caudas, mugindo no meio, na massa embolada, com atritos de couros, estralos de guampas, estrondos e baques, e o berro queixoso do gado junqueira, de chifres imensos, com muita tristeza, saudade dos campos, querência dos pastos de lá do sertão...' (RAMOS, apud TUFANO, 1998, p. 204).
Segundo a professora Joana Amélia Sant`Ana, em sua apresentação da
Antologia de Sedução poética, edição de 2005, deve-se “escrever, redigir,
compor... forjar o poema”:
Escrever: redigir, compor, rabiscar, garatujar. Definições frias sobre o romper do envoltório da emoção – qualquer que seja – e o espalhá-la na folha em branco.É preciso doses enormes de coragem, o destemor ingênuo de criança e a sabedoria de que escrever/compor poemas é enfrentar o desconhecido de peito aberto, é esmiuçar a alma e apresentá-la, nua, sobre o papel em branco.Soma-se o exercício permanente de aprendizado da linguagem, tomar nas mãos as rédeas da forma, domar o verso em suas diversas possibilidades métricas e afinar os ouvidos para as sutilezas melódicas, porque, só assim será possível libertar a palavra e forjar o poema.
Os poemas produzidos passarão por uma banca e se escolhidos, irão
compor a antologia “sedução da linguagem poética no ano 2011”.
A sedução poética não poderia ter nome mais apropriado, porque vem de
fato seduzindo, não só os alunos, mas também os professores, funcionários dos
que se aventuram nesta estrada tão bela, tão única, tão encantadora: e estrada
da poesia.
Considerações Finais
A partir da implementação do projeto “Sedução da Linguagem Poética”,
pode-se observar que a realização desse trabalho propicia ao professor a
possibilidade de os alunos estabelecerem um diálogo, no sentido bakhtiniano,
com a linguagem poética e também propicia uma abertura de espaço a
perspectivas interdisciplinares com o encaminhamento metodológico adequado
em relação ao trabalho em sala de aula. Nossa atividade teve início a partir da
interação com a coordenação pedagógica e com os professores de Língua
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Portuguesa e Arte, pois sem esse apoio seria impossível realizar o trabalho com
sucesso.
Percebemos, portanto, que a poesia ainda pode ter seu espaço e vez na
sociedade moderna, basta recuperar o prazer da leitura poética e o sabor das
palavras combinadas nas atividades de sala de aula. O trabalho com o texto
poético é muito desvalorizado na sociedade capitalista em que a lógica é egoísta,
objetiva, prática e calculista. Nessa realidade não há espaço para o coletivo, para
o respeito ao próximo, para a cidadania, para o sentimento. Contudo, é
justamente dentro desse contexto que se tornam imprescindíveis trabalhos que
mobilizem os sentimentos dos jovens, que canalizem essa energia positiva,
humanizando mais o espaço escolar. Foi o que se pode constatar com a
implementação desse projeto.
Outro ponto importante a ser destacado no desenvolvimento do projeto
“Sedução da Linguagem Poética” é que ele possibilitou explorar a leitura de
poemas, a seleção e/ou produção de poemas com leitura plástica, o que permitiu
abrir o leque de leituras, texto verbal (o poema) com outra linguagens como o
desenho, a música, a pintura, entre outras. Assim, os alunos envolvidos
concluíram que os valores e pensamentos da sociedade são determinados pelo
contexto vivido, e a poesia, como toda arte, expressa valores e pode ser um meio
de analisar e entender as transformações sociais, políticas e culturais ocorridas
no mundo. O texto literário não se prende a um único caminho de leitura. Por isso,
é importante que o professor esteja sempre atento à plurissignificância
característica do texto poético.
Desde o ano de 1999 esse projeto vem seduzindo os alunos do Colégio
Estadual do Paraná que reúne professores, estudantes e autores em torno de um
projeto literário voltado primariamente à poesia. Esse projeto é um grande
estímulo para que as palavras despertem e se mostrem, por meio da sedução, e
provoquem mudanças naqueles que sedutoramente as utilizam para dizerem o
que sentem.
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Referências
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