Download - Curso Breve Para-Pregadores Leigos
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Cariacica-ES
2011
CURSO ARTE DA PREGAÇÃO
“Projeto Igreja Viva! Tô Dentro!
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CURSO BREVE PARA PREGADORES
“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar,
que MANEJA BEM a palavra da verdade”. II Timóteo 2:15
“Que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, que anuncia cousas boas, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina!” - Isaías 52:7
“...prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda
a longanimidade e doutrina.” - II Timóteo 4:2
INTRODUÇÃO
Nosso objetivo é passar a todos os interessados, noções básicas de Homilética,
Hermenêutica, Exegese e Retórica, a fim de ajudar a preparar obreiros para a pregação do
Evangelho de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Aqueles que desejarem se aprofundar em seus estudos e pesquisas sobre a arte de
pregar devem estudar também um sobre “Dialética” (a arte de raciocinar; lógica; arte de
argumentar ou discutir) e também cursos práticos de Português com abordagem de
“Técnicas de Redação”. Cursos de técnicas de impostação de voz também poderão ser
muito úteis. Aqueles que tiverem dificuldades na “fala” ou problemas relacionados à “dicção”
devem recorrer ainda aos serviços profissionais de um “Fonoaudiólogo”.
I. DEFINIÇÕES
Segundo alguns dicionários, “exegese e hermenêutica” significam a mesma coisa,
porém, para nós, evangélicos, costumamos fazer as seguintes distinções:
a) HERMENÊUTICA - É a arte de interpretar textos inseridos no seu contexto;
b) EXEGESE - É a arte da interpretação minuciosa de um texto e seus contextos;
c) HOMILÉTICA - É a arte de preparar, organizar e apresentar o sermão, palestra, discurso
ou estudo;
d) RETÓRICA - É a arte de falar e argumentar em público, através de sermões, palestras,
discursos e estudos.
II. O “PREGAR” O EVANGELHO
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“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar,
que MANEJA BEM a palavra da verdade”. II Timóteo 2:15
O conceito bíblico de pregação é um anúncio, uma proclamação de boas novas, o kerygma (mensagem) revelado pelo Espírito de Deus.
Assim sendo, o pregador não pode e não deve falar qualquer coisa, e também não deve escolher precipitadamente este ou aquele assunto... É preciso buscar a direção de Deus para saber qual o assunto a ser abordado em cada ocasião. É preciso saber o que o Espírito Santo quer dizer à Igreja! A definição de tema ou assunto, e/ou do texto, devem ser obtidos no Espírito, através de oração e de comunhão com Deus. O pregador precisa ter a certeza da direção divina para a palavra que pregará.
A única pregação eficaz é a que é feita “em demonstração de Espírito e de Poder” - I Cor 2:4-5
A pregação ocupava boa parte do ministério pessoal de Jesus - Mt 4.23; 9.35. E Jesus disse: “Eu vos envio como o Pai me enviou” - Lucas 4.18-21
III. OUTROS CUIDADOS QUE O PREGADOR DEVE TER
a) Na Área Espiritual - o pregador precisa preocupar-se e ter zelo em relação a:
Sua piedade pessoal - é preciso estar disponível para ser usado por Deus;
Estudos e leituras - Estar sempre estudando a Palavra, pois é a Palavra que ele
interpretará;
Confiança - Ter fé espontânea e corajosa, porém serena e tranqüila que demonstre a
sua real confiança em Deus;
Chamado - A convicção de chamada e de envio;
Humildade - Ser humilde, despido de qualquer vaidade, quem deve aparecer no
púlpito é a Palavra de Deus;
Vida Piedosa - Ter espírito de oração, de forma a ser sempre um canal livre para a
comunicação do Alto;
Intuição - Ter uma boa visão e discernimento da obra, em seus diferentes aspectos;
Vida Transformada - Ter sensibilidade espiritual e unção do Espírito;
Evangelismo - Ter profundo amor e paixão pelas almas perdidas e pelas ovelhas do
rebanho;
Glória de Deus – Ter o senso de que tudo é para glória de Deus.
b) A Nível Físico/Natural - o pregador precisa cuidar:
Da sua aparência e higiene pessoal;
Do desenvolvimento sóbrio e fecundo da sua inteligência;
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Do exercício freqüente e sábio da sua memória;
Do exercício freqüente da sua dicção;
Do cuidado com a sua saúde pessoal e com a sua alimentação;
Do aprimoramento incansável dos seus conhecimentos do idioma;
De ter boa cultura geral e estar sempre bem informado;
Da sua preparação psicológica;
Da sua leitura.
IV. A TOTAL DEPENDÊNCIA DO ESPÍRITO SANTO
Feita a sua parte, que consiste em se preparar da melhor forma possível, em todos os
aspectos, o pregador precisa estar consciente de que, em todo o tempo, deverá caminhar
na total dependência do Espírito Santo; nunca confiar nos seus próprios méritos ou suposta
capacidade.
A pregação é a semeadura, e isto o homem deve fazer da melhor forma possível; contudo, o
crescimento da semente e o fruto são obra do Espírito Santo. O pregador poderá até fazer
um convite para que as pessoas se posicionem ou se manifestem de alguma forma, em
relação à palavra ouvida. Contudo, o verdadeiro apelo é aquele que o Espírito Santo faz, de
forma silenciosa, invisível, diretamente ao coração do ouvinte! É até possível através de
uma boa oratória persuadir a platéia, porém, o verdadeiro convencimento, a verdadeira
conversão, o verdadeiro arrependimento para a vida, somente o Espírito Santo poderá
operar no coração do pecador. A perícia se adquire com dedicação e ousadia, porém a
unção e autoridade somente Deus pode nos dar! Pregação sem unção é mera falácia!
V. RELAÇÃO DA HOMILÉTICA COM A RETÓRICA
Juntamente com a língua grega, veio a retórica grega. No final do século IV a retórica grega
havia alcançado o seu maior desenvolvimento na oratória de Demóstenes e no famoso
tratado de Aristóteles sobre a retórica. Posteriormente vieram contribuições de oradores
romanos, notadamente Cícero e Quintiliano. A retórica ensinava o estudante na arte de se
expressar com facilidade, com frases apropriadas e irresistíveis, levando-o a obter o melhor
resultado possível, especialmente na tribuna e no senado.
A prédica (oratória) cristã começou na palestina. Os primeiros pregadores, auditórios,
formação e afinidades espirituais eram judaicos. A maneira de se pregar, contudo, seguia o
estilo dos Profetas do Velho Testamento e o padrão rabínico, porque a retórica perdera o
crédito para os judeus, em razão de advogados inescrupulosos e falsos mestres se
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utilizarem vergonhosamente com sofismas para fazer com que o pior parecesse o melhor,
dando a mentira um ar de verdade! Assim, pois, se fez a prédica primitiva à maneira e
cultura judaica e não da gentílica. E ao sermão se dava o nome de homília.
Entretanto, com a disseminação do Evangelho entre as nações gentílicas, em cujo seio as
tradições e formas judaicas eram pouco conhecidas, e com a conversão de homens que já
tinham sido treinados na retórica, os quais, dia-a-dia se tornavam pregadores, e,
naturalmente, usavam os seus dotes retóricos na proclamação do Evangelho. Assim,
gradativamente, a homília (em voga até o século III) cedeu lugar ao sermão mais elaborado.
Homens piedosos como Gregório, Crisóstomo, Ambrósio e Agostinho, elevaram a prédica
cristã a níveis nunca antes alcançados pelos gregos, e a transformaram em um instrumento
de poder espiritual, entre pessoas de todos os níveis, tanto cultas, quanto incultas. Assim,
foi que surgiu a Homilética, que nada mais é do que a adaptação da retórica às finalidades
especiais e aos anúncios da oratória cristã.
VI. PERIGOS RELACIONADOS A RETÓRICA
Uma cousa é adesão, outra bem diferente é conversão. Os métodos retóricos são e serão sempre limitados. Só há conversão quando o Espírito Santo convence o pecador do seu pecado. O convencimento intelectual poderá produzir apenas “adesão”. O Apóstolo Paulo temia que com “palavras persuasivas” viessem à insinceridade e o orgulho ao coração do semeador, estando ele vazio. Muitos recursos de retórica, sem humildade, unção, e dependência da ação do Espírito Santo, podem fazer do orador um dominador de assembléias ao invés de uma testemunha ou companheiro de adoração.
Os recursos da homilética e da retórica devem ser utilizados com temor e reverência, na dosagem certa e com humildade, na total dependência do Espírito Santo. E, em havendo, aclamações, elogios, que o pregador seja humilde e transfira os “louros” para Deus, reconhecido de que, se a bênção fluiu é porque o Espírito Santo esteve presente e trabalhando em todos e sobre todos, inclusive no seu próprio desempenho na tribuna.
a) Demasiada ênfase a regras e fórmulas - O pregador precisa dar sempre maior atenção
a princípios do que a regras e regulamentos. O pregador deve lembrar sempre que o
objetivo da fala é elevar o ânimo do ouvinte, despertar a sua imaginação, mexer com os
seus sentimentos e impelir poderosamente a sua vontade na direção daquilo que a verdade
impõe, que em relação à prédica cristã, será sempre o crer e confiar em Deus, em toda e
qualquer circunstância. Em certas circunstâncias, o pregador poderá até o violar as boas
regras da homilética e da retórica, mas nunca quebrar ou contrariar princípios bíblicos!
Lembre-se: “A melhor qualidade dum sermão não é o fato de ele ser bastante homilético, e
sim o de mover e comover as almas para aceitarem o Reino de Deus e a sua justiça” - John
A. Broadus.
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b) Imitação e plágio - Existe a imitação consciente e a inconsciente. As duas são
prejudiciais, conquanto a última seja menos censurável. Podemos apreciar e procurar até
assimilar as boas qualidades observadas em outros pregadores, nunca, porém, devemos
imitá-los! Lembremo-nos sempre de que Aquele que Chama, é o mesmo que Capacita, e dá
dons aos homens! Deus usa cada um de uma forma, e, certamente, poderá se utilizar de
você dentro do seu próprio estilo. É lícito utilizar expressões e ilustrações originárias de
outros pregadores, desde que se cite a fonte!
Procure exercitar sempre a prática de preparar os seus próprios sermões, pois isto levará
você a crescer na arte da homilética. Inspirar-se com a prédica (fala) de outros oradores é
até natural, agora imitá-los conscientemente é algo que se deve evitar.
O plágio ou imitação conduzem sempre o orador à superficialidade, uma vez que ele nunca
será original! Quando o pregador desenvolve o seu próprio raciocínio e segue o caminho
traçado pelo seu próprio pensamento, o seu desempenho é muito mais satisfatório. Seja
sempre você mesmo, evite imitações!
c) Artificialismo - “Em toda a fala, especialmente na pregação, a naturalidade e a
genuinidade, ainda que embaraçadas, são realmente mais eficientes do que o mais elegante
artificialismo.” - John A. Broadus. O perigo do artificialismo é muito grande, a pessoa se
sente embaraçada, dentro de uma situação nova e estranha. Deve-se evitar todo e qualquer
artificialismo intencional, e mesmo aqueles involuntários e inconscientes. O pregador deve
visar sempre uma pregação genuína, de boa fé, original, ser o mais natural possível,
dominar bem o assunto, inspirar confiança, nunca pregar baseado apenas na prática, o seu
compromisso maior é enfatizar aos ouvintes as verdades contidas na Palavra de Deus!
VII. COMO AVANÇAR NO ESTUDO DA HOMILÉTICA E DA RETÓRICA
Além dos inúmeros tratados sobre prédica disponíveis hoje no mercado literário, você pode
recorrer ainda às seguintes fontes:
a) Procure ouvir bons pregadores - os sermões que ouvimos, quando escutados em
espírito de oração, e com o intuito de aprendizado, muito podem nos ajudar;
b) Procure sempre ter à mão papel e caneta para suas anotações pessoais enquanto
ouve outros pregadores - além de montar um esboço, do seu jeito e com as suas palavras,
sobre as verdades que se sobressaem em sua mente. Em algumas oportunidades a partir
do sermão que ouvimos, poderemos ter a inspiração para criar outros sermões derivativos
ou até mesmo sobre temas diferentes. É bom anotar, porque a inspiração vem e passa! E
depois você poderá não se lembrar mais!
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c) Adquira livros de sermões publicados (ou de esboços) de renomados pregadores -
leia-os e examine-os à luz da Bíblia - e se resolver utilizá-los, procure reescrevê-los segundo
as suas próprias idéias e inspirações;
d) Leia a biografia de grandes pregadores do passado – Calvino, Spurgeon, Hernandes
Dias Lopes, entre outros, certamente serão de grande inspiração e muito os motivarão;
e) Solicite ao seu pastor, professores, e companheiros da seara, comentários sobre o
seu sermão - ouça o que eles têm a dizer, tais críticas serão sempre úteis e proveitosas;
f) INTERNET - Através da Internet você poderá ter acesso a muitos materiais, estudos
bíblicos, livros, apostilas, confissões de fé, e às mais diversas versões da Bíblia (Bíblia on-
line) - versão NVI (Nova Versão Internacional), Bíblia em Grego e em Hebraico, além de
informações diversas de cunho teológico, e até mesmo cursos bíblicos on-line.
VIII. O TEXTO DO SERMÃO
“Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a
correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente habilitado para toda boa obra.” - II Timóteo 3:16-17
“sabendo, primeiramente isto, que nenhuma profecia da Escritura provém de particular
elucidação; porque nunca, jamais, qualquer profecia foi dada por vontade humana,
entretanto homens [santos] falaram da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo.” - II
Pedro 1:20-21
Significado do termo: é a porção das Escrituras que servirá de inspiração ou base para o
sermão.
Nos primórdios da igreja cristã era comum a pregação expositiva ou explicativa. Os
primeiros pregadores discorriam sobre passagens longas, ocupando-se em explicá-las ou
explaná-las. Com o tempo a tendência propendeu para textos curtos. Já no Século XVII, na
Inglaterra, eram comuns sermões baseados em passagens breves.
Com o passar dos anos, o tempo foi se tornando cada vez mais escasso, e,
conseqüentemente, o horário reservado para o culto e a pregação foi sendo reduzido. Ao
final do Século XIX, o culto girava em torno de uma hora, gastando-se com a pregação
apenas quinze ou vinte minutos! Nestas circunstâncias era impraticável se utilizar textos
longos, continuando a prevalecer o uso de textos pequenos. No século XX, com surgimento
do movimento carismático e os cultos pentecostais com maior duração, as pregações
voltaram a consumir mais tempo havendo hoje a tendência a textos mais longos e,
novamente, ao uso de sermão textual ou expositivo.
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A pregação é a parte central do culto. É o momento em que Deus fala ao Seu povo, através
do seu servo profeta (pregador). O conteúdo da pregação e os ensinos emanados do púlpito
devem estar sempre em perfeita harmonia e estrita sintonia com a Palavra de Deus. O
pregador é o intérprete das Escrituras. Desta forma, a pregação sempre deve se basear em
algum texto das Escrituras Sagradas, até mesmo em caso de sermão temático.
Dicas sobre a escolha de um texto:
1) Textos obscuros - só devem ser utilizado se o pregador tiver plena convicção e certeza
de que será capaz de explicá-lo corretamente. É verdade que atrai as expectativas, porém é
necessário torná-lo instrutivo e útil;
Sobre o uso e a interpretação de textos:
1) Interpretações literais e figurativas - é preciso muita seriedade na arte de interpretar
textos, para não incorrer no erro de dar sentido literal àquilo que é figurado, e vice-versa;
2) Cuidado no uso de textos do Velho Testamento - o V.T. não foi revogado, entretanto,
muitas das práticas e ensinos ali registrados foram modificados no N.T. Ao se utilizar textos
do V.T. deve-se procurar sempre correlacioná-lo a algum outro texto do N.T., e, na medida
do possível, levar o ouvinte a entender que a salvação veio a todos os homens através da
morte de Jesus Cristo na cruz do calvário;
3) O dever de uma interpretação cuidadosa e exata - o pregador tem o compromisso com
Deus, e com a verdade! Tem o compromisso de interpretar corretamente o texto a fazer a
aplicação de acordo com o seu sentido real. “Nunca dê a um texto o sentido que você sabe
que ele não tem...” - Filipe Brooks. É preciso tomar cuidado para não ir além daquilo que o
texto diz, e dizer cousas que o autor não disse! O texto precisa ser examinado sempre à luz
do seu contexto bíblico, cultural e histórico. Alguém já disse com sabedoria: “texto fora do
contexto é mero pretexto”!
4) A harmonia dos quatro Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João) - Alguns relatos se
repetem nos evangelhos com ligeiras diferenças. Sempre que se utilizar algum texto de um
dos Evangelhos, é preciso verificar se o relato se repete nos demais Evangelhos, e verificar
bem o que diz cada um. É indispensável ter à mão, para consulta, uma obra intitulada: “A
Harmonia dos Quatro Evangelhos” - existem várias, de diversos autores, disponíveis na
praça.
5) Ferramentas necessárias para ajuda na interpretação de textos e no preparo de sermões:
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a) Diversas versões da Bíblia: Almeida, revista e corrigida (ARC), Almeida, revista e
atualizada (ARA), Bíblia Sagrada - NTLH (Nova Tradução na Linguagem de Hoje), Nova
Versão Internacional – NVI, para quem domina o inglês - Holy Bible, versão de King James;
b) Bíblia de Estudos - Há hoje muitas Bíblias de estudos, como: De Genebra, de Taylor,
Anotada, Vida Nova, Pentecostal, Bíblia de Estudo Profético, etc. De todas estas eu
recomendo a BÍBLIA de Genebra (presbiteriana), a qual contém ótimos comentários de
rodapé. Esta Bíblia vem na versão ARA, e é editada pela Editora Cultura Cristã.
c) Chave Bíblica - Existem diversas, de diversos autores:
d) Enciclopédia Bíblica - O.S. Boyer
e) Manual Bíblico - Henry H. Halley
f) Dicionário Bíblico - de Davis;
g) A Harmonia dos Quatro Evangelhos - existem diversos, de diversos autores;
h) Comentários bíblicos dos livros do Velho e do Novo Testamento. Recomendo: O NOVO
TESTAMENTO INTERPRETADO e o VELHO TESTAMENTO INTERPRETADO, Versículo
por Versículo – Willian Hendriksen - Editora Cultura Cristã;
i) Teologia Sistemática - de Berkhof;
j) O Sermão e Seu Preparo - John A. Broadus
A Importância da Estrutura Homilética
O sermão deve ser isento de ambigüidade e não conter material alheio ao
tema principal. Entretanto, dever ser distinto ou padronizado, e suas idéias devem
indicar continuidade de pensamento, e o discurso todo deve dirigir-se para um alvo
ou clímax definido, ou seja, o sermão deve ser elaborado de tal forma que os
ouvintes posam compreender, sem dificuldade, o ponto principal da mensagem e
também os seus outros vários aspectos.1
Formato de Esboço de Um Sermão
1 BRAGA, James. Como Preparar Mensagens Bíblicas. p. 79.
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Este é o modelo típico da maioria dos sermões bíblicos:
1) Título
2) Texto
3) Introdução
4) Proposição
5) Sentença Interrogativa
6) Sentença de Transição
7) I. Primeira Divisão Principal
a. Primeira subdivisão
i. Discussão
b. Segunda subdivisão
i. Discussão
c. Transição
8) II. Segunda Divisão Principal
a. Primeira subdivisão
i. Discussão
b. Segunda subdivisão
i. Discussão
c. Transição
9) Conclusão
O Título
Na elaboração de um sermão, o título é, geralmente, um dos últimos itens a
ser preparado. O procedimento normal é, primeiro, formulara proposição e o esboço
principal. Define-se título como “uma expressão do aspecto específico a ser
apresentado, formulado de maneira que seja um anúncio adequado do sermão.2
Princípios para preparação de títulos:
1. O título deve ser pertinente ao texto ou à mensagem.
2. O título deve ser interessante. Deve despertar atenção ou curiosidade.
3. O título deve estar de acordo com a dignidade do púlpito.
4. O título, em geral, deve ser breve.
5. O título pode vir em forma de afirmação, interrogação, ou exclamação.
2 BRAGA, James. Como Preparar Mensagens Bíblicas. p. 83.
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6. O título pode consistir em uma frase seguida de uma pergunta.
7. O título pode, às vezes, aparecer na forma de sujeito composto.
8. O título pode consistir em uma citação breve de um texto bíblico.
A Introdução
A introdução é o processo pelo qual o pregador procura preparar a mente dos
ouvintes e prender-lhes o interesse na mensagem que vai proclamar. Geralmente é
uma das últimas partes a serem preparadas.3
O objetivo da introdução
Há vários objetivos que podem ser resumidos em dois principais. 1)
Conquistar a boa vontade dos ouvintes. 2) Despertar interesse pelo tema.
Princípios para preparação da introdução
Em geral, deve ser breve – a introdução não é a parte principal do sermão,
portanto, o pregador deve passa logo para parte principal. Vale lembrar que deve ser
um a passagem suave. Elimine tudo que é desnecessário, desculpas, piadas ou
congratulações esmeradas.
Deve ser interessante – os primeiros minutos do sermão são muito
importantes. Neste momento o pregador ganha ou perde a atenção dos ouvintes.
Evite a monotonia e a trivialidade, também não seja maçante. Desperte a
curiosidade através da diversificação, experiências de vida, situações reais e atuais.
Deve levar a idéia dominante ou ponto principal da mensagem – a introdução
deve visar diretamente o assunto. Para tanto, as afirmativas nela contidas devem
consistir em idéias progressivas que culminem no objetivo principal do sermão.
Deve consistir em poucas e breves sentenças ou frases, e cada idéia deve
ocupar uma linha diferente – evitem as sentenças compostas e longas. As
3 Id. Ibid. p. 91.
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expressões contidas na introdução abreviada, embora meramente sugestivas,
devem ser claras o suficiente para serem lidas de relance.4
A Proposição
Proposição é uma declaração simples do assunto que o pregador se propõe
apresentar, desenvolver, provar ou explicar. É uma afirmativa da principal lição
espiritual do sermão, reduzida a uma sentença declarativa. Por exemplo: “A
meditação diária nas Escrituras é vital para o crente”. 5
O processo de desenvolvimento da proposição
Criar a proposição é uma das tarefas mais difíceis para o principiante. A
descoberta da verdade principal da passagem e o conseqüente preparo da
proposição resultam dos passos dados na elaboração da mensagem.
1. Um estudo exegético completo da passagem – o pregador deve fazer uma
minuciosa interpretação da passagem abordada. Analisando as palavras no
seu contexto histórico, gramatical, geográfico, e teológico do texto.
2. Apresentação da idéia exegética – completada a exegese, o passo seguinte é
descobrir a idéia principal da passagem.
3. A descoberta da verdade principal que a passagem parece transmitir – a idéia
exegética é uma afirmativa de uma única sentença do que o texto diz. A idéia
exegética fornece apoio à proposição.6
4. Afirmativa da proposição numa sentença sucinta e direta – deve ser no
máximo de dez palavras.
Princípios para formulação da proposição
4 BRAGA, James. Como Preparar Mensagens Bíblicas. p.93-98.
5 Nota. O lugar da proposição: Em geral, a proposição deve vir depois da introdução.
6 Exemplo – Em Efésios 6:10-18: Idéia exegética – “O crente encontra-se num combate espiritual no qual
recebe direção e provisão para ser um guerreiro bem-sucedido”. Proposição – “Na guerra espiritual em que se encontra, o cristão pode ter a certeza de ser um guerreiro bem-sucedido”.
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1. A proposição deve expressar, numa sentença completa, a idéia principal ou
essencial do sermão – para uma sentença completa deve conter na
proposição um sujeito (a coisa de que iremos falar) e um predicado (o vamos
dizer a respeito do sujeito).7
2. A proposição deve ser uma sentença declarativa – não pode ser negativa.
3. A proposição deve ser uma verdade eterna, em geral, formulada no tempo
presente – por exemplo: “O povo de Deus sempre pode ir a ele em tempos de
tribulação”.
4. A proposição deve ser formulada com simplicidade e clareza.
5. A proposição deve ser a afirmação de uma verdade vital – deve ser plena de
sentido e significação para os ouvintes.
6. A proposição deve ser especifica – observe as frases: “Há um grande valor na
oração” e “O crente que ora exerce poderosa influência”, certamente a
segunda frase é mais especifica.
7. A proposição deve ser apresentada da maneira mais breve possível, sem
perda de clareza.8
Como relacionar a proposição às divisões principais
Em geral, a proposição vem ligada ao sermão por uma pergunta, seguida de
uma oração de transição.
A oração interrogativa leva à transição, que por sua vez une a proposição aos
pontos principais e fornece uma mudança suave da proposição paras as divisões
principais.9
7 Exemplo – “A segunda vinda de Cristo (sujeito) é a esperança dos crentes que sofrem” (predicado).
8 Exemplo: Título: “A Vida Triunfante”
Texto: Filipenses 1:12-21 Proposição: Os crentes podem ser gloriosamente triunfantes em Cristo.
I. Em meio à adversidade, como Paulo, v. 12-14. II. Em meio à oposição como Paulo, v. 15-19. III. Em meio à face da morte, como Paulo, 20-21.
9 Exemplo: Título: “O Fariseu Ontem e Hoje”
Assunto: Aspectos do farisaísmo visto no caráter do irmão mais velho. I. Era um homem de justiça própria, v. 29-30. II. Era um homem desamoroso, v. 28-30. III. Era um homem crítico, v. 25.30. IV. Era um homem teimoso, v. 28.30.
Agora veja a proposição, a oração interrogativa e a oração de transição, como segue: Proposição: O Senhor detesta o espírito de farisaísmo. Oração interrogativa: Quais os aspectos desse espírito que o Senhor detesta? Oração de transição: As atitudes do irmão mais velho, vistas aqui na descrição do seu caráter, manifestam o espírito de farisaísmo que o Senhor detesta. Observem que a palavra “atitudes” torna-se a palavra-chave na oração de transição.
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Palavras-chave apropriadas
A transição suave da idéia homilética para as divisões principais é de suma
importância para linha de pensamento do sermão. Uma transição desajeitada ou
defeituosa pode desencaminhar o ouvinte e enfraquecer a eficácia da mensagem.
Por ser essencial para a oração de transição, não use palavras muito genéricas
como palavra-chave.
As Divisões Principais
Divisões são as seções principais de um sermão ordenado. Observem alguns
princípios de preparação das divisões principais como segue:10
1. As divisões principais devem originar-se da proposição, e cada divisão deve
contribuir para o desenvolvimento dela. As divisões principais são o
desenrolar da proposição.
2. As divisões principais devem ser totalmente distintas umas das outras. As
divisões não devem sobrepor-se.11
3. As divisões principais devem ser dispostas em forma de progressão. Por
exemplo, o homem nasce, cresce, vive e morre.
4. Quando a proposição consiste numa afirmação que requer validação ou
prova, as divisões principais devem esgotar ou defender apropriadamente a
posição nela proposta. Por exemplo, sobre Missões tem-se o seguinte
esboço: I. Todos precisam de um salvador; II. Deus proveu salvação para
todos; III. Deus nos mandou pregar o evangelho a todos. Se faltasse a última
divisão não teria esgotado o assunto do texto proposto.
5. Cada divisão principal deve conter apenas uma idéia básica. Portanto, não
utilize as conjunções aditivas tais como “e”.
10
BRAGA, James. Como Preparar Mensagens Bíblicas. p.122. 11
Exemplo: Título: “O Ideal Cristão”
Texto: 1 Co 13:1-13. Proposição: O amor é o ideal pelo qual é medida a vida cristã. Oração interrogativa: Que podemos aprender deste capítulo acerca do ideal pelo qual nossa vida é medida? Oração de transição: Há três fatos principais acerca do amor que podemos aprender de 1 Co 13. Divisões Principais:
I. A preeminência do amor, v. 1-3. II. As características do amor, v. 4-7. III. A permanência do amor, v. 8-13.
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6. As divisões principais devem ser apresentadas claramente, e cada uma delas
precisa relacionar-se com a oração interrogativa e com a de transição de
modo a expressar uma idéia completa.
7. O número de divisões principais deve ser o menor possível. Um bom
presbiteriano utiliza uma média de três divisões principais.
8. As divisões principais devem possuir estrutura paralela. Isto é, a disposição
de um esboço em forma simétrica, de modo que as divisões se equilibrem
adequadamente e se combinem. Por exemplo, se a primeira divisão for
apresentada em forma de frase, todas as outras também deverão. Na forma
paralela, os substantivos devem correlacionar-se com substantivos, as
preposições com preposições, conjunções com conjunções, etc.
As Transições das Divisões
Assim como a oração transitiva é necessária para estabelecer uma ligação
entre a proposição e o corpo do sermão, também é necessário que a transição entre
as divisões seja cuidadosamente construída.12
Princípios de preparação das subdivisões
1. As subdivisões derivam de suas respectivas divisões principais e são um
desenvolvimento lógico destas. A função primária da subdivisão é
desenvolver o pensamento contido na divisão principal.13
2. As divisões devem possuir estrutura paralela. Como nas divisões principais,
as subdivisões devem ser simétricas e equilibradas. Deve-se seguir o padrão
determinado pela primeira subdivisão.
3. O número de subdivisões deve ser limitado.
12
BRAGA, James. Como Preparar Mensagens Bíblicas. p. 132. 13
Exemplo: Salmo 23. I. O Pastor de Ovelhas, v. 1. (divisão principal)
a. Um pastor divino, v. 1. (subdivisão) b. Um pastor pessoal, v. 1.
II. A Provisão das Ovelhas, v. 2-5. a. Descanso, v.2. b. Direção, v. 3. c. Conforto, v.4. d. Fartura, v. 5.
III. O Futuro das Ovelhas, v. 6. a. Um brilhante futuro para esta vida, v. 6.
b. Um bendito futuro para o além, v. 6.
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4. À semelhança das divisões principais, as subdivisões não precisam seguir a
mesma ordem do texto.
A Discussão
As divisões principais e as subdivisões não passam do esqueleto do sermão e
servem para indicar as linhas de pensamento a serem seguidas ao apresentá-lo.
A discussão é o desdobramento das divisões e subdivisões. Para tanto, o
pregador deve selecionar, introduzir e dispor o material de modo a desenvolver com
eficácia cada uma das divisões.14
Qualidades da discussão
1. Unidade – tudo que for apresentado nas subdivisões deve ser uma
ampliação da idéia expressa na divisão principal.
2. Proporção – algumas divisões por causa do seu conteúdo podem exigir mais
atenção, entretanto deve-se tomar cuidado para não aprofundar em um
assunto e deixar outros assuntos inacabados.
3. Progressão – as idéias de cada divisão devem indicar um movimento
definido de pensamento. Tudo deve contribuir para o avanço ordenado do
pensamento.
4. Brevidade – uma das falhas dos pregadores é a verbosidade. Portanto, um
sermão deve girar em torno de 20 a 40 minutos.
5. Clareza – o propósito principal da discussão é desvendar ou revelar mais
claramente as idéias das divisões. Por isso, não use linguagem
demasiadamente erudita, se usar uma palavra desconhecida de significado,
então o explique. Também não torne o púlpito um palanque de baixaria,
usando palavras torpes.
6. Vitalidade – o sermão deve passar as experiências das personagens
bíblicas, suas fraquezas, suas angustias, medos, força, coragem, etc., como
venceram, como solucionaram seus problemas para que possa ter
significação vital para seus ouvintes.
7. Variedade – não utilize apenas um autor, ou as mesmas fontes, as mesmas
experiências pessoais, etc.
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BRAGA, James. Como Preparar Mensagens Bíblicas. p. 144.
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Fontes de material para discussão
1. A Bíblia. A Bíblia é a fonte inesgotável de material, porque é a Palavra de
Deus.
2. Outras formas de literaturas – comentários bíblicos, dicionários, manuais
bíblicos, livros devocionais, atlas bíblico, etc.15
3. Experiências – a experiência pessoal do pregador é valiosa para expandir
suas idéias.
4. Observação do mundo ao redor – as histórias de pessoas, acontecimentos
em jornais, etc.
5. Imaginação – o pregador pode criar imagens mentais que aumentem
sobremaneira a eficácia da discussão.
6. Ilustração – ilustrar é tornar claro mediante um exemplo. Entretanto, é preciso
tomar cuidado para não ofuscar algum assunto já compreensível. Podem ser
usadas ilustrações bíblicas, eventos pessoais, fatos do cotidiano, citações de
autores, etc.
A Aplicação
Aplicação é o processo retórico mediante o qual se aplica direta e
pessoalmente a verdade ao individuo, a fim de persuadi-lo a reagir de modo
favorável a mensagem. A aplicação é um dos elementos mais importantes do
sermão. É procurar persuadir os ouvintes a reagirem à verdade divinamente
revelada. É dizer o que o ouvinte deverá fazer a partir desta mensagem.16
A Conclusão
A conclusão é o clímax do sermão, na qual o objetivo constante do pregador
atinge o alvo em forma de uma impressão vigorosa. A conclusão não é um
apêndice, mas parte integrante do sermão. Na conclusão não é ambiente apropriado
para introdução de novas idéias.17
15
No final da apostila se encontra algumas sugestões de livros para serem utilizados no desenvolvimento da discussão. 16
BRAGA, James. Como Preparar Mensagens Bíblicas. p.185. 17
BRAGA, James. Como Preparar Mensagens Bíblicas. p.208.
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Formas de conclusão
1. Recapitulação – a reformulação das idéias principais serve para lembrar os
aspectos básicos da mensagem e preparar o povo para o seu impulso final.
2. Ilustração – às vezes podem-se levar as idéias ou verdades do sermão mais
eficazmente a um clímax por meio de uma ilustração ou simplesmente voltar à
ilustração apresentada na introdução do sermão.
3. Motivação – não deve apenas impor obrigações morais aos ouvintes, mas
também encorajá-los a romperem com suas dificuldades e desafios.
4. Aplicação – é o momento de perguntar aos ouvintes: o que esta mensagem
tem a ver com você?
Princípios de preparação da conclusão
1. A conclusão deve ser breve.
2. A conclusão deve ser simples.
3. Deve-se escolher com cuidado e atenção as últimas palavras da conclusão.
4. A conclusão deve estar expressa no esboço, com poucas sentenças ou
frases.
BIBLIOGRAFIA
BRAGA, James. Como Preparar Mensagens Bíblicas. São Paulo: Vida, 1986.
O Sermão e Seu Preparo - John A. Broadus
Bíblia, Almeida, Revista e Atualizada (ARA)
Bíblia de Genebra, Editora Cultura Cristã.