Download - Cozinha Italiana
CURSO DE TECNOLOGIA EM GASTRONOMIA
COZINHA ITALIANA
MATERIAL TEÓRICO
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Sumário INTRODUÇÃO......................................................................................................................................... 5
PIEMONTE ............................................................................................................................................. 9
LOMBARDIA ......................................................................................................................................... 18
VENETO ............................................................................................................................................... 25
LIGURIA ............................................................................................................................................... 33
EMILIA ROMAGNA ............................................................................................................................... 40
TOSCANA ............................................................................................................................................. 53
MARCHE E UMBRIA ............................................................................................................................. 61
LAZIO ................................................................................................................................................... 70
CAMPANIA ........................................................................................................................................... 77
PUGLIA................................................................................................................................................. 84
CALABRIA ............................................................................................................................................. 90
SICILIA .................................................................................................................................................. 96
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................... 104
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INTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃOINTRODUÇÃO A Itália é um país europeu, localizado no sul do continente, ocupando a
totalidade da Península Itálica, além das ilhas da Sardegna e Sicilia. Seu relevo
é marcado pelos Alpes e a planície do rio Pó, ao norte, e pela cadeia
montanhosa dos Apeninos que corta quase toda a sua extensão, de norte a sul.
Sua capital é Roma, maior cidade do país, localizada na região central italiana,
onde está inserido o Vaticano, centro da igreja católica.
Possui o formato aproximado de uma bota e, por esse motivo, os italianos
chamam-na de “lo stivale” (a bota).
Foi terra de importantes civilizações como os etruscos, fenícios, gregos e os
romanos. Durante 3000 anos, experimentou migrações e invasões dos povos
celtas, sarracenos, normandos, árabes, germanos, espanhóis, francos e outros.
Foi palco da maior manifestação cultural da história, o Renascimento, evento
que marca o fim da idade média.
A Itália era formada por muitas cidades-estado independentes, antes da sua
unificação, em 1861, quando foi criada a Itália como um estado-nação. Hoje é
chamada “il Belpaese” (o belo país), devido à beleza e a variedade das suas
paisagens e por ter o maior patrimônio artístico do mundo.
Após a unificação italiana, deu-se início à questão da unidade nacional.
Massimo Dazeglio, escritor e político do primeiro parlamento da recém nascida
nova Itália, disse em 1864: “Fizemos a Itália. Agora temos que fazer os
italianos”. De fato, os “regionalismos”, marcados pela história milenar das
cidades-estado italianas, continuam até hoje, pois, para criar a nação não
bastou unir no mapa o que séculos de história e de culturas diferentes
mantiveram separados. Ainda hoje, cada italiano se sente íntima e
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primeiramente cidadão da sua região. Considera-se piemontês, veneto,
lombardo, siciliano, etc. e só em seguida italiano.
Cada pequena cidade tem sua história que se encaixa na história do país.
Desde a idade média, todas representavam um pequeno estado que se
desenvolveu, autonomamente, do ponto de vista político, social, cultural e
linguístico, e é por isso que a Itália conta uma riquíssima cultura estampada na
arquitetura, nas artes, no grande número de dialetos e na incrível gastronomia.
Em nenhum outro lugar as características gastronômicas são tão marcadas e
diversas como na Itália. Algumas podem ser mais amplas, como a divisão em
relação ao uso da gordura: de origem animal, manteiga, no norte, e de origem
vegetal, azeite, no centro e sul. Outras são muito mais restritas, como o uso de
alguns ingredientes ou preparações limitadas a pequenas cidades, mesmo que
hoje algumas já tenham se espalhado por todo o território italiano, bem como
pelo mundo, como é o caso da pizza ou da mortadella.
Apesar das diferenças, o amor pela comida é comum a todo italiano. Na Itália
fala-se sobre a comida o tempo todo. Nenhum assunto é tão importante. No
café da manhã discute-se o que comer no almoço e, no almoço, o que comer
no jantar. No entanto, quando falam sobre comida, não estão falando
simplesmente sobre ingredientes ou receitas, mas sobre fórmulas mágicas!
Já disseram que o homem é aquilo que come, e isso é uma premissa
indiscutível sobre o povo italiano. Para ele, o prazer de comer é elevado a níveis
inimagináveis e deflagra discussões sem fim. O orgulho que sentem da sua
região é expresso pelas receitas e ingredientes vindos da sua cidade natal, da
sua família.
Os italianos discordam sobre tudo entre si, no entanto, a paixão e orgulho pela
sua comida é um elemento de união.
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Um dos pontos que todos concordam é em relação ao frescor e a qualidade dos
alimentos. Carnes ou peixes congelados, nem pensar. O italiano foge de
produtos congelados, como o diabo foge da cruz. Verduras, legumes e frutas
são consumidos na sua época, e por isso têm sabor muito mais marcante e
concentrado. Não são encontrados em outros meses. São produtos sazonais e
ponto final, nada de importações ou plantios em estufas. Eles esperam ansiosos
pelo momento em que poderão usufruir de determinado produto, no seu tempo
certo. O grau de maturação dos queijos e embutidos são levados em conta para
a preparação em que serão empregados. Nas cozinhas de restaurantes mais
refinados, que aceitam o uso de produtos de outras regiões, são usados azeites
de diferentes locais da Itália, para valorizar características dos ingredientes
empregados.
A cozinha italiana em geral é muito simples, calcada na valorização do
ingrediente, do produto in natura. Um peixe pode levar apenas azeite, alho, sal
e manjericão na sua preparação. Simples assim, mas o sabor é intenso, devido
à qualidade dos produtos. O mesmo produto, como azeite ou tomates,
dependendo da região de procedência, tem sabor completamente diverso. O
terroir na Itália é muito importante e isso é muito valorizado. Cebola de Tropea,
tomate de Pachino, azeitona da Liguria, tartufo de Alba, mozzarella da
Campania, massa de Gragnano, pão da Toscana, chocolate de Torino, orégano
da Sicilia, pistache de Bronte, mortadella de Bologna, presunto de Parma,
mostarda de Cremona, pimenta da Calabria, bottarga da Sardegna, aceto
balsamico de Modena. Existe uma infinidade de especialidades de cada região,
de cada cidade.
Muitos desses produtos derivam do uso que os italianos fazem de tudo que
pode ser consumido, seja dos animais ou dos vegetais. Nada é desperdiçado ou
jogado fora. Cabeça, língua, tendões, pulmões, coração, fígado, rabo, cérebro,
lábios, úbere, rins, pâncreas, estômago, intestino, testículos. Usam tudo com
inteligência e delicadeza, transformando-os em especialidades incríveis.
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Apesar desse imenso prazer pela comida, ao contrário do que se possa
imaginar, o povo italiano não é obeso. São adeptos, principalmente na região
central e sul da Itália, da cozinha rápida e leve, saborosa e perfumada, gostosa
e nutritiva, a chamada dieta mediterrânea, que tem como pilares o uso de
verduras, legumes, frutas, massas e pães, carnes magras, peixes, azeite e
vinho, ricos em polifenóis, que previnem doenças cardiovasculares e alguns
tipos de câncer. Devido à sua vasta costa marítima e ao seu grande número de
lagos, os italianos, depois dos japoneses, são os maiores consumidores de
peixes de todo o mundo, com o consumo por habitante de 25 kg por ano.
Possuem 500 variedades de peixes, 70 de crustáceos e 30 de cefalópodes. Os
chamados peixes azuis, sardinha e anchovas por exemplo, que contém o
aclamado Ômega 3, que combate o colesterol, são consumidos em rápidas
preparações, salgados ou crus, garantindo maior absorção desse componente.
Ingerem grandes quantidades de legumes e verduras cruas, até mesmo
ervilhas ou alcachofras, normalmente consumidas cozidas, obtendo assim a
ingestão da totalidade das suas vitaminas e outros nutrientes. As massas
devem ser cozidas al dente, porém, se por algum descuido, cozinharam um
minuto a mais, não podem ter outro destino que o lixo. Desprezam a junk-food
americana!
Resumindo, a cozinha italiana foi definida pela contribuição de séculos de
domínios e influências de outras culturas e povos, bem como do clima e
geografia, determinando características extremamente regionais. Hoje a
gastronomia tem forte importância na economia da Itália, sendo o turismo
enogastronômico o maior produto italiano.
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PIEMONTEPIEMONTEPIEMONTEPIEMONTE
OBJETIVOS DA AULA
� Conhecer características históricas, geográficas e gastronômicas da Itália
e do Piemonte;
� Relacionar as principais diferenças gastronômicas entre o norte e o sul
da Itália;
� Conhecer o tartufo bianco d’Alba;
� Utilizar técnicas italianas para o preparo do risotto;
� Identificar os principais produtos da região.
TERMOS CHAVE:
� Tartufo d’Alba � Funghi � Arroz Arbório � Tostatura
� Mantecatura
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Literalmente, Piedemonte, “ao pé das montanhas”, região entre os Alpes e os
Apeninos. Onde se destacou a Casa Savóia, dinastia que, a partir de 1040,
dominou a área que correspondia ao território do Piemonte e parte da França,
depois, em 1720, foram proclamados reis da Sardegna e, após a unificação da
Itália, em 1861, Vitorio Emanuelle II tornou-se rei da Itália, domínio que durou
até 1922, quando Mussolini instaurou o fascismo, porém continuaram como reis
até a proclamação da república, em 1946.
Terra dos tartufos e funghi, avelãs e caças, queijos e arroz, da Fiat e Olivetti,
Ferrero e Martini. A região do Piemonte é a mais ocidental da Itália e faz divisa
com a França a oeste, com o Vale d’Aosta e a Suíça ao norte, com a Lombardia
ao leste e com a Liguria e a Emilia Romagna, ao sul.
A cozinha piemontesa sofreu influência francesa e a influenciou, resultando em
elegância, refinamento e sobriedade dos piemonteses, refletindo na cozinha
camponesa que eleva seus pratos a verdadeiras obras de arte. Suas
especialidades passam da Bagna Caoda, espécie de fondue de legumes
banhados com molho quente de anchovas, alho e azeite, aos famosos queijos
Castelmagno e Gorgonzola, gordos e imponentes, feitos de leite de vaca e
curados em cavernas.
Apesar do reconhecimento mundial do Gorgonzola ou dos seus vinhos Barbera,
Barbaresco, Barolo e Moscato D’Asti, nada é mais cultuado que os preciosos
Tartufi Bianchi D’Alba. Os romanos, apreciadores da iguaria, acreditavam que
eles cresciam no sopé das árvores atingidas pelos raios de Júpiter, o senhor das
forças da natureza.
O tartufo, trufa em português, é algo intermediário entre um fungo e um
tubérculo que não pode ser cultivado e deve ser “caçado” com o auxílio de cães
treinados que chegam a custar 20 mil euros. Antes eram usados porcos, mas
foram substituídos, pois estes comiam os tartufos quando eram encontrados. É
uma iguaria muito cara, pois, além de não poder ser cultivada, desenvolvem-se
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apenas em algumas regiões da Itália e França. Porém, os mais famosos e
apreciados, por seu aroma inebriante e muito intenso, são os da cidade de
Alba, no Piemonte.
Brillat-Savarin em seu livro “A Fisiologia do Gosto” defini o tartufo, apesar do
seu aspecto disforme, como o diamante da cozinha.
Além do tartufo bianco, que chega a custar 6500 euros o quilo, existe também
o tartufo nero, que é mais barato, pois possui aroma bem menos intenso.
Devem ser consumidos em até 10 dias depois de encontrados para que se
aproveite ao máximo seu sabor e perfume singulares.
São utilizados crus em finas lâminas sobre polentas, ovos, massas com
manteiga ou fonduta, creme de queijo, e também são produzidos muitos
produtos com os tartufos, usado como agente aromatizante: conservas,
cremes, molhos, mel, queijos, salames, manteiga, azeites, vinagres, massas,
etc.
Apesar da riqueza que seus dois produtos mais valorizados oferecem, os
piemonteses convivem com um dilema: tartufo bom, vinho ruim, e vive e versa.
Esse lamento acontece porque o tartufo necessita de um verão chuvoso para
desenvolver-se no outono, enquanto o vinho de um verão seco e quente para
que a uva amadureça proporcionando excelentes resultados.
Torino, capital do Piemonte, cujo nome tem origem em uma tribo chamada
Taurini que foi dizimada pelos Celtas no século IV a.C., é sem dúvida a capital
do chocolate na Itália, onde foi inventado o chocolate doce na Europa, ao
contrário do que dizem os Suíços, e, em Alba, é onde está localizada a fábrica
da Ferrero, criadora e produtora do viciante creme de chocolate e avelãs, a
Nutella, inventada para combater a americana manteiga de amendoim. No
nome foi usado o radical Nut, nozes em inglês, e adicionaram Ella para
“italianar”!
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Outros pratos importantes da cozinha piemontesa são:
Bollito Misto
Feito com sete cortes de carne e sete miúdos de espécie bovina característica
da região, sete vegetais e sete molhos diversos para acompanhar.
Panissa
Risotto com feijão e carne de porco.
Grissini
Criados no ano de 1668 em Torino para o Duque de Savoia que, devido a
problemas digestivos, tinha na sua dieta restrição ao miolo de pão,
necessitando de um pão que fosse pura casca.
Agnolotti
Um tipo de ravioli, recheado com carne e couve moídas e especiarias.
Zabaione
Creme de gemas e vinho.
Biscoitos Amaretti e Savoiardi
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RISOTTO
Mais um produto importante da região é o arroz. Seu extenso cultivo é feito nas
planícies alagadas do rio Pó, não só no Piemonte, mas em todo o norte da
Itália. Teve início na idade média, após a Peste Negra que abalou a Europa,
mas foi intensificado a partir do século XIX. Foram construídos canais para
permitir a irrigação das plantações, fato que elevou a Itália a maior produtor de
arroz da Europa, com 1300 toneladas anuais, seguido pela Espanha. A maior
zona produtora concentra-se nas regiões de Vercelli e Novara, províncias
piemontesas, em Pavia, província de Milano, no Veneto e em Oristano,
província da Sardegna.
O arroz é um cereal da família das gramíneas, que é semeado na primavera e
após 6 meses pode ser colhido.
Os gregos o chamavam de “o estranho trigo que nasce entre os rios” e os
romanos o utilizavam como especiaria ou medicamento. A partir do sec. IX, por
intermédio dos árabes, que o cultivo do arroz na Europa se intensificou, a partir
da Espanha, França e Itália.
O arroz italiano é arredondado e tem sua origem dos grãos japoneses. Sua
tipologia divide-se em 4 categorias:
• Riso Comune: é muito pequeno, tem cocção rápida e é bastante usado
para sopas e doces.
• Riso Semi Fino: um pouco maior que o comum e mais arredondado, é
mais usado na região do Veneto. Tem muito amido e boa absorção de
líquidos. O mais conhecido é o Vialone Nano.
• Riso Fino: é alongado e estreito. Tem menos amido e é usado para
saladas ou pilaf. O mais difundido é o Sant’Andrea.
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• Riso Super fino: tem mais amido, são maiores e o percentual de
quebra é bem mais baixo. O mais utilizado na Itália é o Carnaroli, que
resiste mais tempo à cocção, não perdendo o ponto “al dente”. O
Arbório, mais difundido fora do território italiano, tem mais amido e é
mais fácil de “mantecar”. Outros tipos: Roma e Baldo.
Pode ser chamada de risotto, a produção em que o arroz, no processo de
cocção, libera a amilopectina, amido encontrado no exterior do grão, que
propicia um resultado cremoso. Qualquer produto comestível pode dar sabor ao
risotto: queijo, peixes, carnes, aves, verduras, legumes ou, até mesmo, frutas.
As variedades são incontáveis: o Risotto alla Piemontese é feito com Barolo e
Funghi, o de Vercellli é usada a rã, Alla Milanese entra o açafrão.
O processo de preparação do risotto exige tempo e atenção. A verdade é que
não existe prato em que a cumplicidade entre a comida e o cozinheiro seja
maior!
Como preparar um risotto perfeito:
• Fazer um excelente fundo, sem salgá-lo, que deve sempre estar em
simmer para a produção do risotto. Deve ter sabor muito delicado, pois,
como acontecerá uma grande evaporação do mesmo, seu sabor poderá
ficar muito acentuado no final do processo e mascarar o sabor dos
ingredientes principais.
• Em uma panela de fundo amplo e grosso, para que haja uma cocção
uniforme do arroz, suar a cebola, ou outros aromáticos, na manteiga
e/ou azeite, em fogo brando, para liberar o sabor e perder sua acidez.
• Tostatura: aumentar a intensidade do fogo e adicionar o arroz. Mexer
constantemente até que ele fique bem brilhante. Esse processo cria uma
proteção nos grãos e permite que eles cozinhem sem que se quebrem ou
se desfaçam, além de começar a liberar seu amido. Ainda evita que
grudem no fundo da panela durante o processo de cocção.
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• Colocar o vinho e evaporá-lo bem, até que o arroz quase grude no fundo
da panela.
• “Molhar” o arroz com o fundo, somente até cobrí-lo, sempre com o fogo
alto, mexendo constantemente, mas não a todo o momento,
acrescentando mais fundo assim que for necessário. O líquido da panela
deve ser sempre denso e cremoso, e não muito líquido ou muito seco.
Se não for feito esse processo de cocção, o resultado poderá ser bom,
mas não terá a liberação suficiente de amido e não poderá ser chamado
de risotto.
• Adicionar um pouco de sal após 3 ou 4 minutos de cocção.
• Depois de aproximadamente 14 a 18 minutos do começo da adição de
fundo, dependendo do seu tipo, o arroz deverá estar “al dente”,
resistente à mordida, ou, como dizem os italianos, ter a “alma bianca”,
ou seja, um ponto branco no centro do grão. Neste momento inicia-se o
processo de “mantecatura” que é a adição de gordura, normalmente
manteiga fria, e do queijo parmesão bem envelhecido, misturando
freneticamente o risotto, para emulsionar o líquido. Deve ser feita fora
do fogo.
• Esperar 1 ou 2 minutos antes de servir, não mais!
• O resultado deve ser cremoso e com grãos íntegros e bem visíveis.
Lembre-se: à mesa, as pessoas esperam o risotto e nunca o contrário!
Algumas dicas:
• Dependendo do tipo de restaurante, você pode optar por fazer uma pré-
cocção do arroz, resfriá-lo rapidamente e finalizá-lo no momento do
pedido, ao invés de fazê-lo do começo, no momento do serviço, porém o
resultado não será o mesmo.
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• Em grandes eventos, para muitas pessoas, risottos não são uma boa
opção para o cardápio porque são difíceis de administrar a relação
tempo de cocção x serviço, porém, se optar por fazê-lo, use várias
panelas para fazer o risotto, começando sua produção com intervalos de
5 minutos, assim, sempre terá risotto perfeito para ser servido.
• Para risottos à base de peixe, proceder a mantecatura com azeite e com
pouco ou nenhum queijo.
• Se os ingredientes escolhidos para dar sabor ao risotto forem muito
“pedaçudos”, pode ser mais difícil de mantecar, para resolver este
problema pode-se usar alternativas como, por exemplo, num risotto de
alcachofra, ao invés de colocar toda a quantidade de alcachofra em
pedaços, coloque uma parte em forma de purê.
• Uma boa alternativa para o uso de sobra de risotto é fazer o riso al salto
ou o arancino siciliano.
• Use um aro para servir o risotto, o resultado será mais bonito e elegante.
Mas cuidado, o risotto não pode ficar enformado, ele deve escorrer de
forma regular devido à sua cremosidade.
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LOMBARDIALOMBARDIALOMBARDIALOMBARDIA
OBJETIVOS DA AULA
� Conhecer características históricas, geográficas e gastronômicas da
Lombardia;
� Identificar os principais cultivos e criações do norte da Itália;
� Conhecer a produção do queijo Grana Padano;
� Reconhecer as denominações italianas para o gado bovino;
� Identificar os principais produtos da região.
TERMOS CHAVE:
� Gremolata � Manteiga � Arroz Carnaroli � Grana Padano
� Vitello
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Lombardia, nome herdado dos lombardos, que em alemão - Langbärte – quer
dizer “longas barbas”. Foi um povo bárbaro vindo do norte da Europa, da
Escandinávia, que em 569 derrotaram os bizantinos e dominaram a região por
2 séculos. Quando se revoltaram contra a igreja, indo contra o papa, este se
uniu aos Francos, que dominaram a região. Desde esse momento a igreja teve
papel importante e decisivo na história da região e de toda a Itália, “vendendo-
a” para quem mais lhe interessasse. O governo dos Francos desenvolveu o
sistema de feudos, que dominaria a Europa no período medieval. A partir do
século XV, a Lombardia passou por vários domínios: francês, espanhol,
austríaco, novamente francês com Napoleão, mais uma vez austríaco, até que
em 1859 conseguiu expulsar os estrangeiros e voltou a ser independente.
Após os problemas que passou com a peste negra, no século XVIII, hoje é a
região mais desenvolvida e rica da Itália. Milano é um grande centro comercial,
industrial e financeiro, com sedes de empresas como a Pirelli, Alfa Romeo,
Campari, Telecom. Muito importante pelo seu patrimônio artístico, além de ser
considerada a capital mundial da moda, junto com Paris e Nova York. Centro
econômico do país, é a segunda cidade mais populosa da Itália, depois de
Roma, com 1.300.000 habitantes.
A Lombardia possui uma das mais variadas cozinhas da Itália, devido às
fronteiras que faz com a Suíça ao norte, o Piemonte a oeste, a Emilia-Romagna
ao sul e o Veneto a leste, além das influências dos povos que a dominaram,
porém, não é tão conhecida ou renomada como de outras regiões. A ausência
das oliveiras e os grandes pastos, e conseqüentes criações de gado, fizeram
com que sua cozinha fosse calcada no uso da manteiga e não do azeite. A
cozinha lombarda adquiriu aspectos da cozinha dos Alpes, muito protéica e
gorda, bem como a de planícies, com o uso de carboidratos – massa e,
principalmente, arroz. Consomem muito o ossobuco e pratos à base de tripas. A
cozinha de mar é a grande lacuna, por não ter costa marítima, apesar de hoje
em dia, com o importante mercado de peixes de Milano, muitos restaurantes
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fazerem-na com maestria, no entanto, ainda não pode ser dita como
tradicional. Porém, a região dos lagos - Maggiore, Como, Garda e Lecco -
denota uma cozinha de peixes de água doce muito importante, fritos ou em
vinagre e ainda secos, usados também na preparação de risottos.
Existe, ainda, reflexos em sua cozinha da influência francesa, em pratos como a
cassoela, semelhante ao pot-au-feu francês, um prato substancioso tipicamente
invernal, composto por vários cortes de carnes de porco (orelhas, pele, pé,
rabo, focinho, costelas), que são cozidos junto com repolho, cenoura, salsão e
cebola. Determinante, também, foi a presença dos espanhóis, que dominaram a
região nos séc. XVI e XVII, e deixaram a herança do açafrão, influenciando o
Risotto alla Milanese, enquanto os austríacos, que a governaram nos séc. XVIII
e XIX, trouxeram a preparação que ficou conhecida como Cotoletta alla
Milanese. Os milaneses contestam dizendo que a sua é que influenciou a
austríaca. Por ser uma cidade cosmopolita, hoje Milano possui restaurantes
étnicos de todas as partes do mundo, com destaque para os restaurantes
chineses, presentes a mais de 60 anos.
A vida frenética dos milaneses faz com que a sua alimentação seja diferente do
resto da Itália, feita de forma rápida e frenética. Certa vez disse Enrico
Bertolino, famoso artista italiano: “alguns lombardos só alimentam-se porque os
remédios anti stress precisam do estômago cheio”. Ao contrário do que
acontece na Toscana, com a bisteca alla Fiorentina – imenso pedaço de carne
assada na brasa -, os lombardos fazem a tagliata, carne cortada em fatias finas,
cozidas por 2 minutos, que não é nem preciso mastigar. Conhecida como a
cidade das polpettas, os milaneses desenvolveram grandes pratos a partir das
sobras do dia anterior, como os Mondeghili, polpettas de carne cozida ou
assadas, e o Riso Al Salto, usando restos de risotto.
A imensa produção de arroz, a mais importante da Itália, e por consequência
da Europa, se deu em grande parte pelo sistema de irrigação desenvolvido por
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Leonardo Da Vinci, usando as águas dos rios Ticino e Pó. O principal arroz
utilizado é o Carnaroli, considerado o “rei dos arrozes”, de grão grande, rico em
amilopectina e, principalmente, em amilose.
Devido à grande criação de gado bovino, a maior parte da produção de queijos
na Lombardia é feita a partir de leite de vaca. Dois são os mais importantes: o
Grana Padano, que faz frente ao irmão da Emilia-Romagna, o Parmigiano
Reggiano, e o Gorgonzola, criado na cidade homônima. Os queijos azuis na
Itália, caso do Gorgonzola e Castelmagno, são chamados de Formaggi
Erborinati – erborin, em dialeto lombardo, quer dizer salsinha, daí a origem da
nomenclatura.
Muitas são as terminologias para a carne bovina utilizadas nas receitas italianas,
nas quais são encontradas expressões como:
• Bovino: normalmente o animal bovino em geral, independentemente do
sexo e da idade.
• Vitello da Latte: animais com 70 dias.
• Vitello: animais com 120 dias de idade.
• Vitellone: macho não castrado, de idade até 18 meses.
• Toro: macho não castrado, em idade adulta, com mais de 4 anos.
• Bue: o animal castrado, de idade superior aos 4 anos. Possui a carne
mais gorda. O boi, sendo mais manso e menos nervoso, tem a carne um
pouco mais macia que do “toro”.
• Manzo: são as fêmeas com idade entre 1 e 3 anos, que ainda não
tiveram cria.
• Vacca ou Mucca: fêmea do bovino adulta, que já teve cria. O termo
“mucca” indica mais especificadamente a vaca que produz leite.
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Uma nota particular merece a carne de cavalo, carne não consumida no Brasil,
mas bastante popular na Itália, importada da Espanha e dos países do leste
europeu em cerca de 170 mil animais por ano, o equivalente a um quilograma
para cada italiano.
Os homens se nutrem da carne de cavalo desde a Idade da Pedra, no entanto
esta carne assumiu, nos séculos seguintes, uma colocação na sociedade como
carne de segunda qualidade. Porém ela é grande fonte de proteínas, seu nível
da gordura é muito baixo e contém, a cada 100 gramas, 4 miligramas de ferro,
facilmente assimilável pelo nosso organismo e portanto útil para dietas que
requerem este mineral. A carne de cavalo se diferencia entres as outras carnes
pelo seu sabor um pouco adocicado.
São consumidas além da carne do cavalo adulto, do “puledro” (potro).
Outro produto lombardo importante é a Mostarda di Cremona, feita a partir de
frutas cozidas em calda de açúcar com grãos de mostarda, resultando em um
composto doce e picante, maravilhoso para o Bollito ou caças. É produzida em
outras cidades, porém a mais conhecida é da cidade homônima, Cremona, que
reivindica a invenção de outro célebre produto, o torrone.
O Panettone é uma criação milanesa. No séc. XI já existia algo semelhante,
mas somente no final do séc. XIII é que foi criada a receita natalina utilizada
até hoje. O nome deriva do dialeto milanês para aumentativo de pane (pão). A
colomba é a versão pascal do panettone de Pavia.
Mais alguns pratos da cozinha lombarda:
Nervitt
Tendões e pés de vitello, cozidos e cortados em cubos, servidos com
condimentos picantes.
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Casonsei di Bergamo e Brescia
Massa recheada de lingüiça ou espinafre e ovos, uvas passas e grana padano.
Zuppa Pavese
Caldo com ovos e pão amanhecido.
Gnocchetti Alla Lariana
Bolinhas de massa feitas com pão amanhecido, ovos, queijo e manteiga.
Servidos com brodo de carne.
Minestrone Alla Milanese
Substanciosa sopa feita com vários vegetais e arroz.
Risotto con le Lumache
Risotto feito com caracóis.
Risotto con Gamberi, Funghi e Piselli
Risotto feito com camarões de água doce, cogumelos e ervilha.
Polenta Taragna
Feita com farinha de granoturco e grão saraceno.
Pan dei Morti
Feito com amaretti, uvas passas, figo seco, amêndoas, clara de ovo e cacau. É
servido no dia dos mortos desde a idade média, data que é celebrada nos EUA,
chamada halloween.
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VENETOVENETOVENETOVENETO
OBJETIVOS DA AULA
� Conhecer características históricas, geográficas e gastronômicas do
Veneto;
� Avaliar as diferenças entre os diferentes tipos de arrozes italianos;
� Conhecer como trabalhar com risottos em escala comercial;
� Identificar os principais produtos vindos da América introduzidos na
alimentação dos italianos;
� Identificar os principais produtos da região.
TERMOS CHAVE:
� Carpaccio � Polenta � Arroz Vialone Nano � Especiarias
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Região do nordeste da Itália que faz divisa com o Friuli-Venezia Giulia e com o
Mar Adriático ao leste, com a Áustria e o Trentino-Alto Adige ao norte, com a
Lombardia ao oeste e a Emilia-Romagna ao sul.
Graças ao seu patrimônio natural, histórico, artístico e arquitetônico, a região é
a mais visitada da Itália e recebe 60 milhões de turistas por ano. É rica em
lugares muito bonitos e conhecidos internacionalmente, como a incomparável
Venezia, os mil encantadores lugares nas Dolomitas - as famosas montanhas
rosadas -, Cortina d’Ampezzo, e cidades históricas, como Verona, onde foi
ambientada, por Shakespeare, a história de Romeu e Julieta, e Padova. Além
do turismo, outra fonte de renda é a agricultura, a vinicultura – destaque para
o Prosecco - e a indústria, como a Benetton por exemplo.
A cozinha da região do Veneto é diversificada e muito calcada na utilização dos
legumes e hortaliças, tendo como principal estrela o Radicchio di Treviso, que é
servido assado, grelhado ou recheado, além de aspargos e funghi. Os risottos,
feitos com o arroz Vialone Nano, estão muito presentes, sendo muito
apreciados com peixes e frutos do mar na cidade de Venezia ou abóbora,
radicchio ou aspargos em outras cidades. O arroz também aparece em pratos
como o Risi e Bisi - arroz com ervilhas tenras, novas e doces -, e o uso das
leguminosas na Pasta e Fagioli - massa com feijão.
O arroz, desde 1500, foi cultivado nas planícies de Roverchiara e Palù, na
região da cidade de Verona, onde há uma interessante produção da qualidade
“vialone nano veronese”, tutelada com a garantia de proveniência DOP. Os
motivos que fazem deste arroz uma espécie especial é a composição do
terreno, as águas de nascentes que vêem do subsolo rico de rochas alcalinas e
um cultivo exclusivamente natural, sem agrotóxicos e sem nenhuma
intervenção do homem, a não ser para o plantio inicial.
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Certamente o prato mais consumido na região é a polenta. Muito antes da
descoberta da América, período no qual foi introduzido o milho, pelos
espanhóis, ela era feita de farinha de feijão, cevada ou trigo sarraceno. Com a
chegada do milho, a polenta tomou conta do paladar dos venetos e tornou-se o
símbolo da comida caseira, em que todos esperam impacientes pelo fumegante
e borbulhante prato, que pode ser também grelhado, frito ou assado, servido
sozinho, com carnes, peixes ou queijos.
Em nenhuma cidade da Itália a influência das águas é tão presente como em
Venezia. É a cidade onde se consome maior número de pescados por habitante
e tem o maior mercado de peixes e frutos do mar da Itália. O bacalhau é muito
importante e consumido desde a época das navegações. Constata-se a
presença da pimenta-do-reino, da canela, do cravo da Índia, da uva passa. As
especiarias, cujo comércio era dominado pelos venezianos, foram usadas para
criar diversos pratos como a Sarde in Saor, sardinhas fritas e marinadas em
azeite e vinagre, adicionadas de uvas passas.
Assim como na Espanha, com o Tapeo, os venezianos adoram petiscar, fazendo
o Giro de Ombre, quando saem para fazer um tour por bares e osterias atrás
dos petiscos e bebidas mais apreciadas.
As fritelle, doces típicos dos carnavais venezianos, são massas doces fritas em
banha de porco e polvilhadas de açúcar. Bolo natalício muito apreciado e
conhecido é o Pandoro, parente do Panettone milanês. Possui uma massa
muito leve e fofa, em forma de estrela, polvilhado com açúcar baunilhado.
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Outros pratos famosos:
Carpaccio di Cipriani
Criado em homenagem ao pintor homônimo, no Harry’s Bar. São fatias finas de
carne, temperadas com molho à base de maionese e outros condimentos.
Baccalà alla Vicentina
Bacalhau preparado com cebola, alho, salsinha, anchova, leite e parmigiano,
servido tradicionalmente com polenta frita ou grelhada.
Sarde ou Sardelle in Saor
Sardinhas enfarinhadas e fritas, depois marinadas numa espécie de escabeche
feito com cebolas refogadas em azeite, banhadas de vinagre, açúcar, pinoli e
uva passa.
Seppie al Nero
Lulas guisadas com alho, azeite, vinho branco, salsinha e a tinta do cefalópode.
É servida tradicionalmente com polenta branca.
Bigoli
Massa que tem a aparência de spaghetti grossos e rústicos, preparados com
um especial instrumento de cobre, chamado bigolaro. Diferentemente dos
spaghetti, é preparada com farinha de trigo tenro, geralmente integral, água e
sal. Os Bigoli são cozidos em caldo de frango e condimentados com Pocio (ragù
de carne de pura vitela ou misturada com porco), Rovinazzi (ragù com miúdos
de frango) ou ragù di Anatra (Pato).
Polenta Bianca
Polenta de farinha de milho branco. É considerada mais delicada que a farinha
amarela e combina muito bem com pratos à base de peixe.
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Risi e Bisi
Densa sopa de arroz (Riso) e ervilhas (Bisi), feita com um caldo preparado com
as próprias cascas das ervilhas frescas.
Fegato alla Veneziana
Fatias finas de fígado de vitela refogadas e cozidas lentamente com cebola,
manteiga e azeite.
Baìcoli
Clássicos biscoitos venezianos à base de farinha, fermento, açúcar, leite e ovos.
A massa é dividida, formando quatro ou cinco pães de forma alongada. Depois
de assados, devem descansar por dois dias, no mínimo, quando então são
cortados em fatias finas que serão novamente levadas ao forno para tostar.
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A CIDADE DE VENEZIA
Após a queda do Império Romano, no século V, começaram as invasões bár-
baras. No Veneto, os habitantes das aldeias nos arredores da laguna, que se
tornaria Venezia, não podendo edificar muros de defesa, devido ao terreno
semelhante ao um brejo, que não agüentaria o peso das construções,
resolveram se mudar para as ilhas lagunares, usando o mar como defesa
natural contra os invasores.
Em 568, em ocasião da conquista Lombarda da Itália do norte, verificou-se uma
separação mais marcada entre a “Venezia marítima” e a “Venezia interna”,
ficando a primeira sob o domínio Bizantino, enquanto a restante ficou
Lombarda. Grande parte da população se mudou da terra firme para os centros
lagunares.
A “Venezia marítima”, desde a sua fundação, já tinha desenvolvido um bom
conhecimento das técnicas de navegação e foi por causa dos Bizantinos que os
venezianos começaram a enriquecer. Os Bizantinos, que, contrariamente a que
se pensa, de bárbaros não tinham nada, gostavam muito da seda, das
especiarias, das jóias e dos produtos do Oriente de que eram originários, mas
não sendo grandes navegadores e devendo cuidar do Império, encontravam
muita dificuldade para ir buscar estes produtos em países tão longínquos, por
via terra. A estas necessidades dos vizinhos, os venezianos, contando com uma
boa frota, começaram suas viagens rumo ao Oriente, onde compravam todos
os tipos de mercadoria, que em seguida vendiam a altos preços aos Bizantinos.
Logo, devido à nova riqueza, as cabanas e as modestas casas de Venezia foram
substituídas por luxuosos palácios, nos quais cada mercador fazia questão de
demonstrar sua nova condição social.
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Nas frequentes viagens ao Oriente, os mercadores ficavam tão maravilhados
pela arquitetura das cidades que visitavam que quiseram reproduzir elementos
arquitetônicos daqueles países em seus novos palácios. Isto enquanto no resto
da Itália imperavam os estilos românico e gótico.
Esta fusão deu vida à cidade resultando em beleza incomparável que podemos
admirar até hoje. Um dos exemplos mais significativos desta mistura de modos
arquitetônicos se pode admirar na Basílica de São Marco. Este estilo está
presente em 90% dos palácios de Venezia, tornando-a única no mundo.
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LIGURIALIGURIALIGURIALIGURIA
OBJETIVOS DA AULA
� Conhecer características históricas, geográficas e gastronômicas da
Liguria;
� Identificar as principais rotas marítimas dos lígures na antiguidade;
� Reconhecer a importânica do sal na idade média;
� Identificar o processo de produção dos azeites italianos;
� Diferenciar as características organolépticas dos queijos italianos
segundo o tipo de leite com que são produzidos;
� Identificar os principais produtos da região.
TERMOS CHAVE:
� Pesto
� Focaccia � Stoccafisso � Pecorino � Minestrone
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Região a noroeste da Itália, faz divisa com a França ao oeste, com o Piemonte
e a Emília Romagna ao norte e com a Toscana ao leste. É totalmente banhada
pelo Mar Mediterrâneo, que aqui é chamado de Mar Lígure.
O turismo é uma das atividades econômicas mais importantes da Liguria. O
clima ameno, as paisagens e os lugares famosos como Portofino, Cinque Terre,
Portovenere, Sanremo, Genova, entre outros, atraem turistas italianos e
estrangeiros.
Em seus mais de 300 quilômetros de costa, a região alterna praias de areia com
outras de cascalho, recortadas por belíssimas encostas rochosas em forma de
penhascos. Além da faixa litorânea, recheada por pitorescas cidades de
pescadores, existe uma cadeia montanhosa que permeia toda a região.
Por essas características geográficas, a Liguria conta com uma grande
influência dos pescados e de animais de pequeno porte na sua gastronomia.
Podemos chamá-la de cozinha de mar e terra. Graças ao seu clima úmido, as
ervas, verduras e legumes existem em abundância e assumem um papel
importante nas suas ricas e diversificadas produções culinárias.
No entanto, a costa lígure não é muito propicia para a pesca, fazendo com que
os habitantes tenham que aventurar-se em alto mar, em longas viagens, para
obter peixes e frutos do mar. Terra de pescadores e navegadores desde
sempre, algumas produções culinárias, como peixes secos, salgados ou
conservados em azeite – as acciughes, chamadas de “pratas do mar”-, tiveram
importância fundamental.
Porém, o fato de serem navegadores, também deu força à cozinha da terra, já
que os pescadores sonhavam em retornar para casa e voltar a comer produtos
frescos, não suportando mais os pescados, consumidos meses a fio, esperando
por pratos em que eram utilizados ingredientes como verduras, espinafre,
funghi, queijo fresco (usado na famosa focaccia di Recco) e ricota. A cebola era
muito usada, pois, com seu poder bactericida, ajudava a combater possíveis
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doenças trazidas das longas viagens em alto mar. A abundância de vegetais,
rendeu aos lígures a fama de produzirem belos recheios, sejam para massas,
como os tortelli de espinafre, ou para carnes. As tortas recheadas eram pratos
que as mulheres dos pescadores preparavam para esperar os maridos, já que
podiam ser feitas e assadas com antecedência.
Ao lado da pizza napolitana, talvez a mais emblemática produção da panificação
italiana seja a focaccia. Foi criada como alternativa do povo da Liguria aos pães
de baixa qualidade que produziam. Pela proximidade com o mar, o ar salgado e
úmido impedia a ação do fermento, resultando em pães murchos, de crosta
pouco crocante e de interior úmido. Eles resolveram o problema fazendo um
pão achatado, com crosta muito crocante, em virtude da abundância de azeite,
e salgados ao final da cocção, com a adição do sal grosso. Sobre as focaccias
colocavam-se peixes secos, no começo golfinhos, que foram proibidos, depois o
atum e as anchovas, ou o pesto, além da clássica versão com alecrim.
Usada até os dias atuais, uma lei medieval para a produção da focaccia, diz que
deve-se ter pelo menos 6% de azeite na constituição da massa, fermentar por
no mínimo 8 horas, ter uma cor dourada na superfície e esbranquiçada nos
seus “buracos”.
Existe ainda uma espécie de focaccia feita com farinha de grão de bico, a
Farinata.
Juntamente com Pisa, Venezia e Amalfi, Genova era uma cidade portuária
importantíssima na antiguidade. Seu mais ilustre navegador foi Cristovão
Colombo, descobridor da América. A alimentação nas longas viagens que fazia
era muito calórica, em torno de 4000 calorias por dia, onde eram consumidos
normalmente as “gallette”, uma espécie de pão achatado seco, que durava por
muito tempo, e que eram umedecidas com água ou azeite e consumidas com
carne de porco salgada, feijões e favas, peixes frescos, salgados ou secos, além
do vinho.
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O stoccafisso e o bacalhau, que foram trazidos dos países no norte da Europa e
introduzidos na alimentação lígure, são dois métodos usados para a
conservação do peixe, sem perder seu valor nutritivo. O primeiro é seco ao ar
livre, com ação do vento, e o segundo é salgado depois seco. Ambos são feitos
com peixes da família do merluzo.
Na antiguidade, o sal era muito importante, mais que o açúcar, sendo símbolo
de poder. Os romanos pagavam por serviços com o sal, em vez de dinheiro,
que depois começou a ser adotado, mas o nome “salário” continuou. Além
disso, “salumeria”, denominação usada para embutidos em italiano, e “salsa”,
molho, também são da mesma origem.
Vindo da Sicilia, com os navegadores genoveses, o sal era exportado da Liguria
pela “via salária”, que cortava o Piemonte, França e Alemanha.
Logo, o sal teve papel fundamental para o desenvolvimento econômico da
região, sobretudo em Genova. Outro fator importantíssimo para a valorização
do sal na Liguria, é que, por alimentarem-se com uma dieta mediterrânea, rica
em verduras e legumes, não existia a absorção natural de sódio, presente na
alimentação extremamente protéica do norte da Europa, e este supria essa
deficiência.
Povo mais humilde, os camponeses contribuíram com duas características muito
importantes para a culinária local: o pouco uso de ovos na composição das
massas e a falta de especiarias nos seus pratos, já que eram itens caros. Com
isso, o uso das ervas tornou-se tão importante para a alimentação, além de
verduras, alcachofras, limões, pêssegos e damascos e muitos outros produtos
provenientes da terra.
O pesto genovês, que vem do verbo “pestare” que significa triturar, foi criado
para conservar a abundante produção de manjericão do verão, por todo o
outono e inverno, com a adição de azeite. O queijo adicionado era o Pecorino
Sardo, vindo da Sardegna com as navegações.
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A produção de azeite, apesar de extensa, é muito dificultada pelos terrenos
montanhosos da região, entretanto, é de extrema qualidade e delicadeza,
porque a colheita mecânica das azeitonas, da variedade taggiasche, é quase
impossível, tendo que ser feita manualmente, resultando em uma melhor
seleção dos frutos maduros e sem a oxidação provida pelas colheitadeiras,
como acontece em algumas regiões do sul.
Com a abundância de azeite, a fritura é muito consumida, desde pescados e
frutos do mar, a verduras e legumes, sejam sozinhas ou em “pastella”.
Algumas produções gastronômicas:
Capon Magro
Salada à base de peixe e verdura, condimentada com um molho verde
preparado com anchovas, alho, pinoli, alcaparras, azeitonas, salsinha, azeite e
vinagre.
Bianchetti
Filhotes de peixe azul, feitos fritos ou cozidos.
Acciughe di Monterosso
Considerada a melhor produção de anchovas de toda a Itália.
Sardenara
Variação lígure da Pissaladière provençal. Espécie de pizza, mais alta,
guarnecida de anchovas, cebolas, azeitonas, alcaparras, alho e tomate.
Torta Pasqualina
Torta de massa folhada com beterraba ou espinafre cozido, ricota fresca,
parmigiano reggiano e pecorino.
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Corzetti
Discos decorados de massa, condimentados com molho de mangerona e pinoli,
ou salmão fresco, cebola e nozes.
Seppie in Zimino
Lulas ensopadas com bieta (variedade de beterraba cultivada por suas folhas) e
outras ervas.
Fricasse di Agnello com Carciofi
Guisado de cordeiro com alcachofras.
Asado
Peito de vitello cozido por 7 horas.
Stoccafisso Accomodato
Stoccafisso cozido com funghi, pinoli e tomates.
Preboggion
Mescla de verduras, geralmente selvagens, cuja composição varia dependendo
da estação do ano. É usado como recheio de massas, omeletes ou sopas.
Pandolce
Doce natalino, semelhante ao Panetone milanês, porém mais compacto,
aromatizado com sementes de anis, água de flor de laranjeira e vinho Marsala.
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EMILIA ROMAGNAEMILIA ROMAGNAEMILIA ROMAGNAEMILIA ROMAGNA
OBJETIVOS DA AULA
� Conhecer características históricas, geográficas e gastronômicas da
Emilia-Romagna;
� Identificar as características das massas frescas e secas, com ênfase
para a ação da farinha de trigo, da semolina, da clara e da gema na sua
composição;
� Reconhecer a importância dos produtos da Emilia na identidade
gastronômica italiana;
� Conhecer a produção do aceto balsamico;
� Identificar os principais produtos da região.
TERMOS CHAVE:
� Pasta fresca � Prosciutto � Parmigiano Reggiano � Aceto Balsamico
� Al dente
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Situada ao norte da Itália, a região faz divisa ao norte com a Lombardia e o
Veneto, a oeste com o Piemonte e a Liguria, ao sul com a Toscana, com Marche
e com a República de São Marino, e ao leste é banhada pelo Mar Adriático.
Talvez a região gastronômica mais rica da Itália e que, junto com a Campania,
mais popularizou a comida italiana pelo mundo.
Formada por duas zonas características, de diferenças gastronômicas enormes.
A Emilia, região símbolo de sobriedade e dos gostos refinados, oferece as
massas frescas all’uovo, carnes bovinas e suínas e laticínios, além do vinho
Lambrusco. Suas terras são constituídas por planícies, por isso a criação de
gado bovino e de suínos é muito desenvolvida. A Romagna, com a cozinha
simples de camponeses, apresenta ervas, caças e animais de pequeno porte e
peixes de água doce do rio Pó e do mar Adriático, além dos vinhos Sangiovese
e Trebbiano.
As causas de tais diversidades se devem à história de cada uma das regiões.
A Emilia viveu quase oito séculos em uma situação de autonomia antes da
unidade da Itália, com um esplendor nos séculos XIV e XV, durante a
Renascença, devido à presença no território emiliano de potentes famílias que
contribuíram, através da preparação de banquetes aos quais eram convidados
cozinheiros de excelente fama, a desenvolver uma rica gastronomia. Também é
sinônimo de uma cozinha de abundância e fartura.
De outro lado, a Romagna viveu um longo período de dominação do Estado da
Igreja, que não puderam dar uma contribuição à cozinha local.
Algumas produções importantes da Romagna são as piadinas, um tipo de pão
achatado e grelhado, comido com os mais variados ingredientes, e massas a
base de ovos como maltagliati, tagliolini e garganelli.
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Na Emilia, muitas são as províncias com seus produtos gastronômicos
importantes e reconhecidos artistas: Parma se orgulha do fantástico presunto
cru, do culatello, do parmigiano reggiano e da mais famosa fábrica de massa, a
Barilla. Também é cidade natal de um dos maiores compositores italianos,
Giuseppe Verdi; Bologna é criadora do mais incrível embutido, a mortadella, da
lasanha e dos tortellini; Piacenza, cidade dos tortelloni e da coppa; Ferrara, dos
vários embutidos; Rimini, apesar de não ter nenhuma especialidade
gastronômica difundida pelo mundo, é muito visitada por ser terra natal do
cineasta italiano mais famoso, Federico Fellini; Modena é a cidade do zampone
(pé de porco recheado), do cotechino (lingüiça de pele de porco e
condimentos) e do aceto balsamico. Modena também é muito conhecida por ser
terra natal de Enzo Ferrari, dono da indústria automobilística mais cultuada do
mundo.
O aceto balsamico, nasceu no período medieval como uma substância
medicinal, daí o nome balsâmico, e começou a ser usado como condimento na
cozinha de Modena depois de 1400.
Os verdadeiros vinagres balsâmicos, chamados tradizionale, não as misturas
industriais de vinagre, caramelo e aromatizantes, são feitos em cantinas ou
sótãos nos quais são envelhecidos sob variações climáticas intensas, do inverno
rígido ao verão abafado e úmido.
Feito a partir do mosto de uvas brancas Trebbiano, que é cozido, concentrado e
depois misturado a uma parte de vinagre antigo, a madre. O aceto é
acondicionado e transferido em vários barris de diversas madeiras, de
diferentes tamanhos, conforme sua evaporação, e são acrescentadas, ou não,
algumas especiarias como cravo, noz moscada, canela ou alcaçuz, dependendo
da receita de cada acetaia, nome do local onde é produzido. É envelhecido por
no mínimo 12 anos, podendo chegar a 50! Um vidro de 100 ml desse néctar
pode custar mais de 150 euros. Esse líquido de incrível consistência viscosa e
sabor agridoce é usado para condimentar as mais variadas produções, desde
saladas, molhos e carnes a sobremesas.
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A Emilia-Romagna é a região italiana que possui o maior número de fábricas de
produtos alimentícios, seja para atender o consumo interno, seja para o
externo. Junto com a Puglia e a Campania, é a maior produtora de produtos
agrícolas como tomate, beterraba para açúcar, feijões e ervilhas.
Paraíso das massas, onde também são feitas as de grano duro, as pastas
frescas all’uovo são as mais presentes, fato de origem histórica que denota a
riqueza da região. A fantasia dos seus habitantes não tem limite e a quantidade
de massas, sejam recheadas ou não, são mais de 300. Feitas com a farinha
mais fresca possível, com a adição de ovos ou somente gemas. Ravioli,
tortellini, agnolini, cappelletti, tortelli, agnolotti, garganelli, passatelli,
strozzapreti.
Bologna cultua a comida gorda e de preparo prolongado, a boa comida. Comida
de dieta é considerada intragável. Massas, presunto, derivados de suínos,
laticínios. Comer bem para os bolonheses é uma prioridade. Por mais
contraditório que possa parecer no nosso mundo moderno, dizem que as
mulheres mais bonitas e elegantes de toda a Itália são encontradas em
Bologna.
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Mais alguns exemplos de pratos da Emilia-Romagna:
Ravioli
Massa recheada com assado de carne e parmigiano ou com miolo de pão, ovo e
verduras.
Gnocchi Fritti
Gnocchi fritos.
Crespelle
Massa similar ao crepe, recheado de espinafre e ricota fresca.
Tagliatelle Verdi con Prosciutto
Massa fresca com ovos e espinafre, cortada em tiras, condimentada com
presunto cru em cubos salteados na manteiga.
Chizze
Focaccia recheada de parmigiano e frita em banha de porco.
Densissime
Sopa feita com 10 variedades de peixes.
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MASSA SECA E FRESCA
Os italianos são os maiores consumidores de massa do mundo, com uma média
de 28 kg ano por habitante. No sul o consumo é ainda maior, 40 kg! Na Itália, a
“pasta”, assim como as sopas, risottos e a polenta, faz parte dos chamados
“primi piatti”, primeiros pratos. É servida após os antepastos, ou entradas, e
antes dos pratos à base de carnes. Em alguns jantares importantes, em que
são servidos diversos pratos, entre eles mais de uma massa, estas devem ser
servidas em ordem crescente de sabor, ou seja, das mais suaves para as de
sabor mais intensos.
Existem controvérsias sobre a origem da massa. Alguns dizem que é originária
da China e foi trazida para a Itália pelo navegador veneziano Marcopolo.
Outros, que foi introduzida na Sicília, no século XII, durante a dominação
árabe, que utilizavam a técnica de secar a massa de trigo e água para consumi-
las na travessia de desertos. O nome “maccarone”, que no sul ainda pode ser
usado para nomear qualquer tipo de massa, deriva da palavra “maccari” que
significa “amassar o empasto com força”. Os primeiros documentos históricos
que descrevem a massa são de 1154, que diz que na cidade de Trabia, a 30 km
de Palermo, capital da Sicilia, existiam muitos moinhos onde eram feitos uma
massa de trigo e água, chamada Itrya, que, depois de seca, era exportada para
toda a região do mediterrâneo, seja para os povos muçulmanos, seja para os
católicos. No entanto, existem, ainda, os que acreditam que ela surgiu na
antiga Roma, com o chamado laganum, semelhante ao tagliatelle.
A verdade é que a forma como a massa é apresentada hoje, que nada tem que
ver com as massas orientais, foi um processo de evolução que aconteceu em
diversas regiões da Itália, inicialmente na Sicilia, Napoli e Genova, e depois em
todo o norte e na Puglia.
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A pasta, como é chamada na Itália, é, portanto, o resultado do processo de
mistura e sova da farinha, de trigo ou sêmola, com algum elemento líquido,
seja água ou ovos, até a obtenção de uma massa lisa e uniforme, que deve ser
cortada no formato desejado, recheada ou não, seca ou não, e depois cozida
em abundante água fervente e salgada.
TIPOS DE FARINHA
Antes de falar sobre a preparação da massa, devemos conhecer os tipos de
farinha adequados para sua preparação. Obs: essa é a nomenclatura existente
na Itália.
• Grano Tenero (macio) 00: contém mais glúten, é mais refinada e mais
clara.
• Grano Tenero 0: é mais refinada e um pouco mais úmida.
• Grano Tenero Smart: tem muito menos glúten, bem mais refinada e
menos úmida.
• Grano Duro (sêmola): contém pouquíssimo glúten.
• Grano Duro Smart: mais refinada.
Para obter-se a farinha, deve-se moer os grãos de trigo e peneirá-los. O
primeiro produto obtido é a farinha 00, que por ser mais fina, tem menos
nutrientes do trigo, tendo assim maior porcentagem de glúten. O restante, a
segunda farinha, é a 0, que é menos fina, tendo assim maior quantidade de
outros componentes, sendo mais rica em nutrientes, porém mais pobre em
glúten. A sêmola é obtida da mesma forma, mas a planta é um pouco diferente
do trigo, mais alta e amarelada.
Para a produção de massas, o glúten não é tão importante quanto para os
pães, logo o ideal é usar a farinha 0 ou a sêmola ou, ainda, balanceando a
combinação das duas. A sêmola dá sabor e textura, resistência, para massas
secas enquanto a 0, de grão macio, é boa para massas frescas e recheadas.
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OVO
Para a produção de massas, é importante sabermos qual a ação que a gema e
a clara tem sobre o produto final.
• Gema: sabor, maciez e coloração.
• Clara: rigidez.
Logo, para massas secas, o uso do ovo deve ser pouco ou nulo e para massas
frescas, deve ser usado o ovo, com quantidade maior de gemas para massas
recheadas em relação às frescas sem recheio, que necessitam de maior
resistência.
MASSA SECA
Representa ¾ da produção de massa na Itália. São feitas com farinha de grano
duro (semolina) e água. Em alguns casos podem ser acrescentados ovos. São
feitas com auxílio de máquinas, sendo quase impossível sua confecção à mão,
pois é uma massa muito dura, seca e difícil de trabalhar. Usam-se secadoras
para que a umidade da massa, depois de confeccionada, chegue a 7% e se
conserve por muito tempo.
São divididas em algumas categorias:
Massas longas
Redondas: vermicelli, spaghetti;
Furadas: bucatini, ziti;
Retangulares ou lente: trenette, linguine;
Largas: lasagne, reginette;
Largas em ninhos: pappardelle;
Finas em ninhos: capellini, tagliolini, fettuccine.
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Massas curtas
Longas: rigatoni, sedani, fusilli, penne, garganelli;
Médias: pipe, conchiglie, ditali, orecchiette;
Para sopas: stelline, ditalini.
São divididas, ainda, em mais duas categorias:
Lisas, mais leves;
Rigate (estriadas) que retêm maior quantidade de molho.
Consideradas também características da produção:
Feitas com moldes de aço, que deixa a massa mais lisa;
Feitas com moldes de bronze, ficando mais porosa, possibilitando maior
absorção do molho.
MASSA FRESCA
São consideradas massas frescas com ovos, quando feitas com pelo menos 4
ovos por quilo de farinha. São produzidas à mão ou com auxílio de masseiras,
neste caso a quantidade de ovos pode ser diminuída. A regra básica é a
utilização de um ovo para cada cem gramas de farinha de trigo, porém existem
inúmeras variações em relação à quantidade de gemas presentes na sua
composição. Pode-se, ainda, colorir a massa utilizando açafrão, nero di seppia,
ervas ou purê de vegetais, como cenoura, beterraba, tomate, espinafre. Existe
também a massa fresca sem a adição de ovos, feita com água.
No caso de massas recheadas, este deve ser sempre bem enxuto, controlando
a umidade, se necessário, com farinha de rosca, purê de batata desidratado ou
ainda arroz.
O melhor método de conservação da massa fresca recheada é fazer uma pré-
cocção, resfriar, untar com alguma gordura e refrigerar ou congelar.
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Deve-se tomar cuidado com a espessura da massa no momento da produção,
pois, quando cozida, ela aumenta consideravelmente. Normalmente, as massas
frescas necessitam de 4 vezes menos tempo de cozimento do que as secas.
Alguns exemplos: tortellini, ravioli, agnolotti e cannelloni.
Curiosidades:
• O gnocchi não é considerado uma massa, pois o ingrediente principal
não é a farinha e sim a batata. A farinha é um ingrediente que serve
para unificar e dar um pouco de consistência à preparação.
• As massas secas devem ser sempre al dente, resistentes à mordida, ao
contrário, as massas frescas são leves e devem “flutuar” na boca, o que
não quer dizer que devam ser cozidas demais, isso deve-se ao fato de
terem abundante quantidade de ovos na massa, que dá a característica
de maciez.
• Massa engorda? Não! 100g de massa seca crua tem 325 calorias,
enquanto a fresca tem 365. O molho é que deve ser considerado para
quem está de dieta. A massa com um molho de baixo teor calórico pode
ser considerada um prato de dieta. Do ponto de vista nutricional, é um
alimento completo, já que é grande fonte de carboidrato, e os lipídios,
vitaminas e proteínas são complementados pelos molhos que a
condimentam.
COMO COZINHAR MASSA
A receita é muito simples: para cada 100g de massa, deve ser colocado 1 litro
de água e 10 gramas de sal. Porém, nunca use menos de 3 litros de água,
mesmo para pequenas quantidades de massa, pois ela deve ter espaço para se
movimentar e ter uma cocção uniforme, além disso, nunca cozinhe mais que
um quilo na mesma panela. A água deve ser salgada depois que entrar em
ebulição e a massa deve ser adicionada depois que voltar a ferver. Ao colocar a
massa, tampe a panela para que a água volte a ferver rapidamente, depois
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continue a cocção com a panela destampada. Assim que a massa for colocada
na panela, ela deve ser mexida para não grudar e, depois, deve-se mexer de
vez em quando. Massas longas, como spaghetti ou pappardelle, nunca,
NUNCA, devem ser quebradas ou cortadas, seja no momento da cocção, seja
no prato. A cocção deve realizar-se sempre com fogo bem alto para que a água
ferva sempre. Dependendo do tamanho da massa, ou se é fresca ou seca,
precisará de um determinado tempo de cozimento, o importante é que ela
esteja sempre, SEMPRE AL DENTE!
O MOLHO CERTO PARA CADA TIPO DE MASSA
Esse é um ponto em que vários cozinheiros discordam, porém em alguns
pontos são unânimes:
• Massas frescas recheadas necessitam de molhos muito leves, como
manteiga e sálvia, ou de tomates frescos, para que não mascarem o
sabor do recheio. Devem no máximo complementarem-se.
• Massas frescas longas e finas, como tagliollini, levam, também, molhos
leves que não “afoguem” a massa. As mais largas, como tagliatelle,
podem receber molhos mais encorpados e pedaçudos.
• As massas secas são muito mais versáteis, devido à neutralidade do seu
sabor. Devemos respeitar, porém, algumas regras: quanto maior a
capacidade de reter molho, maior deverá ser a quantidade de molho
usado. Normalmente são usadas em molhos nos quais é utilizado o
azeite.
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TOSCANATOSCANATOSCANATOSCANA
OBJETIVOS DA AULA
� Conhecer características históricas, geográficas e gastronômicas da
Toscana;
� Conhecer a importância do Renascimento no contexto gastronômico
italiano e europeu;
� Analisar a influência de Caterina di Medici no cenário pós medieval
francês;
� Reconhecer o começo das características mediterrâneas na alimentação
meridional italiana;
� Identificar os principais produtos da região.
TERMOS CHAVE:
� Bruschetta � Lardo � Pão � Vinho Santo
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A Toscana é uma das maiores, importantes e lindas regiões italianas, pelo seu
patrimônio histórico, artístico, econômico, cultural e paisagístico. Berço da
língua italiana.
Situada na Itália central, faz fronteira ao noroeste com a Liguria, ao norte com
a Emilia-Romagna, ao leste com Marche e Umbria, e ao sul com o Lazio.
A beleza da terra toscana. Começo das características mediterrâneas. Colinas
doces trabalhadas geometricamente em vinhedos e plantações, casas de
camponeses, extremamente corteses, que parecem obras de arte. Tudo é
simples, preciso, linear e belo. Os toscanos são bem humorados e prestativos,
muito diferentes da diplomacia dos torineses. Possuem um amor pela sua terra
e tradições difícil de encontrar em outras regiões, apesar de marca onipresente
em todas. Esse sentimento gerou a maior rivalidade entre as cidades que se
possa imaginar. Os habitantes de Pisa odeiam os de Livorno e Firenze. Os de
Livorno odeiam os Pisanos e Fiorentinos... e os de Firenze... também, claro.
Terra de origem do movimento cultural que marca o fim da idade média, o
Renascimento. Associado ao humanismo, teve o interesse crescente entre os
acadêmicos europeus pelos textos clássicos, em grego e latim, das civilizações
da Grécia e da antiga Roma, dos períodos anteriores ao triunfo do Cristianismo
na cultura européia e das invasões bárbaras.
No século XVI encontramos, paralelamente ao interesse pela civilização clás-
sica, um menosprezo pela Idade Média, associada a expressões como
“barbarismo”, “ignorância”, “escuridão”, “gótico” ou “sombrio”. A vida cultural
deixou de ser controlada pela Igreja Católica e foi influenciada por estudiosos
da antiguidade greco-romana. Os três mais influentes artistas renascentistas
foram Leonardo da Vinci, Michelangelo Buonarroti e Rafael Sanzio. Hoje, a
Toscana, é o local com maior concentração de obras de arte renascentistas -
pinturas, esculturas e impressionantes preciosidades arquitetônicas.
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Na gastronomia, servir refeições criativas e bonitas passou a ser uma
obrigação. Passa-se a usar maciçamente a carne cortada – o que embeleza os
pratos e garante certa fineza e delicadeza -, principalmente a de boi e vitela,
menos usada no período medieval. Os chefs renascentistas tinham verdadeira
paixão pelos miúdos, tanto de aves como de animais de grande porte, além de
peixes (ovas). Tudo é aproveitado e transformado em iguarias gastronômicas
refinadas, o que claramente separa os grandes cozinheiros da época de seus
antecessores medievais – passa-se a aproveitar as cabeças especialmente de
novilho, peru e cabrito, dos quais se usa praticamente tudo: língua, focinho,
miolos, bochechas, orelhas, o céu da boca e finalmente os olhos. O uso maciço
de molhos, agora mais refinados, à base de frutas e de ervas aromáticas,
engrossados com pão moído ou pão torrado, farinhas, amêndoas trituradas ou
ovos, e perfumados com misturas comedidas de especiarias. Há uma grande
quantidade de cozidos e guisados ao lado do florescimento extraordinário das
massas. Frutas e cítricos são usados como elementos aromatizantes básicos, e
a fruta in natura, de forma geral, adquirirá uma posição proeminente entre as
comidas servidas como entrada e saladas.
A cozinha do Renascimento foi marcada pelo cuidado com os detalhes, pela
valorização da harmonia, tal como ocorria com as outras artes. Isto implicava,
dentre outras reações, na rejeição aos banquetes extravagantes da Idade
Média e ao exagero no uso de especiarias. Não se vê, por exemplo, receitas
com pássaros exóticos e purês com múltiplos sabores, mas cortes de carne
mais bem definidos, assados ou preparados em cozimento lento, reduções à
base dos sucos obtidos na cocção e fundos aromatizados com cogumelos,
amêndoas e trufas. Começaram a aparecer os livros de culinária e, em fins do
século XVI, cozinheiros italianos espalharam-se pelo mundo divulgando essa
arte.
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A Família Medici teve grande influência na Toscana entre os sec. XV e XVII,
com 4 papas e duas rainhas da França. Em 1533, quando Caterina di Medici foi
para a França casar-se com Enrico II, levou consigo uma grande quantidade de
cozinheiros. Ela era cética quanto à cozinha francesa, que acreditava que
ingredientes caros e exóticos eram melhores e mais nobres que aqueles
regionais e frescos, e ainda se baseavam na ideologia medieval gastronômica.
Os pratos eram extremamente condimentados, cozidos e elaborados ao ponto
de ninguém saber ao certo o que se estava comendo. Sua chegada mudou
completamente esse cenário gastronômico. Ela introduziu a seqüência de pratos
- entrada, primo, secondo, etc -, mudando o cenário atual de servir-se tudo, até
os doces, ao mesmo tempo. Levou elegância e bom tom à mesa. Introduziu
delicados copos de vidro veneziano, pratos de cerâmica e também o garfo.
Inseriu pratos refinados como guisados, braseados, galantines e sorbês, além
de verduras e alcachofras. Quem queria seguir os bons costumes na França,
seguia Caterina. A ela se devem os princípios de uma cultura gastronômica de
grande influência.
Apesar da influência do Renascimento e do desenvolvimento da cozinha
toscana, proporcionados por famílias ricas e importantes, hoje ela é
rusticamente simples, baseada na cozinha camponesa, mas muito exigente
quanto se trata de matéria prima e métodos de cocção. Aqui tudo se faz na
brasa, mas não é qualquer brasa. Para cada tipo de alimento, usam-se
diferentes tipos de lenhas, que conferem sabores específicos. Cozinha-se desde
a Bisteca alla Fiorentina a peixes do rio Arno, passando por funghi. Amam tudo
que é aromático e fresco, que chega ao prato ainda crocante, cru. As ervas são
usadas em abundância em pratos que são regados com óleo de oliva. Óleo que
é considerado dos melhores desde a antiguidade. Os Medici, que governaram
Firenze, obrigavam que todos os anos algumas oliveiras fossem plantadas nos
olivários. Considerando que essas árvores vivem 400 anos ou mais, até hoje
usufruímos dos frutos desse período. As características do azeite dependem
muito do terroir. Nas regiões onde o clima é temperado, normalmente próximas
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ao mar, ele é mais delicado e redondo, enquanto em locais de colina, com
temperaturas mais baixas, que não permitem um total amadurecimento das
azeitonas, seu sabor é forte, frutado e levemente amargo.
A cozinha toscana não apresenta gordura animal, molhos, recheios, especiarias,
nem mesmo sal em algumas preparações. As ervas são utilizadas em
abundância nos pratos, tanto para temperar, como para fins medicinais. O
pecorino, queijo também encontrado na Toscana, tem sabor especial devido à
abundante alimentação com ervas feita pelas ovelhas. As verduras têm um
papel de primeiro plano. A variedade de funghi é enorme e existe até mesmo
tartufo que faz frente ao de Alba.
A Bisteca alla Fiorentina, famoso corte bovino com pelo menos 450 gramas,
chegando a 1,5 kg, não tem sal e leva apenas azeite, sendo rapidamente selada
sobre a brasa, e consumida quase crua, tamanha a maciez. A ausência do sal é
marca da época, no século XII, em que, no auge da rivalidade entre Pisa e
Firenze, os pisanos proibiram a entrada de sal para os fiorentinos. O pão sem
sal é insípido, mas faz ressaltar a sapidez dos embutidos, queijos e presuntos
crus. Os toscanos amam o pão como em nenhum outro lugar da Itália. Comem-
no pela manhã, embebido no café com leite, antes do almoço fazem a
Bruschetta - chamada de Fettunta na região - com tomates, pasta de azeitonas,
fígado de frango ou simplesmente azeite. A Panzanella é uma salada em que o
pão é o ingrediente principal, a Ribollita e a Pappa al Pomodoro são caldos
engrossados com pão. Até o doce típico de Siena se chama pão, o Panforte de
Siena, redondo, cheio de especiarias, mel, frutas secas, amêndoas e frutas
cristalizadas. O pão também é usado como acompanhamento para massas,
carnes e sopas. Aliás, diferente de outras regiões italianas, o pão é a mais
importante fonte de carboidrato, sendo que a massa e o arroz vêm em segundo
plano.
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A carne de boi tem destaque, mas o cordeiro tem papel fundamental, sendo
difícil encontrá-lo com tamanha qualidade em outros lugares. O porco também
é extremamente utilizado devido à sua criação muito simples, seja ao ar livre,
seja confinado. São feitos salames especiais, presuntos crus e o maravilhoso
lardo di Colonnata. As carnes de caça estão bastante presentes, como a de
lebre, coelho, pombo, faisão e javali.
A costa marítima tem grande importância na gastronomia, como na cidade de
Livorno, onde existe o Cacciuco, sopa feita com diversos tipos de peixes, frutos
do mar, tomates, servido sobre uma fatia de pão tostado.
Mais algumas produções da Toscana:
Pappardelle Aretine
Massa de largo formato, condimentada com molho de pato. Existem também
versões com pedaços de peixes.
Trippa alla Fiorentina
Estômago cortado em fatias finas, cozido com azeite, ervas, tomate e
manjericão.
Tonno Del Chianti
Apesar do nome, de atum (tonno) não tem nada. É feito com carne de vitello,
cozido em vinho e depois submerso em azeite. Por incrível que pareça, a
produção tem um sabor de peixe intenso.
Tordelli
Massa em forma de meia lua, recheada com carne de vitela, queijo pecorino,
ovos e especiarias. Geralmente são temperados com um ragù de vitela.
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Ribollita
Sopa densa de feijões, pão, cavolo nero. Seu nome significa cozida pela
segunda vez, pois é preparada na véspera para que adquira maior sabor e
fervida novamente antes de ser consumida.
Triglie alla Livornese
Trilhas com azeite, alho, salsinha, tomates, aipo, sal e pimenta.
Agnello alla Cacciatora
Guisado de cordeiro cortado em pedaços e cozido com azeite, alho, cebolas,
tomates e vinho branco.
Castagnaccio
Espécie de torta à base de farinha de castanhas, água e pouco azeite.
Geralmente é recheada com pinoli, uva passa e alecrim.
Cavalluci
Biscoitos em forma de losangos típicos de Siena, à base de farinha, nozes, zests
cristalizados de laranja, anis e canela.
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MARCHE E UMBRIAMARCHE E UMBRIAMARCHE E UMBRIAMARCHE E UMBRIA
OBJETIVOS DA AULA
� Conhecer características históricas, geográficas e gastronômicas de
Marche e Umbria;
� Identificar os principais produtos e produções das regiões.
TERMOS CHAVE:
� Porchetta
� Brodetto
� Norcineria
� Tartufo Nero
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Marche é uma região da Itália central, cuja capital é Ancona, e que faz divisa
com a Emilia-Romagna, a Toscana, a Umbria, o Abruzzo, o Lazio e com o Mar
Adriático. Berço de Giacomo Leopardi, um dos maiores poetas italianos de
todos os tempos, de Gioacchino Rossini, compositor que colocou a Itália na
vanguarda mundial da ópera clássica, autor de “Il Barbieri di Siviglia”, e de
Rafael, um dos maiores nomes do Renascimento.
A região representa um ponto de encontro entre a gastronomia do norte e sul
da Itália. Com sabores fortes e marcantes, em que se sobressaem as carnes,
entre as quais a Porchetta, preparada seguindo antigas tradições. É um leitão
inteiro, desossado, recheado com ervas, sal e pimenta do reino, assado e
servido fatiado. Especialidade cuja origem é contestada entre as regiões do
centro da Itália. Aliás, a denominação “porchetta” vem associada a diversos
pratos, de pescados ou carnes de caça, que utilizam, como elemento
importante na sua composição, produtos de origem suína, como pancetta ou
presunto cru.
A região marítima produz uma grande variedade de pescados, consumidos,
normalmente, condimentados com ervas e azeite. Porém, a maior expressão da
cozinha do mar é o “Brodetto di mare”, prato preparado com muitas variedades
de peixes, que cada cidade marchigiana tem sua própria versão. Este prato
nasceu como alternativa dos pescadores aos peixes pequenos ou de baixa
qualidade que pescavam e não tinham valor de mercado. Eles uniam todas
essas “sobras” à água do mar, vinagre, azeite e cozinhavam, em alto mar, essa
sopa substanciosa. Hoje o prato é bastante apreciado também em terra,
possuindo variações nos lugares em que são produzidos. O Brodetto
all’Anconitana (de Ancona) é o mais tradicional, utilizando de nove a treze
variedades de peixes e temperado com tomate, cebola, salsa, alho, vinagre e
azeite. O Brodetto Portorecanatese (de Porto Recanati) é amarelo-ouro, pois
leva açafrão. No Brodetto de Porto San Giorgio é utilizada pimenta malagueta,
sendo muito picante. Esses são apenas alguns exemplos, já que cada cidade
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tem sua variação, existindo até a Academia Del Brodetto, responsável pela
preservação de cada receita.
Muito típicas são as azeitonas de Ascoli, gigantescas e suculentas, que possuem
uma fama antiga de séculos. Eram consumidas pelos antigos romanos e os
cartaginenses as saquearam, quando chegaram nesta região, depois de atra-
vessarem os Alpes. Com elas, é produzido um dos mais famosos pratos
marchigiani: “Le Olive all’Ascolana”, azeitonas recheadas, empanadas e fritas.
Suas massas sofreram muita influência da vizinha Emilia Romagna, sendo
produzidas com ovos e gratinadas. Um exemplo disso é um dos pratos mais
famosos da região, o Vincisgrassi, um tipo de lasagna com um molho preparado
com as sobras dos animais, normalmente aves, usando todos seus miúdos,
pescoço e cristas, adicionado de um rico batutto e tomates maduros. A massa é
feita de ovos, semolina, manteiga e vinho cozido, adquirindo uma maciez
particular, que dá característica ao prato.
A grande produção da panificação de Marche é a Crescia, semelhante à Piadina
Romagnola. A versão de Urbino é rica em banha e, depois de assada, fica bem
dourada e crocante, consumida com linguiça, ervas, presunto ou queijo. Em
Ancona, é preparada na grelha, sobre brasas. Mais ao sul de Marche, a crescia
é mais alta, semelhante a uma focaccia, porém recheada.
Os queijos marchigianos, como a maioria dos queijos das regiões centrais e sul,
são feitos com leite de ovelha.
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Mais algumas produções de Marche:
Coniglio in porchetta
Coelho assado envolto em pancetta.
Frescarelli
Spaghetti grosso caseiro feito com pão e ovos, cozido em água e condimentado
com alho e pecorino.
Frittata con la mentuccia
Fritada com menta, típica da Páscoa e que pode ser “enriquecida” de água
benta.
Stoccafisso all'anconitana
Bacalhau com tomate e filés de alice.
Migliaccio
Torta doce cuja base é sangue de porco cozido adicionado de baunilha, uvas
passas e pinoli.
Cremini
Cubos de crema pasticcera empanados e fritos.
Bostrengo
Torta doce de arroz, mel e cítricos.
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Umbria, uma das menores regiões italianas e a única da Itália peninsular que
não tem saída para o mar. Cravada entre os Apeninos, faz divisa ao noroeste
com a Toscana, a leste e nordeste com a região Marche, e a sul e sudoeste
com o Lazio.
Conta com as mais lindas e bem conservadas cidades medievais, em que se
pode ainda “respirar” a atmosfera dos séculos passados e de uma época que
deixou uma lembrança viva até hoje, que se renova todos os anos com as inú-
meras festas e torneios medievais, como tiro com a “besta”, corridas a cavalo e
outros eventos espetaculares.
Um aspecto muito marcante da região é a religiosidade. Basta dizer que na
Umbria nasceu San Francesco di Assisi (São Francisco de Assis), a Santa Chiara
(Santa Clara) e a San Benedetto da Norcia (São Benedito), todos fundadores de
ordens religiosos (Franciscanos, Clarissas e Benedetinos), além de Santa Rita da
Cascia (Santa Rita de Cassia), San Valentino (protetor dos namorados), Santo
Ubaldo, Santa Chiara de Montefalco, San Feliciano, San Ruffino e outros menos
conhecidos.
A gastronomia desta região pode ser dividida, principalmente, com base em
duas províncias: a “perugina” (de Perugia) e a “ternana” (de Terni).
Perugia é uma terra muito generosa em produtos especiais e caças, porém se
caracteriza por ter uma cozinha simples e de sabores marcantes. O cultivo da
oliveira para a produção de azeite é uma atividade aprimorada durante séculos
de experiência e tradição, e o resultado não poderia ser outro senão a máxima
qualidade. L’Olio extravergine d’Oliva Umbro DOP, é riquíssimo e muito
aromático.
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Seu território montanhoso favorece o cultivo de cereais e leguminosas como o
farro e as famosas lentilhas de Castelluccio IGP. Em Norcia também são
encontrados os prestigiados tartufi neri (trufas negras), usados para
condimentar molhos, massas, recheios de tortas, frittatas, carnes de caça, etc.
Os embutidos na Umbria, em especial em Norcia, são de excelente qualidade e
seus mestres na arte de produzí-los são considerados os melhores de toda a
Itália, tanto que “Norcino”, palavra que designa um habitante desta cidade, é
também sinônimo desse profissional. São produzidos curados e embutidos
como o Barbozzo (similar ao Guanciale), Mazzafegati (embutido de fígado de
porco, bastante picante) e o sensacional Prosciutto di Norcia IGP, produzido da
mesma forma desde os antigos romanos, usando porcos que foram alimentados
exclusivamente com bolotas que dão sabor e textura sublimes, diferente de
qualquer outro presunto italiano.
Apesar de não ter saída para o mar, a região tem forte cozinha de peixes,
porém de água doce, provenientes de um dos maiores lagos italianos, o lago
Trasimeno. São consumidos grelhados, assados ou em forma de maravilhosas
sopas.
Em Perugia foi fundada a fábrica Perugina, criadora do encantador bombom
Bacio Perugina. Aliás, a cidade é a capital europeia do chocolate, pelo menos
entre os dias 17 e 25 de outubro, com a Eurochocolate, a maior feira deste tipo
na Europa.
Na cozinha “ternana” se acham sabores ligados a tradições da antiga Roma e
da Idade Média, com o uso de grelha e espetos para produzir carnes, como as
de vitello, cordeiro, cabrito e, sobretudo, porco e javali. Essa cocção é típica do
período da Idade Média, quando se assavam na brasa, em grades lareiras nos
castelos, carnes de todo o tipo para o preparo de suntuosos banquetes.
CURSO DE TECNOLOGIA EM GASTRONOMIA COZINHA ITALIANA
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Muitos são os pratos que ainda hoje utilizam esta técnica de cocção, um
exemplo são os “Palombacci”: pombos selvagens assados no espeto e
acompanhados por um molho preparado com vinho tinto, azeite, pancetta ou
presunto cru, alcaparra, vinagre, azeitonas, anchovas, cebola, alho, cravo da
Índia, zimbro, sálvia e suco de limão.
Mais algumas produções da Umbria:
Gnocchi al sugo d'oca
Gnocchi de batata com molho de ganso.
Pappardelle al cinghiale
Pappardelle com ragù de javali.
Strangozzi
Massa parecida a um tagliatelle, porém mais curta e larga, muito consumida
com molho de trufas negras.
Salsicce con lenticchie
Linguiças com lentilha, cozidas no molho de tomate.
Spiedini di granocchia
Espetinhos assados de rã.
Parmigiana di gobbi
Muito parecido com berinjela à parmigiana, porém feito com cardo no lugar das
berinjelas.
Pinocchiate
Doce feito com açúcar e pinoli, que pode levar cacau, consumido no Natal.
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LAZIOLAZIOLAZIOLAZIO
OBJETIVOS DA AULA
� Conhecer características históricas, geográficas e gastronômicas do
Lazio;
� Conhecer a influência e importância do império romano para a cultura e
gastronomia italiana e européia;
� Reconhecer a valorização da matéria prima, seja de origem animal ou
vegetal, dentro da dieta italiana;
� Identificar os principais produtos da região.
TERMOS CHAVE:
� Quinto Quarto � Hortaliças � Alcachofras � Bartolomeo Scappi
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CURSO DE TECNOLOGIA EM GASTRONOMIA COZINHA ITALIANA
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Região central cuja capital é Roma, que também é capital da Itália. Faz divisa
ao noroeste com a Toscana, ao norte com a Umbria, ao nordeste com Marche,
ao leste com Abruzzo e Molise, ao sudeste com a Campania e ao oeste com o
mar Tirreno. Dentro da região Lazio há o pequeno território do Estado do
Vaticano.
Diferente do que se possa imaginar, fora de Roma, a região é pobre e
desprovida de riquezas naturais.
A gastronomia do Lazio se manteve inalterada nos últimos séculos, preservando
muito sua originalidade, e está baseada na cozinha da cidade de Roma. Ao
contrário do que aconteceu em regiões como a Toscana, que elaborou novos
pratos a partir de ingredientes e técnicas diversas, Roma manteve-se apegada
às tradições culinárias antigas, baseadas em produtos exclusivos da região, e
influenciada pelo estado papal.
Porém, a história antiga de Roma é diferente. Antes do Império Romano, os
habitantes de Roma consumiam basicamente algo semelhante a uma papa feita
de cereais muito cozidos até se desmancharem, aos quais eram acrescentados
cebola e alho. Ovos, queijos, carne suína e de aves eram os pontos altos das
poucas famílias mais ricas.
Com as conquistas de novas regiões pelo Império Romano, novos hábitos
alimentares foram assimilados. Da Sicília, que fora colônia grega, os romanos
aprenderam a dieta mediterrânea e a arte grega dos banquetes. Foram os
pioneiros na figura do chef de cozinha. Ter um bom cozinheiro era símbolo de
ascensão social e, para tal, costumavam contratar excelentes cozinheiros
sicilianos para incríveis banquetes.
CURSO DE TECNOLOGIA EM GASTRONOMIA COZINHA ITALIANA
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A valorização dos ingredientes era enorme e a gastronomia muito rica. De
maneira geral, pode-se dividir a alimentação dos romanos em duas categorias:
no almoço, era feita uma alimentação mais frugal, baseada em legumes,
verduras e frutas - a defesa da frugalidade baseava-se na valorização simbólica
de certos alimentos, relacionados a uma vida saudável e, por extensão, a uma
sociedade menos viciosa. A agricultura era considerada como marco
civilizatório: o homem produzia seus próprios alimentos, graças ao processo de
domesticação das plantas, controlando a natureza, o que se opunha à caça e à
pecuária, próprias do espaço selvagem, da natureza.
Já no jantar, ocorriam grandes eventos, muitas vezes de escala gigantesca e
teatral, onde se consumiam alimentos vindos de toda a Itália, da Grécia, do
Oriente Médio, do Egito e da Índia. Os mais ricos cultivavam plantas e criavam
animais de origem estrangeira, sempre visando suprir, com essas matérias
primas, seus enormes banquetes.
Como povo conquistador de terras, os romanos traziam mais riquezas para
Roma, o que aumentava também os excessos à mesa. Um banquete se
compunha de três partes: na primeira era servido o gustatio, composto de
saladas e pequenos pratos equivalentes aos antipastos de hoje; em seguida,
servia-se o mensae primae, etapa principal composta dos pratos mais
consistentes; por último, servia-se o mensae secundae, composto de doces,
bolos, frutas frescas e secas. Nas mesas romanas era comum aparecer frangos,
patos, gansos, galinhas d’angola e pavões, pássaros silvestres como codornas,
perdizes, gralhas, avestruzes, flamingos e garças, além de peixes, rãs,
mexilhões, ouriços e ostras.
Durante os banquetes romanos, os convidados comiam tanto que ficavam
indispostos, por isso era preparada uma sala especial a que chamavam
vomitório. Depois de esvaziado o estômago, voltavam para a sala de jantar e
continuavam a comer!
CURSO DE TECNOLOGIA EM GASTRONOMIA COZINHA ITALIANA
74
Utilizavam muito o “garum” que era uma espécie de molho obtido a partir da
fermentação, feita ao sol (durante cerca de dois meses), dos interiores de
peixes, de preferência atum e cavala, aos quais eram adicionados sal. Era
usado em praticamente todos os pratos. Nota: Este produto não possui
qualquer equivalente na moderna cozinha européia. Considera-se que os
molhos de peixe da culinária do sudeste asiático possam ser aquilo que mais se
assemelha ao antigo “garum”.
Nestes banquetes romanos já observavam-se rigorosas regras de precedência
entre os convidados. O anfitrião sentava-se ao centro da mesa e, à sua direita,
o convidado de honra, como ainda hoje é praxe em nossas mesas. Foi o início
dos princípios de etiqueta.
Já a alimentação dos habitantes comuns de Roma, era muito parecida com a de
hoje em dia, baseada em vinho, pães, carnes e legumes.
Pela proibição do fogo dentro de casa, devido ao medo de incêndios, era
comum o consumo de pratos frios ou o hábito de alimentar-se em tavernas.
Além disso, com o tempo, a cidade se tornou uma imensa população de
visitantes e, como em pouquíssimos lugares, o número de homens era muito
maior que o de mulheres, logo, muitos locais se especializaram em fornecer
pratos prontos que eram vendidos a essas pessoas, originando assim o serviço
de buffet.
O maior nome da cozinha romana, apesar da sua origem do Veneto, foi
Bartolomeo Scappi, cozinheiro que transformou a cozinha do vaticano, como
chef do Papa Julio III, em 1549, usando as normas ditadas pelo novo
renascimento. Lançou uma obra de seis volumes que até hoje é cultuada e
usada pelos cozinheiros italianos.
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Com a expansão do cristianismo, pratos foram criados e servidos para atender
os viajantes e peregrinos nas muitas tavernas que surgiram: Bavette alla
Carretiere, Spaghetti alla Puttanesca, Spaghetti all’Amatriciana, Spaghetti alla
Carbonara. Os muitos matadouros da cidade fornecem o que os comensais
chamam de o “quinto quarto”, ou seja, os interiores, vísceras ou partes menos
nobres dos animais com os quais são preparados diversos pratos, como a Coda
alla Vaccinara (rabo de boi) ou o Rigatoni alla Paiata, feita com os intestinos do
vitello.
Hoje, os romanos têm verdadeira adoração pelas massas, mais que em
qualquer lugar da Itália. São fanáticos por alcachofras, consumindo suas muitas
variedades de diversas formas: recheadas, cozidas, cruas e fritas – estas,
influência da cozinha judaica -, agridoces, com alho e hortelã ou recheadas de
carne de porco. Amam as chicórias recheadas de anchovas, aliás, todas as
hortaliças, que são consumidas em forma de saladas. Adoram as sopas ricas
com carnes e leguminosas, como a minestra de grão de bico com costela de
porco.
Ao contrário do norte, em que a gordura predominante é a manteiga, e do sul,
que é o azeite, em Roma é muito usada para a fritura a banha de porco.
Roma continua sendo uma das cidades mais visitadas da Itália, por isso é onde
existem, ao menos, 10 vezes mais bares que em qualquer outro lugar. O
cappuccino é consumido somente de manhã, mas se um turista desavisado
resolver tomá-lo depois do almoço, à tarde ou à noite, o barman fará, com
muita má vontade, mas fará.
Algumas produções da cozinha laziale:
Fiori di Zucca Farciti
Flores de abóbora recheadas com mozzarella, farinha de rosca e anchovas,
depois passadas em pastella e fritas.
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Gnocchi alla Romana
Gnocchi feitos com uma polenta de semolina, à qual, depois de fria, são
incorporados manteiga, ovos e queijo. Corta-se então a polenta em formato de
discos que são colocados sobrepostos em uma forma, polvilhados de parmesão
e levados ao forno para gratinar.
Stracciatella
Sopa preparada com caldo fervente, ao qual é adicionada uma mistura de ovos
batidos com parmigiano e noz moscada, de modo que se coagule formando fios
solidificados.
Baccalà in Guazzetto
Filés de bacalhau enfarinhados e fritos, cujo cozimento é completado em molho
de tomates com anchovas, pinoli e uvas passas.
Abbacchio alla Romana ou Abbacchio alla Cacciatora
Provavelmente o prato mais renomado da cozinha da região: cordeiro de leite
cozido com alho, alecrim, vinho branco, anchovas e pimenta vermelha.
Puntarelle con Salsa di Acciughe
Salada preparada com os jovens brotos da catalonha que se formam na parte
interna do maço. Servida crua, com molho à base alho, vinagre ou limão, sal,
pimenta e anchovas.
Crostata
Torta de massa doce assada com uma camada de geleia, geralmente de um
tipo de cereja denominadas visciole.
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CAMPANIACAMPANIACAMPANIACAMPANIA
OBJETIVOS DA AULA
� Conhecer características históricas, geográficas e gastronômicas da
Campania;
� Verificar características da dieta mediterrânea e conhecer suas origens;
� Reconhecer a importância de Napoli e suas produções no cenário
gastronômico internacional;
� Conhecer a produção da mozzarella di bufala campana;
� Identificar a influência da cultura árabe na confeitaria napolitana;
� Realizar a finalização de massas, emulsionando o molho;
� Identificar os principais produtos da região.
TERMOS CHAVE:
� Magna Grécia
� Grano Duro
� Tomate
� Pizza
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Napoli, capital da Campania, região sul da Itália, foi fundada pelos Gregos, no
período da Magna Grécia, no século VIII a.C.. Após esse período, no século III
a.C., os romanos dominaram a cidade, que depois foi dominada pelo império
bizantino, no século VI. Mais tarde, entre 1500 e 1700, a cidade foi dominada
pelos espanhóis e depois pelos franceses, até que se tornou parte do estado
italiano em 1861 com a unificação italiana.
Hoje, a cidade, com quase 1 milhão de habitantes, é conhecida por ser
barulhenta, colorida, caótica, linda. Ao pé do vulcão Vesúvio, o povo vive com
uma alegria e amor por sua cidade pouco vista em outro lugar. Concentra os
melhores alfaiates e sapateiros do mundo, herança da época em que foi um
grande reino, uma grande corte. É terra de grandes escritores e poetas,
juntamente com Palermo, na Sicilia. Exageradamente temperamentais e
hospitaleiros, os napolitanos são intensos em tudo que fazem. A vida é simples
e mais difícil que no norte da Itália, mas de uma vivacidade que deixa para trás
qualquer problema.
Esse estilo de vida tem reflexo em sua cozinha vigorosa, saborosa e simples,
reconhecida como o maior expressão da cozinha italiana. Os produtos de sabor
inigualáveis usados em seus pratos, devido à fertilidade da terra, que mescla a
lava do vulcão e as algas do mar, dispensam o uso de muitos ingredientes que
mascarem defeitos ou complementem falta de sabor. Possuem peixes e frutos
do mar espetaculares, além de grande variedade de moluscos bivalves. O trigo
de grão duro é usado para a produção de massas secas, as melhores de todo o
mundo. Região que desde os tempos antigos forneceu itens agrícolas para a
capital Roma, propiciando seu desenvolvimento.
Disso tudo, nasceu a maravilhosa cozinha napolitana, à base de legumes e
verduras, peixes e frutos do mar. Com seus incríveis tomates, que crescem ao
sopé do Vesúvio, e a inebriante mozzarella di bufala, foram criados os dois
pratos mais emblemáticos de toda a Itália: o spaghetti al pomodoro e a pizza!
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O tomate chegou à Itália vindo da América, com os espanhóis, no século XVI,
porém, durante 200 anos, foi usado apenas como planta ornamental e era
considerado fruto venenoso. Após a constatação do seu sabor é que o tomate
começou a ser usado na cozinha napolitana das mais variadas formas, como
saladas, recheado, guisado, porém nenhuma outra maneira mostra melhor suas
características que na forma de molho.
Hoje na Campania, cultivam-se inúmeras variedades de tomates, porém o mais
famoso é, sem dúvida, o San Marzano, fruto alongado, com polpa firme e
adocicada. Como são colhidos apenas no verão, para garantir sua presença nas
mesas italianas por todo o ano, desenvolveram formas de conservas dos mais
variados tipos: tomate pelado, concentrado de tomate, passata de tomate ou
polpa de tomate. Só a província de Salerno, ao lado de Napoli, processa
1.250.000 toneladas de tomates por ano. Hoje, ao lado da Emilia Romagna, a
Campania é o maior produtor e exportador desses produtos em todo o mundo.
Na província de Gragnano existem os melhores moinhos de trigo de grão duro,
com os quais são produzidas as fantásticas massas secas e pães de casca
rústica e miolo ácido, que se mantêm macios por muito tempo.
Muito se diz em relação à criação do seu prato mais famoso, a pizza. Alguns
acreditam que é herança do tempo do império do romano, no qual existia um
pão achatado chamado picea. Outros, que nasceu em Genova, no ano de 1490.
Seu nome deriva do latim pinsa, verbo passado de pinsere, que significa
amassar. O fato é que demorou muito tempo para que, em torno de 1700, os
napolitanos transformassem aquele pão na verdadeira pizza, com molho de
tomate e anchovas, que em 1850 popularizou-se conquistando adeptos até
mesmo entre os reis. Após a unificação italiana, iniciada em 1861, o pizzaiolo
Raffaele Esposito, em sua pizzaria Brandi, em ocasião da visita do rei Umberto I
e da rainha Margherita, em 1889, criou a pizza Margherita, usando tomate,
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mozzarella e manjericão, - vermelho, branco e verde, cores da Itália -, para
homenagear a rainha homônima.
Curiosamente a pizza não teve sua expansão rápida por toda a Itália como se
imagina. Inicialmente ela se popularizou nos EUA, a partir de 1902 com a
inauguração da primeira pizzaria napolitana no país, e depois, só nos anos 70, é
que ela se espalhou por toda a Itália, porém sempre foi muito consumida em
Napoli. Onde, aliás, come-se com as mãos, dobrando-a em 4, engolida em 4
mordidas.
Os sabores mais tradicionais são a mozzarella, margherita, marinara, alici, 4
formaggi, napoletana, capricciosa, quattro stagioni, sempre com o uso de
ingredientes locais, aberta com as mãos e assada em forno a 485ºC. Hoje são
encontradas algumas variações mais modernas, com abacaxi ou batata frita por
exemplo, para desespero dos verdadeiros apreciadores da redonda napolitana.
Nada se compara em termos de excelência que a verdadeira mozzarella di
bufala da Campania. O gado é de búfalo e não bovino, pois se adaptaram muito
melhor aos terrenos úmidos da região. Queijo de sabor suave e marcante ao
mesmo tempo, textura macia e suculenta, leitoso, levemente salgado e
adocicado, lembra o seio materno. Seus vários tamanhos e formas garantem
satisfação total: as ciliegine de 25 gramas, os bocconcini de 50 gramas, até a
aversana de 500 gramas, além das tranças. Deve ser consumida no mesmo dia
da produção para que se tenha o total esplendor das suas características, por
isso, é inevitável que se consuma na região. As melhores são feitas entre as
cidades de Salerno, Eboli e Paestum. Outros queijos também são produzidos,
como a mozzarella de leite de vaca, chamada Fior di Latte, a provola, que é a
mozzarella defumada, com um maravilhoso tom dourado por fora e branca por
dentro, e o caciocavallo, que pode ser conservado por até um ano.
Os peixes, camarões e frutos do mar são parte importante da alimentação dos
napolitanos. Os peixes são vendidos quase vivos, mostrando todo seu frescor, e
a variedade de camarões é impensável. Os moluscos bivalves existem em
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enorme quantidade e espécies. São vôngoles, mexilhões, ostras, ouriços, todos
fresquíssimos, consumidos de forma muito simples, salteados com azeite e
alho, com spaghetti ou, ainda, crus com um pouco de suco de limão.
Capri e a Costiera Amalfitana nos brinda com belíssimas receitas à base de
peixes e frutos do mar, tomates fresquíssimos e ervas muito perfumadas, com
destaque para o manjericão. Em Capri temos a conhecida Salada Caprese, com
mozzarella di bufala, tomate e manjericão, além de muitos pratos à base de
coelho. Em Sorrento e Amalfi existe uma grande produção do licor feito com
limão siciliano, o Limoncello.
Como se tudo isso não bastasse, a Campania, juntamente com a Sicilia, tem a
doçaria mais importante da Itália, com seus Babàs, de origem
polonesa/francesa, a Pastiera di Grano, doce típico de Páscoa, a Sfogliatella,
nas versões frola e riccia, e o Susamielli e Struffoli, típicos do Natal. Os doces
são uma verdadeira paixão napolitana. Logo pela manhã se consome um belo
copo de leite de amêndoas acompanhado de uma sfogliatella. Melhor forma de
começar o dia não existe!
Algumas produções de origem da Campania:
Crostini alla Napoletana
Fatias de pão espalmado de manteiga, cobertos de mozzarella, tomates frescos,
anchovas e orégano, assadas no forno.
Gattò di Patate
Espécie de torta feita com purê de batatas misturado com ovos, salame,
provolone e parmesão, assada no forno.
Zucchine a Scapece
Escabeche de abobrinhas fritas em azeite e marinadas numa mistura de água e
vinagre, alho, pimenta e hortelã.
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Ravioli alla Napoletana
Massa em formato de meia lua, recheada com mozzarella, ricota, presunto cru
e salsinha, condimentados com molho de tomate ou ragù.
Minestrone alla Napoletana
A diferença desta sopa de verduras, em relação àquelas das demais regiões, é
a presença da abóbora e de alguma massa curta.
Alici Ammollicate
Anchovas frescas ao forno com alho, vinho branco, salsinha e farinha de rosca.
Polpi alla Luciana
Pequenos polvos cozidos e temperados com azeite, alho, salsinha, pimenta e
limão.
Braciole di Maiale alla Napoletana
Bifes à rolê feitos com carne de porco, recheados com um composto de
alcaparras, presunto cru, farinha de rosca, uvas passas e pinoli. São cozidos em
molho de tomate com pouca pimenta vermelha.
Pastiera di Grano
Torta doce recheada com ricota, trigo cozido em leite e banha, água de flor de
laranjeira, fruta cristalizada, ovos e especiarias.
Babà al Rum
Doce de massa levedada embebido em calda de açúcar e rum.
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PUGLIAPUGLIAPUGLIAPUGLIA
OBJETIVOS DA AULA
� Conhecer características históricas, geográficas e gastronômicas da
Puglia;
� Identificar o uso do pão como matéria prima para outras produções;
� Modelar à mão massas frescas tradicionais do sul da Itália;
� Conhecer biscoitos típicos italianos;
� Identificar os principais produtos da região.
TERMOS CHAVE:
� Orecchiette
� Trabucchi � Burrata
� Panzerotti
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É o salto da bota! Bari, Foggia, Polignano a Mare, Gargano, Vieste, Gallipoli,
Lecce. Região, como todo o sul da Itália, mais pobre, que por vezes enfrentou
dificuldades. Esse fato caracterizou a cozinha da Puglia como simples e de
sabores marcantes, calcados na simplicidade de saborosos ingredientes.
Com seus quase oitocentos quilômetros de costa marítima, desde a antiguidade
a região foi uma “ponte” para o oriente, cobiçada e dominada por povos como
gregos, romanos, góticos, bizantinos, longobardos, normandos, venezianos,
espanhóis e franceses.
Ao lado da Campania, a Puglia destaca-se como o celeiro do trigo de grão duro
da Itália. Por isso, suas massas caseiras, os orecchiette e cavatelli por exemplo,
e os pães, rústicos e das mais variadas formas possíveis, como o pão de
Altamura, têm papel tão importante na alimentação dos seus habitantes. Em
segundo lugar em importância vêm as verduras, legumes e leguminosas -
escarola, catalonha, chicória, couve, couve flor, brócolis, alcachofra, berinjela,
abobrinha, lampascioni (pequenas cebolas típicas), espinafre, pimentão, batata,
grão de bico, lentilha, fava e feijões -, em terceiro, o azeite, sendo o maior
produtor da Itália, com 40% de toda a produção, e 15% da produção mundial,
é extremamente intenso e frutado. Produzem, ainda, 500 mil toneladas de uva
de mesa, resultando em uma quantidade enorme de vinho popular. Consomem
muito carne de cordeiro e cabrito.
Os peixes, pegos com os trabucchi, são preparados assados ou em crosta de
sal, e os frutos do mar, como ostras, vôngoles, polvos, principalmente do Golfo
de Taranto, são consumidos salteados, gratinados ou crus. Todos esses peixes
eram usados como moeda de troca com os camponeses da região que davam
aos pescadores seus queijos e ricota. Pode-se destacar como queijo típico a
Burrata, uma mozzarella recheada de creme de leite ou mascarpone.
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A abundância em todos esses produtos se deve ao fato da Puglia ser uma
grande planície, fácil de cultivar. Tais ingredientes tornaram a alimentação na
Puglia muito nutritiva, exemplo da dieta mediterrânea, inspirada nos gregos, da
época em que fazia parte da Magna Grécia.
Quanto à preparação dos pratos, um fato merece destaque. Na antiguidade, o
governo da Puglia proibia a construção de fornos nas casas, pelo perigo de
incêndios, deixando para si a construção de fornos públicos. Porém, isso
acarretava em gastos para a população, que tinha que pagar pelo seu uso. Daí,
começaram a aparecer fornos clandestinos no interior, fora dos limites da
cidade, que a qualquer momento, aparecendo algum fiscal, eram derrubados.
Esses fornos foram de fundamental importância para a construção da cozinha
pugliesa, resultando em fantásticos assados de carne, pães excelentes,
panzerotti, que são pastéis recheados de tomate, mozzarella, anchovas e
cebola. Outra produção muito utilizada eram as Tiella, potes de cerâmica em
que eram colocados os alimentos e depois levados aos fornos.
Algumas produções da Puglia:
Cruschill
Bruschetta de pão integral.
Focaccia di Patate
Focaccia cuja massa é feita com batatas amassadas em purê, farinha,
fermento, sal e azeite.
Pomodori Secchi Sott'olio
Tomates secos ao sol e conservados em azeite com alcaparras, alho e outros
temperos.
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Cavatelli
Pequenos gnocchi feitos com farinha de grão duro e água, presentes tanto na
Puglia quanto na Basicata, em Molise, na Calabria e na Sicilia. Os condimentos
dessa massa variam, mas um dos mais típicos é o soffritto à base de azeite,
alho e anchovas.
Maccheroni di Fuoco
Massa longa, do tipo dos bucatini, temperada com um pesto feito com muita
pimenta vermelha seca refogados em alho e azeite.
Orecchiete
Sem dúvida a massa mais conhecida da Puglia, feita com semolina e água. Com
a massa são formadas pequenas conchas, com a ajuda do polegar ou com a
ponta de uma faca. As orecchiette tradicionais são condimentadas com cime di
rapa, inflorescências de uma espécie de nabo (Brassica campestris), que podem
ser substituídas por brócolis, refogadas em alho, azeite, pimenta vermelha e, às
vezes, anchovas. A massa costuma ser cozida na água de cozimento da cime di
rapa. Muito popular também é o uso do ragù barese, feito com involtini de
vitello.
La Ciambotta
Massa condimentada com sugo de peixe.
Pancotto con Rucola e Patate
Sopa de fatias de pão amanhecido mergulhadas na água de cozimento das
batatas e da rúcula, condimentado com um sofritto de alho, azeite e pimenta
vermelha.
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Alici Arracanate
Anchovas frescas dispostas em camadas em uma forma, alternadas com uma
mistura de farinha de rosca, parmesão, hortelã, alcaparras, orégano e azeite, e
assadas no forno.
Agnello alla Carbonara
Picadinho de cordeiro cozido no forno com cogumelos locais, chamados
Cardoncelli, e aromatizado com azeite, alho e pimenta vermelha.
Brasciole alla Barese
Bifes de vitela enrolados, recheados com presunto cru, salsinha, queijo pecorino
e cozidos lentamente com azeite, alho, tomates e ervas aromáticas.
Panvinesco
Doce de mosto cozido e semolina. Depois de cozido o creme é despejado em
pequenas formas, desenformado e polvilhado com pequenos confetes doces
coloridos.
Castagnedde
Biscoitos feitos com amêndoas moídas, farinha, raspas de limão e açúcar. Com
a massa se fazem pequenas bolinhas que, depois de assadas, são cobertas com
uma calda de cacau.
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CALABRIACALABRIACALABRIACALABRIA
OBJETIVOS DA AULA
� Conhecer características históricas, geográficas e gastronômicas da
Calabria;
� Identificar a importância da berinjela, tomate e pimenta nas produções
calabresas;
� Modelar à mão massas frescas tradicionais do sul da Itália;
� Trabalhar com molho de tomate como base de vários pratos clássicos;
� Identificar os principais produtos da região.
TERMOS CHAVE:
� Cavatelli � Peperoncino
� Berinjela
� Pesce Spada
� Pitta � Soppressata
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Enquanto a Puglia é o salto da bota, a Calabria é o bico! É a península dentro
da península!
Região mais ao sul da área continental da Itália, faz divisa ao norte com a
Basilicata e ao sul um pequeno braço de mar a separa da Sicilia. Ao oeste é
banhada pelo Mar Tirreno e ao leste pelo Mar Jônico. Possui exuberante
natureza em que se alternam praias, rochedos e, no interior, as montanhas das
cadeias de La Sila e do Aspromonte, pontos finais dos Apeninos.
O escasso desenvolvimento industrial e a ausência de grandes cidades
mantiveram o mar muito limpo e por isso a região é, até hoje, considerada um
paraíso natural. O grande turismo, além dos fatores citados, deve-se também à
presença de muitos sítios arqueológicos, já que a região fora antiga colônia
grega e em seguida romana, com cidades importantes como Reggio, Locri,
Crotone, Sibari e Scolacium.
A comida dos calabreses não foi muito modificada ao longo dos anos. Seus
vários pratos têm origem na alimentação dos povos que habitaram a região,
como os gregos, já citados, e árabes. Obviamente que a introdução da pimenta
vermelha é da época do descobrimento da América, já que ela é oriunda da
América Central.
Tem muita importância a “comida de guarda”, como os filés de anchova em
óleo, as pimentas secas (peperoncino), os embutidos de porco (‘nduja e
soppressata), os queijos de ovelha e os tomates secos, que lhes permitiam
viver em longos períodos de fome, bem como de ataques dos piratas turcos. As
áreas cultivadas produzem ótimos produtos agrícolas, como berinjela, tomate,
pimentão, cebola roxa e favas, base dos pratos calabreses, vinhos e azeites.
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Berinjela, legume que era considerado como prejudicial à saúde, até mesmo
podendo causar debilidade mental, foi durante muito tempo proibido no norte
da Itália, porém no sul foi sempre muito consumido. Superado este tabu
popular, hoje é encontrado em cada canto da Itália, mas com certeza se
consolidou como um elemento da cozinha tipicamente solar e mediterrânea.
Oriunda da Ásia e trazida pelos árabes, encontrou na região sul da Itália o clima
perfeito para se desenvolver, em inúmeras variedades. Pratos como berinjela à
parmigiana, que não tem a ver com a cidade de Parma, mas sim ao fato de
levarem uma bela camada do queijo parmigiano para finalizar, são sinônimos
de cozinha mediterrânea. A imaginação dos cozinheiros calabreses fizeram
inúmeros pratos à base do legume, reivindicando até mesmo a autoria da pasta
de berinjela, muito consumida nas mezze árabes e gregas.
A massa, sempre presente na mesa dos calabreses, é tradicionalmente feita em
casa pelas mulheres. Se reconhece assim o mérito da mulher em ser a rainha
da cozinha.
A produção de grano duro sempre foi bastante pequena. Por esse motivo, os
calabreses davam muita atenção e cuidado à produção de pães. Apesar da
escassez do pão, ele foi durante muito tempo a base da alimentação familiar. A
profissão de padeiro sempre foi muito valorizada e a fabricação do pão um
ritual que requeria, e continua ainda hoje, muito carinho, seriedade e, até
mesmo, muita fé. Pães como o Pitta, em forma de rodas achatadas, e as
friselles, parecidas com torradas duras, são tipicamente calabreses. Adoram os
pães recheados com um ragù de carne e vísceras de porco, speck, tomate,
ervas e muita pimenta.
O consumo da carne de porco ainda hoje é muito alto, seja fresca ou curada,
sendo a preferida dos calabreses. São produzidos diversos embutidos como os
“capocolli” (“coppa”, salame obtido da parte superior do pescoço), as típicas
“soppressate” (tipo de embutido curado de cor viva, pela presença da pimenta
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malagueta) e linguiças, como por exemplo, a “‘Nduja” feita com as tripas,
pulmões, fígado, ervas aromáticas e muita pimenta, cozida e defumada.
O abate do porco é uma festa popular, na qual acontece um banquete que
reúne toda a família e amigos, e tem seu ápice quando, antes do cozimento do
porco, se levam as tripas para adivinhar o futuro.
Se cozinham, em panelão de cobre, os pés, pele, cabeça, barriga, e todas as
partes gordas que produzem “lo strutto” (banha de porco), restando resíduos
carnosos que são servidos junto com verduras em vinagre.
A pesca é atividade fundamental para o calabrês que habita a costa do Tirreno
ou do Jônico. Em Tropea e Pizzo pescasse muito o atum. Noutras cidades, as
sardinhas e anchovas. Porém, o pescado mais valorizado é o espadarte (pesce
spada), peixe de até 4 metros de comprimento, pescado no estreito de
Messina, junto à costa siciliana. O culto a este peixe é tão grande que chegam
a realizar festas em sua homenagem, com direito a procissão de barcos.
Usando barcos chamados “Luntre”, fisgam os espadartes com arpões, um ritual
antigo, que pouco mudou, e remonta ao tempo dos antigos gregos e
bizantinos. São preparados de diversas formas, como molhos para massas, na
brasa, em forma de involtini (rolinhos).
Entre as receitas de peixe, a mais original é a sardella ou rosamarina,
conhecida como “caviale dei poveri” (caviar dos pobres). Os recém nascidos das
anchovas ou trilhas são temperados com pimentões e colocados em azeite, com
um tempero muito apimentado. São produzidos artesanalmente e também em
pequenas indústrias locais.
Os cítricos são parte fundamental da produção agrícola calabresa, sendo a
segunda região produtora mais importante da Itália, vindo atrás da Sicilia.
Grande parte é exportada e o que fica é consumida ou usada para aromatizar
doces e excelentes licores. Tem a doçaria muito rica, bastante influenciada pela
árabe.
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Algumas produções da Calabria:
Maccarruni i'casa
Massa feita de semolina com um formato de um spaghetti grosso com um
buraco no meio, já que a massa é envolta em um arame de ferro quando
modelada, servida com ragù de cabrito ou porco, finalizada com ricota forte.
Pasta o' fùrnu Rigatoni condimentado com ragù de carne, polpettine e salame, enriquecido
com ovos cozidos, caciocavallo e provolone. São colocados entre duas camadas
de berinjelas fritas e levados ao forno.
Pasta ca' muddhìca
Spaghetti com azeite e alice, finalizado com farinha de pão tostada.
Frittole
Pele de porco e outras partes menos prestigiadas como pescoço, bochecha,
língua, lábios, orelhas, pés, cozidos na própria gordura. Servido com ricota, pão
e verduras.
Morzeddhu
Coração de vitello, pulmão, rim, fígado, estômago e intestino cozidos com
tomate, pimenta malagueta, sal, orégano e louro. Servido com pão Pitta.
Melanzane a scapece
Berinjela a escabeche.
Cucuzzeddi ca trimma
Abobrinha com ovo e pecorino ralado gratinado.
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SICILIASICILIASICILIASICILIA
OBJETIVOS DA AULA
� Conhecer características históricas, geográficas e gastronômicas da
Sicilia;
� Identificar as influências e contribuições culturais e gastronômicas dos
povos que dominaram a região ao longo de 2000 anos;
� Conhecer a importância da Sicilia para a gastronomia italiana e européia;
� Aprofundar-se nos pilares da dieta mediterrânea;
� Reconhecer a valorização da confeitaria siciliana;
� Identificar os principais produtos da região.
TERMOS CHAVE:
� Pasta � Granita � Sal � Vinho � Doçaria
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CURSO DE TECNOLOGIA EM GASTRONOMIA COZINHA ITALIANA
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Maior ilha do mar Mediterrâneo, ao sul da Itália, separada do continente pelo
estreito de Messina. Terra de contrastes e cruzamentos culturais. Povo cortês e
prestativo. Cozinha variada e agridoce, rica em sabores fortes e perfumes.
Palermo, Catania, Agrigento, Siracusa, Taormina, Trapani, Erice, Messina,
Ragusa!
A Sicília, devido à sua posição geográfica, sempre teve um papel de importância
nos eventos históricos que tiveram como protagonistas os povos do
Mediterrâneo. A vizinhança de múltiplas civilizações enriqueceu a Sicília de
assentamentos urbanos, de monumentos e de vestígios do passado que fizeram
da região um lugar privilegiado onde a história pode ser revista através de
imagens que o tempo não apagou.
Os vários povos que passaram por lá nos últimos dois milênios deixaram sua
marca na gastronomia. Os gregos levaram o vinho, pães e queijos. Os romanos
introduziram a criação de gansos. Os bizantinos ensinaram a arte de fazer
pratos recheados e agridoces. Os árabes deram a maior contribuição
gastronômica com inúmeros produtos: pêssego, açúcar, cítricos (trazidos da
China, Japão e Índia), arroz, açafrão, uva passa, noz moscada, cravo, canela,
pimenta do reino, figo, amêndoa, pistache. Os normandos ensinaram
elaborados pratos de carne e trouxeram o bacalhau e o stoccafisso. Os
espanhóis contribuíram com cores vivas e produtos do novo mundo: tomate,
batata, milho, cacau, abóbora. Os franceses introduziram a arte do serviço e a
paixão pela cebola. Com tudo isso a gastronomia na Sicilia é certamente a mais
antiga, complexa e criativa de toda a Itália, que conta com o primeiro livro de
culinária que se tem notícia, do século V a.C..
Na Sicilia existem restaurantes com pratos elaboradíssimos e, também,
excelente comida de rua a preços populares. Deve-se notar que uma das
característica da cozinha siciliana é que um mesmo prato pode ser preparado,
em função da disponibilidade dos ingredientes, em uma versão mais modesta e
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outra mais rica. Pasta alla Norma, pasta con le sarde, panelle (espécie de
polenta de grão de bico frita), pane con la milza (pão recheado com rim e
pulmão de vitello, com ou sem queijo caciocavallo). O uso da manteiga é quase
nulo, prevalecendo o azeite e com o uso da banha de porco para alguns doces.
Muitos são os produtos que enriquecem a região. A vivacidade das frutas e
legumes. Lentilhas, grão de bico, favas. As berinjelas usadas na produção da
fantástica caponata, unida a pimentões, cebola, alho, azeitonas, alcaparras.
Incontáveis variedades de cítricos. Figos da Índia introduzidos da América. A
exuberância dos peixes, em especial o espada e o atum, servidos com
alcaparras, alho, azeitonas, laranja, limão e farinha de rosca condimentada ou
cebolas roxas agridoces. A bottarga, ovas de peixe secas. Crustáceos, mariscos,
camarões e ouriços do mar, consumidos crus. Os melhores pistaches do
mundo, de Bronte. As amêndoas de Agrigento, usadas na riquíssima pasticceria
(confeitaria) e no latte di mandorla. As alcaparras de Lipari. A ricota de ovelha
usada em pratos salgados, mas sobretudo nos doces. A abundância de ervas
como o manjericão, orégano, salsa, hortelã, alecrim, sálvia e, sobretudo, o
finocchietto selvatico (o equivalente às nossas folhas da erva doce). Numerosos
tipos de pães e o sfincione, similar a uma pizza, porém mais alta e macia,
condimentada com tomate, alho, filés de anchova e orégano.
A origem de alguns pratos famosos se deu pelo antigo sistema hereditário
siciliano que dizia que as terras, de sistema feudal, fossem passadas para o
primogênito, restando aos outros filhos e filhas a pobreza ou o clero. Nos
monastérios foram criados os arancini (bolinhos de arroz com açafrão,
recheados de ragù de carne e ervilhas, queijo ou espinafre, além de muitas
outras versões, depois empanados e fritos), as azeitonas recheadas com carne,
empanadas e fritas, os cannelloni. Também, os doces mais fantásticos de toda
a Itália, com história milenar, como a pasta reale e fruta di Martorana, a
cassata siciliana e o cannoli, doce preferido dos mafiosos.
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Durante muito tempo a Sicilia abasteceu a Itália com o trigo e com suas
massas, introduzidas pelos árabes. A qualidade da pasta e do couscous é
excelente. Seus vinhos tiveram fundamental importância, não só para a Itália,
mas para toda a Europa, pois fora o mercado fornecedor da bebida para todo o
continente quando a praga Phylloxera devastou todo o continente. São
inúmeros e excelentes, com destaque para os vinhos de sobremesa, o Marsala
e os passitos.
O sal siciliano de Trapani era exportado pelos navegadores da Liguria para
todos os cantos da Europa, assegurando a riqueza aos proprietários das salinas
semelhante aos que detém o petróleo atualmente. Após os métodos modernos
de conservação de alimentos, como resfriamento, congelamento, pasteurização
e esterilização, a indústria do sal entrou em crise.
Os sicilianos atribuem a si a invenção do sorvete. Primeiro o sorbet, que ainda
hoje existente, chamada granita, muito consumida nos sabores limão, amêndoa
ou café. Esta era feita com a neve do vulcão Etna, armazenada em cavernas,
durando até o verão, acrescentada de suco de fruta e mel. Depois começou-se
a introduzir o creme de leite e ovos. Um siciliano chamado Procópio Del Coltelli
foi o primeiro a abrir uma sorveteria em Paris, que fez estrondoso sucesso e
existe até hoje, 400 anos após sua inauguração.
Mais algumas produções sicilianas:
Caponata
Verduras refogadas e temperadas em agridoce. Existem inúmeras versões que
podem incluir: berinjelas, cebolas, pimentões, tomates, azeitonas, manjericão,
pinoli, cravo da Índia, amêndoas, fatias de pera, açúcar e vinagre. Algumas
receitas chegam a incluir cacau amargo.
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Millassata
Grande fritada aromatizada com alho, salsinha, fundos de alcachofra e aspargos
selvagens.
Olive Farcite
Azeitonas, geralmente verdes, recheadas com alcaparras e anchovas e
conservadas em azeite.
Sarde a Beccafico
Sardinhas limpas e sem cabeça, dispostas abertas em uma forma untada de
azeite e cobertas com farinha de rosca, anchovas, pinoli, canela e uva passa.
Temperadas com suco de laranja e limão, são levadas ao forno.
Cuscuso
Prato evidentemente de origem árabe. Segue o mesmo procedimento do
Couscous do Norte da África, mas o caldo é geralmente à base de peixes e o
acompanhamento consiste em berinjelas fritas, frango ou um ensopado de
cordeiro.
Pasta alla Norma
Massa seca, geralmente spaghetti ou penne, condimentada com molho de
tomate, manjericão fresco, ricota salgada e coberta de fatias de berinjelas
fritas.
Pasta con le Sarde
Bucatini cozidos em água aromatizada com folhas de erva doce fresca e
condimentados com um composto de sardinhas, alcaparras, anchovas
amassadas, cebola picada, pinoli, uva passa, pimenta do reino e folhas de erva
doce. Pode incluir também o açafrão. Essa massa não é acompanhada de
queijo mas de farinha de rosca condimentada com alho e anchova.
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Maccu
Sopa muito densa feita com favas secas amassadas em purê, aromatizadas com
folhas de erva doce selvagem e azeite extra virgem de primeira qualidade.
Pesto Siciliano ou Trapanese
É preparado esmagando no pilão pinoli, alho, tomates sem pele nem sementes,
manjericão, salsinha, aipo, azeite, sal e pimenta do reino. Existe uma versão
que substitui os pinoli por amêndoas.
Acciughe all'Arancia
Anchovas frescas dispostas em camadas, em uma forma, alternadas com
azeitonas, alcaparras, fatias de limão, cozidas no forno, aromatizadas com suco
de laranja.
Tunnina Fritta
Fatias de atum passadas na panela e temperadas com limão e orégano.
Grassatu
Picadinho de carne magra de cordeiro e cabrito, guisado com vinho tinto,
batatas e cebolas refogadas, aromatizado com alho, salsinha e, no final do
cozimento, caciocavallo e pecorino ralado. É usado também para condimentar
massas.
Insalata Turca
Verduras grelhadas servidas frias, temperadas com azeite extra virgem, alho,
sal e pimenta do reino.
Insalata di Arancia
Salada de laranja com azeite, sal e pimenta. Podem ser adicionadas azeitonas
pretas e fatias de cebola roxa.
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Pitaggio
É um guisado de ervilhas frescas, favas e corações de alcachofras. Geralmente
acompanha linguiças grelhadas.
Cassata Siciliana
Pão-de-ló recheado de ricota batida com açúcar, pedaços de chocolate,
baunilha, fruta cristalizada, licor Maraschino e coberta com marzipã à base de
pistache e fondant. Decorada com frutas cristalizadas.
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Referências Bibliográficas
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ZAVAN, Laura. Larousse da Cozinha Italiana. São Paulo: Larousse do Brasil,
2006.
CARLUCCIO, Antonio. Cozinha Italiana Completa. São Paulo: Editora Globo,
2006.
OLIVER, Jamie. A Itália de Jamie. São Paulo: Editora Globo, 2007.
PINTO, Daniel. Manual Didático do Vinho. São Paulo: Editora Anhembi
Morumbi, 2008.
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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI.