FACULDADE CATHEDRAL
I-BRAS – INSTITUTO BRASIL DE PÓS-GRADUAÇÃO,
CAPACITAÇÃO E ASSESSORIA
THEODORO SCHMIDT GONZALES
CUIDADOS FARMACÊUTICOS EM PACIENTES COM
DIABETES
BOA VISTA
2019
FACULDADE CATHEDRAL
I-BRAS – INSTITUTO BRASIL DE PÓS-GRADUAÇÃO,
CAPACITAÇÃO E ASSESSORIA
THEODORO SCHMIDT GONZALES
CUIDADOS FARMACÊUTICOS EM PACIENTES COM
DIABETES
Artigo apresentado como requisito parcial para a conclusão
do Curso de Pós-graduação em Farmacologia clínica e
farmácia clínica com ênfase em prescrição da
Faculdade Cathedral/I-Bras.
Prof. Orientador: Dr. Gildomar Lima Valasques Júnior
BOA VISTA
2019
CUIDADOS FARMACÊUTICOS EM PACIENTES COM DIABETES
THEODORO SCHMIDT GONZALES1
GILDOMAR LIMA VALASQUES JÚNIOR2
RESUMO: A diabetes é uma doença caracterizada pela incapacidade do organismo produzir insulina, ou de
utilizá-la adequadamente, e pela presença de concentrações elevadas de glicose no sangue, uma vez que a insulina
é a "chave" que abre a "porta" por onde a glicose entra nas células. Se houver falta de insulina, a glicose permanece
no sangue em vez de fornecer energia às células.Diante disto, faz-se atenção de como e quais formas a mais os
Profissionais Farmacêuticos poderiam auxiliar os Pacientes com Diabetes.Este trabalho tem como cerne abordar
os Cuidados Farmacêuticos em Pacientes com Diabetes, cerca de analisar e discutir quais precauções e métodos
de tratamento. Possíveis avanços da área Farmacêutica, e a avaliação do Profissional Farmacêutico em exercício.
Método: Trata-se de um levantamento bibliográfico em vários artigos, revistas, simpósios nacionais, nos quais se
fará um breve histórico relacionado à Diabetes e seus tratamentos e mecanismos de ação, e a Assistência do
Profissional Farmacêutico. Acredita-se nos avanços da área farmacêutica que por sua vez tem sido de uma
relevância incomparável para os Pacientes de Diabetes, sendo assim uma forma que o Profissional Farmacêutico
tem de contribuir para que esses Pacientes venham ter uma melhor qualidade de vida.
Palavras-chave: Cuidados Farmacêuticos;Diabetes; Diagnóstico; Tratamento; Assistência do Farmacêutico;
ABSTRACT: Diabetes is a disease marked by the inability of the body to produce insulin, or to properly use it,
and by the elevated concentrations of glucose in the blood, once insulin is the “key” to open the “door” through
which glucose goes into the cells. Therefore, it is wise to have in account how and in what ways the pharmacist
can aid diabetic patients. This paper focuses on the pharmacist’s care onto patients with diabetes, to analyze and
discuss what are the precautions and treatment methods. Possible advancements in the pharmaceutical field, and
the evaluation of pharmacists on duty. Method: this paper is a bibliographical survey in several articles, magazines,
national symposiums, which will present a brief history related to Diabetes and its treatments and mechanisms of
action, and the pharmacist’s assistance. The pharmaceutical field advancements are of unparalleled relevance to
the diabetic patients, and so the pharmacist contributes to a better quality of life of said patients.
Keywords: PharmaceuticalCare; Diabetes; Diagnosis; Pharmacist’sAssistance;
1 Farmacêutico, Pós graduando em Farmacologia clínica e farmácia clínica com ênfase em prescrição da
Faculdade Cathedral/I-Bras.
2 Farmacêutico, Doutor em Biotecnologia – PPGBIotec UEFS/Fiocruz, Especialista em Gestão da Assitência
Farmacêutica – UFSC.
1. INTRODUÇÃO
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) tem se tornando um desafio aos setores
que tratam de saúde e agregam grandes e efetivos prejuízos a sociedade porque quase sempre
culminam em morte prematura do indivíduo que a desenvolve ou incapacidade parcial ou total
em decorrência de perdas de partes de suas funções psíquicas e/ou motoras, bem como aumenta
os gastos públicos com medicações e terapêutica. Quando se trata de doença crônica, uma das
primeiras doenças que veem à tona para ser listada é o diabetes mellitus (DM), isso porque
nossa sociedade cada vez mais sedentária, com hábitos alimentares irregulares tem contribuído
drasticamente para elevação das estatísticas (MALTA; NETO; JUNIOR, 2011).
O DM é uma das DCNT mais frequentes no mundo sendo a quarta principal causa de
morte, com grande impacto nos sistemas de saúde mundial e brasileiro (DUNCAN et al., 2017),
sendo considerado um problema de saúde pública, não apenas nos países desenvolvidos, mas
também naqueles em desenvolvimento com reflexos sociais importantes (SANTOS et al.,
2011).
Em 2014 estimou-se que 120 milhões de pessoas eram portadoras de DM no mundo e
até 2025 a expectativa é de que sejam 300 milhões (TELO et al., 2016), e em 2015, estimou-
se que 415 milhões de pessoas vivem com diabetes, podendo alcançar 642 milhões de pessoas
em 2040. Os países em desenvolvimento terão a maior fatia desse aumento (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE DIABETES, 2017), com elevadas taxas de morbimortalidade que acomete
mais de 20% dos adultos entre 65 e 76 anos (SANTOS et al., 2011). Esta doença caracteriza-se
como um complexo conjunto de distúrbios metabólicos que têm em comum a hiperglicemia
causada por defeitos na ação e/ou na secreção de insulina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
DIABETES, 2016).
Caracterizada como uma das principais causas de hospitalizações, mortalidade e
morbidades do país, com uma taxa de aproximadamente quatro milhões (4.000.000) de óbitos
anuais por complicações de diabetes (MALTA; NETO; JUNIOR, 2011). Alguns dos possíveis
prognósticos são cetoacidose diabética, retinopatia, neuropatia e disfunções vasculares que
podem dar início a um problema muito sério na vida do portador de diabetes, as lesões nos pés,
denominada doença do pé diabético. (SANTA, 2012; TESTON et al., 2017).
O DM é classificado em tipo 1 (A e B), tipo 2, diabetes gestacional e outros tipos
específicos. O DM tipo 2 (DM2), que é o mais predominante e correspondente a 90 a 95% dos
casos, se manifesta principalmente em adultos. Trata-se de um distúrbio resultante da produção
insuficiente ou resistência à ação da insulina. As principais causas deste tipo de DM estão
relacionadas à obesidade e estilo de vida sedentário (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
DIABETES, 2016).
A manutenção do controle glicêmico e metabólico, em pessoas com DM2, está
diretamente ligada ao tratamento medicamentoso e não medicamentoso dos pacientes. O
tratamento não medicamentoso refere-se às mudanças no estilo de vida, incluindo alimentação
e a prática de atividade física, dentre outras (COSTA et al., 2011).
Considerada a terapia de primeira escolha para o controle do DM2 e, devido à
comprovada efetividade de sua utilização, a terapia nutricional é fundada no plano alimentar
individualizado e na orientação, ligada à prática da atividade física. Já o tratamento
medicamentoso constitui-se, além da utilização de antidiabéticos orais e/ou insulina, da
utilização de medicamentos para o controle das comorbidades, como hipertensão arterial e
dislipidemia, comumente encontradas em associação com o DM (SOCIEDADE BRASILEIRA
DE DIABETES, 2016).
Reconhece-se que a prática dessas atividades de autocuidado traz benefícios para as
pessoas com DM, tais como manutenção de sua qualidade de vida e de seu controle metabólico,
diminuindo as morbidades ligadas às complicações do DM (COSTA et al., 2011).
Nesse contexto, a atenção farmacêutica ao paciente diabético uma forma importante de
acompanhamento, principalmente ao paciente que é portador de DM2, pois essas pessoas
podem apresentar maior dificuldade de aderirem ao tratamento farmacológico. Diante disso, o
cuidado farmacêutico surge então como um ramo da Assistência Farmacêutica, onde o
profissional busca a melhora da qualidade de vida dos pacientes por meio de uma prática
centrada nesse indivíduo e cuidados que devem ser tomados em relação aos medicamentos. Por
meio do cuidado e a atenção farmacêutico que o profissional se responsabiliza por diminuir as
taxas de mortalidade e morbidade relacionadas aos medicamentos (BAZOTTE, 2010).
Em virtude a conjuntura explanada até aqui, o presente trabalho tem como cerne abordar
os Cuidados Farmacêuticos em Pacientes com diabetes, como escopo analisar e discutir quais
precauções e métodos de tratamento; possíveis avanços da área Farmacêutica e a avaliação do
profissional Farmacêutico em exercício.
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Analisar e discutir os cuidados e métodos de tratamento no diabetes e os recentes
avanços da área farmacêutica como área contributiva para tratar e lidar com os pacientes com
diabetes.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Realizar levantamento histórico de como surgiu e evidenciou-se a Diabetes Mellitus;
Apresentar os tratamentos farmacológicos atuais e não farmacológicos do Diabetes
Mellitus
Descrever a importância da atenção farmacêutica ao paciente portador de Diabetes
Mellitus
3.METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de levantamento bibliográfico descritivo relacionado à DM e seu
tratamento, possíveis avanços da área Farmacológica em relação aos Pacientes com diabetes.
Segundo Moresi (2003), define-se revisão bibliográfica como um estudo sistematizado
desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas,
isto é, material acessível ao público em geral. Este tipo de pesquisa proporciona ao pesquisador
o contato direto com tudo aquilo que se foi escrito sobre determinado assunto.
A pesquisa bibliográfica compreende oito fases distintas: escolha do tema, elaboração
do plano de trabalho, identificação, localização, compilação, fichamento, análise, interpretação
e redação (MORESI, 2003). Para execução deste trabalho foi realizado um levantamento nas
bases de dados Scientific Electronic Library Online (SCIELO).
Os termos usados para a pesquisa foram: Diabetes, Diagnóstico, Tratamento, Cuidados
Farmacêuticos, Mecanismos de Resistência, Tratamento Medicamentoso. Todo material obtido
foi submetido à leitura cuidadosa e a análise apresentada de forma descritiva.
4. REFERENCIAL TEÓRICO
4.1 BREVE HISTÓRICO DE DIABETES
A história do diabetes apresenta fatos históricos com riquezas e curiosidades. O primeiro
relato do diabetes ocorreu em torno de 1.550 a.C no antigo Egito, onde foram mencionadas
abordagens para o tratamento de uma doença caracterizada por micção excessiva (poliúria),
sendo o papiro de Eberes, descoberto por Greg Ebers o primeiro documento conhecido que
referência a doença (TSCHIEDEL, 2014). Tais relatos influenciaram o médico Hipócrates, pai
da Medicina, o qual descreveu sinais e sintomas (poliúria e perda de peso) consistentes com o
quadro clínico de diabetes. Galeno e Areteu da Capodácia atuaram como discípulos de
Hipócrates e, no século II d.C, o nome diabetes foi atribuído à doença por Areteu da Capodácia
e, no mesmo século Galeno descreveu o diabetes como doença dos rins (CONCEIÇÃO;
SILVA; BORBOSA, 2017), pois a poliúria assemelhava-se a drenagem de água através de um
sifão. Areteus também observou outros sintomas além da poliúria, ou seja, a polidipsia,
polifagia e astenia (TSCHIEDEL, 2014).
Durante o primeiro século, os hindus e os árabes relatavam a associação da urina
adocicada com pacientes diabéticos. E, Avicena, médico árabe, foi o primeiro a associar a
doença com algumas complicações, tais como a gangrena diabética e a perda da função sexual.
Do século XV ao século XIX surgiram vários experimentos que permitiram distinguir a doença
do diabetes insipidus. O diabetes insipidus é caracterizado pela incapacidade de concentração
do filtrado urinário, desenvolvendo urina hipotônica e aumento de volume urinário que pode
ser ocasionado por deficiência do hormônio antidiurético ou por resistência à sua ação nos
túbulos renais, no entanto não é adocicada. E com isso, foi adicionada a designação mellitus,
sugerido por Cullen, em 1769, pois o açúcar na urina dos pacientes com diabetes era semelhante
ao encontrado na uva, o que, por sua vez, originou o nome "glicose" (TSCHIEDEL, 2014;
COBAS; GOMES, 2015).
Em meados do século XIX, Lanceraux e Bouchardat, sugeriram que existiriam dois
tipos de diabetes, sendo uma que atinge pessoas mais jovens e com maior gravidade e outro que
atinge pessoas com mais idade, não tão severa e mais comum em pessoas com peso excessivo
(TSCHIEDEL, 2014).
O século XIX impulsionou as pesquisas referentes a diabetes, o qual foi introduzida a
dieta como uma terapia, no qual recomenda-se a dieta rica em hidratos de carbono,
macronutrientes enfaticamente descritos por Bouchardat mais tarde. O mesmo pesquisador, no
final do século XIX, estabeleceu um método de determinação da perda de açúcar pela urina,
que culminava na diminuição da eliminação de glicose com o tratamento de dieta restrita. E,
com isso, surgiram várias dietas milagrosas para tratar o diabetes, como a dieta da aveia,
descrita por Von Nororden em 1895. Claude Bernard descreveu o papel do fígado como
produtor de glicose e, portanto, relacionado à patogênese da doença; Petters identificou a cetona
na urina e sua associação com o coma diabético; e Kussmaul identificou a cetona no sangue
(COBAS; GOMES, 2015).
Até meados dos anos 1800, a medicina pouco ofertava aos pacientes em geral a não ser
sangrias e blisteres. O último indício dessas práticas para tratamento do diabetes foi o uso do
ópio relatado em 1915 por William Osler em 1915. Outro tratamento consistia na noção de que
o diabético necessitava de uma alimentação extra para compensar as perdas de nutrientes pela
urina, estimulando o paciente com diabetes a comer tanto quanto conseguisse. E, no final da
década de 1850, um médico francês, Piorry, refinou a idéia e sugeriu a ingestão de grandes
quantidades de açúcar. E, este estímulo ao consumo do açúcar perturbou mesmo no início do
século XX, com a idéia que tal consumo iriam ajudar o paciente no ganho do peso. Os avanços
só surgiriam quando os médicos notaram que o excesso de alimentação não regulava a glicemia,
e assim adotando a idéia que deveriam praticar o oposto, ou seja, restringir a alimentação, pois
os carboidratos demonstravam ser os vilões adotando-se a dieta pobre em carboidratos
(TSCHIEDEL, 2014).
Em 1869, Paul Langerhans descreveu as funções pancreáticas distintas, endócrinas e
exócrinas, além disso, a relação entre pâncreas e diabetes foi descrita por Minkowki e Von
Mering que observaram que ao extirpar o pâncreas em cães acarretava em perda excessiva de
açúcar pela urina, demonstrando a função endócrina do pâncreas. Já no século XX, em 1900, a
função endócrina das ilhotas de Langerhans foi descrita por Opie, com distinção entre as células
alfa e beta e sua diferenciação com o tecido acinoso do pâncreas (COBAS; GOMES, 2015), e
assim, iniciou-se a busca para descobrir essa secreção produzida pelas ilhotas de Langerhans,
pois com isso resolveria se o mistério do diabetes. A descoberta, na década de 1980 que do
bócio endêmico, cretinismo e mixedema poderiam ser tratados utilizado extrato de tireóide
culminou com o uso do termo hormônio para descrever os mensageiros químicos existentes nas
secreções endócrinas (TSCHIEDEL, 2014).
A descoberta da insulina por Banting e Best foi um dos fatos mais importantes não só
para o diabetes, mas para a área médica em geral, pois permitiu mudar a história natural da
doença, principalmente em indivíduos jovens que eram tratados com dietas restritas que
resultavam em desnutrição (COBAS; GOMES, 2015).
O primeiro extrato pancreático, denominado inicialmente como 'isletina' e
posteriormente como 'insulina', foi injetado no dia 11 de janeiro de 1922 (COBAS; GOMES,
2015).
A insulina foi aplicada pela primeira vez, em 1922, quando Leonard Thompson tinha
apenas 13 anos e com peso de 30 kg, e nessa época, as reportagens diziam que tal fato seria a
cura do diabetes (TSCHIEDEL, 2014). Com esse ocorrido, Banting e Best receberam o Premio
Nobel de Medicina devido a essa descoberta, no qual este paciente obteve melhora clínica e
aumento de peso. Nos anos seguintes, Houssay demonstrou a relação entre a hipófise e o
pâncreas, e com isso ele ganhou o Prêmio Nobel de Fisiologia por sua descoberta o que
impulsionou as pesquisas para a produção de insulina que possibilitasse seu uso em decorrência
do grande demanda de pacientes com diabetes (COBAS; GOMES, 2015).
Com isso, em 1923, iniciou-se a extração de pâncreas bovino e suíno, melhora da pureza,
da estabilidade das novas insulinas e aumento do seu tempo de ação através da adição de
protamina e posteriormente de zinco (1936), iniciando-se a produção de insulina de origem
animal em quantidade suficiente para atender a demanda comercial, sendo a primeira insulina
comercializada a insulina regular ou insulina R (BRASIL, 2011; COBAS; GOMES, 2015).
Em 1955, Sanger descobriu a estrutura molecular da insulina permitindo sua produção
sintética, o que resultou em mais um Prêmio Nobel de Química, no qual ela é formada por 2
cadeias polipeptídicas, formadas por 21 aminoácidos alfa e 30 aminoácidos beta, ligados por
ponte de dissullfeto e com isso as insulinas que eram apenas de origem bovina, porcina ou
mista, foi lançado a insulina sintética com a mesma quantidade de aminoácidos da insulina
humana endógena (BRASIL, 2011; COBAS; GOMES, 2015).
Em 1977, Yallow e Berson desenvolveram a técnica de radioimunoensaio para
determinação laboratorial da insulina. E, em 1978, utilizando-se a tecnologia de ácido
desoxirribonucléico (DNA) recombinante, obteve-se a produção insulina pelas bactérias
Escherichia coli (COBAS; GOMES, 2015).
Inúmeras pesquisas foram conduzidas, objetivando assemelhar-se o perfil fisiológico da
insulina humana endógena. Para isso, foram realizadas diversas alterações na estrutura
molecular da insulina e com isso atualmente tem-se inúmeros análogos da insulina humana no
mercado, tendo como o primeiro representante a insulina lispro que foi lançada em 1996, sendo
considerada uma insulina ultrarrápida. Também, há disponível a insulina asparte e a insulina
glargina, nesse mesmo nicho. Em relação às insulinas de ação prolongada, tem-se a insulina
glargina lançada em 2001 nos Estados Unidos da América (EUA), a insulina detemir, e está
para entrar no mercado a insulina degludeca (TSCHIEDEL, 2014).
Atualmente, existem as canetas para a administração de insulina, assim como os
sistemas de infusão continua e de monitorização da glicemia. E, os glicosímetros utilizados para
a monitorização são importantes para correlacionar o tratamento com exercícios, estes podem
ser transportados pelos pacientes e a quantidade de sangue necessária para a determinação da
glicemia mínima (0,3 ul a 1,0 ul) (COBAS; GOMES, 2015).
A cada ano, novas drogas orais e injetáveis não insulínicas são apresentadas pela
indústria farmacêutica para o tratamento do DM2, no qual todo esse progresso está melhorando
significativamente a vida e o dia a dia do paciente com diabetes (COBAS; GOMES, 2015).
4.2 TRATAMENTO
4.2.1 TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
O tratamento farmacológico do DM2 objetiva atingir o controle glicêmico satisfatório
em pacientes que não o conseguiram por meio de medidas não medicamentosas, como perda
de peso, mudanças de hábitos alimentares e aumento da atividade física (OLIVEIRA; MILECH,
2004).
O DM2 consiste em uma doença metabólica na qual a ação do hormônio insulina é
debilitada, seja devido a sua não produção ou ação insuficiente, ou seja, caracteriza-se por dois
defeitos fisiopatológicos principais: a resistência à insulina, que resulta em aumento da
produção hepática de glicose e redução da sua utilização periférica, e o comprometimento da
função secretora da célula β. A história evolutiva natural dessas alterações faz com que os
defeitos metabólicos característicos do DM2 estejam presentes de 9 a 12 anos antes do
diagnóstico da doença, que em geral acontece quando a diminuição da função da célula β chega
próximo a 50%. Essa redução progressiva da função insulínica está associada à deterioração
glicêmica e acontece independentemente da terapêutica utilizada (SOCIEDADE BRASILEIRA
DE DIABETES, 2014).
Para utilizar a glicose obtida por meio da alimentação como fonte de energia, o pâncreas
libera a insulina e quando não há secreção suficiente deste hormônio, o nível de glicose
sanguínea fica elevado, causando hiperglicemia. Se esse episódio for constante por um longo
tempo, poderá levar a desordens metabólicas e a várias complicações (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE DIABETES, 2015; CARRERA; MARTINEZ, 2013).
Em fases iniciais do DM2, pode-se obter bom controle glicêmico por mudanças no estilo
de vida do paciente. Contudo, em função da perda gradual da capacidade secretória das células
beta pancreáticas, que geralmente ocorre com a evolução da doença, torna-se necessária a
introdução de drogas antidiabéticas orais (DAOs) ou insulinização exógena. Quando o controle
glicêmico persiste inadequado, apesar do uso de DAOs isoladamente ou em terapia combinada,
indica-se insulinoterapia (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2016).
Uma alternativa à introdução da insulina em substituição ao tratamento com drogas orais
é a administração de insulina em adição ao tratamento com DAOs. A combinação do uso da
insulina em associação a DAOs teria como potenciais vantagens a melhor aceitação do uso da
insulina pelo paciente (pelo temor de utilizar múltiplas injeções diárias), a redução da
quantidade e do número de doses de insulina utilizada, o menor risco de hipoglicemias e o
menor ganho de peso. A razão lógica de sua utilização se baseia no conceito de que os efeitos
terapêuticos da insulina potencialmente se tornariam mais ativos, quando associados aos efeitos
dos diferentes hipoglicemiantes nas principais alterações fisiopatológicas que caracterizam o
DM2, tais como a resistência à insulina, o aumento da secreção pancreática de insulina e a
redução da secreção hepática de glicose (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2016).
O tratamento do diabético visa melhorar os sintomas da doença, normalizar o estado
nutricional, diminuir o consumo de álcool, evitar o sedentarismo, incentivar a suspensão do
tabagismo, prevenir complicações agudas e crônicas e educar tanto o paciente quanto seus
familiares (MANCINI; MEDEIROS, 2005).
Os DAOs são medicamentos que têm por finalidade diminuir a glicemia plasmática e
mantê-la em níveis normais. Esta terapia é indicada para pessoas com DM2 quando a dieta e a
atividade física não forem capazes de obter o controle adequado da glicemia. Associado ao
tratamento medicamentoso há a necessidade de seguimento de dieta e a atividade física, que
são fatores que contribuem significativamente para o controle da doença, principalmente no
DM2. O objetivo desta mudança de estilo de vida é auxiliar o indivíduo a ter melhores escolhas
alimentares para que associada à prática de atividades físicas, obter um melhor controle
metabólico da doença e consequentemente ter uma boa qualidade de vida (SOUZA;
SILVESTRE, 2013).
Várias classes de DAOs são disponíveis para o tratamento do DM2. Os medicamentos
disponíveis apresentam diferentes mecanismos de ação e perfis de segurança para o paciente,
podendo ter como alvo a deficiência insulínica, a insulinorresistência, a absorção intestinal de
glicose e a regulação do sistema das incretinas (CORRER, 2016). Apenas mudança do estilo de
vida e dieta frequentemente não permitem que o paciente atinja as metas preconizadas e é
necessário o uso de medicações em monoterapia ou combinadas. Uma abordagem mais racional
combinando agentes com mecanismos de ação distintos parece ser mais apropriada na maioria
dos casos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2016).
Os antidiabéticos podem ser classificados em medicamentos que aumentam a secreção
da insulina (hipoglicemiantes) representados pelas sulfoniluréias e glinidas; medicamentos que
não aumentam a secreção da insulina (anti-hiperglicemiantes) representados pelas biguanidas,
inibidores da α- glicosidase e tiazolidinedionas; medicamentos que aumentam a secreção da
insulina dependente da glicose, além da promoção da supressão do glucagon, representados
pelos inibidores da Dipeptidil peptidase-4 (DPP-4); e medicamentos que promovem glicosúria,
sem relação com a secreção da insulina representados pelos inibidores de cotransportador de
sódio/glicose 2 (SGLT2) (CORRER, 2016; SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES,
2017).
4.2.1.1 SULFONILUREIAS
As sulfonilureias estão entre os medicamentos mais utilizados para tratar pacientes com
DM2. Sua principal ação ocorre sobre as células B, estimulando a secreção da insulina, tanto
no estado basal (no jejum e ao longo de todo dia) quanto no pós-estímulo alimentar, assim como
a redução dos níveis séricos de glucagon e com isso diminuindo os níveis de glicose plasmáticos
(BRASIL, 2011; LOPES et al., 2012; CORRER, 2016; RANG et al., 2016).
Vale ressaltar que para a ação das sulfonilureias é essencial que as células B pancreáticas
estejam funcionando perfeitamente, uma vez que as sulfonilureias ligam-se à porção externa
dos canais de potássio das células B provocando o seu fechamento e a despolarização da
membrana que ativa a abertura dos canais de cálcio, acarretando em acúmulo de íons cálcio
dentro das células que favorece a exocitose dos grânulos de insulina levando a secreção da
insulina e com isso a redução da glicemia (BRASIL, 2011; LOPES et al., 2012; CORRER,
2016).
Farmacocineticamente, as sulfonilureias são bem absorvidas após a administração oral
no trato gastrintestinal, no entanto, a presença de alimentos e hiperglicemia pode reduzir sua
absorção, e alcançam as concentrações plasmáticas máximas em 2 a 4 horas. Todas são
metabolizadas pelo fígado, no qual a maior parte das sulfonilureias e seus metabólitos ativos
são eliminados na urina, devendo ser administrados com cautela em pacientes idosos e pacientes
portadores de doença renal ou hepática (RANG et al., 2016).
São classificadas de acordo com sua potência e a época de seu surgimento como de
primeira e segunda geração. As sulfonilureias de primeira geração são representadas pela
tolbutamida, aceto-hexamida e clorpropraminda, sendo apenas a clorpropramida
comercializada no Brasil. A glibenclamida, gliclazida, glipizida e glimepirida são os
representantes das sulfonilureias de segunda geração (LOPES et al., 2012; RANG et al., 2016).
Também são classificadas de acordo com a duração do efeito em de ação curta, intermediária e
longa, sendo as de ação intermediária as mais utilizadas principalmente a glibenclamida, pois
de ação curta há necessidade de múltiplas doses prejudicando a adesão ao tratamento
medicamentoso, enquanto as de longa duração podem levar a quadros de hipoglicemias graves
(BRASIL, 2011).
A terapia com as sulfonilureias deve iniciar com a dose diária mínima, ajustando-se
progressivamente até a dose ideal. Elas são eficazes em monoterapia e em combinação com
outros antidiabéticos orais ou insulina, no entanto, sua eficácia tende a diminuir com o tempo
de uso provavelmente em decorrência da exaustão das células B (BRASIL, 2011; CORRER,
2016).
São indicados para tratar DM2 em estágios iniciais, sendo contra-indicadas em pacientes
com DM tipo 1, infecções, cirurgia, infarto, gestação, lactação, insuficiência hepática e renal,
além de não ser útil nos estágios mais tardios do DM2 (BRASIL, 2011; RANG et al., 2016).
As principais reações adversas são a hipoglicemia e o ganho de peso, sendo considerada pelos
critérios Screening Tool of Older Person’s Prescriptions (STOPP) como um medicamento
inapropriado em idosos (BRASIL, 2011; CORRER, 2016).
4.2.1.2 GLINIDAS
Também da última década do século XX surgiram as glinidas (repaglinida e nateglinida)
secretagogos de insulina como as sulfonilureias, mas de curta duração. As glinidas atuam
estimulando a secreção da insulina pelas células B e são rapidamente absorvidas e possuem
tempo de meia-vida curto, sendo administrados logo após as refeições de modo a reduzir a
glicemia pós-prandial de pacientes com DM2 não controlados com dieta e exercício (BRASIL,
2011; TSCHIEDEL, 2014; RANG et al., 2016).
Apresentam mecanismo de ação semelhante as sulfoniluréias, por bloqueio dos
receptores das sulfonilureias nos canais de potássio nas células B pancreáticas. São
representantes das glinidas a rapaglinida, derivada do ácido benzóico e a nateglinida derivada
da D- fenilalanina, disponíveis desde 1998 e 2001, respectivamente. Possuem inicio de ação
rápido (30 min) e curta duração (até 4 horas), promovendo uma redução da glicemia pós-
prandial de 50 mg/dl e hemoglobina glicosilada (HbA1c) em 0,5-1,0%. Apresentam menores
episódios de hipoglicemia, hiperininsulinemia e ganho de peso comparados com as
sulfoniluréias, no entanto, assim como nas sulfonilureias ocorre a exaustão das células B,
necessitando de mudança da terapia (LOPES et al., 2012; CORRER, 2016; RANG et al., 2016).
4.2.1.3 BIGUANIDAS
As biguanidas surgiu com a fenformina que tinham um bom efeito na diminuição da
glicemia, no entanto, esse medicamento foi retirado do mercado após relatos de acidose lática
de pacientes que utilizavam essa mediccação. Outro medicamento, dessa classe, é a metformina,
que foi introduzida na década de 1960, e após anos de desconfiança devido à fenformina,
passou a ser cada vez mais utilizada (TSCHIEDEL, 2014).
Em relação às biguanidas, a metformina é a única representante desta classe disponível
no Brasil, sendo o fármaco de primeira escolha para uso contínuo em pacientes com DM2
(ARAUJO; BRITTO; PORTO DA CRUZ, 2000; CONCEIÇÃO; SILVA; BORBOSA, 2017).
A metformina melhora a ação da insulina no fígado, diminuindo a produção hepática da
glicose em 10 a 30% e, no músculo, aumentando a captação de glicose em 15 a 40% e
estimulando a glicogênese. No adipócito, a metformina inibe a lipólise e a disponibilidade de
ácidos graxos livres. Tem sido descrito que esta droga aumenta o número e melhora a afinidade
dos receptores de insulina, tanto no adipócito, quanto no músculo. A nível celular foi
demonstrado que a metformina aumenta a atividade da tirosinaquinase do receptor da insulina,
estimulando a translocação do transportador de glicose tipo 4 (GLUT4) e a atividade da
glicogênio-sintetase. A secreção de insulina aos estímulos pode permanecer inalterada ou
diminuir. Ocorre também melhora do perfil lipídico, com diminuição de 20 a 25% nos níveis
de triglicérides e de até 10% da lipoproteína de baixa densidade (LDL), e aumento de até 17%
dos níveis da lipoproteína de alta densidade (HDL), com diminuição de 20 a 30% do fator
inibidor de ativação do plasminogênio. Seu efeito anorético auxilia na perda de peso. A outra
vantagem é não provocar hipoglicemia, por não estimular a secreção de insulina (ARAÚJO;
BRITTO; PORTO DA CRUZ, 2000), porém está associado com aparecimento de sintomas
gastrointestinais graves (cerca de 10% dos pacientes) e risco de acidose lática (rara)
(CONCEIÇÃO; SILVA; BORBOSA, 2017).
Vale destacar que o efeito hipoglicemiante da metformina depende da presença de
insulina circulante, sendo, portanto, ineficazes em pacientes com dano significativo nas células
β do pâncreas (CONCEIÇÃO; SILVA; BORBOSA, 2017).
4.2.1.4 INIBIDORES DA α-GLICOSIDASE
Existem dois representantes deste grupo de hipoglicemiantes orais: a acarbose,
oligossacarídeo proveniente da fermentação do Actinoplanes utahensis e o miglitol, um
derivado da desoxinojirimicina, porém, apenas a acarbose é comercializada no Brasil (BRASIL,
2011). São inibidores competitivos das alfa-glicosidases da borda em escova do intestino
delgado, enzimas responsáveis pela hidrólise dos oligossacarídeos, dissacarídeos e
trissacarídeos. Há, portanto, uma redução na digestão e absorção dos carboidratos complexos,
levando a uma queda no pico de glicose pós-prandial. Devem ser administrados
obrigatoriamente durante as refeições (MANCINI; MEDEIROS, 2005).
A acarbose retarda a absorção de carboidratos, surgiu na década de 1980, mas embora
com resultados favoráveis não é das drogas mais prescritas no mundo, devido a seus
desagradáveis efeitos colaterais na área digestiva (TSCHIEDEL, 2014).
Os inibidores da α-glicosidase interferem na digestão de carboidratos complexos e com
isso diminuem a velocidade de absorção dos monossacarídeos o que leva a uma diminuição da
elevação da glicemia após as refeições. Esses medicamentos devem ser ingeridos no início das
refeições e seu alvo principal é na hiperglicemia pós-prandial. A diminuição da glicemia de
jejum ocorrerá provavelmente pela redução da glicotoxicidade. A redução da absorção dos
monossacarídeos levará à fermentação e assim aos efeitos adversos de flatulência e meteorismo,
no entanto, a intensidade do controle glicêmico é pequena comparada com outros agentes
antidiabéticos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2014).
4.2.1.5. TIAZOLIDNEDIONAS
As tiazolinedionas, também conhecidas como glitazonas, são sensibilizadoras da
insulina atuando na resistência a insulina periférica, pois aumentam a ação da insulina sem
afetar sua secreção, atuando na estimulação direta de receptores nucleares, levando a um
aumento de proteínas-chaves no metabolismo dos carboidratos, e diante disso, ocorre uma
diminuição da produção hepática de glicose e um aumento do consumo de glicose no músculo,
dependente da insulina (MANCINI, MEDEIROS, 2005).
As tiazolinedionas ligam-se ao receptor γ ativado por proliferadores de peroxissomo
(PPARγ), presente no tecido adiposo, formando um complexo com receptor de retinóide X
(RXR) e com isso, diminui a gliconeogênese e a disponibilidade de ácidos graxos livres, com
redução de 15 a 20% dos níveis de triglicérides e aumento de 5 a 10% do HDL-colesterol, no
entanto, os níveis de colesterol total e do LDL-colesterol podem estar aumentados de 10 a 15%
ou inalterados (ARAUJO; BRITTO; PORTO DA CRUZ, 2000; RANG et al., 2016). De acordo
com Mancini e Medeiros (2005), os efeitos clínicos das glitazonas tanto em monoterapia como
combinada com outras drogas em pacientes com diabetes tipo 2 são: diminuição da glicemia de
jejum (50 mg/dL) e pós-prandial e dos níveis de insulina circulante. Diminuem a HbA1c entre
1% e 1,5% com efetividade comparável a metformina e sulfoniluréia. Há redução dos
triglicerídeos e aumento do HDL (5%) e LDL (10%). Os efeitos clínicos começam em 2 a 4
semanas, embora alguns pacientes só apresentem melhora efetiva com 8 a 12 semanas de
terapêutica.
Os fármacos disponíveis desse grupo são a rosiglitazona e a pioglitazona, no entanto, a
rosiglitazona (Avandia) foi retirada em 2010, sendo, portanto, a pioglitazona (Actos) a única
representante das tiazolinedionas comercializada no Brasil (BRASIL, 2011; CORRER, 2016).
Diminui os níveis glicêmicos, mas não afetam diretamente a secreção de insulina e, por
isso, não causam hipoglicemia, no entanto, possui os seguintes efeitos adversos: aumento do
peso, disfunção hepática e retenção de líquidos. Esta retenção pode piorar a insuficiência
cardíaca. É contra- indicada em gestantes, lactantes, pacientes com insuficiência cardíaca e
insuficiência hepática devido à possibilidade de complicações hepáticas, sendo recomendada
seu uso com cautela em pacientes hepatopatas assim como cardiopatas, pela possibilidade de
edema (ARAÚJO; BRITTO; CRUZ, 2000; BRASIL, 2011; RANG et al., 2016).
As tiazolinedionas podem ser utilizadas como monoterapia ou em associação com a
metformina, sulfonilureia, glinidas e insulina, potencializando o efeito anti-hipergliamiante em
pacientes diabéticos com síndrome metabólica (ARAÚJO; BRITTO; CRUZ, 2000). E, existem
comercialmente comprimidos combinados com metformina, devido ao efeito aditivo (RANG
et al., 2016).
A pioglitazona é rapidamente e quase completamente absorvida, e atinge sua
concentração máxima em menos de 2 horas, circulando ligado à proteínas plasmáticas e sofre
metabolismo hepático. Ela pode diminuir os níveis de etinilestradiol e noretindrona, portanto
em diabéticas que não querem engravidar há necessidade de aumento da dose do contraceptivo
(ARAÚJO; BRITTO; CRUZ, 2000; RANG et al., 2016).
4.2.1.6 INIBIDORES DA INIBIDORES DA DIPEPTIDIL PEPTIDASE-4 (DPP4)
Também chamadas de gliptinas (Sitagliptina, Vildagliptina, Saxagliptina, Linagliptina
e alogliptina). São fármacos sintéticos que atuam inibindo competitivamente a DPP-4,
potencializando as incretinas endógenas: Peptídeo semelhante ao glucagon 1 (GLP-1) e
Polipeptídio inibitório gástrico (GIP) que estimulam a secreção de insulina e assim diminuindo
a glicose no sangue (RANG et al., 2016).
São fármacos sintéticos que atuam inibindo competitivamente a DPP-4, potencializando
as incretinas endógenas: Peptídeo semelhante ao glucagon 1 (GLP-1) e Polipeptídio inibitório
gástrico (GIP) que estimulam a secreção de insulina e assim diminuindo a glicose no sangue
(RANG et al., 2016).
Podem ser utilizados em monoterapia, no qual há redução da redução da HbA1c em 0,6
a 0,8%, no entanto, e em pacientes com valores iniciais de HbA1c maiores que 9% tal redução
pode ser maior, e podem ser utilizados em associação com metformina, glitazonas,
sulfonilureias e insulina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2017).
Não provocam aumento ou perda de peso e são contra-indicados em pacientes DM tipo
1, gestantes, lactantes, pacientes com insuficiência hepática e renal (CORRER, 2016; RANG
et al., 2016).
4.2.1.7 INIBIDORES DA SGLT2
Surgiu a partir da evidência de que os pacientes com DM2 têm um aumento da
reabsorção tubular renal de glicose, e a SGLT2 é responsável pela reabsorção da glicose no
túbulo renal, e com isso, ao inibir o SGLT2 ocorre o aumento da excreção renal de glicose. E,
com isso, a glicosúria, parâmetro utilizado há séculos como indicador de descompensação do
diabetes, agora é utilizada para o tratamento do diabetes (TSCHIEDEL, 2014).
Os inibidores de SGLT2 impedem a reabsorção de glicose pela inibição das proteínas
SGLT2 nos túbulos proximais dos rins, promovendo a excreção renal de glicose. Esta redução
é independe da insulina. Estão disponíveis comercialmente no Brasil a dapagliflozina,
canagliflozina e empagliflozina, sendo geralmente s utilizados no controle glicêmico de
pacientes com DM2, tanto em monoterapia como em combinação com outros antidiabéticos
orais ou insulina (CORRER, 2016; SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2017).
4.2.1.8 ANÁLOGOS DO PEPTÍDEO 1 TIPO GLUCAGON (GLP1)
São representantes desta classe a liraglutida, lixisenatida e dulaglutida. Estes são
indicados como terapia adjunta para melhorar o controle da glicose em pacientes com DM2 que
estão em tratamento com metformina, uma sulfonilureia ou em combinação com esses dois
medicamentos, sem resultados satisfatórios (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES,
2017).
A exenatida é um mimético do GLP-1, descoberta na saliva de um lagarto nativo do
sudoeste americano conhecido como Monstro de Gila. O medicamento Byetta é comercializado
no Brasil a partir do primeiro semestre de 2008, sendo útil no tratamento do DM-2 pelo seu
efeito redutor sobre as glicemias de jejum e pós-prandial, pois atuam aumentando a secreção
de insulina, reduzindo a produção e secreção de glucagon, lentificando o esvaziamento gástricos
e aumentando a sacietogênese (LOPES et al., 2012; CORRER, 2016).
4.2.1.9 INSULINA
A insulinoterapia é a aplicação intramuscular de insulina exógena diária para
manutenção dos níveis glicêmicos. Pode ser prescrita tanto para pessoas com DMT1 ou com
DMT2 que tenham resistência insulínica ou comprometimento nas células beta. Também é
utilizada em mulheres grávidas ou em outras situações em que não há normalização da glicemia,
intercorrências como cirurgias, infecções etc. Existem vários tipos de insulina exógena que são
classificadas de acordo com a sua origem (bovina, suína ou mista) e seu tempo de ação
(ultrarrápida, rápida, intermediária e lenta). A prescrição da insulina ao paciente se dá em
unidades de insulina (UI) por mililitro e cada UI equivale a 36 ug de insulina (DURCO, 2009).
4.2.2 TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO
De acordo com Manual de Serviços Farmacêuticos da Associação Brasileira de Redes
de Farmácias e Drogarias, o tratamento não farmacológico baseia-se em: redução de peso; dieta
hipocalórica, com redução de carboidratos e gorduras saturadas; atividades físicas regulares,
com mínimo de 150 minutos semanais (exercício aeróbico e/ou resistido); adotar alimentação
saudável, com carboidratos complexos e preferência para produtos integrais; evitar consumo
excessivo de doces, massas, pão branco. Adotar método do prato e dieta “Dietary Approaches
to Stop Hypertension” (DASH); consultar nutricionista, caso tenha dificuldades para se
alimentar bem ou queira perder peso (CORRER, 2016).
O exercício físico regular é benéfico sobre o metabolismo dos carboidratos e sobre a
sensibilidade à insulina que pode ser mantido pelo menos por cinco anos. Programas de
exercício com intensidades de 50 a 80% do volume de oxigênio (VO2) máximo, três a quatro
vezes por semana, com duração da sessão entre 30 e 60 minutos acarreta em melhora dos níveis
de HbA1c entre 10 e 20% e em pacientes com DM2 com maior resistência a insulina os
resultados são melhores, no entanto, não há dados sobre os efeitos do exercício contra
resistência no DM2, mas em pacientes com DM tipo 1 e normais apresentaram efeito positivo
(LAZZOLI, 2000).
Em pacientes com DM2, a síndrome de resistência à insulina é importante fator de risco
para doença arterial coronariana precoce, particularmente com hipertensão arterial
concomitante, hiperinsulinemia, obesidade central e a sobreposição de anormalidades
metabólicas, como o aumento do triglicerídeos, HDL baixo, LDL elevado e elevação dos ácidos
graxos livres. E, melhorar os fatores de risco acarreta em uma redução dos níveis de insulina
plasmática, demonstrando que o exercício possui influencia positiva sobre o risco
cardiovascular devido ao aumento do HDL colesterol e diminuição do LDL colesterol,
triglicerídeos e pressão arterial, melhora da sensibilidade à insulina, melhora da autoestima e
humor, sensação de bem estar, diminuição do peso corporal e da obesidade visceral, aumento
da massa muscular e redução da ansiedade (LAZZOLI, 2000; BRASIL, 2011).
Além disso, a educação em saúde tem papel importante pois proporciona aumento do
conhecimento aos pacientes, permitindo seu autocuidado e a desenvolver atitudes para melhora
do estado metabólico e qualidade de vida, além de redução das complicações (BRASIL, 2011).
4.3 PAPEL DO FARMACÊUTICO NO CUIDADO AO PACIENTE COM DIABETES
O DM é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia resultante
de defeitos na secreção de insulina, na ação da insulina e/ou em ambos, caracterizado por
hiperglicemia crônica com distúrbios no metabolismo dos carboidratos, lipídeos e proteínas,
resultantes das alterações na produção e secreção e/ou no mecanismo de ação da insulina, ou
seja, é quando se tem um excesso de açúcar na corrente sanguínea (chamado de glicose
sanguínea), a produção de insulina pelo pâncreas é insuficiente ou não produz (COELHO,
2013).
Essas doenças estão aumentando em um ritmo alarmante e são culpadas por 59% dos
56,5 milhões de óbitos anuais; até o ano de 2020, as condições crônicas serão responsáveis por
78% da carga global de doença nos países em desenvolvimento (COELHO, 2013).
Existe um arsenal de fármacos no mercado atual para a manutenção da normoglicemia,
porém, por conta de dificuldades financeiras, a adesão a esta terapêutica fica prejudicada, pois,
quase sempre, o orçamento dos diabéticos é insuficiente para suprir os gastos com a terapêutica
do DM, como a dieta nova, a compra de calçados adequados, a prática de atividade física, dentre
outros. Há também dificuldades no entendimento da prescrição, pois muitos pacientes são
idosos que, muitas vezes, estão com suas funções cognitivas comprometidas. O tratamento pode
ser eficaz se o processo educativo fizer estas considerações sociais dos pacientes (ARAÚJO et
al., 2010).
De modo geral, o cumprimento do tratamento farmacológico representa uma complexa
interação entre três pilares: fatores sociais, fatores relativos ao paciente e fatores relativos aos
profissionais de saúde. Aspectos como condição socioeconômica e cultural, idade, sexo, estado
civil, tipo de fármaco prescrito, quantidade de comprimidos, tempo de doença, enfermidades,
medicamentos 23 associados e orientações recebidas dos profissionais de saúde se relacionam
com o êxito ou o fracasso da adesão ao tratamento medicamentoso (ARAÚJO et al., 2010).
Além disso, há muitos pacientes que não aderem à medicação por acreditar ser dispensável em
virtude do caráter assintomático assumido pela doença em algumas situações, principalmente
no seu início (ARAÚJO et al., 2010; GIMENES; ZANETTI; HAAS, 2009).
Esse é um dos motivos pelo qual as equipes cuidadoras precisam estimular os pacientes
com DM que se acostumem com a automonitorização e com a necessidade de atingir alvos
glicêmicos e metabólicos definidos pela equipe. O processo de controle envolve a necessidade
de mudança do estilo de vida, manutenção de peso ideal e o uso de agentes antidiabéticos. A
escolha de cada agente se faz em função de seu mecanismo de ação, de características da
fisiopatologia de cada caso no momento, de eventos colaterais, facilidade ao paciente e custo
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2016).
Compreende-se que a prática farmacêutica é o caminho que leva a uma profissão onde
é concedido conhecimento e produtos para sociedade, nesta concepção a prática farmacêutica
deve ser o uso racional de medicamentos, que sofre influência do processo educacional, das
diretrizes de políticas de saúde e de trabalho, bem como da estrutura do sistema de saúde e o
modelo assistencial (OMS, 1993).
O uso de medicamentos é um processo hermético com vários determinantes que
envolvem diferentes atores. Para tanto as diretrizes farmacoterápicas adequadas para a condição
clínica do indivíduo são elementos essenciais para a determinação do emprego dos
medicamentos. Todavia, é pertinente ressaltar que a prescrição e o uso de medicamentos são
influenciados por fatores de natureza cultural, social, econômica e política (FAUS, 2000;
PERINI et. al, 1999).
A assistência do profissional numa categoria da área de saúde sofre influência direta do
processo educacional, das diretrizes das políticas sanitárias e de trabalho, da estrutura do
sistema de saúde e do modelo assistencial. No mundo ocidental contemporâneo o modelo de
assistência à saúde é excessivamente medicalizado e mercantilizado, cabendo aos
medicamentos um espaço importante no processo saúde/doença, sendo praticamente impossível
pensar a prática médica ou a relação médico paciente sem a presença desses produtos
(SOARES, 1998). Neste contexto a morbimortalidade relacionada a medicamentos é um grande
problema de saúde pública (EASTON; BARRY; STAR, 1998, MALHOTRA et al, 2001).
Diante deste quadro, no Brasil, a busca pela promoção da Atenção Farmacêutica (AF)
definida como:
Atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades, compromissos e co-
responsabilidades na prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, de
forma integrada à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico com o usuário,
visando uma farmacoterapia racional e a obtenção de resultados definidos e
mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de vida. Esta interação também
deve envolver as concepções dos seus sujeitos, respeitada as suas especificidades
biopsicossociais, sob a ótica da integralidade das ações de saúde (BRASIL, 2004).
Os modelos tradicionais de prática farmacêutica mostram ser pouco efetivos sobre a
morbimortalidade relacionada a medicamentos (CIPOLLE; STRAND; MORLEY, 2000). A
atenção farmacêutica, um novo modelo, centrado no paciente, surge como alternativa que busca
melhorar a qualidade do processo de utilização de medicamentos alcançando resultados
concretos. O artigo apresenta as bases filosóficas e conceituais da atenção farmacêutica e sua
importância para a promoção do uso racional de medicamentos.
Os esforços para a readequação de atividades e práticas farmacêuticas objetivando o uso
racional dos medicamentos é essencial numa sociedade que os fármacos constituem o arsenal
terapêutico mais utilizado (LIPTON; BYRNS; SOUMERAJ, 1995). No Brasil, além da garantia
do acesso aos serviços de saúde e a medicamentos de qualidade, é necessária a implantação de
práticas assistenciais que promovam o uso racional de medicamentos propiciando resultados
que influenciam diretamente os indicadores sanitários (OPAS 2002a).
Ao farmacêutico moderno é essencial. conhecimentos, atitudes e habilidades que
permitam ao mesmo integrar-se à equipe de saúde e interagir mais com o paciente e a
comunidade , contribuindo para a melhoria da qualidade de vida , em especial , no que se refere
à otimização da farmacoterapia e o uso racional de medicamentos (MARIN , 2002).
O envolvimento do farmacêutico no processo de atenção à saúde é fundamental para a
prevenção dos danos causados pelo uso irracional de medicamentos, no qual ss ações do
farmacêutico, no modelo de atenção farmacêutica, na maioria das vezes, são atos clínicos
individuais. Mas as sistematizações das intervenções farmacêuticas e a troca de informações
dentro de um sistema de informação composto por outros profissionais de saúde pode contribuir
para um impacto no nível coletivo e na promoção do uso seguro e racional de medicamentos.
(OPAS 2002b).
A atenção farmacêutica contribui para o uso racional de medicamentos, na medida que
desenvolve um acompanhamento sistemático da terapia medicamentosa utilizada pelo
indivíduo buscando avaliar e garantir a necessidade, a segurança e a efetividade no processo de
utilização de medicamentos. Satisfaz as necessidades sociais ajudando os indivíduos a obter
melhores resultados durante a farmacoterapia (FAUS; MARTINEZ-ROMERO,1999).
A prática da AF está na interação entre pacientes, familiares, profissionais de saúde e
outros farmacêuticos que contribui para a satisfação do paciente com relação aos serviços de
saúde e a eficácia do tratamento medicamentoso (SANTOS et al., 2016, SOUZA; SOARES,
2018), portanto, uma boa relação entre o farmacêutico e o paciente é essencial para que os
serviços de atenção farmacêutica sejam realizados de maneira ética e legal (BRASIL, 2011).
O tratamento correto do diabetes, dentre outras coisas, significa manter uma vida
saudável, evitando assim, tais complicações; desta forma, o acompanhamento
farmacoterapêutico por uma equipe multiprofissional é de fundamental importância para que a
adesão ao tratamento proposto seja a maior possível, evitando assim problemas futuros na saúde
desses pacientes. Em vista disso, a AF é uma ferramenta essencial para o acompanhamento
farmacoterapêutico, uma vez que o paciente diabético necessita ser amparado, pois esta é uma
doença complexa, que envolve cuidados com esquema posológico, armazenamento de insulina,
mudanças de hábitos de vida (PLÁCIDO, 2009).
A AF voltada ao paciente diabético torna-se muito importante, principalmente no
momento da dispensação do medicamento ou da insulina que serão utilizados, visto que, a
correta orientação a respeito dos medicamentos usados, maneira de preparar, modo de
administrar, cuidados com higiene pessoal e outros, permite aumentar a segurança e eficácia
terapêutica, melhorando assim, a qualidade de vida do paciente (OLIVEIRA et al., 2004).
A utilização de injeção subcutânea de insulina para o tratamento de DM2, muitas vezes,
dificulta a adesão do paciente ao tratamento, devido ao medo da aplicação diária de insulina,
mesmo quando não existe outra forma de controlar a glicemia. Neste caso, uma atuação direta
do farmacêutico, por meio da AF, permitiria ao paciente receber conselhos profissionais
adequados que aumentariam a adesão ao tratamento e escolha da terapêutica com melhor
aceitação entre os pacientes com DM2 e assegura adesão ao tratamento, diminuindo a
ocorrência de complicações relacionadas ao DM (LASERI; SOUZA, 2007).
E, por ser o farmacêutico o profissional especializado em medicamentos, este tem papel
importante na adesão ao tratamento, realizando intervenções farmacêuticas (BRASIL,2011).
Braz et al. (2017), relatam a importância do profissional farmacêutico no acompanhamento aos
pacientes em todas as etapas da farmacoterapia para melhorar a adesão farmacoterapêutica, no
qual a atenção especial deve ser dar nas orientações dadas aos pacientes, pois pacientes
insatisfeitos com as orientações recebidas podem ficar com dúvidas e consequentemente podem
não aderir ao tratamento. Em seu estudo, 78% dos pacientes tinham dúvidas quanto ao
medicamento prescrito pelo médico, verificando que os pacientes têm a necessidade de saber
mais sobre o seu tratamento e medicamentos.
Vale ressaltar que para realizar intervenções, o profissional farmacêutico deve estar
baseado em evidências científicas de modo a utilizar tais informações a favor do paciente
(BRASIL, 2011).
Fontana et al. (2015), encontraram em seu estudo com pacientes hipertensos e/ou
diabéticos, 33 problemas relacionados a medicamentos (PRMs), dos quais 19 (57,6%) foram
resolvidos, sendo clara a importância do farmacêutico no acompanhamento do paciente, através
de orientações do medicamento, práticas saudáveis esclarecendo dúvidas, abaixo de outros
estudos que relatam resolução de 70% dos PRMs, no entanto, os PRMs que não foram
resolvidos dependiam do médico. Dentre as dificuldades dos usuários em relação à terapia
medicamentosa foi a falta de informação, quanto ao horário, forma de administração e a
importância da adesão ao tratamento, o que acarretou em utilização incorreta, o qual a
intervenção farmacêutica levou a resultados positivos.
Portanto, no manejo do tratamento de pacientes com DM, o farmacêutico deverá:
oferecer informações sobre cuidados com a saúde; orientar sobre a natureza, causas e
conseqüências do DM e a importância do tratamento; dispensar o medicamento de forma ativa
mediante prescrição; verificar os níveis de glicemia; identificar os potenciais problemas de
saúde e os PRMs; identificar os eventos adversos, orientando-os como estar minimizando e
prevenindo tais reações; avaliar a adesão ao tratamento medicamentoso e não medicamentoso;
e intervir sobre os problemas de saúde (BRASIL, 2011).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O tratamento farmacológico do DM2 inclui medicamentos da classe das sulfoniluréias,
biguanidas, inibidores da α-glicosidase, tiazolidinedionas, entre outros. Já o tratamento não
farmacológico está relacionado com mudanças no estilo de vida, tais como, alimentação
balanceada, prática de atividade física, cessação de práticas nocivas e manutenção do peso
corporal saudável.
Diante desse contexto, o farmacêutico presta atendimento aos pacientes diabéticos com
orientações quanto ao uso racional de medicamentos, complicações, controle da doença,
interações de medicamentos e com alimentos, a importância da adesão a terapêutica
medicamentosa e a manter hábitos saudáveis e a prática de exercícios.
No entanto, considera-se que um dos maiores desafios da formação farmacêutica é
modificar as condutas, incorporando na práxis profissional um modelo que propicie ao
farmacêutico assumir tal responsabilidade em atuar como promotor do uso racional de
medicamentos. O cuidado farmacêutico tens suas diferenças marcantes em relação às práticas
tradicionais, se tornando na realidade um acordo de cooperação entre paciente e o farmacêutico
que visa buscar otimização dos resultados farmacológicos de forma que os pacientes consigam
ter uma vida melhor com todo cuidado e atenção de um profissional farmacêutico.
É possível notar o impacto positivo do cuidado farmacêutico, a mesma se torna relevante
agente para promoção do uso racional de medicamentos. A organização Panamericana de Saúde
tem assumido esse papel de destaque no processo de construção de modelo brasileiro de
cuidados farmacêuticos, nessa perspectiva de que a publicação da proposta de Consenso
Brasileiro de Cuidados Farmacêuticos atue junto a categoria profissional como catalisador da
implementação dos cuidados farmacêuticos no País.
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