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Lei dos Crimes Ambientais (Lei 9.605/98)

Possui Parte Geral, que vai do art. 2° ao 28, que cuida de disposições gerais (art. 1° está vetado).

Depois possui parte especial, art. 29 e ss. Que define os crimes.

Parte Geral:

Art. 2°: A primeira parte do artigo apenas diz que é possível haver concurso de agentes em crimes ambientais e repete a teoria monista ou unitária do art. 29 CP (autores, co-autores e partícipes respondem pelo mesmo crime, sendo a pena dosada de acordo com a culpabilidade de cada um).

A expressão culpabilidade aqui não está no sentido do terceiro substrato do crime, mas a maior ou menos colaboração no evento criminoso.

A segunda parte elenca pessoas físicas que, sabendo da conduta criminosa de outrem, se omite. Criou o chamado dever jurídico de agir nos crimes ambientais para diretor, administrador, conselheiro, integrante de órgão técnico, auditor, gerente, preposto e mandatário.

A omissão dessas pessoas é penalmente relevante, nos termos do art. 13 §2°, “a” CP.

Essas pessoas citadas são punidas quando elas praticam o crime ambiental ou se omitem e não impedem o crime ambiental. Respondem tanto por ação quanto omissão nos crimes ambientais.

Requisitos da omissão:

- Que a pessoa saiba da conduta criminosa (ciência do crime);

- Que a pessoa possa evitá-la (possa evitar o crime).

A lei exige esses dois requisitos para se evitar a chamada responsabilidade penal objetiva (sem dolo e sem culpa), vedada no direito penal brasileiro.

Conclusão: o STF e STJ consideram ineptas as chamadas denúncias genéricas. São denúncias que não estabelecem o mínimo vínculo entre a conduta do agente (ação ou omissão) e o crime ocorrido. Incluem a pessoa no pólo passivo da Ação Penal apenas pelo fato do acusado ser o gerente, preposto, diretor da pessoa jurídica (STF HC 86879).

Eugenio Pacceli faz diferença entre denúncia genérica e denúncia geral. Ministra do STJ fez essa diferença. A denúncia genérica é aquela que

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não imputa nenhum fato criminoso a pessoa. Inclui a pessoa na ação como ré apenas pela qualidade dela como diretor, gerente, preposto, etc.

Contudo, denúncia geral é aquela que descreve o fato criminoso com todas as suas circunstâncias e o imputa simultaneamente a todos os acusados, sem detalhar a conduta de cada um deles.

Sempre que houver crimes societários é comum encontrar denúncia genérica ou geral.

Responsabilidade Penal das Pessoas Jurídicas

A discussão se iniciou com a entrada em vigor do art. 225 §3° CF e 3°, “caput”, da Lei 9605/98.

Apesar dessas disposições, temos três correntes sobre a responsabilidade penal das pessoas jurídicas:

1ª corrente: A constituição Federal não criou/previu a responsabilidade penal da pessoa jurídica, sob o argumento de que conduta de pessoa física gera sanção penal e atividade de pessoa jurídica gera sanção administrativa no art. 225 §3° CF. Portanto, não estabeleceu responsabilidade penal da pessoa jurídica. O segundo argumento é com relação ao princípio da pessoalidade da pena, também conhecido como p. da incomunicabilidade ou intransmissibilidade da pena. Esse dispositivo constitucional diz que a pena deve recair exclusivamente sobre a pessoa física que cometeu a infração ambiental, não podendo ser transmitida a pessoa jurídica. Sob a ótica dessa corrente o art. 3° da L.9605/98 é inconstitucional, porque estabelece responsabilidade penal da pessoa jurídica não prevista na CF. Ofende materialmente os dois dispositivos constitucionais que vedam a responsabilidade penal da pessoa jurídica. Sustenta essa corrente os autores Luiz Regis Prado, Cesar Roberto Bittencourt, Miguel Reale Jr., Pierangelli, Renê Ariel Dotti, Luiz Vicente Cernicchiaro.

2ª corrente: Diz que pessoa Jurídica não pode cometer crimes, ou seja, “societas delinquere non potest”. Ela se baseia na teoria civilista da ficção jurídica de Savigny e Feuerbach. Para ela, as pessoas jurídicas são meras ficções legais, abstrações, ou seja, não são entes reais. São entes fictícios desprovidos de vontade, consciência, finalidade e, portanto, não podem praticar condutas tipicamente humanas como crimes, por exemplo. Não podem cometer crimes, portanto, porque pessoa jurídica não tem:

a) As pessoas jurídicas não possuem capacidade de conduta. Não age com dolo, vontade, consciência, finalidade. Logo não age com dolo ou culpa. Ou seja, não pratica conduta criminosa (que deve ser dolosa ou culposa). Punir a pessoa jurídica é estabelecer responsabilidade penal objetiva;

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b) As pessoas jurídicas não agem com culpabilidade. Pessoa jurídica não tem potencial consciência da ilicitude, não tem imputabilidade (que é a capacidade mental de entender). Não pode sofrer pena, porque a culpabilidade é pressuposto para aplicação da pena. Se a pessoa jurídica não age com culpabilidade, logo não pode sofrer pena;

c) As penas são inúteis para a pessoa jurídica. Como ela não é uma pessoa física, a pessoa jurídica é incapaz de assimilar as finalidades da pena (finalidade repressiva, retributiva, etc.).

Adota essa teoria todos os adeptos da 1ª corrente, e ainda Zaffaroni, Rogério Greco, LFG, Francisco de Assis Toledo, Mirabete, Delmanto, etc.

3ª corrente: Diz que pessoas jurídicas podem cometer crimes (societas delinquere potest). Baseia-se na teoria da realidade ou da personalidade real do alemão Otto Gierke. Essa Teoria sustenta que as pessoas jurídicas são entes reais, não são meras abstrações jurídicas. Possuem capacidade e vontade distintas das pessoas físicas que as compõem. São realidades independentes. Argumentos:

a) A responsabilidade penal da pessoa jurídica está expressa na CF (art. 225 §3°) e na L9605/98 (art. 3°). Portanto, é induvidosa a existência da mesma;

b) As pessoas jurídicas têm culpabilidade. Não a culpabilidade individual clássica oriunda do finalismo, mas uma “culpabilidade social”. É a empresa como centro de emanação das decisões, chamada de “ação delituosa institucional”. (expressão utilizada por Sérgio Salomão Schecaira);

c) A pena criminal tem uma simbologia muito mais forte do que as sanções administrativas. Por isso, cumpre muito melhor a finalidade de prevenção dos crimes ambientais;

d) Punir a pessoa física exclusivamente significa utilizá-la como escudo de proteção para impunidade da pessoa jurídica, que é a grande beneficiária do crime. Pune-se o gerente, mas quem se beneficiou foi a pessoa jurídica.

Adota essa corrente Nucci, Paulo Afonso Leme Machado, Édis Milaré, Damásio, Ada Pellegrini Grinover, entre outros.

Requisitos cumulativos para a responsabilização penal da pessoa jurídica:

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Art. 3° da L.9605/98

1 – Que a decisão de cometer o crime tenha sido tomada por representante legal ou por órgão colegiado da pessoa jurídica;

2 – Que a infração tenha sido praticada no interesse ou benefício da pessoa jurídica.

Ex: funcionário de empresa de extração de madeira resolve avançar em APP e corta árvore em APP. Não dá para punir pessoa jurídica.

Vazamento de óleo culposo oriundo de tubulação da PETROBRÁS. Houve prejuízo para a empresa. STJ decidiu que causou prejuízos a pessoa jurídica, logo não se imputa responsabilidade penal à pessoa jurídica.

Édis Milaré aceita a responsabilidade penal da pessoa jurídica, mas apenas em crime doloso. Isto porque no crime culposo nunca haverá decisão do rep. Legal ou do órgão colegiado.

Sistema da responsabilidade penal por empréstimo ou por ricochete: pessoa Jurídica pode ser punida reflexamente por atos cometidos pela pessoa física isolada ou em órgão colegiado. É o sistema francês de responsabilidade penal da pessoa jurídica.

Quanto à jurisprudência:

Todos os TRF’s admitem a responsabilidade penal da pessoa jurídica.

STJ admite a responsabilidade penal da pessoa jurídica desde que ela seja denunciada juntamente com a pessoa física que executou o crime. Conclusão: STJ não admite denúncia por crime ambiental somente contra pessoa jurídica. Nesse sentido (RESP 847476/SC julgado 05-05-08).

STF ainda não tem posicionamento dominante. Há posicionamentos nos dois sentidos (STF HC 92921/BA e HC 83301).

Não cabe HC contra prisão penal de pessoa jurídica. Tutela liberdade física. O remédio cabível no caso será segundo STF e STJ, Mandado de Segurança.

Responsabilidade penal de pessoa jurídica de direito público:

Discute-se no Brasil se as pessoas políticas podem ser denunciadas por crimes ambientais. Há duas correntes:

1ª corrente: diz que pessoa jurídica de direito público pode ser denunciada por crime ambiental, sob o argumento de que nem a CF nem Lei

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de crimes ambientais diferenciam pessoa jurídica de direito público de direito privado. Falam apenas em pessoa jurídica. Portanto, podem ser denunciadas por crime ambiental. Sustenta esse posicionamento Nucci, Paulo Afonso Leme Machado, Schecaira, Walter Claudius Rhotemburg.

2ª corrente: diz que pessoa jurídica da administração pública direta ou indireta não pode ser denunciada por crimes ambientais. O argumento é de que a imposição de pena ao Estado seria inócua, haja vista o Estado não poder punir a si mesmo.

Além disso, a punição para pessoa jurídica de direito público recai sobre a própria sociedade, porque essa seção pecuniária recairia sobre recursos públicos. Já é função do Estado prestar serviços públicos.

Édis Milaré adota essa teoria.

Sistema da dupla imputação ou sistema de imputação paralela (Art. 3°, p.ú. da L n° 9605/98)

Esse artigo diz que é possível punir, simultaneamente, a pessoa jurídica e a física pelo mesmo fato. Difere do sistema de ricochete.

Busca afastar o chamado bis in idem.

Esse sistema permite a dupla permissão pelo mesmo fato de pessoas jurídicas distintas. Portanto não há falar em bis in idem (que é punir duplamente sobre o mesmo fato a mesma pessoa).

(STJ RESP610114/09, julgado em 19.12.05) decidiu que o sistema de imputação não acarreta bis in idem.

Desconsideração da Pessoa Jurídica (Art.4° da L.9605/98)

Esse instituto permite que a pessoa jurídica seja desconsiderada para que a sanção recaia sobre o patrimônio da pessoa física. Evite tipo de golpe em que pessoa física transfere patrimônio da pessoa jurídica para conta pessoal.

Pode se aplicar esse dispositivo no âmbito penal? Não. A desconsideração da pessoa jurídica não pode ser aplicada no âmbito penal, em razão do princípio constitucional da incomunicabilidade ou intransmissibilidade da pena (art. 5°, XLV CF). Ou seja, a pena criminal da pessoa jurídica não pode ser transmitida pra pessoa física.

Conclusão: Esse art. 4° é instituto de direito civil, não se aplica ao direito penal.

Aplicação da Pena dos crimes ambientais

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1 – Juiz calcula a quantidade da pena, usando o critério trifásico do CP (art. 68). Inicialmente, fixa a pena-base (59 CP) + art. 6°, I a III L.9605/98 (ex: bons ou maus antecedentes ambientais), sobre o resultado aplica-se agravantes e atenuantes genéricas (art.14 e 15 da L.9605/98) e sobra esse resultado calcula causas gerais/especiais de aumento ou diminuição de pena para CP e Lei de crimes ambientais (Ex: tentativa, crime continuado, concurso formal);

2 – Calculada a pena-base inicia o regime inicial de cumprimento de pena. Contudo apenas se o condenado for pessoa física. Se for pessoa jurídica, não há pena privativa de liberdade;

3 – O Juiz verifica a possibilidade de substituição da pena de prisão por restritiva de direitos ou por multa, ou se é possível haver a concessão do sursis (suspensão condicional da execução da pena). Apenas se for pessoa física.

Requisitos necessários para a substituição da pena de prisão por restritiva de direitos:

Art. 7° da L.9605/98 Art. 44 CP

I – Seja crime culposo ou, se crime doloso, a pena seja inferior a 04 anos;

II – Circunstâncias judiciais favoráveis.

I – Que seja crime culposo ou se doloso, a pena seja igual ou inferior a quatro anos;

II – que o crime seja sem violência ou grave ameaça a pessoa;

III – que o condenado não seja reincidente em crime doloso (A lei ambiental permite mesmo que seja reincidente em crime doloso);

IV – Circunstâncias judiciais favoráveis.

Exceção do Art. 7° p.ú. Lei ambiental será hipótese em que a pena de interdição temporária de direitos (art. 10) terá duração de cinco anos se for crime doloso ou três anos se for crime culposo.

Delmanto diz que esses prazos do art. 10 não se aplicam porque estão em contradição lógica com o parágrafo único do art. 7° que diz que a restritiva deve ter o mesmo prazo da privativa. Segundo, porque os prazos do art. 10 ferem o princípio da razoabilidade, já que a pena restritiva será maior do que a pena privativa substituída.

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Atenuantes:

Quanto ao art. 14, I L.9605/98, aplica-se atenuante de pena, mas quando há potencial consciência da ilicitude. Contudo, se esse baixo grau de escolaridade retirar capacidade de discernimento haverá erro de proibição inescusável (art. 21 CP).

Delmanto entende que mesmo que a reparação ocorra antes do recebimento da denúncia, não se aplica o arrependimento posterior do art. 16 do CP. Aplica-se sempre a atenuante do art. 14, II da Lei ambiental, por ser norma especial.

Art.14, IV L.9605/98 Delmanto chama de delação premiada ambiental.

Art. 13 prevê a pena restritiva de direitos de recolhimento domiciliar. Essa pena não existe no CP, apenas limitação de fim de semana.

Pena é cumprida em regime de recolhimento domiciliar, não se confundindo com pena de limitação de fim de semana (art. 48 CP) pela qual o condenado deve recolher-se por cinco horas aos sábados e domingos em casa do albergado ou estabelecimento similar.

02/05/09

- Pena de multa (Art. 18 da L.9605/98):

A multa será calculada de acordo com o Código Penal (art. 49 e §§ CP). O Juiz poderá arbitrar de 10 a 360 dias-multa, pagando 1/30 a 5 vezes o valor do salário-mínimo.

Após aplicar a pena ao máximo, se no caso concreto ainda assim for considerado que a pena branda poderá ser aumentada até três vezes tendo em vista o valor econômico da vantagem auferida, resultando o valor de 5.400 vezes o valor do salário mínimo.

No art. 18 da LCA o juiz pode triplicar a multa já aplicada no máximo, considerando o valor da vantagem econômica obtida com o crime.

Contudo, pelo art. 60, §1° CP o juiz pode triplicar a multa considerando a boa situação econômica do infrator. Portanto, os critérios para haver triplicação são diferentes.

- Sursis:

Caberão as três espécies de sursis (Suspensão condicional da execução da Pena) para crimes ambientais:

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1- Sursis simples (art. 77 CP): a execução da pena privativa de liberdade não superior a dois anos poderá ser suspensa de dois a quatro anos;

2- Sursis especial (art. 78 §2° CP): Será concedido a quem reparou o dano, e se as circunstâncias do art. 59 lhe forem inteiramente favoráveis. É chamado de especial porque nele o juiz pode substituir a exigência do parágrafo primeiro pelas seguintes condições aplicadas: comparecimento pessoal mensal, proibição de freqüentar determinados lugares, ausentar-se da comarca sem autorização;

- Diferenças entre sursis para o CP e LCA:

a) Diferente do CP, que cabe sursis nas condenações de até dois anos, para os crimes ambientais será de até três anos (para sursis simples e especial).

b) Para o condenado ter direito a sursis especial, a reparação do dano ambiental deverá estar comprovada por laudo de reparação do dano ambiental, exclusivamente. As condições a que ele ficará submetido não serão as condições do art. 78 §2° letras “a” a “c”.

c) As condições pelas quais ele ficará submetido serão condições relativas ao meio ambiente (art. 16 e 17 LCA).

3- Sursis etário e humanitário (art. 77 §2° CP): levam em conta condições de idade e saúde. Aplicado para crimes com detenção de até 04 anos (< 4 anos) concedido ao maior de setenta anos (etário) ou razões de saúde que justifiquem a suspensão (humanitário).

Na hipótese de haver condenado de 71 anos de idade a quatro anos não terá direito ao sursis etário.

Se o condenado for pessoa jurídica, seguirá as diretrizes dos art. 21 a 23 da Lei ambiental. Irá aplicar penas de:

- Multa (art. 18 LCA);

- restritiva de direitos (art. 22 LCA)..

Tal pena não é substitutiva da de prisão. São penalidades principais. Tem o caráter da subjetividade;

Podem se aplicadas isoladas ou cumulativamente..

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Obs: Não existe nem no CP nem na LCA regras de substituição da pena de multa por restritiva de direitos ou vice-versa.

Art. 18 LCA serve para cálculo da multa para pessoa física e da pessoa jurídica.

Art. 10 LCA:

A interdição temporária de direitos do art. 10 LCA é aplicável à pessoa física. Significa proibição de contratar com o poder público, proibição de receber quaisquer incentivos, inclusive fiscais ou benefícios e proibição de participar de licitação.

A duração dessa pena será de cinco anos de crime for doloso e três anos se for culposo. NÃO VALE PARA PESSOA FÍSICA.

Restritiva de direitos para pessoa jurídica (art. 22, III e §3°):

- Prazo de até 10 anos;

- Proibição de contratar com o Poder Público e receber subsídios, doações.

- Perícia Ambiental e Prova emprestada (art. 19 caput e p.ú. LCA):

A perícia ambiental, além de constatar o dano ocorrido através da materialidade delitiva, fixará no laudo se possível, o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo da multa.

Esse montante do prejuízo terá duas finalidades:

1 – Fixação de valor de fiança;

2 – Cálculo da multa penal.

O cálculo da multa penal será fixada pelo juiz levando em consideração:

- A situação econômica do infrator (art. 6°, III);

- O valor do prejuízo causado pelo crime.

Prova emprestada: A prova produzida no inquérito ou juízo civil poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se, contudo, o contraditório (No PC não há contraditório e ampla defesa).

Há duas posições doutrinárias. Há quem concorde com o art. 19 p.ú. LCA, chamando de contraditório posterior ou contraditório diferido. Pode

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ser sempre emprestada, mesmo que as partes de ambos os processos sejam partes diferentes. (art. 19, p.ú. LCA)

Uma segunda corrente, contudo, entende que a perícia produzida no inquérito civil, onde não houve contraditório e ampla defesa, só pode ser utilizada se for uma prova não repetível. Ela deve ser feita no PP com contraditório e ampla defesa, se ambas as partes forem as mesmas, desprezando- se a prova no inquérito civil (Delmanto).

- Sentença Penal condenatória (art. 20 LCA):

Sempre que for possível, fixará um valor mínimo de indenização. Será um título líquido, certo e exigível, porque terá valor líquido.

Transitada em julgado a condenação, essa sentença poderá ser executada pelo valor mínimo e pode ser liquidada para apuração do restante do valor da indenização.

O Juiz, na prática, fixa indenização civil na sentença penal.

Ex: condeno o réu a dois anos de prisão e ao pagamento de R$ 40.000,00 de indenização.

Já executa os quarenta e apura o restante do valor da indenização.

Com a reforma de 2008 do CPP, estabelece que o Juiz poderá fazer isso em qualquer sentença. Não é, portanto, mais novidade e especificidade da Lei Ambiental.

- Liquidação forçada da Pessoa Jurídica (Art. 24 LCA):

A pessoa jurídica constituída ou utilizada preponderantemente com o fim de permitir facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.

É aplicável a pessoa jurídica que tenha como finalidade principal a prática de crimes ambientais

Ex: Madeireira que extrai maior parte de madeira ilegal.

Consequências: Todo o patrimônio da empresa é confiscado, pois será considerado instrumento de crime.

Problema: A liquidação forçada equivale à “pena de morte” da empresa, pois acarreta na extinção da pessoa jurídica, de acordo com Luiz Régis Prado.

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Seria inconstitucional esse artigo?

Predomina o entendimento de que essa sanção é constitucional, mas deve ser aplicada como última medida.

Aplicação da liquidação forçada: Duas correntes:

1 – A liquidação forçada pressupõe a pratica de crime. Portanto, só pode ser praticada em sentença penal condenatória como efeito da condenação de forma fundamentada (Delmanto);

2 – A liquidação forçada pode ser aplicada como pena acessória em sentença penal condenatória ou em ação civil própria ajuizada pelo MP (Gilberto e Vladimir Passos de Freitas).

- Confisco de Instrumentos do crime (art. 25 LCA):

Art. 25 LCA Art. 91, II, “a” CP

- Confisco dos instrumentos do crime (como a lei não faz a distinção, doutrina diz que podem ser lícitos ou ilícitos); Ex: barco usado para pescar pode ser confiscado, segundo Capez. Contudo, essa regra não PE absoluta. Deve ser interpretada à luz do p. da razoabilidade (TRF 1ª Região), devendo ser confiscados apenas os instrumentos ilícitos ou lícitos usualmente utilizados na prática de crime.

- Confisco dos instrumentos do crime, desde que esses instrumentos sejam ilícitos; Ex: automóvel utilizado para roubo não é ilícito.

- Ação Penal dos Crimes Ambientais (art. 26 LCA)

Todos os crimes serão de Ação Penal Pública Incondicionada.

Cabe Ação Privada subsidiária da Pública, direito individual previsto no art. 5° CF.

- Competência dos Crimes Ambientais

STJ e STF decidiram que:

1 – A competência para proteção do meio ambiente é comum entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 23 e 24 CF).

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2 – Não há nenhuma norma constitucional ou infraconstitucional estabelecendo expressamente a competência criminal para julgamento de infrações ambientais.

Conclusão: Em regra, a competência será da Justiça Estadual. Será competência da Justiça Federal quando houver interesse direto e específico da União, autarquias ou entidades. Se o interesse da União for indireto e genérico, a competência será da Justiça Estadual.

Casos:

- Art. 225 § 4° CF crime ambiental ocorrido nessas áreas, em regra, é competência da Justiça Estadual. Só será da Justiça Federal se houver interesse direto e específico. Patrimônio Nacional não significa patrimônio da União, e sim patrimônio da nação brasileira.

- Crimes praticados em áreas fiscalizadas por órgãos federais. Ex: IBAMA. STF e STJ decidiram que a fiscalização pelo órgão federal, por si só, não é motivo para fixar a competência da Justiça Federal. Portanto, a competência será da Justiça Estadual.

- Crime cometido em área de preservação permanente (APP): O fato de ser APP não fixa competência da Justiça Federal. Será da Justiça Estadual.

- Crimes cometidos em rios e mar territorial: Se for cometido em rio estadual ou municipal, competência da Justiça Estadual. Contudo, se for rio interestadual, ou rio que provenha do exterior a competência será da Justiça Federal. Art. 20, III CF diz que os rios interestaduais são bens da União. Se for cometido em mar territorial, da mesma maneira, será da Justiça Federal.

- Os crimes contra a fauna (animais), segundo a Súmula 91 STJ eram de competência da Justiça Federal. Ocorre que essa Súmula foi formalmente anulada em 2000. Agora os crimes contra a fauna seguem a regra geral, será Justiça Estadual.

- As contravenções ambientais são sempre julgadas pela Justiça Estadual, mesmo que atinjam interesse direto e específico da União. Art. 109, IV CF diz que Justiça Federal não julga contravenção penal. Única hipótese será se o contraventor possuir foro privilegiado ou especial na Justiça Federal. Ex: Juiz Federal acusado de contravenção penal.

- Transação Penal em Crimes Ambientais (art. 27 LCA):

Nas infrações de menor potencial ofensivo (IMPO) temos a composição civil de danos, que é feita entre o infrator (autor do fato) e a vítima, previstos no art. 74 da L. 9099/95 (autor do fato x Vítima).

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A transação penal é a aplicação imediata de pena não privativa de liberdade (art. 76 da L. 9099/95 (autor do fato x MP).

Na L. 9099/95 a composição civil de danos não é requisito para haver a transação penal. Ou seja, mesmo que o autor do fato se recuse a fazer composição, ele terá direito à transação. Ex: desacato contra servidor público. MP propõe pena de multa ou restritiva de direitos, menos sem retratação.

Na Lei dos crimes ambientais é diferente. Só é cabível a transação penal se houve prévia composição civil do dano ambiental (art. 27 LCA). A composição civil de danos aqui é mais um requisito para que haja a transação penal.

Composição civil de danos é o compromisso de reparar o dano. Não precisa haver a reparação, mas o compromisso formal de reparar um dano. Não precisa ter feito a reparação (que pode levar anos). Ex: infrator fez um termo de ajustamento de conduta ambiental (TAC) com o MP, se comprometendo a reparar a área desmatada. Já é composição civil de danos. Já serve para que haja a transação penal.

- Suspensão Condicional do Processo (Art. 28 LCA)

Suspensão condicional do Processo (Sursis processual) art. 89 JECRIM e é cabível para infrações cuja pena mínima não seja superior a um ano. Para haver transação, pena máxima de até dois anos.

No art. 28 diz, erroneamente, que é cabível apenas para crimes de menor potencial ofensivo. Doutrina concluiu pelo erro do legislador. Leia-se crimes definidos nessa lei, quando se diz crimes de menor potencial ofensivo definidos nessa lei.

Conclusão: para doutrina cabe “Sursis” para todos os crimes ambientais cuja pena mínima não seja superior a um ano, de acordo com a regra geral.

Sustenta essa corrente Milaré, Cesar Roberto Bittencourt, Passos de Freitas, Delmanto, entre outros.

Na sursis ambiental o juiz só declarará a extinção da punibilidade se houver laudo comprovando que houve a reparação do dano ambiental pelo infrator, ou então laudo comprovando que o infrator adotou todas as providências necessárias para tentar reparar o dano.

O juiz suspende o processo de dois a quatro anos. No fim do período manda fazer um laudo. Caso não haja reparação do dano, prorroga por mais cinco. Findo esse período, pode prorrogar por mais cinco. Conclusão: processo pode ficar suspenso por mais de 14 anos!

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Parte Especial:

- Princípio da Insignificância:

É possível haver o princípio da Insignificância em crimes ambientais?

Duas correntes:

1ª Corrente: Não, porque qualquer lesão ao meio ambiente desequilibra o ecossistema, direta ou indiretamente. Portanto não existe conduta ambiental insignificante. Toda lesão ao meio ambiente é significante. Conclusão, não se aplica para essa corrente p. da insignificância para crimes ambientais. TRF’s.

2ª Corrente: É possível haver o princípio da insignificância para crimes ambientais, desde que presentes os requisitos. STJ em 2007 decidiu nesse sentido (STF HC 72234 – PE 5.11.2007) e (HC 35203 SP 01.08.2006)

CRIMES AMBIENTAIS EM ESPÉCIE:

- Crimes contra a fauna:

Fauna é o conjunto de todos os animais que vivem numa determinada região ou ambiente.

Antes da L. 9605/98 estavam contidas nas L. 5197/67 (“Código de caça”), Dec. Lei 221/67 (“Código de pesca”), L. 7643/87, L. 7679/88 e Contravenções contra a fauna no Dec. Lei 3688/41.

Com a nova lei, todas as infrações que estavam nas leis anteriores foram tacitamente revogadas. A única lei que continua em vigor é a L.7643/87 que permanece com crime de molestar ou pescar cetáceos.

L.9605/98

- Art. 29:

Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa, inclusive o proprietário do animal, pois a fauna é bem do Estado.

Sujeitos passivos: são a coletividade e o Estado.

Tipo objetivo: O Tipo objetivo prevê cinco condutas: matar, perseguir, caçar, apanhar ou utilizar. Ex: utilizar animal sem autorização em espetáculos de circo.

Tipo penal: Espécime é um exemplar de uma espécie. Como o tipo penal utiliza espécimes no plural, há doutrina sustentando que a conduta precisa atingir mais de uma espécime. (Delmanto, Milaré).

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Fauna silvestre é selvagem. Não estão protegidos os animais domésticos ou domesticáveis.

Em rota migratória e exóticos são os animais estrangeiros.

Há discussão quanto ao objeto material desse crime. Para maioria da doutrina seriam os animais da fauna silvestre nacionais aquáticos ou terrestres. Estão fora do tipo penal os animais domésticos, domesticados e estrangeiros ou exóticos.

Elemento normativo do crime: sem licença, permissão ou autorização da autoridade competente ou em desacordo com a obtida.

Elemento subjetivo: dolo.

Consumação e tentativa: se dá com a prática de qualquer uma das condutas previstas no tipo. Nas condutas caçar ou perseguir o crime é de formal de consumação antecipada, ainda que não haja o abate do animal.

É possível a tentativa em todas as condutas.

Se o crime for cometido por caçador profissional (utiliza a caça com intenção de lucro) a pena será triplicada.

As disposições desse artigo não se aplicam aos atos de pesca. Tem tipo penal próprio (arts. 34 a 36). Esse tipo penal protege a fauna aquática contra qualquer conduta que não seja pesca. Ex: tartaruga marinha.

§2° No caso de guarda doméstica de espécie silvestre (papagaio, arara) não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz deixar de aplicar à pena. O juiz pode conceder o perdão judicial.

Se for animal ameaçado de extinção, é crime, responde com causa de aumento de pena, e não cabe o perdão judicial (29, §4°, I)

- Art. 32:

Condutas: abuso, maus-tratos, ferir, mutilar. Ex: carga insuportável no lombo do burro.

Animais protegidos: todos. Silvestres e domésticos.

Sujeito ativo: qualquer pessoa, inclusive o proprietário ou possuidor.

Sujeito passivo: O Estado, a coletividade e o eventual dono do animal.

Que crime é matar um animal doméstico? Não há conduta de matar no art. 32 e no art. 29 não protegem animal doméstico. A doutrina diz

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que matar animal doméstico é crime do art. 32, porque antes de matar fere o animal.

Briga de galo (“rinhas”), farra do boi, vaquejadas, rodeios,

Rinhas e farra do boi configuram art.32 LCA. Houve leis estaduais legalizando brigas de galo. O STF declarou inconstitucionais em ADI porque violam o art. 225 §1°, VII CF.

Para o Rodeio, há a L. 10519/02. Ela regulamenta os rodeios. Faz série de exigências para que o rodeio ocorra. Ex: proíbem esporas, cordas especiais, veterinários, transporte adequado para animais. A doutrina diz que se o rodeio for feito de acordo com as exigências dessa lei não há crime. Trata-se de exercício regular de um direito. Se for feito desobedecendo as exigências dessa lei será crime de maus-tratos a animais. Vários juízes em ações civis propostas pelo MP declaram incidentalmente a inconstitucionalidade dessa lei. MP entra com ação civil pública, o juiz declara incidentalmente e o rodeio fica proibido na cidade. A justificativa é de que o rodeio, por si só, já configura maus-tratos ao animal.

Indivíduo que mutila animal, cortando rabo, orelha de cachorro, configura crime do art. 32? Doutrina diz que se for feita para fins estéticos e com profissionais adequados (veterinários) não há crime. Passos de Freitas diz que nesses casos não há dolo de maltratar o animal, portanto não há crime. Nucci diz que não há elemento subjetivo específico. Portanto, não há crime.

§1° art. 32: A experiência em animal vivo é chamada vivissecção, cobaias. Era regulamentada pela L.6638/79. Foi revogada pela lei 11794/08.

Essa nova lei exige vários cuidados para amenizar a dor do animal utilizando, por exemplo, anestesia.

- Arts. 34 a 36: Crime de Pesca

Crime: pescar em período proibido ou local interditado por órgão competente.

Art. 27 §4° da L.5197/67 dizia que o período de pesca era proibido em todo o Brasil de 1° e outubro a 30 de janeiro. Foi revogado porque a piracema varia de acordo com a região do Brasil. Agora são vários períodos e deve se consultar a legislação do IBAMA e da Lei Estadual em cada Estado.

Órgão competente é aquele integrante do SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente). Em MG, a CEMIG (Companhia de Energia elétrica de Minas) interditou local próximo a Usina hidrelétrica proibindo a pesca. Pescador foi denunciado e Tribunal decidiu que fato seria atípico por

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que a CEMIG não é órgão competente para interditar área de pesca. A área não estava interditada por órgão competente do SISNAMA.

Conceito de pesca: Art. 36 LCA.

Há na lei várias normas penais em branco, que devem ser preenchidas por portarias regionais e de órgãos competentes.

O mero fato de jogar a rede já é pesca. Não precisa haver pescado um peixe. Já comete o crime apenas pelo ato da pesca em si (“tendente a”).

Aula 16/05/09

- Crimes contra a flora

Conceito: Flora é a totalidade das espécies vegetais que compreende a vegetação de uma determinada região, sem qualquer expressão de importância individual. Compreende também as algas e os fitoplânctons marinhos flutuantes.

Infrações penais contra a flora:

Antes do surgimento da L.9605/98 eram todas consideradas contravenções penais.

Com o surgimento da nova Lei, restaram apenas as contravenções previstas nos artigos 26, “c”, “j”, “l”, “m”, Lei 4771/65. Ex: fazer fogueira em mata.

- Art. 38 da L.9605/98. Esse artigo revogou tacitamente o art. 26, “a”, Código Florestal.

Objeto material do crime: florestas consideradas de preservação permanente.

Sujeito ativo: qualquer pessoa, inclusive o proprietário da área onde está a floresta.

Sujeito passivo: coletividade e, eventualmente, o proprietário da área atingida.

Tipo penal: condutas são destruir (aniquilar, fazer desaparecer) e danificar (causar danos na floresta sem, contudo, destrui-la).

O crime não precisa ser praticado com finalidade lucrativa. O MA estará sendo destruído de qualquer maneira.

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Objeto material: floresta considerada de preservação permanente, em APP, mesmo que em formação.

Definição de florestas: STJ já definiu ter como, elemento central, constituída por árvores de grande porte. Dessa forma, não abarca a vegetação rasteira. (STJ RE 783652 19.06.06).

Segundo a doutrina é uma área densa, de grande extensão, coberta por árvores de grande porte.

As áreas de preservação permanente (APP) estão previstas no art. 2° e 3° do Código Florestal (L. 4771/65).

Ex: faixa que circunda rios.

Qualquer esfera do Poder Público (Municipal, Estadual, DF e União) também poderá declarar uma floresta como APP.

Conclusão: norma penal em branco.

Essas florestas não podem ser destruídas parte ou totalmente. Configura crime art. 38. Mas há hipóteses em que o fato não configure crime, quais sejam:

1 – Prévia autorização do Poder Executivo e necessária para execução de Obras, planos, ou projetos de utilidade pública ou interesse social.

Todas as áreas indígenas nunca deixarão de serem considerados APP.

2 – Destruição é necessária para Obras, planos, projetos de utilidade pública ou interesse social (art. 4, §§ 1° ao 7° da L. 4771/65).

MP alterou Código Florestal permitindo a destruição excepcionalmente foi submetida a ADI 3340 e STF declarou constitucional a MP.

Florestas situadas em reservas indígenas são sempre de preservação permanente (art. 3° §§2° do Código Florestal), por força de lei. Independe de ato do Poder Público.

“Mesmo que em formação”

Doutrina dá para proteger se houver exame pericial dizendo que as espécies estão em crescimento e se tornarão árvores de grande porte. Exame pericial deve concluir que é floresta em formação.

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Florestas Artificiais: Produzidas pelo homem por meio de reflorestamento ou florestamento.

É possível existir florestas artificiais de preservação permanente.

- Se houver incêndio em floresta, há tipo penal específico. Aplica-se art. 41. Conduta de forma dolosa ou culposa.

Problemas:

Lei aqui está protegendo qualquer floresta e matas também.

Matas: são extensões de terra onde se agrupam árvores nativas ou plantadas que não sejam de grande porte.

- As florestas nacionais são unidades de conservação de uso sustentável. Portanto, o crime praticado em floresta nacional caracteriza crime do art. 40.

- Cortar árvores em APP caracteriza crime art. 39.

Diferenças:

Art. 41 da L.9605/98 Art. 26, “e”, Lei 4771/65

Provocar incêndio na floresta Fazer fogo em florestas sem as devidas precauções. Caso se alastre configura incêndio culposo.

Crime Contravenção Penal

Art. 41 da L.9605/98 Art. 250 §1°, “h” CP

Provocar incêndio em mata ou floresta

Causar incêndio em lavoura, pastagem, mata ou floresta

Contudo, caso não cause perigo à incolumidade pública, aplica-se o art. 41 da Lei dos crimes ambientais. César Roberto Bittencourt e Capez

Doutrina majoritária diz que não está tacitamente revogado e continua a ser aplicado. Faz a seguinte diferenciação: Se o incêndio causar perigo a incolumidade pública de alguém, aplica-se o art. 250 CP (crime contra a incolumidade pública).

Nucci entende que art. 250 §1°, “h” CP foi tacitamente revogado na parte que se diz mata ou floresta pela lei dos crimes ambientais.

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- Art. 42: Balões

É crime ambiental e crime de perigo. O que a lei pune é a simples conduta de soltar o balão. Só a conduta de fabricar o balão, transportar, já caracteriza o crime.

Caso solte o balão e causa incêndio na floresta, o crime do balão é absorvido pelo crime de incêndio em floresta.

- Art. 44: Extração de florestas de domínio público e APP sem autorização pedra, areia, cal ou qualquer espécies de minerais.

Competência: Justiça Federal, porque bens minerais são patrimônio da União.

Se for propriedade particular, há entendimento minoritário de que a competência será da Justiça Estadual, mas não prevalece.

Entendimento material é de que sempre estará afetando diretamente bens da União e, portanto, crime federal.

- Art. 55: Extração de recursos minerais sem competente autorização ou em desacordo de normas legais fora das áreas de floresta ou APP.

Condutas: executar pesquisa, lavras ou extração dos minerais sem prévia licença ambiental.

Pesquisa: é a execução dos trabalhos necessária â definição das jazidas, sua avaliação e a determinação da exeqüibilidade do seu aproveitamento econômico.

Lavra: é o conjunto de operações ordenadas objetivando o aproveitamento industrial da jazida, desde a extração até o beneficiamento das mesmas.

Extração: é a retirada do material até a obtenção da matéria-prima.

O crime de extração ilegal caracteriza concurso formal do art. 55 com o crime de usurpação previsto no art. 2°, caput da L.8176/91 (lei de crimes contra a ordem econômica). É pacífico no STJ. Os crimes protegem direitos jurídicos diferentes, O primeiro protege meio ambiente e o segundo patrimônio da União. Não configura em bis in idem.

Doutrina diz que art. 2°, caput, está tacitamente derrogado pelo art. 55. Mas deve ser adotado o posicionamento do STJ.

Precedente: RE 922588 BA RESP 29-10-07.

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Competência: STJ dizia que se fosse área particular será Justiça Estadual.

Hoje diz que, não importa onde os crimes tenham ocorrido. Serão julgados pela Justiça Federal, pois envolvem patrimônios e bens da União.

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