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dor vinculado a instituições de C&T reco-nhecidas pelo governo brasileiro. A outraenvolve a possibilidade de alunos demestrado e doutorado do país realizaremparte de seus projetos na empresa, quese compromete a cobrir os custos. "Nãohá orçamento previsto porque não sesabe quantos projetos serão apoiados.Mas pretendemos, em 5 anos, que 50%das pesquisas sejam feitos com parcei-ros externos", diz Gonzaga.

INOVAÇÕES RADICAISA política da Natura inclui investir

continuamente em P&D para buscarinovações radicais, capazes de rende-rem patentes. Para avançar nesse sen-tido, acaba de mudar a forma de gerir apesquisa: foram separados por setores,com foco no desenvolvimento de tecno-logias proprietárias, em longo prazo, ecom a área de produtos integrada à equi-pe de marketing. Foi criada a área deGestão de Parcerias e Inovação Tecno-lógica, visando à implementação e àconsolidação do Modelo de InovaçãoAberta, por meio de parcerias externas.

A Natura investe 2,9% de seu fatura-mento em pesquisa, porcentagem seme-lhante aos 2,8% investidos por outragrande empresa do setor, O Boticário."Precisamos ser competitivos para con-correr com as marcas internacionais",justifica Israel Feferman, diretor de pes-quisa e inovação da companhia, que

Enquanto a indústria brasileira, deum modo geral, se ressente de um cená-rio que conjuga juros altos, real valori-zado e poucos investimentos públicos,o segmento de higiene pessoal, perfu-maria e cosméticos vem crescendo numritmo médio de 10,7% ao ano, beneficia-do pelo aumento de renda da popula-ção. Cada vez mais competitivas, emcinco anos as empresas do setor dobra-ram seu faturamento: em 2000 era deR$ 7,5 bilhões; fecharam 2005 com umareceita líquida de R$ 15,4 bilhões. Das1.367 empresas que compõem o merca-do brasileiro 98,8% delas são de micro,pequeno e médio porte; porém, 15 delassão de grande porte — com receita líqui-da superior a R$ 100 milhões — e res-pondem por 71,7% do faturamento total.Investem de forma mais ou menos con-tínua em pesquisa, desenvolvimento einovação, o que as torna capazes de lan-çar grande quantidade de novos produ-tos a cada ano.

NATURA E O BOTICÁRIOEsse, pelo menos, é o perfil de duas

das mais ativas empresas brasileirasdo setor. A Natura, por exemplo, lançou,durante o ano de 2005, 213 produtos,dos quais cerca de 20% representambreakthroughs, ou seja, inovações radi-cais. Segundo o diretor de pesquisa etecnologia da empresa, Daniel Gonzaga,é evidente o retorno dos investimentos

em inovação: os produtos rendem maise a receita tem crescido cerca de 27% aoano. Para consolidar esse patamar decrescimento, a Natura preparou umaverdadeira ofensiva em P&D para os pró-ximos anos. Em 2008, a empresa pla-neja inaugurar uma nova unidade, de12 mil metros quadrados de área cons-truída e 300 mil metros quadrados deterreno, em Campinas, no interior deSão Paulo, destinada a ser o maior cen-tro de pesquisas da empresa e que deve-rá contar com uma equipe de 250 pes-quisadores. A escolha da cidade não éaleatória, uma vez que a Natura vemrealizando estudos em parceria com oInstituto Agronômico de Campinas (IAC)e a Universidade Estadual de Campinas(Unicamp), entre outras instituições.

Em 2007, terá início o ProgramaNatura Campus, uma tentativa deampliar a colaboração entre a indústriae a comunidade científica. Uma das fren-tes da ofensiva será a cooperação empesquisa com financiamento da Naturaou co-financiamento de agências defomento, aberta a qualquer pesquisa-

C O S M É T I C O S

por Flávia Natércia

Pesquisa promove a criação de novosprodutos e amplia mercado

AS DUAS EMPRESAS LÍDERESINVESTEM CONTINUAMENTE

EM P&D, PARA BUSCAR INOVAÇÕES CAPAZES

DE RENDEREM PATENTES

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E não é somente a concorrênciadireta que afeta o desenvolvimento deprodutos. Com a globalização, os con-sumidores têm acesso ao que é ofere-cido no mundo todo. No mínimo, criamexpectativas de consumo com base noque já se encontra disponível em outrosmercados. "Sem inovação, não pode-mos cumprir essa expectativa", dizFeferman. Ele não duvida da capaci-dade de retorno do investimento em

produtos inovadores e avalia que naempresa já respondem por 65% dofaturamento.

Como sua concorrente direta no mer-cado brasileiro, também O Boticárioprocura inovar de forma contínua. Oprocesso de inovação na empresa se tor-nou cumulativo e atemporal, afastan-do-se do assim-chamado "funil", no qualuma grande quantidade de candidatosa produtos é testada e abandonada aolongo do caminho que levaria a um lan-çamento. O planejamento se estendeaté o ano de 2011 e tem maiores chan-ces de render patentes, como a que foipedida para a linha Active (fórmula eprocesso), lançada em junho de 2006.Com 19 produtos, é a primeira a apre-sentar uma fórmula estruturada combase em nanotecnologia, área que OBoticário vem pesquisando há três anos.Integra a Rede Brasileira de Nanotec-nologia e Nanociência e vai participarda parceria Brasil-Argentina para pes-quisas no setor.

Como outros setores da indústriaquímica, que geram produtos diretosao consumidor final, o de cosméticospôde se beneficiar do crescimento damassa salarial da população. Em 2005,o país foi classificado pelo InstitutoInternacional de Pesquisas Euromonitorcomo o quarto maior mercado de cos-méticos do mundo. Dentre os fatoresque explicam o forte desempenho des-se segmento, especialistas enumeram:a crescente participação da mulher bra-sileira no mercado de trabalho, o aumen-to da expectativa de vida da populaçãoe o aumento da produtividade, decor-rente da utilização de tecnologia de pon-ta. Segundo um estudo realizado pelaAssociação Brasileira da IndústriaQuímica (Abiquim), o desempenho dosetor, "que ganhou mais competitivida-de, foi influenciado pelo aumento darenda da população e pelo lançamentode produtos mais acessíveis."

começou como uma pequena farmácia(botica) de manipulação no centro deCuritiba, no Paraná, e tornou-se uma dasgrandes redes de franquias existenteshoje no setor. Abriu, em 1986, a primei-ra loja fora do Brasil, em Lisboa, e hojetem lojas em 24 países. A Natura, porsua vez, começou a consolidar seu pro-cesso de internacionalização com a aber-tura da Casa Natura, em Paris, no mêsde abril de 2005.

Divulgação/

Natura

Divulgação/

O Boticário

Índice de investimentos em P&D das duas empresas brasileiras é superior à média de outros setores

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