Download - Comunicando - Julho-Dez 2010
UNIVERSO
FEMININO
COMUNICANDORevista Laboratório do curso de Comunicação Social
Relações Públicas da Universidade de Caxias do Sul | 2º semestre de 2010
VIVER UMAUNIVERSIDADECOMO A UCSFAZ TODAA DIFERENÇA.
www.ucs.br
VIVER UMAUNIVERSIDADECOMO A UCSFAZ TODAA DIFERENÇA.
www.ucs.br
Editorial
No decorrer das páginas buscamos apresentar
as diferentes características do amplo universo
feminino. A mulher que hoje submete-se aos
apelos do marketing e das imposições da sociedade por
um corpo perfeito à perspectiva moderna de vida, dos
desejos ilimitados; a visão daquelas que chegam à me-
lhor idade, que vivem descobrindo novos valores, que
procuram viver intensamente com planos e expectati-
vas, com tamanha participação no cotidiano e, princi-
palmente, que intensificam os cuidados com a beleza e
a boa aparência.
Mulheres decididas, persistentes, delicadas e
empreendedoras, vantagens que fazem a diferença no
mundo corporativo atual; mulheres que buscam atingir
o equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal.
Mulheres que conciliam o tempo entre ser mãe
e ser mulher. Que encontram satisfação além dos cui-
dados com a casa e a família, mas que sentem o tempo
passar mesmo sem poder desfrutar totalmente do que
é ser mãe.
Nesta edição, a COMUNICANDO buscou conver-
sar com diversas mulheres que relatam as suas conquis-
tas, seus desejos, suas aspirações e que diariamente
buscam o seu lugar na sociedade.
Créd
ito: R
amon
Mun
hoz
Universidade de Caxias do Sul
Revista Laboratório do curso de Comunicação Social
Habilitação em Relações Públicas
Ano 10 | n• 54 | segundo semestre de 2010
Universidade de Caxias do Sul
Rua Franscisco Getúlio Vargas, 1130
Bloco T (CETEL)
CEP: 95070-560 – Caxias do Sul, RS , CP 1352
Fone: 54 3218.2100
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ExpedienteReitor: Prof. Isidoro Zorzi
Vice-Reitor: Prof. José Carlos Alvino
Pró Reitoria Acadêmica: Evaldo Antônio Kuiava
Diretora do CECC: Profª. Marliva Vanti Gonçalves
Coordenadora de Relações Públicas: Profª. Tassiara Baldissera
Camatti
Disciplina: Projeto Experimental IV – Produção Gráfica
Prof.: Dinarte Albuquerque Filho
Projeto Gráfico: Débora Luiza Krauspenhar, Kaila Stedile Grisa,
Ketlyn Zim, Michele Seefeld e Vanessa Birk.
Reportagem e diagramação: Ana Paula Villa, Andre Caldart, An-
dreia Bernardi Contin, Andria Tedesco, Angélica Senter, Bruna
de Oliveira, Camila Alexandra Storchi, Clariana Fioreze, Claudia
Favretto, Daiane Basso, Danubia de Oliveira, Débora Luiza Kru-
ger Krauspenhar, Francesca Kosma Marcilio, Kaila Stedile Grisa,
Ketlyn Muniquy Zim, Larissa Lys Vedana Caetano, Luciane Fer-
nandes Paim, Magali Sebben, Michele Aline Seefeld, Milena
Folchini Ribas, Natalia Albe do Amaral, Paula Bettiato Visonan,
Siara Dalcin Salvagni, Vanessa Conci e Vanessa Regina Birk.
Impressão: Gráfica UCS
“Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.”
Kim Mac Millen & Alison Mac Millen
As mulheres no mercado de trabalho
As mulheres percorreram um longo caminho até
conquistarem respeito e seu espaço no mer-
cado de trabalho. Sua luta iniciou-se ngrandes
guerras mundiais, quando muitas mulheres tiveram que
assumir o controle da família, enquanto seus maridos
serviam ao exército.
Após a guerra, muitas delas se tornaram viúvas.
Outras, tiveram de volta seus maridos mutilados. Com
isso, tiveram que tomar conta, efetivamente, dos ne-
gócios da família. A partir da consolidação do sistema
capitalista, por volta do século 19, ocorreram mudanças
no cenário produtivo empresarial e muitas mulheres fo-
ram inseridas como mão de obra nas fábricas.
A partir de então, novas leis foram regulamenta-
das para garantir melhores direitos à mão de obra femi-
nina. Conforme artigo 7º – XXX, da Constituição Federal,
os trabalhadores têm assegurados seus direitos à “proi-
bição de diferença de salários, de exercício de funções e
de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor
ou estado civil” e também à “proteção do mercado de
trabalho da mulher, mediante incentivos específicos,
nos termos da lei”.
Gradativamente, as mulheres ocupam seu espa-
ço no mercado de trabalho. Em pesquisa realizada em
1995, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), ao longo de 20 anos houve acréscimo na partici-
pação das mulheres no mercado de trabalho. Conforme
observado através dos dados da Pesquisa Nacional de
Amostra por Domicílio – PNAD (2005), no ano de 1973,
apenas 30,9% da população economicamente ativa do
Brasil eram do sexo feminino. Em 1999, elas já repre-
sentavam 41,4% do total da força de trabalho, aproxi-
madamente 33 milhões de mulheres. Quatro anos de-
pois, mais 62 mil mulheres ingressaram pela primeira
vez no mercado, aumentando a participação em 1,1%.
A mulher economicamente ativa também está
alterando a forma com que os produtos e serviços são
desenvolvidos, comercializados e distribuídos. Além
disso, a nova condição econômica das mulheres motiva
a criação de produtos e serviços especificamente volta-
dos para elas como, por exemplo, o desenvolvimento
da indústria de cosméticos e da moda.
Barreiras foram vencidas, paradigmas foram
quebrados e, hoje, as mulheres ocupam cada vez mais
espaço dentro de grandes empresas e organizações.
Portanto, o universo feminino se estende além das pa-
redes do lar e dos cuidados à família.
Empreendedoras
Devido à cultura do nosso País e a
questões históricas, os homens
sempre foram a maioria dos em-
preendedores no Brasil; porém, essa rea-
lidade está em transformação. O núme-
ro de mulheres empreendedoras cresce
espantosamente, principalmente pelas
características diferentes dos homens
que se sobressaem no quesito empreen-
dedorismo. Muitas mulheres têm recor-
rido ao seu espírito empreendedor para
garantir melhores condições financeiras
e também para dispor de maior liberda-
de para administrar a casa, a família e a
vida social.
De acordo com a revista Pequenas
Empresas & Grandes Negócios (2010), “a
tendência é que isso aconteça cada vez
mais, já que as mulheres estão derru-
bando barreiras e avançando em setores
tradicionalmente masculinos, como os da
construção civil e da alta tecnologia”. Es-
tudos feitos pelo Centro para a Liderança
Feminina, do Babson College, com sede
em Boston, nos Estados Unidos, aponta-
vam que 30% dos novos empresários no
mundo são mulheres. No Brasil, de cada
100 brasileiras, 13 estão à frente da pró-
pria empresa.
Os ótimos números colocam o
país na sétima posição do ranking mun-
dial de mulheres empreendedoras, com
cerca de oito milhões de donas do pró-
prio negócio, de acordo com a pesquisa
realizada pelo Global Entrepreneurship
Monitor (GEM), levantamento interna-
cional coordenado pela London Business
School e pelo Babson College.
Outra pesquisa, realizada pela
consultoria Rizzo Franchise, aponta que
as franquias tocadas por mulheres –
elas somam 56 mil representantes nos
mais diversos setores – apresentaram
em 2008 um faturamento 32% superior
àquelas comandadas por homens. A ren-
tabilidade média feminina também foi
maior: 28% acima da rentabilidade dos
franqueados homens. Para Marcus Rizzo,
autor da pesquisa, os motivos que levam
as mulheres a faturar mais estão ligados
às características de liderança feminina
para os negócios.
De acordo com uma publicação no
www.sucessonews.com.br, ainda é maio-
ria as mulheres que empreendem vislum-
brando o sustento do que as que acham
uma oportunidade de mercado. Muitas
mulheres precisam conciliar as ativida-
des de casa com as profissionais, e, por
ser uma atividade mais flexível, ter um
empreendimento se torna uma atividade
secundária e uma forma de complemen-
tar a renda.
Além disso, muitas mulheres ain-
da possuem uma jornada dupla de tra-
balho e, consequentemente, estão mais
suscetíveis ao estresse de uma carreira
profissional. Geni Peteffi, economista e
vereadora de Caxias do Sul por seis man-
datos consecutivos, compartilha desta
questão quando aponta que “nós, mu-
lheres, temos de exercer as funções com
sensibilidade, dedicação e competência,
mesmo tendo na maioria das vezes três
jornadas de trabalho em apenas um dia”.
Flúvia: “Quem faz o ambiente somos nós...”
Crédito: Júlio Soares/FotoObjetiva
Mesmo que as mulheres dedi-
quem-se tanto ao trabalho quanto o
homem, quando voltam para casa, ins-
tintivamente, dedicam-se com a mesma
intensidade ao trabalho doméstico. Fúl-
via Stedile Angeli Gazola, da Dolaimes Co-
municação e Eventos, concorda com esta
posição e afirma: “Quem faz o ambiente
somos nós, independente de sermos ho-
mens ou mulher.”
As mulheres possuem melhor ca-
pacidade na formação de equipes, são
mais comunicativas, persistentes, aten-
tas aos detalhes e são mais abertas a mu-
danças. Apesar de serem consideradas
sentimentalistas, agem com mais razão
na tomada de decisões, ao contrário dos
homens, que costumam agir de forma
prática e impulsiva.
Na opinião de Marília Rocca, fun-
dadora e diretora-geral do Instituto Em-
9
Comunicando / Março 2011
No mundo 30% dos novos
empresários são mulheres.
No Brasil, 13% estão à frente
da própria empresa.
preender Endeavor, o sucesso dos em-
preendimentos liderados por mulheres
se deve ao fato de que “a mulher já tem o
papel de mãe, dona de casa, esposa, ami-
ga… Com tantas responsabilidades em
mãos, é natural que ela seja mais conser-
vadora do que o homem na hora de abrir
um negócio”, pondera.
Lisete Alberici Oselame proprie-
tária da empresa Interface Comunicação
e Eventos, também vê o mercado e o
ambiente mais propício para empreen-
dimentos liderados por mulheres, já que
“as mesmas estão mostrando competên-
cia e comprometimento na condução das
empresas”.
As mulheres empreendedoras ge-
ralmente mantêm com maior facilidade o
foco no trabalho, agem com persistência,
dedicação e entusiasmo. E ainda usam
todas as peculiaridades femininas a seu
favor para fazerem diferença e se torna-
rem empreendedoras de sucesso.
Este é o caso de Liane Costa, que
fundou a Livraria Liceis em 1990, em
meio a uma enorme crise econômica,
por acreditar que é na crise que surgem
as oportunidades. Ela é um exemplo de
Em 1978 as mulheres ganhavam
33% menos do que os homens
Hoje essa diferença caiu para
16%
Fonte: Revista Você S/A, junho de
2009
mulher empreendedora que soube
administrar os obstáculos como de-
graus de crescimento e não desani-
mou frente às adversidades do mer-
cado. “Somos guerreiras, sabemos o
que queremos e temos credibilidade
quando o assunto é inovação, perse-
verança, esforço e fé em nosso traba-
lho”, destaca Liane.
Liane acrescenta que a livra-
ria surgiu do sonho de um negócio
próprio. “Fundei a minha empresa
no bairro São José, em Caxias do Sul,
quando todos me diziam que eu de-
veria ir para o centro da cidade. Mas
acreditei no meu potencial e comecei
o processo de descentralização do co-
mércio, justamente porque no meu
bairro não havia papelaria/livraria”.
Atuando também como diretora
do Sindilojas de Caxias do Sul há 11 anos,
Liane soma os louros da sua iniciativa.
“Fomos case de sucesso por quase dois
anos pela Univarejo/Sindilojas, selo de
qualidade bronze pelo Sindilojas jovem, e
recebi o troféu empreendedorismo femi-
nino em 2007 pelo Sebrae/Microempa.”
As mulheres lutaram por mui-
tos anos para conquistar o seu espaço
no mercado de trabalho e hoje ocupam
cargos ditos masculinos até alguns anos
atrás. Segundo o INSPER, carreiras na
engenharia, administração, economia,
advocacia e medicina foram as que mais
atraíram a força de trabalho feminina nos
últimos 30 anos, o que reflete nos melho-
res cargos ocupados por elas no topo das
organizações.
Apesar disso, de acordo com as
informações da 31ª Pesquisa Salarial e de
Benefícios realizada pela Catho Online,
homens ainda recebem salário até 70%
maior que o oferecido ao sexo oposto.
Porém, como para toda regra existem
exceções, a pesquisa investigou posições
em que a remuneração feminina é maior,
onde destacam-se as professoras com
doutorado, modelistas e gerentes de ho-
téis – mulheres com doutorado podem
ganhar 25% a mais do que homens e mo-
delistas e gerentes de hotéis, 22%.
10 Comunicando / Março 2011
Lisete: “comprometimento na condução...”
Créd
ito: J
úlio
Soa
res/
Foto
Obj
etiva
Crédito: Divulgação
No âmbito político, as mulheres
começaram a escalar degraus
de poder no mundo ocidental
ainda no século 19, em campanhas pelo
direito ao voto. De acordo com Jardim e
Moreira (2003), os primeiros movimen-
tos em prol das mulheres surgiram em
Manchester (Inglaterra), em 1865, quan-
do foi organizado o primeiro grupo de
mulheres dispostas a lutar pelo direito
do voto feminino. Direito, este, que só
foi outorgado pelo governo inglês em
1928.
O Brasil, por sua vez, passou por
um processo histórico muito específico,
com a marca da escravidão, da estrutu-
ra econômica baseada na monocultura
que se organizava em latifúndios e da
família patriarcal influenciada pelo mo-
delo português. Este podem ser alguns
No poderfatores responsáveis, de acordo com as
duas autoras, pelo forte patriarcalismo
das estruturas sociais, pelo grande pa-
ternalismo ainda hoje vigente em nosso
país, pelo imenso conservadorismo da
sociedade brasileira e pelas enormes di-
ferenças entre homens e mulheres.
As autoras ainda destacam que
as primeiras vozes femininas a desafiar
organizadamente a ordem social vigen-
te foram as sufragistas (mulheres que
reivindicam o direito de voto em as-
sembléias políticas). Na década de 1919,
Bertha Luz, criou a Liga pela Emancipa-
ção Feminina, que, em 1922, passou a se
chamar Federação Brasileira para o Pro-
gresso Feminino. O movimento promo-
veu a entrada da mulher no mercado de
trabalho, a sua participação nas escolas
superiores e a na produção intelectual;
entretanto, faltava o direito ao
voto.
Por muitos anos, a ala
feminina brasileira tinha pou-
ca participação política, pois
os principais direitos políticos,
como votar e se candidatar
eram negados a elas, já que
acreditavam que a família es-
taria para sempre ameaçada,
pois o voto afloraria a concor-
rência entre os sexos e, con-
sequentemente, provocaria a
anulação dos laços sagrados
da família. Foi em 1932, no go-
verno de Getúlio Vargas, que
as mulheres conquistaram o
direito do voto, através de,
segundo Jardim e Moreira,
uma política de influenciar
delicadamente os políticos Manuela: “temos que lutar para mudar a vida...”
Créd
ito: A
sses
sori
a de
Impr
ensa
com entrevistas, campanhas com cartas
e telegramas. Desde então, as mulheres
começaram a quebrar paradigmas e ir
contra os preconceitos machistas. Com
isso, elas vem conquistando as três es-
peras de poder: Executivo, Legislativo e
Judiciário.
Na esfera do Legislativo, Manuela
Pinto Vieira D’Ávila, a deputada federal
mais votada em 2006, se destaca pelas
conquistas no mundo feito de homens
até cerca de 70 anos atrás. Eleita vere-
adora mais jovem de Porto Alegre, Ma-
nuela afirma não ter sofrido preconceito
ao entrar na área pública por ser mulher.
“Posso dizer que senti muito mais o pre-
conceito por ser jovem do que por ser
mulher.”
Manuela afirma que ainda existe
um grande espaço a ser ocupado pelas
mulheres na política e, “por acreditar
que temos que lutar para mudar a vida
do nosso povo decidi enfrentar este pa-
radigma e conquistar o meu espaço jun-
to ao poder público”.
Ainda na política, Geni Peteffi, 64
anos, eleita por seis mandatos consecu-
tivos como vereadora de Caxias do Sul,
acredita que as mulheres podem contri-
buir muito na sociedade principalmente
por terem uma sensibilidade a mais que
os homens. “Essa sensibilidade nos tor-
na mais realistas frente aos problemas.”
Apesar desta conquista, Geni
destaca que “sempre haverão espaços
a serem desbravados e preeenchidos
por mulheres, tanto no exercício de
mandatos eletivos quanto no exercício
de atividades em órgãos públicos. Na
11Comunicando / Março 2011
Principais conquistas das mulheres na política brasileira
– Em 1932, as mulheres brasileiras conquistam o direito de participar
das eleições como eleitoras e candidatas.
– Em 1933, Carlota Pereira de Queirós tornou-se a primeira deputada
federal brasileira
– Em 1979, Euníce Michiles tornou-se a primeira senadora do Brasil.
– Entre 24 de agosto de 1982 e 15 de março de 1985, o Brasil teve a
primeira mulher ministra. Foi Esther de Figueiredo Ferraz, ocupando
a pasta da Educação e Cultura.
– Em 1988, Luiza Erundina tornou-se a primeira prefeita da cidade
de São Paulo.
– Em 1989, ocorre a primeira candidatura de uma mulher para a
presidência da República. A candidata era Maria Pio de Abreu, do
PN (Partido Nacional).
– Em 1995, Roseana Sarney tornou-se a primeira governadora
brasileira.
– Em 2000, Marta Suplicy elegeu-se prefeita da maior cidade
brasileira, São Paulo.
– Em 2006, Yeda Rossato Crusius tornou-se a primeira governadora
do Rio Grande do Sul.
– Em 2010, Dilma Rouseff é eleita a primeira presidenta do Brasil e a
11ª mulher a comandar um país da América Latina.
Fonte: www.suapesquisa.com
12 Comunicando / Março 2011
iniciativa privada a participação femi-
nina aumentou muito, porém, as mu-
lheres que nela trabalham tem apenas
as atividades equiparadas aos homens.
Quanto aos salários, não se pode dizer
o mesmo.”
Aline Martinelli, delegada de
Flores da Cunha, destaca que sentiu
preconceito por ser mulher e jovem
para o cargo que conquistou com ape-
nas 25 anos. “O cargo, num primeiro
momento dá a ideia de que se exige
força bruta, o que não é verdade, e as-
sim é tido como um cargo ocupado por
homens”, diz.
Entretanto, Aline afirma que o
preconceito é superado com o trabalho.
“No momento em que as pessoas pas-
sam a ver que você tem condições de
desempenhar a profissão eficazmente,
elas passam a te respeitar e a ver com
outros olhos. Eu acredito que existam
tarefas, atividades ou objetivos para os
quais é preciso um pendor especial, mas
tenho certeza que o cargo de delegada
de Polícia não é para quem pode, mas
para quem quer; basta amar o que se faz
e ter força de vontade.”
Aline complementa: a diferença
de trabalho entre homens e mulheres
existe, mas é apenas na força física. “No
aspecto humano, a mulher usa de mais
carinho e observa o lado social”, aponta,
como sendo a única diferença entre os
profissionais homens e mulheres.
Tania Cristina Dresch Buttinger,
juíza de Direito de Flores da Cunha, tam-
bém preferiu seguir sua vocação ao in-
vés de se importar com o preconceito da
sociedade e aconselha que as mulheres
devem continuar a lutar contra os pre-
conceitos sociais, assim como já fazem
há muitos anos.
Percebe-se que a participação
das mulheres na política tem crescido,
mas o domínio ainda é dos homens.
Uma pesquisa divulgada pela União In-
terparlamentar (IPU, sigla em inglês)
com números de toda a América Latina,
revela que a presença de mulheres na
Câmara no Brasil só é maior do que a
do Haiti, da Guatemala e da Colômbia.
Apesar de continuar atrás dos vizinhos,
o número de deputadas no Brasil cres-
ceu entre a legislatura passada e a atual,
passando de 32 para 45. Mesmo assim,
elas ocupam menos de 10% das 513 ca-
deiras da Câmara.
Muito dessa mudança no cenário
político se deve à entrada das mulheres
na representação formal a partir dos
anos 80. Entretanto, a instituição da cota
de 30% para mulheres candidatas nos
partidos não garantiu a efetiva participa-
ção feminina na vida político-partidária,
já que muitas mulheres são incluídas na
disputa apenas para figuração.
Neste cenário destacam-se tam-
bém as mulheres que ganharam espaço
na política brasileira devido às relações
de parentesco. Muitas mulheres ainda
ocupam a vida pública associadas aos
sobrenomes dos maridos e pais, como,
por exemplo, Marta Suplicy, que ficou
conhecida e conquistou seu espaço com
usando o nome do seu marido, o de-
putado e senador, Eduardo Suplicy. En-
tretanto, uma característica comum às
mulheres que entram na vida política é a
adoção de uma postura mais progressis-
ta e mais preocupada com as questões
sociais.
Elase o contraste social
A Proclamação da República passa
a ser um momento de mode-
los femininos mais reforçados.
Esse período passou a destacar intensas
transformações e mudanças nas elites
femininas que vinham se configurando
no decorrer do século 19. A imagem ide-
alizada das mulheres sofreu mudanças e
intensificações por conta da Proclama-
ção.
Após as crises políticas, as cidades
passaram por inúmeras reformas, que
significaram uma nova elaboração do es-
paço físico – o controle e a segregação
das camadas populares, na tentativa de
afastar a pobreza dos centros urbanos.
Com essa política, as mulheres tiveram
algumas particularidades.
As imagens idealizadas de mulher,
possíveis para as elites urbanas, foram
cobradas das mulheres das camadas po-
pulares, tornando-se assim, referência
para o julgamento de suas demandas e
a aplicação de punições por parte do po-
der público.
As mulheres foram, juntamen-
te com as crianças, importante mão de
obra na indústria nascente. No entanto,
as imagens idealizadas que serviam de
referência de distinção para a elite ur-
bana foram utilizadas como justificativa,
por parte dos empresários, para o pa-
gamento de baixos salários na tentativa
de exclusão das mulheres e crianças do
mercado de trabalho.
A emergência de novas elites
proporcionou a divulgação de imagens
que restringiam as mulheres aos papeis
familiares; no entanto, a divulgação de
tais imagens foi limitada, sendo os novos
modelos adotados por poucas mulheres.
Para a maioria da população feminina,
as condições econômicas não possibili-
taram a identificação das mulheres com
tais imagens. As diversidades culturais
dificultaram a igualdade de comporta-
mentos, que definiam para as mulheres
os papeis de mãe e dona de casa.
13Comunicando / Março 2011
Mas após meados do século 19,
esse cenário começou a modificar-se. As
mulheres passaram a adotar uma postu-
ra mais empreendedora frente ao mer-
cado. Mulheres com algum incentivo ou
poder aquisitivo passaram a organizar
processos e projetar outras expectativas
para as suas vidas. A partir de então, a
população feminina demonstrou uma
quebra de paradigmas frente à imagem
de mulher dona de casa e passou a enga-
jar-se ao mercado de trabalho.
O fator social torna-se, nesse
aspecto, um fator relevante na decisão
de escolha de profissões. Mulheres com
baixa escolaridade tendem a ter menos
oportunidades de empregos, optando
por funções menos empreendedoras
como recepcionistas, faxineiras, babás,
etc. Já as que possuem mais ambição e
melhor acesso à qualificação profissional
configuram para si cargos mais impor-
tantes e, até mesmo, empresas próprias,
disputando seu espaço igualitariamente
com os homens.
Créd
ito: L
ucas
Kra
uspe
nhar
“Família! Família!Papai, mamãe, titiaFamília! Família!Almoça junto todo diaNunca perde essa mania...”
(Titãs)
É fato: as famílias brasileiras estão se transforman-
do. A mudança na estrutura familiar não é um
fator que deriva apenas da percepção humana,
mas está comprovada em dados estatísticos, como os
do Relatório de Desenvolvimento Humano 2010. Em 15
anos, entre 1992 e 2007, o número de casais com filhos,
o estereótipo da família tradicional, caiu 11,2%.
Famílias
A queda deriva do aumento dos novos arranjos
familiares: casais sem filhos, mulheres solteiras, mães
com filhos, homens solteiros e pais com filhos. Porém,
o modelo de família tradicional continua presente entre
aqueles que acreditam no poder da união e de valores
que não perdem sua força, apesar de tanta transforma-
ção.
Estrutura inabalável
A COMUNICANDO
entrevistou uma
dessas mulheres,
Ana Bonotto, 61 anos, que
além de enquadrar-se no
modelo tradicional de fa-
mília, ainda luta para aju-
dar uma irmã com neces-
sidades especiais.
Isso só ocorre gra-
ças à manutenção de valo-
res que considera funda-
mentais: “A fé, o amor, o
respeito, a compreensão,
a dedicação, a cooperação
e a fidelidade mútua, são
valores que não brotam
repentinamente, devem
ser plantados pelos pais
na educação dos filhos,
para que entendam os benefícios desta
estrutura e possam perpetuar tal filo-
sofia para suas futuras famílias.”
As mudanças nos papéis e nas
relações dos indivíduos em sociedade
são estimuladas por fatores como a po-
lítica, economia, sociedade e cultura,
e podem abalar a estrutura familiar.
Graças à capacidade de ajustar-se às
novas exigências do meio, a família tem
conseguido sobreviver, a despeito das
intensas crises sociais.
Para Ana, “isto só é possível de-
vido à vivência do amor que proporcio-
na à família uma base sustentável para
suportar questionamentos e interfe-
rências das transformações sociais. A
união nesse tipo de família passa a ser
diária, como em um diálogo no almoço,
um conselho ou uma reflexão. Muitas
vezes é constatado em momentos de
dificuldade, contudo, estes momentos
são uma mera amostra de algo semea-
do com o tempo”.
Um rico exemplo de semear o
amor encontra-se no caso desta famí-
lia, que acolheu em seu lar, Ilva, a irmã
de Ana, com necessidades especiais. O
processo de trazer para casa esse fami-
liar acarretou em mudanças na rotina
da entrevistada: “O sentimento de ca-
rinho é muito grande. Muita ternura,
Família de Ana Bonotto
Foto: arquivo pessoal
amor e muita compreensão. Apresen-
tamos, sim, mudanças na rotina, sem-
pre dedicando muita atenção devido à
limitação dela. Este trabalho se torna
gratificante na medida em que senti-
mos o bem estar desta pessoa. Muito
triste seria deixá-la em mãos de tercei-
ros, ignorando que também é um ser
humano.”
Em relação a ela, diz, “percebe-
mos hoje sua retribuição espontânea
com gestos diários de muito carinho.
Sentimos que está confortável e am-
parada, e isso é muito prazeroso para
nós.”
Outro fato: entre tantas mudan-
ças, existe espaço para a manutenção
de estruturas milenares e permanência
de valores.
17Comunicando / Março 2011
Entre tantas mudanças, existe
espaço para a manutenção
de estruturas milenares e
permanência de valores.
A opção pordividir o amor
As dificuldades financeiras, a for-
mação e posição profissional,
além de questões sociais preo-
cupantes são alguns dos fatores contri-
buintes para que a maioria dos casais re-
pense a decisão de ter filhos. Por outro
lado, há os que já aceitaram o desafio,
chamado por tantos de presente: a gra-
videz.
Para Elen Onzi, mãe de um casal
de gêmeos, a maternidade sempre es-
teve em seus planos: “Sempre quis ser
mãe, por mais que isso assuste a maioria
das pessoas que olham para o mundo e
pensam ‘em que mundo vou criar meus
filhos’, ou ‘não vale a pena ter filhos num
mundo como esse’, ao contrário, sempre
pensei que seria triste passar por essa
vida e não ter ninguém , não deixar mar-
cas”, diz.
Para mostrar que a formação fa-
miliar ainda é vista como geradora de
felicidade e amor, a COMUNICANDO
conversou com dois casais que vivem
momentos de estruturação em suas vi-
das devido à “chegada da cegonha”. Elen
e Ivanor Onzi são casados há 12 anos e
há dois são pais de um casal de gêmeos.
Já André e Nádia Reis, casados há dois
anos, descobriram há pouco que estão
“grávidos”. Para ambos, o diálogo é o fa-
tor determinante para a saúde dos rela-
cionamentos e para educação dos filhos.
Ambos descrevem seus momen-
tos como únicos, mas salientam que a
cumplicidade entre o casal precisa estar
forte, pois as mudanças são muitas. An-
dré Reis declara que “enquanto pai, está
mais próximo de Nádia”, e percebe que
às vezes acabam tendo uma relação dis-
tante em virtude do dia a dia, ou esque-
cendo-se “de mostrar para a pessoa que
18 Comunicando / Março 2011
Família de Elen e Ivanor Onzi
Crédito: Arquivo pessoal
19Comunicando / Março 2011
está ao nosso lado o quanto ela é impor-
tante”. Para eles, a gravidez tem ajudado
na aproximação do casal.
Neste sentido, segundo Caroline
Machado Denardi, psicóloga com expe-
riência em atendimentos familiares, essa
aproximação é comum, pois “durante a
gravidez os casais de hoje tendem a se
fechar para a criação desse ninho, para
receber o bebê”. Ela complementa di-
zendo que também acabam se aproxi-
mando de casais que tenham filhos ou
que também estejam “grávidos” para
trocar experiências.
É comum, quando se fala em gra-
videz, evidenciar a figura materna, visto
que é nela que o processo se desenvolve
com mais profundidade. É na mãe que
as mudanças acontecem de forma mais
evidente desde a gestação até após o
nascimento, quando é dela que o recém-
nascido mais precisa. Porém, a figura do
pai também sofre mudanças durante
este processo e ele precisa estar atento
para dar apoio para sua companheira.
Segundo Ivanor Onzi, esposo de
Elen e pai dos gêmeos, a gestação é um
momento de grande intimidade da mãe
com seu filho, pois é dentro dela que ele
está se desenvolvendo. “Evidentemente,
o homem acaba se sentindo um pouco
afastado fisicamente, mas não espiritual
e emocionalmente.” André tem um pen-
samento parecido: “Na verdade, é como
um amigo me falou, a gente sabe
que vai ser pai, porque acaba se
criando todo um contexto, rou-
pinhas, presentes, as pessoas
pedindo sobre a gravidez, mas
nada fisiológico acontece na vida
do homem, e acredito que a ‘fi-
cha caia’, quando a criança nas-
ce, o que deve ser bem diferente
para a mulher, pois tem toda a
mudança do corpo, enfim, quem
está com o bebê é ela.”
Com olhar psicológico, Caroline
esclarece que se os pais não se sentirem
incluídos nesse projeto podem apresen-
tar atitudes de negação, de rejeição,
voltar-se para o trabalho e ficar longe
de casa, o que é muito negativo, princi-
palmente após o nascimento do bebê,
quando a mãe começa a se dar conta da
importância do pai na criação do filho.
Dessa forma, salienta-se a importância
do casal estar unido e preparado para,
juntos, fazerem da gravidez um momen-
to de alegria e cumplicidade.
No aspecto social, sabe-se que os
relacionamentos e suas estruturas estão
sofrendo mudanças ao longo das últimas
décadas. Hoje, a estrutura familiar com
pai, mãe e filhos não é mais a única e ou-
tras vem surgindo, como por exemplo,
casais separados, mães solteiras, casais
homossexuais. Para a psicóloga Caro-
line, toda formação familiar que possa
vir a acontecer, é válida se existe amor,
respeito ao indivíduo, aprendizado de
valores sociais, ou seja, ser pautada pela
qualidade das relações. Existem mães
solteiras, pais divorciados e famílias re-
construídas que conseguem criar esse
ambiente de uma forma muito tranquila.
E o futuro de todas as estruturas fami-
liares é conviverem entre si, aceitarem e
aprenderem com as diferenças.
Elen Onzi complementa este
pensamento com sua opinião sobre os
principais fatores que devem pautar
um estrutura familiar. Para ela, “é pre-
ciso ter condições emocionais, financei-
ras e físicas: emocionais, pois o espaço,
o carinho, o tempo que era só para os
dois, agora tem que ser divididos com a
chegada dos filhos; financeiros pois os
gastos da família são bem maiores, você
tem que pensar em roupas que só duram
três meses, pois eles estão sempre cres-
cendo, tem vacinas, remédios, fraldas,
escolinha e até um espaço maior para
morar; físicos, pois hoje os casais devido
ao estilo de vida, estão tendo os filhos
mais tarde, isso quer dizer entre 30 e 40
anos, e para acompanhar o crescimento
é preciso ter pique.”
O assunto gravidez sempre foi
cercado de muitos cuidados, e
por vezes, até de preconceito,
como no caso de adolescentes e mães
solteiras. O depoimento de uma profis-
sional da área da Psicologia, que contri-
bui com sua percepção sobre as modifi-
cações emocionais pelas quais a jovem
mãe passa e, também, a declaração de
uma mãe, que aos 15 anos de idade en-
gravidou, além de dados estatísticos
para mapear a realidade atual, servirão
para entender um pouco melhor a situ-
ação.
Priscila Fernanda Damasceno, 28
anos, assistente operacional em uma
empresa de transporte, que engravi-
dou, aos 15 anos, de Mariana Damasceno
Gaik, hoje com 13 anos.
COMUNICANDO – Com quantos anos
você engravidou? Como encarou a notí-
cia? Sentiu medo, vergonha, arrependi-
mento, alegria?
Priscila Fernanda Damasceno – Tinha
15 anos quando engravidei. É difícil de-
finir o que senti, pois nesta fase já exis-
te um conflito de sentimentos, imagina
nesta situação. Estava em um turbilhão,
com mil perguntas e muitas dúvidas.
Não sabia como e nem por onde come-
çar a me organizar frente à mudança
gigantesca que seria a vinda de uma
criança na minha adolescência. Eu era
imatura demais para entender a gravi-
dade daquela situação. Sentia tudo ao
mesmo tempo: alegria, decepção comi-
go mesma, ansiedade e, às vezes vergo-
nha, mas também sentia muito carinho
durante a gestação, que aos poucos,
passou a ser desejada.
COMUNICANDO – Como seus familiares
reagiram ao saberem da sua gravidez?
Você recebeu apoio?
Priscila – Como sempre a mãe sabe de
tudo, então, antes mesmo de eu contar
ela já sabia. Recebi o apoio dela sim, po-
rém sempre percebi um sutil ar de de-
cepção. Com certeza ela tinha em sua
mente uma projeção e expectativas que
todas as mães têm em relação aos seus
filhos. Afinal, não é o que uma mãe dese-
ja para uma filha aos 15 anos. Mas sem-
pre esteve ao meu lado.
COMUNICANDO – E seu namorado, na
época. Qual foi a reação dele?
Priscila: O pai da Mariana ficou muito
feliz e saiu contando para todas as pes-
soas que ele via pela rua que iria ser pai,
e eu fiquei furiosa por isso. Ele estava
completamente embasbacado, não tinha
muita noção do que viria pela frente e,
óbvio, que a maior responsabilidade por
um filho sempre é da mãe. E foi exata-
mente o que aconteceu: fui totalmente
responsável pela Mariana, com algum
apoio dele.
COMUNICANDO – Por ter engravidado
tão cedo, você percebeu ser vítima de
preconceito? Se sim, como isso aconte-
cia?
Priscila – Algumas vezes senti sim, as
pessoas “olham de canto” e, principal-
mente, julgam muito. Ouvia fofocas e até
expressões tipo “como isso foi aconte-
cer?”. Tive problema com uma enfermei-
ra no hospital quando fui fazer o parto.
Eu disse que estava com muita dor, e ela
foi bem irônica, disse que “se tivesse fi-
cado brincando de bonecas nada disso
teria acontecido. Quem mandou correr
atrás de namorado”. Ouvi também mui-
tos comentários indiretos dos professo-
res. Mas sempre tentei levar numa boa.
Afinal quem teria que cuidar e amar seria
eu, e não importava o que os outros dis-
sessem. Gostaria que estas pessoas co-
nhecessem a Mariana.
20
Comunicando / Março 2011
A quantidade de partos entre
adolescentes de 10 a 19 anos
caiu 22,4% de 2005 a 2009.
Na primeira metade da década
passada, a redução foi de
15,6%. Em 2009 ocorreu a
maior queda: foram realizados
444.056 partos em todo o País
(8,9% a menos que em 2008).
Da gravidez à fase adulta
Priscila e Mariana
Fotos: arquivo pessoal
21Comunicando / Março 2011
COMUNICANDO – Como você se sentiu
no decorrer da gravidez? Quais os senti-
mentos nutridos durante esse período?
Priscila: A cada dia de espera o senti-
mento de amor e carinho ia aumentan-
do. Não tem como explicar, você sim-
plesmente deseja. A imaturidade que
tinha no início foi dando espaço ao de-
sejo de ser responsável por uma criança.
A adolescente de 15 anos começa a fazer
planos para a chegada e o crescimento
saudável da criança, e as coisas come-
çam a se acalmar. Curtir as sensações da
gravidez, mesmo que não planejada, foi
muito tranquilo.
COMUNICANDO – Quando sua filha
nasceu, o que sentiu? Fale um pouco de
como a vinda dela modificou a sua vida.
Priscila – Acredito que a primeira sen-
sação é um orgulho e um amor muito
grande. Vontade de cuidar, de prote-
ger, é algo difícil de rotular. Abri mão
de algumas coisas, mas também ganhei
momentos maravilhosos. Você sempre
pensa antes no seu filho, e acaba fican-
do em segundo plano. Todos os planos
e objetivos tem como foco o bem-estar
do filho, que passa a ser prioridade em
tudo. É uma mudança significativa para
uma adolescente que não planejou a
gravidez, e, claro, alguns sonhos ficam
de lado, para mais tarde.
COMUNICANDO – Que momentos você
destacaria da convivência com sua filha?
Como é o seu relacionamento com ela?
Priscila – Sempre fui muito presente e
responsável com minha filha. Trabalha-
va e estudava. Faço isso até hoje, mas
sempre tive o tempo para cuidar e dar
muito carinho a ela. E assim é nossa re-
lação, de carinho. Sinto que ela confia e
tem um grande respeito por mim. Digo
com muito orgulho que a conquistei sem
uma única palmada. Ela é muito tranqui-
la e somos muito amigas, dividimos mui-
tos assuntos e, por eu permitir que ela
se expresse, falamos muito sobre o que
aconteceu comigo na adolescência e de
tudo que aprendi.
COMUNICANDO – Ser mãe adolescente
foi complicado? E hoje, quais os valores
Com relação aos aspectos psico-
lógicos, é na fase da adolescência que
ocorrem grandes transformações físicas
e emocionais. E quando uma gravidez
indesejada figura nesse cenário, esses
fatores tendem a se complicar, princi-
palmente para a menina. Para entender
melhor o momenot, foi entrevista a psi-
cóloga Caroline Machado Denardi, que
presta assistência em casos de gravidez
na adolescência.
COMUNICANDO – Quais são as princi-
pais mudanças psicológicas para a mãe
adolescente?
Caroline Machado Denardi – Apesar de
ser mãe, ela é ainda uma adolescente, e
que você destacaria que a experiência de
ser mãe lhe trouxe?
Priscila – Dizer que foi fácil seria mentira,
foi complicado, sem estrutura, mas ama-
dureci e aprendi muito. Hoje tenho a cer-
teza de que é um sentimento de realização
e plenitude. São coisas únicas. Penso que
quando uma mulher é mãe, verdadeira-
mente mãe, jamais será egoísta, pois deixa
de pensar em si mesma. Ainda hoje, choro
na homenagem ao Dia das Mães (risos).
algumas coisas não mudam: continua ten-
do necessidades, pensamentos e compor-
tamentos limitados pela idade, mas passa
a ser cobrada pelas situações, a ter atitu-
des de maturidade e responsabilidade.
COMUNICANDO – Com essa dualida-
de de sentimentos, a mãe adolescente
pode acabar rejeitando o bebê? Esse ín-
dice é muito alto?
Caroline – Quando as adolescentes co-
meçam a se dar conta do trabalho que
um bebê dá, e que ainda terão que con-
ciliar os estudos ou procurar emprego,
e ainda desejam manter atividades so-
ciais, costumam aparecer sentimentos
de arrependimento e/ou ambivalentes.
Podem, sim, existir algumas atitudes que
são interpretadas como momentos de
rejeição à criança, mas não é a regra.
COMUNICANDO – Quais as reações
mais frequentes das famílias da adoles-
cente ao saber da gravidez?
Caroline – Em um primeiro momento, a
família entra em choque com a notícia
e a maioria dos familiares refere como
sendo frustrante ver a adolescente mu-
dando seus planos de vida para ter um
filho precocemente e, muitas vezes, sem
o auxílio do pai do bebê. Há ainda o ar-
rependimento por não tê-la orientado
melhor para a vivência da sexualidade,
então alguns deles se culpam pela situa-
ção. Após esse período inicial de choque,
a família começa a digerir a nova condi-
ção e se conforma e, em muitos casos,
encontramos famílias que referem que a
vida melhorou com a chegada do bebê,
que não raro se torna “a alegria da casa”.
A psicologia explica
A dúvida entre alcançar estabili-
dade profissional ou ter um fi-
lho mais cedo ainda mexe com
as mulheres. Antigamente, não passava
pela cabeça dos recém-casados adiar
a ideia de serem pais. Porém, essa tra-
dição social foi se perdendo devido à
conquista, cada vez maior, da presença
feminina no mercado de trabalho. Hoje,
é comum encontrar mulheres que adiam
este desejo a fim de priorizar sua carreira
profissional, a estabilidade financeira e a
emocional.
Recentemente, uma pesquisa
realizada pela Faculdade de Medicina
da Universidade de Harvard, nos Esta-
dos Unidos, descobriu que até o início
da década de 80 apenas 20% das mu-
lheres daquele país tinham filhos entre
30 e 40 anos. Na década de 90 e na
atual, o número pulou para 40%. Com
base na pesquisa acredita-se que, no
Brasil, o quadro seja parecido.
A psicóloga Caroline Machado
Denardi explica os fatores que levam
a esta decisão. “Esse é um fenômeno
fruto das diversas modificações histó-
ricas da condição da mulher desde a
invenção da pílula anticoncepcional.”
Além disso, diz, “atualmente as mu-
lheres representam papel importante
na renda familiar, querem e precisam
trabalhar e investir nas suas carreiras
profissionais”.
Segundo a psicóloga, “as mulhe-
res hoje planejam mais a chegada de um
filho, calculam os gastos e pensam sobre
o tempo que conseguirão ficar com os
recém-nascidos e o que farão com eles
quando tiverem que voltar ao trabalho”.
Na verdade, prossegue, “não só as mu-
lheres, mas os casais, hoje, querem estar
mais preparados e estabilizados para ter
um filho, o que não é um adiamento pura
e simplesmente, mas, sim, um maior pla-
nejamento familiar.”
A revisora de anais e Diretora Legis-
lativa da Câmara de Vereadores de Caxias
do Sul, Eliana Gianni Tedesco, 45 anos, mãe
de Rafaela, sete, conta como foi a experiên-
cia de ter dado a luz sua filha aos 38 anos.
22
Comunicando / Março 2011
G ravidez namaturidade
Eliana e RafaelaCréd
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23Comunicando / Março 2011
COMUNICANDO – Por
que postergou a deci-
são de ser mãe após os
30 anos?
Eliana Gianni Tedesco
– Para mim e para mui-
tas outras mulheres
de minha geração, os
avanços da Medicina
significaram a possibilidade de priorizar,
antes dos 30 anos, a formação profissio-
nal, a carreira e a estabilidade financeira.
COMUNICANDO – Como você encarou a
notícia? Sentiu medo de enfrentar pro-
blemas de saúde, teve momentos de ar-
rependimento e/ou ansiedade?
Eliana – Foi um momento mega, super,
hiper... não há superlativos que possam
descrever este momento, incomparável
a qualquer outra maravilhosa notícia
que eu já tivesse recebido antes. Diante
disso, nem mesmo o rigoroso acompa-
nhamento anunciado pelo médico para
os três primeiros meses de gravidez foi
capaz de provocar temor
ou ansiedade.
COMUNICANDO – Como
foi a reação de seu esposo?
Eliana – Eu nunca havia pre-
senciado tantas lágrimas
diante de uma conquista.
COMUNICANDO – Como
seus familiares reagiram ao
saber da gravidez?
Eliana – A forma como re-
ceberam a tão aguardada
notícia intensificou a emo-
ção; aos meus pais envia-
mos uma cesta gigante de
flores, acompanhada de
um cartão felicitando os
futuros nono e nona; e os familiares de
meu marido receberam a notícia em cli-
ma de festa durante o aniversário de 15
anos de nossa afilhada.
COMUNICANDO – O que aconteceu
após o nascimento de sua filha? O que
sentiu? O que modificou em sua vida?
Eliana – O nascimento da Rafa inaugurou
um novo universo para mim. Foi uma ex-
periência emocional única, acompanha-
da de mudanças significativas, como a
necessidade de adaptação das rotinas de
trabalho e das rotinas domésticas ante-
riores e, é claro, uma dose extra de ener-
gia para as quase quatro décadas que
separam mãe e filha.
COMUNICANDO – Quais momentos de
convivência com sua filha você destaca-
ria? Como é o relacionamento entre vo-
cês?
Eliana – Devido às minhas intensas ativi-
dades profissionais, os nossos períodos de
convivência não são prolongados, mas se
revestem de muita qualidade: brincadeiras
no banho, preparação de lanchinhos jun-
tas; coreografias de dança e pecinhas de
teatro apresentadas para o papai à noite;
leitura acompanhada de boas risadas; se-
gredinhos na hora de dormir; jogo de tênis
em família nos finais de semana; seção ci-
neminha e pipoca em casa; preparativos
para receber todos os familiares em casa
no almoço de domingo, etc.
COMUNICANDO – Para
você, qual é o significa-
do de ser mãe?
Eliana – Está sendo
uma maravilhosa lição
de vida, um exercício
constante de respon-
sabilidade, troca, tole-
rância, espiritualidade. Enfim, a materni-
dade me tornou um ser humano melhor
e mais realizado.
“O nascimento da Rafa inaugurou um novo universo
para mim. Foi uma experiência emocional única,
acompanhada de mudanças significativas,
como a necessidade de adaptação das rotinas
de trabalho e das rotinas domésticas anteriores.”
Cada vez mais casais optam não
ter filhos. Esse é um retrato das
famílias brasileiras. Segundo os
dados divulgados pelo IBGE, mais de dois
milhões de casais do País não têm filhos,
embora homem e mulher trabalhem e te-
nham condições de sustentar uma crian-
ça, segundo a Síntese de Indicadores So-
ciais (SIS), que aponta que entre 1998 e
2008, esse tipo de combinação aumentou
de 3,2% para 5,3% dos quase 40 milhões
de casais nacionais.
A COMUNICANDO foi a campo sa-
ber se é uma tendência existir casais que
preferem não ter filhos. Segundo a psi-
cóloga Caroline Machado Denardi, “hoje
existe mais liberdade para que as pessoas
decidam o rumo que suas vidas vão ter. A
máxima de que devemos crescer, casar e
se reproduzir não é mais a única opção.
Existem pessoas que realmente enten-
dem que, em suas vidas, não há espaço
para incluir esse papel, de pai ou mãe”,
explica. Além disso, ela considera “muito
positivo que cada casal ou mesmo cada
pessoa tenha consciência do que real-
mente quer, porque ter filhos implica em
uma responsabilidade diante de um indi-
víduo que, por muito tempo, dependerá
única e exclusivamente desses pais.”
Além disso, diz Caroline, “não se
pode esquecer que criar uma pessoa tem
uma implicação social, porque quem nos-
sos filhos vão se tornar irá refletir na so-
ciedade. Então, se o casal sente que não
deve ter filhos, não pode se sentir impeli-
do por uma demanda externa”.
Gloria Jam Lunardi, 53 anos, tem o
perfil desse tipo de casal. “Optamos por
não ter filhos porque é uma responsabi-
lidade enorme. Acho que quanto maior a
consciência desta responsabilidade, me-
nor é o desejo de gerar uma criança. Este
grau de consciência faz com que se reflita
muito sobre a questão, e, quanto mais se
pensa nas mudanças, menos forte fica o
desejo.”
Segundo Glória, “mudaria muito o
estilo de vida, pois tudo passa a ser em
função da criança, e não estávamos dis-
postos a assumir esta mudança. Ter filhos,
como bem já diz a pergunta, tem que ser
uma opção e não uma obrigação. O dese-
jo de ter filhos tem de ser mais forte que
a razão, senão não rola. No nosso caso, a
questão racional falou mais alto”. Ela co-
menta que já sentiu vontade de ser mãe,
porém, eram só momentos, que não bas-
taram para se firmarem como desejo.
24
Comunicando / Março 2011
Crédito: Gett
y Images
Felicidade a dois
25Comunicando / Março 2011
Tecnologia que completa
Para muitas mulheres, o sonho de
ser mãe pode não se concretizar
de forma natural e por isso, cada
vez mais a ciência busca inovações para o
tratamento da infertilidade humana.
Graças a isso, homens e mulheres
que buscam o tratamento para a inferti-
lidade podem optar por diversos méto-
dos de fertilização artificial. O professor
Dr. Fábio Firmbach Pasqualotto, diretor
do Centro de Reprodução Humana (Con-
ception), relata que as pessoas que ge-
ralmente procuram esses tratamentos
são casais que há algum tempo estão
tentando engravidar. “São casais muitas
vezes cansados de tanto tentar e veem os
meses passar sem obtenção do sucesso
do sonho de serem pais”, diz Pasqualotto.
São diversos os métodos utili-
zados. Segundo ele, depende muito do
problema e da ansiedade do casal: “Os
tratamentos variam desde medicamen-
tos para aumentar a qualidade dos es-
permatozóides ou aumentar o número e
qualidade dos óvulos, até a inseminação
intra-uterina e a fertilização in vitro com
manipulação de gametas.”
Pasqualotto destaca, ainda, que
existem condições biológicas que favore-
cem a realização desses métodos; “Sabe-
se que as chances diminuem 20% quan-
do a parceira completa 35 anos de idade.
O ideal de qualquer tratamento para con-
seguir engravidar é antes dos 35 anos de
idade.” Entre as causas da infertilidade
humana estão, para as mulheres: distúr-
bios da ovulação, ovários policísticos (dis-
túrbio que interfere no processo normal
de ovulação), endometriose (quando o
tecido que reveste a cavidade uterina,
implanta-se fora do útero), causas hor-
monais, infecção causando obstrução nas
trompas uterinas, entre outras. Já para as
causas masculinas estão a varicocele (di-
latação anormal das veias testiculares),
vasectomia, infecção, genética, ausência
de espermatozóide no sêmen, etc.
Além disso, o médico alerta que
evitar o uso de álcool, cigarro, obesidade
e fazer sexo seguro (proteção com pre-
servativo), evitando infecção e obstrução
das trompas uterinas, são cuidados es-
senciais para prevenir a infertilidade.
Créd
ito: G
etty
Imag
es
Pasqualotto: tratamentos variam
Credito: Arquivo pessoal
Para muitos, a adoção é um ato de
amor. Ter um lar, educação, saú-
de e uma vida com estruturas bá-
sicas sólidas é o sonho de muitas crianças
e adolescentes que hoje estão em abri-
gos aguardando por esta oportunidade.
Para o jurista Luiz Carlos de Bar-
ros Figueirêdo, autor do livro Adoção
para homossexuais (2001), adotar é “a
inclusão em uma nova família, de forma
definitiva e com aquisição de vínculo ju-
rídico próprio de filiação de uma criança/
adolescente cujos pais morreram, aderi-
ram expressamente ao pedido, são des-
conhecidos ou mesmo não podem ou não
querem assumir suas funções parentais,
motivando que a autoridade judiciária em
processo regular lhes tenha decretado a
perda do pátrio poder.”
A adoção é prática antiga na so-
ciedade brasileira, mesmo antes de ser
regrada pela Justiça. Conforme as pes-
quisadoras Márcia Regina Porto Ferreira
e Sônia Regina Carvalho, autoras da obra
primeiro Guia de adoção de crianças e
adolescentes do Brasil (2000), uma for-
ma tradicional de adoção é o chamado
“filho de criação”, tradição trazida pelos
primeiros colonizadores. É uma herança
de família patriarcal, cuja influência ultra-
passava os laços sanguíneos, alcançando
agregados (leia-se empregados) e seus
dependentes. Esta forma de estrutura
familiar garantia que crianças órfãs ou
abandonadas sempre tivessem onde ficar,
embora, na maioria das vezes, em posição
inferior aos filhos legítimos.
Já com o Estatuto de Adoção, de
1957, eliminou-se a determinação de que
somente casais sem filhos e com mais de
cinco anos de casamento podiam adotar.
Com estas novas diretrizes, criou-se a fi-
gura da legitimação adotiva, pela qual fi-
lhos biológicos e adotivos eram equipara-
dos em matéria de herança. Essas e outras
alterações foram depois complementadas
pelo Código de Menores, de 1979, que
estabeleceu o conceito de adoção plena
em substituição à legitimação adotiva. En-
tretanto, a grande mudança ocorreu em
1990, com a vinda do Estatuto da Criança
e do Adolescente (ECA), que estabeleceu
o fim das diferenças entre filhos adotivos
e biológicos, além de definir claramente
que a adoção deve priorizar as reais ne-
cessidades, interesses e direitos da crian-
ça e do adolescente.
E qual o perfil preferido das crian-
ças de quem pretende adotar? Segundo
pesquisa do jornal Pioneiro, publicada em
agosto/2010, a preferência por crianças
brancas com até dois anos de idade perde
espaço para outra descrição, pelo menos
no estado do Rio Grande do Sul. O nú-
mero de meninos e meninas negras que
encontraram um lar aumentou quase um
terço nos últimos cinco anos, crescimento
também visto no contingente de crianças
de três anos ou mais.
Registros do Juizado da Infância
e da Juventude revelam que nos últimos
cinco anos, das 627 crianças com infor-
mação disponível sobre faixa etária que
foram adotadas, 52% tinham mais de dois
anos. Já em 2009, com base em informa-
ções de 739 crianças, essa proporção su-
biu para 64% – um crescimento de 23%.
Com relação à cor da pele, outras
mudanças podem ser observadas: em
2004, das 304 adoções registradas com
informações sobre etnia, 16,1% envolviam
crianças negras ou morenas. Esse índice
alcançou a marca de 20,6% no ano de
2009, das 354 adoções efetivadas nesse
período: uma diferença de 27,9%.
Na mesma reportagem, o juiz da
2ª Vara da Infância e da Juventude de
Porto Alegre, José Antônio Daltoé Cezar,
enfatiza que estes números revelam uma
maior conscientização da sociedade com
relação à adoção, um amadurecimento
natural.
Já no que diz respeito ao fator
psicológico, COMUNICANDO foi buscar
orientação junto à profissional da área
Caroline Machado Denardi.
26
Comunicando / Março 2011
O amor comoalternativa:
a adoção
“A inclusão em uma nova
família, de forma definitiva
e com aquisição de vínculo
jurídico próprio de filiação
de uma criança/adolescente
cujos pais morreram, aderiram
expressamente ao pedido,
são desconhecidos ou mesmo
não podem ou não querem
assumir suas funções parentais,
motivando que a autoridade
judiciária em processo regular
lhes tenha decretado a perda do
pátrio poder.”
27Comunicando / Março 2011
Imagem
: Gett
y Images
COMUNICANDO – Quais são os fatores
psicológicos que levam uma pessoa ou
uma família a adotar?
Caroline Machado Denardi – A adoção
torna possível a vivência dos cuidados
maternos para os casais que não con-
seguem ter filhos. Apesar de não haver
uma gravidez, e isso ser frustrante para
a mulher, a adoção acaba possibilitan-
do vivências de maternidade e suprindo
essa vontade. Alguns casais compreen-
dem a adoção como outro jeito de ges-
tar uma criança, e o período de trâmites
se assemelha com uma gravidez, onde o
casal passa pelo processo de preparação
para a chegada de seu filho. Dizem que
foi gerado no coração.
COMUNICANDO – Como é o recebimen-
to da criança adotada na família (avós,
tios primos, etc.)?
Caroline – Isso também vai depender
de como eles encaram a adoção em si.
Já ouvi discursos que deixavam claro a
diferença entre os membros da família.
Aqueles que crescem convivendo com
primos ou parentes que são adotivos
tendem a diferenciar menos, encaram
esse processo com mais naturalidade.
Para ilustrar esse novo compor-
tamento, temos o exemplo de Lisiara
Vargas da Rosa, 26 anos, profissional
de Relações Públicas que, desde a ado-
lescência trabalhou como voluntária em
diversas obras assistenciais, deparando-
se com a realidade de crianças abando-
nadas, mal-tratadas e exploradas pelos
pais, o que despertou nela o desejo de
adotar.
COMUNICANDO – O que levou você a
pensar em adotar uma criança?
Lisiara Vargas da Rosa – Sempre tive
uma família bem estruturada, com pai,
mãe e irmãs, os quais me repassaram
princípios morais, enfatizando a respon-
sabilidade pelos meus atos. Meus pais
sempre foram de ajudar as pessoas, al-
gumas vezes acolhemos em nossa casa
pessoas que ficaram desabrigadas, in-
cluindo-as em nossa rotina. Tenho uma
irmã de criação e desde minha adoles-
cência, sempre me envolvi em projetos
sociais, nos quais trabalhei com crianças
e suas famílias. Presenciei diversas situa-
ções: maus-tratos, abandono e explora-
ção infantil.
COMUNICANDO – Qual o perfil de
criança que pretende adotar? Por que
decidiu adotar uma criança dessa faixa
etária?
Lisiara – Pretendo adotar dois irmãos
com faixa etária entre dois e cinco anos,
de cor indiferente e de sexo feminino
(preferencialmente). É esta a descrição
que consta nos autos do processo de
adoção. Depois de algum tempo pegan-
do crianças de diferentes faixas etárias e
sexo para passarem comigo o final de se-
mana, da Instituição Casa Sol Nascente,
me identifiquei mais com crianças desta
idade, pois sabem falar o que querem,
sentem e contam o que aconteceu, além
de ser a idade que estão construindo
sua personalidade. Durante a pesquisa,
vocês verão que crianças com mais ida-
28
Comunicando / Março 2011
Lisiara Vargas da Rosa
Foto: arquivo pessoal
de geralmente não são adotadas, as pes
soas preferem adotar recém nascidos o
que acaba provocando sua permanên-
cia por mais tempo nos abrigos, além de
fazer com que desenvolvam um duplo
sentimento de rejeição: o de terem sido
abandonadas e de serem muito velhas.
COMUNICANDO – Você se sente prepa-
rada para as mudanças que a chegada
de uma criança causará na sua vida?
Lisiara: Hoje, devido a um incidente fa-
miliar, razão pela qual me vi obrigada a
cuidar de minhas sobrinhas, conviver dia-
riamente com elas, criar uma rotina, dar
banho, comida, trocar roupa, fralda, le-
vantar de madrugada para fazer mama-
deira, enfim, rotinas de uma mãe, sim,
me considero parcialmente preparada.
Falo parcialmente, pois mesmo
as mães biológicas nunca estão 100%
preparadas. Nós, mulheres, nunca que-
remos errar como mães; eu, particular-
mente, idealizei todo um futuro para
meus filhos, desde como conseguir uma
vaga no colégio até o valor de uma fa-
culdade. Aproveitei muito minha adoles-
cência e também minha época de facul-
dade para, nos primeiros anos de mãe,
poder me dedicar a esta função. Sei que
estou vivendo a oportunidade de uma
experiência pré-adoção, isso está facili-
tando muito as coisas para mim e estou
vendo e repensando alguns pontos, pois
nem tudo que imaginei daria certo no
dia a dia.
COMUNICANDO – Você já iniciou o pro-
cesso de adoção? Se sim, conte um pou-
co de como está sendo esta experiência?
Lisiara: Tenho uma amiga advogada que
me ajudou muito, pois há um tempo
atrás não existiam muitos materiais de
esclarecimento para quem quisesse en-
trar com o processo de adoção. Nosso
primeiro passo foi procurar a Vara da In-
fância e da Juventude de Caxias do Sul,
no 6º andar do Fórum e realizar o cadas-
tro de adoção, especificando todos os
dados da criança, se quer mais de uma
criança, a cor, idade, etc.
Depois, passei por várias entre-
vistas, para ver se estava apta ou não ao
processo. Eles solicitaram várias coisas
até traçarem o meu perfil social; nesta
etapa eles me questionaram o porquê
de adotar, se estava pronta para ser mãe
solteira, como eu trabalharia no futuro
a adoção com o sexo oposto, dentre ou-
tras coisas. Então, eles pedem novamen-
te quais devem ser as características da
criança e abrem o processo.
COMUNICANDO – O que sua família
pensa a respeito da sua decisão?
Lisiara: A primeira coisa que fiz foi mar-
car com meus pais e irmãs uma reunião
familiar. Expliquei minha vontade e ouvi
os prós e contras de cada um, argumen-
tando sempre que possível, mas não foi
tudo um mar de rosas. Meu pai, no pri-
meiro momento, não aceitou muito bem
a ideia, pois eu estava estudando e se
fosse mãe sem acabar a faculdade, não
conseguiria mais concluir meus estudos.
Então, conversamos muito mesmo até
ele entender que a adoção é um proces-
so longo.
COMUNICANDO – Para você, qual o sig-
nificado do ato de adotar?
Lisiara: Para mim, o ato de adotar vai
muito além de qualquer definição. É ma-
terializar um vínculo amoroso com outra
pessoa, imaginando estar ajudando-a e
perceber que, na verdade, quem está
sendo ajudada sou eu, pois fui escolhida
e terei a oportunidade de ensinar, para
esta criança, o real significado da palavra
confiança.
COMUNICANDO – Concluído o proces-
so de adoção, você será considerada
mãe. O que isso significa para você?
Lisiara: Ser mãe para mim significa amar
incondicionalmente, defender muito,
dar muito amor, beijos, abraços, con-
versar, ser considerada a melhor amiga
do meu filho. Nunca pré-julgar ou con-
denar, sempre conversar e argumentar.
Dar todas as oportunidades a ele/ela de
ser uma pessoa “do bem” .
Ensinar que a única coisa que
nunca vão poder lhe tirar é o estudo, e
que este abrirá as portas do futuro, das
conquistas e realizações. Mostrar que
temos sempre que ir além dos outros,
se quisermos alcançar um objetivo.
Que amigos verdadeiros são
poucos, mas essenciais. Ensinar que
temos de defender nossos ideais, divi-
dir com os menos favorecidos, ajudar
quem precisa, pois isso não tira peda-
ço. Mostrar que, apesar da descons-
trução de valores dos jovens de hoje, o
mundo pode ser melhor se cada um fi-
zer sua parte, e que sempre, e em todos
os momentos da vida, ele deve olhar
para o céu e agradecer a Deus pela vida
e pela oportunidade que teve de viver
uma realidade diferente das milhares
de outras crianças que continuam nos
abrigos.
29Comunicando / Março 2011
Amor incondicional
A COMUNICANDO também foi em
busca da história de uma família
que já passou pela experiência
da adoção. Justina Onzi, mãe da Maria*
e Joana*, conta como gratificante e emo-
cionante esse passo em sua vida.
COMUNICANDO – Como surgiu a idéia de
adotar? Quando perceberam que estavam
preparados para adotar uma criança?
Justina Onzi – Não nos preparamos para
a adoção. A primeira filha nos foi apre-
sentada quando veio fazer um passeio
na cidade, e, naquela ocasião, estava sob
Termo de Guarda Provisório, aguardando
adoção. Foi um amor recíproco que nos
fez tomar a decisão. Nosso sentimento foi
de que estávamos recebendo uma bên-
ção de alguém que
não conhecíamos.
Com o passar do
tempo sentimos,
também, que elas
vieram para nos
ensinar a vivenciar
experiências que
nos tornou pessoas
ainda melhores: do
amor incondicional
que une pais e filhos,
privilégio que temos
ao nos colocar como
aprendizes da vida.
COMUNICANDO – Como foi o processo
de adoção? E o período que ficaram es-
perando?
Justina: Foi rápido e, nesse período, senti-
mos que nossa filha já tinha nascido den-
tro de nós há muito tempo, mais tempo
ainda que sua idade cronológica. Que
havia se instalado nas nossas vidas como
uma gestação-relâmpago e já havia cres-
cido um bocado. Nunca sentimos insegu-
rança. Estávamos felizes.
COMUNICANDO – O que sentiu ao ado-
tar a primeira criança? Fale sobre como a
vinda dela modificou sua vida.
Justina – Modificou profundamente.
Atingiu o mérito, o significado que a vida
tem para mim. Antes disso eu experimen-
tara apenas uma parte do que a vida nos
oferece e nos exige. As minhas filhas me
trouxeram o que a vida tem de melhor
para oferecer. Com elas, aprendi a ser
uma pessoa melhor. Me elevaram a outro
patamar da vida.
COMUNICANDO – Como surgiu a ideia
de adotar uma segunda criança?
Justina – Sentimos que seria ainda me-
lhor se tivéssemos mais uma filha. Além
disso, nossa primeira filha também pedia
outra mana. Não tínhamos decidido em
que tempo faríamos isso, quando o Fó-
rum nos comunicou que, se quiséssemos,
tinha chegado novamente a nossa vez na
lista de adoção, e que havia uma criança
aguardando para ser adotada. De ime-
diato, tomamos todas as providências e,
em poucas horas, já fazia parte de nossa
família.
COMUNICANDO – Como é a relação en-
tre as meninas e vocês?
Justina – Normal, como observamos em
outras famílias. Amamos nossas filhas e
elas nos retribuem esse amor, cada uma
de seu modo. Trabalhamos arduamente
para oferecer a elas asas, raízes, conhe-
cimento e conforto necessário para se
tornarem pessoas que se sintam felizes
e contribuam para uma sociedade muito
melhor do que esta que aqui está.
COMUNICANDO – As meninas já sabem
que são filhas adotivas? Se sim, como foi
a reação delas?
Justina – Sabem. Foram
muitas perguntas. A paz, a
tranquilidade e a certeza do
amor que elas sentem que
temos por elas fez com que
a vida seguisse normal. De
vez em quando surge alguma
pergunta. Respondemos de-
monstrando tranquilidade,
reafirmando sempre o amor
maior que temos por elas.
Sinto que elas se sentem se-
guras porque percebem que
nosso amor é incondicional.
COMUNICANDO – Para você, qual o sig-
nificado de ser mãe?
Justina – É gerar almas que impulsionem
a vida em paz no lugar em que vivemos.
É lutar incansavelmente pelo fim da dis-
criminação e pela justiça. É estar eter-
namente inquieta por me questionar se
estou realmente contribuindo para tudo
isso.*Nomes fictícios.
Desenho de Rafaela Tedesco
Reprodução
“A Melhor Idade é aquela em que não contamos o tem-po, e, sim ,quando vivemos o tempo, proporcionando felicidade a nós mesmos e a todos ao nosso redor.”
Autor desconhecido
As últimas décadas têm sido marcadas por mu-
danças significativas provocadas pelos avanços
científicos, por novas tecnologias, inovações
organizacionais e por novos fatos sociais. Isso exigiu a
reestruturação de instituições e o redimensionamento
nas relações sociais e comportamentais.
Segundo a coordenadora da Universidade da
Terceira Idade (UNTI), da UCS, Isabel Marrachino Toni,
“a educação tem papel fundamental por ser um instru-
mento de formação e desenvolvimento dos indivíduos
que serão responsáveis pela criação das bases para um
envelhecimento humano sustentável social e econômi-
co. Em especial, a Educação Superior tem a responsa-
bilidade de formar recursos humanos e de desenvolver
estudos e pesquisas nas diversas áreas do conheci-
mento”.
A contemporaneidade põe luz nas significativas
mudanças etárias, evidenciando uma população que
envelhece rapidamente e a necessidade de um esforço
conjunto para encontrar um rumo que possa oferecer
respostas às questões trazidas pelo envelhecimento
humano. Esse fato tem provocado vários segmentos e
instituições a realizarem movimentos de conscientiza-
ção, articulação, estudos, pesquisas e desenvolvimen-
to de ações que objetivem conhecer melhor essa rea-
lidade e intervir na promoção de um envelhecimento
digno, saudável, ativo e exitoso.
No século 21, as pessoas com
60 anos ou mais, vão
representar mais de 20% da
população mundial.
A expectativa de vida
dos brasileiros, atualmente,
de 72,7 anos, segundo
os novos cálculos do IBGE.
Fotos Arquivo U
NTI
Elas e a Terceira Idade
Alunas experientes na UCS
A Universidade de Caxias do Sul trabalha, desde 1991, no sen-
tido de valorizar a maturidade e a velhice como um período
de plenitude na caminhada pessoal e de conhecer o proces-
so de envelhecimento humano.
As atividades oferecidas pela Universidade da Terceira Idade
(UNTI) são divididas entre saúde, movimento e lazer; atualização e
aquisição de novos conhecimentos e arte e cultura. Também oferece
a graduação sênior, onde as mulheres podem ingressar em cursos
superiores da UCS obtendo um desconto de 50%.
As atividades mais procuradas são as de saúde, movimento e
lazer, como a hidroginástica, por exemplo. As mulheres nessa idade
sentem a necessidade de movimentar o corpo e cuidar da saúde. Só
na hidroginástica são 150 alunos, sendo a grande maioria mulheres.
Dentro das atividades de aquisição de novos conhecimentos,
as línguas estrangeiras são uma opção bastante procurada pelas mu-
lheres. Estas, além de preocuparem-se com a saúde do corpo, estão
atentas também ao lado intelectual e buscam novos conhecimentos.
Diva Maria De Facci Oliveira, 69 anos, está na UNTI há mais
de dez anos e atualmente cursa Inglês e Espanhol. Segundo Diva, a
UNTI tem ajudado muito em seu processo de envelhecimento pois
ela tem feito muitas amizades, além de adquirir conhecimento e
sentir-se mais valorizada como mulher. Diva também salienta que
agora tem mais tempo para fazer suas atividades do que quando era
mais nova e tinha filhos pequenos.
Outra atividade muito procurada pelas mulheres é a Informática,
oferecida do nível básico ao avançado. Lariete Maria Bissigo, 61, aluna da
Informática avançada, salienta que os professores ensinam de forma foca-
da para a Terceira Idade, o que facilita o aprendizado, já que nessa idade
fica mais difícil assimilar as informações. Além da Informática, Lariete de-
senvolve sua criatividade nas aulas de Arteterapia – Multitécnicas Criativas
e afirma que é somente o corpo que envelhece, mas o espírito continua
jovem.
As mulheres mais idosas e com dificuldades em realizar movimen-
tos mais pesados procuram a Pantufa Dançante, onde a maioria está acima
dos 70 anos, já que nessa modalidade os movimentos são mais leves.
Confira algumas das atividades mais procuradas pelas mulheres e
quanto custam as mensalidades na UNTI no quadro ao lado.
Comunicando / Março 2011
Informática – R$ 75
Hidroginástica – R$ 60
Musculação – R$ 50
Natação – R$ 60
Pilates – R$ 66
Yoga – R$ 61
Fazendo arte: multitécnicas criativas – R$ 61
Pantufa Dançante – R$ 40
Coral UNTI e Coral Vívere – GRATUITOS
ATIVIDADES E VALORES
Créditos: Deise Tissot
Diva Oliveira, aluna da UNTI
333
Comunicando / Março 2011
“85% dos alunos são mulheres, o
que é um fenômeno”
Isabel Toni, coordenadora da UNTI
Dei
se T
isso
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ivul
gaçã
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COMUNICANDO – Qual a importância
da UNTI na vida das mulheres da Ter-
ceira Idade?
ISABEL TONI – Na UNTI, 85% dos alu-
nos são mulheres, o que é um fenômeno
mundial. A UNTI oportuniza espaços de
convivência social, onde o convívio, “com
os iguais” favorece as trocas, o entendi-
mento da própria velhice e do outro, o
respeito pelo coletivo e, principalmen-
te, o aprender o ser no mundo e não so-
mente o estar no mundo. Esse espaço de
convivência social, de aprendizado e de
atualização de conhecimentos, promove
uma (re)descoberta de novas potenciali-
dades e, como consequência, mudanças
comportamentais que refle-
tem no cotidiano, provocando
transformações no âmbito fa-
miliar e social.
COMUNICANDO – Que mu-
danças ocorrem, a nível psi-
cológico, quando a mulher
começa a envelhecer?
ISABEL – As alterações psico-
lógicas do envelhecimento
perpassam por: dificuldade
de aceitar-se como alguém
que está envelhecendo, em
função dos estereótipos so-
ciais; crise de identidade,
principalmente em função
da perda dos papéis sociais;
declínio na manifestação da
afetividade, da suscetibilida-
de, dos interesses, das ações,
das emoções, dos desejos,
por perceber-se inativo e fora do con-
texto social; prejuízo da memória de
fixação, por perdas neuronais e de me-
mória. Acentuação das características
de personalidade como: rigidez, ego-
centrismo, desconfiança, irritabilidade,
avareza, dogmatismo, autoritarismo.
Dificuldades na assimilação ou aver-
são a ideias, coisas e situações novas,
maior apego aos valores já conheci-
dos e convencionados,diminuição da
percepção, concentração e atenção,
tendência ao isolamento e introspec-
ção, diminuição do interesse sexual,
aumento da ansiedade, medo e baixa
auto-estima e auto-imagem.
COMUNICANDO – Que conselhos você
dá para as mulheres que estão chegan-
do na Terceira Idade e para as que já es-
tão acima dos 60 anos, no que se refere
à qualidade de vida?
ISABEL – A qualidade de vida pode es-
tar relacionada com os seguintes com-
ponentes: capacidade física, estado
emocional, interação social, atividade
intelectual, situação econômica e au-
toproteção de saúde. Na realidade, o
conceito de qualidade de vida varia de
acordo com a visão de cada indivíduo.
A qualidade de vida boa ou excelente
é aquela que oferece um mínimo de
condições para que os indivíduos pos-
sam desenvolver o máximo de suas
potencialidades, vivendo, sentindo ou
amando, trabalhando, produzindo bens
ou serviços; fazendo ciência ou artes;
vivendo.
A COMUNICANDO entrevistou a
coordenadora da Universidade
da Terceira Idade (UNTI), Isabel
Marrachinho Toni. Psicóloga e gerontólo-
ga, atua com o segmento do idoso desde
1991, na Universidade de Caxias do Sul.
É palestrante e conferencista em diver-
sos eventos na área do envelhecimento
humano, e professora convidada da dis-
ciplina Longevidade: Vida e Sociedade.
Conselheira titular no Conselho Munici-
pal do Idoso e conselheira suplente no
Conselho Municipal de Assistência Social,
tem vários artigos publicados em revistas
indexadas e a publicação do livro Apren-
der depois dos 50 (Educs, 2007).
34
Nunca é tardepara aprender
O crescimento da
população idosa é
um acontecimen-
to presente e consolidado
no cotidiano de nosso país,
consomemais recursos e
requer novas estratégias
de enfrentamento que vi-
sem ao envelhecimento
ativo, saudável e indepen-
dente.
Ao mesmo tempo,
observa-se uma mudança
de comportamento signi-
ficante nas salas de aulas.
Hoje em dia, encontram-
se senhoras na faixa etária
da Terceira Idade em busca de aperfei-
çoamento em diferentes áreas. Como
Terezinha Petroli, 60 anos, estudante de
Psicologia. Para ela, a vontade de estudar
surgiu com a necessidade de manter-se
depois da separação de um casamento
de 27 anos. Com alguns problemas de co-
luna, procurou algo que não envolvesse
tanto o corpo e, sim, a mente, além de
exercer uma profissão que gostasse.
Terezinha relata que conseguiu
acabar o Ensino Fundamental e Médio
pelo EJA (Educação para Jovens e Adultos)
e depois passou no vestibular para Psicolo-
gia, área na qual se form no final do ano de
2010. Atualmente, está focada no término
da sua faculdade e não consegue mais rea-
lizar com frequência suas caminhadas. Sua
expectativa para o mercado de trabalho é
conseguir um emprego na área. Diz: “Vou
iniciar numa ONG como voluntária.”
Segundo ela, os estudos ajudaram
em todos os sentidos na sua vida: autoes-
tima, valorização como mulher
e também fez bem para a me-
mória. Agora, ela se sente mais
jovem do que quando era moça
e afirma: “Isso está na nossa
mente, somos o que pensamos.”
Terezinha tem um lema de vida:
“Eu posso, eu quero, eu consigo.”
Com esse pensamento
positivo, não esconde o que pen-
sa: “Envelhecer sim, mas ser feliz
e ter saúde.” A mulher consegue
encarar melhor a velhice do que
os homens, diz. “Se pensarmos
que é a melhor idade, será a me-
lhor idade, sim.”
Ao finalizar, Terezinha
deixa um conselho para todas
as mulheres que têm medo de
envelhecer: para “se libertarem
do medo, procurar ler, manter-
se informadas e não se entre-
gar”.
Comunicando / Março 2011
Terezinha Petroli aproveita seu dia para caminhar
Vanessa Conci/Divulgação
Deise Tisott
/Divulgação
Sala de aula
35
Comunicando / Março 2011
Quando se pensa em idosos, imagi-
na-se cadeira de balanço, pijamas
e cobertor. Isto é apenas um este-
reótipo. O fato é que de uns anos para cá os
padrões mudaram. As pessoas têm chega-
do à Terceira Idade cada vez mais fortes e
saudáveis. Quem passou dos 60 anos nos
dias de hoje, se acostumou a uma vida agi-
tada, repleta de atividades físicas. Não é à
toa que haja uma procura cada vez maior
por lazer e diversão.
Ao pensar nesta promissora fatia de
mercado, as agências de turismo, bingos,
casas noturnas e academias promovem
eventos com vistas a atrair o público “mais
experiente”. Exemplo desse tipo de públi-
co é Olga Ceriotti, 60 anos, frequentadora
de bailes que são destinados ao público da
Terceira Idade. Olga ressalta que apesar de
ter chegado ao grupo da “melhor idade”, se
Diversão garantida
sente muito melhor nos dias atuais do que
quando tinha 20 e poucos anos de idade,
assim como Terezinha Petroli (página ante-
rior), e justifica que atualmente os entrete-
nimentos promovidos são mais acessíveis
do que em seu tempo de juventude.
Para Olga, existe um ponto nega-
tivo ao se atingir a Terceira Idade que é a
dificuldade encontrada na área da saúde.
Em contrapartida, ainda sobre as diversões
nessa idade, ela afirma: “Hoje, como mu-
lher, somos mais independentes, saímos,
vamos onde queremos, temos mais atitu-
des e somos mais respeitadas.” Além disso,
Olga explica que a vantagem de envelhecer
é a sabedoria e a paciência que foi adquiri-
da durante os anos.
Como conselho para as demais mu-
lheres na Terceira Idade, Olga diz que todas
devem ser vaidosas, bem como se interes-
sar por tudo que está a sua volta. E com-
plementa: “Assim nos sentimos mais vivas.”
Assim como Olga, outras mulheres
possuem esse mesmo sentimento de re-
juvenescimento na Terceira Idade. Como
Vanice Bizotto Castagna, 61, viúva, que
conheceu o atual namorado em um baile
frequentado pela Terceira Idade em 2003,
e estão juntos até hoje. Aposentada, mas
muito ativa, dificilmente fica parada. Nas
segundas, terças e sextas-feira à noite, joga
cartas com os amigos; na terça, faz ginásti-
ca; quarta à tarde dança nos bailes em Ca-
xias do Sul; na quinta joga vôlei e, aos sába-
dos e domingos, sai para dançar.
Como se pode ver, Vanice tem uma
vida bem agitada. Ela conta que se sente
muito jovem e procura ocupar a mente o
tempo todo, sem permitir pensamentos ne-
gativos que possam atrapalhar sua vida. Diz
que aproveita a vida muito mais agora, com
61 anos, pois, na juventude, além de traba-
lhar fora, tinha os afazeres da casa, cuidava
dos filhos e não sobrava tempo para diver-
são. Agora, os filhos cresceram, conheceu
um novo companheiro, e diz aproveitar
cada oportunidade proporcionada para ser
feliz.
Vanice diz que a idade não importa:
o que realmente é significativo é ter espí-
rito jovem, não pensar que os anos estão
passando e, sim, curtir cada momento
como se fosse único. Vanice, muito vaidosa,
não sai de casa sem passar rímel e batom,
e usa roupas modernas que, às vezes, até
empresta para as filhas. Diz que vai chegar
aos 80 anos fazendo tudo o que faz hoje.
Olga Ceriotti/Arquivo pessoal
Baile da Terceira Idade que Olga frequenta
36
Comunicando / Março 2011
Vanice aconselha as mulheres
que estão entrando na Ter-
ceira Idade para terem pen-
samentos positivos. “Conheço amigas
que têm um pijama novo guardado,
caso um dia precisarem ir para o hos-
pital. Nunca faria isso, pois não penso
em ir para um hospital um dia, além
do mais não uso pijama para dormir.”
Uma coisa que ela não abre mão é de
fazer regularmente todos os exames
necessários, que considera funda-
mental para todas as pessoas. Ela diz que
é mais difícil para o homem enfrentar a
velhice, pois eles reclamam mais, sentem
mais dores e dificuldades. A mulher é mui-
to mais ativa, forte e corajosa para enfren-
tar o passar dos anos. Vanice se considera
uma pessoa muito realizada e feliz.
Para finalizar, Hilária Maria Guglel-
min Spadotto, 80, viúva, frequenta bailes
da Terceira Idade regularmente, faz gi-
nástica semanalmente, caminhadas, e se
diverte muito em excursões com destinos
variados. Hilária diz que as atividades que
realiza tem ajudado muito na vida e para
Festa Junina UNTI
Arquivo UNTI
Andréia Di Bernardi Contin
Vanisse e o namorado, que conheceu no baile
a autoestima; além de conhecer ou-
tras pessoas, tem mais disposição e
energia para realizar as tarefas do-
mésticas, saúde mental e física, e
está sempre de bom humor.
Quando questionada se en-
frenta alguma dificuldade como
mulher, relata que não, pois vive a
vida sem pensar em doenças e pro-
blemas e ainda complementa :“Sou
feita de ferro.” Seu conselho para as
mulheres que têm medo de envelhecer
é que “a idade chega para todos, então
devemos ter força, ir em frente, sair, dar
risada e se exercitar”. Estas três mulheres
representam tantas outras que quebra-
ram tabus com um pensamento inovador
de “melhor idade”.
37
Figura conhecida da noite de Caxias
do Sul, Adilce Luchtemberg coman-
da há 25 anos a casa noturna Char-
donnay. Durante esses anos de existência,
a casa tem proporcionado entretenimento
de qualidade em um ambiente requintado,
agradável e descontraído, com diversidade
de ritmos, respeito e amizade por seus fre-
quentadores.
A COMUNICANDO entrevistou
Adilce, que revelou vitalidade e força para
cumprir seus compromissos com toda dedi-
cação.
COMUNICANDO – Conte um pouco sobre
a sua trajetória empreendedora como pro-
prietária e fundadora da Chardonnay.
ADILCE LUCHTEMBERG – A Chardonnay era
um sonho. Quis ter uma casa noturna que
oferecesse a comunidade caxiense e região
um lugar requintado e aconchegante em-
balado por uma boa música. Criei o grupo
Chardonnay, conhecido também como a
"banda da casa", que sempre mantém um
repertório atualizado, nunca esquecendo
alguns clássicos como boleros, tangos (que
por sinal é minha paixão), entre outros.
Nossa casa é eclética, aberta a todos os pú-
blicos de diferentes faixas etárias. Trabalha-
mos nas sextas, sábados, domingos e vés-
pera de feriados. Estamos sempre buscando
aprimorar nossas atividades para oferecer
ao nosso público um lugar seguro onde as
pessoas possam se divertir.
COMUNICANDO – Você pode nos revelar
sua idade?
ADILCE – Se alguém me perguntar quantos
anos eu tenho, não hesito em responder
de cabeça erguida que uma vez que tenho
planos e muita estrada a ser percorrida, em
verdade lhe digo: não tenho idade e sim
vida.
COMUNICANDO – Que atividades realiza
atualmente na Chardonnay?
ADILCE – Participo de todas as festas e even-
tos dando as boas vindas aos clientes, às ve-
zes faço show de tango e gosto, também, de
participar em algumas músicas e de dançar.
Sei também que a minha presença impõe o
respeito, que já é marca da Chardonnay.
COMUNICANDO – No que as atividades
que você realiza na Chardonnay contri-
buem para sua auto-estima e para seu pro-
cesso de envelhecimento?
ADILCE – Participando dos eventos da Char-
donnay me sinto na obrigação de estar sem-
pre bem arrumada, inventando modelos
diferentes de vestidos e cabelo. Sinto que a
dança também tem um efeito benéfico em
minha saúde e em meu astral.
COMUNICANDO – Como se sente com sua
idade atual e como se sentia quando mais
jovem?
ADILCE – A idade esta na cabeça de cada
um. Sinto meu espírito ainda jovem e consi-
go com isso apreciar muito a vida.
COMUNICANDO – Quais as dificuldades
que enfrenta hoje como mulher e quais os
pontos positivos de envelhecer?
ADILCE – Ser mulher hoje, e principalmen-
te empresária, é muito mais fácil do que há
25 anos. Hoje as mulheres já conquistaram
o seu espaço e o respeito por sua compe-
tência.
COMUNICANDO – Que conselho dá para as
mulheres que tem medo de envelhecer?
ADILCE – Mantenham o espírito jovem,
busquem atividades que lhes deem prazer
e deixem o tempo passar sem se apegarem
a idade.
COMUNICANDO – Você acredita que é
mais difícil para a mulher encarar a velhice
do que para o homem?
ADILCE – Acho que para a mulher é mais
fácil, pois, por sua vaidade, busca manter
uma aparência jovem. Quando disposta a
ter uma melhora na qualidade de vida, pos-
sui mais opções que a ajudam a manter-se
ativa.
Adilce Luchtemberg,a Rainha da Noite
Comunicando / Março 2011
Banda Chardonnay
Arquivo pessoal
38
Arquivo pessoal
Adilce colhe os frutos de anos de empreendedorismo
Adilce Luchtemberg,a Rainha da Noite
Comunicando / Março 2011
“A beleza é a única coisa preciosa na vida. É difícil encontrá-la – mas quem consegue descobre tudo.”
Charles Chaplin
4
Estética, beleza
e saúde
Rosto bonito, corpo sarado e pele perfeita são uma busca constante na vida
das mulheres. Para isso, elas utilizam uma ampla variedade de cosméti-
cos, nacionais e importados, como cremes, maquiagens e produtos para cabelo.
Além disso, a academia também é uma opção muita procurada por elas para
manter a forma; porém, para atingir esse objetivo elas nem sempre optam por
meios saudáveis.
Neste capítulo você poderá perceber a que consequências que a obses-
são por este estereótipo leva e conferir depoimentos de mulheres que, para
seguirem esse padrão de beleza, passaram por momentos difíceis mas deram a
volta por cima. Outro assunto a ser abordado pela COMUNICANDO é a medici-
na alternativa, atualmente bastante procurada pelas mulheres, mas gtambém
por homens, que optam por uma vida saudável.
A questão da obesidade também foi relatada neste capítulo por ser uma
doença considerada uma das mais graves da atualidade. Você poderá conferir
dados estatísticos sobre esta doença e algumas dicas para melhorar a qualidade
de vida. Além disso, entrevistamos profissionais da área da saúde e beleza que
contribuem com informações e dicas para melhorarmos nossa vida e conse-
quentemente nossa autoestima. Vale a pena conferir!
Muitas mulheres quase “en-
louquecem” ao ouvir a
palavrinha cosmético. Cos-
mético é aquilo que é relativo à beleza
humana; são considerados cosméticos
substâncias ou tratamentos aplicados
à face, ao corpo e aos cabelos, com a
finalidade de alterar a aparência, em
busca de realce e beleza.
Podem ser divididos em cate-
gorias como, por exemplo, produtos
para lábios; para área dos olhos; anti-
solares; anti-rugas; para bronzear;
Reprodução
produtos para tingimento de cabelos;
pós-corporais; cremes de beleza; óleos;
produtos para maquiagem facial; pro-
dutos para unhas e cutícula; águas per-
fumadas; perfume (inclusive os odori-
zantes de ambiente), entre outros.
Segundo Marcela Lopes, gerente
da loja O Boticário, no bairro São Pele-
grino, em Caxias do Sul, os cosméticos
mais procurados pelas mulheres são
batons, bases, hidratantes corporais e
perfumaria. Nessa época do ano, a pro-
cura por auto-bronzeadores também
aumenta consideravelmente. Na linha
de antissinais, os mais vendidos são
45+ e em segundo lugar o 30+.
Marcela ressalta que 80% do
público do Boticário é composto por
mulheres de todas as faixas etárias, de
jovens a mulheres mais maduras. Além
disso, diz, a maioria das mulheres não
se preocupa muito com o preço, desde
que usem um produto de seu agrado e
que este lhes forneça o resultado de-
sejado.
43Comunicando / Março 2011
Averdadeira magia feminina
44
Comunicando / Março 2011
Para a pele, Branchi aposta nas tendências do tom
nude, ou seja, a famosa pele de porcelana. As sobras terão
cores fortes e vibrantes como verde, azul, rosa pink, laran-
ja, entre outras, que marcaram nas passarelas do São Paulo
Fashion Week. Pode-se apostar nos tons de vermelho e rosa
para os lábios, nunca esquecendo que ao salientar a boca, o
olho deve ser mais neutro e, ao salientar os olhos, a boca de-
verá permanecer mais neutra, conforme Branchi (leia mais
no quadro ao lado). A maquiagem definitiva é um assunto
um pouco mais delicado.
As mulheres também preocupam-se com a aparencia
de suas unhas, e o verão aposta nos esmaltes foscos e nas
cores verdes, azuis, cinzas, laranjas, entre outras cores for-
tes, porém nada de brilho. As francesinhas continuam em
alta, porém mais coloridas, como por exemplo, cor pérola
com ponta colorida, cores mais fortes com pontas brancas.
Muitas mulheres optam por cortes que estão na moda
e, na maioria das vezes, copiam cortes de cabelos de
“famosas”, como atrizes, modelos e apresentadoras.
Para o verão 2011, a moda é um cabelo mais repicado, volumoso,
com franjas e estilos que valorizam os fios em camadas – ficam de
lado os cabelos retos e “certinhos”, que dão lugar aos cabelos mais
despojados e desfiados. Lembre-se que a escolha do corte de cabe-
lo faz toda a diferença no visual de uma pessoa e também muitas
vezes revela características da personalidade de cada um.
Para 2011, as tendências serão cortes que resgatem estilos
de décadas passadas. Um exemplo é a combinação do corte Cha-
nel, que fez sucesso na década de 20 e agora está de volta um pou-
co mais ousado, ou seja, simétrico como o de Victoria Beckham. Os
cabelos serão mais volumosos, crespos e ondulados, com franjas
retas ou assimétricas, e os lisos terão mais movimento e leveza se
apostarem nos desfiados.
A ideia é de inovação, é o abandono dos fios retos para
os desfiados, modernos e sensuais. Como diz Sergginho Branchi,
“chapinha pode ser aposentada, já é objeto de museu”. (risos). As
definitivas e progressivas não estão mais em alta; o que está sendo
utilizado nos salões é apenas um relaxamento que ajuda a baixar
um pouco o volume dos cabelos e abrir mais os cachos, sem dar
aquele efeito “escorrido” das progressivas. Já Adriana, cabeleireira
há cerca de oito anos, discorda de Branchi. Ela afirma que em seu
salão a procura pela progressiva continua em alta. Diz, também,
que as mulheres procuram na progressiva um cabelo liso, prático
e fácil de arrumar.
Segundo Branchi e Adriana, a temporada será do baby liss,
dos cachos, curtos e volumosos, desconectados e com pontas. Ou
seja, a dica para acertar nas tendências da próxima estação é arris-
car, deixar de lado o look certinho e chapado para abusar do look
natural, assumindo o volume, os cachos e as ondas. Claro que cui-
dando para que o cabelo não fique com aspecto desleixado.
Luzes de dois a três tons, por exemplo, caramelo, platinado
e vermelho, ou então as combinações de marrom acobreado, mar-
rom acinzentado e cobre avermelhado. Os tons vermelhos fizeram
muito sucesso no inverno, porém no verão as tendências são casta-
nhos e loiros, que entram na lista dos mais procurados dos salões.
Alquimiada beleza
Sergginho Branchi em ação
Crédito: Arquivo pessoal
Na pele, novos tons
45Comunicando / Março 2011
1º Limpar bem a pele com tônico.2º Aplicar uma base do tom da sua pele, e espalhar pelo rosto com movimentos de baixo para cima (escolher uma base cremosa para não ressecar a pele).3º Utilizar corretivo, se necessário, para disfarçar as imperfeições que a base não cobre.4º Aplicar o pó com um pincel, cuidar para não aplicar uma camada grossa de mais para não parecer artificial.5º Aplicar a sombra de sua preferência.6º Aplicar o delineador, preferencialmente com um traço fino e delicado.7º Aplicar o rímel.8º Aplicar o blush apenas nas maçãs do rosto.9º Finalizar com batom ou gloss, optando por cores mais discretas que equilibrem a maquiagem.
Passo a passo para se maquiar em casa
As mulheres optam nas academias por exercícios mais le-
ves, preocupam-se muito com a questão estética, porém buscam
resultados muito diferentes dos homens, que estão sempre em
busca de aumento de massa muscular.
Geralmente realizam atividades físicas mais moderadas
como caminhada, corridas leves, bicicleta entre outros, a maio-
ria busca diminuir ou controlar o peso. Optam muito por aulas de
ginástica localizada, de step, danças, jump, entre outros, em bus-
ca de um corpo mais definido, torneado, magro e principalmente
“durinho”.
O principal alvo a ser trabalhado pelas mulheres na aca-
demia, quase que por unanimidade, é a busca pela barriga sarada
e pelo “bumbum” empinadinho, diz a personal trainer Mariana
Barreto. “O segredo para manter a forma e um corpo esbelto para
o verão é praticar exercícios físicos e ter uma alimentação balan-
ceada e saudável.”
Crédito: Natália Albé do Amaral
Você mais saudável e bonita
Os transtornos alimentares são doen-
ças caracterizadas por graves alte-
rações do comportamento alimen-
tar, que podem ocasionar sérias agressões à
saúde. São divididos em duas categorias prin-
cipais: anorexia nervosa (AN) e bulimia ner-
vosa (BN). Eles têm uma prevalência maior
em adolescentes de 10 a 19 anos. A maioria
das vezes, atinge principalmente as mulheres
adolescentes e adultas em idade reprodutiva.
Porém, os homens também são acometidos,
mas representam apenas 10% dos casos.
A adolescência é um período de maior
demanda emocional. Sendo assim, os ado-
lescentes que têm maior vulnerabilidade na
estrutura de personalidade estariam mais
propensos a desenvolver transtornos alimen-
tares.
O termo anorexia vem do grego orexis (apetite), junto
ao prefixo an (ausência, privação). Significa, então, a perda
de apetite de origem nervosa. Normalmente, tem início com
um jejum progressivo, caracterizado por uma restrição die-
tética auto-imposta. Ocorre devido ao medo de ganhar peso,
mesmo que a pessoa apresente um peso abaixo do normal.
Trata-se de uma distorção da imagem corporal, que acarreta
uma negação a ingestão de carboidratos e gorduras. É uma
luta obstinada contra a fome.
Vários fatores estão envolvidos com esta doença (bio-
lógicos, sociais, psicológicos e familiares). Ela faz com que
o adolescente perca o seu senso crítico em relação ao seu
corpo, apresente vergonha de comer em público, tenha um
interesse especial pelo valor nutritivo dos alimentos, goste
de controlar a comida dos familiares, pratique atividade físi-
ca em excesso, podendo acordar até mesmo de madrugada
para fazer exercícios, como abdominais, por exemplo.
Por essa restrição alimentar, a AN é uma doença que
leva a pessoa a uma perda de peso tão significativa que pode
levá-la à morte, pois, por mais magra que ela esteja, nunca
estará satisfeita e sempre irá querer perder mais peso, che-
gando assim, ao seu limite, perdendo as funções vitais do or-
ganismo. Como observam as estudantes do último semestre
de Nutrição, Joseane Furlanetto e Josiele Kesties, em casos
de pessoas que sofrem de bulimia e anorexia, é preciso que
ocorra a internação hospitalar, pois elas ficam muito debili-
tadas, e também aconselham que um familiar sempre acom-
panhe a pessoa que está passando por este problema nas
consultas, pois eles acabam sempre ocultando os fatos reais.
Para um melhor resultado, o tratamento deverá ser
feito por uma equipe multidisciplinar. As estudantes desta-
cam que esse trabalho é realizado juntamente com outros
profissionais, como, por exemplo, com a ajuda de psiquiatras,
para que elas aceitem o tratamento. As metas do tratamen-
to nutricional na AN envolvem o restabelecimento do peso,
normalização do padrão alimentar, da percepção de fome e
saciedade, e correção das sequelas biológicas e psicológicas
da desnutrição. Na BN, o tratamento visa a diminuição das
compulsões, minimização das restrições alimentares, esta-
belecimento de um padrão regular de refeições, incremento
Crédito: Angélica Senter
Estudantes de Nutrição, Joseane e Josiele, aconselham acompanhamento familiar
46
Comunicando / Março 2011
Transtornosalimentares:
anorexia e bulimia
47Comunicando / Março 2011
na variedade de alimentos consumidos, correção de defici-
ências nutricionais e orientação para práticas saudáveis.
Por apresentarem um comportamento de descon-
trole alimentar, essas adolescentes dificilmente comem em
lugares públicos. Esses episódios de voracidade ocorrem na
sua grande maioria durante a madrugada, às escondidas no
quarto, o que acaba provocando um isolamento social.
Já na BN ocorrem episódios recorrentes de compul-
são alimentar, preocupação persistente com o comer e um
desejo irresistível por comida. E, para evitar o ganho de peso
e aliviar a culpa as pessoas que sofrem deste mal, induzem
seu próprio vômito. Esse ritual apresenta um caráter secre-
to, o que dificulta o diagnóstico, sobretudo em fase inicial.
Por isso, que a pessoa com bulimia passa facilmente desper-
cebida.
Perante a tanta insatisfação com o corpo, o medo da
obesidade faz com que cresça o número de mulheres fazen-
do dietas e controlando o peso, o que acaba fazendo com
que cresça também a prevalência de adolescentes com ano-
rexia e bulimia.
“Não é fácil falar sobre esse assunto mas vou tentar explicar a todos, as trági-cas consequências dessa doença. A bulimia é uma doença causada muitas vezes por algum trauma de infância ou, até mesmo, alguma decepção. No meu caso tive uma decepção amorosa aos 16 anos de idade e ao questionar o porquê da rejeição come-cei a me olhar no espelho, me achar gorda e ficar descontente com a imagem que via todos os dias.
Me alimentava normalmente, porém percebi que a cada dia que passava a mi-nha obsessão por querer emagrecer ia aumentando. Então passei a provocar vômi-tos, pois aquela era uma forma fácil de eliminar aquelas calorias que tinha ingerido durante o dia. Fazia isso duas vezes ao dia, e depois passaram a ser cinco vezes, nada ficava em meu estômago, a minha cabeça era guiada por uma voz que me dizia ‘você tá gorda precisa emagrecer...’.
O tempo passou e isso me incomodava cada vez mais. Minha mãe nunca perce-beu nada e muito menos as minhas amigas. A pessoa que sofre com esse transtorno alimentar não transparece para os outros, é muito difícil de alguém perceber que você está sofrendo dessa doença.
Aos 19 anos, com incentivo de um namorado, busquei tratamento com um psi-quiatra e passei a tomar remédios para ansiedade; consequentemente, emagreci.
Durante esse período de tratamento não tive crises e me mantive firme no tratamento. Não posso afirmar que a pessoa fica curada 100% por que estaria men-tindo. Hoje, tenho 24 anos e sempre que sofro alguma decepção tenho recaídas. Novamente, estou me tratando, mas não é fácil. Você simplesmente fica escrava da ‘beleza’ . Quero um dia poder estar de bem comigo mesma e ser feliz com meu cor-po.”
C.N., 24 anos
DEPOIMENTO
A obesidade trata-se de uma enfermidade caracteriza-
da pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. Ela
relaciona-se com dois fatores preponderantes: o pri-
meiro é a genética e o segundo é a nutrição irregular. A gené-
tica evidencia que existe uma tendência familiar muito forte
para a obesidade, pois filhos de pais obesos têm 80% a 90%
de probabilidade de serem obesos. A nutrição tem a seguinte
importância: uma criança superalimentada será provavelmente
um adulto obeso. O excesso de alimentação nos primeiros anos
de vida aumenta o número de células adiposas, um processo
irreversível, que é a causa principal de obesidade para toda a
vida. (Fonte: www.afh.bio.br/digest).
Metade da população adulta no País está com peso aci-
ma do padrão recomendado para uma vida saudável, aponta o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No período
de 34 anos analisado, o excesso de peso triplicou entre os ho-
mens (de 18,5% para 50%) e aumentou em quase duas vezes
(de 28,7% para 48%) entre as mulheres. A obesidade já atinge
12,4% dos homens e 16,9% das mulheres.
Nos últimos seis anos, a frequência de pessoas de 20
anos ou mais com excesso de peso aumentou em mais de um
ponto percentual ao ano. Isso indica que, no prazo de 10 anos,
o problema poderá alcançar dois terços da população adulta.
Os aumentos ocorreram de maneira contínua para os
homens em todas as regiões do país. No caso das mulheres, isso
se verificou apenas na região Nordeste – nas demais, a tendên-
cia de aumento foi interrompida de 1989 a 2003, mas retornou
– Faça um diário alimentar e anote tudo o que você come;
– Obedeça rigorosamente ao horário das refeições, comendo com intervalos de 4 a 5 horas.
– Jamais pule refeições.
– Quando, fora dos horários, surgir vontade de comer, busque uma alternativa (caminhada, exercícios físicos etc)
que reduza a ansiedade.
– Antes de cada refeição, planeje o que você vai comer e prepare cuidadosamente a mesa e o prato.
– Preste a máxima atenção ao ato de comer. Não coma enquanto lê ou assiste televisão.
– Mastigue bem e descanse o garfo entre cada bocada; isso ajuda a controlar a ansiedade.
– Jamais faça compras em supermercados de estômago vazio, para não encher o carrinho com guloseimas.
– Não estoque comidas tentadoras (doces, sorvetes, salgadinhos) em casa. Tenha sempre a mão opções saudáveis.
– Não vá a festas de estômago vazio. Se, chegando lá, você não resistir à tentação de comer alguma coisa, escolha
aquilo de que mais gosta e dispense o resto.
Fonte: www.abcdasaude.com.brPara
um
a bo
a al
imen
taçã
o48
Comunicando / Março 2011
Reprodução
Frutas são fonte garantida de vitaminas
em 2009. Tanto o sobrepeso como a obesidade aumentaram
com a idade até a faixa de 45 a 54 anos, para os homens, e até
o grupo de 55 a 64 anos, em mulheres, declinando em seguida.
Entre os homens adultos, o excesso de peso aumentou
com a renda. No grupo dos 20% com maior rendimento, 61,8%
deles estavam acima do peso. Entre as mulheres, isso não ocor-
reu. (Fonte www.zerohora.com.br).
Obesidade:prevenir
ou reverter
DADOS NO BRASIL DADOS NO RIO GRANDE DO SUL
DEPOIMENTOF.B., 30 anos
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou entrevistas com aproximadamente 60 mil estudantes de capitais brasileiras. De todas, Porto Alegre é a que possui dados mais preocupantes. Tem o maior número de obesos e o menor índice de alunos com peso adequado.
O percentual de obesos entre alunos pesquisados na capital é de 10,5% – três pontos percentuais acima da média nacional (7,2%). A investigação que levou em consideração 60.973 estudantes, também constatou que 70,4% dos porto-alegrenses têm peso adequado, o mais baixo percentual do país.
Fonte: www.zerohora.com.br
No Brasil, 40% da população (mais de 65 milhões de pessoas) está com excesso de peso e 10% dos adul-tos (cerca de 10 milhões) são obesos. A tendência é mais acentuada entre as mulheres (12% a 13%) do que entre os homens (7% a 8%). E por incrível que pareça, cresce mais rapidamente nos segmentos de menor poder econômico. O inimigo, desta vez, consiste em três palavras: sedenta-rismo, comilança e estresse. Vive-se a era da globalização de um modo de vida baseado na inatividade corporal frente às telas da TV e do computador, no consumo de alimentos industrializados e em um altíssimo nível de ten-são psicológica.
Fonte: www.zerohora.com.br 49Comunicando / Março 2011
“Desde pequena, fui uma pessoa acima do peso. Passei a adolescência obesa, e aumentei ainda mais meu peso depois que tive meu filho. Me olhava, mas não me en-xergava. Tentei vários tratamentos: reeducação alimentar, shakes, grupos de ajuda e re-médios. Todas as tentativas foram frustrantes, pois, na verdade, toda vez que iniciava já sabia que não ia emagrecer, porque eu não me amava o suficiente para mudar e realizar meu maior sonho. Na metade de 2005, iniciei um longo processo de autoconhecimento e aprendizado. Comecei a fazer terapia e, principalmente, a me ver como eu era e en-tender que eu poderia ser muito mais feliz. Neste momento, decidi que a cirurgia era o melhor caminho para realizar essa transformação. Em fevereiro de 2006, estava no consultório do médico em Porto Alegre e, em 20 de abril do mesmo ano, realizei o pro-cedimento, sem nenhuma complicação. Além da equipe médica ter sido maravilhosa, eu estava emocionalmente preparada.
Se eu tivesse que fazer a cirurgia novamente, eu faria, era o que eu queria e estava preparada para tudo o que aconteceu.
Acredito que estamos na vida para sermos felizes e cada pessoa tem que correr atrás do que é melhor para si. Se a felicidade for a cirurgia, minha dica é estar com a cabeça tranquila, procurar um médico que possa explicar tudo o que vai acontecer para tomar a decisão correta.
Hoje, faz mais de quatro anos que fiz a cirurgia e emagreci 45Kg em relação ao peso de 2006. Passei por várias fases após a cirurgia, emagreci demais, engordei um pouco, e estou vivendo um novo processo, o de me conhecer e permanecer magra, que é tão difícil quanto o de ser gorda, pois não adianta mudar o corpo se a cabeça continua gorda. O mais legal é que aprendi que se conhecer, se amar e se entender, é que faz a diferença; quando você muda, tudo ao seu redor muda também.”.
Um conceito, de mais de seis décadas, hoje é conhecido
como longevidade cerebral e física, e é a base dos tra-
balhos integrativos que buscam a harmonia da trilogia
corpo-mente-espírito. O método Pilates fez o mercado perce-
ber que o exercício é saudável e está tomando conta das aca-
demias.
A revista COMUNICANDO entrou neste clima e conver-
sou com a fisioterapeuta e proprietária do Studio Pilates, Paula
Tonietto Bender.
COMUNICANDO – Quais são os benefícios do Pilates?
Paula Bender – O Pilates é um exercício que trabalha o ganho
de alongamento e força muscular; a melhora da postura e da
consciência corporal; o alívio de dores agudas e crônicas, espe-
cialmente da coluna; e a respiração e a concentração, promo-
vendo bem-estar geral.
COMUNICANDO – A prática de Pilates é indicada para todas as
pessoas ou tem alguma restrição?
Paula – O Pilates é indicado para qualquer faixa etária ou pato-
logia, pois é composto de uma grande variedade de exercícios e
adaptações. Cabe ao aluno procurar um profissional capacitado
que realize uma avaliação contínua das suas necessidades e ca-
pacidades para determinar os exercícios mais adequados.
COMUNICANDO – Você e o Pilates, como é esta relação?
Paula – Vejo o Pilates como um exercício completo e democrá-
tico. Pode ser adaptado a qualquer pessoa , aos mais variados
objetivos, e traz inúmeros benefícios para o corpo como um
todo, principalmente em termos de bem-estar.
COMUNICANDO – Quantas pessoas são atendidas por aula?
Paula – A prática do Pilates requer concentração do aluno e
acompanhamento do instrutor para determinar qual o execí-
cio mais indicado, se está sendo executado da forma correta e
quais adaptações são necessárias para cada indivíduo. O ideal é
que seja realizado individualmente ou em duplas para que cada
praticante seja orientado de forma adequada.
COMUNICANDO – Deixe a sua dica como instrutora de pilates.
Paula – Convido a todos para que procurem um instrutor de
Pilates capacitado e experimentem o método, pois é a melhor
forma de compreendê-lo. Prestem atenção em seus corpos e
sintam os benefícios que a prática regular pode trazer em ter-
mos de alongamento, alívio de dores e disposição geral.
COMUNICANDO – Qual é o periodo mínimo para o Pilates dar
resultados?
Paula – Os resultados estão relacionados com a frequência de
realização do exercício, os objetivos, as necessidades e limita-
ções do aluno. Joseph Pilates disse que “com 10 sessões você
perceberá a diferença, com 20 sessões os outros irão perceber
a diferença e com 30 sessões você terá um novo corpo”.
Crédito: Arquivo pessoal
Paula: “...experimentem o método, pois é a melhor forma de compreendê-lo
50
Comunicando / Março 2011
Pilates faz bempara o corpo
PONTE
Trabalha a mobilização da coluna vertebral e fortalece
a musculatura das costas, pernas e glúteos. Nesta
variação, estendemos uma das pernas em direção ao teto, buscando um
incremento no ganho de força da perna contrária e desafiando o equilíbrio.
ELEPHANT
O tronco deve estar bem estabilizado para que somente o
quadril e as pernas se movimentem. Desta forma, temos o
fortalecimento da musculatura profunda do abdômen e o
alongamento do quadril e da cadeia posterior das pernas.
HANGING PULL UPS
Temos o fortalecimento do braços, da musculatura posterior do
quadril e pernas, além da mobilização da coluna vertebral em
extensão.
O que é o método Pilates?
51Comunicando / Março 2011
O método Pilates é um sistema completo de exercícios sistematizados, criado entre as décadas de 1920 e 1930 por Joseph Hubertus Pilates. Utilizando aparelhos e equipamentos concebidos e construídos a partir das necessidades dos praticantes, o método Pilates destaca-se pela originalidade de seus conceitos e princípios, sendo considerado por especialistas e praticantes como o mais eficiente método de condicionamento físico da atualidade.
O Pilates caracteriza-se por uma variedade de exercícios como, entre outros, o roll up (exercício de ganho de força abdominal) e o swan (fortalece a musculatura extensora das costas e dos membros superiores). Todos os exercícios são executados em poucas repetições e os resultados alcançados são rápidos e duradouros.
Fonte: www.pilates.com.br
Fotos Divulgação
A ioga foi criada na Índia há mais de 5 mil anos, pela civilização do Vale do Indo, que habitou a região norte da Índia, atual Pa-
quistão, naquele período histórico. É uma filosofia de vida que visa ao autoconhecimento. Segundo Vinícius Santos Rocha,
a proposta dessa filosofia é levar o praticante a um estado de consciência chamado samádhi, um estado de megalucidez.
A ioga não visa atingir benefícios por se tratar de uma “filosofia”. A proposta principal é o autoconhecimento.
Com a prática sistemática da ioga, o praticante desenvolve a flexibilidade e o tônus muscular, e reeduca a respiração. Au-
menta a vitalidade, a concentração e obtém muitos outros efeitos benéficos por adotar um estilo de vida mais saudável, combina-
do com exercícios inteligentes.
O Método DeRose é uma codi-
ficação contemporânea da ioga pré-
clássica, o mais antigo. Nada foi criado
de novo, apenas foi feito um trabalho
de resgate e sistematização de algo que
surgiu há 5 mil anos. Desde aquele tem-
po, consiste numa série de conceitos
e práticas que levam o praticante a ter
uma vida mais saudável, feliz e dinâmi-
ca.
O método é um dos mais praticados no Brasil e está
sendo fortemente difundido em vários países, como Argenti-
na, Portugal, Estados Unidos, França, Alemanha e Inglaterra.
No decorrer dos milênios, a ioga foi fortemente modi-
ficada, o que resultou no surgimento de diversas linhas diver-
gentes. Na Índia, são aceitos 108 ramos tradicionais. Quando
a ioga veio para o Ocidente, foi modificada ainda mais, o que
deu origem a milhares de métodos que, na maioria das ve-
zes, fogem da proposta original, que é o autoconhecimento.
Conforme Vinícius Santos Rocha, instrutor do Méto-
do DeRose em Caxias do Sul, por se tratar de um resgate da
ioga pré-clássico, o método tem uma prática mais completa,
forte, dinâmica e ortodoxa, seguindo fielmente a nobre pro-
posta dessa filosofia e o ensinamento dos mestres ancestrais
que a desenvolveram.
A ioga é indicada para todas as idades. Mas é impor-
tante ressaltar que é um trabalho desenvolvido para pessoas
saudáveis. Portanto, segundo Rocha, independente da idade
é necessário ter saúde e disposição para praticar.
“Quando os cinco sentidos e a mente estão parados, e a própria razão descansa em silêncio, então começa o caminho supremo. Essa firmeza calma dos sentidos chama-se ioga.”
Upanixade Katha, VI (escrituras hindus de medição e filosofia)
Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ioga#Ioga_no_
Brasil
Divulgação
Janu Sírshrásana – anteflexão coma cabeça no joelho
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Comunicando / Março 2011
O Método DeRose
Ométodomilenar do
autoconhecimento
Prática de Àsanas Posição ou técnica corporal da ioga, complementada por uma atitude
interior, mentalização, respiração específica e ritmo. 53Comunicando / Março 2011
Parshwa Kakásana - a posição é executada com a lateral do corpo
Divulgação
“A correria e o estresse do dia a dia tem me levado a buscar uma terapia alter-nativa e não podia ter uma escolha alternativa que não fosse a ioga. Além de ser um exercício relaxante, é uma terapia muito saudável, que traz diversos benefícios: dimi-nui o estresse, aumenta a flexibilidade, melhora a postura, diminui dores nas costas, estimula a circulação sanguínea e aumenta a concentração, entre outros. A ioga já faz parte da minha rotina, já frequento as aulas há dois anos, duas vezes por semana. Indico a terapia a todas as pessoas que têm interesse em uma vida saudável. É apaixo-nante, vale a pena experimentar!”
Elisa Gasperin 31 anos, projetista
DEPOIMENTO
Íris dos olhos mostra marcas relacionadas com o histórico emocional de cada paciente, não o acontecimento em si, diz iridóloga
54
Comunicando / Março 2011
A permissão para mudar velhos
paradigmas é fundamental
Crédito: Arquivo pessoal
O diagnóstico através da íris possibilita o conheci-mento de áreas frágeis no organismo do paciente e, assim, o iridólogo pode estruturar um tratamen-
to adequado para orientar os hábitos e evitar doenças fu-turas. Com o procedimento, o organismo é desintoxicado, reconstituído e preservado, antes que o quadro se torne muito prejudicial ou, talvez, irreversível. Em Caxias do Sul, a iridóloga Maria Júlia Enderle presta atendimento há 15 anos. Segundo ela, a “leitura” da íris permite que se perce-ba “como a saúde da pessoa está no momento”.
A medicina preventiva é a grande oportunidade de uma melhora do homem como espécie, pois os bons hábi-tos geram saúde, e essa saúde conquistada será transmitida de geração em geração. A prevenção, dizem os especialis-tas, é a medicina do futuro, com a qual se poderá encontrar o segredo da boa saúde em todos os seus aspectos, geran-do longevidade, melhores condições e qualidade de vida.
Em entrevista, a iridóloga Maria Júlia Enderle, a pro-fissional esclarece diversas dúvidas do mundo da medicina alternativa.
Iridologia,diagnose pela
observação da íris
COMUNICANDO – Como a iridolo-gia pode ajudar na saúde da pes-soa? Maria Júlia Enderle – A íris é dotada de terminais nervosos conectados com todo o organismo, via tálamo ótico e sistema nervoso. Torna-se uma espécie de “tela de televisão” que revela a condição do organismo através das mudanças que ocorrem nas fibras da íris. Sendo assim, pode revelar como a saúde da pessoa
está no momento, possibilitando um melhor tratamento imediato.
COMUNICANDO – O iridólogo pre-cisa conhecer mais algum fator do paciente além da íris? Maria Júlia – Sempre é importante ao terapeuta conhecer a vivência da pessoa, pois na íris aparecem marcas relacionadas com o históri-co emocional, mas não o aconteci-mento em si.
COMUNICANDO – Existe alguma re-ceita para ter uma íris mais saudá-vel?Maria Júlia – Sim, tudo o que trouxer harmonia à vida da pessoa faz a íris mostrar saúde.
COMUNICANDO – Em quanto tem-po, normalmente, os tratamentos dão resultados? Maria Júlia – Depende de cada pes-soa, pois cada um tem facilidades ou
55Comunicando / Março 2011
Um diagnóstico natural, a íris é a parte corada do olho, muito rica em filamentos nervosos, ela-borada com a mesma constituição dos tecidos do cérebro e formada nos primeiros dias de vida do em-brião. Certamente, por causa da sua complexidade em telecomuni-cação nervosa e pela sua relação genética, ainda não se descobriu tudo, nem tudo foi explicado sobre o assunto das telecomunicações celulares; mas já se sabe que as cé-lulas comunicam-se umas com as outras.
O cérebro é um verdadeiro computador, composto por 10 bi-lhões de neurônios, cada um com mais de 25 mil possibilidades de comunicar-se com as células vizi-nhas. Cada neurônio é um verda-deiro laboratório químico. O olho é
– Mantenha a tranquilidade, principalmente consigo mes-mo;– Não permita que o mundo destrua sua paz de espírito;– Respire lentamente;– Conte até se acalmar;– Beba água, sorria e ria de si mesmo;– Saboreie a alimentação, aprecie o que terá de benefí-cios e não só o sabor;– Descanse, tire alguns mo-mentos para curtir sua compa-nhia, e, por fim, tenha fé, creia em Deus ou algo maior, pois, se Deus está contigo, quem estará contra?
um anexo, uma extensão deste verda-deiro laboratório, que envia para esta parte corada do olho milhões de in-formações. De fato, como um espelho no qual se escreve mensagens, cada célula do estroma (tecido das fibras) da íris contém 25 mil fibras nervosas que estão ligadas ao cérebro. O nervo ótico contém mais de 10 mil ramifica-ções nervosas. Sob o estroma da íris, dois grupos de músculos aparecem, um para dilatar a pupila, e outro, para contraí-la.
A íris está intimamente ligada ao organismo pelos seguintes interme-diários: sistema nervoso; sistema linfá-tico e sistema nutricional.
As perturbações do sistema ner-voso, provocadas pelo estresse perma-nente, hoje mais conhecido pelo nome de estresse oxidativo, são suscetíveis de modificar a estrutura da íris.
A permidssão para mudar velhos paradigmas é fundamental
resistências inerentes à sua história de vida e hábitos alimentares.
COMUNICANDO – As mulheres apre-sentam normalmente quais doen-ças? Maria Júlia – Não podemos genera-lizar doenças relacionadas somente com o sexo, mas com as condições de vida que as pessoas têm. A maior parte das disfunções está ligada aos maus hábitos alimentares e ao estres-se exagerado.
COMUNICANDO – O que as mulhe-
res podem utilizar como aliados na manutenção da mente e corpo? Maria Júlia – Pequenas mudanças fazem grandes diferenças, como res-pirar, por exemplo. As mulheres, prin-cipalmente para manter uma postura “salto-alto”, esquecem de respirar com toda a capacidade pulmonar, criando assim uma baixa oxigenação corporal que leva a inúmeros proble-mas, desde dores em geral à depres-são. Outros pequenos fatores con-tribuem para melhorar a saúde são: sorrir, beber água, espreguiçar e se permitir.
Dicas
Visão integral do ser
A Ortomolecular é baseada na teoria do equilíbrio. O orga-nismo humano é formado
por inúmeras moléculas e, quando as mesmas encontram-se equilibradas, o organismo também encontra-se equilibrado. É uma terapia que ana-lisa o homem como um todo: físico, emocional e mental. Busca a corre-ção das carências nutricionais, equili-brando a bioquímica do organismo e prevenindo o aparecimento de radi-cais livres (que são a causa básica do envelhecimento precoce) e de muitas doenças.
Também complementa e oti-miza qualquer tratamento indicado pela medicina convencional. É impor-tante ressaltar que a Ortomolecular não substitui a medicina tradicional, mais vem complementar.
Segundo a terapeuta Benta Spiandorelo, “a própria mídia vem divulgando através de TV, rádio, revis-tas, etc. As pessoas buscam a terapia para experimentar, por exemplo: Die-ta Ortomolecular emagreceu 10kg a atriz fulana de tal... Depois, pelos re-sultados que as pessoas têm, acabam divulgando para amigos, parentes e conhecidos.”
A Ortomolecular é uma terapia personalizada, é exclusiva para cada pessoa, ou seja, é direcionada para as necessidades e deficiências diferen-
tes de cada um, porque não se pode generalizar e tratar todos igualmente, o que é bom para alguns poderá ser veneno para outros. Conforme Ben-ta, “a ausência de minerais permite o aparecimento de sintomas descon-
fortáveis, que podem não ser detec-táveis em exames convencionais, mas sentidos pelas pessoas acometidas dessas disfunções”.
Depois de realizados alguns testes para ver a necessidade ou não
Conforme a terapeuta, o que é bom para alguns pode ser veneno para outros
Crédito: Arquivo Pessoal
56
Comunicando / Março 2011
Aterapiabaseada
no equilíbrio
de nutrientes, também é feita uma minuciosa avaliação da personalida-de do indivíduo, que é correlacionada com sintomas e comportamentos.
A partir desses dados, caso seja necessário, é estabelecido um pro-grama de suplementação com subs-tâncias naturais para restituir o equilí-brio orgânico. “Seu principal objetivo é reforçar a vitalidade das células sem efeitos tópicos, propiciando o reequi-líbrio natural do organismo sem ne-nhuma contra indicação ou efeitos colaterais.”
As substâncias utilizadas como suplemento no tratamento são, na maioria das vezes, substâncias que existem normalmente no organismo: vitaminas, sais minerais, aminoáci-dos, lipídios, hormônios, antioxidan-tes. A Terapia Ortomolecular, ou de Oligoelementos, baseia-se na reposi-ção de minerais, sob forma de gel, vi-taminas, aminoácidos, fitoterápicos, aloe vera e ácidos graxos.
Os sintomas mais comuns e mais tratados nas mulheres sao, se-gundo Benta, “o estresse, a irritabili-dade, o cansaço físico e mental e os medos”. Para cada um deles, um tra-tamento diferenciado: “Como cada pessoa é única, fica difícil padronizar.
Depende do tipo de estresse, se vem do medo, de ansiedade ou de uma situação de pressão. Deve-se analisar muito bem a paciente para que a terapia seja bem sucedida. Também é preciso que a pessoa faça o tratamento corretamente e não pare antes do tempo. O resultado será excelente.”
A Ortomolecular é uma espe-cialidade que procura levar a todos a chance de ter uma vida saudável, rea-tivando as enzimas para um envelhe-cer com saúde e bem-estar. Pode se ter como benefícios: desintoxicação do organismo, emagrecimento, sono reparador, motivação, calma da an-siedade, diminuição do estresse, me-
– Acordar cedo; – Levantar cedo;– Praticar alguma atividade física;– Alimentação equilibrada (produtos integrais, verduras, frutas, água, etc.);– Ter momentos de lazer (o lazer é a válvula de escape do estresse);– Procurar estar em paz com tudo e todos (não deixar conflitos para resolver depois);– Procurar ver sempre o lado bom das coisas.
lhora a memória, maior bem-estar, elasticidade da pele, fortalecimento das unhas e dos cabelos.
Além disso, melhora a capaci-dade de apreensão e assimilação de informações, em resumo, retarda o envelhecimento. O indivíduo, tam-bém precisa mudar seu estilo de vida (sedentarismo) e hábitos alimentares. É sabido que pessoas obesas costu-mam ter níveis baixos de serotonina (neurotransmissor da felicidade, que é formado principalmente por meio dos carboidratos). As pessoas com obesidade costumam ter alterações nos níveis de serotonina e precisam de açúcares para compensar. Isso es-timula o consumo de carboidratos. A suplementação é necessária porque é cada vez mais difícil conseguir uma alimentação balanceada. “Há um tabu que afirma que a ortomolecular precisaria de altas doses por dia, para surgir efeito, na verdade, na maioria das vezes, basta uma só dose diária”, conclui Benta.
57Comunicando / Março 2011
Dicas para uma vida mais tranquila
A Comunicando entrevistou a terapeuta Raquel Bea-
triz Piva, que atua há 15 anos em terapia de florais, e nos traz
curiosidades sobre o assunto.
COMUNICANDO – Existe algum floral para ter em
casa?
Raquel Piva – Existem florais de emergência que po-
dem atenuar momentos de crise, mas, no geral, o floral é in-
dicado para cada pessoa de acordo com a sua personalidade.
COMUNICANDO – O tratamento floral demora em
surtir efeito?
Raquel – O tratamento floral tem efeito imediato, no
entanto nem sempre a pessoa está aberta à observação das
mudanças iniciais que ocorrem. A recusa em deixar velhos
hábitos, o “conforto” que encontra no sofrimento (pois já
é conhecido) ou na atenção que recebe, podem ser fatores
que travam a percepção da melhora. Muitas vezes, só querer
alívio imediato e não analisar o que trouxe a dor.
COMUNICANDO – Quais as indicações para ter uma
vida mais equilibrada?
Raquel – Ser verdadeiro consigo mesmo, respeitar os
limites do meu emocional até que ele esteja fortalecido, ab-
dicar de conceitos depreciativos, evitar usar o outro como
desculpa para suas frustrações, são propósitos que a pessoa
que procura o tratamento floral deve estar ciente, assim sua
melhora será mais rápida e visível.
“Para preencher a lacuna instalada no coração, na mente e na alma das pessoas, os florais aparecem como espécies de ‘remédios’ contra as inquietações e desarmonias internas, quecomprometem a saúde da pessoa.” Raquel Piva
Crédito: Arquivo pessoal
Terapeuta floral Raquel Beatriz Piva
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Comunicando / Março 2011
Estresse, cansaço, ansiedade, medo, pânico, solidão, insegurança, ciúme, problemas de relacio-
namento em casa ou no trabalho, além de angústia, depressão, desespero e crises em diferentes fases
da vida , tabagismo, alcoolismo, drogas, dificuldades na escola e uma série de conflitos internos ou ex-
ternos, vêm se tornando responsáveis por distúrbios físicos e mentais que afetam cada vez mais pessoas.
A doença manifestada no físico nada mais é do quem um desequilíbrio existente na psique. A
energia curativa dos florais é sutil, pois ela é a memória que a planta tem das condições que culminaram
na floração. Essa memória, quando utilizada na forma de florais, trata o desequilíbrio emocional que
trouxe a doença para o físico, não simplesmente apagando a dor, mas fortalecendo a emoção positiva
para que a própria pessoa entre em sintonia consigo. Na terapia floral, o histórico da pessoa mostra
como ela reage a determinadas situações cotidianas, como seu pensamento colabora para a saúde ou
para adoecimento. A doença que a pessoa apresenta pode ser benéfica, pois mostra qual o caminho
para trabalhar o interior e a emoção que deve ser fortalecida.
Aessênciados florais
Reprodução
A fitoterapia tem se tornado cada vez mais popular entre os povos de todo o mundo. Há inúmeros me-dicamentos no mercado que utilizam em seus rótulos o termo “produto natural”. Produtos à base de ginseng, carqueja, guaraná, confrei, ginko bilo-ba, espinheira santa e sene são ape-nas alguns exemplos. Eles prometem, além de maior eficácia terapêutica, ausência de efeitos colaterais.
Grande parte utiliza plantas da flora estrangeira ou brasileira como matéria-prima. Os medicamentos à base de plantas são usados para os mais diferentes fins: acalmar, cicatri-zar, expectorar, engordar, emagrecer e muitos outros. É essa utilização das plantas para o tratamento de doen-ças que constitui, hoje, um ramo da medicina conhecido como fitotera-pia.
Apesar de ser considerada por muitos como uma terapia alternativa, a fitoterapia não é uma especialida-de médica, como a homeopatia ou a acupuntura; ela se enquadra dentro da chamada medicina alopática. A terapeuta Lea Bachi Tódero acrescenta: “A cada dia, as plantas ganham espaço como aliadas no reequilíbrio físico do ser humano, estimulando as defesas naturais do orga-nismo”.
Como método terapêu-tico, explica Lea, “a fitoterapia
faz parte da medicina natural e tem o poder de transformar o organismo das pessoas de maneira fantástica”. Ao terapeuta, diz, cabe entrevistar a pessoa, buscando informações sobre sua condição física atual, doenças pre-gressas, alergias e estado emocional. “Assim, ele pode indicar o melhor mé-todo de tratamento, que é individuali-zado, porque as pessoas têm necessi-dades diferentes umas das outras.”
Léa acrescenta: “As mulheres, normalmente são mais sensíveis no sistema geniturinário, o que faz com que elas busquem na terapia alterna-tiva, meios de atenuar sintomas rela-cionados a TPM, um incômodo muito presente nos dias atuais. Também devido a muitos fatores da vida mo-derna, a menopausa tem acarretado uma explosão de sintomas como de-pressão, insônia, diminuição da libido e muitos outros.”
Por muito tempo quase não se ouviu falar sobre o valor curativo das plantas medicinais, a tal ponto que as pessoas jovens quase nem conhe-cem esses recursos. Mas hoje há um
novo despertar em toda parte e uma grande procura desses recursos, seja por necessidade financeira, seja por desilusão com outros tratamentos que não resolvam o problema das doenças e ainda intoxicam o organismo.
Fonte: Nutrição Orientada,
de Durbal de Lima.
59Comunicando / Março 2011
Terapeuta Léa Bachi Teodoro
Crédito: Arquivo pessoal
– Ingerir alimentos sau-dáveis;– Beber muita água;– Fazer exercícios regu-larmente;– Alimento funcional muito indicado para a boa função dos intesti-nos é a semente de linha-ça, que também propicia boa saúde aos cabelos, unhas e pele.
DICAS
Repr
oduç
ão
Fitoterapia,a farmácia divina
“A moda não é algo presente apenas nas roupas. A moda está no céu, nas ruas, a moda tem a ver com ideias, a forma como vivemos, o que está acontecendo.”
Coco Chanel
S egundo o dicionário Aurélio, a palavra con-
sumo significa: “Uso que se faz de bens e
serviços produzidos. (Se o consumo aumen-
ta em razão da produção, esta é igualmente esti-
mulada pelo consumo.)”. A partir desta premissa
podemos constatar a relevância do ato de consu-
mir em nossa sociedade. O comportamento rela-
tivo à compra é moldado não só pelos estímulos
pessoais, mas também pela propaganda, veículos
de comunicação e apelos visuais que nos cercam
por todos os lados.
Em seu livro O império do efêmero – A moda
e seu destino nas sociedades modernas, Gilles Li-
povetsky afirma que pode-se caracterizar empirica-
mente a sociedade de consumo por diferentes tra-
ços, que vão desde a abundância das mercadorias
e dos serviços, a busca da elevação do nível de vida,
até o culto por objetos e pelo lazer, o que se confi-
gura na moral materialista.
As grandes redes de comunicação também
colaboram para a perpetuação de falsas imagens
e estereótipos de beleza. Espelhando-se nisso,
as mulheres, que são consumistas em potencial,
cultivam uma imagem equivocada do que seria o
belo, pois se baseiam numa ilusão, sustentada por
produtos e por conceitos de beleza distorcidos por
imagens manipuladas pelos mais modernos sof-
twares. Nesse âmbito a dona da loja Leni, de Flores da Cunha,
Lenita Novello, e uma de suas clientes consumistas, Valeska Fin-
ger, retratam suas percepções sobre a moda e a influência dela
em suas vidas.
Da compra consciente à doença há um caminho tortu-
oso, pois o consumo de moda possui as mais diversas facetas,
que se caracterizam na vaidade, nos hábitos e até no descon-
trole, que leva à doença. Para abordar as questões psicológicas
ligadas à moda e ao consumo, nesta edição contamos com o
parecer da psicóloga Vanessa Castilhos Susin.
No contexto do universo feminino, outro aspecto rele-
vante é a opinião masculina a respeito do comportamento das
mulheres com relação à moda. O locutor da rádio Atlântida,
Mauricio Pretto, jornalista e vaidoso declarado, fala nesta edi-
ção da Comunicando sobre o mundo feminino e sobre sua pró-
pria vaidade.
Propaganda Levi’s veiculada em 2008
Moda e consumo
Vaidade e compras: combinação perigosa
A vaidade é um tema recorrente
no mundo da moda. A globa-
lização e o acesso rápido à in-
formação colaboraram para que os es-
tímulos à compra sejam cada vez mais
intensos e persuasivos. Além do com-
portamento, a moda e o consumo têm
provido a constante atualização da in-
dústria e do comércio, rumo à grandes
volumes de produção e venda. Neste
contexto, a empresária Lenita Novello,
atuante no ramo de moda há mais de
15 anos em Flores da Cunha, concedeu
entrevista, na qual expressa suas per-
cepções acerca da moda como negócio.
Flores da Cunha está localizada
no interior do estado do Rio Grande do
Sul e possui cerca de 27 mil habitantes.
Nesse cenário, podemos visualizar uma
cidade calma e com pouca movimenta-
ção. Porém, o poder aquisitivo da gran-
de maioria dos florenses é alto e mo-
vimenta o comércio da cidade. Lenita,
proprietária de uma loja de vestuário,
afirma que 90% de seus clientes são mu-
lheres entre 18 e 50 anos. Tradicional, a
loja Leni comercializa as mais novidades
do mundo da moda, por trabalhar com
marcas renomadas, o que mantém seu
público entre as classes sociais A e B.
Segundo a proprietária, seus
61Comunicando / Março 2011
“As clientes compulsivas,no início, são ótimas clientes,mas com o tempo demonstramseu desequilíbrio.“
tes, mas com o tempo demonstram seu
desequilíbrio e acabam se endividando
seriamente por comprarem mais do
que podem. Os casos que acompanhei
em minha loja foram 100% com clientes
mulheres.”, afirma.
A grande
preocupação com
a vaidade, nem
sempre é o gran-
de motivo das
compras excessi-
vas das mulheres,
segundo Lenita.
“Um determinado
problema causa essa neurose. Muitas
vezes a compulsão surge por causa de
problemas familiares, com marido ou
namorado, ou mesmo relacionados a
sexo. Afirmo isso devido aos relatos das
clientes. “A compradora compulsiva não
pensa só na vaidade, pois muitas vezes
sequer usa tudo o que compra”, conclui.
Lenita Novello
Crédito: André Caldart
clientes são moderados na frequência
de compras, mas existem também ex-
ceções consumistas ao extremo. Lenita
hoje possui poucas clientes desenfrea-
das por compras e, consequentemen-
te, devedoras, por
aplicar um sistema
de cobranças mais
rígido em seu esta-
belecimento. “De-
vido ao antigo sis-
tema de cobrança
e aos clientes que
eram compulsivos,
ou mesmo doentes,
obtivemos grandes
prejuízos”, conta. Ainda segundo ela,
a compulsão para comprar é uma do-
ença, pois a compra acontece por
impulso e a pessoa, mesmo
comprando muito, não se
satisfaz. “As clientes
compulsivas, no iní-
cio, são ótimas clien-
62
Comunicando / Março 2011
Amente de uma pessoa vicia-
da em compras intriga e gera
muitas dúvidas sobre como
evitar a compulsão e seus extremos. A
personal stylist Valeska Finger comenta
sobre sua mania de
consumo.
Além de tra-
balhar com moda,
ela também tem
um salão de beleza
e sua paixão pelo novo e moderno está
presente em todos os quesitos de sua
vida.
Quanto à mania de consumo,
Valeska a descreve como algo que fi-
cou na lembrança. Para ela, o consumo
a fazia se sentir igual às outras mulhe-
res “Se eu não tivesse algo que outra
mulher tinha, eu me sentia inferior”,
afirma.
Para ela, a
mania com com-
pras e roupas vem
de família. “Minha
mãe é bem pare-
cida comigo, com
muita imaginação
para criar e se vestir. Minha avó era
costureira e por isso também era muito
inovadora quanto às roupas. Até minha
bisavó tinha esse hábito, porém não
com relação às roupas e, sim, com a or-
ganização da casa”.
“Se eu nao tivesse algo que outra mulher tinha, eu me sentia inferior.”
Hoje, Valeska faz tratamento
com uma psicóloga e afirma comprar
somente o que lhe atrai muito e com a
consciência de que irá usufruir do pro-
duto adquirido.
O acompanhamento psicológi-
co e sua visão acerca da preservação
ambiental, a fizeram controlar a com-
pulsão. Ainda segundo ela, o consumo
exagerado fazia com que muitas peças
compradas não fossem usadas, o que
tornou seu quarto uma montanha de
roupas sem finalidade. Para Valeska,
seu psicólogo não sabe ao certo se ela
é compulsiva ou muito exigente. Seu
quarto, por exemplo, sofre modifica-
ções semanais na posição de mobiliário
e enfeites, devido à sua inquietude e
criatividade.
Créd
ito: A
ndré
Cal
dart
Valeska Finger
Do hábito à doença
Para esclarecer as questões psi-
cológicas acerca da moda e do
descontrole nos hábitos de con-
sumo, Vanessa Castilhos Susin, psicólo-
ga com formação psicanalista que aten-
de na área clínica, classifica os sintomas
e aborda soluções. Muitas mulheres
compram para obter status, modismo,
ou pelo prazer que a experiência lhe
proporciona. Mas há um limite tênue
entre o que é considerado como um
comportamento normal e quando este
passa a ser uma compulsão.
Para Vanessa “o transtorno pode
se originar por vários fatores. Na verda-
de, a origem tem a ver com a história
de cada sujeito, com as vivências de
cada um. Os motivadores podem ser
situações ou fatos que se enlaçam com
marcas que o indivíduo tem dentro de
si o que detona as crises de compulsão
por compras”.
Segundo a literatura, a mania de
consumo é vista como uma compulsão
denominada por Transtorno do Com-
prar Compulsivo (TCC), ou também
conhecida por Oniomania. Evidencia-
se esse transtorno normalmente no
início no final da adolescência ou nos
primeiros anos da segunda década de
vida, o que pode estar relacionado com
a emancipação financeira e a abertura
de contas com a oferta de crédito.
É importante diferenciar as com-
pras normais das descontroladas. A
diferença não está na quantidade de
dinheiro gasto em relação à renda do
indivíduo, mas sim no nível de angús-
tia e preocupação decorrentes do ato.
Para Vanessa “as pessoas que possuem
esse transtorno possuem uma angús-
tia muito grande e quando ocorre um
transbordamento agem compulsiva-
mente para descarregar toda a ansie-
dade e sofrimento oriundos dessa an-
gústia”.
O TCC é um comportamento crô-
nico e repetitivo, cujas crises não são
necessariamente frequentes e ocorrem
em resposta a eventos ou sentimentos
negativos. As pessoas com este trans-
torno descrevem um crescente nível
de ansiedade que somente é aliviado
quando realiza uma compra. Porém,
após a aquisição de algum item, segue-
se um sentimento de decepção ou de-
sapontamento que leva, muitas vezes,
a que este o esconda. Os maiores alvos
das pessoas que possuem esta compul-
são são vestuário, sapatos, jóias, ma-
quiagem e CDs.
Segundo Hermano Tavares, pes-
quisador do Instituto de Psiquiatria do
Hospital de Clínicas da USP, há estudos
relevantes que apontam que a aquisi-
ção destes itens pelas mulheres é mo-
tivada pela necessidade de identidade
pessoal e social. Quem está compran-
do compulsivamente deve realizar uma
avaliação com um psicólogo para que
este faça o diagnóstico e defina o trata-
mento mais indicado ao paciente.
A psicóloga Vanessa comenta
que os pacientes buscam ajuda em um
momento de grande angústia, seja por
estar comprando compulsivamente ou
por outras compulsões. Com relação
ao diagnóstico, ela afirma que “na psi-
canálise existe uma diferença muito
importante entre sintoma e transtor-
no. No entanto, esta é uma diferença
tênue e o diagnostico só pode ser feito
ao ouvir o paciente, analisando o con-
texto em que está inserido”. Quanto ao
tratamento, Vanessa julga ser necessá-
rio realizá-lo de forma multidisciplinar.
E complementa: “Quando o paciente
está apresentando risco a si mesmo,
o psicólogo deve encaminhá-lo a um
psiquiatra para associar medicação ao
tratamento de modo a auxiliá-lo a se
estabilizar e conseguir pensar sobre
seus atos”.
63Comunicando / Março 2011
“É importante diferenciaras compras normais das descontroladas.”
Crédito: Siara Salvagni
Vanessa C. Susin
Compulsão e tratamento
64
Comunicando / Março 2011
Oato de comprar teve início com
a criação da moeda. Mas foi
a industrialização, a partir da
Revolução Industrial, que possibilitou a
produção de uma diversidade e volumes
de produtos impensáveis durante o perí-
odo artesanal. Vivemos numa sociedade
de consumo onde a publicidade nos faz
acreditar que precisamos comprar para
suprir as “necessidades” criadas pela
mídia. Produtos tendem a ser descartá-
veis e facilmente substituídos por outro
novo, último lançamento. Sem perceber,
acabamos envolvidos por uma onda de
consumo que não cessa. Para discutir
esta questão por meio de um a visão dife-
rente, nada mais interessante que ouvir
a opinião de um homem a respeito dos
hábitos de consumo atuais, bem como
sobre o tema vaidade.
A indústria cosmética investe cada
vez mais no ramo dos produtos masculi-
nos, que tem se mostrado um nicho de
mercado rentável, devido ao seu cons-
tante crescimento. Essa demanda está
atrelada à vaidade, que deixou de ser
característica apenas das mulheres, in-
vadindo as nécessaires masculinas. Esta
evolução conceitual acerca da vaidade,
fez com que o homem mudasse o seu
modo de pensar e agir, mostrando-se
mais interessado sobre tratamentos es-
téticos como depilação, manicure e pedi-
cure, antes restritos às mulheres.
O jornalista Maurício Pretto, locu-
tor da Rádio Atlântida, se considera uma
pessoa vaidosa e comenta que precisa e
gosta de estar sempre bem apresentável,
pois é uma pessoa pública. Ele cuida mui-
to do cabelo e, por ser fã de Elvis Presley,
não nega o famoso topete. Muitos ho-
mens gostam de se olhar e admirar em
frente ao espelho e Maurício é um deles,
pois comenta que leva cerca de 40 minu-
tos para escolher as roupas que irá vestir
e arrumar o cabelo. Para ele, homens vai-
dosos gostam de mulheres vaidosas, que
se cuidam. “Mulheres vaidosas e perfu-
madas são fantásticas, mas sem futilida-
des. Ser extremamente ligada à vaidade
faz a pessoa negligenciar seu interior,
transformando o seu jeito natural de ser
em algo artificial”, conclui Maurício. So-
bre seus hábitos de consumo ele afirma
gastar conforme sua necessidade de ino-
var, controlando os impulsos.
Como pode-se ver, os investimen-
tos do público masculino em roupas, per-
fumes, cremes e tratamentos estéticos
representam uma grande fatia do merca-
do de produtos de saúde e beleza, fazen-
do com que as indústrias voltem o olhar
não só para o universo feminino. Com
isso, criam-se novas estratégias e meios
de conquistar o consumidor e fazê-lo
acreditar que o consumo é algo primor-
dial para o seu bem estar.
Maurício Pretto
Créd
ito: A
ngel
o Co
ffy
Uma opinião masculina
O comportamento é algo que,
cada vez mais, vem sendo estu-
dado pelas diversas áreas da Psi-
cologia. Vários são os temas e, entre eles,
as finanças comportamentais entram de
forma definitiva na pauta de especialis-
tas e consultores, o que abre excelente
precedente para se relacionar decisões
financeiras e sentimentos. Afinal, as pes-
soas são racionais só quando querem e
adoram justificar péssimas escolhas.
De acordo com Marcos Fernando
Martini, supervisor comercial de uma im-
portante empresa multinacional, as pes-
soas, a cada dia, estão comprando mais
por impulso. Compram artigos que não
são necessários simplesmente para sa-
tisfazer algo que nem elas mesmo sabem
o que é. “As pessoas, e especialmente as
mulheres, passam pelas vitrines das lojas
e acabam entrando para ‘dar uma olhadi-
nha naquela promoção’ e é raro não saí-
rem de lá com alguma coisa que nem sa-
bem se irão utilizar, só pelo simples fato
de estar em promoção. Muitas vezes aca-
bam comprando por impulso e se endi-
vidando por esse consumo exacerbado.”
Existem diversas formas de não
comprar por impulso. Uma delas é car-
regar o dinheiro contado para a compra
desejada. Os cartões de crédito e débito
também podem ser usados, pois emitem
uma nota para conferência que serve de
alerta para os gastos efetuados, mas nem
sempre são utilizados da forma correta.
Martini ressalta que muito desse
consumismo se explica a uma questão
cultural da sociedade. Ela “impõe” algu-
mas regras e as pessoas acabam se acos-
tumando com isso e querendo sempre
mais. A mídia, já citada anteriormente,
também tem uma grande influência so-
bre esse consumismo desenfreado, di-
tando modas que passam a ser quase que
obrigatórias em nosso meio social.
Outro fator que leva a um grande
consumismo feminino está ligado ao ape-
lo psicológico, à falta de carinho. As mu-
lheres, na ânsia de preencher um “espaço
vazio”, acreditam que o prazer material e
o ato de comprar irá substituir qualquer
65Comunicando / Março 2011
sentimento de culpa ou tristeza.
O supervisor enfatiza que uma
possibilidade de amenizar este problema
seria relacionar alguma orientação finan-
ceira desde a idade escolar. Muitas vezes
a criança, ao olhar para as atitudes dos
adultos e acreditar que são corretas, aca-
bam cometendo os mesmos erros. Com
o passar do tempo, criam-se consumistas
compulsivos pelo simples fato de não te-
rem sido educados ou orientados de uma
forma diferente, desde a infância.
Crédito: Daiane Basso
Marcos F. Martini
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