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Contabilidade do 3º Setor

• Organizações Não Governamentais (ONG)• Entidades Beneficentes• Entidades Sem Fins Lucrativos• Escrituração Contábil Fiscal (ECF)• Escrituração Contábil Digital (ECD)

ALDENIR ORTIZ RODRIGUESContabilista, advogado, especialista em tributos diretos, contribuição para o PIS/Cofins e legislação societária. Coautor de livros das áreas contábil e tributária.

CLEBER MARCEL BUSCHContador, bacharel em direito, especialista em tributos diretos, contribuições para o PIS/Cofins e legislação societária. Coautor de livros das áreas contábil e tributária.

EDINO RIBEIRO GARCIAContador, bacharel em direito, especialista em tributos diretos, contribuições para o PIS/Cofins e legislação societária, professor e palestrante. Coautor de livros das áreas contábil e tributária.

WILLIAM HARUO TODAContabilista, advogado, tecnólogo em análise e desenvolvimento de sistemas, especia-lista em tributos diretos, contribuições para PIS/Cofins e legislação societária, pós-gra-duado em Gestão da Comunicação e Marketing Institucionais com cátedra da Unesco, e pós-graduado em Gestão Pública. Coautor de livros das áreas contábil e tributária.

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apreSentação

Chamamos de “terceiro setor” as Organizações Não Governamen-tais (ONG), mantidas pela iniciativa privada, não possuindo fins lucra-tivos, mas que congrega as Organizações que, embora prestem serviços públicos, produzem e comercializem bens e serviços, não são estatais, nem visam ao lucro financeiro. Mas, sim, ao bem estar social, por meio de atividades filantrópicas, culturais, recreativas, religiosas e artísticas.

A finalidade da presente obra é proporcionar a todos aqueles que estudam ou lidam profissionalmente no cenário técnico-contábil e tribu-tário do 3º Setor, um instrumento de trabalho essencial para o desenvolvi-mento desta ação, onde foram incorporados recentes estudos e inovações nesta área.

Nesta 4ª edição, continuamos oferecendo ao leitor os temas que jul-gamos primordiais no dia a dia destas entidades, tais como: elaboração do plano de contas, fluxo de caixa, registros contábeis, demonstrações contá-beis, obrigações fiscais, aspectos tributários, dentre outros.

Diante da falta de confiabilidade por grande parte da sociedade, em face do envolvimento de algumas organizações em escândalos fraudulen-tos, encontramos na contabilidade o instrumento mais adequado para au-xiliar na efetiva administração dos recursos colocados à disposição dos

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gestores dessas entidades. Com a contabilidade, é possível demonstrar de maneira clara e inequívoca, de que forma os recursos são aplicados para os fins que se destinam, tornando transparente para a sociedade o traba-lho que realmente vem sendo desenvolvido por parte dessas instituições sem fins lucrativos.

Desse modo, com a finalidade de atender aos profissionais contábeis que prestam serviços às organizações do Terceiro Setor, oferecemos aos nossos leitores a 4ª edição desta obra, onde esperam os autores continuar merecendo a acolhida de seus colegas profissionais, cujas críticas e suges-tões serão sempre bem recebidas para o aperfeiçoamento da obra.

Os autOres

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Sumário

APRESENTAÇÃO ........................................................................................ 5

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 15

2. NATUREZA JURÍDICA ........................................................................... 192.1. Associações ....................................................................................... 192.2. Fundações ........................................................................................ 212.3. Organizações religiosas .................................................................... 222.4. Partidos políticos .............................................................................. 222.5. Entidades beneficentes ..................................................................... 23

2.5.1. Saúde ................................................................................. 232.5.2. Educação ........................................................................... 242.5.3. Assistência social ............................................................... 25

2.6. Sindicatos ......................................................................................... 262.7. Condomínios .................................................................................... 272.8. Esportivas ......................................................................................... 282.9. Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip)........ 28

2.9.1. Vedações ............................................................................ 292.9.2. Objetivos sociais ................................................................ 30

3. PLANO DE CONTAS .............................................................................. 313.1. Técnica para iniciar a elaboração do Plano de Contas ..................... 32

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3.2. A codificação .................................................................................... 33

3.3. Gerenciamento e autorização para abertura de conta nova ............. 34

3.4. Plano de Contas versus Manual de Contas ....................................... 34

3.5. O atendimento aos demais usuários: publicação, fisco etc. ............. 35

3.6. Outros erros que precisam ser evitados ............................................ 36

3.7. Modelo de Plano de Contas das entidades de interesse social ......... 37

3.7.1. Modelo de Plano de Contas ............................................... 38

4. ORÇAMENTO ......................................................................................... 49

4.1. Conceito de orçamento .................................................................... 50

4.2. Função do orçamento ...................................................................... 53

4.3. Orçamento social .............................................................................. 53

4.4. Aspectos na elaboração de um orçamento ....................................... 56

4.5. Controle orçamentário ..................................................................... 58

4.6. Orçamento público - Um exemplo de planejamento técnico ........... 73

4.6.1. Funções do orçamento público ......................................... 74

4.6.2. Sistema brasileiro de planejamento e orçamento .............. 75

4.6.3. Orçamento participativo.................................................... 77

4.6.4. Problemáticas e desafios no orçamento público na gestão pública ................................................................................ 78

4.6.5. Instabilidade política e econômica .................................... 78

4.6.6. Ausência de cultura de planejamento ............................... 79

4.6.7. Imediatismo no trato dos problemas ................................. 80

4.6.8. Apropriação patrimonialista dos recursos coletivos .......... 81

4.6.9. Deficiências das técnicas de gestão ................................... 83

4.6.10. Planejamento estratégico governamental .......................... 84

4.7. Conclusão ......................................................................................... 85

5. REGIME DE COMPETÊNCIA NOS REGISTROS CONTÁBEIS ........... 87

5.1. Princípio da realização da receita ..................................................... 89

5.2. Confrontação das despesas com as receitas ...................................... 89

5.3. Custos suportados para a obtenção de receitas ................................ 90

5.4. Despesas operacionais ...................................................................... 90

5.5. Doações e subvenções - Reconhecimento no resultado ................... 91

5.6. Ilícito fiscal - Inobservância do regime de competência .................. 92

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6. FLUXO DE CAIXA .................................................................................. 936.1. A relevância do fluxo de caixa .......................................................... 94

6.1.1. Termos importantes ........................................................... 956.2. Demonstração de Fluxo de Caixa e sua estrutura ............................ 96

6.2.1. Atividades operacionais ..................................................... 966.2.2. Atividades de investimento ............................................... 986.2.3. Atividades de financiamento ............................................. 996.2.4. Método direto e método indireto ...................................... 100

6.2.4.1. Modelo da DFC pelo método indireto ................ 1016.2.4.2. Modelo da DFC pelo método direto ................... 102

6.5. Fluxo de caixa da entidade de interesse social ................................. 1036.5.1. Modelo do método direto .................................................. 1036.5.2. Modelo do método indireto ............................................... 105

7. REGISTROS CONTÁBEIS ...................................................................... 1077.1. Aspectos conceituais ........................................................................ 1077.2. Normas do CFC ............................................................................... 1087.3. Atividades exercidas pelas entidades sem fins lucrativos ................. 1087.4. Conceitos de entidades e organizações ............................................ 1087.5. Forma de organização ...................................................................... 1097.6. Aplicação dos princípios contábeis às entidades sem finalidade de

lucros ................................................................................................ 1097.7. Escrituração ...................................................................................... 109

7.7.1. Depreciação ....................................................................... 1107.8. Lançamentos .................................................................................... 1117.9. Notas explicativas ............................................................................. 1137.10. Publicações ....................................................................................... 1147.11. Pronunciamentos técnicos (CPC) .................................................... 1157.12. Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas) . 115

7.12.1. Reconhecimento das receitas e despesas ........................... 1167.12.2. Constituição ...................................................................... 1187.12.3. Doações, subvenções e contribuições ................................ 1197.12.4. Realização dos estoques .................................................... 1207.12.5. Forma alternativa de registro dos estoques ....................... 121

7.13. Fundos nas entidades sem fins lucrativos ........................................ 122

8. LANÇAMENTOS CONTÁBEIS .............................................................. 1238.1. Receitas com Doações ...................................................................... 123

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8.2. Exemplos de lançamentos contábeis ................................................ 1238.2.1. Restrições das doações ...................................................... 1248.2.2. Exemplos de lançamento contábil ..................................... 125

8.3. Receitas com associados ................................................................... 1258.3.1. Exemplos de lançamentos contábeis ................................. 125

8.4. Receitas e despesas com gratuidade ................................................. 1258.4.1. Exemplos de lançamento contábil ..................................... 126

8.4.1.1. Despesas com parceiros prestadores de serviços 1268.4.1.2. Despesas com gastos gerais ................................ 1268.4.1.3. Despesas com material aplicado, distribuição

de alimentos e roupas ......................................... 1278.4.1.4. Despesas com mão de obra especializada ........... 127

8.5. Gratuidade com tributos .................................................................. 1288.6. Custos ............................................................................................... 129

8.6.1. Sistema de custo ................................................................ 1298.6.2. O confronto entre a Contabilidade Financeira e a de

Custos ................................................................................ 1298.6.3. Implantação do sistema de custos ..................................... 131

8.7. Fundos.............................................................................................. 1318.8. Depreciação ...................................................................................... 1328.9. Contratos .......................................................................................... 133

9. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ......................................................... 1359.1. Balanço patrimonial dos exercícios findos em 31 de dezembro de

2012 e 31 de dezembro 2011 (em reais) .......................................... 1379.2. Demonstração do resultado dos exercícios findos em 31 de dezem-

bro de 2012 e 31 de dezembro 2011 (em reais) ............................... 1389.3. Demonstração das mutações do patrimônio líquido dos exercícios

findos em 31 de dezembro de 2012 e 31 de dezembro 2011 (em reais) ................................................................................................. 139

9.4. Demonstração da variação do capital circulante líquido .................. 1399.5. Notas explicativas às demonstrações contábeis em 31 de dezembro

de 2011 ............................................................................................. 1409.5.1. Contexto operacional ........................................................ 1409.5.2. Apresentação das demonstrações ...................................... 1409.5.3. Resumo das práticas contábeis .......................................... 140

9.5.3.1. Balanço patrimonial ............................................ 1409.5.3.1.1. Ativo .................................................. 1409.5.3.1.2. Passivo ............................................... 140

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9.5.3.2. Demonstração do Resultado do Exercício .......... 1419.5.3.2.1. Receitas .............................................. 1419.5.3.2.2. Despesas ............................................ 142

9.5.3.3. Demonstração das mutações do patrimônio lí-quido .................................................................. 143

10. AUDITORIA .......................................................................................... 14510.1. A importância da auditoria e obrigatoriedade .................................. 14510.2. Conceituação e objetivos da auditoria independente ....................... 14710.3. Procedimentos de auditoria .............................................................. 14810.4. Papéis de trabalho ............................................................................ 14810.5. Fraude e erro .................................................................................... 14910.6. Planejamento da auditoria ................................................................ 14910.7. Relevância......................................................................................... 15010.8. Risco de auditoria ............................................................................. 15010.9. Supervisão e controle de qualidade .................................................. 15110.10. Estudo e avaliação do sistema contábil e de controles internos ....... 15110.11. Aplicação dos procedimentos de auditoria ...................................... 15210.12. Documentação da auditoria ............................................................. 15410.13. Continuidade normal dos negócios da entidade .............................. 15410.14. Amostragem estatística ..................................................................... 15510.15. Processamento Eletrônico de Dados (PED) ..................................... 15510.16. Estimativas contábeis ....................................................................... 15510.17. Transações com partes relacionadas ................................................. 15610.18. Transações e eventos subsequentes .................................................. 15610.19. Carta de responsabilidade da administração .................................... 15610.20. Contingências ................................................................................... 15710.21. Normas do parecer dos auditores independentes ............................ 157

11. ENTIDADES DE UTILIDADE PÚBLICA ............................................. 16311.1. Certificação ...................................................................................... 163

11.1.1. Existência mínima da entidade para certificação .............. 16311.1.2. Contabilidade e auditoria .................................................. 16411.1.3. Validade do certificado ...................................................... 16411.1.4. Renovação ......................................................................... 16511.1.5. Entidade com atuação em mais de uma área ..................... 16511.1.6. Recurso contra a decisão de indeferimento da certificação 166

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11.1.7. Supervisão e do cancelamento da certificação .................. 16711.1.8. Representação .................................................................... 16711.1.9. Transparência .................................................................... 16811.1.10. Requisitos para isenção ..................................................... 16911.1.11. Fiscalização ....................................................................... 17111.1.12. Utilidade pública estadual ................................................. 17111.1.13. Utilidade pública municipal .............................................. 17211.1.14. Cadastro Nacional de Entidades de Utilidade Pública ...... 17211.1.15. Principais diferenças entre a qualificação como UPF e

Oscip Utilidade Pública Federal (UPF) ............................. 17211.2. Prestação de contas .......................................................................... 175

11.2.1. Elementos da prestação de contas ..................................... 17711.2.2. Prestação de contas não financeiras .................................. 18511.2.3. Prestação de contas financeiras ......................................... 18511.2.4. Prestação de contas financeiras e não financeiras (accoun-

tability) .............................................................................. 186

12. IFRS - PRonuncIamentoS técnIcoS do cPc ............................................ 18912.1. Contabilidade para pequenas e médias empresas (PMEs) ............... 189

12.1.1. Aplicabilidade deste pronunciamento para PME .............. 19012.2. Subvenção e Assistência Governamentais ........................................ 191

12.2.1. Reconhecimento e Contabilização .................................... 19112.2.2. Exemplos de Contabilização ............................................. 19312.2.3. Apresentação da Subvenção .............................................. 195

12.2.3.1. No Balanço ......................................................... 19512.2.3.2. Na Demonstração do Resultado ......................... 19512.2.3.3. Divulgação .......................................................... 196

12.2.4. Perda e Assistência ............................................................ 19612.2.4.1. Perda ................................................................... 19612.2.4.2. Assistência Governamental ................................ 19712.2.4.3. Exemplo ............................................................. 197

12.3. Redução ao Valor Recuperável ......................................................... 19812.3.1. Redução ao Valor Recuperável de Ativos .......................... 198

12.3.1.1. Identificação de um Ativo que pode estar com problema de recuperabilidade ............................ 199

12.3.1.2. Perda de representatividade econômica ............. 19912.3.1.3. Fontes externas e internas de informação .......... 200

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12.3.2. Mensuração do valor recuperável ...................................... 20112.3.2.1. Definição ............................................................ 20112.3.2.2. Ativo não negociado em mercado ativo .............. 20112.3.2.3. Ativo intangível com vida útil indefinida ........... 20212.3.2.4. Valor líquido de venda ........................................ 20212.3.2.5. Valor em uso ....................................................... 20312.3.2.6. Base para estimativas de fluxos de caixa futuros 20312.3.2.7. Composição de estimativas de fluxos de caixa

futuros ................................................................ 20412.3.2.8. Taxa de desconto ................................................ 20512.3.2.9. Metodologia para o cálculo do Impairment ........ 205

12.3.3. Exemplo ............................................................................ 20512.4. Seções 3 e 27 da NBC TG 1000 (PME) ............................................ 206

12.4.1. Seção 3 - Apresentação das Demonstrações Contábeis ..... 20612.4.2. Seção 27 ............................................................................. 213

12.5. Notas Explicativas da Apresentação das Demonstrações Contábeis (CPC 26) .......................................................................................... 224

13. ASPECTOS TRIBUTÁRIOS .................................................................. 23513.1. Imunidade ou não incidência ........................................................... 23513.2. Espécies de imunidade ..................................................................... 236

13.2.1. Imunidade para templos de qualquer culto ...................... 23613.2.2. Imunidade dos partidos políticos, sindicatos dos empre-

gados, instituições assistenciais e educacionais sem fins lucrativos ........................................................................... 237

13.3. Isenção.............................................................................................. 23913.4. Obrigações tributárias das instituições de educação ................... 24013.5. Pessoas jurídicas isentas do Imposto de Renda ................................ 24213.6. Contribuição Social sobre o Lucro ................................................... 244

13.6.1. Entidades beneficentes de assistência social ..................... 24413.6.2. Isenção em favor de outras entidades sem fins lucrativos . 245

13.7. Desenquadramento da imunidade ou da isenção ............................. 24613.8. Cofins e PIS/Pasep ............................................................................ 247

13.8.1. Isenção da Cofins .............................................................. 24713.8.2. PIS/Pasep ........................................................................... 249

13.8.2.1. Momento da ocorrência do fato gerador ............ 24913.9. Receitas fora do objeto social da entidade ........................................ 250

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13.10. Aplicação financeira ......................................................................... 25213.10.1. Imposto de Renda Retido na Fonte ................................... 252

13.11. DIPJ .................................................................................................. 25313.12. Escrituração Contábil Fiscal (ecf) .................................................... 253

13.12.1 Dados Técnicos para Geração do Arquivo da ECF ........... 25513.12.2. Blocos e Registros da ECF ................................................. 25513.12.3. Tabela de Registros ............................................................ 25513.12.4. Apresentação do Bloco U: Imunes e Isentas ...................... 255

13.12.4.1. Registro U001: Abertura do Bloco U ................ 25613.12.4.2 Registro U030: Identificação dos Períodos e

Formas de Apuração do IRPJ e da CSLL das Empresas Imunes e Isentas ............................... 256

13.12.4.3. Registro U100: Balanço Patrimonial ................. 25713.12.4.4. Registro U150: Demonstração do Resultado .... 25713.12.4.5. Registro U180: Cálculo do IRPJ das Empresas

Imunes e Isentas ............................................... 25713.12.4.6. Registro U182: Cálculo da CSLL das Empresas

Imunes e Isentas ............................................... 25713.12.4.7. Penalidades ....................................................... 258

13.13. DCTF ................................................................................................ 25813.14. EFD-Contribuições .......................................................................... 25813.15. Escrituração Contábil Digital (ECD) ............................................... 258

13.15.1. Blocos e registros da ECD.................................................. 25913.15.1.1. Bloco 0 - Abertura, Identificação e Referências 25913.15.1.2. Bloco I - Lançamentos Contábeis ..................... 26113.15.1.3. Bloco J - Demonstrações Contábeis .................. 26613.15.1.4. Bloco 9 - Controle e Encerramento do Arquivo

Digital ............................................................... 266

14. LEGISLAÇÃO ........................................................................................ 269RESOLUÇÃO CFC Nº 1.409/2012 .............................................................. 269

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................... 275

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1. introdução

O termo Terceiro Setor é relativamente novo no Brasil, tendo surgi-do há aproximadamente três décadas e é utilizado para definir um setor que se situa entre o público e o privado.

Basicamente, toda sociedade se organiza em três setores:

Primeiro Setor: é o setor público (Estado), onde os mandatários são escolhidos pela vontade popular, por meio do voto. Representa o uso de bens públicos para fins públicos. Portanto, a aplicação desses recursos deve ser direcionada integralmente na infraestrutura, no bem-estar da so-ciedade e outras funções de responsabilidade do Estado.

Segundo Setor: refere-se ao mercado e é ocupado pelas empresas privadas com fins lucrativos. Corresponde à livre-iniciativa, e tem como característica principal visar ao lucro.

Terceiro Setor: é formado por organizações privadas, sem fins lucra-tivos, que desempenham ações de caráter público. Correspondem às insti-tuições sem fins lucrativos, que geram bens e serviços de caráter público, como Organizações Não Governamentais (ONG), Organizações Sociais (OS); instituições religiosas, entidades beneficentes, centros sociais, orga-nizações de voluntariado, etc.

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Cada setor possui uma característica própria e diferenciada em rela-ção à utilização dos recursos financeiros, ou seja:

Primeiro Setor: dinheiro público para fins públicos;

Segundo Setor: dinheiro privado para fins privados;

Terceiro Setor: dinheiro privado para fins públicos.

As entidades sem fins lucrativos assumem, a cada dia, um papel mui-to relevante na sociedade atual. São as maiores responsáveis pela realiza-ção de atividades de caráter beneficente, filantrópico, caritativo, religioso, cultural, educacional, científico, artístico, literário, recreativo, de proteção ao meio ambiente, esportivo, e muitos outros serviços de cunho social. Contribuem significativamente para o desenvolvimento econômico, social e político do país, pois realizam inúmeras atividades que deveriam ser de responsabilidade do Estado, mas que deixam de ser por ele atendidas.

Para MELO NETO, Francisco Paulo de; FROES, César. Responsa-bilidade social e cidadania empresarial: a administração do terceiro setor. Rio de Janeiro: Qualitymark, Ed.: 1999, as principais causas que têm le-vado o terceiro setor a tal crescimento são: aumento das necessidades so-cioeconômicas; crise no setor público; fracasso das políticas sociais tradi-cionais; crescimento dos serviços voluntários; degradação ambiental, que ameaça a saúde humana; crescente onda de violência que põe em perigo a segurança das populações; incremento das organizações religiosas; maior adesão das classes alta e média a iniciativas sociais; maior apoio da mídia; e maior participação das empresas que buscam a cidadania empresarial.

Diante desse cenário, verifica-se que a transparência nessas institui-ções é fundamental, pois afeta de alguma maneira, direta ou indiretamen-te, a sociedade, a qual exige uma prestação de contas justa e equitativa.

Desse modo, a contribuição da contabilidade para o Terceiro Setor é indispensável, pois irá auxiliar na efetiva administração dos recursos co-locados à disposição dos gestores dessas entidades, além do que demons-tra de forma clara e segura se esses recursos foram e estão sendo aplicados corretamente para os fins que se destinam.

Até algum tempo atrás, não havia qualquer ato normativo contábil que regulasse os trabalhos desse setor, o que gerava distorções e procedi-

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mentos contábeis distintos e não uniformes, ainda que atendidos os Prin-cípios Fundamentais de Contabilidade.

Dessa maneira, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) editou, então, as três seguintes Normas Brasileiras Contábeis Técnicas (NBC T), com o fim de regulamentar os procedimentos contábeis dessas entidades:

• NBC T 10 - Dos Aspectos Contábeis Específicos em Entidades Diversas:

NBC T 10.4 - Fundações (Resolução CFC nº 837, de 22 de feve-reiro de 1999);

• NBC T 10.18 - Entidades Sindicais e Associações de Classe (Re-solução CFC nº 838, de 22 de fevereiro de 1999);

• NBC T 10.19 - Entidades Sem Finalidade de Lucros (Resolução CFC nº 877, de 18 de abril de 2000).

Ocorre, todavia, que as mencionadas resoluções foram revoga-das pela Resolução CFC nº 1.409/2012, publicada no DOU 1 do dia 27.09.2012, que também aprovou a ITG 2002 - Entidade sem Finalidade de Lucros, que estabelece critérios e procedimentos específicos de avalia-ção, de reconhecimento das transações e variações patrimoniais, de es-truturação das demonstrações contábeis, além das informações mínimas a serem divulgadas em notas explicativas de entidade sem finalidade de lucros, sendo aplicáveis aos exercícios iniciados desde 1º.01.2012.

Atente-se ainda que, posteriormente, por meio de Resolução publi-cada no DOU de 02.09.2015, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) procedeu alterações nos itens 8 e 19 e na alínea “c” do item 27, além do que, incluiu os itens 9A e 9B na ITG 2002, cuja sigla passou a ser ITG 2002 (R1).

Dentre as alterações procedidas, temos:

a) as receitas e as despesas devem ser reconhecidas respeitando-se o princípio da competência;

b) o trabalho voluntário, inclusive de membros integrantes dos órgãos da administração, no exercício de suas funções, deve ser reconhecido pelo valor justo da prestação do serviço como se tivesse ocorrido o desembolso financeiro;

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c) as demonstrações contábeis devem ser complementadas por notas explicativas que contenham relação dos tributos objeto de renúncia fiscal;

d) somente as subvenções concedidas em caráter particular se en-quadram na NBC TG 07; e

e) as imunidades tributárias não se enquadram no conceito de subvenções previsto na NBC TG 07, portanto não devem ser reconhecidas como receita no resultado.

Desse modo, a seguir estaremos analisando os pormenores e a apli-cabilidade dessas normas, bem como outros assuntos e disposições contá-beis que devem ser adotadas pelas entidades sem fins lucrativos.

Contabilidade do 3º Setor 19

2. natureza JurídiCa

A natureza jurídica das organizações do Terceiro Setor é estabelecida pelo o art. 44 e incisos, do Código Civil (Lei nº 10.406/2002).

Segundo dispõe esse artigo, são pessoas jurídicas de direito privado:

a) as associações;

b) as sociedades;

c) as fundações;

d) as organizações religiosas;

e) os partidos políticos; e

f) as empresas individuais de responsabilidade limitada.

2.1. ASSOCIAÇÕES

Consideram-se associações as organizações de pessoas físicas, que se reúnem e se organizam para fins de desempenhar atividades com fins não econômicos.

De acordo com o art. 53 do Código Civil, constituem-se as associa-ções pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos, sem que haja, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.

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Para constituição de uma associação, é necessário o cumprimento das seguintes etapas:

a) assembleia geral de criação da organização;

b) aprovação dos estatutos;

c) eleição dos membros da diretoria;

d) posse dos membros da diretoria;

e) lavratura das atas das reuniões; e

f) registro dos atos constitutivos.

O instrumento de constituição de uma associação é o estatuto, o qual deve conter, sob pena de nulidade, os seguintes itens, conforme esta-belece o art. 54 do Código Civil:

a) a denominação, os fins e a sede da associação;

b) os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos asso-ciados;

c) os direitos e deveres dos associados;

d) as fontes de recursos para sua manutenção;

e) o modo de constituição e funcionamento dos órgãos delibera-tivos;

f) as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução; e

g) a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas.

A dissolução de uma associação deve estar expressamente prevista no seu estatuto, e deve obedecer o disposto no art. 61 do Código Civil, inclusive a possibilidade de restituição dos valores das contribuições pres-tadas ao patrimônio da associação.

Assim dispõe o art. 61 do Código Civil:

“Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, de-pois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo

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único do art. 56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes.

§ 1º Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem presta-do ao patrimônio da associação.

§ 2º Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União.”

2.2. FUNDAÇÕES

Consideram-se fundações as organizações sem fins lucrativos, as quais podem ser públicas ou privadas.

As fundações são instituídas a partir da destinação de um patrimô-nio com a finalidade de servir a um propósito, podendo esta ser de fins morais, religiosos, culturais ou assistenciais. Fundações públicas são en-tidades de personalidade jurídica de direito público, sem fins lucrativos, criadas por autorização legislativa para o desenvolvimento de atividades de interesse público (educação, cultura e pesquisa, entre outras).

Fundações privadas são aquelas criadas pela iniciativa dos particula-res, enquanto as fundações governamentais de direito privado são aquelas cuja criação é autorizada por ato legal, vinculadas aos Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mas só se concretiza com o registro do seu ato constitutivo no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas.

A constituição de uma fundação está definida pelo art. 62 do Código Civil, que assim dispõe:

“Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.

Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência.”


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