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Concepção de Projeto – Área 1 Assentamento Precário Via Norte
Interessado: Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto
Responsável Técnico:
Leandro Galhardo Viecili
Engenheiro Florestal
CREA-SP nº 5061514374
ART nº92221220140188417
Ribeirão Preto
Junho/2015
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 4
CAPÍTULO I - CONCEPÇÃO DE PROJETO DE URBANIZAÇÃO E PARCELAMENTO DO
SOLO ............................................................................................................................................ 5
1. Localização ...................................................................................................................... 5
2. Contexto urbanístico....................................................................................................... 6
3. Partido Urbanístico ......................................................................................................... 6
3.1. Estrutura Viária Proposta ........................................................................................... 6
3.2. Desenho Urbano Orgânico ......................................................................................... 9
3.3. Espaços públicos ........................................................................................................ 9
3.4. Implantação de edificações ...................................................................................... 11
4. Sondagem ...................................................................................................................... 14
CAPÍTULO II – CONCEPÇÃO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA .. 16
1. Aspectos Introdutórios ................................................................................................. 16
2. Diretrizes gerais para Projeto Básico de Recuperação de Área Degradada .............. 20
2.1. Áreas de Preservação Permanente e Áreas de Risco ........................................... 20
3. Restauração Florestal ................................................................................................... 24
4. Drenagem ....................................................................................................................... 27
4.1. Medidas preventivas de novos alagamentos ou inundações .............................. 27
5. Controle de erosão ........................................................................................................ 30
6. Áreas contaminadas ..................................................................................................... 32
6.1. Origem e ocupação do aterro .................................................................................. 32
6.2. Avaliação de sítio ...................................................................................................... 33
6.2.1. Avaliação preliminar ............................................................................................. 33
6.2.2. Investigação confirmatória ................................................................................... 33
6.2.3. Processo de Recuperação ................................................................................... 34
7. Arborização Urbana ...................................................................................................... 36
7.1. Metodologia ............................................................................................................... 37
7.1.1. Aspectos relevante para o planejamento da arborização ................................. 37
7.1.2. Definição do local de plantio: .............................................................................. 37
7.1.3. Escolhas das espécies ......................................................................................... 38
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7.1.4. Implantação ............................................................................................................ 39
7.1.4.1. Escolha e aquisição de mudas: ....................................................................... 39
7.1.4.2. Demarcação das covas ou berços .................................................................. 40
7.1.4.3. Adubação dos berços ....................................................................................... 40
7.1.4.4. Plantio e tutoramento........................................................................................ 40
CAPÍTULO III – CONCEPÇÃO DO PLANO DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA ................... 42
1. Regularização Fundiária como instrumento de justiça social ................................. 42
2. Descrição das atividades relacionadas ao processo de regularização fundiária .. 45
Etapa I – Atividades preparatórias ...................................................................................... 52
Etapa II – Coleta de Informações ........................................................................................ 53
Etapa III – Análise Integrada ............................................................................................... 56
a. Condições Fundiárias ............................................................................................... 56
b. Condições Urbanísticas ........................................................................................... 57
c. Condições Ambientais .............................................................................................. 59
d. Condições Jurídicas ................................................................................................. 62
e. Condições Sociais..................................................................................................... 63
Etapa IV – Desenvolvimento dos Projetos Básicos ............................................................ 65
3. Metodologia de execução das atividades ................................................................... 65
Planejamento e diagnóstico social ...................................................................................... 67
Plantão social ...................................................................................................................... 67
Visitas domiciliares .............................................................................................................. 67
Acompanhamento às famílias ............................................................................................. 68
Reuniões ............................................................................................................................. 68
Descrição dos instrumentos de monitoramento e avaliação .............................................. 69
Estratégias: .......................................................................................................................... 70
Arcabouço Legal Existente: ................................................................................................. 72
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INTRODUÇÃO
Considerando que a empresa Florestec Engenharia e Soluções
Ambientais Ltda – EPP foi contratada para execução do objeto “estudos prévios e
elaboração de projetos técnicos de arquitetura e urbanismo, engenharia, recuperação
ambiental, trabalho social e regularização fundiária necessários para execução de
empreendimentos que configurem a urbanização do assentamento precário Via Norte
e da área para Reassentamento, com utilização de recursos do Governo Federal”,
este documento tem o objetivo de apresentar a Concepção de Projeto referente à
Área 01, denominada “Assentamento Precário Via Norte”, que deverá ser objeto de
reurbanização para realocação das famílias contempladas pelo levantamento social,
bem como para instalação de estruturas urbanísticas necessárias.
Esse documento foi dividido em três capítulos, em atendimento ao
Termo de Referência, os quais irão tratar sobre a Concepção de Projeto elaborada
para os seguintes temas, conforme se segue:
Capítulo I – Concepção do Projeto de Urbanização e Parcelamento do solo.
Capítulo II – Concepção do Plano de Recuperação de Área Degradada.
Capítulo III – Concepção do Plano de Regularização Fundiária.
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CAPÍTULO I - CONCEPÇÃO DE PROJETO DE URBANIZAÇÃO E
PARCELAMENTO DO SOLO
1. Localização
O município de Ribeirão Preto está localizado na porção nordeste do
Estado de São Paulo, com área de aproximadamente 651,00 km². A gleba ocupada
pela favela Via Norte, está localizada no bairro Adelino Simioni, às margens da Via
Expressa Norte, conforme indicado na figura 1.
Figura 1. Localização do assentamento precário Via Norte, objeto deste estudo.
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2. Contexto urbanístico
A área objeto do projeto está inserida em um contexto totalmente
urbanizado, contígua com um conjunto habitacional consolidado (Conjunto Adelino
Simioni), cujas áreas públicas foram ocupadas pela população que originou o
assentamento precário.
Observa-se a rigidez imposta pelas confrontações estabelecidas com o
Terminal de petróleo, ao norte, pela Avenida Mário Covas, ao oeste, e pela Avenida
Gen. Euclydes de Figueiredo, ao sul, que limitam a conectividade de acessos à área
estudada.
A Avenida Mário Covas, apesar de compreender um importante acesso
ao local estudado, constitui um corredor de fluxo rápido, limitado as possibilidades de
integração e acesso. Por sua vez a Avenida Gen. Euclydes de Figueiredo possibilita o
acesso interno à gleba em condições mais seguras.
3. Partido Urbanístico
3.1. Estrutura Viária Proposta
A área pretendida para o reassentamento, conforme descrito acima,
está situada em uma condição periférica em relação à região central. O tratamento
impõe a necessidade de abertura de novas vias por meio do parcelamento do solo,
que busca o aumento da permeabilidade de acesso.
As vias propostas garantirão a integração do bairro através da
implantação de uma pista marginal à Avenida Mario Covas, importante ligação que
partirá sutilmente da Avenida Gen. Euclydes de Figueiredo, seguindo em paralela à
Avenida Mario Covas, para promover a organização e a distribuição de fluxos.
Esta medida proporciona segurança viária, uma vez que, para acessar a
área de estudo pela Av. Mario Covas será necessário adentrar pela a Avenida Gen.
Euclydes de Figueiredo, fazer a conversão de retorno em “U”, e acessar a via
marginal.
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Figura 2. Implantação pretendida para a Área 1.
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O projeto foi desenvolvido considerando as os aspectos: (a) assegurar
melhoria das condições de moradias precárias; (b) permitir a acessibilidade dos
moradores e a conexão da área com o sistema viário do entorno; (c) promoção do
adensamento do uso residencial e comercial de forma ordenada, para otimizar o uso
do espaço público; (d) ordenamento e valorização da paisagem; (e) promover
melhorias ambientais e na infraestrutura; e (f) assegurar viabilidade da ocupação ao
longo do tempo.
O projeto das vias foi desenvolvido de forma a atender o trânsito de
veículos, pedestres, animais e ciclistas, além de paradas, estacionamento e operação
de carga e descarga.
O traçado das vias procurou priorizar a circulação eficaz de pedestres e
veículos (motorizados ou não), evitando a interrupção de acesso. Foram definidas
pelas projeções de demanda do empreendimento e seu entorno.
Atualmente as vias do loteamento Adelino Simioni estão interrompidas
pela gleba em estudo, mantendo só a circulação de pedestres e alguns poucos acesso
para veículos. Como forma de preservar as características do loteamento existente,
manteve-se a interrupção em quase todas as ruas, permitindo prolongamentos em
continuidade apenas para as seguintes vias: Rua Dr. Wilker Manoel Neves; Rua
Antonio Augusto de Carvalho; Rua Guaraciaba da Silva e Rua Olympio Rossi.
Através destas ruas e das Avenidas Governador Mário Covas e General
Euclides de Figueiredo a empreendimento terá total integração com a malha viária da
cidade.
Foram projetadas ruas para circulação local e ruas para circulação no
empreendimento. As ruas de circulação local foram projetadas para circulação no
parcelamento do solo para casas unifamiliares e tem 8 metros de largura sendo 4m de
leito carroçável e duas calçadas de 2 m. As ruas de circulação do empreendimento
são as ruas de continuidade do loteamento existente e com acesso as habitações
multifamiliares e tem 12 metros, sendo 7 metros de leito carroçável e dois passeios
com 2,50m de largura.
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Junto à Avenida Governador Mário Covas foi projetada uma via para
interceptação de circulação e implantação de coletores para infraestrutura. Assim é
mantida a característica de via expressa da avenida sem que o trânsito local possa
afetar a velocidade de circulação nesta via.
A via local projetada será perfeita para circulação de transporte público,
em que são necessárias constantes paradas para embarque e desembarque dos
usuários.
Considera-se, portanto, que o sistema viário projetado não trará impacto
negativo no sistema viário existente. Pelo contrário, o que se observa é um impacto
positivo, pois mesmo com o adensamento habitacional, a organização das vias e
principalmente a implantação da via margina à Av. Mário Covas contribuirão
positivamente para reduzir o impacto existente na atual ocupação.
3.2. Desenho Urbano Orgânico
A estrutura viária proposta se adapta à morfologia do terreno e o seu
arruamento é desenvolvido segundo as curvas de nível, configurando um desenho
urbano orgânico, entremeado por áreas verdes e praças com tratamento paisagístico,
buscando promover uma maior harmonização entre a implantação dos edifícios e
casas e o seu entorno.
Após a definição dos limites dos lotes para os futuros condomínios e
casas, propõe-se qualificar os espaços públicos para que estes possam fomentar a
diversidade de usos garantindo o seu dinamismo e promovendo a sua constante
utilização para o convívio social, o desenvolvimento de atividades de lazer e de
práticas esportivas. Assim, os moradores poderão se apropriar desses ambientes
fazendo uso dos mesmos de maneira constante evitando que se tornem espaços
abandonados ou passíveis de novas ocupações irregulares.
3.3. Espaços públicos
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O projeto prevê a destinação de diversos espações para uso público,
como Áreas Verdes, Sistemas de Lazer, Áreas Institucionais e ainda foram previstas
áreas comerciais, para ser objeto de futuras concessões de uso.
Nesse sentido, é necessário assegurar, além da qualidade arquitetônica
das unidades habitacionais, que exista também forte preocupação na qualidade e
valorização dos espaços públicos, essencial para a geração de oportunidades
econômicas, culturais, de lazer e esportivas que atenuem os impactos sociais
decorrentes das adequações urbanísticas propostas (remoção e reassentamento) e
possam mitigar os eventuais aspectos negativos de possíveis rompimentos de valores
existentes anteriormente.
É o espaço público de uso comum, com a sua diversidade de usos e
serviços, que garantirá a convivência entre os moradores, o estreitamento de laços e a
geração de novas relações com o território reurbanizado.
Ao fortalecer a capacidade de adaptação, de coesão e de confiança
social da população afetada será possível então impulsionar o desenvolvimento local
gerando impactos positivos na circulação da economia, na geração de trabalho e
renda, na melhor qualidade de vida da população e no exercício do controle social,
transformando assim comunidades que antes eram demandantes em comunidades
empreendedoras.
Considerando o exposto no Diagnóstico referente à área objeto do
presente estudo, não se verificou a necessidade de implantação de equipamentos
públicos relacionados à educação ou saúde.
Entretanto, considerando a demanda por equipamentos de lazer,
entende-se que projeto apresentado atende não somente às necessidades da
população futuramente reassentada, como também à população residente nas
imediações, por prever estruturas de uso comum e abertas ao público em geral.
Finalmente, considerando os resultados do cadastramento
socioeconômico, entende-se que tanto a reserva de áreas institucionais quanto a
previsão de espaços para o desenvolvimento de atividades comerciais próximas aos
lotes e condomínios residenciais, devam ser suficiente para dar vazão às
necessidades da população reassentada.
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3.4. Implantação de edificações
Considerando a Lei Complementar municipal nº 2.505/2012, que dispõe
sobre o parcelamento, uso e ocupação do solo no município, a gleba está inserida na
Zona de Urbanização Preferencial – ZUP, nos termos da imagem que segue, extraída
do Mapa de Macrozoneamento, anexo à lei supracitada:
Figura 3. Projeção dos limites aproximados da Área 01 sobre o Mapa de Macrozoneamento do
Município.
Considerando as diretrizes da Lei de parcelamento supracitada, temos
as seguintes determinações:
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“Do Macrozoneamento
Artigo 90 - Nos loteamentos, condomínios urbanísticos,
desmembramentos e suas respectivas modalidades, o
percentual mínimo do sistema de áreas verdes e de lazer
e de áreas institucionais, reservado ao uso público, será
estabelecido em conformidade com zona do município
em que estiver o empreendimento, conforme abaixo
determinado:
I - Zona de Urbanização Preferencial (ZUP):
a) 5% (cinco por cento) para área institucional;
b) 20% (vinte por cento) para sistema de áreas verdes e
de lazer.
(...)
Artigo 79 - É vedada a instituição de qualquer modalidade
de parcelamento do solo, bem como modificações ou
cancelamentos, que resultem em lotes com área ou
testada inferiores às seguintes limitações e dimensões
mínimas:
I - Na Zona de Urbanização Preferencial (ZUP):
a) área de 140 m² (cento e quarenta metros quadrados);
b) frente de 7 (sete) metros lineares;
c) para os lotes de esquina a área mínima será de 180 m²
(cento e oitenta metros quadrados) e frente mínima de 9
(nove) metros.
(...)
Artigo 81 - Em loteamentos de interesse social,
localizados nas Áreas Especiais de Interesse Social e em
urbanização para assentamentos informais, independente
da zona onde se encontre, desde que obedecido o
disposto no artigo 117 desta lei, serão admitidos:
I - lotes com dimensões inferiores àquelas estabelecidas
nas alíneas “a”, “b” e “c” do inciso I do Art. 79;
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II - lotes com frente para via pública exclusiva de
pedestre.
Dessa forma, o parcelamento proposto atende ao disposto na Lei,
destinando as áreas para os sistemas de áreas verdes e de lazer e também para as
áreas institucionais.
O desenho urbano orgânico configura 03 (três) grandes quadras
destinadas à implantação de condomínios multifamiliares, além de 08 (oito) quadras
menores para implantação de unidades unifamiliares (casas), conforme projeto gráfico
anexo.
Estão previstos ainda 07 (sete) áreas destinadas para fins comerciais e
02 (duas) áreas institucionais, além de diversos bolsões para destinação como áreas
verdes ou sistemas de lazer.
As áreas comerciais e institucionais poderão abrigar equipamentos de
uso misto (em regime de concessão) para dar vazão às necessidade econômicas
apontadas no cadastramento social, que indicam grande coeficiente da população
vinculados à atividades de reciclagem de resíduos sólidos, tais como catadores,
beneficiadores, etc., além de comércio e serviços (salão de beleza, bares e
mercearias, etc.) o que sugere a necessidade futura de fomento e desenvolvimento de
uma Cooperativa para viabilizar a atividade.
Por fim o projeto proposto permite o atendimento aos seguintes
critérios: (a) coleta e destinação final de resíduos; (b) abastecimento de água (em
atenção às normas técnicas NBR 12218/94 - Projeto de rede de distribuição de água
para abastecimento público; NBR 5626/98 - Instalação predial de água fria; e NBR
10.844/89 - Instalações prediais de águas pluviais); (c) esgotamento sanitário (em
atenção às normas técnicas NBR 8160/99 - Sistemas prediais de esgoto sanitário;
NBR 14486/00 - Sistemas enterrados para condução de esgoto sanitário; e NBR
9649/86 - Projeto de redes coletoras de esgoto sanitário); (d) abastecimento de
energia elétrica (em atenção às normas técnicas NBR 5410:2004 - Instalações
elétricas de baixa tensão; NBR 5413:1992 - Iluminação de interiores e diretrizes e
normas da CPFL); (e) acessibilidade; (f) sistema de drenagem de águas pluviais; e (g)
iluminação pública.
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4. Sondagem
A norma técnica NBR 9603 estipula que para investigação geológico-
técnica a sondagem deva ser executada com trado, dentro dos limites impostos pelo
equipamento, com a finalidade de coleta de amostras deformadas, determinação da
profundidade do nível d’água, e identificação dos horizontes do terreno.
As sondagens previstas na NBR 9603 são simplificadas, não
fornecendo resultados satisfatórios para fase de planejamento, estudos preliminares e
projeto básico. Sendo assim, para o presente estudo, foi efetivamente realizada a
Sondagem SPT, que além de atender à todos dados exigidos para a sondagem à
trado, ainda informa sobre as resistências por cada camada de solo, não necessitando
de sondagens complementares em fase posterior de projeto.
Para definição da localização e do número de pontos foram
atendidas as recomendações da norma técnica NBR 8036, que em seu item 4.1.1.1
estipula que “o numero de sondagens e a sua localização em planta dependem do tipo
de estrutura, de suas características especiais e das condições geotécnicas do
subsolo. O número de sondagens deve ser o suficiente para fornecer um quadro, o
melhor possível, da provável variação das camadas do subsolo do local em estudo”.
Como pode ser observado no relatório emitido, a variação das
camadas do subsolo foi caracterizada propiciando a tomada de decisões na
elaboração dos estudos e projetos básicos. Ressalta-se que, caso sejam necessários
pontos adicionais, os mesmos devem ser feitos após a elaboração do projeto básico
como forma de ratificar solução proposta.
De acordo com o Manual de Orientação para Aprovação de Projetos
Habitacionais – GRAPROHAB, o número de pontos para área até 100 mil metros
quadrados é de 6 furos e depois mais 6 furos a cada 100 mil metros quadrados. Com
isso, observa-se que o número de furos para a área objeto de estudo atende estas
orientações, já que foram realizados 14 furos de sondagem no local.
Como exposto, as sondagens apresentadas na fase de diagnóstico
foram definitivas, e executadas em quantidade de pontos superior à necessária para
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aquela fase e com emprego de tecnologia superior para obtenção dos resultados
(Sondagem SPT x Sondagem à trado) o que é considerado mais que suficiente para
subsidiar a fase de projeto conceitual em relação à critérios como número de furos,
profundidade, localização e definição do nível d’água. Destaca-se que a realização de
outros furos não acrescentará maior precisão na elaboração dos projetos, visto que os
resultados foram para o embasamento técnico, com a sondagem realizada em
excesso na fase de diagnóstico.
O relatório de sondagem, juntamente com o croqui de localização
dos furos seguem em anexo a este documento.
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CAPÍTULO II – CONCEPÇÃO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA
DEGRADADA
1. Aspectos Introdutórios
Recuperação ambiental é um termo geral que designa a aplicação de
uma série de técnicas de manejo visando tornar um ambiente degradado a uma nova
condição de equilíbrio entre os fatores bióticos e abióticos. A recuperação ambiental
pode ser executada através de ações corretivas, definidas por restauração,
reabilitação, remediação ou atuação natural, conforme figura a seguir.
Figura 4. Diagrama esquemático dos objetivos de recuperação de áreas degradadas.
(Adaptado de Sánchez, 2011).
Dentre as variantes da recuperação ambiental, os processos de
restauração de áreas degradadas baseiam-se no desencadeamento ou na aceleração
do processo de sucessão ecológica, buscando tornar um ambiente mais complexo,
diversificado e estável através do tempo.
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A reabilitação implica no estabelecimento de uma forma de utilização
para a área degradada após sua recuperação, buscando estabelecer desta forma,
condições mínimas para que ela possa empregar esta utilização, o que pode gerar
características na condição atual do ambiente distintas do ambiente ao que existia
antes da degradação.
A remediação é definida por “aplicação de técnica ou conjunto de
técnicas em uma área contaminada, visando à remoção ou contenção dos
contaminantes presentes, de modo a assegurar uma utilização para a área, com
limites aceitáveis de riscos aos bens a proteger” (CETESB, 2001)1.
Uma modalidade de recuperação é a atenuação natural, onde não se
intervém na área diretamente afetada, permitindo que processos naturais ocorram,
promovendo uma recuperação parcial que demanda um programa de monitoramento.
A situação de abandono da área compreende a inexistência de ações
de recuperação ambiental, permitindo a ocorrência de regeneração natural, conforme
o grau da degradação ou perturbação e a capacidade de resiliência da área afetada.
Sabe-se que no Estado de São Paulo, muitos esforços e recursos têm
sido aplicados para restauração de matas ciliares. As formações florestais das
margens dos rios e reservatórios começaram a ser preocupação de diversos
pesquisadores, principalmente, a partir da década de 1980, porém, os resultados
destes estudos encontravam-se dispersos, o que atualmente, tem sido objeto de
amplos debates, com discussões no meio científico sobre as abordagens
técnicas, científicas e a legislação de proteção e recuperação de florestas.
O caráter multidisciplinar das investigações científicas sobre
recuperação tem sido considerado como o ponto de partida do processo de
restauração de áreas degradadas, visando proporcionar o restabelecimento de
condições de equilíbrio e sustentabilidade, existentes nos sistemas naturais.
O desenvolvimento de modelos de recuperação de áreas degradadas
também tem sido um importante tema de estudo, notadamente assentado sobre três
princípios básicos: a fitogeografia, a fitossociologia e a sucessão ecológica, além
disso, muitos avanços têm sido verificados nos últimos anos, no que diz respeito à
restauração florestal.
1 Fonte: Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas. 2ª ed.: São Paulo, 2001.
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Com o incremento de trabalhos nesta área, existem hoje diversos
modelos possíveis de serem utilizados no repovoamento vegetal, pelo plantio de
espécies arbóreas de ocorrência em ecossistemas naturais, procurando recuperar
algumas funções ecológicas das florestas, bem como a recuperação dos solos.
Notadamente observa-se o impacto ambiental inerente à ocupação
antrópica no local, realizada de forma desordenada em uma área que foi integrada ao
perímetro urbano do município de Ribeirão Preto somente no ano de 1979. Esta área
era essencialmente caracterizada como planície de inundação do Ribeirão Preto,
curso hídrico que possuía leito sinuoso nesta área, e que, após intervenções
decorrentes da instalação do “Conjunto Habitacional Adelino Simione”, apresenta outra
formatação, conforme apresentado anteriormente no documento “Diagnóstico – Área 1
Assentamento Precário Via Norte”, conforme é possível observar na figura 4.
O afluente que passa pela lateral do Assentamento Precário Via Norte,
se encontra em condições inadequadas, devido à deposição de resíduos domésticos e
entulho em seu entorno e seu leito, além do lançamento de efluentes domésticos
provenientes de canalizações precárias das moradias, e da presença de tubulação
rompida e danificada de uma canalização que acompanhava o córrego. Destaca-se
que há tubos de concreto dispostos inadequadamente por todo o leito do curso hídrico,
evidenciando a presença de processos erosivos no local, como o desbarrancamento
das margens e assoreamento do leito.
Ao longo da área de ocupação foram identificados seis canais de
drenagem de água pluvial, sendo alguns oriundos de manilhas instaladas na direção
de algumas ruas do Conjunto Habitacional Adelino Simioni, e outros abertos
naturalmente pela força da água pluvial no escoamento superficial do solo. Ressalta-
se que os canais de drenagem seguem abertos, com exceção e alguns fechados em
tubulações precárias implantadas pelos próprios moradores.
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Figura 5. Imagem de satélite (2013) do Assentamento Precário Via Norte, com sobreposição do levantamento topográfico realizado. Destaque
em vermelho para o afluente lateral ao assentamento, que teve seu trajeto alterado.
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Estes canais de maneira geral apresentam condições similares,
podendo-se citar concentração de resíduos sólidos domésticos, ligação de esgoto das
moradias, acúmulo de água e presença de vegetação de baixo porte. Destaca-se que
o canal localizado na direção da Rua Olympio Rossi, passa entre uma área de
deposição de material reciclado coletado por moradores, o que compromete o
escoamento da água e que provavelmente acentua as situações de alagamentos no
local.
A ocupação desordenada destes locais, com remoção da vegetação às
margens dos canais de drenagem e da vegetação ciliar do córrego, além da deposição
de lixo em alguns trechos e presença de tubulação quebrada no leito do córrego,
reduz a estabilidade geológica, aumentando os riscos de deslizamentos de terra e
assoreamento do curso d’água e inundações.
A seguir, serão apresentadas diretrizes gerais para a restauração
florestal, identificação de áreas contaminadas e para o projeto de arborização urbana.
2. Diretrizes gerais para Projeto Básico de Recuperação de Área
Degradada
2.1. Áreas de Preservação Permanente e Áreas de Risco
Conforme apresentado anteriormente, incide no local de interesse Áreas
de Preservação Permanente, especificamente no entorno do leito do Ribeirão Preto,
também classificado como área de risco geofísico R2 (risco médio) e no entorno de
sua nascente (figura 03), classificado como área de risco R3 (risco alto), definidas
conforme a Lei Federal n. 12.651/2012, no Artigo 4, incisos I e IV, transcritos abaixo:
“Art. 4o Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas
rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei:
I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e
intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito
regular, em largura mínima de: (Incluído pela Lei nº 12.727, de
2012).
a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez)
metros de largura;
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b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10
(dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;
c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50
(cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura;
d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200
(duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;
e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham
largura superior a 600 (seiscentos) metros;
(...)
IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes,
qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50
(cinquenta) metros; (Redação dada pela Lei nº 12.727, de
2012).”
É interessante ressaltar que a proximidade com o Ribeirão Preto não
incorre em incidência de Áreas de Preservação Permanente (APP) que restrinja o uso
do solo na área de interesse, mesmo que considerados os 50 metros de largura da
faixa de restrição ambiental.
Para a identificação e classificação das áreas de risco, adotou-se como
critério legal a definição constante do parágrafo único do Artigo 3º da Lei 6.766/79,
sendo que a própria Lei Federal 11.977/2009 prevê a utilização de tais critérios como
base para os projetos de Regularização Fundiária, como determina o Inciso IV de seu
Artigo 51.
Neste sentido, através de vistorias, estudos técnicos e depoimentos de
moradores mais antigos, foram identificados dois locais considerados críticos quanto à
susceptibilidade a riscos geotécnicos e inundações.
O local denominado “Setor A” é composto por diversas unidades
habitacionais localizadas próximas ao canal de drenagem, podendo-se citar fatores
como presença de solo exposto, sem qualquer tipo de cobertura vegetal, aliado ao
desenvolvimento de processos erosivos e deposição de entulho e lixo doméstico
próximo ao curso hídrico.
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O local denominado “Setor B” compreende habitações sujeitas a
inundações, em função do alagamento do córrego Ribeirão Preto, localizadas de
frente para a Avenida Mario Covas.
As áreas de risco também foram subdivididas em quatro categorias:
Risco Baixo (R1), com baixo potencial para desenvolvimento dos processos de
escorregamento e solapamentos, onde não há indícios de processos de instabilização
de encostas e de margens de drenagens e não se espera a ocorrência de eventos
destrutivos em curto prazo de tempo; Risco Médio (R2), onde existem indícios pouco
acentuados de instabilidade em encostas e margens de drenagens, com potencial
médio para desenvolvimento de escorregamentos e solapamentos (erosão de
margens de córrego); Risco Alto (R3), onde é possível constatar significativa evidência
de instabilidade (trincas de solo, degraus de abatimento em taludes, entre outros),
onde a possibilidade de eventos destrutivos é grande, sobretudo durante chuvas
intensas e prolongadas; Risco Muito Alto (R4), que caracteriza a situação mais crítica,
onde as evidências de instabilidade são significativas e estão presentes em maior
número e, ou, maior magnitude, onde é muito provável a ocorrência de eventos
destrutivos, se não houver modificações das características da área.
Contudo, no assentamento precário Via Norte não foram constatadas
áreas que se enquadrem na classificação e risco R4 (risco muito alto). O entorno da
nascente do córrego Ribeirão Preto pode ser classificado como área de risco alto (R3),
e o leito do córrego, área de risco médio (R2), sendo que estas áreas de risco estão
em interação espacial direta com o “Setor A”. No caso do “Setor B”, somente há
classificação de área de risco baixo (R1), na porção mais próxima à Avenida Mário
Covas, em função da potencialidade de alagamento do córrego Ribeirão Preto.
A recuperação ambiental da área está relacionada aos seguintes
principais fatores: à restauração florestal, ao controle de erosão e medidas de
drenagem para a manutenção das áreas de risco e APP, à constatação e remediação
de áreas contaminadas, e ao plano de arborização urbana.
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Figura 6. Indicação das áreas de risco e sua classificação, destaque em verde para a delimitação da Área de Preservação Permanente.
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LEGENDA
Área de risco alto (R3)
Setor A
Setor B
Área de risco médio (R2)
Área de risco baixo (R1)
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Área de PreservaçãoPermanente (APP)
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3. Restauração Florestal
As técnicas de restauração florestal possuem bibliografia abundante,
além de contar com inúmeros casos de sucesso. As práticas de restauração de
ecossistemas devem partir do pressuposto de que existia uma “situação original”, em
condição de equilíbrio dinâmico, cujas características precisam ser respeitadas como
ideal a ser atingido. Desta forma, para que se possa planejar a recuperação de uma
determinada área, é essencial que se resgate o conhecimento da vegetação original
e também de seus fatores condicionantes.
Neste sentido, sugere-se a busca por informações em levantamentos
bibliográficos, além da caracterização qualitativa e quantitativa de fragmentos mais
conservados de vegetação, com características semelhantes e que ocorram nas
proximidades da área objeto da recuperação. Desta forma, o projeto deverá prever a
elaboração de levantamentos florísticos e classificação das tipologias e
fitofisionomias dos fragmentos remanescentes em locais próximos e/ou no próprio
local destinado ao plantio.
Deste modo, sugere-se a restauração florestal nestas áreas de risco e
APP através do plantio de mudas de essências arbóreas nativas, observando-se as
seguintes premissas:
Critério de escolha dos locais de plantio: Recomenda-se que os plantios de
restauração florestal sejam realizados, preferencialmente, em áreas de
preservação permanente;
Formação de corredores: Recomenda-se que os locais de plantio possam
promover a conectividade de fragmentos de vegetação florestal nativa já
existentes em âmbito regional;
Diagnóstico ambiental: Deverá ser elaborado um diagnóstico ambiental
preliminar em cada local destinado ao plantio de mudas, para avaliação do
potencial de regeneração natural, dos fatores de risco (incêndio, pastoreio de
animais, depósito de resíduos, etc);
Macro análise regional: Considera-se fundamental a avaliação do grau de
conservação dos fragmentos existentes no entorno das áreas propostas para
plantio, principalmente os associados às redes de drenagem. Desta análise
poderão decorrer medidas de melhoria da qualidade ambiental dos fragmentos
existentes, que poderão ser objeto de compensações futuras. Entre as medidas
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destaca-se: controle de exóticas invasoras; o manejo de lianas em desequilíbrio;
plantio ou semeadura de enriquecimento de sub-bosque; etc.
A partir dessas informações é possível detalhar qual melhor técnica para
execução do plantio e manejo da área, além da quantificação, tipificação e definição de
espécies e porte das mudas a serem plantadas no local. Destaque-se que, quanto à
vegetação local no Assentamento Precário Via Norte, não foram observados quaisquer
fragmentos de vegetação florestal ou savânica nativos, sendo registrados principalmente
exemplares arbóreos de origem exótica, tais como Leucena (Leucaena leucocephala) e
Eucalipto (Eucalyptus spp.).
É importante ressaltar que a elaboração do Projeto de Plantio deve considerar
o disposto na Resolução SMA nº 08/2008, a qual fixa a orientação para reflorestamento
heterogêneo de áreas degradadas.
Segundo o Manual de Restauração Florestal (NBL, 2013), podem ser citados
os seguintes métodos de restauração florestal:
a) Isolamento: consiste no isolamento da área a ser restaurada dos
fatores de degradação que comprometam o seu desenvolvimento,
como incêndio, acesso de animais de criação (gado, animais
domésticos), invasão, entre outros. Em geral, o isolamento da área é
feito com instalação de cercas e aceiros;
b) Condução da Regeneração Natural: é uma técnica que favorece o
desenvolvimento de qualquer espécie vegetal nativa que surja
naturalmente nas áreas-alvo da restauração. Essa técnica visa a
utilização de mecanismos que eliminem ou controlem o
desenvolvimento de espécies não desejadas ao ambiente a ser
restaurado, bem como favoreçam o desenvolvimento das espécies
nativas de interesse;
c) Plantio de Adensamento: consiste no plantio de mudas de espécies
iniciais da sucessão ecológica nos espaços não ocupados pela
regeneração natural. É um método adequado para as áreas que já
apresentem um potencial de resiliência, mas com baixa densidade de
vegetação arbustiva-arbórea, ou em áreas de borda de fragmentos e
clareiras com vegetação em estágio inicial de sucessão. Esse método
auxilia no controle de espécies invasoras e favorece o
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desenvolvimento de espécies que toleram o sombreamento. Neste
caso o plantio é feito no espaçamento 3 m x 2 m ou 2 m x 2 m;
d) Plantio de Enriquecimento: é um método de plantio que visa
introduzir espécies de estádios finais de sucessão ecológica. Em geral
é realizado pela introdução de mudas ou sementes coletadas em
outros fragmentos florestais de espécies já presentes na área, com o
objetivo de enriquecimento genético. Para este método são utilizados
espaçamentos maiores, de acordo com as características da área, em
geral 6 m x 6 m;
e) Plantio Total: é um método a ser empregado em áreas com baixo
potencial de autoregeneração. Consiste no plantio de combinações de
espécies de estádios iniciais e finais da sucessão ecológica (pioneiras,
secundárias e climácicas). São divididas em grupo de recobrimento,
que tem a função de sombreamento da área, em virtude de seu rápido
crescimento e cobertura de copa, e grupo de diversidade, que tem um
crescimento mais lento, mas são fundamentais para garantir a
perpetuação do fragmento, visto que irão substituir as espécies que já
estiverem senescentes.
Em se tratando da escolha das espécies para plantio, a mesma deverá ser
baseada nas informações disponíveis em estudos e pesquisas já realizadas na macro-
região da área em questão, além daquelas a serem obtidas no levantamento e
caracterização da área. Ainda, deverão ser consideradas as espécies que ocorrem em
maior e menor densidade, visando o aumento da diversidade florística, além do plantio de
espécies que sejam atrativas para a fauna local.
Também há que se avaliar a disponibilidade de mudas em viveiros próximos,
bem como prever a instalação de um viveiro de mudas em dimensões adequadas à
implantação e manutenção do plantio.
Para a execução da restauração florestal nestas áreas críticas, sugere-se a
remoção das famílias e unidades habitacionais dos locais de risco geofísico e em APP,
considerando-se que não constituem áreas adequadas em termos de segurança e em
termos ambientais para habitação. Deste modo, deverá ser realizado um levantamento
detalhado a partir do Diagnóstico da Área 1 de quais unidades habitacionais deverão ser
removidas, identificando as famílias que necessitem ser mobilizadas desta maneira,
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sugerindo-se que elas devam possuir prioridade para serem contempladas pela realocação
em novas habitações.
4. Drenagem
Uma boa concepção e gestão da drenagem pluvial são estabelecidas a partir
do processo de transição de um enfoque tradicionalmente sanitário-higienista, visando à
evacuação rápida das águas pluviais para jusante, para um enfoque ambiental, procurando
atingir um novo equilíbrio do ciclo hidrológico para mais perto do natural mediante as
interferências antrópicas.
A drenagem urbana moderna deve estar baseada em alguns preceitos
básicos, como procurar não transferir impactos para jusante, não provocar a ampliação de
cheias naturais, propor medidas de controle para o conjunto da bacia aliadas à proposta de
legislações, planos de drenagem para controle e orientação das águas pluviais, além de
promover controle permanente do uso do solo e áreas de risco.
As inundações e as questões mais severas de problemas de drenagem nas
áreas urbanas podem estar relacionadas à impermeabilização na ocupação do solo e à
construção irregular da rede de condutos pluviais. O desenvolvimento urbano pode também
produzir obstruções ao escoamento, como aterros, drenagens inadequadas e casos de
assoreamento, fatores estes, observados na área de interesse.
No que concerne à recuperação ambiental, podem ser propostas tanto
medidas estruturais preventivas quanto a conscientização ambiental da população
residente, de maneira que futuros problemas provenientes de má drenagem, bem como a
origem dos processos erosivos sejam cessados.
4.1. Medidas preventivas de novos alagamentos ou inundações
As medidas de controle de inundações podem ser classificadas como
estruturais, sendo estas relacionadas à modificação do sistema, buscando reduzir o risco de
enchentes, pela implantação de obras para conter, reter ou melhorar a condução dos
escoamentos.
As medidas não-estruturais procuram reduzir tais impactos propondo ações
de convivência com as enchentes, sendo estabelecidas diretrizes para reversão ou
minimização do problema. Estas medidas envolvem o zoneamento de áreas de inundações
associado ao Plano Diretor Urbano, previsão de cheia, seguro de inundação, legislações
diversas, entre outros.
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Dentre as medidas estruturais, podem-se citar o redirecionamento dos canais
de drenagem das águas pluviais para fora do córrego, de forma que o processo de
assoreamento do córrego seja contido. Além disto, deve-se considerar a contenção dos
canais de drenagem através de canalizações, a fim de se evitar também o desenvolvimento
de processos erosivos no carreamento de sedimentos. Estas medidas envolvem construção
de barragens, diques, canalizações, reflorestamento, dispositivos de controle na fonte da
drenagem pluvial.
Os denominados reservatórios de detenção e retenção são utilizados para
reduzir os impactos no sistema principal de drenagem na área, uma vez que reduzem e
controlam o volume de água a jusante nos períodos de precipitação, evitando situações de
alagamentos. Estes podem ser instalados inclusive em áreas públicas, como praças,
parques e quadras, com a função de reter e promover a infiltração das águas da chuva após
os períodos de precipitação. Outra função da instalação desses reservatórios nesses locais
é a otimização da funcionalidade destes sistemas de lazer no contexto local, visto que os
mesmos, em períodos de estiagem, são essencialmente destinados ao lazer dos moradores,
em quanto que em períodos com precipitação irão realizar a função de controle do volume
de água na drenagem local.
Os diques são definidos por muros laterais construídos que protegem as
áreas ribeirinhas contra o extravasamento dos rios. Este tipo de mecanismo é recomendado
para cursos d’água com leitos alongados, promovendo alto grau de proteção de uma área.
Destaca-se, entretanto, que sua implantação deve ser realizada cautelosamente, a fim de
evitar posteriores danos de erosão.
Além das medidas supracitadas, sugere-se a utilização das denominadas
técnicas lineares, que são usualmente implantadas junto aos sistemas viários, pátios,
estacionamentos e arruamentos. Nestes casos, são incluídos pavimentos porosos, dotados
ou não de dispositivos de infiltração, valas de detenção e/ou infiltração e as trincheiras de
infiltração.
Os pavimentos porosos possuem as mesmas funções urbanísticas do
pavimento convencional, porém com propósito de reduzir o escoamento superficial das
águas pluviais, ou seja, durante o trajeto percorrido pela água, após o contato com a
superfície terrestre, o terreno absorve, armazena e infiltra parte ou a totalidade da água que
por ele escoa. É constituída de uma camada superior de revestimento drenante, assentada
sobre diversas camadas de material granular. Este tipo de piso pode ser revestido de
concreto poroso (asfáltico ou de cimento), ou por blocos de concreto vazados intertravados.
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As chamadas trincheiras de infiltração são dispositivos de drenagem que
consistem em armazenar a água pluvial durante o período necessário para que ocorra sua
infiltração no solo. Elas são constituídas por valetas lineares escavadas no solo com
preenchimento de material poroso (porosidade média de 40%) revestido por filtro geotêxtil
que desempenha função estrutural e evita a entrada de finos, reduzindo a poluição das
águas superficiais. Além disto, ele promove o amortecimento da vazão de enchente máxima.
Existem também as valas e os poços de infiltração, que apresentam os
mesmos objetivos, porém são caracterizados como depressões lineares em terreno
permeável e reservatório artificial e pontual escavado no solo, respectivamente.
As valas são apropriadas para lotes residenciais, loteamentos e parques,
onde, em substituição a esgotamentos canalizados convencionais, evitam uma excessiva
aceleração dos excessos pluviais e também uma maior produção em volume, se a área por
eles ocupada fosse impermeabilizada.
Os poços de infiltração são dispositivos que possibilitam a evacuação do
escoamento superficial para dentro do solo. Estruturalmente, consistem em um
preenchimento com brita (meio poroso) ou por um revestimento estrutural ficando a parede
interna e possibilitando o interior vazio.
Quando da implantação de loteamento urbano de forma estruturada, outros
elementos de microdrenagem clássica urbana devem ser empregados, tais como coletores,
galerias, bocas-de-lobo, poços de visita, galarias circulares de drenagem, sarjetas,
canaletas, escadas d’água, tubos de ligações, condutos forçados e estações de
bombeamento.
Sugere-se o emprego de faixas gramadas em localidades marginais a corpos
d’água que não receberão restauração florestal, que atuarão como áreas de escape para
enchentes, através do amortecimento de cheias e pela infiltração de contribuições laterais.
Para o caso em tela, sugere-se também evitar o lançamento de resíduos
domésticos, entulhos e material reciclável nos cursos hídricos e canais de drenagem, além
da remoção deste material do leito do córrego e do aterro de resíduos instaurado em
determinado canal de drenagem, conforme apresentado no documento “Diagnóstico – Área
1 Assentamento Precário Via Norte”.
As condições locais de limpeza das ruas, remoção de sedimentos e entulhos
das vias urbanas, corpos hídricos e canais de drenagem afetam quali e quantitativamente a
drenagem urbana. A presença demasiada destes fatores pode provocar obstrução e
rompimento de condutos e sarjetas, potencializar o assoreamento de reservatórios de
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detenção, canais, galerias e arroios, ocasionando a ineficiência das obras de drenagem e o
aparecimento de alagamentos pontuais.
Neste contexto, há de se tratar sobre a conscientização da população sobre
os efeitos negativos da impermeabilização do solo urbano, o lançamento de resíduos nos
corpos hídricos, buscando-se difundir alternativas para detenção do escoamento superficial,
campanhas de conscientização e educação ambiental, entre outras alternativas,
representando esforços que efetivamente produzirão bons resultados a médio e longo
prazo, visto que a falta de participação popular é um dos maiores empecilhos para o
sucesso de medidas de controle pluvial modernas.
5. Controle de erosão
Os problemas ambientais relacionados à erosão consistem essencialmente
em perda do solo pelo arraste de partículas, assoreamento de nascentes, córregos e rios,
contaminação das águas por agrotóxicos e fertilizantes que são arrastados com partículas
do solo e desmoronamento de encostas e taludes.
A interação água-solo é fundamental para o entendimento dos fatores
causadores de erosão, visto que a presença desta em condições adversas propicia o
desencadeamento de processos severos de erosão. Às margens dos rios são locais críticos
para ocorrência de erosão, em termos de vulnerabilidade. Na natureza, ao longo dos anos, a
manutenção de cobertura vegetal mostrou-se fundamental para a estabilização e existência
dos leitos. Pode-se inferir que cursos d’água que apresentam mata ciliar íntegra são menos
impactados por agentes externos.
Diversas medidas sugeridas anteriormente estão interligadas, no que
concerne à recuperação e prevenção dos danos causados por processos erosivos e de
qualidade da água dos cursos hídricos bem como da drenagem realizada no local, visto que
diversas medidas de drenagem se executadas de forma eficiente, concomitante a uma
restauração florestal bem sucedida, proporcionarão uma maior proteção dos solos, e,
consequentemente, diminuição da erosão observada na área de interesse.
A restauração florestal pelo plantio de espécies arbóreas irá atuar diretamente
na contenção da erosão do solo, de modo que a copa das árvores diminuirá o impacto das
gotas d’água provenientes de precipitação sobre o solo desprotegido, evitando assim o
desprendimento de partículas do solo e também a sua lixiviação pelo escorrimento
superficial das águas pluviais. Além disso, ao reduzir a velocidade com que a água pluvial
percorre a superfície do solo, permite-se uma maior infiltração de água no solo devido à
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prolongação do tempo de contato água/solo, abastecendo lençóis freáticos e outros corpos
hídricos.
Esta medida também irá promover o incremento da matéria orgânica do solo,
através da decomposição da serapilheira, material orgânico proveniente de frutos, flores,
senescência de folhas e outros componentes da vegetação, estimulando a atividade
biológica e imobilizando também nutrientes no solo, prevenindo processos de lixiviação do
solo.
Existem diversos geotêxteis compostos de produtos totalmente
biodegradáveis com as mais variadas aplicações em trabalhos de recuperação e proteção
ambiental, controle de processos erosivos e estabilização de encostas e taludes. Telas são
produtos que são entrelaçados por fibras têxteis e apresentam maior translucidez e grande
permeabilidade. As mantas são os produtos entrelaçados por adesivos biológicos, sendo
menos translúcidas e menos permeáveis. Em consórcio ao uso de telas e mantas
biodegradáveis é utilizado um mix de sementes de espécies gramíneas e leguminosas. Com
o tempo a tela vegetal utilizada se decompõe, fornecendo nutrientes ao solo que é absorvido
pelo sistema radicular dos vegetais estimulando assim seu desenvolvimento.
A semeadura e a aplicação de fertilizantes são realizadas manualmente,
atentando-se para o preenchimento de eventuais sulcos de erosão com solo, com a
consequente ação de coveamento (mínimo de 5cm de profundidade e distância entre as
covas de 10 cm no máximo). Sobre as covas aplica-se a tela vegetal, a qual será fixada por
meio de grampos de ferro, bambu ou madeira, conforme a composição do solo e o material
existente neste. Os grampos de ferro são em forma de “U” invertido, e os de madeira e
bambu em formas de estacas pontiagudas.
As paliçadas de madeira são anteparos constituídos por madeiras tratadas e
impermeabilizadas (imunes à ação de fungos e bactérias) enterradas parcialmente no solo,
dispostas lado a lado em fileiras simples ou duplas, promovendo estabilidade ao solo em
locais de risco e retendo sedimentos, devendo ser aplicadas nos locais onde houver maior
necessidade.
Os gabiões são elementos de forma de prisma retangular constituídos por
uma rede metálica hexagonal a dupla pressão (NBR 10514), capaz de resistir a todos os
tipos de esforções e trabalhar sob tração, drenar as águas de infiltração dos terrenos.
Podem ser do tipo caixa, colchão, saco e tela.
Como medidas alternativas às apresentadas para a utilização de um sistema
eficiente de drenagem, pode-se citar a utilização de canaletas de drenagem, ou também
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leiras de solo compactadas manualmente do próprio local, revestidas por manta de fibra de
coco ou mantas vegetais antierosivas, preferencialmente em locais com inclinação inferior a
10%, ou também escadas dissipadoras de energia das águas pluviais.
Estas medidas têm por objetivo direcionar o fluxo e o escoamento superficial
da água, permitindo uma infiltração mais eficiente de água no solo e a retenção de
sedimentos. No caso da utilização da manta de fibra de coco ou demais mantas vegetais, o
local deverá ser preparado previamente, devendo ser aplicadas sementes e fertilizantes nas
devidas quantidades e espécies, conforme as características de relevo local e o objetivo
específico almejado na recuperação destas áreas.
6. Áreas contaminadas
6.1. Origem e ocupação do aterro
A ocupação desordenada do solo, em uma área que anteriormente possuía
cobertura vegetal e exercia a função de área verde do conjunto habitacional “Adelino
Simione”, traz consequências que atualmente inviabilizam a manutenção da comunidade na
área em questão, algumas delas serão descritas a seguir.
A drenagem de água pluvial do conjunto habitacional “Adelino Simione” que
anteriormente encerava-se na área verde, atualmente é descartada indiscriminadamente no
loteamento irregular, gerando canais de drenagem não planejados e nem tão pouco
estruturados. Os canais de drenagem irregulares, por sua vez, promovem um aumento da
erosão do solo tornando-o mais frágil ao estabelecimento de novas construções.
Em um segundo momento, após o estabelecimento da população, ocorre a
deposição de lixo doméstico e entulhos nos quintais das moradias, ao longo do córrego e da
avenida marginal, e consequentemente a contaminação dos solos.
Destaca-se ainda que frente a inexistência de rede de coleta de esgotos, a
população faz uso de fossas negras, aumentando ainda mais a instabilidade e
contaminação dos solos.
Somando-se o fato de a Prefeitura Municipal ter realizado um aterramento às
margens do ribeirão preto, originalmente uma área de várzea, para a construção da
marginal Governador Mário Covas, tem-se que a construções irregulares estão atualmente
estabelecidas sobre áreas frágeis e suscetíveis a movimentações de solo, principalmente se
levados em consideração os fatores acima descritos.
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Frente ao exposto, recomenda-se a remoção total dos resíduos domésticos e
materiais recicláveis, bem como sua devida destinação, a ser definida em conjunto com a
Prefeitura, em conformidade com a política nacional de resíduos sólidos, tendo em vista ser
medida necessária à cessação de quaisquer tipos potenciais de contaminação hídrica e
contaminação dos solos, visto que uma quantidade considerável de resíduos é carreada
para os sistemas de drenagem.
Ainda, considerando-se a utilização de fossas negras, considera-se
fundamental que estas sejam tratadas à medida que as remoções forem ocorrendo. O
tratamento indicado neste caso consiste na desinfecção de cada fossa com cal.
6.2. Avaliação de sítio
Caso após a remoção dos resíduos existam indícios potenciais de
contaminação, por passivos ambientais causados por usos e ocupações anteriores,
recomenda-se que as avaliações de contaminação do solo e água sejam executadas em
três fases principais, a serem executadas em conjunto ao Plano de Recuperação de Áreas
Degradadas, sendo elas:
6.2.1. Avaliação preliminar
Consiste no levantamento de informações existentes e inspeções de
reconhecimento em campo de indícios ou constatação de fontes aparentes de
contaminação. Os resultados desta fase de análise podem excluir a possibilidade de
contaminação ou indicar a necessidade de investigação confirmatória, no caso de serem
verificados indícios que classificariam a área como suspeita de contaminação.
6.2.2. Investigação confirmatória
Esta etapa encerra o processo de identificação de áreas contaminadas, e sua
principal finalidade é constatar ou não a presença de contaminação em determinados locais,
bem como a necessidade de uma investigação mais detalhada nas áreas suspeitas
identificadas na avaliação preliminar.
A investigação de áreas potencialmente contaminadas consiste inicialmente
em um plano de amostragem de solo e água subterrânea, onde as coletas serão
encaminhadas para análises laboratoriais, propiciando a elaboração de laudos
investigatórios conclusivos sobre a ocorrência ou ausência de contaminação no local.
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Nesta etapa são identificadas todas as atividades com potencial de
contaminação que foram desenvolvidas na área ao longo de todo o período de sua
ocupação, bem como os contaminantes potenciais.
De forma geral, existem seis atividades básicas na investigação confirmatória:
identificação dos contaminantes potenciais; identificação e caracterização das fontes de
contaminação; identificação dos mecanismos de migração através dos meios afetados (solo,
água subterrânea, água superficial, biota, sedimentos e ar); estabelecimento das condições
anteriores à contaminação para cada meio afetado; identificação e caracterização dos
receptores potenciais; e por fim, determinar os limites da área em estudo ou as condições
de contorno.
6.2.3. Processo de Recuperação
Caso a contaminação tenha sido confirmada na fase anterior, a mesma
deverá ser analisada sob o aspecto do comportamento físico-químico dos elementos
contaminantes, devendo ser realizadas nesta fase investigações detalhadas, avaliações de
risco, bem como elaborados os planos de remediação e monitoramento do local e avaliada a
compatibilidade de uso das atividades pretendidas.
As medidas de remediação de áreas contaminadas por deposição de
resíduos domésticos e material reciclável podem ocorrer basicamente por meio de quatro
principais processos, a saber: medidas emergenciais, de contenção, de redução e de
destruição do material contaminante.
Como medidas emergenciais, pode-se citar o isolamento e proibição do
acesso à área contaminada; a ventilação ou exaustão de espaços confinados;
monitoramento ambiental do local contaminado e sua evolução com o passar do tempo;
remoção de materiais contaminantes (produtos, resíduos, etc.); e interdição de edificações e
proibição de escavações nos locais contaminados.
As medidas de contenção podem ser barreiras hidráulicas (bombeamento e
tratamento), barreiras mecânicas verticais (parede diafragma; injeção de cimento; cravação
de placas metálicas) ou barreiras reativas (air sparing ou “injeção de ar”)
Alguns contaminantes do solo são voláteis, como a amônia (NH3) em grandes
concentrações, além de alguns pesticidas e solventes, que podem ser removidos da
superfície do solo pela promoção do processo de volatilização, também chamado de air
sparging, que pode ocorrer em função do secamento do solo e por revolvimento profundo do
solo, para expô-lo à atmosfera, acelerando o processo de volatilização.
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As tecnologias baseadas em transporte de vapores para a remediação de
áreas degradadas são definidas por extração de vapor, extração multifásica (através de
bombeamento à vácuo com ou sem auxílio de uma bomba submersa); volatilização; bio-
degradação aeróbica (“bioventilação”).
A atenuação natural monitorada é a redução na massa ou na concentração
de uma substância química ao longo do tempo ou da distância devido a processos físicos,
químicos e biológicos naturais, como a dispersão ou diluição de elementos, sorção,
volatilização, biodegradação e degradação abiótica.
Este tipo de medida pode resultar na completa mineralização dos
contaminantes a produtos inócuos, onde ocorre a destruição de massa de contaminantes e
não somente a transferência entre meios. Constitui uma técnica passiva, ou seja, a área
pode ser utilizada normalmente, e pode ser vantajosa em termos econômicos.
Entretanto, mostra-se suscetível a alterações naturais e antropogênicas, e a
degradação pode gerar subprodutos indesejáveis e potencialmente contaminantes, inclusive
em maior magnitude. Exige que a área seja investigada de forma mais detalhada, além de o
tempo de remediação poder ser demasiadamente longo.
A escavação consiste numa remoção simples e rápida do agente
contaminante, com alta taxa de redução de massa de contaminantes, porém torna-se um
processo dispendioso para grandes volumes de intervenção, e limitado em função da
profundidade, sendo eficiente em profundidades moderadas, o que, dependendo da
circunstância pode, inviabilizar esta operação, além da necessidade de drenagem e o
devido escoramento para evitar acidentes operacionais.
Adição de calor constitui o aquecimento do solo/água subterrânea, podendo
ser realizado através de:
aquecimento do solo com resistências elétricas: processo rápido que
não depende da geologia local desde que a formação afetada possua
água, p. ex. argila. Não é apropriado para todos os compostos, e
medidas especiais de saúde e segurança ocupacional são
demandadas. A migração tem que ser controlada, e é relativamente
caro.
Injeção de vapor: processo rápido, bom desempenho em geologias
estratificadas, alto grau de remoção de massa para DNAPL; contudo,
não é apropriado para todos os compostos e não possui boa eficiência
em geologias com baixa permeabilidade.
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7. Arborização Urbana
A crescente expansão e complexidade das malhas urbanas impõem o
adequado planejamento e a correta implementação da arborização viária para que a
população possa melhor desfrutar desses espaços. As árvores existentes ao longo das vias
públicas integram-se às áreas verdes de uma cidade. A arborização urbana propicia
equilíbrio ao ambiente natural modificado.
As áreas verdes ou os espaços verdes tornam-se, cada vez mais, essenciais
ao planejamento urbano, cumprindo funções importantes de paisagismo, estética, plástica,
higiene e de beleza cênica. São, ainda, fatores que contribuem para a diminuição do “stress”
da população urbana e, também, para a valorização da qualidade de vida local.
De acordo com Pivetta & Silva Filho2, a vegetação urbana desempenha
funções muito importantes nas cidades. As árvores, por suas características naturais,
proporcionam muitas vantagens ao homem sob vários aspectos, dentre eles:
Proporcionar sombra para pedestres e veículos;
Proteger e direcionar o vento;
Amortecer o som e amenizar a poluição sonora;
Reduzir o impacto da água de chuva e seu escorrimento superficial;
Auxiliar na diminuição da temperatura, por meio da absorção dos raios
solares;
Refrescar o ambiente em função da grande quantidade de água transpirada
pelas folhas;
Melhorar a qualidade do ar;
Em decorrência da diversidade de métodos e conceitos existentes, a escolha
das espécies utilizadas no Projeto de Arborização deverá dar-se em função da realidade
local, das diferenças ambientais regionais, dos equipamentos urbanos existentes/projetados
e das condições para sua implantação e manejo, dentre outras.
2 PIVETTA , Katia Fernandes Lopes; SILVA FILHO, Demóstenes Ferreira. Boletim Acadêmico, série arborização
urbana. UNESP-Jaboticabal/SP. 2002
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7.1. Metodologia
A elaboração da metodologia aplicada a este trabalho baseou-se nos estudos
desenvolvidos pela CPFL Energia/Campinas (Aspectos de planejamento, implantação e
manejo da arborização urbana viária) e pela ELEKTRO Eletricidade e Serviços S/A (Guia de
arborização urbana).
7.1.1. Aspectos relevante para o planejamento da arborização
Nas áreas residenciais particulares, assim como nas públicas, recomenda-se
o plantio de espécies que não comprometam as construções, o sistema de drenagem, o
esgoto e as redes aéreas.
Árvores de porte baixo ou médio, de até seis metros, devem ser plantadas em
calçadas com fiação aérea e em calçadas com construções pouco recuadas, podendo
desenvolver-se livremente sem serem submetidas às podas. O plantio destas espécies
possibilitará o normal funcionamento da rede de energia elétrica e a livre passagem de
pedestres, além de não danificar as canalizações subterrâneas.
Os canteiros centrais de avenidas sem redes aéreas e subterrâneas podem
ser ornamentados com palmeiras, havendo a possibilidade de integrar outras espécies
arbóreas neste espaço. Deve-se evitar o uso de plantas com bases de copas baixas que,
projetadas na pista de rolamento, prejudiquem o trânsito de veículos.
Árvores com copas do tipo globosa, pêndula, colunar, cilíndrica e umbeliforme
devem ser introduzidas preferencialmente em praças e áreas verdes, formando maciços ou
dispostas em fileiras de mesma espécie.
O planejamento correto da arborização viária permite a coexistência
harmoniosa das plantas com as redes aéreas, e com os demais equipamentos urbanos,
facilitando seu funcionamento e manutenção.
7.1.2. Definição do local de plantio:
Para a definição do local de plantio deverá ser respeitado um afastamento
mínimo entre as mudas e outros elementos urbanísticos, sendo recomendado um espaço
livre de 05 (cinco) metros entre as plantas e esquinas ou dos postes de iluminação pública.
Na distribuição das mudas pela malha urbana, é recomendável que sejam
plantados exemplares da mesma espécie em uma determinada via pública, podendo-se
diversificar as espécies entre as ruas de um parcelamento. Este procedimento é
fundamental para facilitar o manejo das plantas.
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Deverão ser sobrepostas as informações do levantamento cadastral dos
exemplares arbóreos existentes com o sistema viário projetado. Deverá ser realizada a
análise e identificação dos indivíduos existentes considerados indesejáveis, que deverão ser
removidos e substituídos, sendo recomendada uma avaliação em uma faixa de 03 metros
além dos limites do sistema viário proposto, de modo a permitir o transito de máquinas
durante a fase de obras de implantação.
Os exemplares que se encontram além destes limites deverão ser
preservados e, sempre que possível integrados ao projeto de arborização – desde que
sejam compatíveis com as diretrizes gerais de arborização, como p.e. não serem espécies
recomendadas para uso público.
O espaçamento correto entre os indivíduos arbóreos no eixo da via pública é
outro fator importante a ser observado, sendo adotado o limite máximo de 10 metros entre
plantas – para situações normais de longos trechos em reta ou curvatura suave, de forma
alternada em cada lado do viário, para proporcionar maior índice de cobertura e
sombreamento, nos termos do esquema gráfico que segue.
Figura 7. Esquema de espaçamento adequado na arborização urbana.
7.1.3. Escolhas das espécies
A escolha das espécies adequadas para a arborização de um sistema viário é
fundamental para o sucesso do estabelecimento de um ambiente bem arborizado e de fácil
manutenção, para alcançar tal finalidade, são recomendadas as diretrizes descritas a seguir:
Preferência para as espécies nativas;
Árvores de arquitetura adequada, com o fuste único e copa bem definida;
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Aspectos ornamentais, como forma da copa, coloração do tronco, presença
de flores, entre outras características da planta;
Sistema radicular pivotante, para não ocorrerem conflitos com o calçamento;
Árvores com crescimento de médio a rápido;
Folhas preferencialmente persistentes ou não decíduas, e de tamanho médio;
Resistência a pragas e doenças;
Planta rústica, resistente a estiagem, ventos, geadas, e outras adversidades
do ambiente urbano;
Ausência de princípios tóxicos ou alergênicos e espinhos.
Procura-se, em todo trabalho de arborização de ruas e avenidas, a
diversificação das espécies como forma de evitar a monotonia e criar pontos de interesses
diferentes dentro da malha urbana, bem como, evitar problemas de pragas e doenças.
Infelizmente o que ocorre na maioria dos casos é a presença quase que total
de uma única espécie. Neste sentido recomenda-se que na composição da arborização do
sistema viário, as populações individuais por espécies não ultrapassem 10 ou 15% da
população total.
A diversificação das espécies, no entanto, não implica no plantio aleatório.
Recomenda-se manter uma uniformidade dentro das quadras ou mesmo dentro das ruas e
avenidas utilizando uma ou até mesmo duas espécies por rua.
Desta forma, destaca-se que, as espécies deverão ser escolhidas levando em
conta os critérios anteriormente citados.
7.1.4. Implantação
Para a implantação do projeto devem ser levados em consideração os
melhores procedimentos técnicos para o sucesso do plantio. Desta forma são propostos os
seguintes parâmetros:
7.1.4.1. Escolha e aquisição de mudas:
Para a escolha e aquisição das mudas, serão considerados os seguintes
fatores, que associados entre si, garantem a formação adequada das árvores:
Porte das mudas de 1,2 a 2,0 metros;
Fuste único sem ramificações laterais;
3 a 5 pernadas que constituem a base da futura copa;
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Isenta de pragas e doenças;
Raízes não enoveladas na embalagem;
Diâmetro do colo de no mínimo 2,0 cm.
7.1.4.2. Demarcação das covas ou berços
As covas devem ser demarcadas preferencialmente na divisa entre os lotes,
ou entre elementos urbanísticos, evitando problemas futuros com o fluxo de pessoas e
automóveis. As covas ou “berços” deverão ser abertos com as dimensões mínimas de
50x50x50 cm com o uso de equipamentos manuais ou moto-mecânicos (trado).
Posteriormente, se for utilizado o equipamento moto-mecânico, deve-se
promover a escarificação das suas paredes para evitar que o espelhamento impeça o
desenvolvimento das raízes. Esta operação deve ser feita manualmente com equipamento
adequado.
7.1.4.3. Adubação dos berços
A adubação orgânica e a correção com calcário dolomítico precederão a
adubação química em 20 dias, sendo que os primeiros serão misturados ao volume total da
cova. Após a operação de mistura de calcário e esterco, a cova será fechada e somente
será aberta uma coveta no momento do plantio, ocasião em que o adubo mineral será
colocado 5 cm abaixo do torrão e separado por camada de terra.
A cova preparada desta maneira propicia a formação de raízes mais
profundas e o perfeito desenvolvimento das mudas. Portanto, serão adicionados em cada
cova cerca de 300 gramas de adubo mineral 04-14-08.
Dependendo da época do ano em que se dará o início do plantio, poderá ser utilizado o
hidro gel para retenção de água, aplicando-se cerca de 5 litros por cova, a ser misturado ao
substrato na ocasião do plantio. Esta operação pode implicar em redução no custo das
operações de irrigação.
7.1.4.4. Plantio e tutoramento
O plantio será feito abrindo-se uma coveta um pouco maior que o torrão da
muda, feita no centro da cova. Após a eliminação de órgãos doentes ou mal formados da
muda, esta será encaixada na coveta devendo o colo ficar ao nível da superfície do solo,
fixada com os pés, preenchendo-se todos os espaços vazios ou bolsas de ar junto ao torrão.
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A coveta fechada e cheia deve ter bordas elevadas na superfície num raio de
50 cm da muda, para possibilitar a permanência de água em seu interior. Em seguida a
muda será amarrada ao tutor com tiras de borracha ou sisal formado um oito deitado,
devendo ser irrigada abundantemente, e em caso de plantio em época de estiagem de
chuva, deve-se utilizar na cova, um litro de gel para plantio devidamente misturado com
água.
Antes do plantio, um tutor de bambu será cravado ao lado do torrão com a
finalidade de manter a muda ereta e evitar sua movimentação durante a fase de adaptação
da árvore. O tutor deverá ultrapassar o tamanho da muda em 50 cm.
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CAPÍTULO III – CONCEPÇÃO DO PLANO DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA
1. Regularização Fundiária como instrumento de justiça social
A regularização fundiária se caracteriza como um processo composto por
inúmeros procedimentos, muitas vezes autônomos entre si, mas que necessariamente
devem se inter-relacionar de modo a alcançar o objetivo final.
É pela sua característica de ato complexo, que envolve o domínio técnico
de várias áreas do conhecimento, que se diz que a regularização fundiária é atividade
interdisciplinar. Mais do que isso, na verdade se trata de processo multidisciplinar, posto que
não se tratam de várias atividades que de forma isolada se associam para o resultado final e
sim da construção de um processo no qual as várias áreas do conhecimento devem atuar
de forma integrada, numa interação permanente.
Isso é necessário para que se alcance o objetivo de forma mais célere e
eficiente, posto que cada etapa do trabalho impõe a composição de vários olhares, de tal
modo que se possa harmonizar os aspectos urbanísticos, sociais, ambientais e jurídicos.
A regularização fundiária, assim como toda a atuação do Poder Público,
deve ser um instrumento que vislumbre alcançar os princípios e objetivos fundamentais
estabelecidos nos art. 1º, 3º, 5º, 6º, 182 e 183 da Constituição Federal, contribuindo dessa
forma para a construção de uma sociedade mais justa, a erradicação da pobreza, a
eliminação das desigualdades e a construção de processos participativos.
Esses são os princípios maiores que devem nortear toda a atividade no
campo da urbanização e regularização fundiária de modo a possibilitar a construção de
cidades mais justas.
No campo da atuação concreta estabelece a Constituição Federal /1988
em seu art. 23 que é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, dentre outros: IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria
das condições habitacionais e de saneamento básico; X - combater as causas da pobreza e
os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos.
Verifica-se, portanto, que o texto constitucional atribui indistintamente a
todos os entes federativos a competência comum de implementar as medidas concretas
com o fito de garantir efetividade ao princípios estabelecidos no artigo 3º e ao direito social
de moradia previsto no art. 6º da Constituição Federal. Nas palavras de José Afonso da
Silva “competência comum significa que a prestação de serviço por uma entidade não exclui
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igual competência de outra – até porque aqui se está no campo da competência-dever,
porque se trata de cumprir a função pública de prestação de serviços à população”.
A melhoria das condições habitacionais, o combate aos fatores de
marginalização e as atividades voltadas à integração social, são objetivos que se
formalizam, no âmbito do ordenamento territorial e do direito urbanístico, através do
processo de regularização fundiária. Este não deve ser visto apenas sob o enfoque da
regularização registraria, ou seja, da outorga de títulos em favor dos beneficiários e o seu
acesso ao Registro de Imóveis. Deve atender aos preceitos da moradia digna e nesse
sentido é obrigatório que se desenvolvam esforços no sentido da melhoria da qualidade de
vida, o que se faz representar pela implementação das obras de infraestrutura e pela
efetivação dos serviços públicos. Desta forma os aspectos urbanísticos devem ser
observados com idêntica atenção.
Somente o preenchimento dos requisitos urbanísticos e jurídicos não
atendem, entretanto, às exigências da Lei, devendo existir a preocupação constante com a
recuperação e preservação dos recursos naturais existentes na área de intervenção.
O processo de regularização fundiária e o reconhecimento do direito à
moradia não podem, portanto, ser entendidos como opostos à preservação do meio
ambiente. Ao contrário, a defesa ao direito de moradia e a defesa do meio ambiente devem
ser entendidos como complementares e não como excludentes.
Outro aspecto que não pode ser descuidado no processo de regularização
fundiária diz respeito à participação da população, o que deve ocorrer por meio de
expedientes informativos, tais como reuniões locais, assembleias, comunicados, eleição de
representantes e espaços abertos para informação, questionamentos e propostas.
Essa concepção, que se extrai da compilação dos diversos ordenamentos
jurídicos pode ser sintetizada na conceituação apresentada por Betânia Alfonsin em 1997,
que possui o seguinte teor:
“Regularização Fundiária é o processo de intervenção pública, sob os
aspectos jurídicos, físico e social, que objetiva legalizar a permanência de populações
moradoras de áreas urbanas ocupadas em desconformidade com a lei para fins de
habitação, implicando acessoriamente melhorias no ambiente urbano do assentamento, no
resgate da cidadania e da qualidade de vida da população beneficiária.”
Observa-se que tal concepção, à época de sua textualização não abrangia
explicitamente a questão ambiental, ainda que subjetivamente o termo “aspectos físicos”
possa englobar tanto o urbanístico quanto o ambiental, assim como “melhorias no ambiente
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urbano” também possa incluir os aspectos relativos à proteção da natureza. Posteriormente,
a própria autora passou a incluir de forma explicita o aspecto ambiental como elemento
conformador do processo de regularização fundiária.
Garantir a urbanização de áreas degradadas física e ambientalmente,
permite a estruturação dos serviços públicos, com ruas delineadas, garantia de
trafegabilidade, de acessibilidade, de transporte público, de coleta de resíduos, de
segurança pública, além da melhoria dos índices de saúde pública em face da eliminação de
focos de irradiação de doenças. Dentro dessa concepção, significa a presença do Estado e
a configuração concreta dos direitos que compõem a cidadania.
Há que se destacar, por fim, a importância do processo de urbanização
garantir ao máximo a permanência da população na área objeto de intervenção, ressalvadas
às situações de risco.
Mesmo nas situações em que se faça obrigatória a remoção, há que se
considerar a continuidade do problema se, o risco permanecer, possibilitando o retorno da
antiga família moradora. Em situações em que a remoção não seja eficaz, o ideal é que
ocorra uma realocação destas famílias para algum espaço dentro da própria área de
intervenção. E por fim, não havendo essa possibilidade, a alternativa prioritária deve ser a
remoção para áreas existentes no entorno.
Os casos extremos que não permitam uma solução local devem considerar
que a remoção ocorra para outra localidade, na qual a solução habitacional contemple a
acessibilidade, mobilidade, existência de infraestrutura e de serviços públicos e até mesmo
fontes de geração de renda.
O art. 23 da Constituição Federal estabelece em seu parágrafo único a
necessidade de cooperação entre todos os entes federativos, tendo em vista o equilíbrio do
desenvolvimento e do bem estar em âmbito nacional.
Conforme previsto no art. 46, da Lei 11.977/2009, que assim dispõe:
“art. 46. A regularização fundiária consiste no conjunto de medidas
jurídicas, urbanísticas, ambientais e sociais que visam à regularização de
assentamentos irregulares e à titulação de seus ocupantes, de modo a
garantir o direito social à moradia, o pleno desenvolvimento das funções
sociais da propriedade urbana e o direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado.”
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O desenvolvimento do projeto, a realização das definições perimetrais,
seja por meio de levantamentos topográficos ou por aerofotogrametria, a discussão com a
população quanto as soluções urbanísticas e de titulação a serem adotadas, a preocupação
com a melhoria ambiental, a perfeita identificação da base fundiária e os instrumentos
jurídicos capazes de garantir o acesso ao registro imobiliário, são aspectos característicos
do termo de cooperação firmado entre União e Município.
Para a consecução desse trabalho necessário se faz desenvolver uma
série de atividades que envolvem áreas distintas do conhecimento humano, mas que
necessariamente devem se articular, de forma harmoniosa, de modo a se alcançar o
objetivo final da regularização fundiária.
Sob o enfoque jurídico, ainda que não exclusivo, há que se estabelecer
algumas etapas, a serem superadas de modo a se alcançar o resultado desejado. Tais
atividades não se desenvolvem de forma isolada ou compartimentada, havendo uma inter-
relação e interdependência entre elas, o que exige ações combinadas e previamente
discutidas.
A metodologia do trabalho desenvolvido passa assim pela permanente
construção de canais de diálogo entre os diversos agentes, em especial o Cartório de
Registro de Imóveis, podendo envolver Ministério Público, Defensoria Pública, Poder
Judiciário, Poder Legislativo, órgãos estaduais, entre outros.
A participação da comunidade através de várias formas como por meio de
atendimentos individuais, reuniões por temas específicos, reuniões gerais, informativos,
devem objetivar a constituição de um processo permanente de capacitação em que a
população se aproprie de conhecimento sobre o processo de regularização fundiária, seus
direitos à moradia digna, a importância da proteção ambiental, entre outros temas.
A discussão técnica entre os agentes públicos e os profissionais da
contratada deve se caracterizar como um espaço permanente de mútua capacitação, de
troca de experiências e de firmamento de compromissos que permitam que se avance na
incorporação do processo, de tal modo que esse possa ser replicado para outras áreas de
interesse do Município.
2. Descrição das atividades relacionadas ao processo de regularização fundiária
A regularização fundiária se caracteriza como um processo composto por
inúmeros procedimentos, muitas vezes autônomos entre si, mas que necessariamente
devem se inter-relacionar de modo a alcançar o objetivo final.
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O caso em tela se trata de modalidade mista de regularização em que
deverão ser conjugados aspectos típicos da Regularização fundiária (demarcação
urbanística) em conjunto com ações decorrentes do Poder de Polícia (remoções em áreas
de risco), bem como com a aplicação e execução de políticas públicas habitacionais
(urbanização e construção de novas unidades).
Em função deste caráter peculiar, serão utilizados como base legal e
metodológica os parâmetros comuns da Regularização Fundiária, exceto pelo processo de
titulação, uma vez que o cenário apontou para a necessidade de remoções e posterior
construção de edificações vinculadas aos Projetos de Urbanização e Parcelamento do Solo
da Área 1 e Área 2, bem como o Projeto das Unidades Habitacionais.
As atividades necessárias à execução do serviço, portanto, foram
agrupadas em 04 (quatro) Etapas, em atenção ao Termo de Referência e com descrição
em maior nível de detalhe, considerando-se as fases e sequência das ações propostas.
Em linhas gerais a lógica de processo referente ao desenvolvimento e
execução do objeto licitado, com as variáveis escalonadas em cada etapa do processo,
pode ser ilustrada no fluxograma a seguir:
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Figura 8. Fluxograma das atividades constantes na Etapa I.
Início da Etapa I
Atividades Preparatórias
Vistoria ao Núcleo habitacional Ação Social I
Planejamento estratégico das
atividades de coleta de dados
Aprovação pela Prefeitura ?
sim
Revisão / Complementação
técnica
não
Fim da Etapa I ------------------------ Início da Etapa II
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Figura 9. Fluxograma das atividades constantes na Etapa II.
Coleta de
informações
Busca Documental Levantamento
Planialtimétrico
Cadastral
Início da Etapa II
Sondagem
Diagnóstico de Recuperação de
Área Degradada
Aprovação pela
Prefeitura ?
sim
Diagnóstico de Regularização
Fundiária
Fim da Etapa II ------------------------ Início da Etapa III
Cadastro Socioeconômico Selagem
Diagnóstico do
Trabalho Social
Caracterização
Ambiental
Diagnóstico
Urbanístico
Plantas
Projeto de Mobilização e Apoio
à Participação Social
Revisão / Complementação
técnica não
Revisão / Complementação
técnica não
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Figura 10. Fluxograma das atividades constantes na Etapa III.
Análise Integrada
Início da Etapa III
Condições ambientais
Condições Urbanísticas
Condições Jurídicas
Condições Fundiárias
Condições Sociais
Aprovação pela Prefeitura ?
sim
Revisão / Complementação
técnica
não
Fim da Etapa III ------------------------ Início da Etapa IV
Resultados da Análise Integrada
Concepção de Projetos
Atividades do PMAS
Ação Social II
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Figura 11. Fluxograma das atividades constantes na Etapa IV.
Desenvolvimento dos Projetos Básicos
Início da Etapa IV
Recuperação de Área Degradada
Urbanização e Parcelamento
de Solo
Regularização Fundiária
Unidades Habitacionais
Projeto do Trabalho Técnico e Social
“PTTS”
Aprovação pela Prefeitura ?
sim
Revisão / Complementação
técnica não
Fim da Etapa IV ------------------------
Conclusão do Projeto
Definição de Estratégias
Revisão / Complementação
técnica não
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Constituem objetivos dos trabalhos, possibilitar que a Administração possa:
(a) promover a remoção ordenada das famílias; (b) definir procedimentos, dotação
orçamentária, ações de curto, médio e longo prazo; (c) obter uma visão global da
problemática habitacional do núcleo; (d) instruir políticas públicas municipais específicas
voltadas ao reassentamento em local digno, planos e programas habitacionais; (e) propor
maior integração e articulação entre os departamentos e secretarias da Prefeitura no tocante
a política setorial de habitação, meio ambiente, infraestrutura, obras e planejamento; e (e)
buscar maior articulação com demais políticas públicas, nas esferas estaduais e federais,
com ênfase no desenvolvimento social e econômico, desenvolvimento urbano, mobilidade e
proteção ao meio ambiente.
Os trabalhos demandarão, em regra, um conjunto multidisciplinar de
profissionais que atuam basicamente na área física/urbanística, jurídica e social. A depender
da problemática a ser tratada e da complexidade das variáveis a serem trabalhadas no
processo, outros profissionais podem ser necessários, incluindo especialistas indicados para
questões específicas e excepcionais.
Assim ocorre quando, por exemplo, depara-se com situações em que haja
necessidade de elaborar algum laudo quanto à configuração geotécnica de uma área,
quanto a problemas de contaminação do solo, ou mesmo em relação a fluxos e vazões de
cursos d’água existentes para a definição de faixas não edificáveis no interior da área
trabalhada.
Os recursos materiais necessários serão os usuais em trabalhos de
regularização fundiária, incluindo as instalações físicas e os equipamentos para a realização
das tarefas. Muitas das tarefas serão realizadas in loco, porém a maioria dos trabalhos
deverá ser realizada remotamente em escritório.
As atividades de comunicação também serão apoiadas por um conjunto de
materiais de comunicação que poderão incluir folhetos explicativos, folders, panfletos,
cartilhas, além de equipamentos de som que, eventualmente, também poderão ser
disponibilizados para as atividades.
As ações previstas foram inseridas de modo orgânico nas Etapas
apresentadas no Fluxograma de Atividades, cuja descrição é detalhada a seguir.
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Etapa I – Atividades preparatórias
Nesta etapa foram incluídas atividades consideradas como preparatórias e
anteriores às atividades interventivas e de coleta de dados, discriminadas na Etapa II.
Considerando a Ação Social I, o objetivo é a realização de uma primeira
reunião com a população afetada, para apresentação da equipe executora, identificação de
lideranças e informação quanto às diretrizes gerais dos trabalhos que serão desenvolvidos.
A preparação adequada consistente na identificação de locais aptos para a
realização de reuniões, tais como centro comunitário, posto de saúde, escola, galpões ou
espaços abertos, etc. O local para realização das reuniões será definido junto aos técnicos
municipais, diante da disponibilidade de edifícios públicos e/ou comunitários próximos ao
local de intervenção.
Na primeira reunião, devem ser abordados os seguintes aspectos: (a) A
apresentação da equipe multidisciplinar (advogados, arquitetos, assistentes sociais,
engenheiros, topógrafos, etc.) aos moradores da área de intervenção; (b) Contato com
representantes e lideranças do bairro, com intuito de identificar as necessidades, problemas
prioritários e respectivas causalidades dos moradores da área de intervenção; e (c)
Mobilização comunitária, visando o estabelecimento de canais de comunicação direta com o
morador.
As reuniões com moradores possibilitam o desenvolvimento de um diálogo
numa postura de respeito ao conhecimento da comunidade sobre a realidade local, seus
valores e sua cultura, entendendo-se ser esta, a base para nortear os primeiros passos na
construção de qualquer atividade junto à comunidade local.
A Vistoria Inicial ao Núcleo é essencial para o planejamento das
atividades a serem realizadas. Esta vistoria conta com a participação dos membros da
equipe responsáveis por gerenciar cada núcleo de produção, e é composta por arquitetos,
engenheiros, assistente social, além da participação dos representantes da municipalidade e
acompanhamento das lideranças locais.
Esta vistoria deve verificar as condições gerais do local do serviço
considerando as condições urbanísticas, infraestrutura existente, equipamentos públicos,
eventuais cursos d’água, problemas geológicos, unidades habitacionais, interferências de
linha de alta tensão, estradas, ferrovias e as peculiaridades da área irregular, bem como
outras características encontradas pela equipe técnica e julgadas relevantes.
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Etapa II – Coleta de Informações
A Coleta de Informações compreende as atividades consideradas como
interventivas e de coleta de dados, que servirão como subsídio para a elaboração do dos
Diagnósticos a serem descritos a seguir. Inclui-se nesta Etapa, portanto, a Busca
Documental, Levantamento Planialtimétrico Cadastral (LEPAC), Sondagem de solos,
Caracterização Ambiental e os trabalhos de Selagem e Cadastro Socioeconômico.
Considerando a Busca Documental, o objetivo é tomar conhecimento da
situação atual da área de intervenção, do ponto de vista de informações ou dados
secundários. Devem ser realizadas buscas de dados e documentos em processos
administrativos, judiciais e junto ao Ministério Público, leis municipais, dados sociais de
acesso público, documentos técnicos, relatórios de acompanhamento, documentação
fundiária, etc. para serem utilizados posteriormente na Etapa III, do Projeto Básico de
Regularização Fundiária.
Por fim deverá ser efetuada busca sobre a legislação pertinente a
parcelamentos do solo e/ou ordenamento do território no Município de Hortolândia, tais
como Lei de Parcelamento do Solo, Plano Diretor, Lei de Zoneamento, Lei de Uso e
Ocupação do Solo, e outras que porventura existirem no Município.
Como resultado, deverá ser apresentado o Diagnóstico de
Regularização Fundiária, de forma sintética e complementar, considerando as evidências
objetivas da reunião realizada e seus desdobramentos, com o relato da situação atual da
gleba sob o ponto de vista documental;
O LEPAC consiste em serviço basicamente de topografia e agrimensura,
que visa descrever e cadastrar graficamente a situação física das ocupações, considerando
seu perímetro, as edificações construídas e sua numeração, o Sistema Viário existente no
interior (com cadastramento de cotas altimétricas dos eixos das vias) e suas conexões com
o entorno, bem como a situação de pavimentação, existência de guias, passeios públicos
(calçadas) e outros aspectos urbanísticos e equipamentos públicos existentes, tais como
pontos de ônibus, escolas, postos de saúde, etc.
Ainda, devem ser cadastradas as informações: (a) dispositivos de
abastecimento de água e de esgotamento sanitário; (b) rede de drenagem de águas
pluviais; (c) rede de energia elétrica de alta e baixa tensão, postes, torres, etc.; (d) aspectos
ambientais, tais como nascentes e cursos hídricos, árvores isoladas existentes e perímetro
dos fragmentos de vegetação florestal.
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Considera-se como área de levantamento o limite apontado pela no termo
de referência, em que devem ser cadastradas as situações relevantes que possam acarretar
em qualquer tipo de limitação ao uso da local. O produto consiste em Planta(s) impressa(s)
e em meio digital, a ser apresentado em plotagem formato A0 e em escala compatível, com
legendas e feições representadas em acordo às normas técnicas da ABNT.
Complementar ao LEPAC pode ser realizada a Sondagem do solo que
compõem a área de estudo. Destaca-se que esse tipo de investigação do subsolo, permite
conhecer o tipo de terreno, bem como as camadas que constituem o solo, suas resistências,
nível de lençol freático e demais características que permitem definir o tipo de fundação
mais adequado ao local da futura obra.
A Selagem constitui atividade meio, com vistas à preparação para o
cadastro socioeconômico e tem por objetivo estabelecer o “congelamento” da situação de
ocupações na área estudada.
Ela pode ocorrer tanto antes do Levantamento topográfico – tendo como
base uma fotografia aérea atualizada, por exemplo – como após sua realização, em que
seriam empregadas as próprias plantas produzidas, ou mesmo seria possível sua execução
em conjunto com o cadastramento topográfico.
Recomenda-se que tanto os critérios quanto as estratégias para a
realização da selagem sejam realizados em conjunto com os técnicos da Prefeitura, para
garantir uma operação com resultados efetivos e possibilitar o cadastramento social de
forma eficiente. São levados em consideração para o estabelecimento das estratégias, além
das informações extraídas da vistoria realizada, diretrizes como a existência ou não de
numeração pré-existente nas unidades habitacionais, disponibilidade de base
aerofotogramétrica ou imagens de satélite, o grau de resistência da população afetada,
entre outras informações pertinentes e relacionadas à realidade local.
Também devem ser definidos os critérios para tratamento das
especificidades de co-habitação ou sub-habitações eventualmente observadas, tais como:
(a) Forma de acesso: individualizado ou comum; (b) Existência de banheiro caracterizado e
cozinha (mesmo que contenha apenas os utensílios básicos); (c) Possuir cobertura e
paredes compostas por materiais rígidos (não são aceitos, geralmente, materiais como
plásticos, lonas e tecidos); (d) Co-habitação de uma edificação por mais de uma família; (e)
Tipologia de uso: definir se serão cadastrados ocupações comerciais, de uso misto, igrejas,
etc., além de unidades habitacionais.
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Todas as unidades devem ser fotografadas para eventual comprovação de
atendimento aos critérios definidos, quer seja adotada a numeração existente ou no caso de
nova numeração.
Incluído nesta Etapa também está o Cadastro Socioeconômico que visa
apurar a qualificação detalhada dos moradores, (responsáveis e familiares) de cada unidade
habitacional, considerando aspectos pré-definidos em questionário instrumental.
O cadastramento tem por objetivo identificar os beneficiários titulares dos
lotes para conhecimento da demanda habitacional do Município. Como objetivo específico,
destaca-se dimensionar a realidade local e a área de intervenção com o objetivo de propiciar
o conhecimento das famílias em todos os seus aspectos, físico, ambiental e social,
priorizando uma gestão local que de visibilidade das ações de próximos passos, impactos e
resultados previstos em cada uma das etapas a serem definidas no decorrer do processo.
O cadastramento pode ocorrer de diversas maneiras, sendo o mais
recomendado o que é executado de porta em porta, pois não constitui em ônus para a
população cadastrada, embora não se exclua a possibilidade de realizar o cadastramento
com atendimento em local comum, tipo escola ou centro comunitário, mediante prévio
agendamento com distribuição de senhas, na fase de selagem. Esta modalidade possibilita
o cadastramento concentrado em um fim de semana, por exemplo, pois é comum encontrar
unidades vazias durante o horário comercial.
Ainda, é possível realizar o cadastramento considerando as duas maneiras,
sendo primeiro uma tentativa porta a porta, e caso não tenham sido identificados os
responsáveis ou a unidade estiver vazia, poderão ser encaminhados à uma segunda etapa
de cadastro, concentrado em um único local, mediante agendamento prévio (normalmente é
deixada uma senha na caixa de correios, no interior da unidade ou com vizinhos).
O preparo do cadastro é fundamental, e deve compreender a elaboração do
instrumental, formulário que deverá ser apresentado pela empresa e submetido à aprovação
da Prefeitura, onde são definidos os campos correspondentes às informações que serão
coletadas em campo.
Em função do caráter multifinalitário do cadastro, em que poderão ser
aproveitadas informações para outras secretarias, devem ser incluídos, entre outros
campos: identificação do responsável pela unidade (nome completo, RG e CPF); data e
local de nascimento; nível de escolaridade ou qualificação profissional; Número de
Identificação Social (NIS), caso possuir; raça ou cor declarada; eventuais problemas de
saúde ou algum tipo de deficiência; profissão; renda mensal auferida; tipo de vínculo
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empregatício; recebimento ou inclusão em algum programa de transferência de renda; se
possui outro imóvel; contato telefônico; composição familiar; e dados ou condições da
moradia, tais como tempo de residência, procedência anterior, uso da moradia (residencial,
comercial, misto, etc.), quantidade de cômodos e banheiros, tipo de abastecimento e
esgotamento sanitário e características da construção.
Ao final do procedimento com cada morador, deverá ser entregue um
protocolo ou comprovante de cadastro com numeração do imóvel, que poderá ser a mesma
da selagem, acrescida da numeração própria sequencial do cadastramento.
Todas as informações coletadas devem compor um banco de dados para
geração de informações relevantes, que deverão ser disponibilizadas para compor o
Diagnóstico do Trabalho Social, bem como para a elaboração do Projeto de Mobilização
e Apoio a Participação Social,
Os produtos da Etapa II devem ser submetidos para avaliação da
Prefeitura para uma análise prévia. Em caso de necessidade de adequações, os produtos
seguirão para revisão ou complementação técnica, antes da sequência das ações descritas
para as próximas Etapas.
Etapa III – Análise Integrada
Esta etapa corresponde a um estudo multidisciplinar a ser elaborado pela
equipe da empresa contratada, que envolve cinco aspectos, à saber: Situação fundiária;
urbanística, ambiental, jurídica e social. Este planejamento possibilitará a ampla
compreensão da situação do local objeto do serviço contratado e servirá de base para a
elaboração dos Projetos Básicos, objetivo final do presente certame, a ser tratado na Etapa
IV.
a. Condições Fundiárias
A pesquisa fundiária deve ser realizada junto ao Serviço de Registro de
Imóveis objetivando a identificação do conjunto de títulos que compõem a área dos núcleos
selecionados, identificando a sua descrição perimétrica e confrontações, e terá como base o
resultado das atividades realizadas na Etapa II – Busca documental.
O estudo da base fundiária deverá ser confrontado com o levantamento
topográfico realizado na Etapa II, além da identificação dos loteamentos e propriedades
lindeiras, e sua respectiva titulação, a fim de identificar com precisão se haverá a
necessidade de se promover ações de retificação e em que dimensão.
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Poderá haver casos pontuais em que será necessário promover também o
estudo dos títulos derivados de desmembramentos já ocorridos seja para a constituição de
glebas menores, seja para a identificação de sistema viário. Essa apuração do perímetro
preciso de cada área desmembrada em confronto com o perímetro da área maior
possibilitará a identificação da área remanescente e seus limites.
O estudo da base fundiária deverá abarcar a pesquisa dos títulos de
domínio das propriedades contíguas cujo confrontante deve ser identificado e a
confrontação desses títulos com as plantas dos loteamentos existentes no entorno, com
necessário acesso à base de dados do Município.
O resultado desse estudo orientará a escolha dos instrumentos urbanístico-
jurídicos a serem utilizados, podendo ser necessária a retificação do título de área maior de
algum núcleo, quando aplicável, seja em sua totalidade ou em partes.
Este estudo também envolve atividades de cartografia, com a projeção dos
limites matriculados sobre o levantamento topográfico realizado na Etapa II, bem como com
a verificação da regularidade ou viabilidade de manutenções de viário existentes
considerando-se o entorno regularmente constituído.
Inclui-se neste estudo, mas não se limita a: (a) identificação dominial; (b)
análise dos títulos de propriedade (transcrições, matrículas, certidões) em relação à cadeia
dominial, registros e averbações acerca de eventual parcelamento, alienação,
destacamento, desmembramentos, retificação, frações ideais, titular de domínio, via de
acesso, servidão, etc.; (c) área e descrição da gleba ou propriedade, comparando com o
perímetro encontrado no levantamento topográfico; (d) análise de eventual incidência de
restrições ou ônus; etc.
b. Condições Urbanísticas
A partir do levantamento planialtimétrico da área será possível compor a
base inicial do trabalho físico, a fim de desenvolver o desenho real de como as ocupações
se disponibilizam no ambiente (composição de lotes, quadras, viário e demais áreas), bem
como de que maneira as ocupações se conectam com seu entorno.
Esse estudo também deverá observar os limites do traçado do sistema viário
intermunicipal quando houver, bem como, toda a sua interferência urbanística com as
remoções de construções e alteração de traçado viário provocados. Ainda devem ser
identificados os equipamentos públicos disponíveis na área de estudo e em seu entorno.
O cruzamento das informações registrais com os levantamentos
topográficos em consonância e a identificação das construções existentes, permitirá
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estabelecer a nova configuração física e a definição das novas atribuições urbanísticas para
as áreas desocupadas, por exemplo: destinação como faixa de proteção ambiental,
destinação como praça, destinação para fins institucionais ou destinação para provisão
habitacional, que serão posteriormente incorporadas no projeto de reassentamento.
Os requisitos urbanísticos da legislação municipal sobre parcelamento
também devem ser verificados, uso e ocupação de solo, ou código de obras e as eventuais
adequações ou desconformidades observadas.
Os aspectos urbanísticos serão tratados com encadeamento coordenado de
ações em diversas escalas e de diversas naturezas como planejamento, viabilidade,
implementação e diretrizes urbanísticas. Para nortear a qualidade urbanística, serão
utilizados como critérios:
Diversidade de uso:
Oferta de serviços de uso frequente e constante
Dinamismo
Utilização dos espaços públicos
Diversidade de composição social:
Essência da vida urbana
Diversifica oferta de serviços
Otimiza utilização de infraestruturas públicas
Mobilidade e acessibilidade:
Oferta de transporte e de vias de circulação
Acesso facilitado a serviços essenciais
Facilidade de locomoção de curta e longa distância
Adequação ao entorno:
Compreensão das particularidades; tipo de solo, elementos referenciais,
geografia.
O desenvolvimento do estudo urbanístico, além do seu objetivo prioritário
que é o de assegurar melhoria das condições de moradias precárias, também servirá para
indicar soluções ou indicar importância de soluções para transporte coletivo e mobilidade
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não motorizada; inclusão e diversidade social; adensamento com uso misto; ordenamento e
valorização da paisagem; melhorias ambientais e na infraestrutura; e assegurar viabilidade
ao longo do tempo.
Ainda, devem ser verificados aspectos relacionados ao local estudado e
verificação de sua adequação com diretrizes municipais, e aspectos como: (a) como coleta e
destinação final de resíduos; (b) abastecimento de água (em atenção às normas técnicas
NBR 12218/94 - Projeto de rede de distribuição de água para abastecimento público; NBR
5626/98 - Instalação predial de água fria; e NBR 10.844/89 - Instalações prediais de águas
pluviais); (c) esgotamento sanitário (em atenção às normas técnicas NBR 8160/99 -
Sistemas prediais de esgoto sanitário; NBR 14486/00 - Sistemas enterrados para condução
de esgoto sanitário; e NBR 9649/86 - Projeto de redes coletoras de esgoto sanitário); (d)
abastecimento de energia elétrica (em atenção às normas técnicas NBR 5410:2004 -
Instalações elétricas de baixa tensão; NBR 5413:1992 - Iluminação de interiores e diretrizes
e normas da CPFL); (e) acessibilidade; (f) sistema de drenagem de águas pluviais; e (g)
iluminação pública.
No documento deve ser analisado o grau de consolidação da ocupação,
caracterização geral das unidades habitacionais, padrão construtivo, grau de adensamento,
tipos de edificações, etc. além do diagnóstico do sistema viário (arruamento interno, acessos
e entorno, existência ou não de pavimentação, largura, tratamento, passeios) e
desconformidades observadas em todos os aspectos avaliados.
c. Condições Ambientais
Neste tópico devem ser analisadas características como clima, relevo,
hidrografia, drenagem, geologia, pedologia e estabilidade de solo, declividades, vegetação,
nascentes, cursos hídricos, áreas alagáveis, enfim, todos os aspectos que possam acarretar
em restrições ambientais e limitações à utilização da área, em atenção à nova Lei Florestal
(Lei Federal nº 12.651/2012) e outras leis específicas, tais como Lei da Mata Atlântica (Lei
Federal nº 11.428/2006), Lei do Cerrado (Lei Estadual nº 13.550/2009), Listas oficiais de
espécies ameaçadas de extinção, etc.
Vistorias de campo devem ser realizadas por equipe especializada, para
constatação das situações que importem em restrição, bem como identificações de áreas de
risco, sendo adotado como critério legal para a identificação das áreas de risco a definição
constante do parágrafo único do Artigo 3º da Lei 6.766/79, que segue abaixo reproduzida:
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“Art. 3º. Somente será admitido o parcelamento do solo para fins urbanos em
zonas urbanas, de expansão urbana ou de urbanização específica, assim
definidas pelo plano diretor ou aprovadas por lei municipal. (Redação dada
pela Lei nº 9.785, de 1999)
Parágrafo único - Não será permitido o parcelamento do solo:
I - em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, antes de tomadas as
providências para assegurar o escoamento das águas;
Il - em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde
pública, sem que sejam previamente saneados;
III - em terrenos com declividade igual ou superior a 30% (trinta por
cento), salvo se atendidas exigências específicas das autoridades
competentes;
IV - em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a
edificação;
V - em áreas de preservação ecológica ou naquelas onde a poluição impeça
condições sanitárias suportáveis, até a sua correção.” (grifos nossos)
A própria Lei Federal 11.977/2009 prevê a utilização destes critérios como
base para os projetos de Regularização Fundiária, como determina o Inciso IV do Artigo 51.
Neste sentido, através de vistorias, estudos técnicos de apoio (como
sondagens, por exemplo) e depoimentos de moradores mais antigos, são geralmente
identificados os locais considerados críticos quanto à susceptibilidade à riscos geotécnicos e
inundações.
Após a identificação, os locais de risco são classificados em:
Risco Baixo (R1): Possui baixo potencial para o desenvolvimento dos
processos de escorregamentos e solapamentos (erosão de margens de
córrego). É a condição menos crítica. Não há indícios de desenvolvimento de
processos de instabilização de encostas e de margens de drenagens.
Mantidas as características da área, não se espera a ocorrência de eventos
destrutivos em futuro próximo.
Risco Médio (R2): Possui médio potencial para o desenvolvimento dos
processos de escorregamentos e solapamentos (erosão de margens de
córrego). Observa-se, entretanto, a presença de alguma(s) evidência(s) de
instabilidade (encostas e margens de drenagens), porém incipiente(s). Se não
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houver modificações nas condições existentes, a possibilidade de ocorrência
de eventos destrutivos é reduzida.
Risco Alto (R3): Possui alto potencial para o desenvolvimento dos processos
de escorregamentos e solapamentos (erosão de margens de córrego).
Observa-se a presença de significativa(s) evidência(s) de instabilidade
(trincas no solo, degraus de abatimento em taludes, etc.). Mantidas as
condições existentes, é perfeitamente possível, ou seja, a possibilidade de
ocorrência de eventos destrutivos é grande, sobretudo durante episódios de
chuvas intensas e prolongadas.
Risco Muito Alto (R4): É a condição mais crítica. Neste caso os processos e
condições geotécnicos e geológicos (declividade, tipo de terreno, etc.) e o
nível de intervenção no setor são de alta potencialidade para o
desenvolvimento de processos de escorregamentos e solapamentos. As
evidências de instabilidade são significativas e estão presentes em grande
número e/ou magnitude, tais como: trincas no solo, degraus de abatimento
em taludes, trincas em moradias ou em muros de contenção, árvores ou
postes inclinados, cicatrizes de escorregamento, feições erosivas,
proximidade da moradia em relação à margem de córregos, etc. Se não
houver modificações das características da área, é muito provável a
ocorrência de eventos destrutivos, sobretudo, durante episódios de chuvas
intensas e prolongadas.
No caso concreto, já são esperados locais com incidência de APP. Neste
sentido as considerações ambientais também devem prever se há sobreposição de
ocupações com áreas protegidas, bem como as medidas técnicas e operacionais
necessárias para que a legislação ambiental seja integralmente atendida, tais como
recuperação da área degradada como medidas de contenção de erosão, plantio de mudas
ou condução da regeneração natural.
Para o desenvolvimento destes subprojetos, deverão ser consideradas as
diretrizes técnicas gerais a seguir expostas:
Critério de escolha dos locais de plantio: os locais de plantio devem
ser definidos priorizando-se as áreas de preservação permanente;
Formação de corredores: busca-se a promoção da conectividade de
fragmentos de vegetação florestal nativas já existentes em âmbito
regional;
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Diagnóstico ambiental: deverá ser elaborado um diagnóstico
específico para cada local destinado à recuperação, para avaliação do
potencial de regeneração natural e fatores de risco (incêndio,
pastoreio de animais, depósito de resíduos, erosão etc.);
Macro análise regional: devem adotados critérios de avaliação do grau
de conservação dos fragmentos existentes no entorno das áreas
propostas para plantio, para possibilitar a proposição de medidas de
melhoria da qualidade ambiental dos fragmentos existentes. Entre as
medidas destaca-se: controle de exóticas invasoras; o manejo de
cipós e lianas em desequilíbrio; plantio ou semeadura direta para
enriquecimento de sub-bosque; etc.
Por fim, devem ser apresentadas informações ambientais gerais, tais como
verificação de incidência ou de proximidade com Unidade de Conservação da Natureza
(estabelecidas conforme o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, na Lei
Federal nº 9.985/2000), que inclui Parque, Reservas Biológicas, Estações Ecológicas, Área
de Preservação Ambiental, ou outras áreas protegias por lei específica, como áreas de
proteção aos mananciais, áreas tombadas, reservas indígenas, etc., bem como existência
no local ou entrono de bacias hidrográficas com especificações relevantes, tais como taxa
de ocupação ou áreas de recarga, etc.
d. Condições Jurídicas
Neste tópico são apresentadas características relativas à situação jurídica das
ocupações, em que devem ser verificados aspectos incidentais que possam afetar as
estratégias de ação, tais como ocorrência de Termos de Ajustamento de Conduta (TAC),
Ação Civil Pública, inquérito civil, procedimentos junto ao Ministério Público, além das ações
judiciais em curso, como reintegração de posse, desapropriação, etc.
Inclui-se neste item a verificação do histórico das ocupações, bem como as
situações jurídicas correlatas, tanto do imóvel em si quanto das eventuais pendências dos
proprietários, tais como penhoras, ações trabalhistas, processo de falência/recuperação
judicial, leilão judicial, etc.
A ocupação trata basicamente de áreas públicas, tanto no local onde esta o
assentamento precário quanto na gleba destinada ao reassentamento. Destaca-se que não
foram verificadas situações jurídicas que pudessem colocar em risco a continuidade das
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ações de regularização fundiária, nem tampouco qualquer questionamento judicial a respeito
da dominialidade da área.
Porém, é necessário destacar que as ocupações no assentamento precário
ocorreram sobre áreas originalmente destinadas ao Sistema de Lazer, Áreas Institucionais,
Área Comercial e área destinada à composição do Sistema Viário.
No que tange ao desenvolvimento do projeto e os instrumentos jurídicos
admitidos, o conjunto da análise jurídico – urbanística – social – ambiental é que irá indicar
as melhores soluções (art. 51, § 3º, Lei 11.977/09). Essas soluções devem ser construídas
em conjunto com o poder público e com a participação da população moradora.
e. Condições Sociais
A caracterização social consistirá na elaboração de um relatório da situação
socioeconômica das famílias, com apresentação dos dados coletados no cadastro
socioeconômico, visando contribuir para o conhecimento e compreensão da realidade social
da ocupação, seus indicadores e potencialidades.
Ainda, devem ser apresentadas as demandas e necessidades observadas, os
problemas relatados pela população afetada e suas causas, quanto possível, além das
informações dados sociais e organizacionais em documentos e dados históricos levantados
junto a Prefeitura com informações sobre necessidades sociais, bem como outros dados
disponibilizados. O trabalho social será composto pela apresentação da problemática e da
solução à população integrando e conscientizando para o plano de reassentamento.
A Análise Integrada dos dados e resultados obtidos permite a elaboração
dos pré-projetos (concepção dos projetos) e consequentemente dos projetos que serão
objetos da Etapa IV.
Após a Elaboração da Concepção dos Projetos, bem como sua aprovação
junto à Prefeitura, a partir da definição de estratégias, no sentido de verificar frente à
situação fundiária, urbanística, ambiental, jurídica e social, quais são os caminhos que serão
adotados para solucionar o problema da ocupação regular, iniciam-se as atividades
relacionadas à Ação Social II.
Para o caso em questão está descartada a possibilidade de parte das
ocupações serem regularizadas, mediante instrumentos jurídicos próprios da “regularização
fundiária de interesse social” e que são aplicáveis às ocupações em área privada, tais como
a Demarcação Urbanística, por meio do Auto de Demarcação, procedimento possível pela
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via administrativa que possibilita o reconhecimento e a legitimação de posse para posterior
titulação.
Neste sentido, a definição de diretrizes servirá de base para as discussões e
participação social, além da apresentação à população dos produtos “Concepção de
Projeto”, atividades estas que estão descritas no Projeto de Mobilização e Apoio à
Participação Social - PMAS.
As atividades sociais, portanto, visam à participação da comunidade nos
processos de intervenção, integrar as famílias à nova realidade, estimular e capacitar as
lideranças e associações atuantes no núcleo, além de fomentar a melhoria na qualidade de
vida, efetivar o real direito à cidadania e contribuir para a defesa dos direitos sociais.
A ação social também atuará no sentido de fomentar processos educativos
que resultem na construção de novas práticas em relação ao ambiente e auxiliem na
promoção de atividades que possam estimular a geração de renda.
Nesse sentido, os trabalhos se apresentam enquanto um fator fundamental
para o desenvolvimento e êxito da intervenção, integrando um conjunto de ações
permeadas pelos valores democráticos e de justiça social.
Convém destacar que todo o trabalho social busca a inclusão e o
protagonismo da população alvo das intervenções. Sua natureza é socioeducativa e estará
alicerçado no conhecimento da realidade socioeconômica e cultural dos moradores, bem
como no conhecimento amplo do território onde tais intervenções serão executadas e a
relação com seu entorno.
Pretende-se construir uma nova visão do passado da ocupação, levantando
fatores que podem impulsionar o desenvolvimento futuro. A partir de então, um projeto da
comunidade será construído coletivamente para servir como referência das expectativas e
potencialidades a serem alcançadas no futuro pelos moradores. Nesse momento, a questão
da moradia será enfatizada como aspecto estruturante da vida.
Concomitantemente, a equipe dos técnicos sociais irá mapear as
organizações e lideranças que atuam em cada núcleo, tomando como base as informações
já contidas no diagnóstico social.
A presença das lideranças e associações é de fundamental importância para
que possam atuar como mediadores entre a equipe técnica do projeto e os moradores,
agentes multiplicadores das noções urbanísticas e sanitárias e possam traduzir demandas
advindas da comunidade.
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O trabalho técnico social está baseado em atividades de pesquisa e
acompanhamento das famílias envolvidas nos processos de urbanização e regularização,
considerando todas as interfaces existentes para que as intervenções físicas a serem
realizadas tenham sustentabilidade social.
Considerando tais especificidades nos processos do trabalho técnico social,
as atividades de levantamento e pesquisa ganharão uma dimensão importante, uma vez
que trarão os insumos necessários à construção dos métodos de participação e das
abordagens a serem utilizadas nos eixos relatados acima.
Etapa IV – Desenvolvimento dos Projetos Básicos
Esta etapa tem como base a Análise Integrada e prevê a etapa participativa
de apresentação dos problemas observados e das soluções almejadas.
Finalmente, após a validação das premissas obtidas na Ação Social II, as
atividades se concentrarão na elaboração dos Projetos Básicos, que consistirá na
confecção dos projetos de cada núcleo de trabalho, tais quais: das Unidades
Habitacionais, da Urbanização e Parcelamento do Solo, da Recuperação de Área
Degradada, da Regularização Fundiária, e do Projeto do Trabalho Técnico Social.
Por fim, deverá ser considerada a compilação de todas as informações
relevantes do projeto realizado, bem como o apontamento das possibilidades de
regularização fundiárias, que direcionam para a necessidade de remoções das habitações
precárias, para dar lugar às adequações necessárias para viabilizar a implantação de novos
empreendimentos de habitação de interesse social no local.
3. Metodologia de execução das atividades
A metodologia do trabalho baseia-se na interdisciplinaridade e na busca de
parcerias entre diversos agentes governamentais e não governamentais.
O eixo fundamental de desenvolvimento do trabalho junto à comunidade é a
educação popular, que tem como premissa a melhor promoção das relações humanas a
partir do conhecimento adquirido e desenvolvido pelos setores não dominantes da
sociedade. A educação popular pode se tornar uma ferramenta para o desenvolvimento da
autonomia dos sujeitos e alteração do seu meio.
Esse paradigma está pautado na troca de conhecimentos. Não há o detentor
do saber e aquele que aprende passivamente. A educação se torna um processo de troca e
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desenvolvimento conjunto, incentivando a participação, o protagonismo popular e o
exercício da cidadania em sua dimensão crítica e ativa.
Como apontado pela Incubadora de Empreendimentos Solidários da
Universidade Federal da Paraíba, a educação popular “é um fenômeno de produção e
apropriação dos produtos culturais, expresso por um sistema aberto de ensino e
aprendizagem, constituído de uma teoria de conhecimento referenciada na realidade, com
metodologias (pedagogia) incentivadoras à participação e ao empoderamento das pessoas
com conteúdos e técnicas de avaliações processuais, permeado por uma base política
estimuladora de transformações sociais e orientado por anseios humanos de liberdade,
justiça, igualdade e felicidade”.
Ao adotar a educação popular enquanto eixo norteador dos trabalhos sociais
pretende-se que os envolvidos se apropriem de todo o processo da intervenção, objetivando
construir conjuntamente estratégias para a melhoria das condições de vida e moradia, bem
como dar continuidade e sustentabilidade a tais melhorias. Além da educação popular, será
pautado em todas as suas atividades na busca pelo desenvolvimento local.
O desenvolvimento local é um processo endógeno de uma pequena unidade
territorial, que possibilita o dinamismo econômico e a melhoria na qualidade de vida de sua
população. Retrata uma singular transformação na estrutura econômica e na organização
social em nível local, possível através da mobilização dos agentes atuantes na sociedade,
explorando as capacidades e potencialidades ali presentes.
A fim de que seja um processo consistente, sustentável e durável, mesmo após
a saída da equipe de campo, o desenvolvimento deve ser capaz de aumentar as
oportunidades sociais, a viabilidade e a competitividade da economia local, elevando a
renda, as formas e a distribuição da riqueza produzida, ao mesmo tempo assegurando a
conservação dos recursos ambientais.
Apesar de se constituir enquanto um movimento de expressivo conteúdo
interno, o desenvolvimento local está inserido em uma realidade mais ampla e complexa,
com a qual interage e recebe influências e pressões. Assim, o desenvolvimento local tem o
papel de realizar a integração entre uma economia globalizada no interior de um contexto
nacional e regional, que gera e redefine possibilidades e ameaças, que precisam ser
entendidas para serem apropriadas.
Através de suas ações, o trabalho terá o papel de fomentar iniciativas
inovadoras e mobilizadoras da coletividade, articulando as potencialidades locais com as
condições ofertadas pelo contexto, de maneira que os moradores dos núcleos possam
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utilizar suas características e qualidades específicas para se desenvolverem e se
diferenciarem.
Nesse sentido, destacam-se os elementos básicos do desenvolvimento das
atividades.
Planejamento e diagnóstico social
A equipe técnica envolvida se reúne com a equipe da Prefeitura para traçar um
diagnóstico preliminar da situação. O diagnóstico social deve ser elaborado a partir de
estudos específicos abarcando aspectos socioeconômicos, organizativos e de território,
sempre em consonância com as análises físicas, urbanísticas, jurídicas e ambientais. Tais
informações relacionadas permitem o alcance de uma compreensão que foge do senso
comum e sintetiza uma situação e contexto, sem perder de vista o dinamismo da realidade
local, que está em constante evolução.
Destaca-se que devem ser utilizados os dados socioeconômicos apurados
junto aos moradores por meio de pesquisa cadastral. Tal cadastramento é executado para
fundamentar os trabalhos de regularização fundiária.
Em concomitância, a leitura da realidade deve considerar as dinâmicas
presentes no território, as disputas, conflitos, grupos de interesses, cultura local, histórico de
formação e, sobretudo, o entendimento que seus moradores tem da realidade, seus
anseios, necessidades, proposições e desejos.
Em suma, o diagnóstico social é o elemento fundamental do planejamento e da
execução das ações decorrentes.
Plantão social
O plantão social é um espaço para atendimento e encaminhamento aos
moradores, configurando-se como um meio de comunicação direta com os envolvidos na
intervenção. Deverá ser instalado dentro do próprio núcleo a ser selecionado, em local que
seja de fácil acesso à população e com a presença de um técnico social apto a dar as
informações e equacionar os questionamentos no dia em local informado previamente.
Visitas domiciliares
A visita domiciliar é uma estratégia eficiente na mobilização da população para
as atividades previstas. Durante as visitas, os técnicos se dirigem a cada domicílio a ser
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mobilizado, possibilitando a apropriação e conhecimento do território, bem como permitindo
a identificação de dificuldades e potencialidades presentes na ocupação.
As visitas domiciliares também proporcionam um contato direto da população
com a equipe, criando um vínculo de confiança, comunicação direta e possibilidade do
equacionamento de dúvidas. É um instrumento utilizado durante todas as etapas da
intervenção, seja para realizar a mobilização, entrevistas e levantamento de dados, seja por
solicitação do próprio morador para o esclarecimento de dúvidas acerca da identificação do
imóvel e de convívio multifamiliar, ou ainda para acompanhar o processo de reassentamento
das famílias em novas unidades habitacionais.
A visita domiciliar exige que os técnicos sociais estejam apropriados das
dimensões do território onde a atividade será executada e trabalhem em conjunto com os
técnicos urbanísticos para viabilizar o próprio deslocamento no interior da área, além de
serem subsidiados para prestarem os esclarecimentos físicos.
Acompanhamento às famílias
O acompanhamento às famílias ocorrerá durante todas as etapas da
intervenção urbanística, em concomitância com o avanço da reurbanização. As atividades
focalizarão a educação socioambiental e geração de trabalho e renda, além encontros para
fomentar o desenvolvimento local e atividades para que os afetados se apropriem dos
processos que envolvem a regularização fundiária.
Reuniões
Conforme a especificidade do trabalho a ser desenvolvido, a população será
mobilizada a participar de um ou mais encontros, que podem assumir diversas faces, seja
por meio de assembleias, seminários, oficinas ou reuniões.
De maneira geral, os encontros constituem ações educativas que associam
atividades formativas e informativas, no período anterior, durante e no pós-Regularização
envolvendo além dos moradores, as lideranças e associações atuantes na área.
Enquanto estratégia para criar identidade com as temáticas abordadas, serão
utilizados recursos áudios-visuais produzidos nos próprios núcleos, objetivando ilustrar o
cotidiano em que os moradores estão inseridos, trazendo um novo olhar para situações
degradantes já naturalizadas pelos seus moradores.
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Os próprios envolvidos poderão ser convidados a produzirem as imagens,
estimulando o protagonismo e a participação da comunidade na (re)construção de novas
práticas.
Conforme apropriação do conteúdo tratado, poderão ser agendados novos
encontros que tratem da mesma temática, pois a repetição é uma técnica didática útil à
aprendizagem, inclusive apontando para o estabelecimento de novas estratégias por parte
da equipe social para alcançar o público alvo, composto por pessoas de baixa e nula
escolaridade.
Sempre que for avaliada a necessidade de utilização de material de apoio, esta
será previamente elaborada pela equipe técnica multidisciplinar, produzida com linguagem
apropriada para o nível de escolarização da população alvo e utilizando ilustrações e
imagens que auxiliem na compreensão.
Também poderão ser convidados profissionais especializados para tratar de
temática específica e relevante, de acordo com a necessidade do projeto e/ou solicitação
dos moradores.
Descrição dos instrumentos de monitoramento e avaliação
O monitoramento identifica-se com o acompanhamento da implementação das
ações do trabalho técnico social e da regularização fundiária, registrando e armazenando
dados e informações durante as ações e que se transformarão em indicadores de resultado,
sendo, portanto, sistemático e contínuo.
O monitoramento tem que ser planejado previamente à execução das ações e
precisa prover um registro contínuo de informações e dados. Dessa forma, o que registrar e
como registrar deve considerar as ações que serão realizadas durante o processo de
regularização fundiária, que envolve as atividades do trabalho técnico social e da
urbanização, assim como tem de estar em consonância com os objetivos do conjunto de
ações relacionadas à regularização do núcleo escolhido e dos gestores.
O monitoramento e a avaliação pressupõem o planejamento e a estruturação
de um banco de dados ou de um sistema de informação, incluindo a pesquisa, a definição
de: indicadores, métodos e técnicas de coleta de dados, instrumentos e ferramentas de
armazenamento das informações, desenvolvimento de tecnologias apropriadas, fluxos de
monitoramento, instrumentos de interpretação e análise dos dados.
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Avaliações de resultados e impactos buscam compreender a efetividade do
projeto, identificar ganhos, analisar objetivos, processos metodológicos, e, propriamente os
resultados e impactos obtidos.
As avaliações de processo focalizam o desenho do projeto ou programa, as
características organizacionais, os modos de operação, objetivando identificar os fatores
que facilitam ou impedem que um projeto ou programa atinja seus resultados. A análise se
concentra na documentação, nos procedimentos, fluxos e tempos de implementação, assim,
o registro de todas as atividades são matérias primas para esse tipo de avaliação.
O monitoramento permanente das atividades desenvolvidas constitui um dos
principais elementos para orientar o planejamento do trabalho social. Para tanto, o
cumprimento de objetivos, metas e cronogramas, devem ser verificados com periodicidade
bimestral a partir da comparação entre o previsto e o realizado, monitorando-se, portanto, o
resultado imediato das ações.
O processo de monitoramento, além de contínuo, deve ser bastante
simplificado e ágil, possibilitando uma rápida apropriação dos dados, de forma a orientar
possíveis ajustes na condução do trabalho e em suas metas. Prevê-se que os moradores
sejam envolvidos nesse processo e que os resultados desse monitoramento sejam
repassados às comunidades, para que tenham ciência das etapas percorridas, dos entraves
e dos avanços alcançados.
Para a avaliação final do trabalho técnico social e de regularização fundiária
devem ser utilizados os mesmos instrumentais da pesquisa diagnóstica, possibilitando a
comparação dos dados no momento inicial e final da intervenção.
Os resultados da avaliação final deverão ser divulgados e discutidos com os
moradores, contribuindo para o fortalecimento da autonomia da comunidade em relação ao
Poder Público.
Estratégias:
a) Garantir a participação como facilitadora de um processo de
fortalecimento do projeto;
b) Identificar potencialidades e sucessos, em vez de meramente registrar
dificuldades e fracassos;
c) Incorporar as lições aprendidas durante o processo de tomada de
decisão.
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O monitoramento e a avaliação são duas estratégias independentes, porém
inter-relacionadas, para se coletar dados e relatar descobertas sobre o processo de
intervenção.
Portanto, a ação avaliativa deve ser compreendida como um processo. É uma
atividade de rotina intrínseca ao projeto e uma fonte permanente de informação e de
constante atualização da prática e não uma identificação do erro e do culpado, devendo ser
operacionalizada sempre de forma participativa, envolvendo todos os grupos interessados –
gestores, executores, usuários e financiadores.
Propõe-se a criação de instrumentos de avaliação que possam mensurar de
forma qualitativa e quantitativa os seguintes aspectos:
a) Organização, inclusão e instrumentalização da comunidade;
b) Unidades habitacionais, indicando o impacto das ações no processo
de produção informal (manutenção ou aumento), devido às intervenções em
curso;
c) Regularização fundiária, indicando o avanço das etapas no processo
com a coleta da documentação necessária, realização das atividades de
participação comunitária; superação ou não dos entraves legais;
d) Beneficiário, indicando o perfil das famílias beneficiadas e se houve
melhoria na qualidade de vida das mesmas, número de famílias tituladas;
e) Grau de participação da comunidade em todas as etapas do projeto;
f) Reflexão das ações desenvolvidas junto à comunidade, acerto e erro,
movimento dialético (repensar a ação);
g) Socioeconômico e ambiental, indicando se houve melhorias nas
condições socioeconômicas da população, bem como as melhorias ambientais
e de saneamento com as intervenções;
h) Gestão, permitindo que a Prefeitura se aproprie do sistema de
informação para que possa acompanhar e identificar as formas de organização
da população dos espaços privados (pós-ocupação de unidades habitacionais
novas) e coletivos após a realização das intervenções físicas e regularização
fundiária.
A construção de um sistema de monitoramento permitirá o acompanhamento
do desempenho das ações realizadas durante o processo de regularização fundiária, que
envolve o trabalho técnico social, urbanístico, ambiental e legal. No entanto, devido sua
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complexidade, antes de elaborar o sistema de monitoramento é necessário ter clareza dos
dados, fontes e metodologia que serão utilizadas.
Para isso é preciso que haja integração entre os sistemas existentes na
Prefeitura (cabendo à municipalidade a informação sobre os dados e sistemas disponíveis)
da área do núcleo selecionado.
Após a identificação dos dados existentes e das fontes que serão utilizadas,
definir as informações que se deseja obter com a coleta de dados, quais variáveis serão
utilizadas e, principalmente, qual ferramenta informacional será utilizada para
armazenamento das informações.
A definição dos instrumentos para monitorar e avaliar o processo de
regularização fundiária e do trabalho técnico social requer muita clareza sobre os objetivos
das duas frentes no núcleo selecionado, ou seja, além de aferir o andamento do processo
de urbanização e regularização fundiária do bairro, demonstrarão a condição
socioeconômica da população antes, durante e depois do processo de regularização.
Ao permitir a identificação dos locais dentro do bairro que apresentaram
melhoras efetivas de qualidade de vida, de aumento da oferta de trabalho e renda, maior
mobilidade, considerando, entre outros, o monitoramento deve considerar os seguintes
itens:
a) Descrição dos usuários;
b) Definição dos conceitos e parâmetros a serem considerados;
c) Definição da metodologia de pesquisa a ser aplicada;
d) Definição do instrumental;
e) Construção e sistematização de indicadores e variáveis existentes;
f) Definição dos procedimentos de analise;
g) Sugestões de roteiros para elaboração de relatórios.
A produção e análise da documentação técnica e o registro das ações
constituem instrumentos para a redefinição das ações.
Arcabouço Legal Existente:
Enquanto processo autônomo com características procedimentais mínimas
estabelecidas para orientar a atuação do Poder Público em todo o território nacional,
podemos afirmar que o primeiro diploma legal a tratar da matéria é a Lei Federal nº 6.766/79
– Lei de Parcelamento do Solo, que em seu art. 40 estabelece a competência municipal
para tratar do tema da regularização fundiária, nos termo da redação a seguir reproduzida.
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Art. 40. A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando for o
caso, se desatendida pelo loteador a notificação, poderá regularizar
loteamento ou desmembramento não autorizado ou executado sem
observância das determinações do ato administrativo de licença,
para evitar lesão aos seus padrões de desenvolvimento urbano e
na defesa dos direitos dos adquirentes de lotes.
Com a aprovação da Constituição Federal de 1988 assistimos à introdução do
capítulo específico da política urbana, conforme disposto nos artigos 182 e 183 do texto
constitucional, além da competência municipal prevista no art. 30, VIII, todos reproduzidos a
segui.
Art. 30. Compete aos Municípios:
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como
aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar
contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação
estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou
permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de
transporte coletivo, que tem caráter essencial;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do
Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamental;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do
Estado, serviços de atendimento à saúde da população;
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial,
mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da
ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local,
observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
(...)
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo
Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei,
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tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções
sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.
§ 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório
para cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento
básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.
§ 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando
atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade
expressas no plano diretor.
§ 3º - As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com
prévia e justa indenização em dinheiro.
§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei
específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da
lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado,
subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado
aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana
progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida
pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal,
com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais
e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros
legais.
Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até
duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos,
ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou
de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja
proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao
homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado
civil.
§ 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais
de uma vez.
§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.
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Desta forma, o texto integral da lei 6.766/79 foi recepcionado, encontrando-se
em pleno vigor.
Posteriormente, em face da necessidade de regulamentação dos artigos 182 e
183 da Carta Magna, foi editada a lei 10.257/01 – Estatuto da Cidade que definiu de maneira
objetiva os princípios e diretrizes norteadores da política urbana, estabelecendo em seu
artigo 2º, item XIV, a regularização fundiária como um instrumento de ordenamento territorial
das cidades.
XIV – regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por
população de baixa renda mediante o estabelecimento de normas
especiais de urbanização, uso e ocupação do solo e edificação,
consideradas a situação socioeconômica da população e as
normas ambientais.
Dentre os objetivos estabelecidos para o cumprimento da política urbana, de
forma a alcançar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade,
o artigo 2º do Estatuto da Cidade impõe que seja garantido o direito à terra urbana e à
moradia digna.
O conceito de moradia digna não se restringe à habitação, ao contrário exige
para o seu cumprimento o acesso ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao
transporte, aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer.
Também a gestão democrática por meio da participação popular deve ser
garantida, como mecanismo de transparência, de controle e de empoderamento da
população local, de modo que essa passe a ser um elemento ativo que acompanhe todo o
desenvolvimento do processo de regularização fundiária.
Neste mesmo sentido de garantir a segurança na posse e o direito de moradia,
foi editada a Medida Provisória 2220/01 que prevê a figura jurídica da Concessão de Uso de
Especial para Fins de Moradia – CUEM, pela qual é possível o reconhecimento do direito de
uso em favor da população de baixa renda residente sobre áreas públicas, desde que
atendidos os requisitos legais.
Trata-se de inovação no direito brasileiro, posto que confere ao cidadão
beneficiário um direito subjetivo, ficando a Administração Pública vinculada ao
reconhecimento deste direito, não havendo espaço para atuação discricionária.
O instrumento da CUEM pode ainda ser utilizado em parceria com a
autorização de uso (para imóveis comerciais) ou com a concessão de direito real de uso –
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CDRU (art.7º, Decreto-Lei nº 271/67) para aqueles imóveis que não preencham os
requisitos para a concessão de uso especial.
No que tange à facilitação do acesso dos imóveis irregulares ao registro de
imóveis, de modo a garantir de forma perene o direito dos moradores, a Lei nº 11.481/2007,
introduziu alterações na Lei de Registros Públicos (Lei nº 6.015/73), passando o artigo 290-
A a dispor sobre as formas de gratuidade do registro público para as situações de
regularização fundiária de interesse social.
Apesar de todo avanço legislativo em termos de políticas públicas após a
entrada em vigor da Constituição Federal de 1988, havia a necessidade concreta de se
atualizar o ordenamento jurídico no tocante aos procedimentos de regularização fundiária.
Tal contexto fez com que se fizesse presente a necessidade de revisão da Lei
Federal nº 6.766/79, o que se iniciou através da tramitação do Projeto de Lei nº 3.057/00,
que dentre outros tópicos tratava de maneira mais aprofundada o tema da regularização
fundiária.
As divergências existentes, decorrentes da diversidade de interesses,
antagônicos entre si, fez com que o referido PL não chegasse a sua fase de apreciação pelo
plenário da Câmara dos Deputados até a presente data.
Em face de tal situação o Governo Federal, por ocasião da edição da Lei
Federal 11.977/09 – Programa Minha Casa Minha Vida, acabou por introduzir a partir do art.
46 (Capítulo III), todo um regramento próprio no que tange ao tema da regularização
fundiária.
A Lei 11.977/09 pode ser assim considerada a legislação que melhor abarca a
temática da regularização fundiária, devendo ser interpretada e aplicada em consonância
com a Lei nº 6.766/79, com o Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/01), com a Lei de Registros
Públicos (Lei nº 6.015/73) e à luz dos princípios e direitos fundamentais estatuídos na
Constituição Federal.
Mais recentemente notam-se avanços nas possibilidades de regularização pela
via administrativa, com destaque para os Provimentos consolidados das Normas da
Corregedoria Geral de Justiça, com a quebra de paradigma inserida por meio do Provimento
nº 10/2004, atualizado notavelmente pelo Provimento nº 18/2012 e mais recentemente com
a edição do Provimento nº 37/2013, que sintetizou a matéria introduzindo de forma
consolidada a Seção X – Da Regularização Fundiária Urbana no Capítulo XX – Do
Registro de Imóveis.
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Ao analisar a realidade local destaca-se que, para a efetiva implantação do
projeto urbanístico concebido, a solução pretendida para a regularização fundiária deverá
aplicar-se por meio da Demarcação Urbanística, instrumento previsto no inciso III do artigo
47 da Lei nº 11+977/09, que assim dispõe:
“demarcação urbanística: procedimento administrativo pelo qual o
poder público, no âmbito da regularização fundiária de interesse
social, demarca imóvel de domínio público ou privado, definindo
seus limites, área, localização e confrontantes, com a finalidade de
identificar seus ocupantes e qualificar a natureza e o tempo das
respectivas posses;”
Em linhas gerais, este instrumento prevê a descrição da situação fática
consolidada e proporciona sua convalidação sob o aspecto notarial, o que se mostra uma
solução adequada tendo em vista a ocorrência de áreas públicas projetadas anteriormente e
que não chegaram a ser efetivamente implantadas conforme seus objetivos originais.
Esta solução possibilita tratar da ocupação de forma integrada, independente
dos limites de cada imóvel ou propriedade inserida na poligonal objeto da demarcação,
permitindo que este espaço territorial seja, inclusive, objeto de um futuro parcelamento de
solo, nos termos da legislação aplicável.