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EXMO. JUIZ DO TRABALHO DA 7ª VARA DO TRABAHO DE CASCAVEL
Reclamação Trabalhista nº. 111/2014
TUDO DE BOM LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no
CNPJ nº. 11.111.119/0009-11, com sede na Rua Alvorada nº. 10, cidade de Cascavel,
Estado do Paraná, neste ato representada por seu advogado signatário, com escritório
profissional na rua..., número..., cidade..., estado..., vem, respeitosamente, com fulcro
no artigo 847, da CLT c/c artigo 300, do CPC, apresentar sua CONTESTAÇÃO à
Reclamação Trabalhista movida por JOÃO SILVA, nacionalidade, estado civil,
auxiliar de serviços gerais, residente e domiciliado na Rua do Amor, nº. 10,
Cascavel/PR, o que faz com base nos fatos e fundamentos a seguir expostos:
I – SÍNTESE DA RECLAÇÃO
Trata-se reclamação trabalhista proposta pelo Sr. JOÃO SILVA, onde
pretende o pagamento de indenização referente ao período de estabilidade acidentária,
com todos os consectários legais, bem como pretende o pagamento de horas extras
pelo intervalo suprimido, com reflexos em DSR, aviso prévio, férias acrescidas de
1/3, 13º salário e FGTS + multa de 40% de todo o período. No entanto, razão não
assiste ao reclamante, senão vejamos.
I – PRELIMINAR
I.1. Da carência de ação
Preliminarmente, sem ingressar diretamente no direito do reclamante à
garantia do emprego, há que se analisar o pedido de indenização do autor com
algumas ressalvas. Isso porque, conforme se depreende da exordial trabalhista,
verifica-se que o reclamante pleiteia diretamente o pedido de indenização substutiva,
sem sequer pleitear sua reintegração ao trabalho.
O artigo 496, da CLT, dispõe o seguinte, verbis:
Art. 496. Quando a reintegração do empregado estável for
desaconselhável, dado o grau de incompatibilidade resultante do
dissídio, especialmente quando for o empregador pessoa física, o
tribunal do trabalho poderá converter aquela obrigação em
indenização devida nos termos do artigo seguinte. (Grifou-se).
Da análise literal do referido artigo, percebe-se que a conversão em
indenização é faculdade do magistrado, não da parte reclamante. Assim, deveria o
reclamante pleitear sua reintegração no cargo, e não, diretamente, a indenização, que,
por força da CLT, é faculdade do juiz. Tal observação é necessária, pois, sob a ótica
da Constituição Federal de 1988, a concessão direta de indenização desvirtuaria a
garantia do emprego e a continuidade do trabalho, bem como criaria vantagem
econômica indevida ao reclamante.
Nesse sentido, o entendimento do TRT da 9ª Região:
ESTABILIDADE PROVISÓRIA - DOENÇA DO TRABALHO -
INDENIZAÇÃO - AUSÊNCIA DE PEDIDO DE REINTEGRAÇÃO.
Tratando-se de empregado detentor de estabilidade provisória,
mister a entabulação de pedido voltado para a reintegração,
cabendo, apenas, em caráter substitutivo postulação acerca de
indenização correspondente. A garantia constitucional ao
empregado se dá em relação à estabilidade no emprego e não à
indenização. Mantém-se, pois, a sentença que declarou a
improcedência do pedido obreiro que buscava unicamente a
indenização. (TRT-9 301200989906 PR 301-2009-89-9-0-6,
Relator: SÉRGIO MURILO RODRIGUES LEMOS, 4A. TURMA,
Data de Publicação: 26/08/2011) (Grifou-se).
Desta forma, com base nessas considerações, conclui-se pela carência
de ação do reclamante, uma vez que se encontra presente a impossibilidade jurídica
do pedido, devendo o feito ser extinto, sem resolução de mérito, nos termos do art.
267, inc. VI, do CPC.
II – PREJUDICIAL DE MÉRITO
II.1. Da prescrição quinquenal
Pretende o reclamante, ainda, em sua reclamação, o pagamento de todas
as verbas, referente a todo o período trabalhado. Para sintetizar os fatos, verifica-se
que o reclamante iniciou sua prestação laboral à reclamada em 15.10.2008, sendo
dispensado do trabalho em 15.12.2013, e a presente reclamação foi proposta em
15.02.2014, conforme petição inicial.
No entanto, o art. 7º, inc. XXIV, da Constituição da República, e art. 11,
da CLT, estabelecem o prazo prescricional como sendo os últimos 5 (cinco) anos,
contados da data do ajuizamento. Portanto, não pode o reclamante pleitear as verbas
referentes a todo o período trabalhado, uma vez que só pode requerer aquelas dos
últimos 5 anos, conforme preceito constitucional, repetido na CLT. Nesse mesmo
sentido é a Súmula 308, do Tribunal Superior do Trabalho, incorporada à Orientação
Jurisprudencial nº. 204 da SBDI-1.
Desta forma, há de se reconhecer a prescrição das verbas anteriores aos
5 anos da data do ajuizamento.
III – DO MÉRITO
III.1. Da inexistência de estabilidade acidentária
Na eventual hipótese de não serem acatas as preliminares arguidas pela
reclamada, passa-se a atacar o mérito da ação.
Conforme relatado, pretende a reclamante o pagamento de indenização
substitutiva, alegando que possui o direito à estabilidade acidentária, a qual, segundo
o reclamante, não lhe foi concedida. Entretanto, da análise dos documentos em anexo,
percebe-se que o reclamante sequer possui o direito à estabilidade acidentária.
A Lei n°. 8.213/1991, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da
Previdência Social e dá outras providências, em seu art. 19, conceitua acidente de
trabalhado aquele decorrente do exercício do trabalho a serviço da empresa, que
provoque lesão corporal ou perturbação funcional que causa a morte ou a perda ou
redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.
Na hipótese dos autos, verifica-se que o laudo técnico apresentado pelo
INSS é no sentido de não haver nexo técnico epidemiológico. Ou seja, o benefício
concedido pelo INSS é não-acidentário (código 31). Assim, não se trata de acidente
de trabalho e, portanto, o reclamante não faz jus à estabilidade acidentária, eis que não
se enquadra na hipótese prevista no art. 118, da Lei 8.213/91.
Ademais, a SÚMULA 378 do TST, declarou constitucional o art. 118,
da Lei 8.213/91, garantindo o direito à estabilidade acidentária tão somente àqueles
que, efetivamente, sofreram acidente de trabalho e que recebem o benefício
acidentário, sendo este último, requisito essencial para a concessão da estabilidade.
II.2. Da jornada extraordinária
Pretende o reclamante, ainda, ver reconhecida a existência de jornada
extraordinária pelo intervalo suprimido. Todavia, mais uma vez, razão não lhe assiste,
pois, conforme preconiza o art. 71, §3°, da CLT, o limite mínimo de 1 hora para
repouso ou refeição poderá ser reduzido por ato do Ministério do Trabalho e
Emprego, atendendo os requisitos exigidos pelo artigo.
Sendo assim, verifica-se a existência de autorização do Ministério do
Trabalho e Emprego para supressão do intervalo, cujo documento segue em anexo, o
que, por óbvio, descaracteriza a reclamação de jornada extraordinária, bem como os
supostos reflexos nas demais verbas trabalhistas sugeridas na inicial.
IV – CONCLUSÃO
Ante ao exposto, requer sejam acolhidas as preliminares e prejudiciais
arguidas na presente contestação, com a consequente extinção do feito; ou, caso
superada as preliminares, seja julgado, no mérito, improcedente todos os pedidos
formulados na petição inicial.
Requer, ainda, a condenação da reclamante ao pagamento das custas.
Pretende, por fim, a reclamada, provar o alegado por todos os meios de
prova admitidos em direito, notadamente o depoimento pessoal da reclamante e prova
documental.
São os termos em que pede deferimento.
Cascavel, data.
ADVOGADOOAB
RESPOSTA DAS QUESTÕES
Questão 1
a) Deverá ser proposta exceção de incompetência, devendo ser proposta durante o
prazo de defesa, na forma do art. 27, do CPC, sob o fundamento do art. 651, da CLT,
que estabelece a competência sendo o local onde o empregado prestar serviços ao
empregador.
b) Apresentada a exceção de incompetência, deverá o juiz abrir vista dos autos ao
exceto, por 24 horas improrrogáveis, devendo a decisão ser proferida na primeira
audiência ou sessão que se seguir (art. 800, da CLT). Deverá, ainda, o juiz, promover
a suspensão do feito, conforme art. 799, da CLT.
Questão 2
a) Poderá ser descontado do salário, se houver dolo por parte do empregador, até o
limite do valor do dano causado (art. 462, da CLT e Precedente Normativo em
Díssidio Coletivo n. 118 do TST).
b) Poderá apresentar em sede de contestação requerimento de compensação, não
excedente a 1 (um) salário do empregado (art. 477, §5°, da CLT). Com relação ao
restante excedente dos danos, o empregador poderá apresentar reconvenção, na forma
do art. 299 e 315, ambos do CPC.