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PERDAS ESTIMADAS , PROVISES E RESERVAS

PROVISES E RESERVAS Um dos assuntos contbeis que sempre gerou certa discusso, nos meios acadmicos e profissionais, o tratamento de Provises e Reservas: Quando se deve constituir uma Proviso e quando se deve constituir uma Reserva. Trata-se, porm, de assuntos completamente diferentes e que devem ser tratados de forma adequada. Vamos iniciar este estudo, verificando o conceito de Provises e Reservas. PROVISES Provises so estimativas de obrigaes ou perdas de ativo. Logo, h dois tipos de provises: as que representam estimativas de perdas de ativo, tambm chamadas de provises redutoras do ativo, e as que aumentam o passivo. As provises podem ser distinguidas de outros passivos quando h incertezas sobre os prazos e valores que sero desembolsados ou exigidos para a sua liquidao. Este conceito tambm se estende s provises redutoras de ativo no que diz respeito s incertezas sobre prazos e valores. So indedutveis de acordo com a legislao do imposto de renda, com exceo das provises para frias e proviso para 13 salrio. OBSERVAO Cabe esclarecer que o enunciado dos pronunciamentos emitidos pelo CPC (Comit de Pronunciamentos Contbeis) em alguns aspectos conflitante com o da Lei das S.A. CPC 25 PROVISES, PASSIVOS CONTINGENTES E ATIVOS CONTINGENTES O CPC 25 Provises, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes define o termo Provises como: Proviso um passivo de prazo ou de valor incertos. Define, ainda,o item 11 deste pronunciamento que as provises podem ser distintas de outros passivos tais como contas a pagar e passivos derivados de apropriaes por competncia (accruals) porque h incerteza sobre o prazo ou o valor do desembolso futuro necessrio para a sua liquidao. O termo Proviso tem sido utilizado de forma inadequada como referncia a qualquer obrigao ou como conta redutora de ativos quando, de acordo com o conceito do CPC 25, dever ser utilizado apenas para passivos com prazos ou valores incertos, ou seja, quando h incertezas sobre os prazos e valores que sero desembolsados ou exigidos para sua liquidao. Portanto, tambm as Provises derivadas de apropriaes por competncia se caracterizam como obrigaes j existentes, registradas no perodo de competncia, em que no existe grau de incerteza relevante. J representam passivos genunos e no devem ser reconhecidos como provises. Ex.: Frias a Pagar, 13 Salrio a Pagar, Encargos Sociais a Pagar, Dividendos a Pagar. Embora algumas vezes seja necessrio estimar o valor ou prazo desses passivos, a incerteza geralmente muito menor do que nas provises.

RESERVAS Reservas a diferena entre o patrimnio lquido e o capital investido pelos scios. Se do total do patrimnio lquido subtrairmos o capital social, que o investimento feito pelos scios, normalmente se tem o valor das Reservas. Portanto, as Reservas pertencem nica e exclusivamente ao patrimnio lquido.

Visa manter a integridade do capital social ou garantir a realizao de Investimentos com recursos prprios.

ATIVO ATIVO CIRCULANTE DUPLICATAS A RECEBER Perdas Estimadas em Crditos Duvidosa

de

Liquidao

PASSIVO PASSIVO CIRCULANTE Salrios a Pagar Frias a Pagar 13 Salrio a Pagar

Contas a Pagar ESTOQUES Impostos a Pagar Perdas Estimadas para Reduo ao Valor Realizvel IR a Pagar Lquido Perdas Estimadas em Estoque CSL a Pagar Proviso para Contingncias ATIVO NO CIRCULANTE REALIZVEL A LONGO PRAZO DUPLICATAS A RECEBER Perdas Estimadas em Crditos Duvidosa

de

Liquidao

PASSIVO NO CIRCULANTE Proviso para Contingncias

INVESTIMENTOS Perdas Estimadas por valor no recupervel em Investimentos. IMOBILIZADO Perdas Estimadas por valor no recupervel em Imobilizado INTANGVEL Perdas Estimadas por valor no recupervel em Intangveis

PERDAS ESTIMADAS EM CRDITOS DE LIQUIDAO DUVIDOSA (PECLD) O termo Proviso para Crditos de Liquidao Duvidosa (PCLD) como conhecida partir da publicao da Lei 6.404/76, j foi no passado, denominada de Proviso para Devedores Duvidosos (PDD), termos at hoje, ainda utilizados nos meios profissionais. Contudo, a partir da aplicao das Normas Internacionais de Contabilidade o termo usado Perdas Estimadas em Crditos de Liquidao Duvidosa (PECLD). OBJETIVO O objetivo da constituio de Perdas Estimadas em Crditos de Liquidao Duvidosa cobrir perdas estimadas na cobrana de duplicatas a receber. Isto, porque, o recebimento dessas duplicatas nem sempre lquido e certo, uma vez que a empresa est sujeita aos riscos de crdito e, portanto, ao grau de inadimplncia provocado pelos clientes incobrveis. PRINCPIOS DE CONTABILIDADE A constituio das Perdas Estimadas em Crditos de Liquidao Duvidosa constituda em obedincia aos princpios: da Prudncia, da Oportunidade e da Competncia. Clientes incobrveis podem ser considerados aqueles que se encontram em lugar no sabido e para o qual se tenham esgotado todos os recursos para o seu recebimento. A baixa de clientes incobrveis deve ser feita com base em laudos assinados pelo departamento jurdico ou prova documental. A base de clculo da Proviso para Crditos de Liquidao Duvidosos deve ser o saldo de duplicatas a receber, sobre o qual se aplica um percentual suficiente para cobrir eventuais dvidas quanto ao recebimento de duplicatas. Esse percentual varia de empresa para empresa dependendo da poltica de crdito, segmento de mercado, etc. Uma das alternativas razoveis para o clculo desse percentual a percentagem obtida nos ltimos anos, entre duplicatas no liquidadas e o total de duplicatas a receber. COMPOSIO DA BASE DE CLCULO No devem compor a base de clculo e, portanto deve ser excludos: Crditos com pessoas jurdicas de direito pblico, sociedades de economia mista ou sua subsidiria. Vendas com reserva de domnio, alienao fiduciria, ou de operaes com garantia real. Crditos com coligadas, controladas, interligadas ou associadas. Crditos junto a instituies financeiras. Crditos com administradores, scios, acionistas, cnjuge ou parente de 3 grau. Crditos adquiridos com coobrigaes. Crditos que no tenham transitado por contas de resultado. Crdito relativo ao bem arrendado em empresas de arrendamento mercantil.

CONTABILIZAO EXEMPLO Vamos admitir que certa empresa apresente, no final de X1, saldo em Duplicatas a Receber no valor de $ 100.000,00 e que a taxa, para a constituio das perdas, foi de 10%. Durante o exerccio de X2, foram consideradas incobrveis duplicatas no valor de $ 4.000,00 e que, no final de X2, a conta Duplicatas a Receber apresentava um saldo de $ 180.000,00. No exerccio de X3 a empresa recebeu $ 3.000,00 referente a duplicatas baixadas como incobrveis em exerccios anteriores. SOLUO

EXERCCIO 1 31.12.X1 Saldo de Duplicatas a Receber Perdas Estimadas: 3% X2 Duplicatas consideradas Incobrveis Recebimento de duplicatas baixadas como Incobrveis no prprio exerccio 31.12.X2 Saldo de Duplicatas a receber Perdas estimadas (3%) Utilizar o mtodo da Reverso SOLUO 100.000 3.000 2.000 500 200.000 6.000

EXERCCIO 2 31.12.X1 Saldo de Duplicatas a Receber Perdas Estimadas: 3% X2 Duplicatas consideradas Incobrveis 31.12.X2 Saldo de Duplicatas a receber Perdas estimadas (4%) SOLUO 100.000 3.000 5.000 200.000 8.000

EXERCCIO 3 A Comercial So Paulo Ltda. apresentava no balano patrimonial encerrado em 31.12.X0 as seguintes contas e saldos Duplicatas a Receber Perdas Estimadas em Crditos de Liquidao Duvidosa 200.000,00 10.000,00

Durante o exerccio de X1, ocorreram as seguintes operaes: Duplicatas consideradas incobrveis Recebimento de duplicatas baixadas como Incobrveis em exerccios anteriores 8.000,00 5.000,00

Considerando-se que o saldo final da conta Duplicatas a Receber, em 31.12.X1, era de $ 300.000,00 e que a empresa estima uma taxa de 5% para crditos incobrveis, efetuar todos os lanamentos necessrios para o fechamento do balano patrimonial em 31.12.X SOLUO

PERDAS ESTIMADAS PARA REDUO AO VALOR REALIZVEL L QUIDO DOS ESTOQUESO art. 183 da Lei 6.404/76, inciso II, determina a avaliao dos estoques: Art. 183 No balano, os elementos do ativo so avaliados segundo os seguintes critrios: (...) II os direitos que tiverem por objeto mercadorias e produtos do comrcio da companhia, assim como matrias-primas, produtos em fabricao e bens de almoxarifado, pelo custo de aquisio ou produo, deduzido de proviso para ajust-lo ao valor de mercado, quando este for inferior. 1 Para efeitos do disposto neste artigo, considera-se valor justo: a) das matrias-primas e dos bens em almoxarifado, o preo pelo qual possam ser repostos, mediante compra no mercado. b) dos bens ou direitos destinados venda, o preo de realizao mediante venda no mercado deduzidos os impostos e demais despesas necessrias para a venda, e margem de lucro.

Como menciona o respectivo artigo, os estoques so classificados em dois tipos: os destinados ao consumo e os destinados venda e, portanto, cada qual deve ser avaliado segundo as suas caractersticas prprias. O ajuste para Perdas Estimadas para Reduo ao Valor Realizvel Lquido muito embora, no seja previsto como dedutvel pela legislao do Imposto de Renda, sua constituio necessria para que os ativos sejam reconhecidos no balano de acordo com a efetiva capacidade de recuperao. CPC 16 (R1) - ESTOQUES APURAO DO VALOR REALIZVEL LQUIDO Segundo o CPC 16 (R1) Estoques, item 9: os estoques devem ser mensurados pelo valor de custo ou pelo valor realizvel lquido, dos dois o menor. VALOR DE CUSTO: Entende-se por valor de custo todos os custos de aquisio e de transformao, bem como, outros custos incorridos para trazer os estoques sua condio e localizao atuais. VALOR REALIZVEL LQUIDO: Entende-se o preo de venda estimado no curso normal dos negcios deduzido dos custos estimados para sua concluso e dos gastos estimados necessrios para se concretizar a venda. VALOR JUSTO: aquele pelo qual um ativo pode ser trocado ou um passivo liquidado entre partes interessadas, conhecedoras do negcio e independentes entre si, com ausncia de fatores que pressionem para a liquidao da transao ou que caracterizem uma transao compulsria.

ESTOQUES DESTINADOS A CONSUMO As matrias-primas, e bens em almoxarifado, devem ser avaliados pelo custo de aquisio ou valor de mercado, dos dois o menor. evidente que ao se considerar o valor de mercado, equivale a dizer que os estoques devem ser reduzidos para o seu valor de realizao. Em resumo, quando o valor do custo for maior que o valor lquido realizvel, deve-se constituir um ajuste para perdas. No podemos alterar diretamente o valor dos estoques nas suas contas originais na contabilidade, muito menos nos controles extra-contbeis, no seu valor de inventrio, que devem permanecer registrados de acordo com os mtodos de avaliao utilizados. A deduo deve ser feita atravs da constituio de uma conta redutora.

EXEMPLO

ESTOQUES DESTINADOS A VENDA Como j visto, de acordo com o art. 182, inciso II 1, item b, no caso de estoques representados por Produtos Acabados e Mercadorias para revenda, o valor Realizvel Lquido de cada item apurado da seguinte forma: Valor da Venda (-) Impostos sobre Vendas (-) Despesas estimadas para vender e receber (-) Margem de Lucro (=) Valor Realizvel Lquido Entende-se como despesas para vender e receber aquelas que esto diretamente relacionadas com a venda do produto e a cobrana de seu valor, como por exemplo: despesas de fretes, comisses, embalagens, propaganda, taxas e desconto, despesas bancrias de cobrana etc. Embora a Lei 6.404/76, determine que se deva deduzir a Margem de Lucro, sob o aspecto contbil, essa deduo deve ser vista com cuidado. Ao subtrairmos do preo de qualquer produto as despesas e a margem de lucro, chegaremos novamente ao seu custo. Quedas de preos indicam reduo de margem de lucro e at mesmo margens negativas. Portanto, se o preo do produto tem quedas estabelecidas por condies desfavorveis de mercado, no h o que se falar em incorporar a margem de lucro perda, pois a perda deve ter como limite o valor aplicado no estoque e as despesas necessrias para vend-lo. O CPC 16 (R1) Estoques ao definir o Valor realizvel Lquido j considerou esse efeito ao eliminar, na forma do clculo, a margem de lucro. Feita a ressalva, mas em obedincia ao CPC, vamos verificar o prximo exemplo: EXEMPLO

EXERCCIO 1 Considere uma indstria que mantenha em seus estoques os seguintes itens de matrias-primas:

Matria-Prima

Valor de Custo

Valor de Mercado (Valor Lquido Realizvel)

Perdas Estimadas

A B C Total SOLUO

150,00 200,00 300,00 650,00

100,00 240,00 250,00 590,00

EXERCCIO 2 A empresa possui um estoque de mercadorias para revenda no valor de $ 1.000,00. Na poca do fechamento do balano apura que o preo de venda de $ 1.200,00, com as seguintes despesas para a venda: ICMS 18% Despesas de Vendas (embalagens, comisses, etc.): 150,00 Margem de Lucro: 10% sobre o preo de venda Sabendo-se que a empresa avalia seus estoques de acordo com o CPC-16 (R1), calcular e contabilizar as Perdas estimadas. SOLUO

REVERSO DAS PERDAS ESTIMADAS Quando o mercado se estabilizar e houver recuperao dos preos praticados com a respectiva extino do risco de perda nos estoques, efetuamos a reverso do ajuste. A comprovao da recuperao poder ser feita por vendas realizadas com preo superior ao previsto por ocasio da constituio do ajuste, ou at mesmo mediante a constatao por cotaes em mercado formal que houve a recuperao dos ativos.

PERDAS ESTIMADAS EM ESTOQUE As Perdas estimadas em Estoque referem-se a perdas conhecidas em estoques e calculadas por estimativa relativas a: Estoques deteriorados Estoques obsoletos Diferenas fsicas entre o saldo contbil e o inventrio fsico CONTABILIZAO D = Despesas com Perdas Estimadas em Estoque (Resultado Custo) C = Perdas Estimadas em Estoque (AC) EXERCCIO 3 Determinado item est registrado no estoque ao preo unitrio de $ 100,00 por unidade e o estoque era composto por 10.000 unidades. O preo de venda possvel de ser praticado no mercado para esse item de $ 150,00 por unidade. Como o preo do mercado superior ao custo registrado, podemos imaginar que no estamos em situao de perda, todavia, esse preo no est lquido de tributos e das despesas necessrias venda do produto. Admitamos que a empresa espere uma margem de lucro de 15% e que sobre a venda desses produtos incidam os seguintes impostos e despesas: ICMS: 18% PIS-PASEP: 1,65% COFINS: 7,6% Comisses sobre vendas: 5% Outras despesas de vendas: 10% Calcular o ajuste de Perdas Estimadas para reduo ao Valor Realizvel Lquido. SOLUO

EXERCICIO 4 Determinada empresa mantinha em seus estoques os seguintes itens de Produtos Acabados, cujos Custos de Produo eram os seguintes: A = 700,00 B = 2.000,00 C = 3.000,00 Estimam-se os seguintes preos de venda: A = 1.200,00 B = 2.500,00 C = 3.200,00 Entretanto, para a concluso da venda necessrio a apurao dos impostos e despesas nas seguintes condies: Impostos 30%, Despesas necessrias para vender e receber: 10% Calcular as Perdas Estimadas para reduo ao Valor Realizvel Lquido SOLUO

PERDAS ESTIMADAS POR VALOR NO RECUPERVEL EM INVESTIMENTOS, IMOBILIZADO E INTANGVEL (IMPAIRMENT TEST) 1) PERDAS ESTIMADAS POR VALOR NO RECUPERVEL EM INVESTIMENTOS O art. 183 da Lei 6.404/76, inciso III, determina a avaliao de investimentos em participaes: Art. 183 No balano, os elementos do ativo so avaliados segundo os seguintes critrios: (...)

III os investimentos em participaes no capita social de outras sociedades, ressalvado o disposto nos arts. 248 a 250, pelo custo de aquisio, deduzidos de proviso para perdas provveis na realizao do seu valor, quando essa perda estiver comprovada como permanente, e que no ser modificado em razo do recebimento, sem custo para a companhia, de aes ou quotas bonificadas; IV os demais investimentos, pelo custo de aquisio, deduzido de proviso para atender s perdas provveis na realizao do seu valor, ou para reduo do custo de aquisio ao valor de mercado, quando este for inferior.

Pelo texto do artigo da Lei, notamos que a Proviso para Perdas Provveis na Realizao de Investimentos deve ser constituda no encerramento do exerccio social quando, nas empresas investidas, h perdas de difcil ou improvvel recuperao, quando essa perda for comprovada como permanente. CPC 01 (R1) REDUO AO VALOR RECUPERVEL DE ATIVOS Muito embora a Lei 6.404/76 determine o reconhecimento da proviso para perdas provveis na realizao de investimentos, quando comprovadas como permanentes, a adequao s Normas Internacionais de Contabilidade, atravs do CPC 01 Reduo ao Valor Recupervel de Ativos, a expresso comprovadas como permanentes tende a desaparecer. De acordo com este CPC, deve-se constituir perdas sempre que o valor contbil exceder o valor de recuperao. Para se determinar se a empresa investidora tem perdas com seus investimentos em outras sociedades, necessrio acompanhar a situao dessas outras sociedades. Para tanto, deve-se obter as demonstraes contbeis dessas empresas e apurar o valor patrimonial das aes. Se a empresa investida estiver operando com prejuzo, provocar uma diminuio no patrimnio lquido e, conseqentemente, o valor patrimonial das aes sofrer reduo EXEMPLOS QUE JUSTIFICAM A CONTABILIZAO DE PERDAS 1. Prejuzos apurados nas investidas sem perspectivas de recuperao pelo menos no prximo exerccio. 2. Investidas que tenham sua falncia decretada. 3. Investidas que possua projetos inviveis e sejam abandonados. Cabe ressaltar que as perdas estimadas por valor no recupervel em investimentos, indedutvel para fins do Imposto de Renda por fora do disposto na lei n 9.249/95, art. 13, inciso I e RIR/99, art. 335, e para fins da Contribuio Social sobre o Lucro Lquido por fora do disposto na instruo normativa 390/2004, art. 38 EXEMPLO A Cia. Aberta adquiriu 15% das aes da Cia. Fechada pelo valor patrimonial. Na data da aquisio a posio da investida era a seguinte:

EXERCCIO 1 A Cia. Amoreira adquiriu, em maio de X1, por $ 70.000,00, aes da Cia. Amora, sem a inteno de venda. As aes adquiridas correspondem a 7% das aes emitidas pela Cia. Amora. Em 31.12.X1, o valor de mercado das aes caiu para $ 50.000,00, pois em outubro de X1, houve um incndio na Cia. Amora, destruindo uma de suas fbricas, sendo tal perda considerada no recupervel no prximo exerccio. Calcular a Perda por desvalorizao. SOLUO

EXERCCIO 2 A Cia. Porto tem participao de 10% na Cia. Rio e constatou que a investida abandonou o desenvolvimento de um projeto em Tecnologia Industrial, para o qual j havia desembolsado $ 500.000,00. Atendendo legislao, a Cia. Rio baixou o valor dos Gastos com Desenvolvimento do Projeto, contabilizado no Ativo intangvel, transferindo-0 para despesas, o que provocou grande prejuzo nesse exerccio. Com base nessas informaes, qual o impacto que essa operao provocou nos investimentos da Cia. Porto? SOLUO

2) PERDAS ESTIMADAS POR VALOR NO RECUPERVEL EM IMOBILIZADO E INTANGVEL IMPAIRMENT TEST

O art. 183, 3 da lei n 11.941/09 determina que os ativos devam ser avaliados ao valor recupervel.Art. 183. No balano, os elementos do ativo sero avaliados segundo os seguintes critrios: (...) V os direitos classificados no imobilizado, pelo custo de aquisio, deduzido do saldo das respectivas contas de depreciao, amortizao ou exausto. VII os direitos classificados no Intangvel pelo custo incorrido na aquisio deduzido do saldo da respectiva conta de amortizao. 3 A companhia dever efetuar, periodicamente, anlise sobre a recuperao dos valores registrados no imobilizado, no intangvel, a fim de que sejam: I registradas as perdas de valor do capital aplicado quando houver deciso de interromper os empreendimentos ou atividades a que se destinavam ou quando comprovado que no podero produzir resultados suficientes para recuperao desse valor; ou II revisados e ajustados os critrios utilizados para determinao da vida til econmica estimada e para clculo da depreciao, exausto e amortizao.

CPC 01 (R1) REDUO AO VALOR RECUPERVEL DE ATIVOS O Comit de Pronunciamentos Contbeis (CPC) que tem por objetivo o estudo, o preparo e a emisso de Pronunciamentos Tcnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgao de informaes dessa natureza, tambm emitiu um pronunciamento sobre o assunto, o CPC 01 (R1) Reduo ao valor recupervel de ativos Este CPC identifica quando um Ativo pode estar desvalorizado:8. Um ativo est desvalorizado quando o seu valor contbil excede seu valor recupervel. Os itens 12 a 14 descrevem algumas indicaes de que essa perda possa ter ocorrido. Exceto conforme descrito no item 10, este Pronunciamento Tcnico no requer que a entidade faa uma estimativa formal do valor recupervel se no houver indicao de possvel desvalorizao. 9. A entidade deve avaliar ao fim de cada perodo de reporte, se h alguma indicao de que um ativo possa ter sofrido desvalorizao. Se houver alguma indicao, a entidade deve estimar o valor recupervel do ativo.

Portanto, sempre que o valor contbil dos ativos for maior que o valor recupervel a empresa dever reconhecer perdas para desvalorizao reconhecendo, essa perda, diretamente no resultado do exerccio ou como reduo da reserva de reavaliao, quando aplicvel. Essa perda pode ser revertida se e quando desaparecem as razes que levaram sua constituio, com exceo da perda na recuperabilidade (impairment) do gio pago por expectativa de rentabilidade futura (goodwill), que no poder ser revertida.

RESUMINDO, DEVE-SE RECONHECER UMA PERDA POR DESVALORIZAO QUANDO O VALOR CONTBIL FOR MAIOR QUE O VALOR RECUPERVEL

VALOR RECUPERVEL = VALOR JUSTO LQUIDO DE DESPESAS DE VENDA OU VALOR DE USO DOS DOIS O MAIOR O CPC 01 (R1) Reduo ao Valor Recupervel de Ativo define, ainda: VALOR CONTBIL: o montante pelo qual o ativo est reconhecido no balano depois da deduo de toda respectiva depreciao, amortizao ou exausto acumulada e ajuste para perdas.

VALOR RECUPERVEL de um ativo ou de uma unidade geradora de caixa o maior montante entre o seu valor justo lquido de despesas de venda e o seu valor em uso. VALOR JUSTO LQUIDO DE DESPESAS DE VENDA: o montante a ser obtido pela venda de um ativo ou de uma unidade geradora de caixa em transaes em bases cumulativas, entre partes conhecedoras e interessadas, menos as despesas estimadas de venda. (VALOR LQUIDO DE VENDA) VALOR EM USO: o valor presente de fluxos de caixa futuros estimados, que devem advir de um ativo ou de unidade geradora de caixa. UNIDADE GERADORA DE CAIXA: o menor grupo identificvel de ativos que gera entradas de caixa, entradas essas que so em grande parte independentes das entradas de caixa de outros ativos ou outros grupos de ativos. Nem sempre tarefa fcil calcular os fluxos de caixa futuros e principalmente a taxa de desconto. Para calcular o valor em uso, o CPC 01 recomenda o seguinte:30. Os seguintes elementos devem ser refletidos no clculo do valor em uso do ativo: a. Estimativa dos fluxos de caixa futuros que a entidade espera obter com esse ativo; b. Expectativas sobre possveis variaes no montante ou perodo desses fluxos de caixa futuros; c. O valor do dinheiro no tempo, representado pela atual taxa de juros livre de risco; d. O preo pela assuno da incerteza inerente ao ativo (prmio); e e. Outros fatores, tais como falta de liquidez, que participantes do mercado iriam considerar ao precificar os fluxos de caixas futuros esperados da entidade, advindo do ativo. 31. A estimativa do valor em uso de um ativo envolve os seguintes passos: a. estimar futuras entradas e sadas de caixa decorrentes de uso contnuo do ativo e de sua baixa final; e b. aplicar taxa de desconto apropriada a esses fluxos de caixa futuros. EXEMPLO

A Cia. Lua Nova, em obedincia ao CPC 01 (R1) realizou, em 31.12.X1, o teste de recuperabilidade (impairment test) de um determinado ativo do Imobilizado e identifica as seguintes caractersticas: Valor Justo Lquido de Despesas de Venda Valor em Uso Valor Contbil Bruto Depreciaes Acumuladas Perdas por Desvalorizao registradas SOLUO 8.100,00 8.000,00 14.000,00 3.500,00 500,00

EXERCCIO 1 A Cia. Calipso possui um equipamento adquirido por $ 100.000,00. A depreciao acumulada, at a data do fechamento do balano, em 31.12.X1, de $ 40.000,00. Nesta data, a empresa poder vender esse equipamento por $ 62.000,00, incorrendo em despesas de vendas de $ 13.000,00. Sabe-se, entretanto, que se a empresa no vender esse equipamento, continuar a us-lo no processo produtivo, seria capaz de produzir 10.000 unidades por ano durante os prximos 3 anos. O preo de venda do produto de $ 10,00 por unidade e os gastos mdios incorridos na produo e venda de $ 8,00 por unidade. O custo de capital da empresa Calipso de 10%. Calcular as Perdas por Desvalorizao. SOLUO

EXERCCIO 2 Em obedincia Resoluo CFC 1.292/2010 que aprova a NBC TG 01, que tem por base o CPC 01 (R1) Reduo ao Valor recupervel de Ativos, determine o valor do Ativo Imobilizado da Cia. Churrasqueira a ser apurado logo aps o reconhecimento contbil do reste de recuperabilidade do seu valor contbil. Sabe-se que: 1) O valor de mercado desse Imobilizado, na data do teste, $ 23.000,00. Caso a Cia. Churrasqueira vendesse o equipamento, na data do teste, incorreria em gastos associados a tal transao no montante de $ 5.000,00. 2) Caso a Cia. Churrasqueira no vendesse o imobilizado e continuasse utilizando-o no processo produtivo, seria capaz de produzir mais 10.500 unidades do produto espeto, da seguinte forma: 1 ano = 4.000 unidades 2 ano = 3.000 unidades 3 ano = 2.000 unidades 4 ano = 1.000 unidades 5 ano = 500 unidades Assuma que a produo anual ocorra no final de cada ano. 3) Ao final do 5 ano o imobilizado poderia ser comercializado por $ 2.000,00 e incorreria em gastos associados a tal transao de $ 400,00. 4) O preo de venda do produto Espeto de $ 12,00 por unidade. Os gastos mdios incorridos na produo e venda de uma unidade de produto espeto $ 9,50. 5) O Custo de capital da Cia. Churrasqueira 20% ao ano. 6) O Balano Patrimonial da Cia. Churrasqueira apurado em 31/12/X8 imediatamente antes do Teste de recuperabilidade ser reconhecido o seguinte:

Ativo Circulante Ativo No Circulante Imobilizado (Custo de aquisio) Depreciao Acumulada Outros Ativos No Circulantes SOLUO

20.000,00 80.000,00 75.000,00 (55.000,00) 60.000,00

Passivo Circulante Passivo No Circulante Patrimnio Lquido

25.000,00 35.000,00 40.000,00

EXERCCIO 3 O contador de uma empresa de frota de txi deve verificar a necessidade ou no do reconhecimento de perdas por desvalorizao para um de seus veculos. As informaes obtidas foram as seguintes: O txi foi adquirido h um ano, com vida til estimada em 5 anos. O custo de aquisio do txi de $ 100.000,00. Esse veculo gera uma receita anual lquida de combustvel de $ 43.200,00 os impostos sobre os servios so de 10% e todos os outros custos e despesas, inclusive com a manuteno do veculo, somam $ 2.880,00 ao ano. A taxa de desconto apropriada aos fluxos de caixa futuros da empresa de 25% ao ano. O contador deve contabilizar as perdas estimadas por valor no recupervel do veculo? SOLUO

MDULO 4 PROVISES COMO EXIGIBILIDADES

Como vimos no mdulo 1, o CPC 25, limitou a utilizao indiscriminada das provises, alterando o conceito apenas para passivos de prazos ou de valores incertos, e podem, portanto, serem diferenciadas de outros passivos quando h incerteza sobre os prazos e valores que sero desembolsados ou exigidos para sua liquidao. CPC 25 PROVISES, PASSIVOS CONTINGENTES E ATIVOS CONTINGENTES O referido CPV define, ainda os seguintes termos: PROVISO um passivo de prazo ou de valor incerto. PASSIVO uma obrigao presente da entidade, derivada de eventos j ocorrido, cuja liquidao se espera que resulte em sada de recursos da entidade capazes de gerar benefcios econmicos. OBRIGAO LEGAL uma obrigao que deriva de: a) contrato (por meio de termos explcitos e implcitos) b) legislao; ou c) outra ao da lei OBRIGAO NO FORMALIZADA uma obrigao que decorre das aes da entidade em que: a) por via de padro estabelecido de prticas passadas, de polticas publicadas ou de declarao atual suficiente especfica, a entidade tenha indicado a outras partes que aceitar certas responsabilidades; e b) em consequencia, a entidade cria uma expectativa vlida nessas outras partes de que cumprir em com essas responsabilidades. De acordo com este pronunciamento, item 14, uma proviso somente dever ser reconhecida quando atender, cumulativamente, s seguintes condies: a) A entidade tem uma obrigao presente (legal ou no formalizada) como resultado de um evento passado; b) Seja provvel que ser necessria uma sada de recursos que incorporam benefcios econmicos para liquidar a obrigao; e c) Possa ser feita uma estimativa confivel do valor da obrigao. Portanto, alguns passivos no devem ser contabilizados como provises e sim como passivos: Frias a Pagar 13 Salrio s Pagar FGTS a Pagar IR a Pagar CSL a Pagar Benefcios a Empregados a Pagar

Basicamente as provises ficaram restritas s contingncias. So exemplos de Proviso para Contingncias: Contingncias Fiscais, Contingncias Trabalhistas, Proviso para Garantias, Proviso para Reestruturao.

O Apndice A. ao CPC 25, apresenta uma tabela comparativa entre Proviso e Passivo Contingente: PROVISO PASSIVO CONTINGENTE NO PROVISO NEM PASSIVO CONTINGENTE

H obrigao presente que H obrigao possvel ou provavelmente requer uma obrigao presente que pode sada de recursos requerer, mas provavelmente no ir requerer, uma sada de recursos A proviso reconhecida Nenhuma proviso requerida (item 14) (item 27) Divulgao exigida para a Divulgao exigida para o proviso passivo contingente (itens 84 e 85) (item 86)

H obrigao possvel ou obrigao presente cuja probabilidade de uma sada de recursos remota

Nenhuma proviso requerida (item 27) Nenhuma divulgao exigida (item 86)

Assim podemos resumir: Quando existir uma Sada de Recursos: PROVVEL: reconhece e divulga. POSSVEL: No Contabiliza, mas divulga. REMOTA: No contabiliza e nem divulga

PROVISES PARA CONTINGNCIAS Contingncia uma situao de risco existente, cujo resultado final, favorvel ou desfavorvel, depende de eventos futuros e incertos. constituda para prevenir contra um prejuzo futuro provvel de acontecer em razo de fatos gerados j ocorridos. DIFERENA ENTRE CONTINGNCIA PROVISO PARA CONTINGNCIAS E RESERVAS PARA

H, no entanto, situaes em que o aplicvel uma Reserva para Contingncia e no a Proviso para Contingncias. O que diferencia uma da outra o fato gerador. Se o fato gerador j ocorreu, tm-se a figura da Proviso, caso ainda no tenha ocorrido, tm-se a Reserva. Com o intuito de dissipar eventuais dvidas quanto constituio de uma Reserva ou de uma proviso para contingncias, a CVM por meio de nota explicativa instruo n 59, estabeleceu as seguintes caractersticas para a aplicabilidade da proviso para contingncias:a) Tem por finalidade dar cobertura a perdas ou despesas, cujo fato gerador j ocorreu, mas no tendo havido, ainda, o correspondente desembolso ou perda. Em ateno ao princpio da competncia, entretanto, h necessidade de se efetuar o registro contbil. b) Representa uma apropriao ao resultado do exerccio, contrapartida de perdas extraordinrias, despesas e custos, e sua constituio normalmente influencia o resultado do exerccio ou os custos de produo. c) Deve ser constituda independentemente de a companhia apresentar, afinal, lucro ou prejuzo no exerccio. d) Visto que o evento que serviu de base sua constituio j ocorreu, no h, em princpio, reverso dos valores registrados nessa proviso. A pequena sobre ou insuficincia decorrente do clculo estimativo feito poca da constituio. e) Finalmente, se a probabilidade for difcil de calcular ou se o valor no for mensurvel, h necessidade de uma nota explicativa esclarecendo o fato e mencionando tais impossibilidades.

EXERCCIO 1 Uma ao judicial contra a empresa em razo de uma reclamao trabalhista. O fato gerador j ocorreu, pois para entrar com a ao o trabalhador j deve ter trabalhado na empresa. A empresa deve constituir uma proviso para, em caso de perda na justia, compensar os prejuzos. CONTABILIZAO

EXERCCIO 2 Em novembro de X1, a direo apresentou um plano formal e detalhado para encerrar as atividades de uma diviso. Em reunio, o conselho da entidade decidiu encerrar as atividades dessa diviso, logo no exerccio seguinte, e estima-se um custo de $ 200.000,00. CONTABILIZAO:

EXERCCIO 3 Uma entidade do setor de petrleo causa contaminao, mas efetua a limpeza apenas quando requerida a faz-la nos termos da legislao de um pas em particular no qual ela opera. O pas no qual ela opera no possui legislao requerendo a limpeza, e entidade vem contaminando o terreno nesse pas h diversos anos. Em 31 de dezembro de 20x0 praticamente certo que um projeto de lei requerendo a limpeza do terreno j contaminado ser aprovado rapidamente aps o final do ano. Comente o procedimento contbil que a empresa dever tomar. PADRO DE RESPOSTA Trata-se de uma obrigao presente como resultado de evento passado que gera obrigao. O evento que gera a obrigao a contaminao do terreno, pois praticamente certo que a legislao requeira a limpeza. Sada de recursos envolvendo benefcios futuros na liquidao: Provvel. Portanto, a empresa dever constituir uma proviso pela melhor estimativa dos custos de limpeza. CONTABILIZAO

MDULO 5 RESERVAS

Vimos, no incio do Mdulo 1, que existem diferenas fundamentais entre Provises e Reservas. Reservas a diferena entre o patrimnio lquido e o capital investido pelos scios, so, portanto, valores acumulados no patrimnio lquido. Visam manter a integridade do capital social ou garantir a realizao de investimentos com recursos prprios. O art. 182, 1 da Lei n 6.404/76, como nova redao dada pela Lei n 11.638/2007, trata do Patrimnio Lquido e das Reservas. De acordo com tal artigo, existem dois tipos de Reservas: as reservas de Capital e reservas de Lucros. RESERVAS DE CAPITAL As Reservas de Capital so contribuies recebidas dos proprietrios ou de terceiros, que no transitam por conta de resultado e que no esto diretamente ligadas s atividades da empresa. So classificadas como Reservas de Capital: Reservas de gio na emisso de Aes Alienao de Partes Beneficirias Alienao de Bnus de Subscrio

As Reservas de capital somente podem ser utilizadas para: Absorver prejuzos que ultrapassem as reservas de lucros. Incorporao ao capital social. Resgate, reembolso ou compra de aes. Pagamento de dividendos a aes preferenciais, quando essa vantagem lhe for assegurada.

RESERVA DE GIO NA EMISSO DE AES O Capital Social representado por aes e fixado pelo estatuto social que tambm estabelece se as aes tero ou no valor nominal. A Reserva de gio na Emisso de Aes surge em decorrncia do subscritor pagar um valor acima do valor nominal da ao. EXEMPLO Admita que uma empresa emitiu 1.000 aes com valor nominal de $ 1,00 e que foram adquiridas pelos acionistas por $ 1,20, portanto, com gio de $ 0,20 por ao.

ALIENAO DE PARTES BENEFICIRIAS As partes Beneficirias so ttulos negociveis sem valor nominal, emitidos por Sociedades Annimas de capital fechado e estranhos ao capital social, conferindo aos seus titulares direito de crdito eventual contra a sociedade, que consiste na participao nos lucros anuais. Havendo lucro as partes beneficirias podem reclamar a participao no resultado. No havendo lucro nada tm a reclamar perante a sociedade. So, portanto, credores eventuais. De acordo com a Lei n 6.404/76 e Lei n 10.303/2001, as Sociedades Annimas de capital aberto no podem emitir partes beneficirias. A participao nos lucros no pode ultrapassar a 10% dos lucros e podem ser vendidas pela companhia, nas condies determinadas pelo estatuto, ou pela assemblia geral, ou atribudas a fundadores acionistas ou terceiros como remunerao de servios prestados companhia. EXEMPLO Determinada empresa emite partes beneficirias no valor de $ 10.000,00

ALIENAO DE BNUS DE SUBSCRIO Bnus de subscrio so ttulos negociveis, emitidos por Sociedades Annimas, dentro do limite de aumento do capital autorizado no estatuto social que confere aos seus titulares, nas condies constantes no certificado, direito de subscrever aes do capital social mediante apresentao do ttulo companhia e pagamento do preo de emisso das aes. Compete Assemblia Geral deliberar sobre a emisso dos bnus de subscrio caso o estatuto no atribua o poder de deliberao ao Conselho de Administrao. So alienados pela companhia ou atribudos, como vantagem adicional, aos subscritores de emisso de suas aes ou debntures (art. 77 da Lei n 6.404/76) Os acionistas tm preferncia na aquisio dos bnus na proporo do nmero de aes que possuem. EXEMPLO Alienao do bnus de Subscrio no valor de $ 10.000,00

RESERVAS DE LUCROS As Reservas de Lucros so constitudas pela apropriao de lucros da empresa, sendo que o saldo dessas reservas, exceto as Reservas para Contingncias e de Lucros a Realizar, no poder ultrapassar o capital social; atingido esse limite, a assemblia deliberar sobre a aplicao do excesso na integralizao ou no aumento do capital social, ou na distribuio de dividendos.

Estas reservas so tpicas nas sociedades annimas (nada impede de constitu-las nas demais sociedades), em razo do que dispe a Lei n. 6.404/76, que trata das seguintes reservas de lucros: Reserva Legal; Reservas Estatutrias; Reservas para Contingncias; Reserva de Incentivos Fiscais Reserva de Reteno de Lucros Reserva de Lucros a realizar A destinao dos lucros para constituio das reservas estatutrias e a reteno de lucros no podero ser aprovadas, em cada exerccio, em prejuzo da distribuio do dividendo obrigatrio, e o saldo das reservas de lucros, exceto as para contingncias, de incentivos fiscais e de lucros a realizar, no poder ultrapassar o capital social. Atingindo esse limite, a assemblia deliberar sobre aplicao do excesso na integralizao ou no aumento do capital social ou na distribuio de dividendos (arts. 198 e 199 da Lei n. 6.404/76). RESERVA LEGAL A Reserva Legal a nica reserva de lucro obrigatria, sendo que as demais reservas de lucro so facultativas, por isso a nomenclatura Legal, visto ser obrigatria pela legislao societria. O art. 193 da Lei n 6.404/76 determina que do lucro lquido do exerccio, 5% sero aplicados, antes de qualquer outra destinao, na constituio da reserva legal, que no poder exceder a 20% do capital social. O 1 desse artigo determina que a companhia poder deixar de constituir a reserva legal no exerccio em que o saldo dessa reserva, acrescido do montante das reservas de capital exceder a 30% do capital social.

Observamos, portanto, que, para a constituio da Reserva Legal, devem ser verificados dois limites: a) Limite obrigatrio: A reserva legal deve ser constituda at o limite de 20% do capital (integralizado). Atingido o limite de 20%, no cabe mais constituir a reserva legal. b) Limite facultativo: A reserva legal, por opo da empresa, poder deixar de ser constituda quando o saldo da reserva legal somado ao saldo das reservas de capital previstas no art. 182, 1, da Lei n. 6.404/76 (com exceo da reserva de correo monetria do capital) ultrapassar 30% do capital, (integralizado e acrescido da reserva de correo monetria do capital). EXEMPLO Vamos considerar que em 31/12/2008 a empresa apresente o balancete com os seguintes valores no patrimnio lquido: PATRIMNIO LQUIDO Capital Social Subscrito Capital a Integralizar Reservas de Capital Reserva Legal Lucro Lquido do Exerccio SOLUO 500.000,00 (100.000,00) 30.000,00 75.000,00 200.000,00

RESERVAS ESTATUTRIAS O art. 194 da Lei n. 6.404/76 permite que o estatuto crie reservas, desde que, para cada uma: a) Indique, de modo preciso e completo, a sua finalidade; b) Fixe os critrios para determinar a parcela anual dos lucros lquidos que sero destinados sua constituio; c) Estabelea o limite mximo da reserva. Conforme os arts. 198 e 203 da Lei n. 6.404/76, esta reserva no poder ser aprovada, em prejuzo: a) Do dividendo obrigatrio; e b) Do direito dos acionistas preferenciais de receber os dividendos fixos ou mnimos a que tenham prioridade, inclusive os atrasados, se cumulativos; EXEMPLO A Cia. A, conforme clusula prevista no Estatuto Social, prev a destinao de 10% do lucro lquido do exerccio para Reservas Estatutrias. O lucro lquido do exerccio foi de $ 100.000,00 CONTABILIZAO

RESERVA PARA CONTINGNCIAS De acordo com o art. 195 da Lei n. 6.404/76, a Assemblia Geral dos acionistas poder, por proposta dos rgos da administrao, destinar parte do lucro lquido formao de reserva com finalidade de compensar, em exerccio futuro, a diminuio do lucro decorrente de perda provvel, cujo valor possa ser estimado; no entanto, a proposta dos rgos da administrao dever indicar a causa da perda prevista e justificar, com as razes de prudncia que recomendam a constituio da reserva.

Os motivos que possam justificar a constituio de uma Proviso para Contingncias podem ser, entre outros: Reduo de alquotas de importao, pelo governo, dos produtos fabricados pela empresa. Obsolescncia de estoques. Geadas, secas, enchentes. Lanamento de produtos pela concorrncia. Expectativas de paralisaes temporrias. Instabilidades polticas

A Reserva para Contingncias dever ser revertida no exerccio em que deixarem de existir as razes que justificaram a sua constituio ou em que ocorrer a perda. EXEMPLO Uma empresa est operando no exterior, num pas onde a instabilidade poltica pode colocar em risco seus investimentos ou colocar incertezas quanto a possveis perdas por eventual no cumprimento de contratos anteriormente firmados. A diretoria, com base em clculos, estima que esse fato, afete o lucro em $ 300.000,00 CONTABILIZAO

RESERVA DE INCENTIVOS FISCAIS A Lei n. 11.638/07 inseriu o art. 195-A na Lei n. 6.404/76, dispondo que a assemblia geral poder, por proposta dos rgos de administrao, destinar para a reserva de incentivos fiscais a parcela do lucro lquido decorrente de doaes ou subvenes governamentais para investimentos, que poder ser excluda da base de clculo do dividendo obrigatrio. H, entretanto que se considerar duas situaes. Se a empresa recebe, de uma prefeitura, um terreno para ser utilizado na construo de uma fbrica, com clusula de que o terreno s pertencer empresa aps 5 anos, assumindo o compromisso de gerar novos empregos, a empresa dever contabilizar o terreno no Imobilizado em contrapartida de um Passivo. Uma outra situao pode ocorrer, quando a doao incondicional, o reconhecimento ser como receita. No caso de ativos sujeitos a depreciao, a empresa s poder reconhecer a receita medida que forem contabilizadas as depreciaes de tais ativos.

EXEMPLO Suponha que uma empresa receba, em 01.05.X8, do governo um terreno avaliado por $ 4000.000,00, assumindo um compromisso de construir uma fbrica no valor de $ 600.000,00 com vida til estimada para 10 anos. A fbrica comeou a funcionar em 01.04.X9. CONTABILIZAO

RESERVA DE RETENO DE LUCROS OU RESERVA ORAMENTRIA Tambm chamada de reserva oramentria ou Reserva para Planos de Investimentos ou Reserva de Lucros para Expanso. Est prevista no art. 196 da Lei n 6.404/76 sendo que a Assemblia Geral poder, por proposta da diretoria, deliberar reter parcela do lucro lquido do exerccio prevista em oramento de capital por ela previamente aprovado. Este oramento dever compreender todas as fontes de recursos e aplicaes de capital, fixo ou circulante, e poder ter a durao de at 5 exerccios, salvo no caso de execuo, por prazo maior, de projetos de investimentos. No poder ser constituda em prejuzo dos dividendos obrigatrios RESERVA DE LUCROS A REALIZAR A Reserva de Lucros a Realizar constituda com o objetivo de postergar o pagamento dos dividendos sobre os lucros que no se realizaro financeiramente no prximo exerccio. Como uma reserva facultativa, independentemente de haver lucros realizados, ou no, a companhia poder distribuir os dividendos no seu valor integral. De acordo com o art. 197, que trata de Lei n 6.404/76, alterado pela Lei n 10.303/01 e Lei n 11.638/2007 a Reserva de Lucros a Realizar passa a ser em funo do dividendo obrigatrio. De acordo com o art. 197, no exerccio em que o montante do dividendo obrigatrio, calculado nos

termos do estatuto ou do art. 202 ultrapassar a parcela realizada do lucro lquido do exerccio a assemblia geral poder, por proposta dos rgos de administrao, destinar o excesso constituio da reser4va de lucros a realizar. Considera-se realizada a parcela do lucro lquido do exerccio que exceder da soma dos seguintes valores: O resultado lquido positivo de equivalncia patrimonial O lucro, rendimento ou ganho lquido em operaes ou contabilizao de ativo e passivo pelo valor de mercado, cujo prazo de realizao financeira ocorra aps o trmino do exerccio social seguinte. O art. 202 da referida Lei determina que os acionistas tm direito a receber como dividendo obrigatrio, em cada exerccio, a parcela dos lucros estabelecida no estatuto social, ou se este for omisso, 50% da base de clculo (lucro ajustado).. A base de clculo dos dividendos obrigatrios composta por: Lucro Lquido do Exerccio (-) Prejuzos Acumulados (-) Parcela destinada constituio da reserva legal (-) Parcela destinada constituio da reserva para contingncias (+) Reverso da reserva para contingncias (=) Base de clculo do Dividendo Obrigatrio Desta forma para o clculo da reserva de Lucros a realizar deveremos passar pelas seguintes etapas: 1) Calcular o dividendo obrigatrio 2) Calcular a parcela do lucro lquido realizado EXEMPLO A Cia. YY apresentou as seguintes informaes referente ao exerccio social encerrado em 31.12.X1. Sabe-se que o estatuto social omisso quanto distribuio de dividendos. Lucro Lquido Lucro em vendas a prazo, cujas duplicatas a receber tm vencimento no exerccio de X3 Resultado positivo de Equivalncia Patrimonial 1.000,00 380,00 300,00

Do lucro lquido do exerccio, foi feita a seguinte destinao: Reserva Legal 50,00 Reserva para Contingncias 150,00 Reverso da reserva para Contingncias 100,00 Reserva estatutria 200,00 SOLUO

EXERCCIO 1 A Cia. Chis apresenta o seguinte patrimnio lquido: Capital Social Reserva de Alienao de Bnus de Subscrio Reserva de gio na Emisso de Aes Reserva Legal Reservas Estatutrias 30.000,00 1.300,00 2.000,00 2.000,00 1.000,00

No exerccio de 20X1 a empresa apurou um lucro lquido final (aps Imposto de Renda e Participaes) no valor de $ 76.000,00. Considerando-se as limitaes impostas pela Lei n 6.404/76, calcular a Reserva Legal. SOLUO

EXERCCIO 2Admita uma empresa, cujo estatuto seja omisso quanto distribuio de dividendos. Obteve um lucro lquido de $ 80.000, que no tem Reserva para Contingncias, que a Reserva Estatutria foi fixada em 10% do lucro lquido do exerccio, que a Parcela de Lucros a Realizar foi de $ 10.000, e houve uma reverso da Reserva de Lucros a Realizar formada em exerccios anteriores de 5.000. Com base nas informaes, qual o valor do Dividendo Obrigatrio? SOLUO

EXERCCIO 3 Utiliza as informaes abaixo: Lucro Lquido do Exerccio Capital Social, totalmente integralizado Saldo da Reserva Legal Resultado Positivo da Equivalncia Patrimonial 200.000,00 800.000,00 155.000,00 180.000,00

Sabendo-se que o dividendo fixado pelo estatuto da Cia. corresponde a 30% do valor do lucro lquido do exerccio, observando-se o disposto no art. 197 da Lei n 6.404/76 (com redao dada pela Lei n 10.303/2001) calcular a reserva de lucros a realizar. SOLUO


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