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Page 1: Comunicando - Julho-Dez 2010

UNIVERSO

FEMININO

COMUNICANDORevista Laboratório do curso de Comunicação Social

Relações Públicas da Universidade de Caxias do Sul | 2º semestre de 2010

Page 2: Comunicando - Julho-Dez 2010

VIVER UMAUNIVERSIDADECOMO A UCSFAZ TODAA DIFERENÇA.

www.ucs.br

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VIVER UMAUNIVERSIDADECOMO A UCSFAZ TODAA DIFERENÇA.

www.ucs.br

Page 4: Comunicando - Julho-Dez 2010

Editorial

No decorrer das páginas buscamos apresentar

as diferentes características do amplo universo

feminino. A mulher que hoje submete-se aos

apelos do marketing e das imposições da sociedade por

um corpo perfeito à perspectiva moderna de vida, dos

desejos ilimitados; a visão daquelas que chegam à me-

lhor idade, que vivem descobrindo novos valores, que

procuram viver intensamente com planos e expectati-

vas, com tamanha participação no cotidiano e, princi-

palmente, que intensificam os cuidados com a beleza e

a boa aparência.

Mulheres decididas, persistentes, delicadas e

empreendedoras, vantagens que fazem a diferença no

mundo corporativo atual; mulheres que buscam atingir

o equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal.

Mulheres que conciliam o tempo entre ser mãe

e ser mulher. Que encontram satisfação além dos cui-

dados com a casa e a família, mas que sentem o tempo

passar mesmo sem poder desfrutar totalmente do que

é ser mãe.

Nesta edição, a COMUNICANDO buscou conver-

sar com diversas mulheres que relatam as suas conquis-

tas, seus desejos, suas aspirações e que diariamente

buscam o seu lugar na sociedade.

Créd

ito: R

amon

Mun

hoz

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Universidade de Caxias do Sul

Revista Laboratório do curso de Comunicação Social

Habilitação em Relações Públicas

Ano 10 | n• 54 | segundo semestre de 2010

Universidade de Caxias do Sul

Rua Franscisco Getúlio Vargas, 1130

Bloco T (CETEL)

CEP: 95070-560 – Caxias do Sul, RS , CP 1352

Fone: 54 3218.2100

www.ucs.br/cchc/deco

ExpedienteReitor: Prof. Isidoro Zorzi

Vice-Reitor: Prof. José Carlos Alvino

Pró Reitoria Acadêmica: Evaldo Antônio Kuiava

Diretora do CECC: Profª. Marliva Vanti Gonçalves

Coordenadora de Relações Públicas: Profª. Tassiara Baldissera

Camatti

Disciplina: Projeto Experimental IV – Produção Gráfica

Prof.: Dinarte Albuquerque Filho

Projeto Gráfico: Débora Luiza Krauspenhar, Kaila Stedile Grisa,

Ketlyn Zim, Michele Seefeld e Vanessa Birk.

Reportagem e diagramação: Ana Paula Villa, Andre Caldart, An-

dreia Bernardi Contin, Andria Tedesco, Angélica Senter, Bruna

de Oliveira, Camila Alexandra Storchi, Clariana Fioreze, Claudia

Favretto, Daiane Basso, Danubia de Oliveira, Débora Luiza Kru-

ger Krauspenhar, Francesca Kosma Marcilio, Kaila Stedile Grisa,

Ketlyn Muniquy Zim, Larissa Lys Vedana Caetano, Luciane Fer-

nandes Paim, Magali Sebben, Michele Aline Seefeld, Milena

Folchini Ribas, Natalia Albe do Amaral, Paula Bettiato Visonan,

Siara Dalcin Salvagni, Vanessa Conci e Vanessa Regina Birk.

Impressão: Gráfica UCS

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“Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento.”

Kim Mac Millen & Alison Mac Millen

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As mulheres no mercado de trabalho

As mulheres percorreram um longo caminho até

conquistarem respeito e seu espaço no mer-

cado de trabalho. Sua luta iniciou-se ngrandes

guerras mundiais, quando muitas mulheres tiveram que

assumir o controle da família, enquanto seus maridos

serviam ao exército.

Após a guerra, muitas delas se tornaram viúvas.

Outras, tiveram de volta seus maridos mutilados. Com

isso, tiveram que tomar conta, efetivamente, dos ne-

gócios da família. A partir da consolidação do sistema

capitalista, por volta do século 19, ocorreram mudanças

no cenário produtivo empresarial e muitas mulheres fo-

ram inseridas como mão de obra nas fábricas.

A partir de então, novas leis foram regulamenta-

das para garantir melhores direitos à mão de obra femi-

nina. Conforme artigo 7º – XXX, da Constituição Federal,

os trabalhadores têm assegurados seus direitos à “proi-

bição de diferença de salários, de exercício de funções e

de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor

ou estado civil” e também à “proteção do mercado de

trabalho da mulher, mediante incentivos específicos,

nos termos da lei”.

Gradativamente, as mulheres ocupam seu espa-

ço no mercado de trabalho. Em pesquisa realizada em

1995, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), ao longo de 20 anos houve acréscimo na partici-

pação das mulheres no mercado de trabalho. Conforme

observado através dos dados da Pesquisa Nacional de

Amostra por Domicílio – PNAD (2005), no ano de 1973,

apenas 30,9% da população economicamente ativa do

Brasil eram do sexo feminino. Em 1999, elas já repre-

sentavam 41,4% do total da força de trabalho, aproxi-

madamente 33 milhões de mulheres. Quatro anos de-

pois, mais 62 mil mulheres ingressaram pela primeira

vez no mercado, aumentando a participação em 1,1%.

A mulher economicamente ativa também está

alterando a forma com que os produtos e serviços são

desenvolvidos, comercializados e distribuídos. Além

disso, a nova condição econômica das mulheres motiva

a criação de produtos e serviços especificamente volta-

dos para elas como, por exemplo, o desenvolvimento

da indústria de cosméticos e da moda.

Barreiras foram vencidas, paradigmas foram

quebrados e, hoje, as mulheres ocupam cada vez mais

espaço dentro de grandes empresas e organizações.

Portanto, o universo feminino se estende além das pa-

redes do lar e dos cuidados à família.

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Empreendedoras

Devido à cultura do nosso País e a

questões históricas, os homens

sempre foram a maioria dos em-

preendedores no Brasil; porém, essa rea-

lidade está em transformação. O núme-

ro de mulheres empreendedoras cresce

espantosamente, principalmente pelas

características diferentes dos homens

que se sobressaem no quesito empreen-

dedorismo. Muitas mulheres têm recor-

rido ao seu espírito empreendedor para

garantir melhores condições financeiras

e também para dispor de maior liberda-

de para administrar a casa, a família e a

vida social.

De acordo com a revista Pequenas

Empresas & Grandes Negócios (2010), “a

tendência é que isso aconteça cada vez

mais, já que as mulheres estão derru-

bando barreiras e avançando em setores

tradicionalmente masculinos, como os da

construção civil e da alta tecnologia”. Es-

tudos feitos pelo Centro para a Liderança

Feminina, do Babson College, com sede

em Boston, nos Estados Unidos, aponta-

vam que 30% dos novos empresários no

mundo são mulheres. No Brasil, de cada

100 brasileiras, 13 estão à frente da pró-

pria empresa.

Os ótimos números colocam o

país na sétima posição do ranking mun-

dial de mulheres empreendedoras, com

cerca de oito milhões de donas do pró-

prio negócio, de acordo com a pesquisa

realizada pelo Global Entrepreneurship

Monitor (GEM), levantamento interna-

cional coordenado pela London Business

School e pelo Babson College.

Outra pesquisa, realizada pela

consultoria Rizzo Franchise, aponta que

as franquias tocadas por mulheres –

elas somam 56 mil representantes nos

mais diversos setores – apresentaram

em 2008 um faturamento 32% superior

àquelas comandadas por homens. A ren-

tabilidade média feminina também foi

maior: 28% acima da rentabilidade dos

franqueados homens. Para Marcus Rizzo,

autor da pesquisa, os motivos que levam

as mulheres a faturar mais estão ligados

às características de liderança feminina

para os negócios.

De acordo com uma publicação no

www.sucessonews.com.br, ainda é maio-

ria as mulheres que empreendem vislum-

brando o sustento do que as que acham

uma oportunidade de mercado. Muitas

mulheres precisam conciliar as ativida-

des de casa com as profissionais, e, por

ser uma atividade mais flexível, ter um

empreendimento se torna uma atividade

secundária e uma forma de complemen-

tar a renda.

Além disso, muitas mulheres ain-

da possuem uma jornada dupla de tra-

balho e, consequentemente, estão mais

suscetíveis ao estresse de uma carreira

profissional. Geni Peteffi, economista e

vereadora de Caxias do Sul por seis man-

datos consecutivos, compartilha desta

questão quando aponta que “nós, mu-

lheres, temos de exercer as funções com

sensibilidade, dedicação e competência,

mesmo tendo na maioria das vezes três

jornadas de trabalho em apenas um dia”.

Flúvia: “Quem faz o ambiente somos nós...”

Crédito: Júlio Soares/FotoObjetiva

Mesmo que as mulheres dedi-

quem-se tanto ao trabalho quanto o

homem, quando voltam para casa, ins-

tintivamente, dedicam-se com a mesma

intensidade ao trabalho doméstico. Fúl-

via Stedile Angeli Gazola, da Dolaimes Co-

municação e Eventos, concorda com esta

posição e afirma: “Quem faz o ambiente

somos nós, independente de sermos ho-

mens ou mulher.”

As mulheres possuem melhor ca-

pacidade na formação de equipes, são

mais comunicativas, persistentes, aten-

tas aos detalhes e são mais abertas a mu-

danças. Apesar de serem consideradas

sentimentalistas, agem com mais razão

na tomada de decisões, ao contrário dos

homens, que costumam agir de forma

prática e impulsiva.

Na opinião de Marília Rocca, fun-

dadora e diretora-geral do Instituto Em-

9

Comunicando / Março 2011

No mundo 30% dos novos

empresários são mulheres.

No Brasil, 13% estão à frente

da própria empresa.

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preender Endeavor, o sucesso dos em-

preendimentos liderados por mulheres

se deve ao fato de que “a mulher já tem o

papel de mãe, dona de casa, esposa, ami-

ga… Com tantas responsabilidades em

mãos, é natural que ela seja mais conser-

vadora do que o homem na hora de abrir

um negócio”, pondera.

Lisete Alberici Oselame proprie-

tária da empresa Interface Comunicação

e Eventos, também vê o mercado e o

ambiente mais propício para empreen-

dimentos liderados por mulheres, já que

“as mesmas estão mostrando competên-

cia e comprometimento na condução das

empresas”.

As mulheres empreendedoras ge-

ralmente mantêm com maior facilidade o

foco no trabalho, agem com persistência,

dedicação e entusiasmo. E ainda usam

todas as peculiaridades femininas a seu

favor para fazerem diferença e se torna-

rem empreendedoras de sucesso.

Este é o caso de Liane Costa, que

fundou a Livraria Liceis em 1990, em

meio a uma enorme crise econômica,

por acreditar que é na crise que surgem

as oportunidades. Ela é um exemplo de

Em 1978 as mulheres ganhavam

33% menos do que os homens

Hoje essa diferença caiu para

16%

Fonte: Revista Você S/A, junho de

2009

mulher empreendedora que soube

administrar os obstáculos como de-

graus de crescimento e não desani-

mou frente às adversidades do mer-

cado. “Somos guerreiras, sabemos o

que queremos e temos credibilidade

quando o assunto é inovação, perse-

verança, esforço e fé em nosso traba-

lho”, destaca Liane.

Liane acrescenta que a livra-

ria surgiu do sonho de um negócio

próprio. “Fundei a minha empresa

no bairro São José, em Caxias do Sul,

quando todos me diziam que eu de-

veria ir para o centro da cidade. Mas

acreditei no meu potencial e comecei

o processo de descentralização do co-

mércio, justamente porque no meu

bairro não havia papelaria/livraria”.

Atuando também como diretora

do Sindilojas de Caxias do Sul há 11 anos,

Liane soma os louros da sua iniciativa.

“Fomos case de sucesso por quase dois

anos pela Univarejo/Sindilojas, selo de

qualidade bronze pelo Sindilojas jovem, e

recebi o troféu empreendedorismo femi-

nino em 2007 pelo Sebrae/Microempa.”

As mulheres lutaram por mui-

tos anos para conquistar o seu espaço

no mercado de trabalho e hoje ocupam

cargos ditos masculinos até alguns anos

atrás. Segundo o INSPER, carreiras na

engenharia, administração, economia,

advocacia e medicina foram as que mais

atraíram a força de trabalho feminina nos

últimos 30 anos, o que reflete nos melho-

res cargos ocupados por elas no topo das

organizações.

Apesar disso, de acordo com as

informações da 31ª Pesquisa Salarial e de

Benefícios realizada pela Catho Online,

homens ainda recebem salário até 70%

maior que o oferecido ao sexo oposto.

Porém, como para toda regra existem

exceções, a pesquisa investigou posições

em que a remuneração feminina é maior,

onde destacam-se as professoras com

doutorado, modelistas e gerentes de ho-

téis – mulheres com doutorado podem

ganhar 25% a mais do que homens e mo-

delistas e gerentes de hotéis, 22%.

10 Comunicando / Março 2011

Lisete: “comprometimento na condução...”

Créd

ito: J

úlio

Soa

res/

Foto

Obj

etiva

Crédito: Divulgação

Page 11: Comunicando - Julho-Dez 2010

No âmbito político, as mulheres

começaram a escalar degraus

de poder no mundo ocidental

ainda no século 19, em campanhas pelo

direito ao voto. De acordo com Jardim e

Moreira (2003), os primeiros movimen-

tos em prol das mulheres surgiram em

Manchester (Inglaterra), em 1865, quan-

do foi organizado o primeiro grupo de

mulheres dispostas a lutar pelo direito

do voto feminino. Direito, este, que só

foi outorgado pelo governo inglês em

1928.

O Brasil, por sua vez, passou por

um processo histórico muito específico,

com a marca da escravidão, da estrutu-

ra econômica baseada na monocultura

que se organizava em latifúndios e da

família patriarcal influenciada pelo mo-

delo português. Este podem ser alguns

No poderfatores responsáveis, de acordo com as

duas autoras, pelo forte patriarcalismo

das estruturas sociais, pelo grande pa-

ternalismo ainda hoje vigente em nosso

país, pelo imenso conservadorismo da

sociedade brasileira e pelas enormes di-

ferenças entre homens e mulheres.

As autoras ainda destacam que

as primeiras vozes femininas a desafiar

organizadamente a ordem social vigen-

te foram as sufragistas (mulheres que

reivindicam o direito de voto em as-

sembléias políticas). Na década de 1919,

Bertha Luz, criou a Liga pela Emancipa-

ção Feminina, que, em 1922, passou a se

chamar Federação Brasileira para o Pro-

gresso Feminino. O movimento promo-

veu a entrada da mulher no mercado de

trabalho, a sua participação nas escolas

superiores e a na produção intelectual;

entretanto, faltava o direito ao

voto.

Por muitos anos, a ala

feminina brasileira tinha pou-

ca participação política, pois

os principais direitos políticos,

como votar e se candidatar

eram negados a elas, já que

acreditavam que a família es-

taria para sempre ameaçada,

pois o voto afloraria a concor-

rência entre os sexos e, con-

sequentemente, provocaria a

anulação dos laços sagrados

da família. Foi em 1932, no go-

verno de Getúlio Vargas, que

as mulheres conquistaram o

direito do voto, através de,

segundo Jardim e Moreira,

uma política de influenciar

delicadamente os políticos Manuela: “temos que lutar para mudar a vida...”

Créd

ito: A

sses

sori

a de

Impr

ensa

com entrevistas, campanhas com cartas

e telegramas. Desde então, as mulheres

começaram a quebrar paradigmas e ir

contra os preconceitos machistas. Com

isso, elas vem conquistando as três es-

peras de poder: Executivo, Legislativo e

Judiciário.

Na esfera do Legislativo, Manuela

Pinto Vieira D’Ávila, a deputada federal

mais votada em 2006, se destaca pelas

conquistas no mundo feito de homens

até cerca de 70 anos atrás. Eleita vere-

adora mais jovem de Porto Alegre, Ma-

nuela afirma não ter sofrido preconceito

ao entrar na área pública por ser mulher.

“Posso dizer que senti muito mais o pre-

conceito por ser jovem do que por ser

mulher.”

Manuela afirma que ainda existe

um grande espaço a ser ocupado pelas

mulheres na política e, “por acreditar

que temos que lutar para mudar a vida

do nosso povo decidi enfrentar este pa-

radigma e conquistar o meu espaço jun-

to ao poder público”.

Ainda na política, Geni Peteffi, 64

anos, eleita por seis mandatos consecu-

tivos como vereadora de Caxias do Sul,

acredita que as mulheres podem contri-

buir muito na sociedade principalmente

por terem uma sensibilidade a mais que

os homens. “Essa sensibilidade nos tor-

na mais realistas frente aos problemas.”

Apesar desta conquista, Geni

destaca que “sempre haverão espaços

a serem desbravados e preeenchidos

por mulheres, tanto no exercício de

mandatos eletivos quanto no exercício

de atividades em órgãos públicos. Na

11Comunicando / Março 2011

Page 12: Comunicando - Julho-Dez 2010

Principais conquistas das mulheres na política brasileira

– Em 1932, as mulheres brasileiras conquistam o direito de participar

das eleições como eleitoras e candidatas.

– Em 1933, Carlota Pereira de Queirós tornou-se a primeira deputada

federal brasileira

– Em 1979, Euníce Michiles tornou-se a primeira senadora do Brasil.

– Entre 24 de agosto de 1982 e 15 de março de 1985, o Brasil teve a

primeira mulher ministra. Foi Esther de Figueiredo Ferraz, ocupando

a pasta da Educação e Cultura.

– Em 1988, Luiza Erundina tornou-se a primeira prefeita da cidade

de São Paulo.

– Em 1989, ocorre a primeira candidatura de uma mulher para a

presidência da República. A candidata era Maria Pio de Abreu, do

PN (Partido Nacional).

– Em 1995, Roseana Sarney tornou-se a primeira governadora

brasileira.

– Em 2000, Marta Suplicy elegeu-se prefeita da maior cidade

brasileira, São Paulo.

– Em 2006, Yeda Rossato Crusius tornou-se a primeira governadora

do Rio Grande do Sul.

– Em 2010, Dilma Rouseff é eleita a primeira presidenta do Brasil e a

11ª mulher a comandar um país da América Latina.

Fonte: www.suapesquisa.com

12 Comunicando / Março 2011

iniciativa privada a participação femi-

nina aumentou muito, porém, as mu-

lheres que nela trabalham tem apenas

as atividades equiparadas aos homens.

Quanto aos salários, não se pode dizer

o mesmo.”

Aline Martinelli, delegada de

Flores da Cunha, destaca que sentiu

preconceito por ser mulher e jovem

para o cargo que conquistou com ape-

nas 25 anos. “O cargo, num primeiro

momento dá a ideia de que se exige

força bruta, o que não é verdade, e as-

sim é tido como um cargo ocupado por

homens”, diz.

Entretanto, Aline afirma que o

preconceito é superado com o trabalho.

“No momento em que as pessoas pas-

sam a ver que você tem condições de

desempenhar a profissão eficazmente,

elas passam a te respeitar e a ver com

outros olhos. Eu acredito que existam

tarefas, atividades ou objetivos para os

quais é preciso um pendor especial, mas

tenho certeza que o cargo de delegada

de Polícia não é para quem pode, mas

para quem quer; basta amar o que se faz

e ter força de vontade.”

Aline complementa: a diferença

de trabalho entre homens e mulheres

existe, mas é apenas na força física. “No

aspecto humano, a mulher usa de mais

carinho e observa o lado social”, aponta,

como sendo a única diferença entre os

profissionais homens e mulheres.

Tania Cristina Dresch Buttinger,

juíza de Direito de Flores da Cunha, tam-

bém preferiu seguir sua vocação ao in-

vés de se importar com o preconceito da

sociedade e aconselha que as mulheres

devem continuar a lutar contra os pre-

conceitos sociais, assim como já fazem

há muitos anos.

Percebe-se que a participação

das mulheres na política tem crescido,

mas o domínio ainda é dos homens.

Uma pesquisa divulgada pela União In-

terparlamentar (IPU, sigla em inglês)

com números de toda a América Latina,

revela que a presença de mulheres na

Câmara no Brasil só é maior do que a

do Haiti, da Guatemala e da Colômbia.

Apesar de continuar atrás dos vizinhos,

o número de deputadas no Brasil cres-

ceu entre a legislatura passada e a atual,

passando de 32 para 45. Mesmo assim,

elas ocupam menos de 10% das 513 ca-

deiras da Câmara.

Muito dessa mudança no cenário

político se deve à entrada das mulheres

na representação formal a partir dos

anos 80. Entretanto, a instituição da cota

de 30% para mulheres candidatas nos

partidos não garantiu a efetiva participa-

ção feminina na vida político-partidária,

já que muitas mulheres são incluídas na

disputa apenas para figuração.

Neste cenário destacam-se tam-

bém as mulheres que ganharam espaço

na política brasileira devido às relações

de parentesco. Muitas mulheres ainda

ocupam a vida pública associadas aos

sobrenomes dos maridos e pais, como,

por exemplo, Marta Suplicy, que ficou

conhecida e conquistou seu espaço com

usando o nome do seu marido, o de-

putado e senador, Eduardo Suplicy. En-

tretanto, uma característica comum às

mulheres que entram na vida política é a

adoção de uma postura mais progressis-

ta e mais preocupada com as questões

sociais.

Page 13: Comunicando - Julho-Dez 2010

Elase o contraste social

A Proclamação da República passa

a ser um momento de mode-

los femininos mais reforçados.

Esse período passou a destacar intensas

transformações e mudanças nas elites

femininas que vinham se configurando

no decorrer do século 19. A imagem ide-

alizada das mulheres sofreu mudanças e

intensificações por conta da Proclama-

ção.

Após as crises políticas, as cidades

passaram por inúmeras reformas, que

significaram uma nova elaboração do es-

paço físico – o controle e a segregação

das camadas populares, na tentativa de

afastar a pobreza dos centros urbanos.

Com essa política, as mulheres tiveram

algumas particularidades.

As imagens idealizadas de mulher,

possíveis para as elites urbanas, foram

cobradas das mulheres das camadas po-

pulares, tornando-se assim, referência

para o julgamento de suas demandas e

a aplicação de punições por parte do po-

der público.

As mulheres foram, juntamen-

te com as crianças, importante mão de

obra na indústria nascente. No entanto,

as imagens idealizadas que serviam de

referência de distinção para a elite ur-

bana foram utilizadas como justificativa,

por parte dos empresários, para o pa-

gamento de baixos salários na tentativa

de exclusão das mulheres e crianças do

mercado de trabalho.

A emergência de novas elites

proporcionou a divulgação de imagens

que restringiam as mulheres aos papeis

familiares; no entanto, a divulgação de

tais imagens foi limitada, sendo os novos

modelos adotados por poucas mulheres.

Para a maioria da população feminina,

as condições econômicas não possibili-

taram a identificação das mulheres com

tais imagens. As diversidades culturais

dificultaram a igualdade de comporta-

mentos, que definiam para as mulheres

os papeis de mãe e dona de casa.

13Comunicando / Março 2011

Mas após meados do século 19,

esse cenário começou a modificar-se. As

mulheres passaram a adotar uma postu-

ra mais empreendedora frente ao mer-

cado. Mulheres com algum incentivo ou

poder aquisitivo passaram a organizar

processos e projetar outras expectativas

para as suas vidas. A partir de então, a

população feminina demonstrou uma

quebra de paradigmas frente à imagem

de mulher dona de casa e passou a enga-

jar-se ao mercado de trabalho.

O fator social torna-se, nesse

aspecto, um fator relevante na decisão

de escolha de profissões. Mulheres com

baixa escolaridade tendem a ter menos

oportunidades de empregos, optando

por funções menos empreendedoras

como recepcionistas, faxineiras, babás,

etc. Já as que possuem mais ambição e

melhor acesso à qualificação profissional

configuram para si cargos mais impor-

tantes e, até mesmo, empresas próprias,

disputando seu espaço igualitariamente

com os homens.

Créd

ito: L

ucas

Kra

uspe

nhar

Page 14: Comunicando - Julho-Dez 2010
Page 15: Comunicando - Julho-Dez 2010

“Família! Família!Papai, mamãe, titiaFamília! Família!Almoça junto todo diaNunca perde essa mania...”

(Titãs)

Page 16: Comunicando - Julho-Dez 2010

É fato: as famílias brasileiras estão se transforman-

do. A mudança na estrutura familiar não é um

fator que deriva apenas da percepção humana,

mas está comprovada em dados estatísticos, como os

do Relatório de Desenvolvimento Humano 2010. Em 15

anos, entre 1992 e 2007, o número de casais com filhos,

o estereótipo da família tradicional, caiu 11,2%.

Famílias

A queda deriva do aumento dos novos arranjos

familiares: casais sem filhos, mulheres solteiras, mães

com filhos, homens solteiros e pais com filhos. Porém,

o modelo de família tradicional continua presente entre

aqueles que acreditam no poder da união e de valores

que não perdem sua força, apesar de tanta transforma-

ção.

Page 17: Comunicando - Julho-Dez 2010

Estrutura inabalável

A COMUNICANDO

entrevistou uma

dessas mulheres,

Ana Bonotto, 61 anos, que

além de enquadrar-se no

modelo tradicional de fa-

mília, ainda luta para aju-

dar uma irmã com neces-

sidades especiais.

Isso só ocorre gra-

ças à manutenção de valo-

res que considera funda-

mentais: “A fé, o amor, o

respeito, a compreensão,

a dedicação, a cooperação

e a fidelidade mútua, são

valores que não brotam

repentinamente, devem

ser plantados pelos pais

na educação dos filhos,

para que entendam os benefícios desta

estrutura e possam perpetuar tal filo-

sofia para suas futuras famílias.”

As mudanças nos papéis e nas

relações dos indivíduos em sociedade

são estimuladas por fatores como a po-

lítica, economia, sociedade e cultura,

e podem abalar a estrutura familiar.

Graças à capacidade de ajustar-se às

novas exigências do meio, a família tem

conseguido sobreviver, a despeito das

intensas crises sociais.

Para Ana, “isto só é possível de-

vido à vivência do amor que proporcio-

na à família uma base sustentável para

suportar questionamentos e interfe-

rências das transformações sociais. A

união nesse tipo de família passa a ser

diária, como em um diálogo no almoço,

um conselho ou uma reflexão. Muitas

vezes é constatado em momentos de

dificuldade, contudo, estes momentos

são uma mera amostra de algo semea-

do com o tempo”.

Um rico exemplo de semear o

amor encontra-se no caso desta famí-

lia, que acolheu em seu lar, Ilva, a irmã

de Ana, com necessidades especiais. O

processo de trazer para casa esse fami-

liar acarretou em mudanças na rotina

da entrevistada: “O sentimento de ca-

rinho é muito grande. Muita ternura,

Família de Ana Bonotto

Foto: arquivo pessoal

amor e muita compreensão. Apresen-

tamos, sim, mudanças na rotina, sem-

pre dedicando muita atenção devido à

limitação dela. Este trabalho se torna

gratificante na medida em que senti-

mos o bem estar desta pessoa. Muito

triste seria deixá-la em mãos de tercei-

ros, ignorando que também é um ser

humano.”

Em relação a ela, diz, “percebe-

mos hoje sua retribuição espontânea

com gestos diários de muito carinho.

Sentimos que está confortável e am-

parada, e isso é muito prazeroso para

nós.”

Outro fato: entre tantas mudan-

ças, existe espaço para a manutenção

de estruturas milenares e permanência

de valores.

17Comunicando / Março 2011

Entre tantas mudanças, existe

espaço para a manutenção

de estruturas milenares e

permanência de valores.

Page 18: Comunicando - Julho-Dez 2010

A opção pordividir o amor

As dificuldades financeiras, a for-

mação e posição profissional,

além de questões sociais preo-

cupantes são alguns dos fatores contri-

buintes para que a maioria dos casais re-

pense a decisão de ter filhos. Por outro

lado, há os que já aceitaram o desafio,

chamado por tantos de presente: a gra-

videz.

Para Elen Onzi, mãe de um casal

de gêmeos, a maternidade sempre es-

teve em seus planos: “Sempre quis ser

mãe, por mais que isso assuste a maioria

das pessoas que olham para o mundo e

pensam ‘em que mundo vou criar meus

filhos’, ou ‘não vale a pena ter filhos num

mundo como esse’, ao contrário, sempre

pensei que seria triste passar por essa

vida e não ter ninguém , não deixar mar-

cas”, diz.

Para mostrar que a formação fa-

miliar ainda é vista como geradora de

felicidade e amor, a COMUNICANDO

conversou com dois casais que vivem

momentos de estruturação em suas vi-

das devido à “chegada da cegonha”. Elen

e Ivanor Onzi são casados há 12 anos e

há dois são pais de um casal de gêmeos.

Já André e Nádia Reis, casados há dois

anos, descobriram há pouco que estão

“grávidos”. Para ambos, o diálogo é o fa-

tor determinante para a saúde dos rela-

cionamentos e para educação dos filhos.

Ambos descrevem seus momen-

tos como únicos, mas salientam que a

cumplicidade entre o casal precisa estar

forte, pois as mudanças são muitas. An-

dré Reis declara que “enquanto pai, está

mais próximo de Nádia”, e percebe que

às vezes acabam tendo uma relação dis-

tante em virtude do dia a dia, ou esque-

cendo-se “de mostrar para a pessoa que

18 Comunicando / Março 2011

Família de Elen e Ivanor Onzi

Crédito: Arquivo pessoal

Page 19: Comunicando - Julho-Dez 2010

19Comunicando / Março 2011

está ao nosso lado o quanto ela é impor-

tante”. Para eles, a gravidez tem ajudado

na aproximação do casal.

Neste sentido, segundo Caroline

Machado Denardi, psicóloga com expe-

riência em atendimentos familiares, essa

aproximação é comum, pois “durante a

gravidez os casais de hoje tendem a se

fechar para a criação desse ninho, para

receber o bebê”. Ela complementa di-

zendo que também acabam se aproxi-

mando de casais que tenham filhos ou

que também estejam “grávidos” para

trocar experiências.

É comum, quando se fala em gra-

videz, evidenciar a figura materna, visto

que é nela que o processo se desenvolve

com mais profundidade. É na mãe que

as mudanças acontecem de forma mais

evidente desde a gestação até após o

nascimento, quando é dela que o recém-

nascido mais precisa. Porém, a figura do

pai também sofre mudanças durante

este processo e ele precisa estar atento

para dar apoio para sua companheira.

Segundo Ivanor Onzi, esposo de

Elen e pai dos gêmeos, a gestação é um

momento de grande intimidade da mãe

com seu filho, pois é dentro dela que ele

está se desenvolvendo. “Evidentemente,

o homem acaba se sentindo um pouco

afastado fisicamente, mas não espiritual

e emocionalmente.” André tem um pen-

samento parecido: “Na verdade, é como

um amigo me falou, a gente sabe

que vai ser pai, porque acaba se

criando todo um contexto, rou-

pinhas, presentes, as pessoas

pedindo sobre a gravidez, mas

nada fisiológico acontece na vida

do homem, e acredito que a ‘fi-

cha caia’, quando a criança nas-

ce, o que deve ser bem diferente

para a mulher, pois tem toda a

mudança do corpo, enfim, quem

está com o bebê é ela.”

Com olhar psicológico, Caroline

esclarece que se os pais não se sentirem

incluídos nesse projeto podem apresen-

tar atitudes de negação, de rejeição,

voltar-se para o trabalho e ficar longe

de casa, o que é muito negativo, princi-

palmente após o nascimento do bebê,

quando a mãe começa a se dar conta da

importância do pai na criação do filho.

Dessa forma, salienta-se a importância

do casal estar unido e preparado para,

juntos, fazerem da gravidez um momen-

to de alegria e cumplicidade.

No aspecto social, sabe-se que os

relacionamentos e suas estruturas estão

sofrendo mudanças ao longo das últimas

décadas. Hoje, a estrutura familiar com

pai, mãe e filhos não é mais a única e ou-

tras vem surgindo, como por exemplo,

casais separados, mães solteiras, casais

homossexuais. Para a psicóloga Caro-

line, toda formação familiar que possa

vir a acontecer, é válida se existe amor,

respeito ao indivíduo, aprendizado de

valores sociais, ou seja, ser pautada pela

qualidade das relações. Existem mães

solteiras, pais divorciados e famílias re-

construídas que conseguem criar esse

ambiente de uma forma muito tranquila.

E o futuro de todas as estruturas fami-

liares é conviverem entre si, aceitarem e

aprenderem com as diferenças.

Elen Onzi complementa este

pensamento com sua opinião sobre os

principais fatores que devem pautar

um estrutura familiar. Para ela, “é pre-

ciso ter condições emocionais, financei-

ras e físicas: emocionais, pois o espaço,

o carinho, o tempo que era só para os

dois, agora tem que ser divididos com a

chegada dos filhos; financeiros pois os

gastos da família são bem maiores, você

tem que pensar em roupas que só duram

três meses, pois eles estão sempre cres-

cendo, tem vacinas, remédios, fraldas,

escolinha e até um espaço maior para

morar; físicos, pois hoje os casais devido

ao estilo de vida, estão tendo os filhos

mais tarde, isso quer dizer entre 30 e 40

anos, e para acompanhar o crescimento

é preciso ter pique.”

Page 20: Comunicando - Julho-Dez 2010

O assunto gravidez sempre foi

cercado de muitos cuidados, e

por vezes, até de preconceito,

como no caso de adolescentes e mães

solteiras. O depoimento de uma profis-

sional da área da Psicologia, que contri-

bui com sua percepção sobre as modifi-

cações emocionais pelas quais a jovem

mãe passa e, também, a declaração de

uma mãe, que aos 15 anos de idade en-

gravidou, além de dados estatísticos

para mapear a realidade atual, servirão

para entender um pouco melhor a situ-

ação.

Priscila Fernanda Damasceno, 28

anos, assistente operacional em uma

empresa de transporte, que engravi-

dou, aos 15 anos, de Mariana Damasceno

Gaik, hoje com 13 anos.

COMUNICANDO – Com quantos anos

você engravidou? Como encarou a notí-

cia? Sentiu medo, vergonha, arrependi-

mento, alegria?

Priscila Fernanda Damasceno – Tinha

15 anos quando engravidei. É difícil de-

finir o que senti, pois nesta fase já exis-

te um conflito de sentimentos, imagina

nesta situação. Estava em um turbilhão,

com mil perguntas e muitas dúvidas.

Não sabia como e nem por onde come-

çar a me organizar frente à mudança

gigantesca que seria a vinda de uma

criança na minha adolescência. Eu era

imatura demais para entender a gravi-

dade daquela situação. Sentia tudo ao

mesmo tempo: alegria, decepção comi-

go mesma, ansiedade e, às vezes vergo-

nha, mas também sentia muito carinho

durante a gestação, que aos poucos,

passou a ser desejada.

COMUNICANDO – Como seus familiares

reagiram ao saberem da sua gravidez?

Você recebeu apoio?

Priscila – Como sempre a mãe sabe de

tudo, então, antes mesmo de eu contar

ela já sabia. Recebi o apoio dela sim, po-

rém sempre percebi um sutil ar de de-

cepção. Com certeza ela tinha em sua

mente uma projeção e expectativas que

todas as mães têm em relação aos seus

filhos. Afinal, não é o que uma mãe dese-

ja para uma filha aos 15 anos. Mas sem-

pre esteve ao meu lado.

COMUNICANDO – E seu namorado, na

época. Qual foi a reação dele?

Priscila: O pai da Mariana ficou muito

feliz e saiu contando para todas as pes-

soas que ele via pela rua que iria ser pai,

e eu fiquei furiosa por isso. Ele estava

completamente embasbacado, não tinha

muita noção do que viria pela frente e,

óbvio, que a maior responsabilidade por

um filho sempre é da mãe. E foi exata-

mente o que aconteceu: fui totalmente

responsável pela Mariana, com algum

apoio dele.

COMUNICANDO – Por ter engravidado

tão cedo, você percebeu ser vítima de

preconceito? Se sim, como isso aconte-

cia?

Priscila – Algumas vezes senti sim, as

pessoas “olham de canto” e, principal-

mente, julgam muito. Ouvia fofocas e até

expressões tipo “como isso foi aconte-

cer?”. Tive problema com uma enfermei-

ra no hospital quando fui fazer o parto.

Eu disse que estava com muita dor, e ela

foi bem irônica, disse que “se tivesse fi-

cado brincando de bonecas nada disso

teria acontecido. Quem mandou correr

atrás de namorado”. Ouvi também mui-

tos comentários indiretos dos professo-

res. Mas sempre tentei levar numa boa.

Afinal quem teria que cuidar e amar seria

eu, e não importava o que os outros dis-

sessem. Gostaria que estas pessoas co-

nhecessem a Mariana.

20

Comunicando / Março 2011

A quantidade de partos entre

adolescentes de 10 a 19 anos

caiu 22,4% de 2005 a 2009.

Na primeira metade da década

passada, a redução foi de

15,6%. Em 2009 ocorreu a

maior queda: foram realizados

444.056 partos em todo o País

(8,9% a menos que em 2008).

Da gravidez à fase adulta

Priscila e Mariana

Fotos: arquivo pessoal

Page 21: Comunicando - Julho-Dez 2010

21Comunicando / Março 2011

COMUNICANDO – Como você se sentiu

no decorrer da gravidez? Quais os senti-

mentos nutridos durante esse período?

Priscila: A cada dia de espera o senti-

mento de amor e carinho ia aumentan-

do. Não tem como explicar, você sim-

plesmente deseja. A imaturidade que

tinha no início foi dando espaço ao de-

sejo de ser responsável por uma criança.

A adolescente de 15 anos começa a fazer

planos para a chegada e o crescimento

saudável da criança, e as coisas come-

çam a se acalmar. Curtir as sensações da

gravidez, mesmo que não planejada, foi

muito tranquilo.

COMUNICANDO – Quando sua filha

nasceu, o que sentiu? Fale um pouco de

como a vinda dela modificou a sua vida.

Priscila – Acredito que a primeira sen-

sação é um orgulho e um amor muito

grande. Vontade de cuidar, de prote-

ger, é algo difícil de rotular. Abri mão

de algumas coisas, mas também ganhei

momentos maravilhosos. Você sempre

pensa antes no seu filho, e acaba fican-

do em segundo plano. Todos os planos

e objetivos tem como foco o bem-estar

do filho, que passa a ser prioridade em

tudo. É uma mudança significativa para

uma adolescente que não planejou a

gravidez, e, claro, alguns sonhos ficam

de lado, para mais tarde.

COMUNICANDO – Que momentos você

destacaria da convivência com sua filha?

Como é o seu relacionamento com ela?

Priscila – Sempre fui muito presente e

responsável com minha filha. Trabalha-

va e estudava. Faço isso até hoje, mas

sempre tive o tempo para cuidar e dar

muito carinho a ela. E assim é nossa re-

lação, de carinho. Sinto que ela confia e

tem um grande respeito por mim. Digo

com muito orgulho que a conquistei sem

uma única palmada. Ela é muito tranqui-

la e somos muito amigas, dividimos mui-

tos assuntos e, por eu permitir que ela

se expresse, falamos muito sobre o que

aconteceu comigo na adolescência e de

tudo que aprendi.

COMUNICANDO – Ser mãe adolescente

foi complicado? E hoje, quais os valores

Com relação aos aspectos psico-

lógicos, é na fase da adolescência que

ocorrem grandes transformações físicas

e emocionais. E quando uma gravidez

indesejada figura nesse cenário, esses

fatores tendem a se complicar, princi-

palmente para a menina. Para entender

melhor o momenot, foi entrevista a psi-

cóloga Caroline Machado Denardi, que

presta assistência em casos de gravidez

na adolescência.

COMUNICANDO – Quais são as princi-

pais mudanças psicológicas para a mãe

adolescente?

Caroline Machado Denardi – Apesar de

ser mãe, ela é ainda uma adolescente, e

que você destacaria que a experiência de

ser mãe lhe trouxe?

Priscila – Dizer que foi fácil seria mentira,

foi complicado, sem estrutura, mas ama-

dureci e aprendi muito. Hoje tenho a cer-

teza de que é um sentimento de realização

e plenitude. São coisas únicas. Penso que

quando uma mulher é mãe, verdadeira-

mente mãe, jamais será egoísta, pois deixa

de pensar em si mesma. Ainda hoje, choro

na homenagem ao Dia das Mães (risos).

algumas coisas não mudam: continua ten-

do necessidades, pensamentos e compor-

tamentos limitados pela idade, mas passa

a ser cobrada pelas situações, a ter atitu-

des de maturidade e responsabilidade.

COMUNICANDO – Com essa dualida-

de de sentimentos, a mãe adolescente

pode acabar rejeitando o bebê? Esse ín-

dice é muito alto?

Caroline – Quando as adolescentes co-

meçam a se dar conta do trabalho que

um bebê dá, e que ainda terão que con-

ciliar os estudos ou procurar emprego,

e ainda desejam manter atividades so-

ciais, costumam aparecer sentimentos

de arrependimento e/ou ambivalentes.

Podem, sim, existir algumas atitudes que

são interpretadas como momentos de

rejeição à criança, mas não é a regra.

COMUNICANDO – Quais as reações

mais frequentes das famílias da adoles-

cente ao saber da gravidez?

Caroline – Em um primeiro momento, a

família entra em choque com a notícia

e a maioria dos familiares refere como

sendo frustrante ver a adolescente mu-

dando seus planos de vida para ter um

filho precocemente e, muitas vezes, sem

o auxílio do pai do bebê. Há ainda o ar-

rependimento por não tê-la orientado

melhor para a vivência da sexualidade,

então alguns deles se culpam pela situa-

ção. Após esse período inicial de choque,

a família começa a digerir a nova condi-

ção e se conforma e, em muitos casos,

encontramos famílias que referem que a

vida melhorou com a chegada do bebê,

que não raro se torna “a alegria da casa”.

A psicologia explica

Page 22: Comunicando - Julho-Dez 2010

A dúvida entre alcançar estabili-

dade profissional ou ter um fi-

lho mais cedo ainda mexe com

as mulheres. Antigamente, não passava

pela cabeça dos recém-casados adiar

a ideia de serem pais. Porém, essa tra-

dição social foi se perdendo devido à

conquista, cada vez maior, da presença

feminina no mercado de trabalho. Hoje,

é comum encontrar mulheres que adiam

este desejo a fim de priorizar sua carreira

profissional, a estabilidade financeira e a

emocional.

Recentemente, uma pesquisa

realizada pela Faculdade de Medicina

da Universidade de Harvard, nos Esta-

dos Unidos, descobriu que até o início

da década de 80 apenas 20% das mu-

lheres daquele país tinham filhos entre

30 e 40 anos. Na década de 90 e na

atual, o número pulou para 40%. Com

base na pesquisa acredita-se que, no

Brasil, o quadro seja parecido.

A psicóloga Caroline Machado

Denardi explica os fatores que levam

a esta decisão. “Esse é um fenômeno

fruto das diversas modificações histó-

ricas da condição da mulher desde a

invenção da pílula anticoncepcional.”

Além disso, diz, “atualmente as mu-

lheres representam papel importante

na renda familiar, querem e precisam

trabalhar e investir nas suas carreiras

profissionais”.

Segundo a psicóloga, “as mulhe-

res hoje planejam mais a chegada de um

filho, calculam os gastos e pensam sobre

o tempo que conseguirão ficar com os

recém-nascidos e o que farão com eles

quando tiverem que voltar ao trabalho”.

Na verdade, prossegue, “não só as mu-

lheres, mas os casais, hoje, querem estar

mais preparados e estabilizados para ter

um filho, o que não é um adiamento pura

e simplesmente, mas, sim, um maior pla-

nejamento familiar.”

A revisora de anais e Diretora Legis-

lativa da Câmara de Vereadores de Caxias

do Sul, Eliana Gianni Tedesco, 45 anos, mãe

de Rafaela, sete, conta como foi a experiên-

cia de ter dado a luz sua filha aos 38 anos.

22

Comunicando / Março 2011

G ravidez namaturidade

Eliana e RafaelaCréd

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esso

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Page 23: Comunicando - Julho-Dez 2010

23Comunicando / Março 2011

COMUNICANDO – Por

que postergou a deci-

são de ser mãe após os

30 anos?

Eliana Gianni Tedesco

– Para mim e para mui-

tas outras mulheres

de minha geração, os

avanços da Medicina

significaram a possibilidade de priorizar,

antes dos 30 anos, a formação profissio-

nal, a carreira e a estabilidade financeira.

COMUNICANDO – Como você encarou a

notícia? Sentiu medo de enfrentar pro-

blemas de saúde, teve momentos de ar-

rependimento e/ou ansiedade?

Eliana – Foi um momento mega, super,

hiper... não há superlativos que possam

descrever este momento, incomparável

a qualquer outra maravilhosa notícia

que eu já tivesse recebido antes. Diante

disso, nem mesmo o rigoroso acompa-

nhamento anunciado pelo médico para

os três primeiros meses de gravidez foi

capaz de provocar temor

ou ansiedade.

COMUNICANDO – Como

foi a reação de seu esposo?

Eliana – Eu nunca havia pre-

senciado tantas lágrimas

diante de uma conquista.

COMUNICANDO – Como

seus familiares reagiram ao

saber da gravidez?

Eliana – A forma como re-

ceberam a tão aguardada

notícia intensificou a emo-

ção; aos meus pais envia-

mos uma cesta gigante de

flores, acompanhada de

um cartão felicitando os

futuros nono e nona; e os familiares de

meu marido receberam a notícia em cli-

ma de festa durante o aniversário de 15

anos de nossa afilhada.

COMUNICANDO – O que aconteceu

após o nascimento de sua filha? O que

sentiu? O que modificou em sua vida?

Eliana – O nascimento da Rafa inaugurou

um novo universo para mim. Foi uma ex-

periência emocional única, acompanha-

da de mudanças significativas, como a

necessidade de adaptação das rotinas de

trabalho e das rotinas domésticas ante-

riores e, é claro, uma dose extra de ener-

gia para as quase quatro décadas que

separam mãe e filha.

COMUNICANDO – Quais momentos de

convivência com sua filha você destaca-

ria? Como é o relacionamento entre vo-

cês?

Eliana – Devido às minhas intensas ativi-

dades profissionais, os nossos períodos de

convivência não são prolongados, mas se

revestem de muita qualidade: brincadeiras

no banho, preparação de lanchinhos jun-

tas; coreografias de dança e pecinhas de

teatro apresentadas para o papai à noite;

leitura acompanhada de boas risadas; se-

gredinhos na hora de dormir; jogo de tênis

em família nos finais de semana; seção ci-

neminha e pipoca em casa; preparativos

para receber todos os familiares em casa

no almoço de domingo, etc.

COMUNICANDO – Para

você, qual é o significa-

do de ser mãe?

Eliana – Está sendo

uma maravilhosa lição

de vida, um exercício

constante de respon-

sabilidade, troca, tole-

rância, espiritualidade. Enfim, a materni-

dade me tornou um ser humano melhor

e mais realizado.

“O nascimento da Rafa inaugurou um novo universo

para mim. Foi uma experiência emocional única,

acompanhada de mudanças significativas,

como a necessidade de adaptação das rotinas

de trabalho e das rotinas domésticas anteriores.”

Page 24: Comunicando - Julho-Dez 2010

Cada vez mais casais optam não

ter filhos. Esse é um retrato das

famílias brasileiras. Segundo os

dados divulgados pelo IBGE, mais de dois

milhões de casais do País não têm filhos,

embora homem e mulher trabalhem e te-

nham condições de sustentar uma crian-

ça, segundo a Síntese de Indicadores So-

ciais (SIS), que aponta que entre 1998 e

2008, esse tipo de combinação aumentou

de 3,2% para 5,3% dos quase 40 milhões

de casais nacionais.

A COMUNICANDO foi a campo sa-

ber se é uma tendência existir casais que

preferem não ter filhos. Segundo a psi-

cóloga Caroline Machado Denardi, “hoje

existe mais liberdade para que as pessoas

decidam o rumo que suas vidas vão ter. A

máxima de que devemos crescer, casar e

se reproduzir não é mais a única opção.

Existem pessoas que realmente enten-

dem que, em suas vidas, não há espaço

para incluir esse papel, de pai ou mãe”,

explica. Além disso, ela considera “muito

positivo que cada casal ou mesmo cada

pessoa tenha consciência do que real-

mente quer, porque ter filhos implica em

uma responsabilidade diante de um indi-

víduo que, por muito tempo, dependerá

única e exclusivamente desses pais.”

Além disso, diz Caroline, “não se

pode esquecer que criar uma pessoa tem

uma implicação social, porque quem nos-

sos filhos vão se tornar irá refletir na so-

ciedade. Então, se o casal sente que não

deve ter filhos, não pode se sentir impeli-

do por uma demanda externa”.

Gloria Jam Lunardi, 53 anos, tem o

perfil desse tipo de casal. “Optamos por

não ter filhos porque é uma responsabi-

lidade enorme. Acho que quanto maior a

consciência desta responsabilidade, me-

nor é o desejo de gerar uma criança. Este

grau de consciência faz com que se reflita

muito sobre a questão, e, quanto mais se

pensa nas mudanças, menos forte fica o

desejo.”

Segundo Glória, “mudaria muito o

estilo de vida, pois tudo passa a ser em

função da criança, e não estávamos dis-

postos a assumir esta mudança. Ter filhos,

como bem já diz a pergunta, tem que ser

uma opção e não uma obrigação. O dese-

jo de ter filhos tem de ser mais forte que

a razão, senão não rola. No nosso caso, a

questão racional falou mais alto”. Ela co-

menta que já sentiu vontade de ser mãe,

porém, eram só momentos, que não bas-

taram para se firmarem como desejo.

24

Comunicando / Março 2011

Crédito: Gett

y Images

Felicidade a dois

Page 25: Comunicando - Julho-Dez 2010

25Comunicando / Março 2011

Tecnologia que completa

Para muitas mulheres, o sonho de

ser mãe pode não se concretizar

de forma natural e por isso, cada

vez mais a ciência busca inovações para o

tratamento da infertilidade humana.

Graças a isso, homens e mulheres

que buscam o tratamento para a inferti-

lidade podem optar por diversos méto-

dos de fertilização artificial. O professor

Dr. Fábio Firmbach Pasqualotto, diretor

do Centro de Reprodução Humana (Con-

ception), relata que as pessoas que ge-

ralmente procuram esses tratamentos

são casais que há algum tempo estão

tentando engravidar. “São casais muitas

vezes cansados de tanto tentar e veem os

meses passar sem obtenção do sucesso

do sonho de serem pais”, diz Pasqualotto.

São diversos os métodos utili-

zados. Segundo ele, depende muito do

problema e da ansiedade do casal: “Os

tratamentos variam desde medicamen-

tos para aumentar a qualidade dos es-

permatozóides ou aumentar o número e

qualidade dos óvulos, até a inseminação

intra-uterina e a fertilização in vitro com

manipulação de gametas.”

Pasqualotto destaca, ainda, que

existem condições biológicas que favore-

cem a realização desses métodos; “Sabe-

se que as chances diminuem 20% quan-

do a parceira completa 35 anos de idade.

O ideal de qualquer tratamento para con-

seguir engravidar é antes dos 35 anos de

idade.” Entre as causas da infertilidade

humana estão, para as mulheres: distúr-

bios da ovulação, ovários policísticos (dis-

túrbio que interfere no processo normal

de ovulação), endometriose (quando o

tecido que reveste a cavidade uterina,

implanta-se fora do útero), causas hor-

monais, infecção causando obstrução nas

trompas uterinas, entre outras. Já para as

causas masculinas estão a varicocele (di-

latação anormal das veias testiculares),

vasectomia, infecção, genética, ausência

de espermatozóide no sêmen, etc.

Além disso, o médico alerta que

evitar o uso de álcool, cigarro, obesidade

e fazer sexo seguro (proteção com pre-

servativo), evitando infecção e obstrução

das trompas uterinas, são cuidados es-

senciais para prevenir a infertilidade.

Créd

ito: G

etty

Imag

es

Pasqualotto: tratamentos variam

Credito: Arquivo pessoal

Page 26: Comunicando - Julho-Dez 2010

Para muitos, a adoção é um ato de

amor. Ter um lar, educação, saú-

de e uma vida com estruturas bá-

sicas sólidas é o sonho de muitas crianças

e adolescentes que hoje estão em abri-

gos aguardando por esta oportunidade.

Para o jurista Luiz Carlos de Bar-

ros Figueirêdo, autor do livro Adoção

para homossexuais (2001), adotar é “a

inclusão em uma nova família, de forma

definitiva e com aquisição de vínculo ju-

rídico próprio de filiação de uma criança/

adolescente cujos pais morreram, aderi-

ram expressamente ao pedido, são des-

conhecidos ou mesmo não podem ou não

querem assumir suas funções parentais,

motivando que a autoridade judiciária em

processo regular lhes tenha decretado a

perda do pátrio poder.”

A adoção é prática antiga na so-

ciedade brasileira, mesmo antes de ser

regrada pela Justiça. Conforme as pes-

quisadoras Márcia Regina Porto Ferreira

e Sônia Regina Carvalho, autoras da obra

primeiro Guia de adoção de crianças e

adolescentes do Brasil (2000), uma for-

ma tradicional de adoção é o chamado

“filho de criação”, tradição trazida pelos

primeiros colonizadores. É uma herança

de família patriarcal, cuja influência ultra-

passava os laços sanguíneos, alcançando

agregados (leia-se empregados) e seus

dependentes. Esta forma de estrutura

familiar garantia que crianças órfãs ou

abandonadas sempre tivessem onde ficar,

embora, na maioria das vezes, em posição

inferior aos filhos legítimos.

Já com o Estatuto de Adoção, de

1957, eliminou-se a determinação de que

somente casais sem filhos e com mais de

cinco anos de casamento podiam adotar.

Com estas novas diretrizes, criou-se a fi-

gura da legitimação adotiva, pela qual fi-

lhos biológicos e adotivos eram equipara-

dos em matéria de herança. Essas e outras

alterações foram depois complementadas

pelo Código de Menores, de 1979, que

estabeleceu o conceito de adoção plena

em substituição à legitimação adotiva. En-

tretanto, a grande mudança ocorreu em

1990, com a vinda do Estatuto da Criança

e do Adolescente (ECA), que estabeleceu

o fim das diferenças entre filhos adotivos

e biológicos, além de definir claramente

que a adoção deve priorizar as reais ne-

cessidades, interesses e direitos da crian-

ça e do adolescente.

E qual o perfil preferido das crian-

ças de quem pretende adotar? Segundo

pesquisa do jornal Pioneiro, publicada em

agosto/2010, a preferência por crianças

brancas com até dois anos de idade perde

espaço para outra descrição, pelo menos

no estado do Rio Grande do Sul. O nú-

mero de meninos e meninas negras que

encontraram um lar aumentou quase um

terço nos últimos cinco anos, crescimento

também visto no contingente de crianças

de três anos ou mais.

Registros do Juizado da Infância

e da Juventude revelam que nos últimos

cinco anos, das 627 crianças com infor-

mação disponível sobre faixa etária que

foram adotadas, 52% tinham mais de dois

anos. Já em 2009, com base em informa-

ções de 739 crianças, essa proporção su-

biu para 64% – um crescimento de 23%.

Com relação à cor da pele, outras

mudanças podem ser observadas: em

2004, das 304 adoções registradas com

informações sobre etnia, 16,1% envolviam

crianças negras ou morenas. Esse índice

alcançou a marca de 20,6% no ano de

2009, das 354 adoções efetivadas nesse

período: uma diferença de 27,9%.

Na mesma reportagem, o juiz da

2ª Vara da Infância e da Juventude de

Porto Alegre, José Antônio Daltoé Cezar,

enfatiza que estes números revelam uma

maior conscientização da sociedade com

relação à adoção, um amadurecimento

natural.

Já no que diz respeito ao fator

psicológico, COMUNICANDO foi buscar

orientação junto à profissional da área

Caroline Machado Denardi.

26

Comunicando / Março 2011

O amor comoalternativa:

a adoção

“A inclusão em uma nova

família, de forma definitiva

e com aquisição de vínculo

jurídico próprio de filiação

de uma criança/adolescente

cujos pais morreram, aderiram

expressamente ao pedido,

são desconhecidos ou mesmo

não podem ou não querem

assumir suas funções parentais,

motivando que a autoridade

judiciária em processo regular

lhes tenha decretado a perda do

pátrio poder.”

Page 27: Comunicando - Julho-Dez 2010

27Comunicando / Março 2011

Imagem

: Gett

y Images

COMUNICANDO – Quais são os fatores

psicológicos que levam uma pessoa ou

uma família a adotar?

Caroline Machado Denardi – A adoção

torna possível a vivência dos cuidados

maternos para os casais que não con-

seguem ter filhos. Apesar de não haver

uma gravidez, e isso ser frustrante para

a mulher, a adoção acaba possibilitan-

do vivências de maternidade e suprindo

essa vontade. Alguns casais compreen-

dem a adoção como outro jeito de ges-

tar uma criança, e o período de trâmites

se assemelha com uma gravidez, onde o

casal passa pelo processo de preparação

para a chegada de seu filho. Dizem que

foi gerado no coração.

COMUNICANDO – Como é o recebimen-

to da criança adotada na família (avós,

tios primos, etc.)?

Caroline – Isso também vai depender

de como eles encaram a adoção em si.

Já ouvi discursos que deixavam claro a

diferença entre os membros da família.

Aqueles que crescem convivendo com

primos ou parentes que são adotivos

tendem a diferenciar menos, encaram

esse processo com mais naturalidade.

Para ilustrar esse novo compor-

tamento, temos o exemplo de Lisiara

Vargas da Rosa, 26 anos, profissional

de Relações Públicas que, desde a ado-

lescência trabalhou como voluntária em

diversas obras assistenciais, deparando-

se com a realidade de crianças abando-

nadas, mal-tratadas e exploradas pelos

pais, o que despertou nela o desejo de

adotar.

COMUNICANDO – O que levou você a

pensar em adotar uma criança?

Lisiara Vargas da Rosa – Sempre tive

uma família bem estruturada, com pai,

mãe e irmãs, os quais me repassaram

princípios morais, enfatizando a respon-

sabilidade pelos meus atos. Meus pais

sempre foram de ajudar as pessoas, al-

gumas vezes acolhemos em nossa casa

pessoas que ficaram desabrigadas, in-

cluindo-as em nossa rotina. Tenho uma

irmã de criação e desde minha adoles-

cência, sempre me envolvi em projetos

sociais, nos quais trabalhei com crianças

e suas famílias. Presenciei diversas situa-

ções: maus-tratos, abandono e explora-

ção infantil.

COMUNICANDO – Qual o perfil de

criança que pretende adotar? Por que

decidiu adotar uma criança dessa faixa

etária?

Lisiara – Pretendo adotar dois irmãos

com faixa etária entre dois e cinco anos,

de cor indiferente e de sexo feminino

(preferencialmente). É esta a descrição

que consta nos autos do processo de

adoção. Depois de algum tempo pegan-

do crianças de diferentes faixas etárias e

sexo para passarem comigo o final de se-

mana, da Instituição Casa Sol Nascente,

me identifiquei mais com crianças desta

idade, pois sabem falar o que querem,

sentem e contam o que aconteceu, além

de ser a idade que estão construindo

sua personalidade. Durante a pesquisa,

vocês verão que crianças com mais ida-

Page 28: Comunicando - Julho-Dez 2010

28

Comunicando / Março 2011

Lisiara Vargas da Rosa

Foto: arquivo pessoal

de geralmente não são adotadas, as pes

soas preferem adotar recém nascidos o

que acaba provocando sua permanên-

cia por mais tempo nos abrigos, além de

fazer com que desenvolvam um duplo

sentimento de rejeição: o de terem sido

abandonadas e de serem muito velhas.

COMUNICANDO – Você se sente prepa-

rada para as mudanças que a chegada

de uma criança causará na sua vida?

Lisiara: Hoje, devido a um incidente fa-

miliar, razão pela qual me vi obrigada a

cuidar de minhas sobrinhas, conviver dia-

riamente com elas, criar uma rotina, dar

banho, comida, trocar roupa, fralda, le-

vantar de madrugada para fazer mama-

deira, enfim, rotinas de uma mãe, sim,

me considero parcialmente preparada.

Falo parcialmente, pois mesmo

as mães biológicas nunca estão 100%

preparadas. Nós, mulheres, nunca que-

remos errar como mães; eu, particular-

mente, idealizei todo um futuro para

meus filhos, desde como conseguir uma

vaga no colégio até o valor de uma fa-

culdade. Aproveitei muito minha adoles-

cência e também minha época de facul-

dade para, nos primeiros anos de mãe,

poder me dedicar a esta função. Sei que

estou vivendo a oportunidade de uma

experiência pré-adoção, isso está facili-

tando muito as coisas para mim e estou

vendo e repensando alguns pontos, pois

nem tudo que imaginei daria certo no

dia a dia.

COMUNICANDO – Você já iniciou o pro-

cesso de adoção? Se sim, conte um pou-

co de como está sendo esta experiência?

Lisiara: Tenho uma amiga advogada que

me ajudou muito, pois há um tempo

atrás não existiam muitos materiais de

esclarecimento para quem quisesse en-

trar com o processo de adoção. Nosso

primeiro passo foi procurar a Vara da In-

fância e da Juventude de Caxias do Sul,

no 6º andar do Fórum e realizar o cadas-

tro de adoção, especificando todos os

dados da criança, se quer mais de uma

criança, a cor, idade, etc.

Depois, passei por várias entre-

vistas, para ver se estava apta ou não ao

processo. Eles solicitaram várias coisas

até traçarem o meu perfil social; nesta

etapa eles me questionaram o porquê

de adotar, se estava pronta para ser mãe

solteira, como eu trabalharia no futuro

a adoção com o sexo oposto, dentre ou-

tras coisas. Então, eles pedem novamen-

te quais devem ser as características da

criança e abrem o processo.

COMUNICANDO – O que sua família

pensa a respeito da sua decisão?

Lisiara: A primeira coisa que fiz foi mar-

car com meus pais e irmãs uma reunião

familiar. Expliquei minha vontade e ouvi

os prós e contras de cada um, argumen-

tando sempre que possível, mas não foi

tudo um mar de rosas. Meu pai, no pri-

meiro momento, não aceitou muito bem

a ideia, pois eu estava estudando e se

fosse mãe sem acabar a faculdade, não

conseguiria mais concluir meus estudos.

Então, conversamos muito mesmo até

ele entender que a adoção é um proces-

so longo.

COMUNICANDO – Para você, qual o sig-

nificado do ato de adotar?

Lisiara: Para mim, o ato de adotar vai

muito além de qualquer definição. É ma-

terializar um vínculo amoroso com outra

pessoa, imaginando estar ajudando-a e

perceber que, na verdade, quem está

sendo ajudada sou eu, pois fui escolhida

e terei a oportunidade de ensinar, para

esta criança, o real significado da palavra

confiança.

COMUNICANDO – Concluído o proces-

so de adoção, você será considerada

mãe. O que isso significa para você?

Lisiara: Ser mãe para mim significa amar

incondicionalmente, defender muito,

dar muito amor, beijos, abraços, con-

versar, ser considerada a melhor amiga

do meu filho. Nunca pré-julgar ou con-

denar, sempre conversar e argumentar.

Dar todas as oportunidades a ele/ela de

ser uma pessoa “do bem” .

Ensinar que a única coisa que

nunca vão poder lhe tirar é o estudo, e

que este abrirá as portas do futuro, das

conquistas e realizações. Mostrar que

temos sempre que ir além dos outros,

se quisermos alcançar um objetivo.

Que amigos verdadeiros são

poucos, mas essenciais. Ensinar que

temos de defender nossos ideais, divi-

dir com os menos favorecidos, ajudar

quem precisa, pois isso não tira peda-

ço. Mostrar que, apesar da descons-

trução de valores dos jovens de hoje, o

mundo pode ser melhor se cada um fi-

zer sua parte, e que sempre, e em todos

os momentos da vida, ele deve olhar

para o céu e agradecer a Deus pela vida

e pela oportunidade que teve de viver

uma realidade diferente das milhares

de outras crianças que continuam nos

abrigos.

Page 29: Comunicando - Julho-Dez 2010

29Comunicando / Março 2011

Amor incondicional

A COMUNICANDO também foi em

busca da história de uma família

que já passou pela experiência

da adoção. Justina Onzi, mãe da Maria*

e Joana*, conta como gratificante e emo-

cionante esse passo em sua vida.

COMUNICANDO – Como surgiu a idéia de

adotar? Quando perceberam que estavam

preparados para adotar uma criança?

Justina Onzi – Não nos preparamos para

a adoção. A primeira filha nos foi apre-

sentada quando veio fazer um passeio

na cidade, e, naquela ocasião, estava sob

Termo de Guarda Provisório, aguardando

adoção. Foi um amor recíproco que nos

fez tomar a decisão. Nosso sentimento foi

de que estávamos recebendo uma bên-

ção de alguém que

não conhecíamos.

Com o passar do

tempo sentimos,

também, que elas

vieram para nos

ensinar a vivenciar

experiências que

nos tornou pessoas

ainda melhores: do

amor incondicional

que une pais e filhos,

privilégio que temos

ao nos colocar como

aprendizes da vida.

COMUNICANDO – Como foi o processo

de adoção? E o período que ficaram es-

perando?

Justina: Foi rápido e, nesse período, senti-

mos que nossa filha já tinha nascido den-

tro de nós há muito tempo, mais tempo

ainda que sua idade cronológica. Que

havia se instalado nas nossas vidas como

uma gestação-relâmpago e já havia cres-

cido um bocado. Nunca sentimos insegu-

rança. Estávamos felizes.

COMUNICANDO – O que sentiu ao ado-

tar a primeira criança? Fale sobre como a

vinda dela modificou sua vida.

Justina – Modificou profundamente.

Atingiu o mérito, o significado que a vida

tem para mim. Antes disso eu experimen-

tara apenas uma parte do que a vida nos

oferece e nos exige. As minhas filhas me

trouxeram o que a vida tem de melhor

para oferecer. Com elas, aprendi a ser

uma pessoa melhor. Me elevaram a outro

patamar da vida.

COMUNICANDO – Como surgiu a ideia

de adotar uma segunda criança?

Justina – Sentimos que seria ainda me-

lhor se tivéssemos mais uma filha. Além

disso, nossa primeira filha também pedia

outra mana. Não tínhamos decidido em

que tempo faríamos isso, quando o Fó-

rum nos comunicou que, se quiséssemos,

tinha chegado novamente a nossa vez na

lista de adoção, e que havia uma criança

aguardando para ser adotada. De ime-

diato, tomamos todas as providências e,

em poucas horas, já fazia parte de nossa

família.

COMUNICANDO – Como é a relação en-

tre as meninas e vocês?

Justina – Normal, como observamos em

outras famílias. Amamos nossas filhas e

elas nos retribuem esse amor, cada uma

de seu modo. Trabalhamos arduamente

para oferecer a elas asas, raízes, conhe-

cimento e conforto necessário para se

tornarem pessoas que se sintam felizes

e contribuam para uma sociedade muito

melhor do que esta que aqui está.

COMUNICANDO – As meninas já sabem

que são filhas adotivas? Se sim, como foi

a reação delas?

Justina – Sabem. Foram

muitas perguntas. A paz, a

tranquilidade e a certeza do

amor que elas sentem que

temos por elas fez com que

a vida seguisse normal. De

vez em quando surge alguma

pergunta. Respondemos de-

monstrando tranquilidade,

reafirmando sempre o amor

maior que temos por elas.

Sinto que elas se sentem se-

guras porque percebem que

nosso amor é incondicional.

COMUNICANDO – Para você, qual o sig-

nificado de ser mãe?

Justina – É gerar almas que impulsionem

a vida em paz no lugar em que vivemos.

É lutar incansavelmente pelo fim da dis-

criminação e pela justiça. É estar eter-

namente inquieta por me questionar se

estou realmente contribuindo para tudo

isso.*Nomes fictícios.

Desenho de Rafaela Tedesco

Reprodução

Page 30: Comunicando - Julho-Dez 2010
Page 31: Comunicando - Julho-Dez 2010

“A Melhor Idade é aquela em que não contamos o tem-po, e, sim ,quando vivemos o tempo, proporcionando felicidade a nós mesmos e a todos ao nosso redor.”

Autor desconhecido

Page 32: Comunicando - Julho-Dez 2010

As últimas décadas têm sido marcadas por mu-

danças significativas provocadas pelos avanços

científicos, por novas tecnologias, inovações

organizacionais e por novos fatos sociais. Isso exigiu a

reestruturação de instituições e o redimensionamento

nas relações sociais e comportamentais.

Segundo a coordenadora da Universidade da

Terceira Idade (UNTI), da UCS, Isabel Marrachino Toni,

“a educação tem papel fundamental por ser um instru-

mento de formação e desenvolvimento dos indivíduos

que serão responsáveis pela criação das bases para um

envelhecimento humano sustentável social e econômi-

co. Em especial, a Educação Superior tem a responsa-

bilidade de formar recursos humanos e de desenvolver

estudos e pesquisas nas diversas áreas do conheci-

mento”.

A contemporaneidade põe luz nas significativas

mudanças etárias, evidenciando uma população que

envelhece rapidamente e a necessidade de um esforço

conjunto para encontrar um rumo que possa oferecer

respostas às questões trazidas pelo envelhecimento

humano. Esse fato tem provocado vários segmentos e

instituições a realizarem movimentos de conscientiza-

ção, articulação, estudos, pesquisas e desenvolvimen-

to de ações que objetivem conhecer melhor essa rea-

lidade e intervir na promoção de um envelhecimento

digno, saudável, ativo e exitoso.

No século 21, as pessoas com

60 anos ou mais, vão

representar mais de 20% da

população mundial.

A expectativa de vida

dos brasileiros, atualmente,

de 72,7 anos, segundo

os novos cálculos do IBGE.

Fotos Arquivo U

NTI

Elas e a Terceira Idade

Page 33: Comunicando - Julho-Dez 2010

Alunas experientes na UCS

A Universidade de Caxias do Sul trabalha, desde 1991, no sen-

tido de valorizar a maturidade e a velhice como um período

de plenitude na caminhada pessoal e de conhecer o proces-

so de envelhecimento humano.

As atividades oferecidas pela Universidade da Terceira Idade

(UNTI) são divididas entre saúde, movimento e lazer; atualização e

aquisição de novos conhecimentos e arte e cultura. Também oferece

a graduação sênior, onde as mulheres podem ingressar em cursos

superiores da UCS obtendo um desconto de 50%.

As atividades mais procuradas são as de saúde, movimento e

lazer, como a hidroginástica, por exemplo. As mulheres nessa idade

sentem a necessidade de movimentar o corpo e cuidar da saúde. Só

na hidroginástica são 150 alunos, sendo a grande maioria mulheres.

Dentro das atividades de aquisição de novos conhecimentos,

as línguas estrangeiras são uma opção bastante procurada pelas mu-

lheres. Estas, além de preocuparem-se com a saúde do corpo, estão

atentas também ao lado intelectual e buscam novos conhecimentos.

Diva Maria De Facci Oliveira, 69 anos, está na UNTI há mais

de dez anos e atualmente cursa Inglês e Espanhol. Segundo Diva, a

UNTI tem ajudado muito em seu processo de envelhecimento pois

ela tem feito muitas amizades, além de adquirir conhecimento e

sentir-se mais valorizada como mulher. Diva também salienta que

agora tem mais tempo para fazer suas atividades do que quando era

mais nova e tinha filhos pequenos.

Outra atividade muito procurada pelas mulheres é a Informática,

oferecida do nível básico ao avançado. Lariete Maria Bissigo, 61, aluna da

Informática avançada, salienta que os professores ensinam de forma foca-

da para a Terceira Idade, o que facilita o aprendizado, já que nessa idade

fica mais difícil assimilar as informações. Além da Informática, Lariete de-

senvolve sua criatividade nas aulas de Arteterapia – Multitécnicas Criativas

e afirma que é somente o corpo que envelhece, mas o espírito continua

jovem.

As mulheres mais idosas e com dificuldades em realizar movimen-

tos mais pesados procuram a Pantufa Dançante, onde a maioria está acima

dos 70 anos, já que nessa modalidade os movimentos são mais leves.

Confira algumas das atividades mais procuradas pelas mulheres e

quanto custam as mensalidades na UNTI no quadro ao lado.

Comunicando / Março 2011

Informática – R$ 75

Hidroginástica – R$ 60

Musculação – R$ 50

Natação – R$ 60

Pilates – R$ 66

Yoga – R$ 61

Fazendo arte: multitécnicas criativas – R$ 61

Pantufa Dançante – R$ 40

Coral UNTI e Coral Vívere – GRATUITOS

ATIVIDADES E VALORES

Créditos: Deise Tissot

Diva Oliveira, aluna da UNTI

333

Page 34: Comunicando - Julho-Dez 2010

Comunicando / Março 2011

“85% dos alunos são mulheres, o

que é um fenômeno”

Isabel Toni, coordenadora da UNTI

Dei

se T

isso

t/D

ivul

gaçã

0

COMUNICANDO – Qual a importância

da UNTI na vida das mulheres da Ter-

ceira Idade?

ISABEL TONI – Na UNTI, 85% dos alu-

nos são mulheres, o que é um fenômeno

mundial. A UNTI oportuniza espaços de

convivência social, onde o convívio, “com

os iguais” favorece as trocas, o entendi-

mento da própria velhice e do outro, o

respeito pelo coletivo e, principalmen-

te, o aprender o ser no mundo e não so-

mente o estar no mundo. Esse espaço de

convivência social, de aprendizado e de

atualização de conhecimentos, promove

uma (re)descoberta de novas potenciali-

dades e, como consequência, mudanças

comportamentais que refle-

tem no cotidiano, provocando

transformações no âmbito fa-

miliar e social.

COMUNICANDO – Que mu-

danças ocorrem, a nível psi-

cológico, quando a mulher

começa a envelhecer?

ISABEL – As alterações psico-

lógicas do envelhecimento

perpassam por: dificuldade

de aceitar-se como alguém

que está envelhecendo, em

função dos estereótipos so-

ciais; crise de identidade,

principalmente em função

da perda dos papéis sociais;

declínio na manifestação da

afetividade, da suscetibilida-

de, dos interesses, das ações,

das emoções, dos desejos,

por perceber-se inativo e fora do con-

texto social; prejuízo da memória de

fixação, por perdas neuronais e de me-

mória. Acentuação das características

de personalidade como: rigidez, ego-

centrismo, desconfiança, irritabilidade,

avareza, dogmatismo, autoritarismo.

Dificuldades na assimilação ou aver-

são a ideias, coisas e situações novas,

maior apego aos valores já conheci-

dos e convencionados,diminuição da

percepção, concentração e atenção,

tendência ao isolamento e introspec-

ção, diminuição do interesse sexual,

aumento da ansiedade, medo e baixa

auto-estima e auto-imagem.

COMUNICANDO – Que conselhos você

dá para as mulheres que estão chegan-

do na Terceira Idade e para as que já es-

tão acima dos 60 anos, no que se refere

à qualidade de vida?

ISABEL – A qualidade de vida pode es-

tar relacionada com os seguintes com-

ponentes: capacidade física, estado

emocional, interação social, atividade

intelectual, situação econômica e au-

toproteção de saúde. Na realidade, o

conceito de qualidade de vida varia de

acordo com a visão de cada indivíduo.

A qualidade de vida boa ou excelente

é aquela que oferece um mínimo de

condições para que os indivíduos pos-

sam desenvolver o máximo de suas

potencialidades, vivendo, sentindo ou

amando, trabalhando, produzindo bens

ou serviços; fazendo ciência ou artes;

vivendo.

A COMUNICANDO entrevistou a

coordenadora da Universidade

da Terceira Idade (UNTI), Isabel

Marrachinho Toni. Psicóloga e gerontólo-

ga, atua com o segmento do idoso desde

1991, na Universidade de Caxias do Sul.

É palestrante e conferencista em diver-

sos eventos na área do envelhecimento

humano, e professora convidada da dis-

ciplina Longevidade: Vida e Sociedade.

Conselheira titular no Conselho Munici-

pal do Idoso e conselheira suplente no

Conselho Municipal de Assistência Social,

tem vários artigos publicados em revistas

indexadas e a publicação do livro Apren-

der depois dos 50 (Educs, 2007).

34

Page 35: Comunicando - Julho-Dez 2010

Nunca é tardepara aprender

O crescimento da

população idosa é

um acontecimen-

to presente e consolidado

no cotidiano de nosso país,

consomemais recursos e

requer novas estratégias

de enfrentamento que vi-

sem ao envelhecimento

ativo, saudável e indepen-

dente.

Ao mesmo tempo,

observa-se uma mudança

de comportamento signi-

ficante nas salas de aulas.

Hoje em dia, encontram-

se senhoras na faixa etária

da Terceira Idade em busca de aperfei-

çoamento em diferentes áreas. Como

Terezinha Petroli, 60 anos, estudante de

Psicologia. Para ela, a vontade de estudar

surgiu com a necessidade de manter-se

depois da separação de um casamento

de 27 anos. Com alguns problemas de co-

luna, procurou algo que não envolvesse

tanto o corpo e, sim, a mente, além de

exercer uma profissão que gostasse.

Terezinha relata que conseguiu

acabar o Ensino Fundamental e Médio

pelo EJA (Educação para Jovens e Adultos)

e depois passou no vestibular para Psicolo-

gia, área na qual se form no final do ano de

2010. Atualmente, está focada no término

da sua faculdade e não consegue mais rea-

lizar com frequência suas caminhadas. Sua

expectativa para o mercado de trabalho é

conseguir um emprego na área. Diz: “Vou

iniciar numa ONG como voluntária.”

Segundo ela, os estudos ajudaram

em todos os sentidos na sua vida: autoes-

tima, valorização como mulher

e também fez bem para a me-

mória. Agora, ela se sente mais

jovem do que quando era moça

e afirma: “Isso está na nossa

mente, somos o que pensamos.”

Terezinha tem um lema de vida:

“Eu posso, eu quero, eu consigo.”

Com esse pensamento

positivo, não esconde o que pen-

sa: “Envelhecer sim, mas ser feliz

e ter saúde.” A mulher consegue

encarar melhor a velhice do que

os homens, diz. “Se pensarmos

que é a melhor idade, será a me-

lhor idade, sim.”

Ao finalizar, Terezinha

deixa um conselho para todas

as mulheres que têm medo de

envelhecer: para “se libertarem

do medo, procurar ler, manter-

se informadas e não se entre-

gar”.

Comunicando / Março 2011

Terezinha Petroli aproveita seu dia para caminhar

Vanessa Conci/Divulgação

Deise Tisott

/Divulgação

Sala de aula

35

Page 36: Comunicando - Julho-Dez 2010

Comunicando / Março 2011

Quando se pensa em idosos, imagi-

na-se cadeira de balanço, pijamas

e cobertor. Isto é apenas um este-

reótipo. O fato é que de uns anos para cá os

padrões mudaram. As pessoas têm chega-

do à Terceira Idade cada vez mais fortes e

saudáveis. Quem passou dos 60 anos nos

dias de hoje, se acostumou a uma vida agi-

tada, repleta de atividades físicas. Não é à

toa que haja uma procura cada vez maior

por lazer e diversão.

Ao pensar nesta promissora fatia de

mercado, as agências de turismo, bingos,

casas noturnas e academias promovem

eventos com vistas a atrair o público “mais

experiente”. Exemplo desse tipo de públi-

co é Olga Ceriotti, 60 anos, frequentadora

de bailes que são destinados ao público da

Terceira Idade. Olga ressalta que apesar de

ter chegado ao grupo da “melhor idade”, se

Diversão garantida

sente muito melhor nos dias atuais do que

quando tinha 20 e poucos anos de idade,

assim como Terezinha Petroli (página ante-

rior), e justifica que atualmente os entrete-

nimentos promovidos são mais acessíveis

do que em seu tempo de juventude.

Para Olga, existe um ponto nega-

tivo ao se atingir a Terceira Idade que é a

dificuldade encontrada na área da saúde.

Em contrapartida, ainda sobre as diversões

nessa idade, ela afirma: “Hoje, como mu-

lher, somos mais independentes, saímos,

vamos onde queremos, temos mais atitu-

des e somos mais respeitadas.” Além disso,

Olga explica que a vantagem de envelhecer

é a sabedoria e a paciência que foi adquiri-

da durante os anos.

Como conselho para as demais mu-

lheres na Terceira Idade, Olga diz que todas

devem ser vaidosas, bem como se interes-

sar por tudo que está a sua volta. E com-

plementa: “Assim nos sentimos mais vivas.”

Assim como Olga, outras mulheres

possuem esse mesmo sentimento de re-

juvenescimento na Terceira Idade. Como

Vanice Bizotto Castagna, 61, viúva, que

conheceu o atual namorado em um baile

frequentado pela Terceira Idade em 2003,

e estão juntos até hoje. Aposentada, mas

muito ativa, dificilmente fica parada. Nas

segundas, terças e sextas-feira à noite, joga

cartas com os amigos; na terça, faz ginásti-

ca; quarta à tarde dança nos bailes em Ca-

xias do Sul; na quinta joga vôlei e, aos sába-

dos e domingos, sai para dançar.

Como se pode ver, Vanice tem uma

vida bem agitada. Ela conta que se sente

muito jovem e procura ocupar a mente o

tempo todo, sem permitir pensamentos ne-

gativos que possam atrapalhar sua vida. Diz

que aproveita a vida muito mais agora, com

61 anos, pois, na juventude, além de traba-

lhar fora, tinha os afazeres da casa, cuidava

dos filhos e não sobrava tempo para diver-

são. Agora, os filhos cresceram, conheceu

um novo companheiro, e diz aproveitar

cada oportunidade proporcionada para ser

feliz.

Vanice diz que a idade não importa:

o que realmente é significativo é ter espí-

rito jovem, não pensar que os anos estão

passando e, sim, curtir cada momento

como se fosse único. Vanice, muito vaidosa,

não sai de casa sem passar rímel e batom,

e usa roupas modernas que, às vezes, até

empresta para as filhas. Diz que vai chegar

aos 80 anos fazendo tudo o que faz hoje.

Olga Ceriotti/Arquivo pessoal

Baile da Terceira Idade que Olga frequenta

36

Page 37: Comunicando - Julho-Dez 2010

Comunicando / Março 2011

Vanice aconselha as mulheres

que estão entrando na Ter-

ceira Idade para terem pen-

samentos positivos. “Conheço amigas

que têm um pijama novo guardado,

caso um dia precisarem ir para o hos-

pital. Nunca faria isso, pois não penso

em ir para um hospital um dia, além

do mais não uso pijama para dormir.”

Uma coisa que ela não abre mão é de

fazer regularmente todos os exames

necessários, que considera funda-

mental para todas as pessoas. Ela diz que

é mais difícil para o homem enfrentar a

velhice, pois eles reclamam mais, sentem

mais dores e dificuldades. A mulher é mui-

to mais ativa, forte e corajosa para enfren-

tar o passar dos anos. Vanice se considera

uma pessoa muito realizada e feliz.

Para finalizar, Hilária Maria Guglel-

min Spadotto, 80, viúva, frequenta bailes

da Terceira Idade regularmente, faz gi-

nástica semanalmente, caminhadas, e se

diverte muito em excursões com destinos

variados. Hilária diz que as atividades que

realiza tem ajudado muito na vida e para

Festa Junina UNTI

Arquivo UNTI

Andréia Di Bernardi Contin

Vanisse e o namorado, que conheceu no baile

a autoestima; além de conhecer ou-

tras pessoas, tem mais disposição e

energia para realizar as tarefas do-

mésticas, saúde mental e física, e

está sempre de bom humor.

Quando questionada se en-

frenta alguma dificuldade como

mulher, relata que não, pois vive a

vida sem pensar em doenças e pro-

blemas e ainda complementa :“Sou

feita de ferro.” Seu conselho para as

mulheres que têm medo de envelhecer

é que “a idade chega para todos, então

devemos ter força, ir em frente, sair, dar

risada e se exercitar”. Estas três mulheres

representam tantas outras que quebra-

ram tabus com um pensamento inovador

de “melhor idade”.

37

Page 38: Comunicando - Julho-Dez 2010

Figura conhecida da noite de Caxias

do Sul, Adilce Luchtemberg coman-

da há 25 anos a casa noturna Char-

donnay. Durante esses anos de existência,

a casa tem proporcionado entretenimento

de qualidade em um ambiente requintado,

agradável e descontraído, com diversidade

de ritmos, respeito e amizade por seus fre-

quentadores.

A COMUNICANDO entrevistou

Adilce, que revelou vitalidade e força para

cumprir seus compromissos com toda dedi-

cação.

COMUNICANDO – Conte um pouco sobre

a sua trajetória empreendedora como pro-

prietária e fundadora da Chardonnay.

ADILCE LUCHTEMBERG – A Chardonnay era

um sonho. Quis ter uma casa noturna que

oferecesse a comunidade caxiense e região

um lugar requintado e aconchegante em-

balado por uma boa música. Criei o grupo

Chardonnay, conhecido também como a

"banda da casa", que sempre mantém um

repertório atualizado, nunca esquecendo

alguns clássicos como boleros, tangos (que

por sinal é minha paixão), entre outros.

Nossa casa é eclética, aberta a todos os pú-

blicos de diferentes faixas etárias. Trabalha-

mos nas sextas, sábados, domingos e vés-

pera de feriados. Estamos sempre buscando

aprimorar nossas atividades para oferecer

ao nosso público um lugar seguro onde as

pessoas possam se divertir.

COMUNICANDO – Você pode nos revelar

sua idade?

ADILCE – Se alguém me perguntar quantos

anos eu tenho, não hesito em responder

de cabeça erguida que uma vez que tenho

planos e muita estrada a ser percorrida, em

verdade lhe digo: não tenho idade e sim

vida.

COMUNICANDO – Que atividades realiza

atualmente na Chardonnay?

ADILCE – Participo de todas as festas e even-

tos dando as boas vindas aos clientes, às ve-

zes faço show de tango e gosto, também, de

participar em algumas músicas e de dançar.

Sei também que a minha presença impõe o

respeito, que já é marca da Chardonnay.

COMUNICANDO – No que as atividades

que você realiza na Chardonnay contri-

buem para sua auto-estima e para seu pro-

cesso de envelhecimento?

ADILCE – Participando dos eventos da Char-

donnay me sinto na obrigação de estar sem-

pre bem arrumada, inventando modelos

diferentes de vestidos e cabelo. Sinto que a

dança também tem um efeito benéfico em

minha saúde e em meu astral.

COMUNICANDO – Como se sente com sua

idade atual e como se sentia quando mais

jovem?

ADILCE – A idade esta na cabeça de cada

um. Sinto meu espírito ainda jovem e consi-

go com isso apreciar muito a vida.

COMUNICANDO – Quais as dificuldades

que enfrenta hoje como mulher e quais os

pontos positivos de envelhecer?

ADILCE – Ser mulher hoje, e principalmen-

te empresária, é muito mais fácil do que há

25 anos. Hoje as mulheres já conquistaram

o seu espaço e o respeito por sua compe-

tência.

COMUNICANDO – Que conselho dá para as

mulheres que tem medo de envelhecer?

ADILCE – Mantenham o espírito jovem,

busquem atividades que lhes deem prazer

e deixem o tempo passar sem se apegarem

a idade.

COMUNICANDO – Você acredita que é

mais difícil para a mulher encarar a velhice

do que para o homem?

ADILCE – Acho que para a mulher é mais

fácil, pois, por sua vaidade, busca manter

uma aparência jovem. Quando disposta a

ter uma melhora na qualidade de vida, pos-

sui mais opções que a ajudam a manter-se

ativa.

Adilce Luchtemberg,a Rainha da Noite

Comunicando / Março 2011

Banda Chardonnay

Arquivo pessoal

38

Page 39: Comunicando - Julho-Dez 2010

Arquivo pessoal

Adilce colhe os frutos de anos de empreendedorismo

Adilce Luchtemberg,a Rainha da Noite

Comunicando / Março 2011

Page 40: Comunicando - Julho-Dez 2010
Page 41: Comunicando - Julho-Dez 2010

“A beleza é a única coisa preciosa na vida. É difícil encontrá-la – mas quem consegue descobre tudo.”

Charles Chaplin

Page 42: Comunicando - Julho-Dez 2010

4

Estética, beleza

e saúde

Rosto bonito, corpo sarado e pele perfeita são uma busca constante na vida

das mulheres. Para isso, elas utilizam uma ampla variedade de cosméti-

cos, nacionais e importados, como cremes, maquiagens e produtos para cabelo.

Além disso, a academia também é uma opção muita procurada por elas para

manter a forma; porém, para atingir esse objetivo elas nem sempre optam por

meios saudáveis.

Neste capítulo você poderá perceber a que consequências que a obses-

são por este estereótipo leva e conferir depoimentos de mulheres que, para

seguirem esse padrão de beleza, passaram por momentos difíceis mas deram a

volta por cima. Outro assunto a ser abordado pela COMUNICANDO é a medici-

na alternativa, atualmente bastante procurada pelas mulheres, mas gtambém

por homens, que optam por uma vida saudável.

A questão da obesidade também foi relatada neste capítulo por ser uma

doença considerada uma das mais graves da atualidade. Você poderá conferir

dados estatísticos sobre esta doença e algumas dicas para melhorar a qualidade

de vida. Além disso, entrevistamos profissionais da área da saúde e beleza que

contribuem com informações e dicas para melhorarmos nossa vida e conse-

quentemente nossa autoestima. Vale a pena conferir!

Page 43: Comunicando - Julho-Dez 2010

Muitas mulheres quase “en-

louquecem” ao ouvir a

palavrinha cosmético. Cos-

mético é aquilo que é relativo à beleza

humana; são considerados cosméticos

substâncias ou tratamentos aplicados

à face, ao corpo e aos cabelos, com a

finalidade de alterar a aparência, em

busca de realce e beleza.

Podem ser divididos em cate-

gorias como, por exemplo, produtos

para lábios; para área dos olhos; anti-

solares; anti-rugas; para bronzear;

Reprodução

produtos para tingimento de cabelos;

pós-corporais; cremes de beleza; óleos;

produtos para maquiagem facial; pro-

dutos para unhas e cutícula; águas per-

fumadas; perfume (inclusive os odori-

zantes de ambiente), entre outros.

Segundo Marcela Lopes, gerente

da loja O Boticário, no bairro São Pele-

grino, em Caxias do Sul, os cosméticos

mais procurados pelas mulheres são

batons, bases, hidratantes corporais e

perfumaria. Nessa época do ano, a pro-

cura por auto-bronzeadores também

aumenta consideravelmente. Na linha

de antissinais, os mais vendidos são

45+ e em segundo lugar o 30+.

Marcela ressalta que 80% do

público do Boticário é composto por

mulheres de todas as faixas etárias, de

jovens a mulheres mais maduras. Além

disso, diz, a maioria das mulheres não

se preocupa muito com o preço, desde

que usem um produto de seu agrado e

que este lhes forneça o resultado de-

sejado.

43Comunicando / Março 2011

Averdadeira magia feminina

Page 44: Comunicando - Julho-Dez 2010

44

Comunicando / Março 2011

Para a pele, Branchi aposta nas tendências do tom

nude, ou seja, a famosa pele de porcelana. As sobras terão

cores fortes e vibrantes como verde, azul, rosa pink, laran-

ja, entre outras, que marcaram nas passarelas do São Paulo

Fashion Week. Pode-se apostar nos tons de vermelho e rosa

para os lábios, nunca esquecendo que ao salientar a boca, o

olho deve ser mais neutro e, ao salientar os olhos, a boca de-

verá permanecer mais neutra, conforme Branchi (leia mais

no quadro ao lado). A maquiagem definitiva é um assunto

um pouco mais delicado.

As mulheres também preocupam-se com a aparencia

de suas unhas, e o verão aposta nos esmaltes foscos e nas

cores verdes, azuis, cinzas, laranjas, entre outras cores for-

tes, porém nada de brilho. As francesinhas continuam em

alta, porém mais coloridas, como por exemplo, cor pérola

com ponta colorida, cores mais fortes com pontas brancas.

Muitas mulheres optam por cortes que estão na moda

e, na maioria das vezes, copiam cortes de cabelos de

“famosas”, como atrizes, modelos e apresentadoras.

Para o verão 2011, a moda é um cabelo mais repicado, volumoso,

com franjas e estilos que valorizam os fios em camadas – ficam de

lado os cabelos retos e “certinhos”, que dão lugar aos cabelos mais

despojados e desfiados. Lembre-se que a escolha do corte de cabe-

lo faz toda a diferença no visual de uma pessoa e também muitas

vezes revela características da personalidade de cada um.

Para 2011, as tendências serão cortes que resgatem estilos

de décadas passadas. Um exemplo é a combinação do corte Cha-

nel, que fez sucesso na década de 20 e agora está de volta um pou-

co mais ousado, ou seja, simétrico como o de Victoria Beckham. Os

cabelos serão mais volumosos, crespos e ondulados, com franjas

retas ou assimétricas, e os lisos terão mais movimento e leveza se

apostarem nos desfiados.

A ideia é de inovação, é o abandono dos fios retos para

os desfiados, modernos e sensuais. Como diz Sergginho Branchi,

“chapinha pode ser aposentada, já é objeto de museu”. (risos). As

definitivas e progressivas não estão mais em alta; o que está sendo

utilizado nos salões é apenas um relaxamento que ajuda a baixar

um pouco o volume dos cabelos e abrir mais os cachos, sem dar

aquele efeito “escorrido” das progressivas. Já Adriana, cabeleireira

há cerca de oito anos, discorda de Branchi. Ela afirma que em seu

salão a procura pela progressiva continua em alta. Diz, também,

que as mulheres procuram na progressiva um cabelo liso, prático

e fácil de arrumar.

Segundo Branchi e Adriana, a temporada será do baby liss,

dos cachos, curtos e volumosos, desconectados e com pontas. Ou

seja, a dica para acertar nas tendências da próxima estação é arris-

car, deixar de lado o look certinho e chapado para abusar do look

natural, assumindo o volume, os cachos e as ondas. Claro que cui-

dando para que o cabelo não fique com aspecto desleixado.

Luzes de dois a três tons, por exemplo, caramelo, platinado

e vermelho, ou então as combinações de marrom acobreado, mar-

rom acinzentado e cobre avermelhado. Os tons vermelhos fizeram

muito sucesso no inverno, porém no verão as tendências são casta-

nhos e loiros, que entram na lista dos mais procurados dos salões.

Alquimiada beleza

Sergginho Branchi em ação

Crédito: Arquivo pessoal

Na pele, novos tons

Page 45: Comunicando - Julho-Dez 2010

45Comunicando / Março 2011

1º Limpar bem a pele com tônico.2º Aplicar uma base do tom da sua pele, e espalhar pelo rosto com movimentos de baixo para cima (escolher uma base cremosa para não ressecar a pele).3º Utilizar corretivo, se necessário, para disfarçar as imperfeições que a base não cobre.4º Aplicar o pó com um pincel, cuidar para não aplicar uma camada grossa de mais para não parecer artificial.5º Aplicar a sombra de sua preferência.6º Aplicar o delineador, preferencialmente com um traço fino e delicado.7º Aplicar o rímel.8º Aplicar o blush apenas nas maçãs do rosto.9º Finalizar com batom ou gloss, optando por cores mais discretas que equilibrem a maquiagem.

Passo a passo para se maquiar em casa

As mulheres optam nas academias por exercícios mais le-

ves, preocupam-se muito com a questão estética, porém buscam

resultados muito diferentes dos homens, que estão sempre em

busca de aumento de massa muscular.

Geralmente realizam atividades físicas mais moderadas

como caminhada, corridas leves, bicicleta entre outros, a maio-

ria busca diminuir ou controlar o peso. Optam muito por aulas de

ginástica localizada, de step, danças, jump, entre outros, em bus-

ca de um corpo mais definido, torneado, magro e principalmente

“durinho”.

O principal alvo a ser trabalhado pelas mulheres na aca-

demia, quase que por unanimidade, é a busca pela barriga sarada

e pelo “bumbum” empinadinho, diz a personal trainer Mariana

Barreto. “O segredo para manter a forma e um corpo esbelto para

o verão é praticar exercícios físicos e ter uma alimentação balan-

ceada e saudável.”

Crédito: Natália Albé do Amaral

Você mais saudável e bonita

Page 46: Comunicando - Julho-Dez 2010

Os transtornos alimentares são doen-

ças caracterizadas por graves alte-

rações do comportamento alimen-

tar, que podem ocasionar sérias agressões à

saúde. São divididos em duas categorias prin-

cipais: anorexia nervosa (AN) e bulimia ner-

vosa (BN). Eles têm uma prevalência maior

em adolescentes de 10 a 19 anos. A maioria

das vezes, atinge principalmente as mulheres

adolescentes e adultas em idade reprodutiva.

Porém, os homens também são acometidos,

mas representam apenas 10% dos casos.

A adolescência é um período de maior

demanda emocional. Sendo assim, os ado-

lescentes que têm maior vulnerabilidade na

estrutura de personalidade estariam mais

propensos a desenvolver transtornos alimen-

tares.

O termo anorexia vem do grego orexis (apetite), junto

ao prefixo an (ausência, privação). Significa, então, a perda

de apetite de origem nervosa. Normalmente, tem início com

um jejum progressivo, caracterizado por uma restrição die-

tética auto-imposta. Ocorre devido ao medo de ganhar peso,

mesmo que a pessoa apresente um peso abaixo do normal.

Trata-se de uma distorção da imagem corporal, que acarreta

uma negação a ingestão de carboidratos e gorduras. É uma

luta obstinada contra a fome.

Vários fatores estão envolvidos com esta doença (bio-

lógicos, sociais, psicológicos e familiares). Ela faz com que

o adolescente perca o seu senso crítico em relação ao seu

corpo, apresente vergonha de comer em público, tenha um

interesse especial pelo valor nutritivo dos alimentos, goste

de controlar a comida dos familiares, pratique atividade físi-

ca em excesso, podendo acordar até mesmo de madrugada

para fazer exercícios, como abdominais, por exemplo.

Por essa restrição alimentar, a AN é uma doença que

leva a pessoa a uma perda de peso tão significativa que pode

levá-la à morte, pois, por mais magra que ela esteja, nunca

estará satisfeita e sempre irá querer perder mais peso, che-

gando assim, ao seu limite, perdendo as funções vitais do or-

ganismo. Como observam as estudantes do último semestre

de Nutrição, Joseane Furlanetto e Josiele Kesties, em casos

de pessoas que sofrem de bulimia e anorexia, é preciso que

ocorra a internação hospitalar, pois elas ficam muito debili-

tadas, e também aconselham que um familiar sempre acom-

panhe a pessoa que está passando por este problema nas

consultas, pois eles acabam sempre ocultando os fatos reais.

Para um melhor resultado, o tratamento deverá ser

feito por uma equipe multidisciplinar. As estudantes desta-

cam que esse trabalho é realizado juntamente com outros

profissionais, como, por exemplo, com a ajuda de psiquiatras,

para que elas aceitem o tratamento. As metas do tratamen-

to nutricional na AN envolvem o restabelecimento do peso,

normalização do padrão alimentar, da percepção de fome e

saciedade, e correção das sequelas biológicas e psicológicas

da desnutrição. Na BN, o tratamento visa a diminuição das

compulsões, minimização das restrições alimentares, esta-

belecimento de um padrão regular de refeições, incremento

Crédito: Angélica Senter

Estudantes de Nutrição, Joseane e Josiele, aconselham acompanhamento familiar

46

Comunicando / Março 2011

Transtornosalimentares:

anorexia e bulimia

Page 47: Comunicando - Julho-Dez 2010

47Comunicando / Março 2011

na variedade de alimentos consumidos, correção de defici-

ências nutricionais e orientação para práticas saudáveis.

Por apresentarem um comportamento de descon-

trole alimentar, essas adolescentes dificilmente comem em

lugares públicos. Esses episódios de voracidade ocorrem na

sua grande maioria durante a madrugada, às escondidas no

quarto, o que acaba provocando um isolamento social.

Já na BN ocorrem episódios recorrentes de compul-

são alimentar, preocupação persistente com o comer e um

desejo irresistível por comida. E, para evitar o ganho de peso

e aliviar a culpa as pessoas que sofrem deste mal, induzem

seu próprio vômito. Esse ritual apresenta um caráter secre-

to, o que dificulta o diagnóstico, sobretudo em fase inicial.

Por isso, que a pessoa com bulimia passa facilmente desper-

cebida.

Perante a tanta insatisfação com o corpo, o medo da

obesidade faz com que cresça o número de mulheres fazen-

do dietas e controlando o peso, o que acaba fazendo com

que cresça também a prevalência de adolescentes com ano-

rexia e bulimia.

“Não é fácil falar sobre esse assunto mas vou tentar explicar a todos, as trági-cas consequências dessa doença. A bulimia é uma doença causada muitas vezes por algum trauma de infância ou, até mesmo, alguma decepção. No meu caso tive uma decepção amorosa aos 16 anos de idade e ao questionar o porquê da rejeição come-cei a me olhar no espelho, me achar gorda e ficar descontente com a imagem que via todos os dias.

Me alimentava normalmente, porém percebi que a cada dia que passava a mi-nha obsessão por querer emagrecer ia aumentando. Então passei a provocar vômi-tos, pois aquela era uma forma fácil de eliminar aquelas calorias que tinha ingerido durante o dia. Fazia isso duas vezes ao dia, e depois passaram a ser cinco vezes, nada ficava em meu estômago, a minha cabeça era guiada por uma voz que me dizia ‘você tá gorda precisa emagrecer...’.

O tempo passou e isso me incomodava cada vez mais. Minha mãe nunca perce-beu nada e muito menos as minhas amigas. A pessoa que sofre com esse transtorno alimentar não transparece para os outros, é muito difícil de alguém perceber que você está sofrendo dessa doença.

Aos 19 anos, com incentivo de um namorado, busquei tratamento com um psi-quiatra e passei a tomar remédios para ansiedade; consequentemente, emagreci.

Durante esse período de tratamento não tive crises e me mantive firme no tratamento. Não posso afirmar que a pessoa fica curada 100% por que estaria men-tindo. Hoje, tenho 24 anos e sempre que sofro alguma decepção tenho recaídas. Novamente, estou me tratando, mas não é fácil. Você simplesmente fica escrava da ‘beleza’ . Quero um dia poder estar de bem comigo mesma e ser feliz com meu cor-po.”

C.N., 24 anos

DEPOIMENTO

Page 48: Comunicando - Julho-Dez 2010

A obesidade trata-se de uma enfermidade caracteriza-

da pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. Ela

relaciona-se com dois fatores preponderantes: o pri-

meiro é a genética e o segundo é a nutrição irregular. A gené-

tica evidencia que existe uma tendência familiar muito forte

para a obesidade, pois filhos de pais obesos têm 80% a 90%

de probabilidade de serem obesos. A nutrição tem a seguinte

importância: uma criança superalimentada será provavelmente

um adulto obeso. O excesso de alimentação nos primeiros anos

de vida aumenta o número de células adiposas, um processo

irreversível, que é a causa principal de obesidade para toda a

vida. (Fonte: www.afh.bio.br/digest).

Metade da população adulta no País está com peso aci-

ma do padrão recomendado para uma vida saudável, aponta o

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No período

de 34 anos analisado, o excesso de peso triplicou entre os ho-

mens (de 18,5% para 50%) e aumentou em quase duas vezes

(de 28,7% para 48%) entre as mulheres. A obesidade já atinge

12,4% dos homens e 16,9% das mulheres.

Nos últimos seis anos, a frequência de pessoas de 20

anos ou mais com excesso de peso aumentou em mais de um

ponto percentual ao ano. Isso indica que, no prazo de 10 anos,

o problema poderá alcançar dois terços da população adulta.

Os aumentos ocorreram de maneira contínua para os

homens em todas as regiões do país. No caso das mulheres, isso

se verificou apenas na região Nordeste – nas demais, a tendên-

cia de aumento foi interrompida de 1989 a 2003, mas retornou

– Faça um diário alimentar e anote tudo o que você come;

– Obedeça rigorosamente ao horário das refeições, comendo com intervalos de 4 a 5 horas.

– Jamais pule refeições.

– Quando, fora dos horários, surgir vontade de comer, busque uma alternativa (caminhada, exercícios físicos etc)

que reduza a ansiedade.

– Antes de cada refeição, planeje o que você vai comer e prepare cuidadosamente a mesa e o prato.

– Preste a máxima atenção ao ato de comer. Não coma enquanto lê ou assiste televisão.

– Mastigue bem e descanse o garfo entre cada bocada; isso ajuda a controlar a ansiedade.

– Jamais faça compras em supermercados de estômago vazio, para não encher o carrinho com guloseimas.

– Não estoque comidas tentadoras (doces, sorvetes, salgadinhos) em casa. Tenha sempre a mão opções saudáveis.

– Não vá a festas de estômago vazio. Se, chegando lá, você não resistir à tentação de comer alguma coisa, escolha

aquilo de que mais gosta e dispense o resto.

Fonte: www.abcdasaude.com.brPara

um

a bo

a al

imen

taçã

o48

Comunicando / Março 2011

Reprodução

Frutas são fonte garantida de vitaminas

em 2009. Tanto o sobrepeso como a obesidade aumentaram

com a idade até a faixa de 45 a 54 anos, para os homens, e até

o grupo de 55 a 64 anos, em mulheres, declinando em seguida.

Entre os homens adultos, o excesso de peso aumentou

com a renda. No grupo dos 20% com maior rendimento, 61,8%

deles estavam acima do peso. Entre as mulheres, isso não ocor-

reu. (Fonte www.zerohora.com.br).

Obesidade:prevenir

ou reverter

Page 49: Comunicando - Julho-Dez 2010

DADOS NO BRASIL DADOS NO RIO GRANDE DO SUL

DEPOIMENTOF.B., 30 anos

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou entrevistas com aproximadamente 60 mil estudantes de capitais brasileiras. De todas, Porto Alegre é a que possui dados mais preocupantes. Tem o maior número de obesos e o menor índice de alunos com peso adequado.

O percentual de obesos entre alunos pesquisados na capital é de 10,5% – três pontos percentuais acima da média nacional (7,2%). A investigação que levou em consideração 60.973 estudantes, também constatou que 70,4% dos porto-alegrenses têm peso adequado, o mais baixo percentual do país.

Fonte: www.zerohora.com.br

No Brasil, 40% da população (mais de 65 milhões de pessoas) está com excesso de peso e 10% dos adul-tos (cerca de 10 milhões) são obesos. A tendência é mais acentuada entre as mulheres (12% a 13%) do que entre os homens (7% a 8%). E por incrível que pareça, cresce mais rapidamente nos segmentos de menor poder econômico. O inimigo, desta vez, consiste em três palavras: sedenta-rismo, comilança e estresse. Vive-se a era da globalização de um modo de vida baseado na inatividade corporal frente às telas da TV e do computador, no consumo de alimentos industrializados e em um altíssimo nível de ten-são psicológica.

Fonte: www.zerohora.com.br 49Comunicando / Março 2011

“Desde pequena, fui uma pessoa acima do peso. Passei a adolescência obesa, e aumentei ainda mais meu peso depois que tive meu filho. Me olhava, mas não me en-xergava. Tentei vários tratamentos: reeducação alimentar, shakes, grupos de ajuda e re-médios. Todas as tentativas foram frustrantes, pois, na verdade, toda vez que iniciava já sabia que não ia emagrecer, porque eu não me amava o suficiente para mudar e realizar meu maior sonho. Na metade de 2005, iniciei um longo processo de autoconhecimento e aprendizado. Comecei a fazer terapia e, principalmente, a me ver como eu era e en-tender que eu poderia ser muito mais feliz. Neste momento, decidi que a cirurgia era o melhor caminho para realizar essa transformação. Em fevereiro de 2006, estava no consultório do médico em Porto Alegre e, em 20 de abril do mesmo ano, realizei o pro-cedimento, sem nenhuma complicação. Além da equipe médica ter sido maravilhosa, eu estava emocionalmente preparada.

Se eu tivesse que fazer a cirurgia novamente, eu faria, era o que eu queria e estava preparada para tudo o que aconteceu.

Acredito que estamos na vida para sermos felizes e cada pessoa tem que correr atrás do que é melhor para si. Se a felicidade for a cirurgia, minha dica é estar com a cabeça tranquila, procurar um médico que possa explicar tudo o que vai acontecer para tomar a decisão correta.

Hoje, faz mais de quatro anos que fiz a cirurgia e emagreci 45Kg em relação ao peso de 2006. Passei por várias fases após a cirurgia, emagreci demais, engordei um pouco, e estou vivendo um novo processo, o de me conhecer e permanecer magra, que é tão difícil quanto o de ser gorda, pois não adianta mudar o corpo se a cabeça continua gorda. O mais legal é que aprendi que se conhecer, se amar e se entender, é que faz a diferença; quando você muda, tudo ao seu redor muda também.”.

Page 50: Comunicando - Julho-Dez 2010

Um conceito, de mais de seis décadas, hoje é conhecido

como longevidade cerebral e física, e é a base dos tra-

balhos integrativos que buscam a harmonia da trilogia

corpo-mente-espírito. O método Pilates fez o mercado perce-

ber que o exercício é saudável e está tomando conta das aca-

demias.

A revista COMUNICANDO entrou neste clima e conver-

sou com a fisioterapeuta e proprietária do Studio Pilates, Paula

Tonietto Bender.

COMUNICANDO – Quais são os benefícios do Pilates?

Paula Bender – O Pilates é um exercício que trabalha o ganho

de alongamento e força muscular; a melhora da postura e da

consciência corporal; o alívio de dores agudas e crônicas, espe-

cialmente da coluna; e a respiração e a concentração, promo-

vendo bem-estar geral.

COMUNICANDO – A prática de Pilates é indicada para todas as

pessoas ou tem alguma restrição?

Paula – O Pilates é indicado para qualquer faixa etária ou pato-

logia, pois é composto de uma grande variedade de exercícios e

adaptações. Cabe ao aluno procurar um profissional capacitado

que realize uma avaliação contínua das suas necessidades e ca-

pacidades para determinar os exercícios mais adequados.

COMUNICANDO – Você e o Pilates, como é esta relação?

Paula – Vejo o Pilates como um exercício completo e democrá-

tico. Pode ser adaptado a qualquer pessoa , aos mais variados

objetivos, e traz inúmeros benefícios para o corpo como um

todo, principalmente em termos de bem-estar.

COMUNICANDO – Quantas pessoas são atendidas por aula?

Paula – A prática do Pilates requer concentração do aluno e

acompanhamento do instrutor para determinar qual o execí-

cio mais indicado, se está sendo executado da forma correta e

quais adaptações são necessárias para cada indivíduo. O ideal é

que seja realizado individualmente ou em duplas para que cada

praticante seja orientado de forma adequada.

COMUNICANDO – Deixe a sua dica como instrutora de pilates.

Paula – Convido a todos para que procurem um instrutor de

Pilates capacitado e experimentem o método, pois é a melhor

forma de compreendê-lo. Prestem atenção em seus corpos e

sintam os benefícios que a prática regular pode trazer em ter-

mos de alongamento, alívio de dores e disposição geral.

COMUNICANDO – Qual é o periodo mínimo para o Pilates dar

resultados?

Paula – Os resultados estão relacionados com a frequência de

realização do exercício, os objetivos, as necessidades e limita-

ções do aluno. Joseph Pilates disse que “com 10 sessões você

perceberá a diferença, com 20 sessões os outros irão perceber

a diferença e com 30 sessões você terá um novo corpo”.

Crédito: Arquivo pessoal

Paula: “...experimentem o método, pois é a melhor forma de compreendê-lo

50

Comunicando / Março 2011

Pilates faz bempara o corpo

Page 51: Comunicando - Julho-Dez 2010

PONTE

Trabalha a mobilização da coluna vertebral e fortalece

a musculatura das costas, pernas e glúteos. Nesta

variação, estendemos uma das pernas em direção ao teto, buscando um

incremento no ganho de força da perna contrária e desafiando o equilíbrio.

ELEPHANT

O tronco deve estar bem estabilizado para que somente o

quadril e as pernas se movimentem. Desta forma, temos o

fortalecimento da musculatura profunda do abdômen e o

alongamento do quadril e da cadeia posterior das pernas.

HANGING PULL UPS

Temos o fortalecimento do braços, da musculatura posterior do

quadril e pernas, além da mobilização da coluna vertebral em

extensão.

O que é o método Pilates?

51Comunicando / Março 2011

O método Pilates é um sistema completo de exercícios sistematizados, criado entre as décadas de 1920 e 1930 por Joseph Hubertus Pilates. Utilizando aparelhos e equipamentos concebidos e construídos a partir das necessidades dos praticantes, o método Pilates destaca-se pela originalidade de seus conceitos e princípios, sendo considerado por especialistas e praticantes como o mais eficiente método de condicionamento físico da atualidade.

O Pilates caracteriza-se por uma variedade de exercícios como, entre outros, o roll up (exercício de ganho de força abdominal) e o swan (fortalece a musculatura extensora das costas e dos membros superiores). Todos os exercícios são executados em poucas repetições e os resultados alcançados são rápidos e duradouros.

Fonte: www.pilates.com.br

Fotos Divulgação

Page 52: Comunicando - Julho-Dez 2010

A ioga foi criada na Índia há mais de 5 mil anos, pela civilização do Vale do Indo, que habitou a região norte da Índia, atual Pa-

quistão, naquele período histórico. É uma filosofia de vida que visa ao autoconhecimento. Segundo Vinícius Santos Rocha,

a proposta dessa filosofia é levar o praticante a um estado de consciência chamado samádhi, um estado de megalucidez.

A ioga não visa atingir benefícios por se tratar de uma “filosofia”. A proposta principal é o autoconhecimento.

Com a prática sistemática da ioga, o praticante desenvolve a flexibilidade e o tônus muscular, e reeduca a respiração. Au-

menta a vitalidade, a concentração e obtém muitos outros efeitos benéficos por adotar um estilo de vida mais saudável, combina-

do com exercícios inteligentes.

O Método DeRose é uma codi-

ficação contemporânea da ioga pré-

clássica, o mais antigo. Nada foi criado

de novo, apenas foi feito um trabalho

de resgate e sistematização de algo que

surgiu há 5 mil anos. Desde aquele tem-

po, consiste numa série de conceitos

e práticas que levam o praticante a ter

uma vida mais saudável, feliz e dinâmi-

ca.

O método é um dos mais praticados no Brasil e está

sendo fortemente difundido em vários países, como Argenti-

na, Portugal, Estados Unidos, França, Alemanha e Inglaterra.

No decorrer dos milênios, a ioga foi fortemente modi-

ficada, o que resultou no surgimento de diversas linhas diver-

gentes. Na Índia, são aceitos 108 ramos tradicionais. Quando

a ioga veio para o Ocidente, foi modificada ainda mais, o que

deu origem a milhares de métodos que, na maioria das ve-

zes, fogem da proposta original, que é o autoconhecimento.

Conforme Vinícius Santos Rocha, instrutor do Méto-

do DeRose em Caxias do Sul, por se tratar de um resgate da

ioga pré-clássico, o método tem uma prática mais completa,

forte, dinâmica e ortodoxa, seguindo fielmente a nobre pro-

posta dessa filosofia e o ensinamento dos mestres ancestrais

que a desenvolveram.

A ioga é indicada para todas as idades. Mas é impor-

tante ressaltar que é um trabalho desenvolvido para pessoas

saudáveis. Portanto, segundo Rocha, independente da idade

é necessário ter saúde e disposição para praticar.

“Quando os cinco sentidos e a mente estão parados, e a própria razão descansa em silêncio, então começa o caminho supremo. Essa firmeza calma dos sentidos chama-se ioga.”

Upanixade Katha, VI (escrituras hindus de medição e filosofia)

Fonte:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ioga#Ioga_no_

Brasil

Divulgação

Janu Sírshrásana – anteflexão coma cabeça no joelho

52

Comunicando / Março 2011

O Método DeRose

Ométodomilenar do

autoconhecimento

Page 53: Comunicando - Julho-Dez 2010

Prática de Àsanas Posição ou técnica corporal da ioga, complementada por uma atitude

interior, mentalização, respiração específica e ritmo. 53Comunicando / Março 2011

Parshwa Kakásana - a posição é executada com a lateral do corpo

Divulgação

“A correria e o estresse do dia a dia tem me levado a buscar uma terapia alter-nativa e não podia ter uma escolha alternativa que não fosse a ioga. Além de ser um exercício relaxante, é uma terapia muito saudável, que traz diversos benefícios: dimi-nui o estresse, aumenta a flexibilidade, melhora a postura, diminui dores nas costas, estimula a circulação sanguínea e aumenta a concentração, entre outros. A ioga já faz parte da minha rotina, já frequento as aulas há dois anos, duas vezes por semana. Indico a terapia a todas as pessoas que têm interesse em uma vida saudável. É apaixo-nante, vale a pena experimentar!”

Elisa Gasperin 31 anos, projetista

DEPOIMENTO

Page 54: Comunicando - Julho-Dez 2010

Íris dos olhos mostra marcas relacionadas com o histórico emocional de cada paciente, não o acontecimento em si, diz iridóloga

54

Comunicando / Março 2011

A permissão para mudar velhos

paradigmas é fundamental

Crédito: Arquivo pessoal

O diagnóstico através da íris possibilita o conheci-mento de áreas frágeis no organismo do paciente e, assim, o iridólogo pode estruturar um tratamen-

to adequado para orientar os hábitos e evitar doenças fu-turas. Com o procedimento, o organismo é desintoxicado, reconstituído e preservado, antes que o quadro se torne muito prejudicial ou, talvez, irreversível. Em Caxias do Sul, a iridóloga Maria Júlia Enderle presta atendimento há 15 anos. Segundo ela, a “leitura” da íris permite que se perce-ba “como a saúde da pessoa está no momento”.

A medicina preventiva é a grande oportunidade de uma melhora do homem como espécie, pois os bons hábi-tos geram saúde, e essa saúde conquistada será transmitida de geração em geração. A prevenção, dizem os especialis-tas, é a medicina do futuro, com a qual se poderá encontrar o segredo da boa saúde em todos os seus aspectos, geran-do longevidade, melhores condições e qualidade de vida.

Em entrevista, a iridóloga Maria Júlia Enderle, a pro-fissional esclarece diversas dúvidas do mundo da medicina alternativa.

Iridologia,diagnose pela

observação da íris

COMUNICANDO – Como a iridolo-gia pode ajudar na saúde da pes-soa? Maria Júlia Enderle – A íris é dotada de terminais nervosos conectados com todo o organismo, via tálamo ótico e sistema nervoso. Torna-se uma espécie de “tela de televisão” que revela a condição do organismo através das mudanças que ocorrem nas fibras da íris. Sendo assim, pode revelar como a saúde da pessoa

está no momento, possibilitando um melhor tratamento imediato.

COMUNICANDO – O iridólogo pre-cisa conhecer mais algum fator do paciente além da íris? Maria Júlia – Sempre é importante ao terapeuta conhecer a vivência da pessoa, pois na íris aparecem marcas relacionadas com o históri-co emocional, mas não o aconteci-mento em si.

COMUNICANDO – Existe alguma re-ceita para ter uma íris mais saudá-vel?Maria Júlia – Sim, tudo o que trouxer harmonia à vida da pessoa faz a íris mostrar saúde.

COMUNICANDO – Em quanto tem-po, normalmente, os tratamentos dão resultados? Maria Júlia – Depende de cada pes-soa, pois cada um tem facilidades ou

Page 55: Comunicando - Julho-Dez 2010

55Comunicando / Março 2011

Um diagnóstico natural, a íris é a parte corada do olho, muito rica em filamentos nervosos, ela-borada com a mesma constituição dos tecidos do cérebro e formada nos primeiros dias de vida do em-brião. Certamente, por causa da sua complexidade em telecomuni-cação nervosa e pela sua relação genética, ainda não se descobriu tudo, nem tudo foi explicado sobre o assunto das telecomunicações celulares; mas já se sabe que as cé-lulas comunicam-se umas com as outras.

O cérebro é um verdadeiro computador, composto por 10 bi-lhões de neurônios, cada um com mais de 25 mil possibilidades de comunicar-se com as células vizi-nhas. Cada neurônio é um verda-deiro laboratório químico. O olho é

– Mantenha a tranquilidade, principalmente consigo mes-mo;– Não permita que o mundo destrua sua paz de espírito;– Respire lentamente;– Conte até se acalmar;– Beba água, sorria e ria de si mesmo;– Saboreie a alimentação, aprecie o que terá de benefí-cios e não só o sabor;– Descanse, tire alguns mo-mentos para curtir sua compa-nhia, e, por fim, tenha fé, creia em Deus ou algo maior, pois, se Deus está contigo, quem estará contra?

um anexo, uma extensão deste verda-deiro laboratório, que envia para esta parte corada do olho milhões de in-formações. De fato, como um espelho no qual se escreve mensagens, cada célula do estroma (tecido das fibras) da íris contém 25 mil fibras nervosas que estão ligadas ao cérebro. O nervo ótico contém mais de 10 mil ramifica-ções nervosas. Sob o estroma da íris, dois grupos de músculos aparecem, um para dilatar a pupila, e outro, para contraí-la.

A íris está intimamente ligada ao organismo pelos seguintes interme-diários: sistema nervoso; sistema linfá-tico e sistema nutricional.

As perturbações do sistema ner-voso, provocadas pelo estresse perma-nente, hoje mais conhecido pelo nome de estresse oxidativo, são suscetíveis de modificar a estrutura da íris.

A permidssão para mudar velhos paradigmas é fundamental

resistências inerentes à sua história de vida e hábitos alimentares.

COMUNICANDO – As mulheres apre-sentam normalmente quais doen-ças? Maria Júlia – Não podemos genera-lizar doenças relacionadas somente com o sexo, mas com as condições de vida que as pessoas têm. A maior parte das disfunções está ligada aos maus hábitos alimentares e ao estres-se exagerado.

COMUNICANDO – O que as mulhe-

res podem utilizar como aliados na manutenção da mente e corpo? Maria Júlia – Pequenas mudanças fazem grandes diferenças, como res-pirar, por exemplo. As mulheres, prin-cipalmente para manter uma postura “salto-alto”, esquecem de respirar com toda a capacidade pulmonar, criando assim uma baixa oxigenação corporal que leva a inúmeros proble-mas, desde dores em geral à depres-são. Outros pequenos fatores con-tribuem para melhorar a saúde são: sorrir, beber água, espreguiçar e se permitir.

Dicas

Visão integral do ser

Page 56: Comunicando - Julho-Dez 2010

A Ortomolecular é baseada na teoria do equilíbrio. O orga-nismo humano é formado

por inúmeras moléculas e, quando as mesmas encontram-se equilibradas, o organismo também encontra-se equilibrado. É uma terapia que ana-lisa o homem como um todo: físico, emocional e mental. Busca a corre-ção das carências nutricionais, equili-brando a bioquímica do organismo e prevenindo o aparecimento de radi-cais livres (que são a causa básica do envelhecimento precoce) e de muitas doenças.

Também complementa e oti-miza qualquer tratamento indicado pela medicina convencional. É impor-tante ressaltar que a Ortomolecular não substitui a medicina tradicional, mais vem complementar.

Segundo a terapeuta Benta Spiandorelo, “a própria mídia vem divulgando através de TV, rádio, revis-tas, etc. As pessoas buscam a terapia para experimentar, por exemplo: Die-ta Ortomolecular emagreceu 10kg a atriz fulana de tal... Depois, pelos re-sultados que as pessoas têm, acabam divulgando para amigos, parentes e conhecidos.”

A Ortomolecular é uma terapia personalizada, é exclusiva para cada pessoa, ou seja, é direcionada para as necessidades e deficiências diferen-

tes de cada um, porque não se pode generalizar e tratar todos igualmente, o que é bom para alguns poderá ser veneno para outros. Conforme Ben-ta, “a ausência de minerais permite o aparecimento de sintomas descon-

fortáveis, que podem não ser detec-táveis em exames convencionais, mas sentidos pelas pessoas acometidas dessas disfunções”.

Depois de realizados alguns testes para ver a necessidade ou não

Conforme a terapeuta, o que é bom para alguns pode ser veneno para outros

Crédito: Arquivo Pessoal

56

Comunicando / Março 2011

Aterapiabaseada

no equilíbrio

Page 57: Comunicando - Julho-Dez 2010

de nutrientes, também é feita uma minuciosa avaliação da personalida-de do indivíduo, que é correlacionada com sintomas e comportamentos.

A partir desses dados, caso seja necessário, é estabelecido um pro-grama de suplementação com subs-tâncias naturais para restituir o equilí-brio orgânico. “Seu principal objetivo é reforçar a vitalidade das células sem efeitos tópicos, propiciando o reequi-líbrio natural do organismo sem ne-nhuma contra indicação ou efeitos colaterais.”

As substâncias utilizadas como suplemento no tratamento são, na maioria das vezes, substâncias que existem normalmente no organismo: vitaminas, sais minerais, aminoáci-dos, lipídios, hormônios, antioxidan-tes. A Terapia Ortomolecular, ou de Oligoelementos, baseia-se na reposi-ção de minerais, sob forma de gel, vi-taminas, aminoácidos, fitoterápicos, aloe vera e ácidos graxos.

Os sintomas mais comuns e mais tratados nas mulheres sao, se-gundo Benta, “o estresse, a irritabili-dade, o cansaço físico e mental e os medos”. Para cada um deles, um tra-tamento diferenciado: “Como cada pessoa é única, fica difícil padronizar.

Depende do tipo de estresse, se vem do medo, de ansiedade ou de uma situação de pressão. Deve-se analisar muito bem a paciente para que a terapia seja bem sucedida. Também é preciso que a pessoa faça o tratamento corretamente e não pare antes do tempo. O resultado será excelente.”

A Ortomolecular é uma espe-cialidade que procura levar a todos a chance de ter uma vida saudável, rea-tivando as enzimas para um envelhe-cer com saúde e bem-estar. Pode se ter como benefícios: desintoxicação do organismo, emagrecimento, sono reparador, motivação, calma da an-siedade, diminuição do estresse, me-

– Acordar cedo; – Levantar cedo;– Praticar alguma atividade física;– Alimentação equilibrada (produtos integrais, verduras, frutas, água, etc.);– Ter momentos de lazer (o lazer é a válvula de escape do estresse);– Procurar estar em paz com tudo e todos (não deixar conflitos para resolver depois);– Procurar ver sempre o lado bom das coisas.

lhora a memória, maior bem-estar, elasticidade da pele, fortalecimento das unhas e dos cabelos.

Além disso, melhora a capaci-dade de apreensão e assimilação de informações, em resumo, retarda o envelhecimento. O indivíduo, tam-bém precisa mudar seu estilo de vida (sedentarismo) e hábitos alimentares. É sabido que pessoas obesas costu-mam ter níveis baixos de serotonina (neurotransmissor da felicidade, que é formado principalmente por meio dos carboidratos). As pessoas com obesidade costumam ter alterações nos níveis de serotonina e precisam de açúcares para compensar. Isso es-timula o consumo de carboidratos. A suplementação é necessária porque é cada vez mais difícil conseguir uma alimentação balanceada. “Há um tabu que afirma que a ortomolecular precisaria de altas doses por dia, para surgir efeito, na verdade, na maioria das vezes, basta uma só dose diária”, conclui Benta.

57Comunicando / Março 2011

Dicas para uma vida mais tranquila

Page 58: Comunicando - Julho-Dez 2010

A Comunicando entrevistou a terapeuta Raquel Bea-

triz Piva, que atua há 15 anos em terapia de florais, e nos traz

curiosidades sobre o assunto.

COMUNICANDO – Existe algum floral para ter em

casa?

Raquel Piva – Existem florais de emergência que po-

dem atenuar momentos de crise, mas, no geral, o floral é in-

dicado para cada pessoa de acordo com a sua personalidade.

COMUNICANDO – O tratamento floral demora em

surtir efeito?

Raquel – O tratamento floral tem efeito imediato, no

entanto nem sempre a pessoa está aberta à observação das

mudanças iniciais que ocorrem. A recusa em deixar velhos

hábitos, o “conforto” que encontra no sofrimento (pois já

é conhecido) ou na atenção que recebe, podem ser fatores

que travam a percepção da melhora. Muitas vezes, só querer

alívio imediato e não analisar o que trouxe a dor.

COMUNICANDO – Quais as indicações para ter uma

vida mais equilibrada?

Raquel – Ser verdadeiro consigo mesmo, respeitar os

limites do meu emocional até que ele esteja fortalecido, ab-

dicar de conceitos depreciativos, evitar usar o outro como

desculpa para suas frustrações, são propósitos que a pessoa

que procura o tratamento floral deve estar ciente, assim sua

melhora será mais rápida e visível.

“Para preencher a lacuna instalada no coração, na mente e na alma das pessoas, os florais aparecem como espécies de ‘remédios’ contra as inquietações e desarmonias internas, quecomprometem a saúde da pessoa.” Raquel Piva

Crédito: Arquivo pessoal

Terapeuta floral Raquel Beatriz Piva

58

Comunicando / Março 2011

Estresse, cansaço, ansiedade, medo, pânico, solidão, insegurança, ciúme, problemas de relacio-

namento em casa ou no trabalho, além de angústia, depressão, desespero e crises em diferentes fases

da vida , tabagismo, alcoolismo, drogas, dificuldades na escola e uma série de conflitos internos ou ex-

ternos, vêm se tornando responsáveis por distúrbios físicos e mentais que afetam cada vez mais pessoas.

A doença manifestada no físico nada mais é do quem um desequilíbrio existente na psique. A

energia curativa dos florais é sutil, pois ela é a memória que a planta tem das condições que culminaram

na floração. Essa memória, quando utilizada na forma de florais, trata o desequilíbrio emocional que

trouxe a doença para o físico, não simplesmente apagando a dor, mas fortalecendo a emoção positiva

para que a própria pessoa entre em sintonia consigo. Na terapia floral, o histórico da pessoa mostra

como ela reage a determinadas situações cotidianas, como seu pensamento colabora para a saúde ou

para adoecimento. A doença que a pessoa apresenta pode ser benéfica, pois mostra qual o caminho

para trabalhar o interior e a emoção que deve ser fortalecida.

Aessênciados florais

Reprodução

Page 59: Comunicando - Julho-Dez 2010

A fitoterapia tem se tornado cada vez mais popular entre os povos de todo o mundo. Há inúmeros me-dicamentos no mercado que utilizam em seus rótulos o termo “produto natural”. Produtos à base de ginseng, carqueja, guaraná, confrei, ginko bilo-ba, espinheira santa e sene são ape-nas alguns exemplos. Eles prometem, além de maior eficácia terapêutica, ausência de efeitos colaterais.

Grande parte utiliza plantas da flora estrangeira ou brasileira como matéria-prima. Os medicamentos à base de plantas são usados para os mais diferentes fins: acalmar, cicatri-zar, expectorar, engordar, emagrecer e muitos outros. É essa utilização das plantas para o tratamento de doen-ças que constitui, hoje, um ramo da medicina conhecido como fitotera-pia.

Apesar de ser considerada por muitos como uma terapia alternativa, a fitoterapia não é uma especialida-de médica, como a homeopatia ou a acupuntura; ela se enquadra dentro da chamada medicina alopática. A terapeuta Lea Bachi Tódero acrescenta: “A cada dia, as plantas ganham espaço como aliadas no reequilíbrio físico do ser humano, estimulando as defesas naturais do orga-nismo”.

Como método terapêu-tico, explica Lea, “a fitoterapia

faz parte da medicina natural e tem o poder de transformar o organismo das pessoas de maneira fantástica”. Ao terapeuta, diz, cabe entrevistar a pessoa, buscando informações sobre sua condição física atual, doenças pre-gressas, alergias e estado emocional. “Assim, ele pode indicar o melhor mé-todo de tratamento, que é individuali-zado, porque as pessoas têm necessi-dades diferentes umas das outras.”

Léa acrescenta: “As mulheres, normalmente são mais sensíveis no sistema geniturinário, o que faz com que elas busquem na terapia alterna-tiva, meios de atenuar sintomas rela-cionados a TPM, um incômodo muito presente nos dias atuais. Também devido a muitos fatores da vida mo-derna, a menopausa tem acarretado uma explosão de sintomas como de-pressão, insônia, diminuição da libido e muitos outros.”

Por muito tempo quase não se ouviu falar sobre o valor curativo das plantas medicinais, a tal ponto que as pessoas jovens quase nem conhe-cem esses recursos. Mas hoje há um

novo despertar em toda parte e uma grande procura desses recursos, seja por necessidade financeira, seja por desilusão com outros tratamentos que não resolvam o problema das doenças e ainda intoxicam o organismo.

Fonte: Nutrição Orientada,

de Durbal de Lima.

59Comunicando / Março 2011

Terapeuta Léa Bachi Teodoro

Crédito: Arquivo pessoal

– Ingerir alimentos sau-dáveis;– Beber muita água;– Fazer exercícios regu-larmente;– Alimento funcional muito indicado para a boa função dos intesti-nos é a semente de linha-ça, que também propicia boa saúde aos cabelos, unhas e pele.

DICAS

Repr

oduç

ão

Fitoterapia,a farmácia divina

Page 60: Comunicando - Julho-Dez 2010
Page 61: Comunicando - Julho-Dez 2010

“A moda não é algo presente apenas nas roupas. A moda está no céu, nas ruas, a moda tem a ver com ideias, a forma como vivemos, o que está acontecendo.”

Coco Chanel

Page 62: Comunicando - Julho-Dez 2010

S egundo o dicionário Aurélio, a palavra con-

sumo significa: “Uso que se faz de bens e

serviços produzidos. (Se o consumo aumen-

ta em razão da produção, esta é igualmente esti-

mulada pelo consumo.)”. A partir desta premissa

podemos constatar a relevância do ato de consu-

mir em nossa sociedade. O comportamento rela-

tivo à compra é moldado não só pelos estímulos

pessoais, mas também pela propaganda, veículos

de comunicação e apelos visuais que nos cercam

por todos os lados.

Em seu livro O império do efêmero – A moda

e seu destino nas sociedades modernas, Gilles Li-

povetsky afirma que pode-se caracterizar empirica-

mente a sociedade de consumo por diferentes tra-

ços, que vão desde a abundância das mercadorias

e dos serviços, a busca da elevação do nível de vida,

até o culto por objetos e pelo lazer, o que se confi-

gura na moral materialista.

As grandes redes de comunicação também

colaboram para a perpetuação de falsas imagens

e estereótipos de beleza. Espelhando-se nisso,

as mulheres, que são consumistas em potencial,

cultivam uma imagem equivocada do que seria o

belo, pois se baseiam numa ilusão, sustentada por

produtos e por conceitos de beleza distorcidos por

imagens manipuladas pelos mais modernos sof-

twares. Nesse âmbito a dona da loja Leni, de Flores da Cunha,

Lenita Novello, e uma de suas clientes consumistas, Valeska Fin-

ger, retratam suas percepções sobre a moda e a influência dela

em suas vidas.

Da compra consciente à doença há um caminho tortu-

oso, pois o consumo de moda possui as mais diversas facetas,

que se caracterizam na vaidade, nos hábitos e até no descon-

trole, que leva à doença. Para abordar as questões psicológicas

ligadas à moda e ao consumo, nesta edição contamos com o

parecer da psicóloga Vanessa Castilhos Susin.

No contexto do universo feminino, outro aspecto rele-

vante é a opinião masculina a respeito do comportamento das

mulheres com relação à moda. O locutor da rádio Atlântida,

Mauricio Pretto, jornalista e vaidoso declarado, fala nesta edi-

ção da Comunicando sobre o mundo feminino e sobre sua pró-

pria vaidade.

Propaganda Levi’s veiculada em 2008

Moda e consumo

Page 63: Comunicando - Julho-Dez 2010

Vaidade e compras: combinação perigosa

A vaidade é um tema recorrente

no mundo da moda. A globa-

lização e o acesso rápido à in-

formação colaboraram para que os es-

tímulos à compra sejam cada vez mais

intensos e persuasivos. Além do com-

portamento, a moda e o consumo têm

provido a constante atualização da in-

dústria e do comércio, rumo à grandes

volumes de produção e venda. Neste

contexto, a empresária Lenita Novello,

atuante no ramo de moda há mais de

15 anos em Flores da Cunha, concedeu

entrevista, na qual expressa suas per-

cepções acerca da moda como negócio.

Flores da Cunha está localizada

no interior do estado do Rio Grande do

Sul e possui cerca de 27 mil habitantes.

Nesse cenário, podemos visualizar uma

cidade calma e com pouca movimenta-

ção. Porém, o poder aquisitivo da gran-

de maioria dos florenses é alto e mo-

vimenta o comércio da cidade. Lenita,

proprietária de uma loja de vestuário,

afirma que 90% de seus clientes são mu-

lheres entre 18 e 50 anos. Tradicional, a

loja Leni comercializa as mais novidades

do mundo da moda, por trabalhar com

marcas renomadas, o que mantém seu

público entre as classes sociais A e B.

Segundo a proprietária, seus

61Comunicando / Março 2011

“As clientes compulsivas,no início, são ótimas clientes,mas com o tempo demonstramseu desequilíbrio.“

tes, mas com o tempo demonstram seu

desequilíbrio e acabam se endividando

seriamente por comprarem mais do

que podem. Os casos que acompanhei

em minha loja foram 100% com clientes

mulheres.”, afirma.

A grande

preocupação com

a vaidade, nem

sempre é o gran-

de motivo das

compras excessi-

vas das mulheres,

segundo Lenita.

“Um determinado

problema causa essa neurose. Muitas

vezes a compulsão surge por causa de

problemas familiares, com marido ou

namorado, ou mesmo relacionados a

sexo. Afirmo isso devido aos relatos das

clientes. “A compradora compulsiva não

pensa só na vaidade, pois muitas vezes

sequer usa tudo o que compra”, conclui.

Lenita Novello

Crédito: André Caldart

clientes são moderados na frequência

de compras, mas existem também ex-

ceções consumistas ao extremo. Lenita

hoje possui poucas clientes desenfrea-

das por compras e, consequentemen-

te, devedoras, por

aplicar um sistema

de cobranças mais

rígido em seu esta-

belecimento. “De-

vido ao antigo sis-

tema de cobrança

e aos clientes que

eram compulsivos,

ou mesmo doentes,

obtivemos grandes

prejuízos”, conta. Ainda segundo ela,

a compulsão para comprar é uma do-

ença, pois a compra acontece por

impulso e a pessoa, mesmo

comprando muito, não se

satisfaz. “As clientes

compulsivas, no iní-

cio, são ótimas clien-

Page 64: Comunicando - Julho-Dez 2010

62

Comunicando / Março 2011

Amente de uma pessoa vicia-

da em compras intriga e gera

muitas dúvidas sobre como

evitar a compulsão e seus extremos. A

personal stylist Valeska Finger comenta

sobre sua mania de

consumo.

Além de tra-

balhar com moda,

ela também tem

um salão de beleza

e sua paixão pelo novo e moderno está

presente em todos os quesitos de sua

vida.

Quanto à mania de consumo,

Valeska a descreve como algo que fi-

cou na lembrança. Para ela, o consumo

a fazia se sentir igual às outras mulhe-

res “Se eu não tivesse algo que outra

mulher tinha, eu me sentia inferior”,

afirma.

Para ela, a

mania com com-

pras e roupas vem

de família. “Minha

mãe é bem pare-

cida comigo, com

muita imaginação

para criar e se vestir. Minha avó era

costureira e por isso também era muito

inovadora quanto às roupas. Até minha

bisavó tinha esse hábito, porém não

com relação às roupas e, sim, com a or-

ganização da casa”.

“Se eu nao tivesse algo que outra mulher tinha, eu me sentia inferior.”

Hoje, Valeska faz tratamento

com uma psicóloga e afirma comprar

somente o que lhe atrai muito e com a

consciência de que irá usufruir do pro-

duto adquirido.

O acompanhamento psicológi-

co e sua visão acerca da preservação

ambiental, a fizeram controlar a com-

pulsão. Ainda segundo ela, o consumo

exagerado fazia com que muitas peças

compradas não fossem usadas, o que

tornou seu quarto uma montanha de

roupas sem finalidade. Para Valeska,

seu psicólogo não sabe ao certo se ela

é compulsiva ou muito exigente. Seu

quarto, por exemplo, sofre modifica-

ções semanais na posição de mobiliário

e enfeites, devido à sua inquietude e

criatividade.

Créd

ito: A

ndré

Cal

dart

Valeska Finger

Do hábito à doença

Page 65: Comunicando - Julho-Dez 2010

Para esclarecer as questões psi-

cológicas acerca da moda e do

descontrole nos hábitos de con-

sumo, Vanessa Castilhos Susin, psicólo-

ga com formação psicanalista que aten-

de na área clínica, classifica os sintomas

e aborda soluções. Muitas mulheres

compram para obter status, modismo,

ou pelo prazer que a experiência lhe

proporciona. Mas há um limite tênue

entre o que é considerado como um

comportamento normal e quando este

passa a ser uma compulsão.

Para Vanessa “o transtorno pode

se originar por vários fatores. Na verda-

de, a origem tem a ver com a história

de cada sujeito, com as vivências de

cada um. Os motivadores podem ser

situações ou fatos que se enlaçam com

marcas que o indivíduo tem dentro de

si o que detona as crises de compulsão

por compras”.

Segundo a literatura, a mania de

consumo é vista como uma compulsão

denominada por Transtorno do Com-

prar Compulsivo (TCC), ou também

conhecida por Oniomania. Evidencia-

se esse transtorno normalmente no

início no final da adolescência ou nos

primeiros anos da segunda década de

vida, o que pode estar relacionado com

a emancipação financeira e a abertura

de contas com a oferta de crédito.

É importante diferenciar as com-

pras normais das descontroladas. A

diferença não está na quantidade de

dinheiro gasto em relação à renda do

indivíduo, mas sim no nível de angús-

tia e preocupação decorrentes do ato.

Para Vanessa “as pessoas que possuem

esse transtorno possuem uma angús-

tia muito grande e quando ocorre um

transbordamento agem compulsiva-

mente para descarregar toda a ansie-

dade e sofrimento oriundos dessa an-

gústia”.

O TCC é um comportamento crô-

nico e repetitivo, cujas crises não são

necessariamente frequentes e ocorrem

em resposta a eventos ou sentimentos

negativos. As pessoas com este trans-

torno descrevem um crescente nível

de ansiedade que somente é aliviado

quando realiza uma compra. Porém,

após a aquisição de algum item, segue-

se um sentimento de decepção ou de-

sapontamento que leva, muitas vezes,

a que este o esconda. Os maiores alvos

das pessoas que possuem esta compul-

são são vestuário, sapatos, jóias, ma-

quiagem e CDs.

Segundo Hermano Tavares, pes-

quisador do Instituto de Psiquiatria do

Hospital de Clínicas da USP, há estudos

relevantes que apontam que a aquisi-

ção destes itens pelas mulheres é mo-

tivada pela necessidade de identidade

pessoal e social. Quem está compran-

do compulsivamente deve realizar uma

avaliação com um psicólogo para que

este faça o diagnóstico e defina o trata-

mento mais indicado ao paciente.

A psicóloga Vanessa comenta

que os pacientes buscam ajuda em um

momento de grande angústia, seja por

estar comprando compulsivamente ou

por outras compulsões. Com relação

ao diagnóstico, ela afirma que “na psi-

canálise existe uma diferença muito

importante entre sintoma e transtor-

no. No entanto, esta é uma diferença

tênue e o diagnostico só pode ser feito

ao ouvir o paciente, analisando o con-

texto em que está inserido”. Quanto ao

tratamento, Vanessa julga ser necessá-

rio realizá-lo de forma multidisciplinar.

E complementa: “Quando o paciente

está apresentando risco a si mesmo,

o psicólogo deve encaminhá-lo a um

psiquiatra para associar medicação ao

tratamento de modo a auxiliá-lo a se

estabilizar e conseguir pensar sobre

seus atos”.

63Comunicando / Março 2011

“É importante diferenciaras compras normais das descontroladas.”

Crédito: Siara Salvagni

Vanessa C. Susin

Compulsão e tratamento

Page 66: Comunicando - Julho-Dez 2010

64

Comunicando / Março 2011

Oato de comprar teve início com

a criação da moeda. Mas foi

a industrialização, a partir da

Revolução Industrial, que possibilitou a

produção de uma diversidade e volumes

de produtos impensáveis durante o perí-

odo artesanal. Vivemos numa sociedade

de consumo onde a publicidade nos faz

acreditar que precisamos comprar para

suprir as “necessidades” criadas pela

mídia. Produtos tendem a ser descartá-

veis e facilmente substituídos por outro

novo, último lançamento. Sem perceber,

acabamos envolvidos por uma onda de

consumo que não cessa. Para discutir

esta questão por meio de um a visão dife-

rente, nada mais interessante que ouvir

a opinião de um homem a respeito dos

hábitos de consumo atuais, bem como

sobre o tema vaidade.

A indústria cosmética investe cada

vez mais no ramo dos produtos masculi-

nos, que tem se mostrado um nicho de

mercado rentável, devido ao seu cons-

tante crescimento. Essa demanda está

atrelada à vaidade, que deixou de ser

característica apenas das mulheres, in-

vadindo as nécessaires masculinas. Esta

evolução conceitual acerca da vaidade,

fez com que o homem mudasse o seu

modo de pensar e agir, mostrando-se

mais interessado sobre tratamentos es-

téticos como depilação, manicure e pedi-

cure, antes restritos às mulheres.

O jornalista Maurício Pretto, locu-

tor da Rádio Atlântida, se considera uma

pessoa vaidosa e comenta que precisa e

gosta de estar sempre bem apresentável,

pois é uma pessoa pública. Ele cuida mui-

to do cabelo e, por ser fã de Elvis Presley,

não nega o famoso topete. Muitos ho-

mens gostam de se olhar e admirar em

frente ao espelho e Maurício é um deles,

pois comenta que leva cerca de 40 minu-

tos para escolher as roupas que irá vestir

e arrumar o cabelo. Para ele, homens vai-

dosos gostam de mulheres vaidosas, que

se cuidam. “Mulheres vaidosas e perfu-

madas são fantásticas, mas sem futilida-

des. Ser extremamente ligada à vaidade

faz a pessoa negligenciar seu interior,

transformando o seu jeito natural de ser

em algo artificial”, conclui Maurício. So-

bre seus hábitos de consumo ele afirma

gastar conforme sua necessidade de ino-

var, controlando os impulsos.

Como pode-se ver, os investimen-

tos do público masculino em roupas, per-

fumes, cremes e tratamentos estéticos

representam uma grande fatia do merca-

do de produtos de saúde e beleza, fazen-

do com que as indústrias voltem o olhar

não só para o universo feminino. Com

isso, criam-se novas estratégias e meios

de conquistar o consumidor e fazê-lo

acreditar que o consumo é algo primor-

dial para o seu bem estar.

Maurício Pretto

Créd

ito: A

ngel

o Co

ffy

Uma opinião masculina

Page 67: Comunicando - Julho-Dez 2010

O comportamento é algo que,

cada vez mais, vem sendo estu-

dado pelas diversas áreas da Psi-

cologia. Vários são os temas e, entre eles,

as finanças comportamentais entram de

forma definitiva na pauta de especialis-

tas e consultores, o que abre excelente

precedente para se relacionar decisões

financeiras e sentimentos. Afinal, as pes-

soas são racionais só quando querem e

adoram justificar péssimas escolhas.

De acordo com Marcos Fernando

Martini, supervisor comercial de uma im-

portante empresa multinacional, as pes-

soas, a cada dia, estão comprando mais

por impulso. Compram artigos que não

são necessários simplesmente para sa-

tisfazer algo que nem elas mesmo sabem

o que é. “As pessoas, e especialmente as

mulheres, passam pelas vitrines das lojas

e acabam entrando para ‘dar uma olhadi-

nha naquela promoção’ e é raro não saí-

rem de lá com alguma coisa que nem sa-

bem se irão utilizar, só pelo simples fato

de estar em promoção. Muitas vezes aca-

bam comprando por impulso e se endi-

vidando por esse consumo exacerbado.”

Existem diversas formas de não

comprar por impulso. Uma delas é car-

regar o dinheiro contado para a compra

desejada. Os cartões de crédito e débito

também podem ser usados, pois emitem

uma nota para conferência que serve de

alerta para os gastos efetuados, mas nem

sempre são utilizados da forma correta.

Martini ressalta que muito desse

consumismo se explica a uma questão

cultural da sociedade. Ela “impõe” algu-

mas regras e as pessoas acabam se acos-

tumando com isso e querendo sempre

mais. A mídia, já citada anteriormente,

também tem uma grande influência so-

bre esse consumismo desenfreado, di-

tando modas que passam a ser quase que

obrigatórias em nosso meio social.

Outro fator que leva a um grande

consumismo feminino está ligado ao ape-

lo psicológico, à falta de carinho. As mu-

lheres, na ânsia de preencher um “espaço

vazio”, acreditam que o prazer material e

o ato de comprar irá substituir qualquer

65Comunicando / Março 2011

sentimento de culpa ou tristeza.

O supervisor enfatiza que uma

possibilidade de amenizar este problema

seria relacionar alguma orientação finan-

ceira desde a idade escolar. Muitas vezes

a criança, ao olhar para as atitudes dos

adultos e acreditar que são corretas, aca-

bam cometendo os mesmos erros. Com

o passar do tempo, criam-se consumistas

compulsivos pelo simples fato de não te-

rem sido educados ou orientados de uma

forma diferente, desde a infância.

Crédito: Daiane Basso

Marcos F. Martini

Planejamento financeiro

Page 68: Comunicando - Julho-Dez 2010

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