O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Produção Didático-Pedagógica
Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE
VOLU
ME I
I
AUREA SPIES
CADERNO PEDAGÓGICO
Estudos de Fronteira: Histórias Locais em Barracão, Dionisío Cerqueira e
Bernardo de Irigoyen
BARRACÃO – PARANÁ
2010
GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ
NÚCLEO REGIONAL DE FRANCISCO BELTRÃO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
AUTORIA
ÁUREA SPIES
DR. VALDIR GREGORY
Orientador
ÁREA DE ATUAÇÃO
História
BARRACÃO – PR
2010
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
Professora: Áurea Spies
Área PDE: História
NRE: Francisco Beltrão
Professor Orientador IES: Dr. Valdir Gregory
IES vinculada: Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)
Campus de Marechal Cândido Rondon
Escola de Implementação: Colégio Estadual Profª. Leonor Castellano
Ensino Fundamental e Médio
Município: Barracão - PR
Público objeto de intervenção: Alunos da 6ª série A - Ensino Fundamental
Tema de Estudo:
DEMARCAÇÃO DA TRÍPLICE FRONTEIRA
Título:
ESTUDOS DE FRONTEIRA: HISTÓRIAS LOCAIS EM BARRACÃO,
DIONÍSIO CERQUEIRA E BERNARDO DE IRIGOYEN
SUMÁRIO
1. Apresentação..................................................................................................... 06
2. Antecedentes Históricos.................................................................................... 08
2.1. Tratados entre Portugal e Espanha............................................................ 08
2.1.1. Tratado de Tordesilhas........................................................................ 08
2.1.2. Tratado de Madri................................................................................. 11
2.2. Atividades.................................................................................................... 12
3. Conflitos entre o Brasil e Argentina.................................................................... 13
3.1. Questão de Palmas ou Misiones................................................................. 13
3.2. Foto do Marco divisório Brasil-Argentina na cidade de Dionísio Cerqueira no
Estado de Santa Catarina.................................................................................. 18
3.3. Atividades.................................................................................................... 18
4. A Questão do Contestado: Conflito entre o Estado do Paraná e Santa Catarina
(1911-1916) ........................................................................................................ 19
4.1. Atividades.................................................................................................... 24
5. Ocupação do espaço fronteiriço......................................................................... 25
6. Reseña de La ciudad de Bernardo de Irigoyen.................................................. 28
6.1. Atividades.................................................................................................... 32
7. Referências Bibliográficas.................................................................................. 33
Anexos.................................................................................................................. 35
LISTA DE MAPAS
Mapa 01. Tratado de Tordesilhas........................................................................ 09
Mapa 02. Passagem do Meridiano sobre a América........................................... 10
Mapa 03. Território brasileiro após o Tratado de Madri ...................................... 11
Mapa 04. Território reivindicado pela Argentina.................................................. 14
Mapa 05. Localização dos principais marcos divisórios ..................................... 17
Mapa 06. Área de disputa entre os Estados do Paraná e Santa Catarina ......... 20
Mapa 07. Território Contestado........................................................................... 20
Mapa 08. Limites atuais entre os Estados do Paraná e Santa Catarina: Linha
Wenceslau Brás................................................................................................... 24
APRESENTAÇÃO
Entre os princípios que podem inspirar a prática pedagógica no ensino da
História, encontra-se a preocupação de privilegiar a compreensão da realidade
local. Embora o educando na maioria das vezes não dê o devido valor para a sua
história, suas características comunitárias e os traços típicos onde vive, cabe ao
professor instigá-lo para que se sinta partícipe deste processo. A História local
apresenta-se como tema intimamente ligado à identidade do educando, pois a
partir do conhecimento da história de sua comunidade pode adquirir maior noção
da sua importância enquanto agente ativo e modificador da realidade onde está
inserido. A História hoje enfrenta o desafio de romper com o ensino pragmático e
factóide, para torná-la parte integrante do indivíduo onde possa interligar fatos
locais, regionais com acontecimentos universais.
As Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná para
o Ensino de História contempla esta temática quando estabelece a relação entre a
macro e a micro-história como possibilidade dos educandos compreenderem e
valorizarem as experiências vividas por um determinado grupo, em determinado
tempo e espaço.
Este projeto tem origem no Programa de Desenvolvimento Educacional-
PDE, iniciado em 2009 e surge da necessidade em inserir no Planejamento
Curricular Local, conteúdos que visam trabalhar com memórias locais através de
conhecimentos já elaborados por pesquisadores no que tange a parte histórica e
geográfica da Tríplice Fronteira. O mesmo será disponibilizado em forma de
Caderno Pedagógico, tendo como complemento material de multimídia, (este
material se encontra em CD-ROM, mas não será disponibilizado na página SACIR
por exceder os MB (mega baytes) disponíveis por conter mapas, imagens e
fotografias), para uso em sala de aula, pois os mesmos quando abordados em
livros didáticos disponibilizados pela Secretaria de Estado da Educação são
insuficientes para a compreensão de todo processo histórico. A motivação do
estudo da história local tem como objetivo levar o educando compreender e
valorizar sua história e serve como ponto de partida para a aprendizagem
histórica, pela possibilidade de trabalhar com a realidade mais próxima das
relações sociais que se estabelecem entre educando/sociedade, o meio em que
atua, devendo estar vinculado à vivência do aluno.
O projeto será desenvolvido através de práticas pedagógicas que
contemplam leitura e interpretação textos e mapas que relatam o processo
histórico da formação da Tríplice Fronteira; visitas aos principais marcos
fronteiriços, as nascentes do rio Peperi-Guaçu, exposição oral de memórias por
pioneiros, resgate de fotografias antigas, jornais, revistas, intercâmbio cultural
com professor de História de educandário do país vizinho para que interaja sobre
os conhecimentos da história e cultura locais, entre outros.
Áurea Spies
ANTECEDENTES HISTÓRICOS
Para podermos entender como ocorreu o processo histórico da
demarcação dos limites fronteiriços na formação da Fronteira Seca Internacional
entre Brasil e Argentina e na área que compreende hoje os municípios de
Barracão, no Sudoeste do Paraná; de Dionísio Cerqueira, no Oeste de Santa
Catarina e de Bernardo de Irigoyen, Província de Misiones na República
Argentina; devemos retroceder a fatos que remontam ao Tratado de Tordesilhas
(1494), seguido pelo Tratado de Madri( 1750) e o Tratado de Santo Ildefonso
(1777), em que portugueses e espanhóis exerceram o domínio colonial por vários
séculos sobre as terras da América do Sul.
TRATADO DE TORDESILHAS
Texto 1 – Tratado de Tordesilhas
A linha do Tratado de Tordesilhas foi a primeira experiência de uma
fronteira linear, criada pelos europeus e aplicada no continente americano, tinha
por objetivo preparar a distribuição das terras descobertas ou a descobrir entre
os dois países. Antes mesmo de Colombo descobrir a América, em 1492 o Papa
Alexandro VI estabelece uma linha demarcatória por meio de uma bula papal,
dividindo e demarcando as futuras terras a serem descobertas no novo mundo
entre Portugal e Espanha. No entanto, esse documento, seria contestado em
seguida por Portugal, que se julgava prejudicado e reivindicava a ampliação da
linha demarcatória. Assim, após muitas negociações, embaixadores dos dois
países reuniram-se na vila de Tordesilhas na Espanha em sete de junho de 1494
e assinaram um tratado, por meio de uma nova linha imaginária de demarcação.
Ficou estabelecido o Tratado de Tordesilhas, tendo como base o meridiano que,
atravessando um ponto a 370 léguas das ilhas de Cabo Verde, estabelecia a
posse das terras a lestes desta linha para Portugal; à Espanha caberiam as
terras a oeste desta linha. A referida linha cortaria o Brasil por Belém, na foz do
rio Amazonas, ao norte, e pela cidade de Laguna, em Santa Catarina, ao sul.
Desta forma, tudo o que se descobrisse a partir de então, a leste da
referida linha, pertenceria a Portugal, enquanto o que se encontrasse a oeste
desta linha seria da Espanha. Firmaram um acordo de respeito à linha imaginária
de demarcação, podendo explorar somente a área que lhe pertencia.
MAPA 01 - TRATADO DE TORDESILHAS
acd.ufrj.br/fronteiras/mapas/map001.htm
MAPA 02 - PASSAGEM DO MERIDIANO SOBRE A AMÉRICA
Mapa: Norberto Boddy
Isso começou a mudar a partir de 1500 quando os portugueses
chegam ao território brasileiro e começam sua ocupação em 1530, inicia-se
então o desrespeito ao Tratado de Tordesilhas, pois ao colonizar o Brasil, os
portugueses ignoram os limites e passam a ocupar o território que pertencia à
Espanha. Nesse processo de transposição do limite de Tordesilhas destacam-
se dois movimentos que contribuíram para que o Brasil avançasse suas
fronteiras sobre terras consideradas da Espanha: o movimento das entradas,
no século XVI, e o dos bandeirantes, nos séculos XVII e XVIII.
Este fato gerou várias divergências entre Portugal e Espanha durante
quase dois séculos, quando revogam o Tratado de Tordesilhas e assinado
outro para resolver definitivamente o problema dos limites territoriais, o Tratado
de Madri.
TRATADO DE MADRI
Mapa 03 - TERRITÓRIO BRASILEIRO APÓS O TRATADO DE MADRI
www.cmisp.com.br/downloads/trabalunos/7d/sul2.pps
Em 13 de janeiro de 1750 entra em vigor o Tratado de Madri que
aplicava o princípio romano do Direito Privado “Uti Possidetis”, segundo o qual
o território pertencia a quem o tivesse colonizado ou conquistado. Sendo
assim, a partir daquela data ficava reconhecido que o limite entre os dois
países seria a ocupação efetiva em cada um dos territórios, e que seus limites
obedecessem ao curso natural dos rios ou montanhas mais notáveis e
conhecidos.
O Tratado de Madri determinava que a então Colônia de Sacramento,
atualmente parte do território Uruguaio passasse para domínio espanhol e os
Sete Povos das Missões para mãos portuguesas.
Isso gerou vários conflitos com os indígenas da região que estimulados
pelos padres jesuítas não aceitavam tal acordo. Havia ainda desconformidade
entre os dois governos sobre as regiões perdidas e os demarcadores
discordavam sobre o traçado das fronteiras.
Os limites entre as fronteiras ao sul do continente continuaram
indefinidos e sempre resultavam em discórdias entre as duas nações que em 1º
de outubro de 1777 resolvem entrar em novo acordo e assinam o Tratado de
Santo Ildefonso, quando a Espanha devolve a Portugal a ilha de Santa Catarina
e recupera os sete Povos das Missões. Mesmo sentindo-se prejudicado Portugal
aceita o acordo. Em 1801 as duas nações entram em guerra e Portugal recupera
a região dos sete povos das missões e amplia seus domínios sobre territórios
que lhe pertenciam pelo Tratado de Madri.
Fonte: Texto baseado nas seguintes bibliografias:
FERRARI, Maristela. Conflitos e Povoamento na Zona de Fronteira
Internacional Brasil-Argentina: Dionísio Cerqueira (SC), Barracão (PR) e
Bernardo de Irigoyen (MNES-ARG.). Florianópolis: UFSC, 2003, 290p. Tese
(Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal
de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.
SALVADORI, Francisco Carlos. Centenário da Demarcação Brasil/Argentina.
2ªed. Santo Antonio do Sudoeste: Ed. Salvadori & Salvadori S/C Ltda, 2003.
WACHOWICZ, Ruy Cristovan. Paraná, Sudoeste: ocupação e colonização.
2ªed. Curitiba: Ed. Vicentina, 1987.
Atividades:
1) Que interesses influenciaram nas negociações do Tratado de Tordesilhas e
o que este estabelecia?
2) Em 1530, Portugal resolve ocupar as terras de sua colônia na América.
Quais as consequências deste fato ao que se refere a demarcação de limites
do território brasileiro?
3) Se ja existia o Tratado de Tordesilhas, por que foi preciso negociar novos
tratados de limites entre Portugal e Espanha?
4) Compare os mapas do Brasil observando as demarcações do Tratado de
Tordesilhas e do Tratado de Madri e descreva as diferenças ao que se refere
ao território brasileiro.
CONFLITOS ENTRE BRASIL E ARGENTINA
TEXTO 2 - QUESTÃO DE PALMAS OU MISIONES.
Quando ocorre a emancipação política do Brasil (1822) e da Argentina
(1810), estes países recebem de herança a pendência de seus limites territoriais.
A Argentina passa a reivindicar todos os domínios territoriais que haviam
sido da Espanha e de 1857 a 1895 ocorre uma disputa territorial que
compreendia trinta mil seiscentos e vinte quilômetros quadrados de terras. O
primeiro acordo firmado entre os parlamentares das duas nações reafirmava o
contido no Tratado de Madri, mas o mesmo não foi ratificado pelo governo
argentino que não reconheceu os rios Peperi-Guaçu e Santo Antonio como limite
fronteiriço alegava que estes se encontravam mais para o oriente.
Esta questão ficou indefinida durante os próximos cinco (cinco) anos,
mas quando a Argentina em março de 1881 federalizou o Território Nacional de
Misiones, o Brasil com medo de perder parte de seu território inicia uma nova
negociação, onde o diplomata dos dois países expõe diferentes localizações aos
rios Peperi-Guaçu e Santo Antonio. O Brasil afirmava o limite pelos rios Peperi-
Guaçu e Santo Antonio, como é hoje, a Argentina reconhecia esses rios como
sendo o Chapecó e o Chopim. Não houve acordo.
Mapa 04 – Território reivindicado pela Argentina
RIO URUGUAI
RIO IGUAÇU
U, DA VITÓRIA
RIO
PEP
ER
I
RIO CHAPECÓCHAPECÓ
CAPANEMA
S. FILHO
CAMPO ERÊ
Área reivindicada
pela Argentina
DIVISA PR-SC
RIO
CHOPIM
PATO BRANCO
PALMAS
SC
PR
RIO
ST. ANTO
NIO
RS
Mapa: Norberto Boddy
Em 15 de novembro de 1889 é proclamado o Regime Republicano no
Brasil, e após três meses é assinado um novo acordo com a Argentina, o Tratado
de Montevidéu, onde os ministros das relações exteriores brasileiros e argentinos
negociaram a demarcação do território em litígio, o qual seria dividido por uma
linha que ligasse a foz do rio Chapecó à foz do rio Chopim.
Este tratado gerou muita polêmica no Brasil, a imprensa acusava o
governo brasileiro de estar entregando parte de seu território e a maioria da
opinião pública se recusava a aceitar tal tratado, achando inadmissível ceder
parte do território brasileiro aos argentinos, pois esta área era toda ocupada por
brasileiros.
Diante do impasse criado e por não se chegar a um acordo, os dois
países resolvem encaminhar a questão ao arbitramento internacional ao
presidente dos Estados Unidos, Grover Cleveland.
Para defender a causa brasileira, foi nomeado o Barão do Rio Branco
que não só apoiou-se no principio da ocupação, mas também em documentos
históricos e cartográficos que nunca haviam sido apresentados por nenhuma das
partes, como a reprodução de um mapa manuscrito de 1749 e outro mapa
elaborado pelos padres jesuítas em 1722, onde aparecia o rio Peperi-Guaçu com
o nome de Pequeri e também documentos do período colonial e da monarquia.
Estes documentos e os dados populacionais que demonstravam que nesta área
só habitavam brasileiros e nenhum argentino, foram e suma importância para a
defesa brasileira.
Em cinco de fevereiro de 1895, o presidente norte-americano, deu ganho
de causa ao Brasil, declarando que toda a parte do Território das Missões,
situado entre os rios Peperi-Guaçu e Santo Antonio, pertencia ao Brasil.
Caso a Argentina tivesse vencido, todo o Oeste de Santa Catarina e
Sudoeste do Paraná lhe pertenceriam.
Baseado no Laudo Arbitral do Presidente Grover Cleveland, nos seis de
outubro de 1898 foi assinado entre o Brasil e a Argentina, na cidade do Rio de
Janeiro um novo e definitivo tratado de limites, que foi assinado pelo General
Dionísio de Evangelista de Castro Cerqueira, Ministro das relações exteriores e o
Dr. Epiphanio Portela, enviado Extraordinário e Ministro da Argentina, eles além
de ratificarem o arbitramento feito por Cleveland definiram como seria feita a
delimitação das fronteiras, os locais e as comissões que construiriam os marcos
demarcatórios.
Em dois de agosto de 1900 foi firmado o Protocolo de Instruções para a
Comissão Mista de Demarcação de Limites entre o Brasil e Argentina. Essa
comissão atuou no terreno de 1901 a 1903, tendo como Comissários, pelo Brasil
o General Dionísio Evangelista de Castro Cerqueira e pela Argentina o
Engenheiro Pedro Ezcurra.
Os trabalhos de demarcação na Linha Seca foram todos efetuados no
ano de 1903.
Na fronteira seca foi erguido dois marcos principal em forma triangular
em alvenaria de pedra aparente, com 4,50 m de altura e base triangular de 2 m
de lado; três marcos secundários, em alvenaria de pedra aparente, com 3 metros
de altura e base triangular de 1.35 m de lado e quarenta pilastras de alvenaria
com 50 cm de altura e base quadrada de 40 cm de lado. Em 1928 os marcos
pequenos localizados entre as cabeceiras do rio Santo Antonio e do Peperi-
Guaçu foram substituídos por marcos maiores.
Fonte: Texto baseado nas seguintes bibliografias:
FERRARI, Maristela. Conflitos e Povoamento na Zona de Fronteira
Internacional Brasil-Argentina: Dionísio Cerqueira (SC), Barracão (PR) e
Bernardo de Irigoyen (MNES-Arg.). Florianópolis: UFSC, 2003, 290p. Tese
(Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal
de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.
PEREIRA, Gilberto Schreiner. As Cidades Gêmeas. 1ª ed., Blumenau: Editora e
Gráfica Odorizzi, 2004.
SALVADORI, Francisco Carlos. Centenário da Demarcação Brasil/Argentina.
2ª ed., Santo Antonio do Sudoeste: Ed. Salvadori & Salvadori S/C Ltda., 2003.
WACHOWICZ, Ruy Cristovan. Paraná, Sudoeste: ocupação e colonização. 2.
ed., Curitiba: Ed. Vicentina, 1987.
Marco divisório Brasil-Argentina
Foto: Áurea Spies
Marco da nascente do rio Peperi-Guaçu, localizado em Dionísio Cerqueira-
SC, inaugurado dia 02/07/1903, marcando o mais alto terreno, pouco
acima da nascente do rio. Contém os escudos do Brasil e Argentina, uma
placa em bronze com as inscrições: Marco Barracão – Inspecção de
Fronteiras – General Rondon- Inspector – 1930.
Atividades:
1) Após leitura e discussão do texto acima apresentado, os educandos em
grupo, elaborarão uma síntese do que compreenderam sobre os conflitos entre
o Brasil e Argentina na disputa do território onde hoje esta localizada a Tríplice
Fronteira.
2) Visita ao principal Marco Fronteiriço e a nascente do rio Peperi-Guaçu com
registros escritos e fotográficos.
3) Caminhada na Avenida Internacional com objetivo de observar e registrar o
uso da língua espanhola e portuguesa identificando tipo de comércio, símbolos
visuais, tais como cores, desenhos, fotos, outdoors que simbolizem o espaço
fronteiriço.
4) Em sala de aula, promover uma discussão onde os educandos dissertarão
sobre as rivalidades existentes entre a população dos dois países que aflora
em épocas de disputas nas diversas modalidades esportivas.
TEXTO 3 – A QUESTÃO DO CONTESTADO: CONFLITO ENTRE O ESTADO
DO PARANÁ E SANTA CATARINA (1911-1916)
Com a definição dos limites entre o Brasil e Argentina, permanecia na
região a indefinição de limites estaduais entre o Estado do Paraná e Santa
Catarina, que disputavam as terras no oeste catarinense e parte do sudoeste do
Paraná. A questão dos limites fronteiriços nesta região remonta ao período
colonial, antes mesmo da criação da Província do Paraná, que veio se agravar
entre os anos de 1911 a 1916 com a disputa territorial denominada de
Contestado.
Paraná e Santa Catarina disputavam uma área que compreendia todo o
planalto catarinense entre os rios do Peixe até o Peperi-Guaçu, ou seja, desde
Curitibanos até Dionísio Cerqueira.
Enquanto Santa Catarina questionava seus limites, eram os paulistas e
mais tarde os paranaenses, que vinham percorrendo e constituindo núcleos de
povoações nesta região, com fundação de vilas e a fazendas de gado.
Mapa 06 - Área de disputa entre os Estados do Paraná e Santa
Catarina
www.itcg.pr.gov.br/arquivos/livro/mapas_iap2.html Adaptação: Norberto
Boddy
Mapa 07 – Território Contestado
Mapa: Norberto Boddy
Várias tentativas de acordo foram feitas sem que os políticos de ambos
os lados chegassem a um acordo definitivo sobre os limites, chegam até a
mandar a questão ao arbitramento.
Enquanto os políticos discutiam em gabinetes as demarcações, outro fato
assombrava a população local. Em 1910, a companhia norte-americana “Brazil
Raiway Company” concluía na região a estrada de ferro São Paulo – Rio Grande.
O contrato firmado entre e referida companhia e o governo foi realizado ainda no
tempo do Império em 1889 e, como forma de pagamento pela construção, a
companhia recebeu o direito de colonização e exploração gratuita dos recursos
naturais das terras localizadas em uma área de trinta quilômetros de cada lado
da referida ferrovia, o que na prática significava uma área de sessenta
quilômetros.
Devemos lembrar que, na época da assinatura do contrato de construção
da ferrovia, esta região era quase totalmente desabitada.
A Brazil Railway Company passou a dominar grandes áreas de terra ao
longo da ferrovia e para cumprir o contrato surgem mais duas empresas que
passam a explorar as reservas florestais, exportar a madeira e colonizar a região,
fato que provocou a revolta dos posseiros e também dos latifundiários, que foram
obrigados a deixar suas terras e entregá-las as empresas norte-americanas.
Outro fator foi o desemprego que o término da construção provocou, pois
muitos trabalhadores da ferrovia ficaram sem serviço e eram originários de vários
estados brasileiros.
Este clima de desespero e miserabilidade da população foi propício para
que ressurgissem na região os chamados messias “monges”, que andavam por
estas regiões desde os tempos do Império, pregando o catolicismo, rezas e
benzeduras. O primeiro monge a aparecer na região foi João Maria de Agostini,
de nacionalidade italiana, que desapareceu logo aos a Proclamação da
República, mas há conhecimento de outros que atuaram na região
Surge nesta época o monge José Maria, dizendo-se irmão do primeiro
João Maria, praticava o curandeirismo entre as pessoas mais humildes, na
verdade, tratava-se de Miguel Lucena de Boaventura, um ex-soldado
paranaense.
José Maria começou a reunir um grande número de fiéis, e em suas
pregações afirmava que o retorno da Monarquia seria a solução para os
problemas sociais que atingia a maioria da população local. Os sertanejos
passam a acreditar que o regime republicano lhes devolveria as terras que lhes
fora tirado.
Não demorou muito para ser denunciado às autoridades estaduais pelos
coronéis e políticos da região e passa a ser visto como inimigo da República.
José Maria passa a organizar redutos para abrigar a população que havia
sido despejada de suas terras. Alguns destes redutos estavam localizados em
áreas sob o controle do Paraná, o que levou as autoridades paranaenses
interpretarem como sendo uma estratégia de Santa Catarina para invadir as
terras paranaenses e mandam tropas militares para combater os invasores.
Em novembro de 1912, em Irani, sob o comando de José Maria os
sertanejos enfrentam pela primeira vez as forças militares do Paraná, numa luta
sangrenta que resultou na morte de muitos homens, entre eles o comandante
paranaense Coronel João Gualberto Gomes de Sá Filho e o próprio José Maria.
Tem início então uma sangrenta guerra, a Guerra do Contestado, que duraria
quatro anos, só terminando com a intervenção do exército nacional, que enviou
aproximadamente seis mil soldados para combater os revoltosos que em sua
grande maioria eram caboclos sertanistas totalmente despreparados. Esta guerra
ficou conhecida como: os peludos contra os pelados, devido à grande diferença
de armamentos e preparo entre as partes.
Os últimos redutos dos caboclos foram destruídos entre outubro e
dezembro de 1915, e foi a primeira vez que o Brasil usou o avião como arma de
guerra.
Com o fim da revolta e a restauração da “ordem” na região do
contestado, o presidente da República, Wenceslau Brás, convocou os dois
governadores de Santa Catarina e do Paraná, para estabelecer um acordo
político na questão de limites ainda pendentes. Em 20 de outubro de 1916,
Paraná e Santa Catarina assinam acordo de limites, pondo fim na disputa
territorial.
Utilizando-se do conceito de fronteira natural, o presidente Wenceslau
Brás, estipulou que a demarcação de limites deveria seguir pelos rios, com
exceção de união da Vitória, em que o limite é a estrada de ferro, e de Dionísio
Cerqueira, onde a linha fronteiriça deveria ser demarcada conforme o caimento
das águas da chuva. Nesses dois pontos onde os limites não seguiram o curso
dos rios, já havia povoados que foram divididos pela linha de demarcação, como
é o caso de Dionísio Cerqueira e Barracão, onde as cidades ficaram divididas por
uma linha imaginária assinalada conforme o caimento das águas. As cidades
União da Vitória e Porto União são divididas pela via férrea, as quais se
constituem hoje em cidades gêmeas nos limites dos estados de Santa Catarina e
Paraná.
Fonte: Texto baseado nas seguintes bibliografias:
FERRARI, Maristela. Conflitos e Povoamento na Zona de Fronteira
Internacional Brasil-Argentina: Dionísio Cerqueira (SC), Barracão (PR) e
Bernardo de Irigoyen (MNES-Arg.). Florianópolis: UFSC, 2003, 290p. Tese
(Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal
de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.
PEREIRA, Gilberto Schreiner. As Cidades Gêmeas. 1ª ed., Blumenau: Editora e
Gráfica Odorizzi, 2004.
SALVADORI, Francisco Carlos. Centenário da Demarcação Brasil/Argentina.
2ª ed., Santo Antonio do Sudoeste: Ed. Salvadori & Salvadori S/C Ltda, 2003.
WACHOWICZ, Ruy Cristovan. Paraná, Sudoeste: ocupação e colonização. 2.
ed., Curitiba: Ed. Vicentina, 1987.
Mapa 08 – Limites atuais entre os Estados do Paraná e Santa Catarina:
Linha Wenceslau Brás
Mapa: Norberto Boddy
Atividades:
a) Leia atentamente o texto e faça uma relação dos aspectos políticos,
econômicos e sociais que deram origem a Guerra do Contestado.
b) Uma das conseqüências da Questão do Contestado foi a divisão dos
municípios de Barracão e Dionísio Cerqueira. Explique como isso acorreu.
c) Visita de estudos pelos principais pontos de divisa urbana entre as cidades
de Barracão (PR) e Dionísio Cerqueira (SC), com objetivo de observar,
registrar e fotografar as diferenças e semelhanças existentes, levando em
conta o desenvolvimento, embelezamento, a duplicidade de órgãos públicos
(prefeituras, delegacias, fóruns, escolas, postos de saúde, hospitais, dentro
outros).
Texto 04 – Ocupação do espaço fronteiriço
A região que compreende os municípios de Barracão (PR), Dionísio
Cerqueira (SC) e Bernardo de Irigoyen – Misiones- Argentina, possuem história
comum em sua ocupação territorial. Inicialmente serviu aos interesses da Coroa
Portuguesa, como forma de assegurar a posse do território em disputa com a
Espanha. Sua ocupação efetiva só teve início a partir do final século XIX por não
oferecer as condições naturais para o cultivo de produtos de interesse das
metrópoles colonizadoras. Por este motivo, a atual região fronteiriça não atraiu a
atenção dos colonizadores e servia apenas como ponto de passagem,
inicialmente de exploradores espanhóis e posteriormente portugueses. A região
era ocupada por indígenas, principalmente das tribos Guaranis e Kaigangs.
O conhecimento geográfico desta região se deve aos padres jesuítas
espanhóis que elaboraram mapas do território a partir de 1609, quando aqui se
estabelecem inicialmente na parte oriental do Paraguai, fundando as Missões,
com objetivo de catequizar na fé católica os indígenas e estabelecem povoados
que contavam com colégios, oficinas artesanais, hospitais e cemitérios. As terras
eram utilizadas para a prática da agricultura, especialmente da erva-mate, sua
organização era independente do poder central.
Mas sua presença não impediu a chegada dos bandeirantes paulistas,
entre 1628 e 1630, que vieram em busca de índios para escravizar e metais
preciosos. Esta ação foi bastante significativa no ponto de vista da ocupação do
território, pois além da abertura de picadas que ligava a região ao grande centro
paulista, onde os indígenas eram vendidos como escravos construíram “fortes e
paliçadas” para se protegerem, o que serviu mais tarde como argumento no
tratado de limites com a Espanha e posteriormente com a Argentina.
Mas, somente no final do século XIX tem inicio a ocupação efetiva da
região. Atraídos pelo ciclo econômico da erva-mate, chegam os primeiros luso-
brasileiros vindos do Rio Grande do Sul, principalmente das cidades de Palmeira
das Missões, Soledade, Tenente Portela, Passo Fundo, e ex-agregados e peões
das fazendas de Palmas, Clevelândia e Campo-Erê. Muitos libaneses, fugindo
das perseguições religiosas em seu país, também se fixaram na região. Índios
guaranis paraguaios foram trazidos pelos ervateiros para trabalharem na
extração da erva-mate e argentinos, oriundos das províncias de Corrientes e de
Misiones, que visavam à extração da erva-mate brasileira.
Por volta de 1900, muitas companhias argentinas se fixaram na região
para comprar e revender a erva-mate brasileira, o que possibilitou o surgimento
de um pequeno povoado que passou a ser conhecido como Barracão ou
Barracón, tanto por brasileiros como pelos argentinos
Com o término da demarcação das fronteiras entre Brasil e Argentina em
1903, o General Dionísio Cerqueira, que era comandante brasileiro da comissão
demarcatória de limites, resolve elevar o povoado brasileiro à categoria de vila
em 04/07/1903 para comprovar a soberania brasileira nesta zona de fronteira,
que passa a chamar-se Dionísio Cerqueira em sua homenagem.
A demarcação destas fronteiras não significou o rompimento das
relações econômicas e sociais entre os dois povoados que por não ter nenhum
obstáculo físico natural, continuaram crescendo como se fossem um só.
Para reprimir o contrabando de erva-mate para a Argentina que era
intenso na região e cobrar os impostos, o Governador do Estado do Paraná em
1903, resolve instalar em Dionísio Cerqueira (PR) uma coletoria e esta
representava a única presença do governo brasileiro na região.
Nesta época as estradas do lado brasileiro e do lado argentino eram
meras picadas em meio à mata, a região encontrava-se totalmente isolada dos
maiores centros. A principal atividade econômica até 1930 foi a exploração da
erva-mate realizada pelas companhias argentinas, que no período da colheita
forneciam aos trabalhadores gêneros alimentícios, calçados e roupas e outros
artigos, em troca de seus serviços.
O transporte da erva-mate era todo realizado em cargueiros de mulas, já
que não havia estradas, era pelas picadas que as tropas viajavam desde a
fronteira até os portos da Argentina e na volta vinham com gêneros alimentícios e
outras mercadorias que abasteciam o comércio de Barracón (Mnes, ARG),
também traziam dinheiro para pagar os funcionários públicos, correspondências
e notícias de outras localidades.
Até 1930, os brasileiros residentes nesta área de fronteira dependiam
basicamente em tudo do lado argentino. As crianças que nasciam do lado
brasileiro eram registradas na Argentina, pois não havia cartório no território
brasileiro, como não tinha escola, estudavam em Barracón (Mnes, ARG.), sendo
o espanhol o idioma mais falado e o peso argentino a moeda corrente.
Somente no ano de 1929 que autoridades políticas estaduais na pessoa
do então Governador de Santa Catarina, Dr. Adolfo Konder e sua comitiva que
até então desconheciam a realidade desta região, resolvem fazer uma visita ao
oeste catarinense. Como não havia estradas a comitiva que saiu da cidade de
Mondaí (SC) para Barracão (SC) foi feita a cavalo e demorou seis dias, onde
constataram o total abandono desta região pelos governos federal e estadual.
Entre as providências tomadas pelo governador foi a criação de uma
escola primária, para que os brasileiros não mais tivessem que estudar na
Argentina; um Cartório de Paz, para que as crianças brasileiras deixassem de ser
registradas na Argentina; um pequeno contingente da Polícia Militar e uma
Coletoria Estadual.
Mesmo com o fim da Guerra do Contestado em 1916, quando a Vila de
Dionísio Cerqueira (PR) foi dividida pela definição dos limites entre os Estados do
Paraná e Santa Catarina, surgindo o povoado de Barracão (SC) que pertencia ao
município de Chapecó a situação continuou a mesma.
Em 1938, o distrito de Barracão (SC) passou a se chamar Dionísio
Cerqueira, e a vila paranaense retomou seu antigo nome de Barracão.
Em 1940 devido ao fim do ciclo econômico da erva-mate, as cidades
passam a ter sua economia baseada na criação de porcos e na extração da
madeira, principalmente do pinheiro, que em sua maioria era contrabandeada
para a Argentina.
O aumento populacional nos três municípios ocorreu devido a atividade
madeireira, atraindo a vinda de emigrantes gaúchos que instalaram serrarias,
impulsionando o desenvolvimento urbano e econômico. Na década de 1950 a
população das três localidades atingiu a marca aproximada de 28.710 habitantes.
A emancipação política de Barracão ocorreu em 1952 quando se
desmembrou de Clevelândia; Dionísio Cerqueira em 1954, desmembrando-se de
Chapecó; Bernardo de Irigoyen torna-se município em 1954.
Hoje a base econômica da Tríplice Fronteira gira em torno quase que
exclusivamente da importação e exportação de mercadorias através da Aduana
Internacional, que atraiu várias empresas de despachos aduaneiros, do câmbio
de moedas, agricultura e pecuária em pequena escala e do comércio varejista.
Fonte: Texto baseado nas seguintes bibliografias:
FERRARI, Maristela. Conflitos e Povoamento na Zona de Fronteira
Internacional Brasil-Argentina: Dionísio Cerqueira (SC), Barracão (PR) e
Bernardo de Irigoyen (MNES-Arg.). Florianópolis: UFSC, 2003, 290p. Tese
(Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em geografia, Universidade Federal
de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.
PEREIRA, Gilberto Schreiner. As Cidades Gêmeas. 1ª ed., Blumenau: Editora e
Gráfica Odorizzi, 2004.
Texto 05 - Com relação à localidade do território argentino desta área
fronteiriça, há também um pequeno texto considerado como a história
local. Trata-se da breve Reseña de la ciudad de Bernardo de Irigoyen:
Localidad misionera emplazada en el extremo geográfico más oriental de
la Republica Argentina, a los 53º 38 de longitud O. Frontera seca con el vecino
país Brasil.
El Municipio es cabecera del Departamento General Manuel Belgrano,
siendo su régimen administrativo de 2ª categoría. Es el lugar donde el sol sale
más temprano, cuenta con una población de 7.000 habitantes.
El nombre original del Municipio de Bernardo de Irigoyen fue Barracón,
nombre que tiene origen en las tolderías llamadas barracas que fueron las
primeras viviendas de los habitantes de la zona. Ya antes de 1.900, los dos
pueblos fronterizos llevaban el mismo nombre.
En 1.898 ya existía un Juzgado de Paz, aunque recién reconocido por
Decreto Nacional en año 1.906. El mismo funcionaba en forma conjunta con el
Registro Civil. En 1.936 la denominación de Barracón fue cambiada por el
nombre del político y ex canciller argentino: Bernardo de Irigoyen, el 11 de julio
de 1.921, por decreto número 1612 del poder Ejecutivo Provincial fundado como
pueblo.
Todos los asentamientos de la región tuvieron su impulso con la
explotación de la yerba mate silvestre. Posteriormente con la intensa
explotación forestal y la actualidad con el comercio fronterizo y con la
exportación-importación.
La transformación de Bernardo de Irigoyen fue sin duda la influencia de la
presencia de las empresas, instituciones como la Compañía de Cazadores de
Monte 18 del Ejército Argentino, Escuadrón 12 de Gendarmería Nacional y
otras; diversos servicios públicos y las escuelas, en medio comercio e
intercambio creciente entre los dos países (Argentina /Brasil ). Estar pisando
uno y otro país es solo cuestión de caminar algunos metros por una avenida,
donde se halla el reguardo de la Aduana. Allí comienza el municipio de
Dionísio Cerqueira (Brasil).
Los asentamientos de familias de colonos comenzaron a trabajar la tierra,
para el autoconsumo y la comercialización. Desde la década del 40 la compra
de pinos del Brasil fue intensa y se podían ver grandes planchadas con
inmensos ejemplares listos a ser transportados para su industrialización en
Argentina. Junto a esto también se incremento el paso de diversos productos
argentinos hacia para el Brasil, fundamentalmente la grasa y la harina.
Nuestra ciudad tubo otros nombres también, pero a ciencia cierta y por
falta de documentación que sirva de consulta, estos datos se consiguieron
gracias a los aportes de los antiguos habitantes (especialmente de los nietos y
bisnietos de los fundadores del pueblo) y por ello existen varias versiones.
Todos los entrevistados estuvieron de acuerdo que la gran zona era
conocida como “Aparicio Cué”. Y el asentamiento donde hoy se encuentra
Bernardo de Irigoyen se denominó Barracón.
Los primeros documentos que existen de esta localidad, aparecen
mencionadas en los informes de la Comisión Nacional de Límites, que en 1.887
junto a sus pares brasileños recorrieron la región, subiendo por el Pepiri y
conocidas como Barracón.
Desde el Barracón Argentino no existían caminos trazados pero sí ya
existían por ese tiempo picadas que se transitaban solamente a caballo o lomos
de mula, que pasando por Campiñas de Américo, terminaba en Puerto Piray
donde mercaderías y la yerba silvestre eran transportadas en barcos que
navegaban el Rio Paraná. Los entrevistados comentaron que los caminos no se
concretaban, por una parte, debido a que las tramitaciones hacia Buenos Aires
tardaban mucho tiempo y no llegaban a definirse. Y por otra parte por estrategia,
pues existía el temor de una invasión brasileña que sería favorecida por la
apertura de caminos en la zona.
En 1.908, llegó a estos parajes y atravesando la selva a lomo de burro, la
maestra Concepción Zubiria de Lacava para crear y dirigir la primera escuela,
junto a la docente Rosa López, que es la actualidad la Escuela de Frontera
número 604 de jornada completa. Luego se instalarían Gendarmería Nacional y
Vialidad Nacional que inicia la construcción de rutas. En 1914 Don Miguel de
León es designado Juez de Paz y encargado del Registro de las Personas. Ese
mismo año la Comisaría, al frente del comisario León Gutierre, ya contaba con
un Sargento, un cabo y diez agentes de policía que disponían como medio de
movilidad diez mulas.
La economía de la región se sustentaba en la explotación de los yerbales
silvestres, actividad que fue declinando con el correr de los años, para ser
paulatinamente sustituida por la explotación forestal de las araucarias (pino
Brasil), al principio y luego la exportación de otras maderas nobles, que fueron
dando lugar a la instalación de numerosos aserraderos y laminadoras.
El 11 de Julio de 1.921 el entonces por Decreto 1.612 de Poder Ejecutivo
Provincial se fundó el pueblo de Barracón. En 1.931 el entonces Gobernador del
Territorio Nacional de Misiones, el Doctor Carlos Acuña, visito estos lugares a
lomo de mula, para comunicar que se pondría en marcha la construcción de la
Ruta n.14 desde Oberá. Y decidió el 30 de septiembre de 1.931, firmar el Decreto
de Creación de la Primera Comisión de Fomento de “Barracón” y designo como
integrantes a José Junis, Juan Vacki, Manuel Silva Dico, Juan Russo y José C.
Ortíz, donde se decide cambiar el nombre del pueblo por otro más representativa
y para diferenciarla de la otra localidad brasileña que llevaba el mismo nombre
( Barracão) por ello el Doctor Acuña, eleva la petición a nivel nacional que es
aceptada y aprobada por el Presidente de la Nación por Decreto del día 18 de
enero de 1934 cambiando el nombre de Barracón por el del ilustre jurisconsulto,
político y ex canciller argentino “Bernardo de Irigoyen”.
En las décadas del 40, 50 y 60 vieron florecer la importación de pino
Brasil que se acumulaba del lado argentino en numerosas y extensas planchadas
y depósitos. Fue en la época en la que también se incremento el contrabando de
distintas mercaderías y alimentos hacia el Brasil, aprovechando la condición de
frontera seca y la poca vigilancia fronteriza. El incremento del personal de
Gendarmería limitó esta actividad al mínimo.
En los últimos años de la década del 60 y los primeros del 70 se registro
un estrepitoso incremento del comercio fronterizo que dio un gran movimiento
económico que se apagó en 1.972, cuando desaparecieron las asimetrías
cambiarias favorables.
En 1.982 llegó el asfalto que trajo un gran desarrollo y la posibilidad de
romper el aislamiento que existía con otros centros poblacionales más cercanos,
y poder sacar los productos de la zona con mayor facilidad.
[...] Pero la economía del pueblo giraba substancialmente alrededor de
los ingresos del sector oficial (Maestros, Policías, Gendarmes, Ejército,
Empleados Públicos, etc.) Y algunas pequeñas y medianas industrias madereras
impedidas de crecer por la falta de energía eléctrica suficiente y la vez muy cara,
en tanto la explotación de obraje derivaba la materia prima (rollos) sin mayor
valor agregado hacia otras regiones.
En 1.985 la creación de la Aduana de Bernardo de Irigoyen trajo nuevas
expectativas, que en los años actuales comienzan a confirmarse con el
crecimiento del intercambio comercial con Brasil, siendo Bernardo de Irigoyen la
principal vía en el marco del MERCOSUR, surgiendo la necesidad de crear un
acceso de tránsito pesado debido a la gran cantidad de vehículos de gran porte
que circulaban, concretándose en el año 2001 […].
Fonte: Texto copiado do “ Caderno de Atas” – Acervo: Municipalidad de Bernardo
de Irigoyen, sem autoria expressa, manuscrito e sem data.
Atividades:
a) Após estudo dos textos os alunos farão uma pesquisa nos sites oficiais das
prefeituras dos três municípios para comparar o conteúdo dos mesmos fazendo
uma análise crítica escrita.
b) Junto a seus familiares (avós, pais, tios, entre outros), os alunos farão uma
coleta de fotos antigas dos três municípios, para observar e registrar as
mudanças ocorridas ao longo do tempo.
c) Trazer um morador pioneiro de cada município para contar suas memórias
aos alunos em sala de aula.
d) Convidar um professor de História do município de Bernardo de Irigoyen e
um professor de Língua Estrangeira Moderna (Espanhol) do município de
Barracão, para dissertar sobre a história de Bernardo de Irigoyen.
e) Produzir material a partir dos resultados obtidos e construídos durante a
aplicação do projeto, em forma de texto e de imagens de acordo com a
criatividade e possibilidades do grupo de alunos e da escola.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERNARDO DE IRIGOYEN. Municipalidad – “Caderno de Atas” – Acervo: Texto
manuscrito, sem autoria expressa, sem data. Argentina: Misiones.
(documentação anexa).
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DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA HISTÓRIA. Secretária
de Estado da Educação do Paraná. Departamento de Educação Básica, 2008.
GREGORY, Valdir. Os euros brasileiros e o espaço colonial: migrações no
oeste do Paraná (1940-70). Cascavel: EDUNIOESTE, 2002.
GREGORY, Valdir. Fronteiras e territórios: narrativas sobre os sertões do
Paraná no início do século XX. Marechal Cândido Rondon: UFPR, 95p. Tese
(pós-doutorado) – Programa de pós-graduação em História, Universidade Federal
do Paraná, Curitiba, 2009.
FERRARI, Maristela. Conflitos e Povoamento na Zona de Fronteira
Internacional Brasil-Argentina: Dionísio Cerqueira (SC), Barracão (PR) e
Bernardo de Irigoyen (MNES-Arg.). Florianópolis: UFSC, 2003, 290p. Tese
(Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em geografia, Universidade Federal de
Santa Catarina, Florianópolis, 2003.
PEREIRA, Gilberto Schreiner. As Cidades Gêmeas. Blumenau: Editora e Gráfica
Odorizzi, 2004.
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<acd.ufrj.br/fronteiras/mapas/map001.htm> Acesso em 10/05/2010.
Mapa Territorial. Tratado de Madri. Disponível em:
<www.cmisp.com.br/downloads/trabalunos/7d/sul2.pps> Acesso em 17/05/2010.
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<www.itcg.pr.gov.br/arquivos/livro/mapas_iap2.html> Acesso em 09/07/2010.