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ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO DE FELGUEIRAS
2011
Contos, lendas e outros que tais
Textos tradicionais
COMPOSIÇÃO: ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO DE FELGUEIRAS Casa do Curral Rua do Curral, Margaride Telef. 255 314 002 * Fax 255 314 120 4610-‐156 -‐ FELGUEIRAS
Contos, lendas e
outros que tais
Textos tradicionais
Textos produzidos pelos formandos na Acção
NA AULA DO 1º CEB
E DO PRÉ-‐
Organização: José Alves Barrôco e José Carvalho de Sousa
2011 ESTG de Felgueiras
TÍTULO:
CONTOS, LENDAS E OUTROS QUE TAIS
Textos tradicionais
ORIENTAÇÃO:
José Alves Barrôco e José Carvalho de Sousa
TEXTOS:
-‐
escolar
ILUSTRAÇÕES:
Alunos dos formandos
SUPERVISÃO:
Gabinete de Formação Contínua da ESTG de Felgueiras
ARRANJO GRÁFICO:
Gabinete de Formação Contínua da ESTG de Felgueiras
CAPA:
José Alves Barrôco
EDIÇÃO:
Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Felgueiras
Casa do Curral
Rua do Curral, Margaride
4610-‐156 FELGUEIRAS
Maio de 2011
PARTILHAR PARA APRENDERMOS EM CONJUNTO
ca é uma obra-‐prima: torna-‐
Jules Goncourt
1º CEB e do Pré-‐
nomeadamente dos textos da tradição oral, e enriquecer o leque de materiais e
recursos conducentes à melhoria do processo de ensino-‐aprendizagem entre as
crianças mais novas.
Não foi intenção esmiuçar o conto, enquanto elemento da designada Literatura
Tradicional Oral, mas olhá-‐lo como mais um recurso de que os professores e
educadores podem socorrer-‐se na tarefa de ensinar a ler e a escrever, numa época
dominada pela evolução constante das tecnologias. Pretendemos acima de tudo
agarrar em algo nosso, que faz parte do nosso imaginário colectivo, que não morreu e
trazê-‐lo para a sala de aula, utilizando as ferramentas que a evolução tecnológica
permite, convertendo-‐se, deste modo, os alunos nos dinamizadores activos das aulas
de língua materna dedicadas à escrita e à leitura.
O conto permite uma maior diversidade de trabalho nas aulas de Língua Materna
que outras tipologias textuais, por força da sua natureza, não facultam. Além disto,
fomenta a interdisciplinaridade entre a aula de Português e as outras áreas do saber. O
fantástico das histórias tradicionais auxilia o professor a incutir nos alunos o espírito
crítico, porque nelas reside o conjunto de valores em que assenta a nossa sociedade.
As crianças gostam dos contos. Acreditam nas histórias, nas fadas e nas princesas
que existem no seu imaginário. Quando deixam de acreditar, dizem simplesmente que
a história é bonita e são transportadas para as lembranças da infância. Sendo assim,
porque não aproveitar e renovar este recurso nas aulas?
Mais uma vez, foi neste contexto que nasceu a ideia de se construir este livro
que reflecte a partilha de experiências relativas a actividades de leitura e escrita e que
procura criar nos alunos o gosto pela leitura de livros, em geral, e de histórias, em
particular.
Os textos aqui apresentados resultam de uma recolha levada a cabo pelos
formandos, cuja adaptação, recriação e ilustração tiveram a participação activa dos
seus alunos. Dada a riqueza dos trabalhos apresentados, todos entenderam que não
deviam morrer num qualquer arquivo do Centro de Formação. Era obrigatória a sua
partilha com toda a comunidade educativa!
Foi essa constatação e a necessidade de partilhar o que de bom se faz nos
estabelecimentos de ensino a génese deste livro que procura ser mais um elemento
que promove a leitura e a escrita através do que mais genuíno existe em nós: a
infância e as suas histórias de encantar.
Os formadores
José Alves Barrôco
José Carvalho de Sousa
A Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Felgueiras, do Instituto
Politécnico do Porto (ESTGF.IPP), tem por missão proporcionar formação de
nível superior, com especial relevo para o desenvolvimento socioeconómico da
região onde está inserida Vale do Sousa e Baixo Tâmega.
Na prossecução desta missão foi criado o Gabinete de Formação Contínua, no
âmbito do qual foram estabelecidos protocolos e parcerias com diversas
instituições de ensino da região.
Pretende-se com estas parcerias o benefício mútuo das instituições, quer ao
serviço das populações que em conjunto servem, quer dos profissionais que
nelas trabalham. Temos a certeza que assim aconteceu, mais uma vez, com a
Reinventar a Leitura e a Escrita na Aula do 1.º CEB e do
Pré-Escolar
Aos professores e aos formandos do curso endereçamos os nossos parabéns
pelo trabalho realizado, cujo sucesso pode ser aferido pelo prazer da leitura
desta singela publicação.
Luís da Costa Lima (Presidente ESTGF.IPP)
Os Formandos
Ana Olívia Baptista Soares de Queirós e Naia
Ana Paula Faria Vaz Fontoura de Magalhães
Ana Paula Gonçalves Branco
Carla Isabel Araújo Graça Medeiros
Carlos Filipe Lemos Martins de Carvalho
Cristina Manuela Mendes Pereira Lopes
Liliana Antília Carvalho de Sousa
Luís Filipe Taveira Pinto
Luísa Maria Alves Ferreira Mendes
Maria Angelina Nogueira Pires da Silva Pinto
Maria Aurora Ferreira Ribeiro
Maria das Dores Mendes Amorim
Maria Olívia Castro Lopes Cerqueira
Maria Teresa Ferreira Carneiro
Maria Teresa Pires Mesquita
Marta Isabel Monteiro Pinto
Rita Maria da Silva Soares Pereira
Sandra Amélia da Silva Cerqueira de Magalhães
Senhorinha das Dores de Sousa Teixeira
Verónica Gabriela Queirós Pinheiro
10
Contos e Lendas
São as Lendas
E Out
Contadas pelas lendas
Os Ouvidos Escrevem
Os Olhos Pintam
Com as Mãos Lendárias
Da TRADIÇÃO.
11
UMA MORTALHA PESADA A OURO
Segundo reza a lenda, muitos foram os milagres realizados por S. Gonçalo,
quando resolveu unir as duas margens do rio Tâmega, com a construção de uma
ponte.
Na altura, esta obra era considerada tão difícil, quer em termos humanos, quer
financeiros, que todos achavam que só um milagre faria com que fosse possível
alcançar tal empreendimento.
Mas, o frade devoto em Deus não desistiu e chegado a uma localidade
chamada Padrão da Teixeira dirigiu-‐se a um nobre considerado o mais abastado da
região, para que este o ajudasse, obtendo como resposta uma simples gargalhada e
uma mortalha que dizia que a sua esposa lhe desse como esmola, o equivalente ao
peso da mesma.
O Santo pediu que fossem cumpridas as ordens do fidalgo e que a referida
mortalha fosse pesada. Qual o espanto de ambos, quando depararam que a mortalha
era mais pesada que um grosso anel, uns brincos e um cordão de ouro.
O frade pegou então no que lhe pertencia, agradeceu e foi-‐se embora feliz,
agradecendo a Deus por lhe ter concedido mais um milagre.
Ilustração
Alunos 1ºC Colégio de S. Gonçalo
12
AS HISTÓRIAS DO SANTO "SÃO GONÇALO"
PRIMEIRA HISTÓRIA
São Gonçalo é um santo português com culto
permitido pelo papa Júlio III, em 24 de Abril de 1551.
Nascido em Tagilde no ano de 1187, estudou rudimentos
com um devoto sacerdote. Depois, frequentou a escola
arquiepiscopal em Braga. Após ordenado sacerdote, foi
nomeado pároco de São Paio de Vizela. Foi a Roma e
Jerusalém.
No regresso, São Gonçalo passou por um período de
busca interior e encontrou na experiência popular a
maneira de converter pecadores. Para converter as
prostitutas, ele vestia-‐se de mulher, tocava viola e dançava
alegremente, apesar dos pregos no sapato, o que feria os seus pés. O santo zelava
pela virtuosidade das mulheres; organizava, para elas, danças aos sábados até se
cansarem. Ele entendia que as mulheres que participassem nessas danças aos
sábados não cairiam em tentação no domingo.
Quando vigário de São Paio de Vizela, fez vários casamentos de mulheres que
perderam a virgindade. Pregou e operou supostos milagres por todo o norte de
Portugal. Sobre o rio Tâmega construiu uma ponte. São Gonçalo morreu no dia 10
de Janeiro de 1259, em Amarante, no Douro, à margem direita do rio Tâmega. Após
sua morte, passou a ser protector dos violeiros, remédio contra as enchentes, além
de casamenteiro.
Diz a lenda que a mulher que tocar com alguma parte do corpo o túmulo do
santo, terá casamento garantido dentro de, no máximo, um ano. A dança inventada
por ele continuou a ser realizada por diversos grupos que além de festejarem o
santo, pagam promessas.
13
SEGUNDA HISTÓRIA
Beato Gonçalo de Amarante, São Gonçalo, é o santo português que, sobretudo
no Norte de Portugal, goza da maior devoção, logo depois de Santo António de Lisboa.
Na sua História Eclesiástica de Portugal, o Padre Miguel de Oliveira diz apenas o
seguinte: «S. Gonçalo de Amarante que se supõe falecido a 10 de Janeiro de 1259; o
seu culto foi permitido pelo Papa Júlio III (24 de Abril de 1551) e confirmado por Pio IV
(1561); Clemente X estendeu o ofício e a Missa a toda a Ordem Dominicana (1671)».
Terá sido São Gonçalo uma invenção posta ao serviço de uma qualquer ideia ou
propósito, ou podemos perceber o percurso da sua devoção ou do seu culto? O mais
antigo documento que se refere a São Gonçalo, é um testamento de 18 de Maio de
1279 em que uma tal Maria Johannis lega os seus bens à Igreja de São Gonçalo de
Amarante. Quer dizer, uns 20 anos depois da morte de São Gonçalo existia uma igreja
dita «de São Gonçalo de Amarante». E há outros documentos... e escritos sobre a
figura de São Gonçalo e o seu culto.
Na biografia oficial de São Gonçalo, apresentada como tal a partir do Flos
Sanctorum de 1513, não há dúvidas: São Gonçalo, nasceu em Tagilde, estudou
rudimentos com um devoto sacerdote e frequentou depois a escola arquiepiscopal de
Braga. Ordenado sacerdote foi nomeado pároco de São Paio de Vizela. Depois foi a
Roma e Jerusalém; no seu regresso vendo-‐se desapossado do seu benefício
prosseguiu um caminho de busca interior já anteriormente encetado, depois foi a
experiência da vida eremítica, a pregação popular... e logo caiu na ambiência
mendicante da época, após o que se faria dominicano...
As coisas não são assim tão lineares. De qualquer modo, tenha sido padre
diocesano, cónego de Santa Maria em Guimarães, beneditino ou dominicano, tenha -‐
quase por certo -‐ passado de uma a outra condição, nenhuma destas hipóteses esbate
a riqueza e o vigor da sua figura.
cf. MAGALHÃES, Arlindo (1995) São Gonçalo, História ou lenda,
Ed. Amarante Magazine -‐ Paróquia de São Gonçalo, p. 62.
14
TERCEIRA HISTÓRIA
Os pesquisadores relatam que São Gonçalo de Amarante viveu e morreu
durante o século XII d. C. no Douro, Portugal. Ele era um homem comum,
trabalhador, construiu a Igreja de Nossa Senhora, em cima de um rochedo, e
diversas pontes sobre rios.
Em toda sua vida dedicou-‐se a fazer o bem e transmitir o amor a Deus e a paz
espiritual ao homem. Nas suas peregrinações, levava consigo uma viola de cordas,
invocava o povo através de suas melodias, tocadas nas rodas de danças formadas
ao ar livre, por moças e rapazes.
Além das mensagens de fé e carinho que transmitia, ele foi exemplo de
dignidade e santificação. Existem muitas lendas a respeito do santo protector das
mulheres e dos casais apaixonados. Contam que ele transmite tranquilidade e
alegria a todos. Protege sempre os que amam.
Ajuda as pessoas a encontrar a pessoa certa para amar e ser feliz por toda a
vida. Para alguns, São Gonçalo possui poderes sobrenaturais contra o mal e contra
as adversidades. Tanto no Brasil como em Portugal as procissões a São Gonçalo são
acompanhadas por rapazes e moças que desejam casar, carregando velas acesas,
durante todo o percurso. Se a vela não apagar até o final da procissão, é certeza
casarem-‐se no mesmo ano.
www.lucianoqueiroz.com
15
A LENDA DA DONA LOBA
O Convento de São Gonçalo foi construído com a ajuda de muitos
trabalhadores. As pedras eram pesadas e vieram da Serra do Marão para a vila de
Amarante.
Era um trabalho muito pesado e por isso foram pedir ajuda a São Gonçalo.
Após ouvir a súplicas dos trabalhadores, São Gonçalo dirigiu-‐se a uma senhora a quem
chamavam Dona Loba e que vivia na aldeia de Gondar. A senhora possuía uma junta
de bois e São Gonçalo pediu-‐lhos emprestados. Os animais eram muito bravos
segundo referiu a dona. São Gonçalo pediu um fio de linha a uma idosa que estava a
fiar à soleira da porta, para os atar. A partir daquele momento tornaram-‐se mansos.
Os trabalhadores conseguiram trazer toda a pedra necessária para a
construção do Mosteiro. No final do trabalho, São Gonçalo entregou, como tinha
prometido, à Dona Loba os animais. Ao entregar perguntou-‐lhe se os pretendia
mansos ou bravos. Dona Loba respondeu que os pretendia mansos, São Gonçalo
largou-‐os e estes dirigiram-‐se mansamente para o pasto.
Há uma outra versão da lenda que diz que Dona Loba não quis os bois
aleijados e magros, mas sim como eram antes. Então São Gonçalo tê-‐los-‐á soltado,
estes fugiram e nunca mais ninguém lhes pôs a vista em cima.
Ilustração Turma do 4º B Colégio de S. Gonçalo
Fernandes, Cidália (2008). As Pegadinhas de São Gonçalo. Lisboa: Plátano Editora, p. 31 a 37.
www.eb1-‐sede-‐amarante.rcts.pt/3ano_c_actividades.htm www.lendarium.org
16
AMADEO DE SOUZA CARDOSO
Amadeo de Souza Cardoso foi um pintor português, precursor da arte moderna,
nasceu em Amarante, Manhufe a 14 de Novembro de 1887 e morreu prematuramente
com 31 anos, sem ter oportunidade de ver o seu trabalho reconhecido. Foi um
visionário, vivia fora do seu tempo.
Embora curta, a sua obra tornou-‐se imortal.
Frequentou o curso de Arquitectura, mas não o terminou. Com 19 anos mudou-‐
se para Paris, tendo o primeiro contacto com o Impressionismo, Expressionismo e o
Cubismo.
Tornou-‐se muito próximo de Amadeo Modigliani, repartindo com este o ateliê e
realizando exposições.
Em 1912 publicou um álbum com vinte desenhos e copiou o conto de Gustave
Flaubert «La legende de Saint Julie
apreciadores de arte.
Este último trabalho, depois de ficar muitos anos nas mãos do editor, acabou
sendo adquirido pela própria viúva do pintor, para evitar que fosse destruído.
Depois de expor nos Estados Unidos da América em 1913, voltou a Portugal,
onde realizou duas exposições, no Porto e em Lisboa.
Em 1914, em Barcelona, encontra-‐se com Antoni Gaudí e parte para Madrid
onde é surpreendido pela I Guerra Mundial.
Regressa então a Portugal, onde iniciou meteórica carreira na experimentação
de novas formas de expressão, tendo pintado com grande constância, chegando a
expor no Porto 114 obras com o título «Abstraccionismo». As suas obras foram
criticadas, ridicularizadas e, em momentos, houve confronto físico entre críticos e
defensores.
Em 1918, Amadeo de Souza Cardoso, morre prematuramente em Espinho, vítima
de «pneumónica» que grassava em Portugal.
Texto adaptado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Amadeo_de_Souza-‐Cardoso
17
Trabalho realizado pelos alunos do 1º ano do Colégio de S. Gonçalo no ano lectivo de 2009/2010
18
POEMA / CANÇÃO PARA DIA DO PAI
Ele é grande ouvinte
Ele é um grande amigo
Ele é um grande Pai
Está sempre lá comigo.
Olha, olha, olha
E não para de pensar
Ele é um bom parceiro
Ele é muito esperto
Ele é campeão
Está sempre ali por perto.
Se eu choro ou estou a rir
Sei que está ali
Eu gosto muito dele
De todo o seu jeito
Vou tê-‐lo sempre guardado
Aqui juntinho ao peito.
Abraços e beijinhos
Sempre lhe vou dar
Sem nunca me cansar!
Inspirado na música -‐ de Panda vai à escola.
Ilustração Alunos JI de Real Vila Meã, Amarante.
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PAPOS DE ANJO DE AMARANTE
Doce de ovos e amêndoa envolvidos em obreia e cobertos com calda de açúcar,
eis os papos de anjo que Alcino dos Reis apresentou como sendo um dos doces mais
tradicionais herdados do convento amarantino.
Tempo de preparação: 1 hora
Tempo de cozedura: 40 minutos
Ingredientes
700g de açúcar
125g de miolo de amêndoa
12 gemas
2 folhas de obreia
1 dl de água
Ponha 450g de açúcar ao lume com cerca de 2,5 dl de água; ao atingir o ponto de
pérola, junte o miolo de amêndoa, pelado e passado pela máquina. Deixe ferver 5 a 6
minutos e retire do lume, esperando que o preparado fique morno para adicionar as
gemas, previamente batidas só para deslassar. Deixe repousar até ao dia seguinte.
Corte a folha de obreia em rodelas de 7 ou 8 cm de diâmetro e molhe-‐as a toda a volta
com um pincel humedecido. Coloque no centro 1 colher de chá bem cheia de recheio,
dobre ao meio e calque para os bordos colarem. Faça com o restante açúcar uma calda
em ponto de pasta e cubra com ela os papos de anjo. Deixe secar antes de servir.
Livro: Tesouros da Cozinha Tradicional Portuguesa Ilustração
Leonor 4 anos
20
LÉRIAS DE AMARANTE
As lérias, especialidade de Amarante, fazem parte de um conjunto de doces da
terra cuja autoria se deve a Alcino dos Reis, vulgarmente conhecido como Alcino das
Lérias, que possuía uma pastelaria cuja fama excedia os limites da vila.
Tempo de preparação: 45 minutos
Tempo de cozedura: 20 minutos
Ingredientes:
250g de amêndoa
250g de açúcar refinado
50g de farinha
0, 5dl de água tépida
250g de açúcar pilé
Farinha q.b.
Amasse a farinha, o açúcar refinado e a amêndoa ralada juntamente com a água.
Uma vez o preparado bem amassado, tenda rolos, envolva-‐os em farinha, corte-‐os às
rodelas e espalme estas com a mão. Leve-‐as ao forno brando em tabuleiro polvilhado
de farinha. Entretanto, leve ao lume o açúcar pilé com 1 dl de água até formar ponto
de espadana, esmagando-‐o contra as paredes da caçarola até a calda se tornar opaca.
Passe as lérias por esta calda e deixe-‐as secar.
Livro: Tesouros da Cozinha Tradicional Portuguesa
Ilustração Leonor 4 anos
21
GONÇALO E AS MOÇAS
Conta a lenda que numa certa aldeia havia um rapaz que se chamava Gonçalo, o
qual gostava de pregar muitas partidas às pessoas que ali viviam.
A sua brincadeira preferida era partir as cantarinhas às moças que iam à fonte.
Todas chorosas iam para casa acusando-‐o de lhas partir. Os pais das moças
ficavam zangados e iam ter com ele o qual mostrava as cantarinhas inteiras o que fazia
com que os pais castigassem as filhas por serem mentirosas.
Por seu lado Gonçalo livrava-‐se desta partida e preparava-‐se para arranjar outra.
Ilustração Margarida
22
HINO AO COLÉGIO
Amiguinho, vem daí
Vem connosco aprender
Vamos juntos descobrir
A aventura do saber.
Nesta escola começámos
Há algum tempo atrás
Os dias passam depressa
Não olhamos para trás.
Já sabemos muito bem
Os contos de fadas ler
E as contas de somar
Muito fáceis de fazer.
Dançar, cantar e sorrir
É ainda bem melhor
Brincamos, damos as mãos,
Com alegria e amor.
Aos professores devemos
O apoio que nos dão
Ao colégio agradecemos
Porque nos deu sempre a mão
Valeu a pena, perguntam.
É evidente que sim
E o caminho que nos falta
Só terminará assim:
Quando formos
Engenheiros
E doutores
Enfermeiros,
Polícias,
Professores,
Bombeiros...
Canção interpretada pela turma do 3ª A -‐ Colégio de S. Gonçalo.
23
24
ANA, IVO E O RATO RATINHO
Era segunda-‐feira, o céu estava azul e sol bem redondinho e
sorridente batia mesmo em cima do girassol amarelinho.
Na casa da menina Ana, e sem ninguém
saber, vivia o rato Ratinho que gostava muito de
queijinho.
Na terça-‐feira, o céu estava escuro e caíam
pingas de água fresquinha.
O menino Ivo resolveu fazer uma visita à amiga Ana. Vestiu a camisa
verde, o casaco preto e calçou umas botas
amarelas.
Ao chegar a casa viu a Ana à janela.
-‐ Olá Ana! Que bonito girassol tens na
janela!
-‐ Está a apanhar sol para ficar mais quentinho. Vou buscar a chave
para te abrir a porta. disse a menina.
pôs-‐se de pé muito depressa porque viu o rato
Ratinho.
-‐ Vou atirar-‐te com o sapato, seu rato feio!
-‐ Dá-‐me antes uma uva! -‐ pediu o Ratinho.
-‐
chamar o Ivo.
Com a chave, abriu a porta da casa branca de telhado vermelho.
-‐ Ó IIIIIIIvo! Está aqui um rato que fala e que gosta de uvas!
Acreditas?
-‐ Nãããããão! Caíste e bateste com cabeça?
25
-‐
-‐ Magoaste-‐te? perguntou o Ratinho.
O Ivo ficou de boca aberta.
-‐ Estás a ver como eu tinha razão? disse a Ana.
Aaaaaahhhh!!!!!! Um rato! E desatou a correr tanto que só parou à
beira da árvore verde, onde estava um ninho
com um ovinho e a galinha da vizinha.
A Ana desatou a rir e o rato também.
-‐ Vamos lá comer umas uvinhas? -‐
perguntou a Ana.
-‐ Sim, uvinhas redondinhas e docinhas!
disse o Ratinho.
Passado pouco tempo, e sem medo, o Ivo apareceu e os três
comeram uvas. Tantas uvas que ficaram com uma grande dor de barriga,
mas MUITO AMIGOS.
História inédita construída oralmente pelos alunos, auxiliados pela professora. Foi baseada no método das 28 palavras.
Ilustração alunos 1º A Colégio de S. Gonçalo -‐ Amarante
26
AS FADAS IRMÃS
A fada das meninas, a fada dos meninos, a fada das dores de
barriga, a fada das meias e a fada dos sapatos já estavam sentadas
na mesa redonda, onde uma vez por ano todas as fadas do reino se
reúnem para falarem de tudo, pois para quem não
sabe, as fadas são muito curiosas.
Para variar, faltavam as fadas atrasadas: a
fada da roupa, a fada das flores coloridas, a fada do
tempo, a fada dos livros, a fada das borboletas, a
fada do rio que andava sempre molhada e a fada do pó mágico.
Passado algum tempo, em fila indiana, muito bem organizada,
entraram as fadas atrasadas.
-‐Irmãs, estamos todas. -‐disse a
fada das meninas.
As fadas são todas irmãs,
nascem no primeiro dia de Outono
quando as primeiras gotas de orvalho
beijam levemente as folhas verdes das
acácias. A cada uma delas é dada uma missão e uma varinha de
condão que protegem e guardam como o maior tesouro do mundo.
-‐Tive a sensação de estarmos a ser seguidas
quando nos dirigíamos para aqui disse a fada do rio.
Resolvemos separar-‐nos ao vir para aqui. Foi por isso
que chegamos atrasadas.
-‐Eu acho que era o rei Ricardo!
-‐Não repitas o nome que até fico com pele de
galinha! disse a fada do tempo que é a mais
pequenina.
27
Ouviu-‐se um estrondo, o rei tentava entrar. As fadas tentaram esconder-‐se por
todo o lado e, mal o rei colocou um pé dentro da casa, começaram a ser disparados
raios de água, corações de amor, sapatos velhos, livros enormes e pesados e trovões.
Mas o rei continuava a entrar devagarinho, pois nada lhe causava mossa
alguma.
-‐ Ahahahahah! Não me podem fazer
mal. Eu sou o rei Ricardo, senhor das trevas e
imperador do mal! Vou raptar-‐vos, congelar-‐
vos e colocar-‐vos no meu jardim. Não voltarão
a ser mais poderosas do que eu e serei senhor de todo o vosso
reino!
E começou a disparar uma luz azul forte que iluminou toda
a casa.
-‐Estou a sentir frio, tenho as mãos geladas, não sinto os pés! disse a
fada dos meninos.
Uma a uma, as fadas foram caindo duras como pedras, congeladas! O rei
Ricardo carregou-‐as sem dar conta que não tinha congelado a fada do tempo,
que entretanto se tinha escapado para o jardim.
Seguiu o carro do rei até sua casa. Como era pequena, conseguiu entrar
através do buraco da fechadura e, com a sua varinha de condão, derrubou o rei
que, atordoado, caiu ao chão.
Vencido o rei, era urgente libertar as
queridas irmãs!
Resolveu acordar o Sol quente do
Verão e pedir-‐lhe que brilhasse com toda a
sua força. Ele assim fez porque gostava dela.
Aos poucos o gelo foi derretendo e as fadas
lá conseguiram ver-‐se livres da sua prisão.
Quando o rei Ricardo acordou, as
fadas deram-‐lhe uma lição e ele nunca mais se meteu com elas.
Ilustração
Alunos do 2.ºB Colégio de S. Gonçalo.
28
LENDA DAS SENHORINHAS E DOS GERVÁZIOS
Há muitos anos atrás
Lá para as bandas de Barroso
Corria o rio Rabagão
No fundo de um desfiladeiro tortuoso.
Eis que um dia um criminoso
Que vadiava pela região
Apressado na sua fuga
Queria atravessar o Rabagão
Sem ponte para atravessar
Iria ser preso e julgado
Não esteve com meias medidas
Vendeu a alma ao diabo
Estando este satisfeito
A ponte fez aparecer
Chegando o criminosos à outra
margem
Ouviu-‐se um barulho de ensurdecer
Algum tempo depois
Tratou de cobrar
A alma que lhe pertencia
Estava na hora de a levar
Aflito o criminoso
O padre mandou chamar
Queria os últimos sacramentos
E do diabo se livrar
Lá partiu o corajoso padre
Mas o mesmo problema encontrou
Não havia ponte para atravessar
29
Ergueu as mãos e a Deus orou
A noite ia chegando
E cansado de esperar
Avista o padre na outra margem
Um bicho negro a olhar!
Era Satanás
Que logo uma ponte fez aparecer
Tentando o zeloso padre
Que não se deixou convencer
Em direcção ao diabo
A água benta atirou
Que logo desapareceu
E um cheiro a enxofre deixou
Ponte mágica ou ponte do diabo
Conhecida assim ficou
A ponte da Misarela
Devido ao que aqui se passou
Os dois santos Gervázio e Senhorinha
Por esta ponte passaram
Pensaram em benzer estas águas
E ao primo e bispo S. Rosendo a sua intenção confessaram
Espalhou-‐se então a fama
Das águas milagrosas e fecundas do rio Rabagão
Que aliviavam todos os males
Das gentes da região
Acontecia que nestes tempos
A muitos jovens casais
Morriam muitos filhos
Que não chegavam a conhecer os pais
Então um casal barrosão
Com medo de mais um filho perder
Decidiram ir à ponte das águas santas.
30
O seu filho na barriga benzer
Quando lá chegaram
Tiveram de esperar
Depois da meia-‐noite e antes de o nascer do sol
Quem seria o primeiro a passar?
Já cansados de esperar
Passos ouviram a aproximar
Viram então um barrosão
Que com eles foi falar
Pediu o casal ao passante
Se o baptizado podia fazer
Com estas águas da vida
Que por baixo da ponte continuavam a correr
O passante assim o fez
Do rio o caneco cheio puxou
Erguendo a saia da mulher
Na barriga a água derramou
Se fores rapaz,
Serás Gervás,
Se fores menina,
Serás S
E assim na região de Barroso
Muitos moços e mocinhas
Ainda hoje se chamam
Gervázios e Senhorinhas!
A ponte da Misarela
Em toda a sua magnitude
De ponte mágica ou do diabo
Passou a ser também ponte prenha da virtude!
Lenda em rima, baseada no livro do padre Fontes
31
LENDA SENHORA DA APARECIDA
Nos últimos anos do século XVIII, pedia esmola por esta
terra um pobre ermitão, contando-‐se ser estrangeiro.
Todos o amavam porque era muito bondoso, estimava os
animais e respeitava as crianças.
Morava num subterrâneo, numa antiga mina seca, que
existia no monte da Conceição, lugar onde hoje se encontra a
Ermida de Nossa Senhora Aparecida. Trazia consigo, num
oratório, uma imagem da Virgem Maria, que apresentava
quando pedia esmola.
Por vezes alargava os seus passeios e, assim, se passavam meses sem ser visto nestes
sítios.
Mas, um dia, desapareceu de vez. O que lhe teria acontecido? Ninguém sabia
responder. E, assim passou ao esquecimento. Passaram-‐se muitos anos, até que
um fenómeno veio chamar a atenção do povo para o antigo abrigo do ermitão. Eram
estrelas cadentes que, em noites seguidas, ali pareciam ir beijar o chão. E também
faíscas eléctricas que, em dias de tempestade, ali caíam sem perigo. O povo e o vigário,
admirados com o que se passava, resolveram ir escavar e encontraram sinais de uma
mina aluída, onde apareceu a pequena imagem da Virgem, que passou a tomar o
nome de Senhora Aparecida.
Perto de tal imagem, encontra-‐se uma panela, alguns restos e carvão. Era ali que o
pobre mendigo descansava e foi ali, também, a sua sepultura. Foi, por certo, um novo
aluimento que soterrou, mas deixando inteira a pequenina imagem que o
acompanhou em vida.
Quando isto se descobriu, os sinos repicaram e lágrimas de alegria cobriram o rosto
de todos quantos assistiram a este acontecimento.
A notícia correu todo o norte de Portugal. A partir daí, começou a peregrinação a
este santo lugar. Assim começou a festejar-‐se a Romaria de Senhora Aparecida, nos
dias 13, 14 e 15 de Agosto de cada ano.
Foto da imagem da capela de Nossa Senhora Aparecida
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NOTÍCIA DO JORNAL DE AMARANTE
23 DE DEZEMBRO DE 2010 -‐ COLÉGIO DE S. GONÇALO
No passado dia 16, quinta-‐feira, teve lugar no Colégio de S. Gonçalo, uma
festinha com os pequeninos do Jardim-‐de-‐infância e Creche, que contou com a
presença dos pais e avós, que muito se divertiram com as actuações musicais dos mais
pequenos. Participar neste encerramento escolar, preparando as férias do Natal,
contando com o interesse do Director do Colégio, Reverendo Padre Clemente, e da
Senhora Professora Rita Pereira, Responsável pelo Infantário, Jardim-‐de-‐infância e
Internato, e beneficiando da contribuição monetária dos Pais na ajuda aos mais
vulneráveis, revertendo
emoções que se regista e agradece.
À Educadora Rita, com experiência pelo seu papel de voluntariado,
desempenhado em várias Instituições, naquele desafio de que gosta de partilhar,
agradecemos muito a sua alegria e motivação, determinantes para a canalização do
valor recolhido.
Às alunas do Internato que também contribuíram com as suas economias e quiseram
Instituição agradece a maneira fraterna e espontânea do gesto recebido.
Mantém-‐
entender, localmente, o empenho diário das profissionais que contribuem para dar às
crianças e jovens o que nunca tiveram até che
crianças e jovens em risco. Foi fundada em 1992, acolhe crianças dos 0 aos 12 anos, de
ambos os sexos, que se encontram em risco, estando actualmente 25 no Centro de
Acolhimento Temporário e 5 em Unidade de Emergência.
A Direcção da Terra dos Homens Ilustrações da notícia do Jornal de Amarante 23/12/2010
Festa de Natal da Creche e do Jardim-‐de-‐infância do Colégio de São Gonçalo
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COLÉGIO DE SÃO GONÇALO
Festa de Natal
Ilustração Paulo José Pereira
Idade: 7 anos Colégio de São Gonçalo
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O CASAL DE DIABOS DE AMARANTE
No período das Invasões Francesas em
1809, no séc. XIX, o casal de diabos que
existia no Mosteiro de São Gonçalo e fazia
parte do culto da fertilidade, não passou
despercebido e, por isso, também não foi
poupado. Os soldados de Napoleão pegaram
nos diabos, vestiram-‐nos com roupas de frades e queimaram-‐nos.
Depois, organizaram uma procissão pelas ruas da vila, mostrando as suas
habilidades de mau gosto e o pouco respeito que tinham pelos frades do convento.
Muito depois da fuga dos franceses, os frades do convento pediram ao mestre
António Ferreira de Carvalho que fizesse um casal de diabos igual ao que tinha sido
queimado na altura da invasão.
O mestre lá fez os diabos, mas desta vez eles ficaram com um furo de cada lado
da cabeça, que servia para colocar uma vela ou uma cruz. Depois de prontos, lá foram
fazer companhia aos santos do altar.
Mas, a história de tão atribulado casal continuou.
Por volta de 1870, o bispo de Braga considerou uma vergonha os diabos
partilharem lugar com os santos e ordenou que os queimassem. Tal não aconteceu, no
entanto, o diabo ficou sem os órgãos sexuais.
Mais tarde, um inglês que passou por Amarante achou os diabos engraçados,
comprou-‐os e levou-‐os, apesar dos protestos da população. Em 1889 este inglês expôs
o casal na Feira Internacional de Paris. O casal regressou pouco tempo depois face a
várias investidas diplomáticas exercidas pelo então presidente da Câmara Municipal,
António do Lago Cerqueira, e nesse dia houve festa. O dia dos diabos passou a ser a 24
de Agosto e nesse dia não se trabalhava, era como se fosse dia santo.
Os diabos estão agora no Museu Amadeo de Souza Cardoso, como símbolo de
tradição.
www.wikipedia.org/wiki/ Procissão_dos_diabodiabosdeamarante2010.blogspot.com/
www.cm-‐amarante.pt/
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PRINCESA DO TÂMEGA
Amarantina por casamento e adopção, aprendi, com o decurso dos anos, a
apreciar as belezas desta cidade e sobretudo do rio que a atravessa.
Observando meu marido a descrever aos netos como se vivia em Amarante e
como o rio era importante na vida dos amarantinos. Contava assim:
«Da vossa idade, ou mais novitos, quatro ou cinco anos, aprendíamos a nadar.
juntos navegavam, rio acima, impulsionados por vigorosas remadas dos filhos da
-‐nos postas debaixo dos braços duas cabaças,
unidas por uma correia e assim flutuávamos aprendendo alguns movimentos de
acompanhava-‐nos até ao meio do rio e largando-‐
mexa que enquanto mexer não vai ao
chegávamos à margem! Ao fim da manhã; pão com aquelas compotas caseiras ou
seguinte voltaríamos.
Mais tarde, adolescentes e alunos do Colégio de São Gonçalo, situado na margem do rio, era este que com as suas cheias nos dava alguns dias sem aulas. Galgando as margens inundava o ginásio e a entrada dos rapazes, (sim, havia uma entrada de rapazes e outra para raparigas). Anos houve em que a destruição foi
Anos depois era ainda este rio testemunha de tímidas promessas de amor que
fazíamos, passeando nas suas margens e atirando pequenas pedras para o seu leito.
Agora, tal como eu, está mais velho, lento e poluído, espero que, como a mim, o vosso amor o mantenha vivo.»
Foi ouvindo estas e muitas outras histórias que aprendi a observar e gostar deste rio que fez de Amarante sua princesa.
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BREVE HISTÓRIA DE AMARANTE
Vamos contar uma história
Que fica p´ra cá do Marão
Da cidade de Amarante
Que temos no coração
É uma cidade encantadora
Cheia de rara beleza
Tem aos pés o Rio Tâmega
De extraordinária grandeza
Amarante é um jardim
Matizado de flores
As telas foram pintadas
Por grandes e ilustres pintores
Esta cidade encantada
É um mundo de poesia
De muitas telas pintadas
E cheias de fantasia
A alegria das fontes
São lágrimas de Pascoaes
As flores são o poeta
Nos arranjos florais.
Mosteiro de S. Gonçalo
Monumento de rara beleza
É o nosso património
E uma grande riqueza.
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A igreja de S. Gonçalo
Visitada por muitos turistas
Actuam grandes orquestras
E também boas fadistas.
Há vestígios romanos
E igrejas medievais
Solares que guardam história
Recheados de canaviais.
Não podemos esquecer
O nosso S. Gonçalinho
Casamenteiro das velhas
Quando puxam o cordelinho.
Nesta pequena história
Não esquecemos a gastronomia
O nosso cabrito assado
E a deliciosa doçaria.
Muito mais havia a contar
Da cidade de Amarante
Convidamos toda a gente
A ver o Marão deslumbrante.
Ilustração Alunos do 4º A -‐ Colégio de S. Gonçalo
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LENDA DE SÃO GONÇALO E OS PÁSSAROS
Em data não precisa, no que respeita não só ao dia mas também ao mês e ano,
os pais de Gonçalo Pereira, menino em idade de brincar, tiveram necessidade de ir a
uma romaria a S. Paio de Vizela, aldeia próxima de sua residência, não só para fazerem
algumas compras mas também para venerarem o santo padroeiro. Como, logo de
manhã cedo, tivessem posto o milho-‐alvo na eira para secar visto estar um dia
soalheiro, chamaram o filho Gonçalo e incumbiram-‐no de vigiar o milho para que os
pardais e os outros pássaros não o comessem.
Gonçalo prometeu cumprir com as recomendações do pai mas também queria
ir à festa. Deixou que os pais saíssem e começou a pensar como é que haveria de ir à
romaria sem deixar que os pardais comessem o milho.
Pensou, tornou a pensar e sem demoras descobriu como ir à festa.
Começou a chamar todos os pássaros que havia por ali e meteu-‐os todos no alpendre
fechando a porta com todo o cuidado.
Guardados os pássaros meteu pés ao caminho e foi à festa.
Chegado ao rio, Gonçalo pediu ao barqueiro que o atravessasse para a outra
margem, este instruído pelos pais dele recusou. Gonçalo lançou a sua capa sobre o rio
e atravessou-‐o em cima dela.
Já na festa, seus pais encontraram-‐no e ficaram muito zangados por ele ter
abandonado o milho na eira à sorte da passarada, apesar de Gonçalo os acalmar e lhes
contar o que havia feito.
Não acreditaram e sem grandes demoras voltaram para casa.
Ao chegarem à eira verificaram que o milho estava muito bem espalhado, muito
sequinho e nem um pardal à vista. Estavam todos presos no alpendre.
Seu pai pensou logo em apanhar uns quantos para fazer uma refeição mas
Gonçalo foi a correr e abriu-‐lhes a porta dizendo:
-‐Fujam passarinhos.
Não ficou um que fosse e, de novo, todos gozaram de liberdade.
Ilustração: Alunos do 1º B
Colégio de S. Gonçalo
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SÃO GONÇALO DE AMARANTE
S. Gonçalo de Amarante
És um Santo Milagreiro
Deitas perfume nas novas
És um bom casamenteiro.
Esta terra de Amarante
Tem muito que agradecer
Ao Santo que lhe dá nome
E que sempre a fez crescer.
Deram-‐te o nome Gonçalo
Quando foste baptizado
Logo que olhaste para a cruz
Viste o teu destino traçado.
Não és natural de Amarante
Mas aqui vieste parar
Trazer alegria ao povo
Que aqui estava a morar.
Teus milagres se espalham
Por esse Portugal fora
Não há ninguém que não saiba
Que és Santo aqui, e agora.
O Colégio tem teu nome
Teu lugar é o primeiro
Todos os que aqui passam
Sentem orgulho no padroeiro.
Minha terra é Amarante
Terra que me viu nascer
S. Gonçalo o padroeiro
Para sempre o vamos ter.
Ilustração Helena Beatriz, 4º D
Colégio de S. Gonçalo
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TEIXEIRA DE PASCOAES
IIustração Decalque realizado pelos alunos do 3º ano C -‐ Colégio de S. Gonçalo
Biografia
Quando os sinos soluçam badaladas;
Terra Proibida)
Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos é o nome completo do grande poeta e
prosador amarantino de vasta projecção nacional e internacional. Nasceu na freguesia
de S. Gonçalo, mas viveu na casa de Pascoaes, em Gatão, propriedade de seus pais,
conselheiro João Pereira Teixeira de Vasconcelos e D. Carlota Guedes Monteiro,
grande casa solarenga que depois herdou.
Nasceu a 2 de Novembro de 1877 e morreu na sua casa de São João de Gatão
em 1952.
Estudou no liceu de Amarante, e licenciou-‐se em Direito na Universidade de Coimbra, em 1901, tendo exercido advocacia em Amarante e no Porto. Foi nomeado juiz substituto em Amarante, em 1911, cargo que exerceu durante 2 anos, dando por finda a sua carreira judicial em 1913, altura em que se refugia na sua casa de Gatão, dedicando-‐se à gestão das propriedades e à contemplação nostálgica da natureza, em especial da sua amada Serra do Marão, fonte de sua inspiração, à leitura e sobretudo à escrita. Era desde novo um ser solitário mas Pascoaes era local de peregrinação de inúmeros intelectuais e artistas nacionais e estrangeiros.
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Pascoaes, segundo palavras de Eugénio de Andrade, que privou com ele já este
tinha 70 anos, «era uma pessoa espontânea, simples, tímido e reservado, apesar de a
sua grandeza ser visível. A sua presença era inquieta e feliz, sendo também terrível e
acusador como um profeta do Velho Testamento não deixando nada em sossego, em
nome da verdade. A mentira era para ele o maior dos pecados.»
Integrado no movimento cívico e cultural portuense, em 1911 juntamente com
Leonardo Coimbra e Jaime Cortesão funda o grupo, «RENASCENÇA PORTUGUESA, e
entre 1912 e 1916 dirige a parte literária da revista a «Águia» tornada então no órgão
daquele movimento. Nesta publicação Pascoaes pretende inculcar a saudade como
«expressão superior da alma portuguesa nas suas duas vertentes de lembrança e
desejo, afirmando-‐se como o grande teorizador do Saudosismo, movimento religioso e
filosófico de auto-‐conhecimento e reconstrução nacional desencadeado pela
convulsão política de 1910 (advento da República). Pretende «restituir Portugal aos
seus valores espirituais próprios»
No liceu de Amarante ensaia os seus primeiros versos, poesias líricas e satíricas,
sendo publicadas em antigos números da «Flor do Tâmega», jornal local.
A sua obra está traduzida em várias línguas. O seu primeiro livro intitulava-‐se
Embriões (1895) e foi seguido de uma série de publicações.
A sua obra literária mais significativa Poesia: Sempre -‐1898; À Minha Alma -‐1898; Terra Proibida -‐1899; Vida Etérea -‐1906; As Sombras -‐1907; Marânus -‐1911; Regresso ao Paraíso -‐1912; Elegias -‐1912; O Doido e a Morte -‐1913; Contos Indecisos -‐1921; Sonetos -‐1925; Cânticos -‐1925.
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Prosa O Espírito Lusitano ou o Saudosismo -‐ 1912;
O Génio Português na sua Expressão Filosófica, Política e Religiosa -‐1913;
A Era Lusíada -‐ 1914;
O Penitente -‐ 1942
Dos seus poemas escolhi
Canção Duma Sombra
Ai, se não fosse a névoa da manhã E a velhinha janela onde me vou Debruçar para ouvir a voz das causas, Eu não era o que sou.
Se não fosse esta fonte que chorava
E este sol que eu comungo, de joelhos, Eu não era o que sou.
Ai, se não fosse este luar que chama Os aspectos à Vida, e se infiltrou, Como fluido mágico, em meu ser, Eu não era o que sou.
E se a estrela da tarde não brilhasse; E se não fosse o vento que embalou Meu coração e as nuvens nos seus braços Eu não era o que sou.
Ai, se não fosse a noite misteriosa Que meus olhos de sombras povoou E de vozes sombrias meus ouvidos, Eu não era o que sou.
Sem esta terra funda e fundo rio Que ergue as asas e sobe em claro voo; Sem estes ermos montes e arvoredos Eu não era o que sou.
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A DEFESA DA PONTE DE AMARANTE
A época das Invasões na minha região é um grande ponto de encontro de
Amarante com a História.
A defesa da ponte de Amarante é um dos actos heróicos preconizados pelo
militar General Silveira.
Foi durante 14 dias que este General ajudado pelos nossos soldados resistiu à
luta travada pelo General Soult que trazia consigo forças superiores em número e
disciplina.
Soult, inquieto com as notícias de que as tropas portuguesas e inglesas sob o
comando de Beresford vinham ao seu encontro, tinha enviado uma coluna do seu
exército para o vale do Tâmega, para preparar uma eventual retirada para além -‐
fronteiras.
A coluna, comandada por Loison e Delaborde, veio por entre pilhagens,
escaramuça e tentativas, frustrada de atravessar o rio, instalar-‐se em Amarante, onde
entra em 18 de Abril de 1809, não sem antes ter saqueado e incendiado as povoações
de Vila Meã e Manhufe. Na vila de Amarante prosseguiram as pilhagens e o fogo
posto. Ainda hoje as telas furadas por baioneta em busca de hipotéticos tesouros que
tivessem por trás, na sacristia da igreja de São Gonçalo, falam de vorazes rapinas
francesas. E dos incêndios que provocaram na sequência das pilhagens fala ainda hoje
o solar dos Magalhães. O
convento de Santa Clara (onde
por precaução, já não havia
monjas) ardeu a seguir. E
praticamente toda a vila, com
excepção das casas necessárias
a quartel-‐general e o hospital
dos Franceses.
Porém a ponte por que
contavam atravessar o Tâmega
estava defendida pelos soldados do General Silveira.
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E por isso os Franceses tiveram que estacionar mais tempo do que contavam -‐
tempo esse dedicado à destruição sistemática da Vila, com tentativas de romper
passagem. 14 Dias durou a defesa da ponte, e só graças a uma manobra de diversão,
aliás engenhosa, puderam os Franceses passar, simulando uma tentativa de passagem
do rio vau no açude dos Moreleiros na noite de 2 de Maio de 1809. Colocaram do lado
do entrincheiramento português cargas explosivas que às 3 da manhã rebentaram com
estrépito, causando feridos e o pânico entre os defensores.
As tropas francesas fizeram a retirada com o que restava do poderoso exército e
deste modo chegava ao fim a invasão francesa determinada por Napoleão com a
derrota dos mais prestigiados generais.
Pelo seu comportamento, o General Silveira recebeu o título de Conde de
Amarante, mas a nossa Vila ficou destruída.
Ilustração Inês Gonçalves Luís Van Zeler
Macedo, Pequena
História de Amarante
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ÍNDICE
Uma mortalha pesada a ouro
onçalo"
Primeira história
Segunda história
Terceira história
A lenda da dona loba
Amadeo de Souza Cardoso
Poema / canção para dia do pai
Papos de anjo de Amarante
Lérias de Amarante ..
Gonçalo e as moças
Hino ao colégio
Hino Colégio São Gonçalo pauta musical
Ana, Ivo e o rato ratinho
As fadas irmãs
Lenda das Senhorinhas e dos Gervázios .
Lenda Senhora da Aparecida .
Notícia do Jornal de Amarante 32
Colégio de S. Gonçalo .
O casal de diabos de Amarante
Princesa do Tâmega .
Breve história de Amarante
Lenda de são Gonçalo e os pássaros
São Gonçalo de Amarante .
Teixeira de Pascoaes biografia e poema seleccionado -‐ canção duma sombra
A defesa da ponte de Amarante ... 43
46
ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO DE FELGUEIRAS
ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO DE FELGUEIRAS
Reinventar a
Leitura e a
Escrita na
Aula do
1º CEB e do
Pré-escolar