W e b - R e v i s t a S O C I O D I A L E T O • w w w . s o c i o d i a l e t o . c o m . b rBacharelado e L icenciatura em Letras • UEMS/Campo GrandeM e s t r a d o e m L e t r a s • U E M S / C a m p o G r a n d eI S S N : 2 1 7 8 - 1 4 8 6 • V o l u m e 2 • N ú m e r o 2 • n o v e m b r o 2 0 1 2
CORRELAÇÕES ENTRE LÍNGUA E ESPAÇO : CONFIGURAÇÕES LINGUÍSTICAS E
EXTRALINGUÍSTICAS
Luciana Santos Pinheiro 1
[email protected] R E S U M O : O presente trabalho está inserido nos estudos de plurilinguismo e contatos linguísticos, com ênfase no mapeamento (das áreas de ocupação) de línguas minoritárias em contato com o português no sul do Brasil. Tal propósito busca preencher uma lacuna nos censos demográficos e na pesquisa linguística que, apesar de alguns esforços localizados (como o de W. Koch, através do projeto BIRS - Bilinguismo no Rio Grande do Sul), não dão conta da identificação, quantificação e distribuição da diversidade linguística brasileira, como reconhece o decreto nº 7.387, de 9 de dezembro de 2010, ao instituir o Inventário Nacional da Diversidade Linguística. É objetivo do presente artigo discutir os aspectos centrais a considerar em tal tarefa de mapeamento de áreas bilíngues de ocupação de línguas minoritárias, analisando de modo especial as relações entre diversidade linguística e plurilinguismo e configurações do espaço físico-geográfico. A análise desses aspectos faz parte de um projeto maior de Tese de Doutorado, em andamento na linha de pesquisa de Linguagem no Contexto Social, do PPG-Letras / UFRGS, que enfoca o mapeamento das línguas minoritárias no sul do Brasil. O espaço a ser delineado para análise restringe-se, portanto, ao sul do Brasil, sendo o corpus formado pelo acervo de mapas dos projetos ALERS e ALMA-H, acrescido de acervo próprio. Para a análise das correlações entre língua e espaço, utilizamos como parâmetro de correlações, as variáveis apontadas por Altenhofen (2012, no prelo) como relevantes na descrição de territorialidades e processos de territorialização de línguas, variedades e comunidades de falantes. Incluem-se entre as variáveis observadas as correlações entre espaço e tempo, fronteiras, origem sociocultural, idade da localidade, diversidade étnica local, grau de isolamento e de urbanização, vias de comunicação e de migrações, além de configurações geográficas de ordem física. Como desafios para a cartografia da variação e diversidade linguística coloca-se a necessidade da elaboração de mapas em série, como sugere Thun (2010). Esse procedimento permite uma macroanálise mais dinâmica das relações sociais e linguísticas no espaço pluridimensional, e não mais estática, como ocorria na dialetologia tradicional. Esta perspectiva incorpora, assim, diversas dimensões de análise (dialingual, diatópica, diastrática, diageracional, diagenérica, etc.) representadas por meio de mapas multiseriados. Na identificação das correlações entre língua e espaço, partiu-se da construção de um banco de dados, linguísticos e extralinguísticos, que nos permite, através do Sistema de Informação Geográfica (SIG), separar as informações de um determinado mapa em categorias lógicas denominadas de camadas, temas, níveis ou coberturas de mapa. Resultados preliminares mostram a relevância dessas correlações não apenas no mapeamento das áreas de plurilinguismo, mas também na compreensão da dinâmica de ocupação do espaço. Para tanto, serão apresentados exemplos de mapeamento que comprovam essas correlações (áreas de floresta, rotas de tropeiros, colônias velhas e novas, áreas de campo, etc.).PALAVRAS-CHAVE: língua e espaço; configurações linguísticas; configurações extralinguísticas; variação; cartografia.
1 INTRODUÇÃO
Este artigo tem por objetivo discutir relações entre as configurações linguísticas
no espaço macrolinguístico e configurações do espaço-físico-geográfico propriamente
1 D o u t o r a n d a e m L e t r a s – L i n gu í s t i c a A p l i c a d a / U FR GS . B o l s i s t a C A PE S . O r i e n t a d o r Pr o f . D r . C l é o V . A l t e n h of e n .
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W e b - R e v i s t a S O C I O D I A L E T O • w w w . s o c i o d i a l e t o . c o m . b rBacharelado e L icenciatura em Letras • UEMS/Campo GrandeM e s t r a d o e m L e t r a s • U E M S / C a m p o G r a n d eI S S N : 2 1 7 8 - 1 4 8 6 • V o l u m e 2 • N ú m e r o 2 • n o v e m b r o 2 0 1 2
dito. O espaço a ser delineado para análise é o sul do Brasil, equivalente aos estados do
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, onde dispomos de maior número de dados
fornecidos através de grandes atlas no qual meu projeto de tese contribui, a saber,
ALERS2, ALMA-H3, ADDU4 e ALiB5.
Exemplos que mostram correlações entre a língua e o espaço, podem ser
encontrados em mapas como o de Roche (1969) e em Altenhofen (2005)6 que
apresentam áreas de imigração, bilíngues, que contrastadas às áreas de floresta
subtropical irão apresentar as áreas destinadas ao assentamento dos imigrantes.
Enquanto os portugueses, açorianos, ocuparam as áreas litorâneas e de campo,
dedicaram-se majoritariamente a agropecuária, os imigrantes europeus (alemães – 1824,
italianos – 1875, poloneses – 1886) e japoneses – 1908, entre outros, foram assentados
nas áreas que ainda permaneciam disponíveis a eles, como áreas de floresta, encostas,
áreas de difícil acesso. Fatores como estes, refletiram na forma como a língua se dispôs
no território brasileiro. E com isso, refletindo nas variedades do português brasileiro
caracterizado nos atlas supracitados. Pois não podemos ignorar o fato de que estes
contatos linguísticos sejam responsáveis pela ocupação do território e consequente
formação do português falado no sul do Brasil.
No presente artigo, pretende-se aprofundar esse tipo de análise relacional,
enfocando um leque de fatores (cf. ALTENHOFEN, 2012) que influem na variação de
língua no espaço.
Para tanto, diversos problemas decorrentes foram identificados, como a falta de
dados, e quando existentes, não cobrem áreas contíguas, apresentam-se fragmentados ao
longo do espaço geográfico. Com exceção do projeto BIRS7 (Bilinguismo no Rio
Grande do Sul), o ALERS e o ALMA entre poucos, os estudos em geral não são
baseados em levantamentos sistemáticos de dados, e sim, resultantes de impressões ou
2 A t l a s L i n gu í s t i c o - E tn o g r á f i c o d a R e g i ã o S u l d o B r a s i l .3 A t l a s L i n gu í s t i c o - C on t a t u a l d a s M i n o r i a s A l e mã s n a B a c i a do Pr a t a : H un s r ü c k i s c h .4 A t l a s l i n gu í s t i c o D i a t ó p i c o y D i a s t r á t i c o d e l U r u g u a y .5 A t l a s L i n gu í s t i c o d o B r a s i l .6 Mapa 04 – Áreas bilíngues de acordo com os informantes do ALERS (cf. Altenhofen, 2005)7 Projeto desenvolvido na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), sob a coordenação de Walter Koch, nos anos de 1985 a 1987.
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notas de viagens, como podemos perceber no relatório da Proposta Metodológica para o
Inventário do Talian – Projeto Piloto8 (2010) que ressalta, que o trabalho de
identificação das comunidades foi dificultado pela ausência de censos e pesquisas
científicas que retratassem o percentual de descendentes das diferentes etnias que
compõem o cenário da pesquisa. Os dados constantes, além de incompletos e ancorados,
muitos deles, em um conhecimento baseado na suposição, muitas vezes diferiam entre
si, de forma que, para viabilizar o projeto, foi necessário (ao lado dos dados já
existentes) realizar um levantamento junto às prefeituras dos referidos pontos a fim de
verificar a real situação da presença ou não da etnia italiana, assim como outras etnias
também foram identificadas.
Outro grande problema que se apresenta é a falta de critérios adotados que
permitam a comparabilidade de dados e resultados. Por exemplo, os estudos apresentam
grupos de informantes de diferentes perfis, impossíveis de serem comparados entre si,
ou com diferentes objetivos cartográficos, com representação de informações distintas.
Tornando assim, cada estudo de uso único e particular.
Apesar dos problemas aqui identificados, o presente trabalho constitui-se num
empreendimento de grande valor e interesse para os estudos sobre a diversidade
linguística no Brasil. Primeiramente, dada a relevância no que trata do conhecimento da
diversidade linguística do sul do Brasil, e por estar em consonância ao projeto do qual
participei, o Projeto do Inventário Nacional da Diversidade Linguística, instituído pelo
Decreto presidencial nº 7.387, de 09 de dezembro de 2010, que tem por objetivo propor
políticas públicas voltadas ao reconhecimento e promoção do plurilinguismo do país,
sendo um “instrumento importante na construção de uma nova visão de Brasil, a de um
país plurilíngue e pluricultural” (OLIVEIRA e ALTENHOFEN, 2011, p. 205). Assim
como, a criação do “Livro de Registro de Línguas”, em reconhecimento aos diferentes
grupos étnicos na construção da identidade nacional e como fonte do Patrimônio
Imaterial Nacional.
8 Como exemplo, citamos as dificuldades enfrentadas ao realizar o trabalho referente a elaboração da Proposta Metodológica para o Inventário do Talian – Projeto Piloto – integrante do Inventário Nacional da Diversidade Linguística do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
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Segundo, a compreensão dos processos de ocupação do espaço está na base da
formação da sociedade brasileira. Foram estes os processos responsáveis pela atual
fotografia do povo brasileiro, de seus costumes regionais, de suas falas, de seus modos
de produção, de suas características singulares. Foi na relação de contato (MELLO,
2011) do português com o africano, com o indígena, com o açoriano, com o alemão,
com o italiano, entre tantos outros povos de grande valor, entre si e com o território que
ocuparam que se construiu o palco da riqueza da formação única de uma nação
multicultural e multilinguística como o Brasil. E para entender essa construção é
necessário compreender certas relações.
Finalmente, fornecer dados e análises que possam servir de subsídios para
políticas públicas, educacionais, culturais, sociais, e que venham a enriquecer as
discussões no âmbito interdisciplinar sobre língua e cultura.
Para tanto, é necessária uma breve colocação a respeito da concepção de espaço
aqui adotada. É sabido da contenda entre diversas áreas do saber em compreender o
espaço, porém, aqui trataremos da visão de espaço pela geografia para uso da
linguística, o espaço como dimensão para investigação de estruturas linguísticas, e ao
mesmo tempo o espaço físico, que serve de palco para os contatos entre línguas e suas
variações.
O espaço linguístico é um espaço heterogêneo constituído por variedades, que
são responsáveis pela variação da língua. A variação linguística foi edificada sobre uma
base sociocultural e biológica e se apresenta multifacetada e de significância adaptativa
(CHAMBERS, 1995, cf. BERRUTO, 2010). O que veremos a seguir é a língua
moldando o espaço.
2 METODOLOGIA APLICADA AO ESTUDO
Para o mesmo, utilizou-se o acervo de mapas dos Atlas, ALERS, ALMA-H e
ADDU, como também acervo próprio desenvolvido para o Inventário das Línguas de
Imigração – Talian, entre outros. Para a análise das correlações entre língua e espaço,
utilizamos como parâmetro de correlações, algumas variáveis elencadas por Altenhofen
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(2012, no prelo) que, segundo o autor, devem ser observadas nas descrições de
territorialidade de áreas linguísticas.
3 CONFIGURAÇÕES DO ESPAÇO E DAS LÍNGUAS NOS PLANOS
SOCIOLÓGICOS E SOCIOLINGUÍSTICOS
Considerando-se as constelações de contatos linguísticos responsáveis pelas
configurações do espaço sul-brasileiro, utilizaremos onze variáveis para uma breve
análise dos processos de configuração do espaço pela língua.
3.1 Língua e Espaço no eixo do tempo
Ao examinar a ocupação do espaço geográfico, no sul do Brasil, pelas
imigrações no eixo do tempo, é possível afirmar que os luso-brasileiros ocuparam as
terras litorâneas e de pradarias, deixando ao imigrante, principalmente europeu, as
vastas regiões da floresta subtropical, áreas ocupadas em sua maioria, por aborígenes9 e
de difícil acesso. E com essa informação, podemos estudar a evolução das línguas de
imigração, num estudo, tanto horizontal quanto vertical, das línguas a partir do espaço
geográfico ocupado por estes imigrantes e suas línguas.
Como reflexo dessa composição do espaço e pela escassez ou inexistência dos
meios de comunicação, os colonos europeus ficaram isolados, e consequentemente suas
línguas. Esse fenômeno deu origem a características peculiares de cada língua ao se
fixar em determinada região.
3.2 Língua e a origem dos habitantes
Com o imigrante veio sua língua, sua cultura, seu conhecimento de mundo. A
isso me refiro ao imigrante ‘voluntário’ e ao ‘forçado’ também, como no caso dos
africanos escravizados, vindos ao Brasil. A língua brasileira que hoje conhecemos, é
resultado de uma mescla de variedades autóctones e alóctones. E é nessa mescla de
9 Para saber mais a respeito das bases físicas de ocupação do solo no RS pela imigração, leia-se Roche (1966).
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origens que se fez a língua ‘brasileira’ que hoje conhecemos. Portanto, a
territorialização horizontal da língua de imigração tem que ser analisada em sua origem,
já que a língua se faz presente no homem.
O processo topodinâmico das migrações, dentro do território brasileiro e sul
americano, deu-se no sentido noroeste, conforme pode ser observado nos mapas 2 e 3
em anexo. Tanto o imigrante alemão quanto o italiano seguiram o mesmo percurso em
sua ocupação territorial. Conforme dito por Roche (1966), os colonos italianos migram
das áreas de encosta para a área do Planalto, e isso pode ser verificado no mapa 210, e o
mesmo ocorre com os colonos alemães11, em busca de melhores terras, florestas de
corte12.
3.3 Língua e origem sociocultural
As pesquisas apontam para o caso dos imigrantes alemães, onde sua situação
política e social ao partir de seu país era um tanto complicada, vista a conjuntura recente
das lutas pela unificação nacional da Alemanha, a miséria por parte do povo,
principalmente dos pequenos camponeses, expulsos do campo, de suas terras pela
revolução no campo e a desestruturação do seu modelo feudal. Com isso, surge no
Brasil uma diversidade dentre os grupos de imigrantes, diversidade de origem
sociocultural, regional e sobre tudo linguística. No processo de organização destes
grupos em seu novo espaço geográfico fez surgir a necessidade da construção de uma
nova identidade cultural e linguística.
Como exemplo de grupos distintos entre os imigrantes alemães, podemos citar
os pomeranos que se fixaram na região de Pelotas e São Lourenço do Sul, assim como,
Santa Cruz do Sul, São Leopoldo, e, ainda, núcleos em Santa Catarina e Espírito
Santo13, em alguns casos, formando ilhas linguísticas devido a sua situação sociocultural
de origem.
10 Mapa das colônias italianas no RS.11 Cf. visto nas datas de fundação das colônias alemãs no mapa 3 em anexo.12 Cf. Roche (1969)13 Cf. Salamoni (2001) e Cunha (1996, p. 255 – 266)
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3.4 Língua e o ensino de segunda língua
Podemos iniciar essa seção com a seguinte pergunta: - de que forma um
planejamento linguístico pode contribuir ou não para a manutenção da língua e cultura
de origem?
Com uma visão geral das áreas representativas dos grupos étnicos, é possível a
elaboração de um planejamento linguístico adequado à cultura local, conforme dita a
LDB/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), no qual encontramos a
afirmação de que,
os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela (Parecer nº. 323/99, Comissão Especial de Implantação da LDB, p. 2).
Portanto, precisamos conhecer as línguas faladas em uma determinada
comunidade e o seu valor, tanto cultural quanto econômico, para então discutir medidas
a serem tomadas nas decisões de políticas públicas no que diz respeito às línguas
estrangeiras ofertadas pelas escolas na comunidade14.
3.5 Língua e grau de isolamento e de urbanização
O grau de isolamento ou urbanização de uma comunidade de fala são fatores
responsáveis pela preservação ou transformação de situações linguísticas locais das
comunidades, como no caso de acidentes geográficos, vias de comunicação e rotas
migratórias.
a) acidentes geográficos
Vimos anteriormente que os imigrantes europeus foram posicionados no espaço
geográfico de maneiras diversas. E com isso, reflexos são percebidos na língua
portuguesa, falada em diversas áreas, como podemos ver nos atlas linguísticos.
14 Cf. Pinheiro (2008), que apresenta em sua dissertação de mestrado as bases conceituais para uma política linguística do português e italiano nas escolas de Caxias do Sul.
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O isolamento de certos grupos de fala, devido a acidentes geográficos como,
rios, relevo acidentado, foi responsável pela conservação da língua e formação de coinés
distintas. Logo, para isto, é de suma importância o conhecimento de feições geográficas
do território em estudo.
b) vias de comunicação
Nesse caso, temos como exemplo os imigrantes italianos que ficaram isolados,
com acesso restrito a outras comunidades, devido ao difícil acesso e a falta de vias de
comunicação. Este foi um fator que fez com que florescesse a coiné, característica de
cada comunidade, uma coiné criada pela convivência restrita entre diversas origens do
italiano (Vêneto, Bergamasco, ....). Por outro lado, a possibilidade de se comunicar com
o outro acaba possibilitando a difusão ou assimilação de uma língua.
3.5.3 rotas migratórias
O mapa 5, que identifica as rotas migratórias de luso-brasileiros (rotas de
tropeiros) pode ser utilizado como grande influência nos contatos linguísticos entre o
português e os diversos dialetos em seu percurso. Pois nessas áreas o contato linguístico
entre o paulista e o imigrante, foi de grande alcance, na formação da língua falada
nessas regiões.
3.6 Língua e espaços urbanos vs. Rurbanos vs. Rurais
A ocupação do espaço pelo imigrante num primeiro plano, diz respeito às áreas
rurais, por este mesmo motivo os estudos geolinguísticos identificavam como o falante
ideal das pesquisas sobre os falares brasileiros, o informante ROM (rural old man),
característico das pesquisas dialetológicas que propunham este informante como o
detentor das características mais puras da língua em estudo. Porém, uma grande massa
era deixada de fora, já que atualmente, encontramos nas pesquisas sobre a fala do
imigrante vindo ao Brasil, um processo topodinâmico responsável pela fotografia atual
das línguas faladas em nosso país.
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Nos espaços urbanos, cidades como Porto Alegre, apesar de sua imagem como
província dos gaúchos, tem uma formação poliglota e cosmopolita, com possibilidades
de guetos, bairros, entre outros como caracterização de grupos sociais (e linguísticos).
No caso do bairro do Bom Fim, ficou conhecido como área de judeus, e passaram a
fazer parte do folclore popular. Numa Babel dos trabalhadores, podemos identificar os
calabreses, oriundos de Morano Calabro, num processo de imigração de caráter urbano
de grande êxito na cidade de Porto Alegre15, ao contrário da imigração exclusivamente
rural do italiano e do alemão no Rio Grande do Sul.
Para os processos de rurbanização16 encontramos dois pontos de vista, um
positivo, "romântico" (europeu, americano, japonês) outro é negativo (modelo
brasileiro), onde um é de retorno ao campo (+), outro é o processo de favelização do
campo para a periferia urbana (-), o êxodo rural. Ambos são processos recorrentes no
território brasileiro, porém apenas o segundo é amplamente investigado nos estudos
geolinguísticos, pois o mesmo encontra no rurbano as variedades regionais do
português, presentes na fala rural dos grandes centros resultantes do processo de êxodo
rural.
Uma intensa relação entre o urbano e o rural resulta do deslocamento das
fronteiras provocado pelo crescimento desordenado das cidades, da modernização da
agricultura, e pela invasão do campo pelas indústrias e as facilidades de deslocamento e
promessas de melhor qualidade de vida. Essa relação se dá por uma integração de
valores e estilos de vida, entre espaços rurais e urbanos. Para Freyre (1982) essa
integração não permite “purismos” ou “exclusivismos”, étnicos, culturais, econômicos e
podemos acrescentar linguísticos.
E para tanto, há também a necessidade urgente de análise dos falares rurbanos
(cidade-campo) além dos falares rurbanos (campo-cidade). Fator que vem caracterizar a
mobilidade dos agentes e seus falares. 15 Para maior informação sobre os calabreses em Porto Alegre ler, Constantino, Núncia Santoro de. O italiano da esquina. Porto Alegre: EST, 1991.16 O termo rurbanização surge primeiramente, usado por Gilberto Freyre, em 1956 em Nordeste (1982), em reflexões acerca da integração dos espaços rurais e urbanos em Pernambuco, resultantes dos movimentos humanos em espaços físico-sociais.
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No caso do sul do Brasil, podemos verificar casos de ambos os processos, no
meio geográfico no qual nos inserimos, podemos dar como exemplo o espaço rural e
urbano caracterizados em trabalhos como o ALERS, o ALMA-H e os projetos
VARSUL (Variação Linguística na Região Sul do Brasil) e NURC (Norma Urbana
Culta).
3.7 Língua e diversidade étnica
Segundo Klassmann (2005), a variedade étnica de uma dada região é refletida,
muitas vezes, na ‘língua comum’, ao deixar traços da sua origem na língua, fenômeno
passível de observação nas cartas linguísticas do ALERS.
Através do mapa 1, é possível ver a distribuição étnica nos estados do sul do
Brasil. E isto facilita em muito, a verificação in loco de possíveis variedades dialetais
das línguas de imigração, a topodinâmica das línguas, possíveis áreas de contato
linguístico em pontos pluriétnicos, entre outros fatores.
3.8 Língua e as confissões religiosas
As confissões religiosas influenciaram na configuração espacial e nos processos
de territorialização da língua. No caso do alemão, o mesmo apresentou-se mais
intensamente, pois procuravam criar colônias confessionalmente homogêneas, já que os
imigrantes vindos para o Brasil eram católicos ou evangélicos/luteranos. Apesar disso,
encontramos nos mapas do RS, diversas colônias mistas, com duas orientações
religiosas e socias.
Nesta seção cabe um diferencial entre as colônias italianas e alemãs, que
segundo a afirmação do sociólogo Olívio Manfroi (1979), de que as colônias alemãs
tiveram como instrumento de preservação da língua e costumes, “a religião, a escola, a
imprensa e as associações”(op.cit., p.191), pois na abertura de cada picada a principal
preocupação era com a abertura de uma escola (lugar onde realizavam seus cultos além
do ensino formal), em contrapartida, as colônias italianas preservaram sua língua e
costumes através da religião e da família. O imigrante italiano não tinha preocupação
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pelo estudo (MANFROI, 1979; PETRONE, 1990), a alta taxa de analfabetismo fez com
que ficassem às margens da cultura escrita (FROSI e RASO, 2011). Logo, a
transferência do conhecimento da língua foi simplesmente oral, por parte dos colonos
italianos, apresentando-se como fator de elevada importância no que diz respeito à
conservação e manutenção de uma língua. O imigrante alemão preocupou-se mais com
a educação dos seus, portanto, manteve um contato com a língua mãe, de forma mais
sistematizada, através da escola e dos sermões proferidos tanto em alemão padrão
quanto em dialeto.
3.9 Língua e as variedades dialetais presente
Partindo da concepção de língua como construto de variedades, de toda ordem e
de qualquer língua, (BERRUTO, 2010), isso inclui variedades diatópicas, diastráticas
ou mesmo diafásicas. Cria-se um problema em como identificar essas unidades, sejam
elas línguas ou dialetos da língua, porque a língua pode ser ao mesmo tempo um dialeto,
dependendo da sua configuração linguística. Porém, cria-se um problema de identidade,
no caso do português como construto de variedades, o português coloquial vs. o
português padrão, e ao mapeá-las envolve uma representação social.
Por outro lado, essa relação entre língua e dialeto é mais explícita e contundente
no caso, por exemplo, das línguas de imigração. Aqui é fato que, vieram com os
imigrantes, variedades dialetais claramente definidas e muitas vezes acompanhadas de
sua respectiva forma padrão e formando com este, uma relação diglóssica. Estas
variedades dialetais, que também podemos ver como línguas de imigração, são sócio
historicamente constituídas e percebidas como tal pelos falantes, que inclusive lhes
atribui denominações como, Vestfaliano, Pomerano, Hünsriqueano, Vêneto, Calabrês,
entre outros. E para mapear essas distinções internas, é preciso que elas existam como
entidades sociais.
3.10 Constelação das línguas em contato
Uma das tarefas centrais de uma sociologia das línguas voltada ao mapeamento
da diversidade linguística implica a descrição das relações nas constelações de línguas
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em contato. Neste particular, é fundamental identificar, seguindo o modelo de De Swan
(2001), a posição central ou periférica que cada uma das línguas ou variedades toma no
sistema local da variedade. Os espaços geográfico e social passam a indicar parte do
status da língua.
Soma-se a estes aspectos a possibilidade de o contato contínuo resultar em novas
configurações linguísticas, como ocorreu com o husriqueano rio-grandense, na
constelação de línguas de imigração alemã, e com o vêneto rio-grandense, de imigração
italiana. Estas duas variedades surgem como coinés, línguas emergenciais de
intercomunicação resultantes do nivelamento linguístico (Sprachausgleich) entre as
diferentes variedades dialetais em contato.
Em relação ao papel da língua comum, é preciso destacar que tanto o alemão
quanto o italiano desenvolveram uma coiné, resultante do contato das diferentes
variedades dialetais, que serviu de língua comum para a intercompreensão entre estes.
Para o português, no período colonial, poder-se-ia pensar em situação parecida
representada pela língua geral, como língua comum usada entre portugueses e índios.
Em suma, o que se observa é que cada constelação de línguas em contato busca sua
língua geral. É como os diferentes se entendem. (Altenhofen, 2012 [no prelo])
3.11 Língua e tipos de territorialidade
a) ilhas linguísticas
Por ilha linguística consideraremos as comunidades-ponto identificadas com
uma variante ou variedade de língua que estejam localizadas social ou geograficamente
“em torno de um núcleo claramente delimitável e coeso” (LUERSEN, 2009, p. 72).
Os quilombolas, apesar de não serem tratados como ilhas, compartilham
características deste tipo, ou seja, restringe-se claramente a uma área delimitada, tal
como as aldeias indígenas. Vemos claramente a localização pontual das aldeias e
quilombolas no mapa 4 - Processo de ocupação do território Gaúcho (SCP/DEPLAN,
2004).
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Nas comunidades de falantes vestfalianos também formam, predominantemente,
ilhas linguísticas, que se conectam entrem si, haja vista que se formaram no entorno
colônias-filhas (Tochterkolonie). No sul do Brasil encontramos duas grandes ilhas
linguísticas, uma no Vale do Taquari no Rio Grande do Sul e a segunda no sudeste de
Santa Catarina (cf. LUERSEN, 2009).
b) arquipélago
Podemos citar as comunidades menonitas como um exemplo de conglomerados
que se circunscrevem em espaços descontínuos, que, no entanto, preservam uma relação
de pertencimento mutuo, através de parentesco, origem étnica e religiosa comum
(DÜCK, 2011)
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como desafios para a cartografia de variação e diversidade linguística
levantamos a necessidade da elaboração de mapas em série, no intuito de representar
com mais clareza as relações sociais e linguísticas sobre o espaço de forma dinâmica, e
não mais estática, como eram representadas na Dialetologia Tradicional, como afirma
Thun (2010), onde na Geolinguística Pluridimensional, retratamos esta dinâmica através
das diversas dimensões (dialingual, diatópica, diastrática, diageracional, diasexual, etc.)
em mapas multiseriados.
Para este mesmo desafio - identificar correlações entre língua e espaço, é
buscado a construção de um banco de dados, linguísticos e extralinguísticos, através do
Sistema de Informação Geográfica (SIG), que nos permita separar as informações de
um determinado mapa em categorias lógicas denominadas de camadas, temas, níveis ou
coberturas de mapa. Essas camadas contêm, em geral, informações sobre uma
característica, como por exemplo, as áreas de ocupação da língua minoritária– talian
(LM1), ou sobre um pequeno grupo de características relacionadas (diferentes períodos,
rotas migratórias, regiões culturais, características linguísticas, etc.). Podemos visualizar
esse processo na figura 1.
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Fonte: http://www.cartografia.eng.br/art.php, acesso em: 21.12.2010Figura 1: Camadas de Mapa
Na construção de mapas, devemos levar em consideração a mensagem que
queremos transmitir, quais mapas serão elaborados, nesse caso, criar mapas temáticos,
pois eles tendem a explicitar a distribuição e/ou a intensidade de um fenômeno
geoespacial, com a sobreposição de outros mapas físicos (topográficos) para análises de
fenômenos dinâmicos. (ORMELING, 2010)
Os mapas em papel, não conseguem mostrar movimentos (processos dinâmicos)
a não ser por meios esquemáticos (idem), então, busca-se no Sistema de Informação
Geográfica (SIG) a possibilidade de dinamizar e dar “vida” aos mapas.
Se há clareza quanto à influência exercida pelas dimensões extralinguísticas
sobre as variedades linguísticas, as diferenças passam a ser aceitas. No que tange o
planejamento de políticas públicas para a educação, a falta de clareza quanto à
diversidade linguística no Brasil, cria situações conflitantes. Como no caso da escolha
do livro didático, uma visão monodimensional da situação linguística do país, que
permite classificar apenas entre o certo ou errado, não permitiu que alguns enxergassem
além desse limite, já numa visão pluridimensional, onde múltiplas dimensões são
levadas em consideração numa análise mais próxima da realidade e que tem claro, os
diversos fatores que interferem numa língua (sexo, idade, localidade, origem, nível
sociocultural, etc), possibilitam sim um amplo planejamento e uma funcionalidade plena
da educação, no qual vê seu povo, sua comunidade como heterogênea, de características
múltiplas, tanto linguísticas quanto culturais, e não passíveis de preconceitos quanto a
sua multiplicidade.
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REFERÊNCIAS
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Recebido Para Publicação em 30 de outubro de 2012. Aprovado Para Publicação em 23 de novembro de 2012.
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Mapa 1 – Áreas Bilíngues na Região Sul.
Fonte: ALERS, 2010, mapa 4.
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1.Caxias do Sul 2.Farroupilha 3.Flores da Cunha 4.Nova Pádua 5.São Marcos 6.Bento Gonçalves 7.Monte Belo do Sul 8.Santa Teresa 9.Boa Vista do Sul 10.Carlos Barbosa 11.Coronel Pilar 12.Garibaldi 13.Antônio Prado14.Nova Roma do Sul15.Cotiporã16.Fagundes Varela17.Guabiju18.Nova Bassano19.Nova Prata
20.Protásio Alves21.São Jorge22.Veranópolis23.Vila Flores24.Vista Alegre do Prata25.Camargo26.Casca27.Dois Lajeados28.Gentil29.Guaporé30.Marau31.Montauri32.Muçum33.Nicolau Vergueiro34.Santa Bárbara do Sul35.São Domingos do Sul36.São Valentim do Sul37.Serafina Corrêa38.Vespasiano Correa
39.Vila Maria40.Encantado41.Doutor Ricardo42.Relvado43.Nova Bréscia44.Coqueiros do Sul45.Anta Gorda46.Arvorezinha 47.Ciríaco48.David Canabarro49.Ilópolis50.Multiterno51.Nova Alvorada52.Nova Araçá53.Paraí54.Putinga55.Vanini
Mapa 2 – Mapa das Colônias Italianas no RS
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Mapa 3 - Rede de pontos do ALMA-H, com indicação do ano de fundação da colônia, e estado atual da coleta de dados.
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Fonte: Altenhofen, 2012 [no Prelo]
Mapa 4 - Processo de ocupação do território gaúchoFonte: SCP/DEPLAN – 2004 <http://www.scp.rs.gov.br/uploads/Historiconovo2.pdf>
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Mapa 5: Rede de pontos com antigas rotas migratórias de luso-brasileiros:
Caminhos de tropeiros.
Fonte: ALERS, 2011, mapa 3.
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