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VOLUME I
COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 0 - 6 SALVATERRA DE MAGOS Documentos para a História
de Séc. XIII – Séc. XXI
Património Geográfico, Monumental, Cultural,
Social, Político, Económico e Desportivo
Autor
JOSÉ GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro)
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Fotos da Capa do Volume I - Fonte de Santo António, Construção conhecida antes de 1788, destruída em 1951, no Antigo Largo Santo *António, junto à Câmara Municipal * Edifícios que serviram de Cinema e Teatro
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VOLUME I
Indíce: COLECÇÃO - RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR !
Cadernos/ Livros:
0 - Apresentação
1 – Monumentos e Edifícios de Interesse Público
2 – Foros de Salvaterra (Uma terra que já foi Coutada)
3 – A Propósito de Toiros em Salvaterra de Magos
4 – Restaurante Típico Ribatejano
5 – A Misericórdia de Salvaterra de Magos
6 – Os Teatros e Cinemas que existiram na Vila ********
Tipo de Edição: PDF – Versão Revista e Aumentada
Autor: Gameiro, José
Editor: Gameiro, José Rodrigues Morada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49
Localidade: Salvaterra de Magos
Código Postal: 2120-059 SALVATERRA DE MAGOS ******** * Tel. 263 504 458
* Fax: 263 505 494 p/favor * Telem. 918 905 704
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Colecção de Apontamentos Nº 0
SALVATERRA DE MAGOS Documentos para a História
de Séc. XIII – Séc. XXI
Património Geográfico, Monumental, Cultural,
Social, Político, Económico e Desportivo
O Autor
JOSÉ GAMEIRO
(José Rodrigues Gameiro)
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Edição Original
FICHA TECNICA: Titulo: O PORQUÊ DESTA EDIÇÃO Tipo de Encadernação: Brochado Autor: Gameiro, José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR ! Editor: Gameiro, José Rodrigues
Morada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120-059 SALVATERRA DE MAGOS * Tel. 263 504 458 * Fax: 263 505 494 p/favor * Telem. 918 905 704 ISBN: 978– 989 – 8071 – 00 – 1 Depósito Legal: 256452 /07 MARÇO: 2007 ******************
Edição PDF - Revista e Aumentada * 2015
“www.historiasalvaterra.blogs.sapopt” “http://issuu.com/home/publications”
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O MEU CONTRIBUTO
Ao longo de muitos anos, estudei e guardei documentos, onde
fiz um arquivo documental e fotográfico, que para mim é um
pequeno espólio. da história da terra onde nasci – Salvaterra de
Magos. São documentos originais ou cópias que vem do XIII, até
aos nossos dias. Algumas
famílias com raízes profundas
nesta terra, possuem
documentos e peças importantes
que, podem ajudar a conhecer e
compreender melhor o passado
desta vila, pois um dia
facultaram-me o seu acesso.
A feitura desta colecção de Apontamentos – “Recordar, Também é Reconstruir!”, foi a melhor forma encontrada de
divulgar vários temas como: Património Geográfico,
Monumental, Cultural, Social, Político, Económico
e Desportivo. O livro (tamanho de bolso) com poucas páginas
cada um, sabendo que o leitor gosta de ter ao seu alcance uma
rápida e fácil informação, que começa neste Apontamento Nº 0, e termina no Nº 45.
Professores e estudantes, até o simples visitante, sempre curiosos das coisas desta terra, quando me procuram nunca
deixam de “beber” no meu arquivo, sabendo de antemão, que
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estão perante um trabalho de carolice. “Recordar, Também é Reconstruir”, é uma fonte, que decerto fará cobiça a um qualquer
investigador na área da história deste concelho. O titulo, já o
tinha usado numa série de artigos publicados nas páginas do
Jornal Vale do Tejo, semanário de que fui seu secretário de
redacção. Deste meu arquivo, documental e fotográfico, já fiz
muitas utilizações, conforme as necessidades; desde o campo jornalístico, à feitura da monografia, editado com o título:
SALVATERRA DE MAGOS – UMA VILA NO CORAÇÃO DO RIBATEJO, em
1985 e 1992, ambas com edições esgotadas. Porque, o património
monumental de Salvaterra de Magos, muito dele sendo antigo não
teve o devido resguardo, algum deixou mesmo de existir, e muitas
culpas terão de ser imputadas aos cidadãos, que serviram as
autarcas locais – Junta de Freguesia e Câmara Municipal, pois ao
tomarem decisões, mesmo que polémicas, não as deixo de aqui
registar, nas páginas desta edição para que constem.
Sabe-se que a Casa da Ópera e o próprio Paço Real, foram consumidos pelo fogo, outras construções por calamidades
naturais, como: os terramotos ocorridas em 1775,1858 e1909. Os tempos passaram, não há forma de qualquer remedeio para o
que desapareceu, ou foi adulterado, deles só nos resta a sua
recordação na leitura das muitas páginas dos livros ao nosso dispor. Nos dias que correm, veja-se o estado lastimável em que
se encontra, o edifício da antiga Falcoaria Real e, as Chaminés
das antigas Cozinhas do extinto Palácio Real de Salvaterra de Magos.
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A comunicação social, em tempo oportuno, sobre o assunto fez
notícia. No decorrer deste trabalho, decerto o leitor, vai
encontrar a minha presença, com uma ou outra descrição
pessoal em alguns temas, tal justifica-se, porque neles participei
pessoalmente, vivendo-os, ou andei por lá perto. Os jovens
sempre vulneráveis, são eles muitas vezes confrontados com
informações pouco precisas em casos ocorridos na vila e, que agora fazem parte dos fólios da sua história.
Estes, são levados a considerar toda essa informação como
verdadeira, até porque são prestadas por entidades e
publicações públicas, que deveriam ter mais recato nelas. Por
mim, desejo que isso não aconteça! Decerto o leitor, vai
encontrar nesta trabalho, alguns erros e omissões, pois não
sendo uma obra requintada em palavras bonitas e pomposas, que
aliás as não sei escrever, notando-se ao longo da edição a minha
falta de formação académica, especialmente na literacia usada.
Em muitos números, o leitor vai encontrar, talvez um excesso, de
referências à vida rural de Salvaterra de Magos e do seu concelho, mas tal não deverá estranhar-se, pois são daí as
minhas raízes profundas e da sua população. “Recordar, Também é Reconstruir” sendo uma obra, impressa em papel e desenhada
em sistema informático, sem aquele cuidado gráfico desejado,
por isso, aqui fica desde já o meu pedido de benevolência, dos leitores.
MARÇO: 2007 O Autor José Gameiro
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COLECÇÃO DE APONTAMENTOS * Nº 1 DOCUMENTOS PARA A HISTÓRIA
de
SALVATERRA DE MAGOS Séc. XIII – Séc. XIX
Património:
Geográfico, Monumental, Cultural, Social,
Político, Económico e Desportivo
O Autor:
JOSÉ GAMEIRO ( José Rodrigues Gameiro )
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Fotos da Capa: - Fonte do Arneiro * Palácio da Falcoaria * Antiga Capela do Paço Real da Vila * Chaminé das Cozinhas do extinto Paço
Real – Séc. XIX
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Edição Original
FICHA TECNICA:
Titulo: MONUMENTOS E EDIFICIOS DE
INTERESSE PÚBLICO
Tipo de Encadernação: Brochado
Autor: Gameiro, José
Editor Gameiro, José Rodrigues
Morada: B.º Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote
49 Localidade: Salvaterra de Magos
Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE
MAGOS
* Tel. 263 504 458 * Telem: 918 905 704
ISBN 978– 989 – 8071 – 01 – X
Depósito Legal: 256453 /07
Data: Março de 2007
**************
Edição PDF - Revista e Aumentada * 2015
“www.historiasalvaterra.blogs.sapopt” “http://issuu.com/home/publications”
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O MEU CONTRIBUTO
Eramos uma turma de mais de 40 alunos, repetentes da 3ª
classe da instrução primária, que transitara
para a profª Natércia Assunção. Para nos aproximar dos seus primitivos alunos, dava-
nos aulas na sua casa, uma hora por dia à
tarde. Éra de ver aquela rapaziada
espalhada pelo espaço ajardinado. Em
frente, pequenas habitações, com telhado
de meia-aba, rodeavam um edifício de construção redonda, caiado de branco, era o Pombal, da Falcoaria, Esta última
apresentava um estado de muita degradação, ambos vinham do
séc. XVIII.
A curiosidade entre nós era tanta, que pedimos à Professora, que fizéssemos uma visita .Obtida a autorização ao Pombal, lá no
seu interior apreciamos na parede redonda, 310 buracos, que
eram os ninhos onde os pombos criavam, para alimentarem e,
servirem de treino os falcões,, no entanto estava cheio de
mobílias velhas. À antiga falcoaria real de Salvaterra de Magos,
não foi permitida, pois servia de Armazém e Celeiro, o seu exterior, mostrava alguma transformação.
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O pouco património monumental, da época manuelina, ainda
existente na vila, tinha acabado de ser considerado de “interesse
público” num lote que incluía a Igreja Matriz, do séc. XIII, onde a
pedra de lioz, não polida nos portais e janelas sobressai na sua
construção, a antiga Capela e as grandes Chaminés ainda
existentes, que foram das cozinhas, construções que restavam
do paço real de Salvaterra de Magos. Eu, tinha nascido, por ali, em menino brinquei dentro daquelas chaminés, uns anos mais
tarde, já zagalote interroguei-me da origem da vila, pois esta
tinha três ou quatro prédios, tipo palacete, com suas frontarias
forradas a azulejos, e numa delas encimava no telhado umas
caixas em madeira, com janelas envidraçadas – os miradouros.
Estas construções estavam em contraste, com as moradias
existentes na vila, que eram rasteiras e pintadas a cal com
barras de azul. A partir de 1968, já colaborador assíduo, no jornal
“Aurora do Ribatejo” não deixava de dar a conhecer a riqueza do
passado histórico de Salvaterra de Magos.
MARÇO 2007 O Autor José Gameiro
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AS CONSTRUÇÕES
Salvaterra de Magos, com o decorrer dos séculos a sua
urbanização, passou a assentar no casario tradicional do povo
muito parco em recursos. A vila, passou por vários
contratempos, no campo urbanístico, especialmente com terramoto de Lisboa, em 1755, com o sismo de 1855, mais tarde
com o terramoto de 1909. A mão humana, também não está
isenta de culpas da desvalorização do património local. No dobrar
do séc. XX, apenas alguns vestígios desses “monumentos” era
visível, que foi resguardado, através do reconhecimento público,
com Dec. Lei.
Ao longo dos tempos a urbanização da vila, estava assente no
casario pobre do povo, aqui ou ali via-se, algumas casas de
grandes dimensões, tipo solarenga, como uma ou outra que vinha do séc. XIX. Nas primeiras décadas do séc. XX,, a construção de
habitações já assentava em imóveis de andares, especialmente
um acima do rés-do-chão.
As habitações do povo, mantiveram-se na pequena construção
de uma casa, com porta de entrada em madeira, por vezes incluía um pequeno postigo, ou na fachada uma janela. Duas, ou três
divisões, com um sótão, por cima de uma delas com acesso
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através de escada de madeira, no espaço que servia de cozinha,
onde se encontrava a chaminé de grande boca,
Na sua construção era usado os adobes, com uma barra de
tijolo a intercalar, sendo o reboco de cal. A maioria tinha a
configuração de meia-água, para o exterior (rua), coberta de
telha de canudo, ficando a outra parte, menos visível, pois dava
para o quintal. A pintura com cal, conjugava-se com a barra de cor azul ou
amarelo. Outras, com o tipo de decoração das frontarias, em
azulejo, vieram juntar-se-lhes como o palacete da família Costa
Ramalho, na rua Alm. Cândido dos Reis, família Roberto, no Largo
da Igreja Matriz, após a morte dos tios beneméritos, e uma outra
na av. José Luiz Brito Seabra, que pertenceu a António Jorge de
Carvalho e a moradia da família Oliveira e Sousa, junto à capela
da Misericórdia. Eram grandes construções, onde os seus
proprietários, absorveram a “grandeza” mostrada no país, pelos
novos-ricos vindo do Brasil e África.
A REAL FALCOARIA EM PORTUGAL
Já em 1210, mais propriamente a 28 de Dezembro daquele ano,
pode ler-se um correio sobre a arte de caçar com aves de rapina, desde os primeiros séculos da nacionalidade portuguesa.
Sabe-se que esta prática de caçar, à muito era usada pelo povo
“Mouro” que vivia nas terras, que deram origem a Portugal, como
país.
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Baeta Neves, que se socorreu das pesquisas efectuadas por
Rui de Azevedo, P. Avelino de Jesus da Costa e Marcelino
Rodrigues Pereira, publica parte desse documento na Separata
do Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa.
“A dhuc concedo ut nunquam teneatis in domibus nestris meos aztorarios neque falcoanarios neque blistarios neque detis eciam
bestias meis aztoraiis neque falconariis quod ducant illas ad
ripariam”
A tradução para o português actual será o seguinte:
“..... Além disso proíbo que dês aposentadoria aos meus açoreiros, falcoeiros e balistários e também que dês os vossos animais aos açoreiros e falcoeiros para os levarem ao rio....”
Este documento, é parte da correspondência que o rei enviou
ao Bispo de Coimbra, onde isentava todo o clero de irem ao
fossado, e a qualquer outras expedições, a não ser contra os mouros que invadem o país.
D. Pedro I, cento e cinquenta anos depois, numa sua carta de 22
de Fevereiro de 1366, faz doação a Luiz Anes, Falcoeiro do rei em
Salvaterra de Magos, de duas casas, uma olaria e um barreiro, e ainda uma terra de bacelo, na região de Beja e em seu termo.
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Esta doação engloba também seus filhos – demonstrando
assim o seu apreço por quem tem apreço, em quem desempenha
tal cargo. Com o decorrer dos séculos, cada vez é mais forte o
gosto pela caça de Altanaria em Portugal, onde os monarcas vão
assinando leis de protecção às aves de rapina e dando novas
regalias a quem delas tratava com desvelo e carinho.
PALÁCIO DA FALCOARIA REAL
Nas estremas com o
concelho de Benavente, para Poente da vila, foi construído
o edifício apalaçado, da
Falcoaria de Salvaterra de
Magos, e seus anexos, como casas de habitação dos falcoeiros e
pombal. Todo este conjunto de construções foi construído no séc.
XVIII, chegou aos nossos dias, mesmo que, em grande parte
adulteradas na sua traça original.
Segundo, Joaquim Silva Correia e sua filha, Natália Correia
Guedes, no livro, O PAÇO REAL DE SALVATERRA DE MAGOS, editado
de parceria com a câmara municipal local, julga-se saber que a
construção do Palácio da Falcoaria, remonta à época do reinado
de D. João IV Aquele rei, sendo um grande amante da caça,
aproveitou a Coutada de Salvaterra, para tal prática, no entanto
teve o seu apogeu com o rei D. José. Nos anos de 90, do século
passado, os autarcas; António Moreira e José Gameiro dos
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Santos, puseram grande entusiasmo e empenho, quer na
recuperação dos edifícios, quer na volta da tradição da arte da
caça de altanaria, o que levou à feitura de projectos de
arquitectura para os edifícios, e destiná-los ao turismo local,
albergando o Museu Nacional da Falcoaria. Nos dias que correm,
as obras não começaram, e parte do telhado do edifício principal
acabou por cair. (1) **********
(1) – Notícia publicada no Jornal Vale do Tejo-26.1.2004 * PALACIO E POMBAL - Considerados Monumentos de interesse público, pelo Dec. – Lei do ano de 1958 *
O Pombal
Uma bonita e original construção, suporta nas paredes do seu
interior 310 “buracos”, onde os pombos criavam, para servirem
de alimentação e treino às aves de caça, como: Falcões, Açores e Gaviões. Para a concretização de tal
empreendimento, levou a uma
geminação de boa amizade cultural,
com Valkansuard, vila holandesa com
afinidades com Salvaterra, pois daí
vieram alguns falcoeiros.
Tal irmandade, foi concretizada com
assinatura de protocolos, havendo troca de festejos nas duas
povoações,.
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Em Salvaterra, na ocasião foi inaugurada uma estatueta de um
falcão num conjunto de fontanário, num Largo da vila.
Desde 1997, as obras da Falcoaria em Salvaterra, continuam
num projecto de recuperação em aberto, pois o turismo local,
muito tem a lucrar com tal concretização.
A FONTE DO ARNEIRO
O século XIX, estava nos últimos anos, os terrenos que
pertenciam ao Arneiro da vila, ainda recebiam as águas pluviais,
encaminhadas através da Azinhaga da vila, com destino ao
campo, e à vala real.
A Fonte do Arneiro, fornecia a
população, a par de uma ou outra
nascente na povoação.
O mapa da vila de Salvaterra de
Magos, de 1788, dava conta da
existência daquela “Fonte”, até
porque nas suas pedras abobadadas da entrada, ainda agora se
pode ler, o ano de 1711.
É de uma arquitectura pesada, onde lhe foi mais tarde fixado
reboco a cal e, as pedras da sua escadaria, são de lioz, não
polido. Do interior, na frente, sai água numa corrente constante
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através, de dois tubos em ferro, para uma pequena caixa no chão,
que estando sempre cheia, esgota depois através do campo para
a vala real.
Na frente, junto às bicas, existe uma porta de ferro, parecendo
não ser a original, que dá acesso a uma conduta em forma de
túnel - trás a água da nascente/ ou mãe d’ água que, segundo informações remotas vem das terras junto ao convento de
Jericó que, fica a alguma distância do local. (1) A esta fonte,
estão ligadas algumas histórias da vila, especialmente as da roda
de pedra. (2)
****************
(1) – Em 1968, José Caleiro, homem que viveu em dois séculos, informou o autor, que trabalhou
dentro do túnel, fazendo limpezas.
(2) – Rodas em pedra de lioz, que servia para Ferreiros e Carpinteiros, construírem os rodados
para os carros, através da ajuda da água e do fogo.
Nesta roda, eram depositadas as crianças enjeitadas, que depois seriam recolhidas pela
Misericórdia local
A FONTE DA PETEJA (*)
(Mina/Nascente) Nascente já
referenciada, antes da delimitação
do concelho de Salvaterra de
Magos, com o vizinho de Benavente.
De uma construção em tijoleira,
situando-se numa barreira, nos
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terrenos com o mesmo nome, próximo do palácio da Falcoaria.
A entrada bordada a pedra, apresenta agora no seu interior,
uma água esverdeada, pela falta de uso à muitos anos, e pela
sombra a que está sujeita.
A escassos metros existe uma ponte, que pela sua construção
é atribuída à época romana.
A CAPELA DA MISERICÓRDIA
Templo que foi entregue à
Misericórdia de Salvaterra de Magos,
mas tempos houve que servia para a
realeza rezar, quando das suas
viagens de e para Lisboa, através da
vala real pelo rio Tejo. A capela, tinha um anexo, uma Albergaria (pequeno hospital),
que servia de apoio aos peregrinos, cujo caminho destino era
Santiago, em Espanha.
A Albergaria, como espaço de assistência, foi perdendo
actividade ao longo dos séculos e foi-se degradando, até que
quando da venda dos bens da casa real, a Misericórdia deixou de
encontrar ali, os apoios que recebia para acudir aos seus
doentes. O terramoto de 1909, foi o golpe final na sua existência,
pois a estrutura do telhado e demais divisões ruíram. Nos anos
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seguintes, o espaço esteve arrendado a particulares, sendo a sua
serventia, feita através da porta existente no Botaréu – lado da
rua Cândido dos Reis.
Por volta de 1960 ali foi construído um pequeno jardim. por
iniciativa do abastado lavrador, João Oliveira e Sousa que
morava junto ao local.
Na antiga fachada, do lado da capela, onde existia a porta
principal encimada por uma pedra em mármore foi destruída, e a
pedra foi colocada ao fundo, junto à porta que deixou de estar
em uso, e nela colocado um gradeamento em ferro.
A Capela, que também foi atingida por aquele sismo, ainda tem
no seu interior, nas paredes painéis de azulejos, do séc. XVIII,
com episódios da vida de Cristo e da Virgem.
No interior, o seu tecto, até 1979, era forrado com painéis de
telas com pinturas (retábulos) de um valor artística e patrimonial alusiva à misericórdia e à vida mariana.
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O temporal daquele ano, danificou-as, e retiradas estiveram
largos anos na capela real, recebendo anualmente recuperação,
por alunos, da Fundação Espírito Santo, de Tomar, que aqui
vinham fazer algum estágio. Fazendo parte, do espólio daquele
templo, a MMisericórdia local, tem a responsabilidade de zelar
pela sua recuperação e paradeiro. (1)
O templo ficou recuperado,em 1984, passando a servir para as
cerimónias exéquias dos mortos a sepultar no cemitério da terra.
Ali se iniciam os cortejos das procissões religiosas, que
anualmente, no mês de dezembro, percorrem algumas ruas da
vila, visto a imagem da Senhora da Conceição, ali permanecer ao
longo do ano. Também o senhor morto, tem no interior uma
pequena capela, saindo por ocasião da Procissão da Páscoa.
***********
(1)– Uma reportagem sobre este edifício religioso, publicada no Jornal Vale do Tejo, em 2000, preocupava-se com o seu paradeiro e a sua recuperação como
obra de arte.
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A CAPELA DO ANTIGO PALÁCIO REAL
Sendo um edifício maneirista, construído em meados do séc. XVI, o seu interior divide-se em duas secções distintas.
Uma delas é constituída pelo
corpo do templo de configuração
quadrada, onde sobressaem três
pequenas naves, de pequenas colunas clássicas adoçadas às
paredes.
Em outras duas colunas, assenta uma cúpula octogonal, na
outra secção, pode-se admirar o Altar-mor, com dois corredores laterais, cuja abóbada de berço surge de um
entablamento longitudinal apoiado em colunas toscanas
À abóbada central e a
cúpula, irrompem de fortes entablamentos, um
pouco desfigurados pela
saliência, que apresentam no apoio dos arcos-testas, possivelmente de um enxerto
posterior. “
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A IGREJA MATRIZ
Templo religioso evocativo a S. Paulo, orago da freguesia de
Salvaterra de Magos, foi construído em 1296, um ano depois da
fundação oficial da sua vila e concelho.
Situada no então centro
da povoação, é um
edifício bem conservado,
tem no seu interior digno
de ser visto: Na Capela – Mor, o altar de boa talha
dourada, decorado com
uma grande tela do séc.
XVI, na boca da tribuna, bem com o seu tecto onde repousam
lindas pinturas.
Existem dois cilhares de azulejos azuis e branco da mesma
centúria com cenas de correntes da bíblia. A pia batismal, de
traça vulgar é referenciada do séc. XVI.
O grande espaço do tecto do templo, está pintado de cor azul,
onde uma linda pintura do santo Paulo, está rodeada de anjos “voando”. À entrada, num primeiro andar (falso) construído em
madeira, encontra-se um móvel com um órgão de tubos,
construído no séc. XVIII, foi recentemente recuperado. Numa das
suas capelas interiores, está bem resguardado, uma figura do
senhor morto, e numa sala, encontra-se uma Pietá em madeira,
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com boa policromia, da virgem com Cristo nos braços após a
decida da cruz – era espólio da capela real.
FRONTÕES RELIGIOSOS
A religiosidade da comunidade salvaterrense, perde-se nos
tempos da sua fundação, no entanto foi volta do séc. XVI, que as
manifestações se tornaram mais evidentes.
Para comemorar, os festejos que, anualmente se realizavam na
vila, e talvez por uma questão de fobia religiosa da época, muitas
das residências tinham nas suas fachadas, um FRONTÃO, que
quase sempre era ocupado por uma imagem da crendice do
proprietário.
Ainda existem em Salvaterra de Magos, vários edifícios com
esse tipo de construção. Na rua Cândido dos Reis, uma
residência ainda suporta uma dessas peças alegóricas, com uma
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estatueta de Santo António, com o filho nos braços, que
desapareceu, após o 25 de Abril de 1974.
PALÁCIOS E PALACETES BRASONADOS
Ao longo dos séculos, na vila de Salvaterra de Magos, viveram
famílias, que possuindo brasão, eram autorizadas a ostentá-lo,
em forma de ”Pedra de Armas”, sendo as suas residências, local
ideal para colocar o símbolo de sangue, ou fruto de uma
benemerência real.
PALACETE DOS ALMADAS
A encimar o portão, do velho
Palacete, encontra-se “Pedra
de Armas” dos Condes de
Almada É uma bonita
construção, bem conservada
ao longo dos tempos, encontra-se agora situada entre a Av.
António Viana Roquette e Av. José Luís Brito Seabra.
Segundo alguns registos,
foi construído nos meados
do séc. XIX, sendo de realçar
a sua fachada cheia de
janelas, pertencia à família
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Roquette, mais tarde nos anos 70, do séc. XX foi comprado por
Armando Leitão Cabaço.
Conta-se que nos seus
terrenos anexos, ali se
realizaram-se alguns
“brincos reais”, pela sua configuração leva a supor
ali terem ocorrido alguns espectáculos taurinos.
Numa outra entrada para a propriedade, já na actual rua Gen.
Humberto Delgado, existe um portal, onde se pode ler a inscrição
de 1846.
PALÁCIO DO BARÃO DE SALVATERRA
Na actual rua Cândido dos Reis, ainda registe ao tempo, o
palacete do “Barão de Salvaterra”, que deu origem à família
Viana Roquette, ostenta numa das suas paredes (no interior), a
sua pedra de armas.
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Edifício mandado construir pelo 1º Barão de Salvaterra, Luiz
Ferreira Roquette Pestana de Melo Travassos, ainda ostenta uma
grande beleza, que são as suas varandas, cuja ferraria é digna de
apreciar.
PALACETE DA FAMÍLIA COSTA FEIRE
Na Trav. João Gomes, uma grande construção, ainda é
residência de descendentes da família Costa Freire, que ostenta
no seu interior, o seu brasão e, tem cópia nos museus de Sintra,
descendendo esta família do Desembargador da Corte, António da
Costa Freire.
´
Uma outra moradia apalaçada existe na vila, que foi dos Condes
de Almada, no seu portal ainda conserva a Pedra de Armas
daquela família.
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PALACETE DO CONDE MONTE REAL
Construção primitiva feita pela
família de José Luís de Brito
Seabra, nos primeiros anos do
séc. XX, passou a pertencer a
Jorge de Melo e Faro, II Conde de
Monte Real.
Ao longo dos anos, foi recebendo obras de conservação e
remodelação. Com a morte do Conde e da Condessa, o palacete
continua na posse da família
PALACETE DA FAMILIA OLIVEIRA E SOUSA
É uma construção
que vem do final do séc. XIX, primeiros anos do
século XX, onde os
azulejos sobressaem a
forrar as suas paredes
exteriores.
Construído, junto à Capela da
Misericórdia, ainda conserva
no cimo do seu telhado, os
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Mirantes que, dali se podia observar uma vista sobre o campo, o
Tejo e em dias limpos, as vilas da Azambuja, Cartaxo e Valada.
SOLAR DA FAMÍLIA ROBERTO
Casa de grande beleza para a época, construída no largo da
Igreja Matriz, ocupando espaço nas antiga rua Direita (Rua Luís
de Camões) e a Trav. do Bilbau. Em relação às outras existentes
na vila, tem a diferença de mostrar as suas paredes exteriores,
um azulejo de cor verde, foi construída para dar guarida à família
Roberto. Depois da herança recebida dos dois irmãos: Vicente e
Roberto (Bandarilheiros), quando em actividade, adquiriram
fortuna, e tiveram habitação em outras construções nas, rua
Direita e rua Cândido dos Reis (antiga rua de S. António).
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EDIFICIO DA CÃMARA MUNICIPAL
Edifício pertencente
ao património da rainha
D. Maria II, foi doada por
esta para instalações
municipais.
Ao longo dos tempos,
poucas alterações sofreu a sua fachada, apenas se lhe juntou um
outro, no seu lado esquerdo, por volta de 1940, que tinha servido
de talho municipal.
Ainda mantém o salão nobre, já com alterações à traça
primitiva, e ao longo dos anos nele já estiveram instalados
serviços das Finanças, e posto da GNR, que ocupou o rés-do-chão
quando da sua instalação na década de 40 do séc. XX
O Telhado e os rebocos das paredes exteriores, nos anos 80
do séc. passado foram substituídos, a grandes obras de
conservação e alterações no interior do edifício foram de grande
monta.
33
PRAÇA DE TOIROS DE SALVATERRA
Um Ex - Libris
Construída num terreno oferecido pela câmara, à época
devoluto, para os lados sul da vila, na área onde ainda existiam
restos de um dos três moinhos de vento, que houve no local.
Uma ”Comissão” de homens de boa vontade, levou avante a sua
iniciativa, e a inauguração foi
em 1 de Agosto de 1920, entre os
festejos houve também duas
corridas de toiros, sendo depois
entregue por doação à Santa Casa da Misericórdia local.
Pela sua traça original, aos longos dos anos, especialistas em
arquitectura têm considerado aquele taurodromo, uma obra de
valor que, para os naturais da terra é um ex-libris da vila. Com a
construção da EN 118, em 1943, e devido à sua localização, ao
longo dos anos o espaço que, a circunda tem sido alvo das mais
variedades obras de urbanização, levadas a cabo pelos
executivos que têm passado pela autarquia.
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CHAMINÉS DAS COZINHAS DO EXTINTO PAÇO REAL
Quando da venda da casa
real, o que ainda restava do antigo palácio real de
Salvaterra de Magos, foi
vendido em haste pública.
Do pouco património que
ainda resta, são as três
chaminés que pertenciam às suas cozinhas, passaram a estar incluídas no Restaurante Típico Ribatejano, no dobrar do século
passado.
PALACETE TIPO INGLÊS
No início do primeiro
quartel do século XX, a
família Lapa, lavradores importantes nesta terra,
tendo anos antes
comprado terrenos da
casa real, quando da
extinção desta, para
instalar um seu descendente, mandou construir uma edificação
algo estranha, pois contrastava com a urbanização que a vila
conservada. O povo passou a chamava-lhe a casa inglesa, do
Alberto Lapa.
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Fotos usadas s/ Legenda: * Pág. 4 – Palácio da Falcoaria//Interior (lado Sul) * Fachada Interior
* Pág. 5 - Edifício do Pombal – Fonte do Arneiro * Pág. 7 - Nascente de água na Peleja – Capela da Misericórdia * Pág. 8 - Antiga Albergaria (Hospital) da Capela * Pág. 9 - Edifício da antiga Capela do Palácio Real * Pág. 10 Jazigo, no antigo cemitério da Capela Real * Pág. 11 – Obras da construção do Auditório da Capela Real
* Pág. 12 - Igreja Matriz de Salvaterra de Magos - Fachada do Palacete Família Lapa * Pág. 13 – Frontão, (família Lapa), onde esteve a estatueta de Santo António
* Pág. 14 – Palacete do Barão de Salvaterra (Família Roquette) * Fachada Palacete Conde Monte Real * Pág. 15 - Fachada do antigo Palacete dos Conde de Almada - Pedra de Armas (brasão) daquela antiga família
* Pág. 16 - Pedra de Armas (brasão) D. Maria II, na Câmara Municipal, Edifício dos Paços do Concelho – 1980 * - Chaminés das cozinhas do antigo Paço Real de Salvaterra, vista do exterior * Pág. 17 – Praça de toiros de Salvaterra de Magos * Palacete estilo
inglês, que foi de Alberto Lapa, construído, por volta de 1940, rua Heróis de Chaves
36
********* Bibliografia usada: *Jornal Ilustrado Português a “Hora” – 1939 * Salvaterra de Magos – Vila Histórica no Coração do Ribatejo *José Gameiro, Edições 1985 e 1992 (Esgotadas) * O Foral Nº. 1 (1996) –Revista/ Edição Câmara Municipal de Salvaterra de Magos * Jornal Vale do Tejo – JVT (2001) e outros documentos recolhidos pelo autor. *O Paço Real de Salvaterra – De: Joaquim Correia da Silva e Natália Correia Guedes, Edição: Câmara Municipal de Salvaterra de Magos
********
37
COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 2 Documentos para a história
de
SALVATERRA DE MAGOS
Séc. XIII – Séc. XXI
Património:
Geográfico, Monumental, Cultural, Social,
Político, Económico e Desportivo
Uma terra que já foi Coutada Real
Autor – José Gameiro
38
Fotos da Capa: Cortejo de Casamento em Carroça * Casal depois do casamento – Anos 50/60 séc. XX * Folclore – Rancho da Várgea Fresca
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Edição Original
FICHA TECNICA:
Titulo: FOROS DE SALVATERRA: “ Uma Terra que já foi Coutada Real ! ” Tipo de Encadernação: Papel Brochado Autor: Gameiro. José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR Editor Gameiro, José Rodrigues Morada: Bº Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS * Tel. 263 504 458 * Fax: 263 505 494
ISBN: 978– 989 – 8071 – 02 – 8 Depósito Legal: 256454 /07 Data: MARÇO DE 2007 ********************
Edição PDF - Revista e Aumentada * 2015
“www.historiasalvaterra.blogs.sapopt” “http://issuu.com/home/publications” ********************
40
O MEU CONTRIBUTO
No dobrar do século XX, todo o rapazio da
vila de Salvaterra de Magos, já sabia que, aos
sábados de manhã, se realizava um casamento
na Igreja Matriz.
Era de ver, as longas filas de
carroças, que chegavam ao
Largo e, logo os animais eram
“amarrados” às árvores que ali
existiam. A música, acabava os seus últimos
toques, e os noivos acompanhados dos pais,
padrinhos, familiares e convidados, ajeitavam-
se para a entrada naquele templo religioso.
Muitos dos convidados não entravam,
aproveitavam o tempo da cerimónia, para se
dispersarem, pelas tabernas, a mais próxima à
Igreja era a do Morais, e aí ofereciam copos de
vinho e cigarros, aos homens da vila ali
presentes. Algumas mulheres, iam às lojas, do
José Inácio, Pedro Santos, Celestina e outras,
de quem eram clientes anuais, comprar
amêndoas e rebuçados. Quando a cerimónia
religiosa terminava, a comitiva, logo se
ajeitava para o regresso, os rapazes, andavam
de volta dos carros e recebiam a oferta
41
FOROS DE SALVATERRA
Uma terra que já foi Coutada Real !
Foi terra outrora pertença de reis, com seus pauis e lagoas,
num solo deveras favorável onde nas várzeas e, zonas ribeirinhas
húmidas, formadas de terras de aluvião e areno-arenosas,
poisavam aves como,o cisne, o pato, e grou. Mais para o seu
interior, nas terras de charneca, o mato, abrigava caça
abundante de animais de pelo, o javali, o coelho e lebre. O faisão,
a coderniz e o pombo, tinham tempo próprio para ser
encontrado. Os uivos de lobos, eram ouvidos por quem se
embrenhava dentro daquela terra de coutada em dias de
montaria.
A Coutada Real de
Salvaterra, em 1520, com
estremas, até Benavente, Coruche e Almeirim, tinha
como pertença, entre outros, os lugares de Moita Paredes, Ameixoeiro e
Magos, nomes que em 1295, já vinham descritos no Foral de D. Dinis.
Alí, era proibido apanhar qualquer peça de caça, especialmente animais de pelo, como: o Javali, Coelho e a Lebre, além das de
pena, como: O Grou Pato e Faisão.
42
Para estes delitos, o povo recebia penalizações que, iam até à
deportação para outras terras, como as colónias portuguesas.
Num estudo, de 1758, do padre, da vila de Salvaterra de Magos,
Miguel Cerqueira, nos diz: “Naquela planície de charneca, onde os
vizinhos se dispersam pelos sítios do Culmieiro; com nove residentes. Misericórdia; com um, Coelhos; com cinco, Cabides;
com dois, Figueiras; com seis, vendo-se um conjunto de 23
habitações.
Tal estudo completava a informação, que junto a um grande
braço de água vindo de outras terras, existe, um vale de terras
húmidas (1), com o lugar de Bilrete de Cima; com nove vizinhos.
Também aquelas terras eram conhecidas como “Milagrosas”,
das suas profundezas nasciam águas e plantas que, o homem
vinha aproveitando para curar os seus males, segundo
informações de boticários da época.
No Paul de Magos, existia o “Vale de Unheiros” onde numa nascente com um pequeno olho de água, brotava um líquido que,
o povo dizia substituir o chá. A voz popular, dizia; “Quem Bebe-
se daquela água, passaria a ter mais vontade de comer “ O bruco, uma outra erva de grande poder curativo das vias
urinárias, além das terras do Paul, se colhia em outros sítios do
termo da vila de Salvaterra de Magos.
43
Com a extinção das Coutadas Reais em 1821,a Junta da Paróquia
de Salvaterra de Magos, “aforou”, em 1845 aqueles terrenos que,
viriam a dar lugar às povoações que, hoje fazem parte do
************
(1) - Durante muitos anos, foi conhecido por Vale do Grou
concelho. O povo que,” colonizou” aquelas terras não sabia que
estava debaixo da alçada de leis anteriores à época romana.
Em Portugal, ainda se praticava o sistema do enfiteuse, um
modo de usar as terras, pelos senhorios, já conhecido dois
séculos a. C.
A POSSE DA TERRA
Quando do aforamento daquelas terras, os modelos usados
pelos novos donos, foi de origem espontânea, sendo utilizados alguns sistemas de pequena “Exploração directa, Parceria ou o Arrendamento”.
As primeiras parcelas de terreno, em licitação pública foram
vendidas a 250$000 réis, sendo as seguintes em preços, entre
os 1.000 e 3.000$000 réis.
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1936 - Homens na vindima - Foros Salvaterra
Os anos foram passando, a segunda geração de Foreiros, iniciava, a luta pela posse da terra por si trabalhada, foram
confrontos, que levou muitas famílias perante as decisões dos
tribunais, prolongando-se muitas causas para além da 4ª
geração de rendeiros.
A saída do decreto-lei n.º 39.917, de 1954, não contemplou por inteiro os seus direitos, nem um outro de 1976, e só muitos anos
mais tarde, existiu a discussão do projecto de lei 343/IV que, foi aprovado, e saiu como lei contemplando a legalização da Várgea Fresca e Califórnia. O povo dos Foros de Salvaterra, conquistava assim um desejo que, durava à muitas dezenas de anos. O progresso vinha
chegando, e o primeiro ramal de electrificação de algumas zonas,
aconteceu no dia 24 de Outubro de 1981, para comemorar o
acontecimento o executivo da Junta de Freguesia, promoveu um
programa com muitos festejos.
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1968 - Mulheres Foreiras, aos sábados, entrando nas carreiras (transportes públicos), de regresso a casa
depois das compras
FREGUESIA
Com o decreto Nº 73/84 de 31 de Dezembro de 1984, subiu à
categoria de freguesia, e no campo territorial, deixava agora de
pertencer à sua terra - mãe, Salvaterra de Magos, passando a ocupar uma área de terreno de 35,60 Kms2, com cerca de 5.000
habitantes.
A BARRAGEM DE MAGOS
No grande Vale do Ameixoeiro, onde as águas das chuvas e,
algumas nascentes tinham lugar, aconselharam a construção da
Barragem de Magos.
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Teve assim inicio, em 1934, a primeira obra de engenharia
hidráulica, com reservatório hídrico, a ser construída em
Portugal, Num trabalho, do Prof. Eng.º Agrónomo, Ruy F. Mayer,
publicado em 1936, eram tornadas públicas pela primeira vez,
que grande parte das terras daquela zona de Charneca, poderia
ser agora, premiada com a rega, no Verão, através de um
sistema de bombagem.
Toda sua vasta área estava agora identificada para a faina
agrícola, com: terrenos arenosos com calhau, terrenos areno-arenosos, terrenos areno-arenosos fortes e terrenos argilosos. A AGRICULTURA
No início do século XX, as manchas de pinhal e eucaliptal,
ocupavam já grandes áreas, onde o sobreiro, vivia em espaços
bem localizados.
Nas suas décadas seguintes, as vinhas, já ocupavam um vasto
espaço das suas terras, substituindo assim aquelas plantações de árvores que, entretanto davam mostras, num futuro próximo,
desaparecer daqueles sítios.
47
Os poços de água, inicialmente ajudavam nas searas de
regadio, mais tarde foram os furos artesianos, muitas vezes a
grandes profundidades, deram àquelas terras aptidões para as
grande colheitas. O vinho, das suas terras areno-arenosas, tem
uma qualidade e sabor, muito apreciado que, o mercado
identifica” Vinhos dos Foros de Salvaterra”
Uma nova etapa,
começou com o
regadio, nos anos 50,
terrenos que, durante
centenas de anos,
davam sementes de
sequeiro como: o
1935 – Homem Foreiro - Lavrando grão, a fava, o milho,
a terra, com junta de bois centeio.
Com o regadio, através de furos artesianos, vieram as culturas
da batata e cenoura e tomate. Estas três culturas agrícolas nos últimos anos, da segunda metade do séc. XX, passaram o
sustento da maioria dos habitantes de Foros de Salvaterra.
48
RELIGIÃO/ FESTAS POPULARES
O povo na sua religiosidade, tem em Nossa Senhora da
Conceição “Imaculado Coração de Maria”, a sua padroeira, festa que se realiza em
plena época de Verão. No lugar da
Várgea Fresca, a Festa da Amizade, tem
lugar na 3ª semana de Julho.
Nos anos 70, as gerações mais antigas
de Foros Salvaterra, conservavam ainda no seu rico vocabulário,
“hinos à natureza”, como:
* As terras da Lezíria, são uma beleza * Na Primavera, a formiga em carreiro, sua mesa começa a juntar ! Tempo quente, Verão, de queimar, Vejo, trigo loiro, pronto a debulhar! Cearas de tomate, a vermelhar,
O melão, madura a adocicar! No Outono, a uva está pronta a vindimar, Chuvas no Inverno, são de tragar ! Canto e choro a trabalhar, Que, mais, a terra nos há-de dar!
* E eu, assim vivo desta natureza*
49
A CASA DOS FOREIROS
Uma habitação típica da Lezíria ribatejana ! A arroteia daqueles terrenos de charneca, foi um longo e lento trabalho de homens e animais que, ocupou famílias, durante anos e anos, ali instaladas desde o seu aforamento. Habitação família Foreira – primeira metade séc. XX
De Salvaterra de Magos, a terra-mãe, saíram os seus primeiros
“colonos”, com seus usos e costumes - danças e cantares da
planície ribatejana - Assim, nasceu o lugar de Foros de Salvaterra !
Os novos foreiros, depressa começaram a construir pequenas
casas que, sendo destinadas à sua habitação, também tinham agregadas divisões, servindo de espaços para armazém de
viveres e adega. Na habitação, muito pobre de construção, era
50
usado o adobe (terra negra de aluvião e palha) com o reboco das
paredes em massa de cal.
Por perto viviam os animais de trabalho, aquartelados em
estábulos precários. O burro, era a besta mais utilizada, como
meio de transporte, enquanto o gado vacum, além do leite dava a
força para o amanho da terra. 1967 – Homens foreiros na vila de Salvaterra
1960 - Rancho Folclórico dos Foros de Salvaterra
Um pequeno forno de adobes alimentado a lenha, e um poço de água, tirada a balde. também tinha lugar nas redondezas,
51
enquanto as árvores de fruto com hortado, serviam para
alimentar a família. Num espaço, aramado em rede feita à mão,
viviam as galinhas e patos, enquanto na pocilga, um porco de
engorda, era alimentado para a matança anual.
A casa com divisões pequenas, cujo estilo de construção, ainda
durava nos anos 50, deste século agora a findar, deu-lhes um lugar típico na Lezíria ribatejana. O telhado com telha de canudo
(a chamada telha portuguesa), era a cobertura primitiva, dando
lugar anos depois, a uma outra de desenho plano, a Marselha.
Quarto e Cama de casal - 1950
A entrada da casa, com espaço largo, servia de sala de
receber as visitas e funcionava como cozinha e lugar das
refeições.
No fundo uma chaminé de construção junto ao chão, com uma
grande boca, onde durante o dia uma fogueira de lenha se mantinha acesa.
52
Panelas grandes, de ferro fundido com tripé, ali eram
colocadas, para a cozedura das refeições familiares e também
dos animais. A meia altura da empena da chaminé, um suporte
(prateleira), construída em cimento ou madeira, suportava os
potes de barro, com água potável, para a bebida da família.
Na chaminé no início do fecho do pescoço, no interior, algumas peças em ferro, suportavam os enchidos, na sua cura de fumeiro.
Uma outra divisão, usada como quarto do casal, tinha a
completar, um outro mais pequeno, para agrupar as camas dos
filhos, enquanto pequenos, consoante os sexos.
No campo do mobiliário, as peças em madeira eram de grande
rusticidade, com um revestimento de uma laca, a que chamavam
“vioxene”. As mesas e cadeiras da cozinha, muitas vezes
apresentavam-se pintadas de azul ou verde.
Nos quartos, viam-se camas de ferro, com algumas peças em
metal que, eram limpas periodicamente, para conservarem o brilho.
Na primeira metade do século passado, ainda era muito usual, no chão, uma massa negra, a que chamavam “pavimento de
salão” (1) , sendo semanalmente “borrifado com água”, ficando
macio e brilhante durante algum tempo, dando estes espaços lugar ao cimento, nas novas construções.
53
Nas pequenas janelas, no interior das divisões de maior
privacidade, pendiam peças de tecido transparente, a que
chamavam cortinados.
***********
(1)- Solão=Saibro de Aluvião
AS TRADIÇÕES NO CASAMENTO
Apesar do período de grande transformação, onde o exotismo
dos casais já terem dificuldades em constituir e manter uma
família consistente, os foreiros, até à bem poucos anos,
conservavam nos seus tradicionais costumes, o casamento como
um bem digno de registo.
1950 – Jovem casal de Foreiros
54
A povoação de Foros de Salvaterra, situada entre Coruche e
Salvaterra de Magos, nos finais da década de 20, do século
passado, ainda tinha, talvez como inéditas em Portugal, uma
tradição nas suas festas de casamento do seu povo.
Por necessidade de deslocação à Igreja Matriz da vila, os noivos e padrinhos e restantes convidados eram transportados
em vistoso cortejo, como escreveu famoso cronista dos
costumes ribatejanos , nas primeiras décadas do séc. XX.
“Tem colorido e graça um casamento nos Foros. Os noivos e os
seus convidados montam em burros, cujas albardas vão cobertas
de colchas de algodão de cores vistosas, lembrando uma
cavalgada da Idade Média, numa imitação quixotesca.
A noiva, traz um largo e comprido vestido azul com requifes
brancos, mantilha branca na cabeça, onde a laranjeira abunda. O requife faz nos vestidos os mais inéditos desenhos, que enchem
de graça este trajar simples. O noivo, de preto, jaleca, chapeirão de aba larga, com pena de pavão espetada no chapéu e, junto à
fita e no feito, ramos de flores de laranjeira”
No ano de 1968, o autor, ao tempo colaborador no Jornal
“Aurora do Ribatejo”, recebeu uma carta com pedido de
publicação, do leitor – João Pereira, natural de Salvaterra de Magos, mas vivendo lá para as bandas da Azinhaga (Santarém),
veio a um casamento de uma familiar da esposa, na Várgea
55
Fresca..Descreveu assim, a experiência vivida, num casamento
dos Foros de Salvaterra. “No meio da vasta fila de carroças, um
acordeonista, contratado para os dias da festa, tocava as mais
diversas modas, como: Corridinhos e marchas.
O som da música, misturado com a alegre vozearia do enorme
trotar dos animais que, por vezes percorria muitos quilómetros,
por terras de areia, onde o estridente guizalhar dos seus ornamentos que, puxavam as carroças em grande fila. Um ou
outro grito “depressa sua besta” do condutor, com a ajuda do
inseparável chicote, que volteava no ar.”
Era um casamento igual a tantos outros da gente foreira,
mostrando os hábitos ancestrais nas suas festas de boda.
Todas as cerimónias religiosas tinham lugar em Salvaterra de
Magos. Já na vila, os animais eram presos às arvores no Largo
da Igreja Matriz, e no Largo do Lopes, ali perto da tabernas do
“Maceira” e do “Leopoldino”. Os convidados que não entraram no
templo, entretinham-se na taberna do Morais, ali mesmo ao lado do templo religioso, onde ofereciam cigarros e copos de bebida.
1950 – Igreja Matriz Salvaterra – Taberna ao lado
56
Após o matrimónio, os padrinhos, também não deixaram de
fazer a mesma oferta. Naqueles sábados, dias de casamento das
gentes foreiras, era decerto ver os mirones juntarem-se por ali
perto, pois sabiam que naqueles dias era um fartote para eles.
O rapazio, esses também não faltavam. As mulheres, e as
moças já “graúdas” depois da cerimónia, davam uma “saltada” às
lojas onde tinham “creto” (1) anual, e lá compravam doces para
os rapazes. As amêndoas e rebuçados, eram o que dava mais
jeito para atirarem ao ar. Os rapazes em grande correria,
acompanhavam o cortejo, já no regresso, até à estrada das “cavalhariças ” (2), lá andavam pelo chão de areia
Ao iniciarem o caminho de regresso, os nubentes tomavam o
lugar na última carroça do cortejo, de costas voltadas para o
condutor, e acenavam alegremente para a assistência que no
percurso lhes desejavam muitas felicidades.
Pelos mesmos caminhos difíceis, onde os valados cobertos de
silvas e outro mato daninho, mostravam ao fundo, entre pinhais,
algumas casas caiadas de branco, Aqui e ali grupos de famílias que “amanhavam” as suas terras, não deixavam de dar parabéns,
aos noivos, através dos acenos de mãos das mulheres, e os
barretes e bonés dos homens a voltearem no ar.
******** (1)-Crédito, que tinham no comercio da vila, onde faziam as suas compras anuais
(2)-“Cavalariças” / Cruzamento na EN 118 * No local existia um velho edifício, que no séc. XIX, serviu de cavalariças .
57
Por vezes, algumas amigas da noiva, muito antes do termo da
viagem, esperavam o cortejo e, com arcos engalanados de flores
naturais e de papel, obrigavam os participantes no casamento a
percorrer o espaço que faltava até ao local da boda,
acompanhados de músicas e cantares da região. À chegada ao local, era sempre um ancião (homem ou mulher)
que, dizia os versos seguintes:
“Vou dar os parabéns aos noivos !
Que por Deus já estão casados !
Se forem muito amiguinhos !
Por Deus serão ajudados !
Foram hoje à Igreja !
Encruzar as mãos em cruz !
Deus queira que se dêem tão bem ! Como a virgem Maria com Jesus !
Antes da entrada no espaço da boda, uma boa mesa de vários
pratos, à base de carnes e doces, os esperava, com algumas
garrafas de vinhos licorosos. O acordeonista, tocava algumas modas, onde todos os
convivas dançavam durante alguns minutos. Durante a tarde, até à hora de jantar, novamente a dança ocupava o tempo dos
convidados, especial dos mais novos.
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Os mais velhotes, os homens, entretinham-se a comenta o
tempo e o ano agrícola, e as anedotas sempre picantes de
premeio, chegavam assim à noite, já com uns bons copitos no
bucho. As mulheres, essas em grupo, entretinham-se a saber e
contar das novidades locais!
Pela noite dentro e, com o jantar a decorrer, as músicas não
paravam, a convidar sempre um pé de dança, num baile que,
durava até sol fora do dia seguinte. Os noivos, não arredavam
pé e, de vez enquanto a pedido, tinham de dar a sua graça no
bailarico.
No dia seguinte, após o almoço, depois da tarde ser passada em
convívio com os convidados, depois de receberem a chave da sua
nova habitação, ficam enfim a sós.
A ENTREGA DA CHAVE
Na cerimónia da entrega da chave, os padrinhos e os pais dos
noivos e, estes caminhando a pé até à nova residência, abriam a
porta, e após uma dança (uma última modinha), recebendo a chave das mãos dos padrinhos:
Dizia o noivo para a já sua mulher:
Toma lá esta chave ! Já que és minha mulher !
Para me abris a porta ! A toda a hora que eu vier !
59
A noiva ao abrir a porta, aos presentes respondia:
Meu padrinho, minha madrinha, e
todo o acompanhamento;
Se meu marido der licença,
façam favor de entrar para dentro !
Era então o momento de uma pequena visita aos novos
aposentos dos noivos, e depressa mulheres “cochichavam”, entre
dentes as novidades da casa. Na segunda-feira, dia de irem ao
Estanqueiro, “apanhar trabalho”, os comentários tinham lugar e
davam para toda a semana.
1968- Mulher foreira, Viúva, e filha, em dias de luto. (estrada EN 118 – Maçapez)
60
O PROGRESSO
Depois de Abril de 1974, o comercio cresceu, a população
deixou de se abastecer na vila, deixando hábitos que vinham dos
seus avós. A bomba de água, do furo construído no Estanqueiro
em 1936, há muito que não trabalhava, e a população foi deixando
de usar água dos poços, pois o executivo municipal, teve em
mãos um projecto para o abastecimento de água ao domicilio.
Numa primeira fase, foram enterrados cerca de 70 Kms de
canalização
No campo da saúde, foi construído um posto médico para apoio à população. As vias de comunicação, modernizaram-se com a
pavimentação de muitas delas. No entanto a sua melhor
conquista, foi a elevação a freguesia, que ocorreu no ano de 1984.
A Barragem de Magos, construída em 1936, para reservatório de
água para rega, e apoio à agricultura, com escoamento de água
através da Vala real de Salvaterra, com destino o rio Tejo, foi
sendo aproveitada pata local de turismo, tendo sofrido grandes
arranjos sendo agora um espaço de grande procura.
***************
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61
A TRANSFORMAÇÃO ATRAVÉS DOS TEMPOS !
Quando da venda, em 1845, pela Junta da Paróquia de
Salvaterra de Magos, dos terrenos que, foram da Coutada real, estes em grande parte adquiridos por lavradores e proprietários
agrícolas de boas posses, da região, como: As Casas Cadaval,
Roquette, Costa Freire, Roberto, Porfírio Neves da Silva, Rebello
de Andrade, Sousa Vinagre, Eugénio de Menezes, entre outros.
A maioria destes terrenos foi sujeita, após a compra a uma colonização expontânea, por famílias que, ali se instalaram, para
transformarem solos bravios, em terras produtivas, de regime
de cultura intensiva.
Para a exploração directa dos cultivadores, foram usados os sistemas; Aforamento, Venda, Arrendamento, e numa pequena
escala a Parceria.
Os primeiros Foreiros instalaram-se e construíram habitações
para as suas famílias, na situação de ilegalmente, ou autorizados verbalmente, e nas partilhas dos seus bens, para com as
gerações descendestes, eram usada a repartição de parcelas,
onde usavam a sorte do barrete, hábito ainda usado até a meados do século passado.
.
Ainda na primeira metade do séc. XX, vários foram os Dec.Leis, publicados, autorizando a então criada, Junta de Colonização
62
Interna, a comprar em vário pontos do país, terrenos aos
primitivos donos, para uma colonização intensiva.
De modo a sua posse pelos usuários, fosse menos penosa na
aquisição, a entrega aos “colonos/foreiros”, dos terrenos era
feita através de escritura de venda/compra, com pagamentos
mensais e durante vários anos
Nos Foros de Salvaterra, alguns terrenos foram assim
transaccionados, ao abrigo daquelas primeiras leis, e só muitos
anos depois, em 1987, alguns casos foram solucionados, entre
eles os terrenos da “Califórnia”, na zona da Várzea Fresca, nome
que recentemente tinha aparecido na linguagem do povo.
************* *****
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BIBLIOGRAFIA USADA
Documentos do Autor :
* SALVATERRA DE MAGOS E O SEU CONCELHO: Freguesia de Foros de Salvaterra
* OS FOREIROS DA CALIFÓRNIA E VÁRGEA FRESCA
Uma Luta de muitos anos !
* FOROS DE SALVATERRA “HISTÓRIAL”
* (Texto oferecido pelo autor, e usado no livro de publicidade das Festas dos Foros de Salvaterra, no ano 1994, pela sua Comissão.) * Também foi usado, pela Câmara Municipal, no livro: “Salvaterra, Paladares Antigos ”
*FOROS DE SALVATERRA
“Uma terra abençoada pela natureza ! (Texto da rubrica: - Já sabia, Que ! )
(Rubrica semanal, que o autor, tinha na rádio de Marinhais-
1990)
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64
COLECÇÃO DE APONTAMENTOS Nº 3 Documentos para a história
de
SALVATERRA DE MAGOS
Séc. XIII – Séc. XXI
Património:
Geográfico, Monumental, Cultural, Social,
Político, Económico e Desportivo
O Autor
JOSÉ GAMEIRO
65
Foto da Capa:
Motivo Alegórico ao Campino – Retunda E.N.118/Praça de Toiros
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Edição Original
FICHA TECNICA: Titulo: A PROPÓSITO DE TOIROS EM SALVATERRA !.. Tipo de Encadernação: Papel Brochado Autor: Gameiro. José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR Data: MARÇO DE 2007 Editor Gameiro, José Rodrigues Morada: Bº Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS
Tel. 263 504 458
Fax: 263 505 494 ISBN: 978– 989 – 8071 – 03 – 3 Depósito Legal: 256455 /07 Data: MARÇO DE 2007 ********************
Edição PDF - Revista e Aumentada * 2015
“www.historiasalvaterra.blogs.sapopt” “http://issuu.com/home/publications” ********************
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O MEU CONTRIBUTO
Salvaterra de Magos, tinha no seu povo primitivo as raízes de uma cultura rural, e sua etnografia disso nos dá mostras. O rio Tejo, os
campos de toda a Lezíria muito contribuíram na forma de viver destas gentes da campina ribatejana, desde a Chamusca a Vila Franca e
Azambuja. No primeiro quartel do século séc. XX, as transformações
ainda que lentas, mas notórias, mostravam o mítico campino, senhor da Lezíria, a dar lugar a um outro tipo de homem rural., o tractorista. As grandes manadas de gado – cavalar e bovino – foram deixando a intimidade, dos seus terrenos de pasto, passando a estar
“acantonados” em espaços restritos com a manjedoura sempre cheia de uma comida, que não foi a dos seus antepassados. .O Gado bravo, agora apenas vive três a quatro anos, com um destino certo, ser
corrido nas arenas e o matadouro. Antes ainda tinham a terminar os seus dias de vida, o trabalho do campo depois de “ bruxados ”, coisa normal por volta de 1950. Nesse tempo, era eu, era menino, já do meu avô paterno, que foi
campino, como foram seus três irmãos (João Galricho, José e Manuel), ouvi maravilhosas histórias, de como se campinava, pois eles chegaram a trabalhar nas mais famosas ganadarias da terra. Mesmo assim, o encanto do mundo da tauromaquia, com suas corridas, não me seduziu,
mas achei que, o mais importante era deixar algo escrito sobre esta forma de vida, que fez parte Lezíria, estando agora em grande decadência em todo o Ribatejo..
MARÇO: 2007 O Autor
JOSE GAMEIRO
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A ORIGEM DE TOIROS EM SALVATERRA !
Consta no Foral desta vila concelhia - Salvaterra de Magos, os
benefícios, que recebeu do rei D. Dinis, em 1295,, está situada
junto à margem esquerda, do Tejo, em plena Lezíria ribatejana, os
terrenos verdejantes ga grande bacia deste rio. Para povoar
estas terras, o rei D. Sancho I, deu privilégios a colonos, vindos
da Flandres (zona hoje pertencente ao Sul da França), aqui se fixaram com seus usos e costumes.
O seu povo com séculos de convivência, com as agruras e
alegrias extraídas da terra, sempre tiveram por companhia os animais, usando-os para trabalharem o campo.
Alguns bovinos apresentavam-se bravios, após vários
cruzamentos aproveitavam-se alguns, foi mais um elemento para
o suporte dos festejos pagãos do povo – os brincos taurinos.
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De hábito do povo em dias de festa, depressa a realeza que
aqui fazia grandes estadias no Paço da vila, não deixava de
partilhá-lo como mostra da sua beleza, que partilhava-o com
seus convidados. No séc. XVII, estando o Rei D. José e a sua corte
em férias nesta terra, existia um Picadeiro, onde o Marquez de
Marialva, afamado mestre na arte de bem montar a cavalo, ali
ensinava os jovens fidalgos. Num dia aprazado, realizou-se um brinco de toiros, o rei estava presente, entre os participantes
toureava a cavalo o jovem Conde dos Arcos (Arcos de Valdevez),
o que lá se passou está descrito nas ricas páginas do conto do
escritor, Rebello da Silva. Este deu-lhe o titulo “ A Última Corrida
Real em Salvaterra”
UMA NOVA PRAÇA DE TOUROS
O povo, todavia,
mesmo depois da
tragédia, que ligou a vila para todo o sempre, ao
longo dos séculos seguintes não deixou
De realizar as suas corridas de toiros. Umas tiveram lugar, nos
terrenos da Palacete dos Almadas, outras no Canto da Ferrugenta/ou do Pardalada, Quinta do Massapez, Pátio das
Vacas, entre outros espaços de ocasião.
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No séc. XIX, existia em Salvaterra de Magos, uma Praça em
madeira, explorada pela misericórdia de Portalegre, até que
desapareceu. Anos passaram, até que em 1920, um novo edifício
construído no lado sul, à entrada da vila. Foi uma obra fruto do
trabalho de um grupo de jovens aficcionados, constituído em
Comissão Construtora , que levou a cabo um desejo, que pairava
em muitas bocas, durante muitas décadas de esperanças.
Foi uma construção considerada na época uma novidade no
campo arquitectónico, no mundo da tauromaquia. Tinha de início
alguns traços extraídos do Taurodomo do Campo Pequeno,
Lisboa, passou a propriedade da Misericórdia local, por doação,
da tal Comissão, após a sua inauguração, não deixando de ser um
um ex-libris da vila, tendo no seu historial, momentos que
importa conhecer:
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TOUREIROS
António Roberto, um dia veio dos Açores, com os pais, e os
irmãos Luiz e Antão, com destino a Salvaterra de Magos,
nesta vila, casou com Maria Gertrudes (Fonseca), e do casamento
nasceram: Vicente Roberto, João Roberto e Roberto da Fonseca. Bem cedo, foi notado
que os três irmãos,
estavam Predestinados
para a arte de tourear.
Como bandarilheiros, ganharam fama e proveito. Do seu vasto
pecúlio, angariado nas arenas, foram beneméritos para com algumas instituições, especialmente as misericórdias de
Santarém, Figueira da Foz, Coruche e Salvaterra de Magos.
Durante muitos anosos três irmãos actuaram em praças de
toiros de Portugal e Espanha, fazendo parte de um grupo de
toureiros que, impulgou as arenas no final do séc. XIX e, nos primeiros anos do séc. XX. Roberto da Fonseca, em 1892, esteve
presente, na inauguração da monumental praça de toiros do
Campo Pequeno, em Lisboa, e foi em 1920 director da corrida
inaugural, da praça de toiros de Salvaterra de Magos.
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Quando já retirados das arenas, dedicaram-se à sua casa
agrícola, em Salvaterra de Magos, formando uma ganadaria de
toiros bravos a que, deram em 1923, o ferro, Robeiro & Roberto.
A ganadaria, fazia pastoreio no Verão, nos campos dos
Salgados, junto ao rio Tejo e, no Inverno se acomodavam na sua
Herdade do “Monte dos Coelhos”,na zona da Várgea Fresca/Foros
de Salvaterra. Naquele tempo, a fama do seu passado artístico,
motivou outros filhos da terra, tentarem o caminho daquela arte.
Os aplausos das arenas foram ouvidos por Rogério Amaro
que, chegou a bandarilheiro, função que desempenhou durante
dezenas de anos.
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Rogério Amaro
Quando nasceu a 13 de Abril de 1920,
ainda estava bem fresca na memória de
várias gerações do povo as narrativas
das actuações empolgantes nas arenas
dos seus conterrâneos, os irmãos
Roberto, a praça de toiros da sua terra,
estava em construção. Ainda jovem Rogério Amaro, já dava
mostras de despertar para o mundo da tauromaquia, e depressa
dominava toda aquela arte, queria ser toureiro. Entrou em vários
espectáculos festivos, pois era muito solicitada a sua presença
em praças da região. Depressa estava apto para fazer provas,
foi aprovado em 23 de Abril de 1943, como bandarilheiro. foi
solicitado pelas maiores figuras do toureiro da época, quer a pé,
quer a cavalo, especialmente Simão da Veiga, e durante anos fez
parte das suas “quadrilhas”.
Por volta de 1954, já o toureiro; Manuel dos Santos, não
deixava de o ter como homem de confiança, quando actuava nas
arenas, em Portugal e Espanha. Retirado das lides, foi Director de
corridas por largos anos. Depois de uma vida dedicada ao
toureio, um dos seus grandes amores, veio a falecer a 23 de Novembro de 2002, quando estava hospitalizado em Cascais.
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Joaquim da Conceição,
Nasceu em 1932, conhecido como o “Joaquim Ruço”, ainda jovem foi
aprender o oficio numa barbearia da
vila, na época aqueles espaços tal como as oficinas de sapateiros,
organizavam-se em tertúlias, aí
discutia-se com entusiasmo o apoio aos seus ídolos, do mundo taurino.
Trabalhando naquele ambiente, depressa foi atraído por aquela
arte sonhou vir a ser toureiro. Entrou em vários festivais
realizados na sua terra natal – Salvaterra de Magos, e aqui no dia
10 de Maio de 1953. vestiu o traje de luces, com a categoria de
Praticante, desejava vir a ser Bandarilheiro. Foram bandarilheiros deste festival: Rogério Amaro, Júlio Procópio,
Manuel Alemão, Carlos Pereira e João Inácio. A sorte e o
engenho não o acompanharam, ficou-se por um sonho que nunca concretizou.
António Cadório
Conhecido pelo “Mestiço”, desde
menino aprendeu o ofício de sapateiro,
gostava das lides taurinas a pé,
aprendeu todos os seus métodos, não
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teve sorte, acabou por se fixar em Vila Franca de Xira,
trabalhando no ofício e ensinando a arte que tanto queria
abraçar. Alguns artistas que singraram nas arenas portuguesas,
especialmente o toureiro José Falcão foram seus alunos. Já no
declinar da vida, para ver alguma corrida de toiros, esperava
junto da porta das praças, pela oferta de um bilhete.
Francisco Silva, “El-Palhota”
Ainda menino de escola, já os seus
dotes eram um reparo dos seus
companheiros de brincadeiras, e assim
ficou o “El-Palhota” , pois vivia com seus
pais, no sítio da “Palhota”– Salvaterra de
Magos, Francisco Silva, nasceu em 1947,
foi aprender o ofício de Ferreiro, e depressa com o trabalhar o
ferro e o arame, lhe dava o ensejo de fazer pequenas coisas, que
lembravam aquela
arte de tourear
O desejo de ser toureiro,
acompanhava-o dia-
a-dia, assim foi de
abalada até Vila
Franca de Xira, aí o
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ambiente taurino era respirado por tudo quanto era sítio. Na
terra ainda vivia, gente grande do mundo do toureio nacional e
mundial. Francisco Silva “El-Palhota”, depressa chegou a
Bandarilheiro em 1975, e integrou as várias equipas de cavaleiros
e toureiros da época. Sempre ligado ao seu gosto em fazer
artesanato taurino, em ferro e arame, foi divulgando o mesmo,
que agora se encontra espalhado pelo mundo.
Sempre quis ter uma escola de toureio, naquela terra
adoptiva, mas dificuldades várias impediam-no de concretizar o
seu sonho, Um dia, o seu entusiasmo foi espicaçado, andava
eufórico, deram-lhe esperanças na concretização do seu sonho,
foi-lhe prometido, pelo autarca da Freguesia da sua terra – João
Nunes dos Santos, que o apoio não faltaria, “Palhota” encetou
contactos com a Misericórdia local, para a cedência de um
espaço na praça de toiros. O tempo passou, amargurado, um dia
disse aos amigos, ficou-se pela homenagem que recebeu da
Comissão de Festas de Salvaterra de Magos,
Vítor Mendes,
Nascido na freguesia de
Marinhais, no concelho de
Salvaterra de Magos, dia 4 de
Fevereiro de 1989, em Marinhais, mas foi em Vila Franca de Xira,
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terra onde vivia com os pais, que despontou para o toureio, e
chegou a figura mundial do toureio, mostrando a sua arte entre
os seus pares. Tirou a alternativa de Matador de Toiros, em
Barcelona, no dia 13 de Setembro de 1981, sob o apadrinhamento
de Palomo Linares e José Manzanares.
Paralelo ao seu tempo de toureiro famoso em todo o mundo,
onde se aprecia a corrida de toiros, com a morte deste, através da estocada fatal,, especialmente em Espanha e países da
América do Sul, foi estudando e Licenciou-se em advogacia.
Em 1992, na praça de Salvaterra, foi-lhe descerrada uma placa
de homenagem, promovido por um grupo de aficionados, tendo
cortado a coleta, no ano de 1998.
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GRUPOS DE FORCADOS
No reinado de D. José, os brincos taurinos, eram um
espectáculo que ocupava algum tempo dos folguedos da corte.
Em Salvaterra de Magos, nas grandes temporadas que aqui
passavam anualmente também os realizavam, aproveitando para
satisfazer a curiosidades dos Embaixadores das cortes
europeias que visitavam Portugal, nem sempre em negócios.
Nos espetáculos, havia a actuação dos Jovens cavaleiros
fidalgos, que perante as plateias cheias de damas, ofereciam as
suas sortes. Em redor do redondel, os Monteiros da Choca, um
grupo de com bastões, que tinham na ponta uma forquilha, ou
forcado, defendiam a assistência, do toiro que na arena era
lidado. Uns anos depois do acontecimento da morte do Jovem
Conde dos Arcos, os fidalgos mais aguerridos nestas festanças,
tentavam reatar aquele espectáculo, só no reinado de D. Maria II,
em 1836, o espectáculo aparece novas alterações, o toiro passou
a ser proibido de ser morte pelo cavaleiro, após a faena, e em
seu lugar, os então Moços da Choca, pegavam o animal.
Foi assim, que nas alterações verificadas, no séc. XIX, teve
formalmente origem a existência dos Moços Forcados como os
conhecemos até agora.
“Depois da reunião do primeiro elemento com o touro, cabe aos
ajudas a tarefa de imobilizar o touro para que a pega se
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considere realizada. Aquele que segura o rabo é o responsável
por rematar a pega”
Em Salvaterra de Magos, quando da inauguração da Praça de
toiros, em 1920, estes grupos apareciam em festivais, mesmo em
corridas, especialmente em Maio, quando da Feira anual da terra.
1957 – Grupo Forcados de Salvaterra
0000 – Grupo Forcados Salvaterra – Feira Maio
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Alguns mais afoitos, mostrando grande poder de braços, para
encaixe, como se dizia na época, apareceu Manuel Vicente dos
Reis – o Manuel Ferrador ( por ser o seu ofício), que logo foi
convidado a integrar outros grupos de forcados amadores.
Também ao longo séc. XX e XXI, João Ramalho, Mário Marques,
Joaquim Mendes, entre muitos outros.
José Carlos Hipólito “ O Timpanas” foi no dobrar do séc. XX,
onde as corridas de toiros eram quase diárias em todo o pais,
que deu nas vistas.
“ O Timpanas” desde miúdo pela sua traquinice, e graciosidade
perante os toiros, sendo homem pequeno, mas de braço rijo, foi
aplaudido em todas as arenas, empolgava o público com suas pegas.
Esteve no grupo de profissionais de Adelino de Carvalho (Lisboa), Amadores
de Tomar (Manuel Faia), sendo muito solicitado também esteve em Roma
(Itália), no Coliseu onde fez algumas
pegas, para umas cenas de filme épico.
Manuel dos Santos, que foi Matador de toiros, já retirado e na condição de empresário, levou até Macau, o espectáculo de
toiros, todo o agrupamento (toureiros, cavaleiros, forcados e os
toiros) foram de vários pontos de Portugal
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António Lapa, como se relacionava
no mundo dos toiros, foi um grande
ajuda, nos vários grupos de forcados a
que deu a sua colaboração contam-se: Coruche, Tomar, Lisboa, Ribatejo,
Lusitanos e naturalmente o de
Salvaterra, de que foi também Cabo.
Ainda Jovem, veio a falecer no dia 11 de Março de 2013, com 56
anos, vitima de problemas cardíacos. Os órgãos e críticos da
tauromaquia não deixaram de se referir ao António Lapa, sendo por alguns considerado o melhor Ajuda, neste tempo do séc. XXI.
Uns meses mais tarde, na sua terra natal – Salvaterra de
Magos, amigos e gente do mundo taurino, prestou-lhe uma
homenagem realizada no Cabana dos Parodiantes de Lisboa, no 11 de Julho de 2013.
António Rogério Amaro (Rogério Amaro,
como era conhecido no mundo taurino),
ainda criança sentiu o ambiente que se
vivia em casa, através de seu pai, Rogério
Amaro, que era Bandarilheiro afamado. Rogério Amaro, depressa ingressou nos
grupos de forcados e esteve …………………. Em 2012, esteve numa
corrida realizada na terra natal – Salvaterra de Magos, por
ocasião de Feira Anual, integrando o Grupo dos Forcados locais,
tendo obtido um prémio numa bonita pega. Mais tarde foi
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Apoderado das grandes figuras do toureio nacional, e
Empresário, em quase todas a Praças existentes no pais.
CRIADORES DE TOIROS DE LIDE
Segundo alguns historiadores desta temática, os toiros de lide,
tiveram origem na ganadaria Solar nas terras de Espanha. Os
campos de Salvaterra, em plena Lezíria, com terras de aluvião, e de charneca, são locais de boa pastagem para este animal, que
tem necessidade de campo e espaço aberto para pascentar.
Perdem-se nas páginas da tauromaquia, as muitas informações
quanto às ganadarias existentes nesta vila.
José Luís Brito Seabra, além de criador
de toiros de lide, foi presidente da
câmara municipal de Salvaterra de
Magos, e também um dos sócios
fundadores do Real Clube Tauromáquico
Português.
Dr. Rodrigo da Costa, sendo médico nesta vila, em 1878, explorava a agricultura, e como pequeno criador de toiros,
forneceu curros para a praça de Sant’ana, em Lisboa.
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António José Ferreira da Silva, Nasceu em Salvaterra de
Magos , a 19 de Setembro de 1887, era filho do Ganadero do
mesmo nome que forneceu curros de toiros para as mais
importantes praças do país, no último terço do séc. XIX.
O início do séc. XX,
foi uma época em
que muitos
agricultores, enveredaram pela criação do toiro bravo, em várias
zonas do país, em Salvaterra existiram as ganadarias; José
Ferreira Roquette, António Ferreira Roquette, José Ferreira da
Silva, Irmãos Roberto, Gaspar Costa Ramalho, seu filho José
Vicente Ramalho e Roberto & Roberto.
Todas foram fornecedoras de curros, para praças de Portugal e
Espanha. Nestes últimos tempos, em Salvaterra de Magos, ainda
existem sedeadas as ganadarias com o ferro de: João Sarmento
Ramalho, Tereza Ramalho, José Dias, Felicidade Dias e Irmãos
Dias.
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CRIADORES DE CAVALOS
A Casa, Menezes & Irmão, Ldª, pertença dos dois irmãos lavradores, José e António Menezes, dedicou-se por volta de 1930, na reprodução, e cultura do cavalo lusitano, com uma
eguada e três garanhões desta raça.
António Lapa, Proprietário agrícola, nos primeiros anos
do séc. XX, tirou grandes
proveitos na criação de
uma afamada raça
espanhola, a seu filho Alberto dos Santos Lapa,
deixou o gosto pela criação deste género de animais, que ainda continua na família.
Oliveira e Sousa (Casa Agrícola) - João Oliveira e Sousa,
antigo oficial do exército, recebeu do sogro, o lavrador e
proprietário, Porfírio Neves da Silva, a casa agrícola que,
conservou e enriqueceu com novas espécies de equídeos
lusitano. Anos depois, foram seus filhos, são agora os netos, que
continuam a manter a raça na reputada coudelaria “Oliveira e
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Sousa” com procura a nível mundial. A coudelaria, contino-ou
através de seus filhos e netos.
CAVALEIROS TAUROMÁQUICOS
CLÁUDIO JOSÉ (Cláudio José Silva Fernandes Travessa)
Tal como seu irmão Rogério, depois de
muitas actuações em praças de Portugal, EUA (Califórnia) e Espanha, passou pelo
escalão de praticante.
Em 30 de Agosto de 1998, recebeu a alternativa de Cavaleiro
Tauromáquico na praça de toiros de Salvaterra de Magos, sua terra-natal, sendo apadrinhado pela grande figura do toureio,
Joaquim Bastinhas.
TRAVESSA FERNANDES
(Rogério Manuel Silva Fernandes Travessa)
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Depois de algumas corridas, em praças de Portugal e em
Espanha, como praticante, tirou alternativa de cavaleiro tauromáquico, na Monumental Cascais, em 24 de Julho de 1994,
sendo seu padrinho de alternativo o cavaleiro, José Maldonado
Cortes. Como cavaleiro de alternativa, esteve em praças de
países hispânicos, com seu irmão Cláudio José. Com actividade
muita curta, dedicou na companhia de seu irmão, a explorar uma escola de toureio, na sua quinta em Salvaterra de Magos- sua
terra natal.
ANA BATISTA
Ainda menina, aos 10 anos,
toureou na praça de
Salvaterra, pela primeira
vez. Tomou a alternativa de cavaleira, no ano 2000, em
Coruche, sendo apadrinhada
por Joaquim Bastinhas, com o
decorrer dos anos tornou-se
figura do toureiroa cavalo, em Portugal.
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Mónica Monteiro
Ainda prestou provas de Praticante, em
Lagos, no Algarve, no ano de 1994. Mais
tarde (quando montava), sofreu grave
acidente, perdendo - se para o mundo do
toureio a cavalo.
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DIRECTORES DE CORRIDAS
José Ferreira Estudante e, Rogério Amaro
CRÍTICOS TAUROMÁQUICOS:
* RUI DE SALVATERRA *
(Rui Ferreira Estudante)
-1932 –
* D. PACO *
( Roberto Fernandes )
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OS CAMPINOS
Travessa Fernandes
Rogério Manuel Silva Travessa Fernan- des, depois de várias actuações em Portu- gal, Espanha e EUA, fazendo o estágio de
praticante naquela arte de tourear.
A alternativa de cavaleiro teve lugar, na
monumental de Cascais, em 24 de Julho de
1994 sendo apadrinhado pelo distinta figura
da tauromaquia portuguesa José Maldonado
Cortes.
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A necessidade de trabalhar as terras, o gado bovino passou a
ser um instrumento de trabalho, e depressa a arte da
campinagem, teve abrigo na Lezíria
.Nesta função, nas primeiras
décadas do
século passado,
nomes ficaram
famosos, pela
sua forma de
conduzir os toiros nas famosas entradas, e encabrestá-los nas
arenas, ou simplesmente trabalhar as manadas com arte, nos
campos.
Foram
“grandes varas”
nomes
conhecidos por: Joaquim Cortilho, Lino Bastos (Lino
Garoto), Fernando Almeida, João Vitorino e, os seus primos, os
irmãos: João e José Galricho, para além de um outro conhecido por “José da Moira”. E os mais novos, Manuel Luís e Miguel Viegas.
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EMBOLADORES /FARPEADORES
José Caçador, conhecido por José Venceslau, já no início do
século XX, esmerava-se na feitura de farpas e embolas que usava
nos toiros. Aquela arte, transmitiu-a a seus filhos; António e
Gastão Aleluia, seus ajudantes, no embolar dos toiros nas
corridas. António Aleluia, trabalhou mais tempo com o pai,
durante muitas dezenas de anos a difícil maneira de ornamentar
os ferros (farpas), acessórios necessários para as lides
taurinas.
João Aleluia, desde o falecimento
de seu falecimento de seu pai,
António Aleluia vem mantendo a tradição familiar,iniciada pelo seu
avô, completando assim três gerações dedicadas à arte de
fazer farpas e embolar os toiros.
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DATAS HISTÓRICAS
1920 – 1 de Agosto * Na inauguração da Praça de Toiros de
Salvaterra de Magos, realizaram-se duas corridas de toiros, no 2º dia, houve entrada de toiros.
1921 – Na sua arena, o bandarilheiro, de nome Faculdades, quando
actuava, matou um toiro, contrariando a lei existente de 1837.
1941 – Neste ano, após um violento ciclone que “varreu” grande
parte do país, a praça de toiros de Salvaterra, sofreu graves
danos. A família Monte Real e, o benemérito Gaspar Costa
Ramalho, suportaram o custo das obras da reconstrução. Uma
corrida foi realizada, após os trabalhos de restauro, nela esteve
presente o presidente da república, Marechal Oscar Carmona, como convidado oficial.
* Actuaram graciosamente, os famosos toureiros, estrangeiros:
Domingos Ortega e Luís Miguel Dominguim e, os portugueses;
Manuel dos Santos e Diamantino Vizeu. Os cavaleiros, mestres; Simão da Veiga, João Branco Núncio e David Ribeiro Teles,
também deram o seu contributo.
1965 – No dia 6 de Junho, teve aqui lugar uma vacada, depois de
um lauto almoço, uma iniciativa da Casa do Pessoal da RTP. Foi o
início de outros convívios, aqui realizados, onde para além de Missa ao ar livre, assistiu-se a corridas de toiros.
1970 – No dia 1 de Agosto, o jornal “Aurora do Ribatejo”, publica
por ocasião dos 50 anos da praça, uma entrevista conduzida por
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José Gameiro e José A. Amaro, a José Luís das Neves, na ocasião
único membro vivo da ”Comissão Construtora da Praça”.
1976 – No dia 23 de Outubro, foi inaugurado o sistema eléctrico,
com iluminação da arena, com uma corrida nocturna, onde
actuaram: José João Zoio, Luís Miguel da Veiga e Emídio Pinto.
1977 – No dia 15, quando da Feira de Maio, na 2ª corrida, os
matadores; Armando Soares, e o espanhol “El-Macareno“, estoquearam os quatro toiros da lide, infringindo assim as leis
existentes no país. Neste mesmo ano, foi aproveitada uma
corrida de fim de época, para “testar”, a nova marcação de
lugares, tendo sido aproveitados espaços mortos, nas bancadas,
o que rentabilizou mais 900 lugares sentados.
1978 – Mais uma corrida à antiga portuguesa, realizada a 30 de
Setembro, se juntou ao vasto rol das já efectuadas até então, nas
arenas desta praça. Foi procedida de um desfile de cerca de 100
figurantes, pelas ruas da vila, onde foram incorporados os
timbaleiros da GNR, e coches que, transportavam os cavaleiros
artistas.
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FOTOS UDADAS
Pág.63 - Quadro em Azulejo, morte do Conde dos Arcos,
colocado no Jardim da Biblioteca Municipal, quando da sua
inauguração, na antiga escola primária jornal o “Século”
Pág 64 – Entrada de toiros, festejos da inauguração da Praça de
Toiros, dia da segunda corrida em 2 de Agosto de 1920, *Em 1950,
Praça de Toiros, com zona ajardinada na frente – EN 118
Pág 65 – Bandarilheiros Irmãos (Roberto(s) – Vicente Roberto e
Roberto da Fonseca * final do séc. XIX – Inicio do séc. XX
Pág.70 – O Bandarilheiro Francisco Silva “El-Palhota”, acompanha forcados na volta a arena
Pág 82 – Campinos Manuel Borrego e Miguel Viegas, no Porto
Alto, esperando “Congressistas” visitas do Restaurante Típico
Ribatejano de Salvaterra de Magos * Campinos e Cabrestos, em
prova de perícia, na Av. Dr. Roberto F. Fonseca – Festas de
Salvaterra, 1968 – Casa Agrícola José Lino
BIBLIOGRAFIA USADA
:* Subsídios para a História da Tauromaquia Salvaterra de
Magos- séc. XIX, séc. XX - José Gameiro
* Salvaterra de Magos - Seu Povo sua Cultura! “ – José Gameiro
* Jornal Vale do Tejo – 1997/2002 * Subsídios para a História da Misericórdia de Salvaterra de
Magos – José Asseiceira Cardador
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“ORIGEM DO TOIRO DE LIDE” Segundo alguns estudiosos da causa taurina e, outros no campo da zootecnia, dão-nos pistas para se entender a existência do boi no terceiro milénio antes de Cristo. Fazendo fé, nas pinturas rupestres e naquela linha de informação, a fauna predominante nos terrenos que viriam a ser da Península Ibérica, durante o Paleolítico era composta por cavalos, bois, veados, javalis e outras espécies de instinto violento. A Península, com seu clima ameno e acolhedor, poderá ter recebido migrações do Uro ou Toiro Selvagem, já domesticado no Oriente, sendo a porta de entrada o Norte de África. O romano Júlio César, à 2000 anos, segundo alguns documentos, introduziu na língua latina a expressão TAURO, pois o animal era usado pelas várias culturas mediterrâneas. O boi Apis, no Egipto era adorado como o deus da fecundidade e da abundância. A construção de um bezerro de oiro, para os Hebreus, o toiro alado na Babilónia e até na mitologia grega, aparece na forma de minitauro, eram testemunhos das crenças destes
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povos. Na Europa, o Uro que, terá sido introduzido pelo povo Celta, será o antepassado de todas as raças bovinas existentes neste continente, foi extinto na idade média. Do cruzamento destes animais, para fins taurinos, é dado como sendo a Espanha o seu berço, até porque no Séc. XVII, neste país, como em Portugal e em terras da Flandres (França) era utilizado pela nobreza nos ”embates” com cavalo. A Salvado – Jornal Vale do Tejo
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Cabeça Toiro Ganadaria
Irmãos Roberto – 1950
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Colecção de Apontamentos Nº 4
Para a História
Séc. XIII – Séc. XXI
Património Geográfico, Monumental, Cultural,
Social, Político, Económico e Desportivo
Séc. XIX - Séc. XXI
Uma Referência no Turismo Local e Regional
O Autor
JOSÉ GAMEIRO
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Foto da Capa: 1980- Entrada do Restaurante Típico Ribatejano
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Edição Original FICHA TECNICA: Titulo: RESTAURANTE TÍPICO RIBATEJO ! ( Uma referência no Turismo Local e Regional ) Tipo de Encadernação: Papel Brochado Autor: Gameiro. José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR Editor Gameiro, José Rodrigues Morada: Bº Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS * Tel. 263 504 458 * Fax: 263 505 494 ISBN: 978– 989 – 8071 – 04 – 0 Depósito Legal: 256456 /07 Data: MARÇO DE 2007 ********************
Edição PDF - Revista e Aumentada * 2015
“www.historiasalvaterra.blogs.sapopt” “http://issuu.com/home/publications” ********************
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O MEU CONTRIBUTO
(Recordações)
Meu pai era um pouco mais velho que o Joaquim Lopes, mas davam-se bem. Tendo casado, precisava de casa a passou a ser rendeiro, numa pequena casa, restos do Paço Real de Salvaterra,
foi aí onde nasci e vivi até aos 7 anos de idade. Na minha meninice, de 4/5 anos brincava na vasta propriedade da família Lopes, onde estava instalado o Café Ribatejano. Não deixei mesmo de subir para os ferros das antigas chaminés, que foram das cozinhas do palácio real. As brincadeiras e relações de amizade com a Maria Irene Lopes Pinto e seus primos; Idalina e António Manuel Gonçalves Lopes começaram aí. O mesmo aconteceu com a Manuela Marques Lopes, que cheguei a levar pela mão para a mestre-escola Moisés. Já rapazola como trabalhador na Central das Carreiras, vi crescer o António Joaquim Marques Lopes. Ao longo dos anos a sociedade, Manuel Vieira Lopes, teve actividades, como: Taberna, Café, Pensão, Restaurante. Entrando depois nas áreas do Cinema e Construção Civil, com várias urbanizações de prédios.
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Com o fecho da taberna e da pensão, a restauração teve uma actividade ao longo de mais de 30 anos, sendo a principal receita da família nos primeiros anos. Agora Restaurante Típico Ribatejano, está fechado conservando tudo no seu interior, na esperança de um dia voltar a estar cheio de clientela como naquele tempo dos Congressistas, que davam vida às ruas de Salvaterra, com foguetório no ar, campinos a cavalo, e ranchos cantando e dançando ao som da música ribatejana. .MARÇO: 2007 O Autor
JOSE GAMEIRO
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RESTAURANTE TIPICO RIBATEJANO
Uma referência no turismo Local e Regional (1950-1983)
Na bonita Lezíria Ribatejana, com suas tradições, também os
bois eram usados pelo homem, na faina diária.
As cantigas, e o dançar o fandango, eram festejos nos dias de
descanso em pleno local de trabalho, que servia para o dançarino
ser olhado com ternura, por alguma jovem mulher, que já
andasse debaixo de olho.
Salvaterra de Magos, no coração daquela planície, junto ao rio
Tejo, tinha ainda no início do século, bem patente no seu povo, os
trajos, a comida, e danças da região.
Extinta a casa real, por decreto de Abril de 1835,todas as
propriedades reais existentes no concelho de Salvaterra, foram
vendidas em haste pública. Em 1919, Manuel Lopes, regressado de
França, onde esteve como soldado no conflito mundial, recomeça
a vida com sua esposa, D. Maria Irene da Conceição, filha do velho
Sebastiana, zelador municipal na câmara. Instala-se por pouco
tempo, como ferreiro, junto aos armazéns do comerciante Gomes
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Leite. No tribunal de Coruche, através de um advogado de nome
Abílio, compra uma parcela urbana, onde se encontravam muitos
vestígios, do que foi o Paço Real da vila, Ali fez morada e inicia
uma nova actividade comercial, abre uma taberna com venda de mercearia. Depressa, instala nova oficina de ferreiro,
apetrechada da respectiva pedra (roda) de “fazer” os rodados,
em ferro e madeira dos carros, onde usa a água de um poço, existente no local, que foi pertença do paço real.
Um outro negócio, o de mobílias, em madeira rústica, destinado
à camada social mais pobre se juntou ao rendimento familiar.
Naquelas velhas casas; nasceram os filhos: Hortense, Joaquim, Maria Rosa, António e Alexandrina Lopes O ALUGUER DE BICICLETAS
As rivalidades clubistas vividas, por causa dos ciclistas;
Nicolau e Trindade, representando o Sporting e Benfica, nas
corridas da volta a Portugal, punham em delírio os seus adeptos,
tiveram alguma influência noutras modalidades daqueles clubes,
especialmente o futebol.
Aproveitando o momento, por
iniciativa do filho Joaquim Lopes, a casa já vendia e
alugava bicicletas, mas logo a
seguir, uma outra actividade foi
experimentada; uma fábrica
artesanal de fabricação de gasosas e outros refrigerantes.
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Esta laborava na rua Miguel Bombarda, tendo duração de
poucos anos, até porque já existia uma outra da firma Tito & Irmão, Ldª. A morte de Manuel Vieira Lopes, em 1945, no dia do
nascimento de sua neta, Alexandrina, levou a viúva, e os filhos;
Joaquim, Rosa, António e Alexandrina, a tomaram conta dos
negócios da família. Por volta de 1950, que ainda explorava a taberna instalada no Largo dos Combatentes, que por força dos
hábitos populares, ainda agora é conhecido pelo Largo do Lopes.
Naquele estabelecimento de vinhos e mercearias, também se
vendia charruas, e acessórios e demais produtos para a
agricultura.
O ALUGUER DE PATINS
A equipa portuguesa, mobilizava a população junto da
telefonia (rádio), a ouvir os relatos dos jogos hóquei em patins
,especialmente entre as selecções de Portugal e Espanha. Mais
uma vez, Joaquim Lopes, viu ali a evolução no negócio,
Aproveitou um espaço
que foi adaptado a ringue de patinagem, passou a
sua alugar patins, para a aprendizagem. Ali, com o
piso cimentado, foi local
onde algumas revistas teatrais, que percorriam o país,
mostraram os seus espectáculos, Igrejas Caeiro, com os seus
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companheiros da alegria, e a Companhia teatral Rafael de Oliveira, entre outros, utilizaram o espaço. O Café Ribatejano,
abriu as suas portas, em 1949, junto da velha taberna, que fechou
O Ribatejano, com instalações para Pensão e pernoita, para os
caixeiros-viajantes, que naquela época visitavam o comércio,
com muitas malas dos produtos a venda. Uma mesa de bilhar, passou a ser usada pela juventude daquele tempo. Com um
grande balcão-frigorífico, servia cerveja a copo (Imperial), bebida que dava os primeiros passos no comércio, sendo servida
acompanhada de um prato de tremoços, oferta da casa.
Existindo a Pastelaria Sol da Lezíria, na avenida principal, o Café
Progresso, mais antigo e instalado na zona velha da vila Na rua, o Ribatejano tinha instalada uma esplanada, delimitada com uma
construção em ripas de madeira. A nova Pastelaria
Salvaterrense, de Francisco Fonseca (conhecido por Xico Vassoura), logo de parceria com o Ribatejano, passou a fabricar
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uns pequenos pastéis de feijão, vendidos numa caixa de 6
unidades ( a tampa tinha a cena da morte do Conde dos Arcos).
A PENSÃO
As instalações dos quartos, estavam no primeiro andar, e ali
estiveram acomodados, figuras públicas como: os Toureiros,
Manuel dos Santos, Diamantino Vizeu, e o nadador Baptista
Pereira, entre muitas outras. Entretanto, nomeados agentes de
cervejas e refrigerantes com o exclusivo da venda e distribuição
na zona, o irmão António Vieira Lopes, começa num pequeno
carro de caixa aberta, os seus carregamentos semanais, no
abastecimento aos estabelecimentos comerciais, chegando a
entrar no Alentejo, até Mora.
A TELEVISÃO EM PORTUGAL
A televisão chega a Portugal, em Março de 1957, o povo,
acorre, às janelas dos estabelecimentos, ou aos cafés para ver a
televisão. Mais uma vês o Ribatejano, tem a primazia na vila de
instalar um aparelho de televisão, tendo como clientes todas as
noites a melhor classe social da terra., no entanto o Restaurante
Típico Ribatejano,
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O INICIO DO RESTAURANTE
TIPICO RIBATEJANO
Com o Café a
funcionar,
Joaquim da
Conceição Lopes,
toma a iniciativa
de formar a firma Manuel Vieira
Lopes & Filhos,
LDª, com seus
irmãos; onde a
mãe D. Maria Irene, entra no negócio, ficando de fora a irmã mais velha, a Hortense Lopes. A firma assenta numa sociedade
familiar, onde os quatro irmãos e a mãe, laboravam com tarefas
definidas, sendo o Joaquim Lopes, gerente da firma.
O que restava, das três chaminés das antigas cozinhas do
palácio real de Salvaterra de Magos, foram aproveitadas, e incluídas nas salas do novo Restaurante Típico Ribatejano, cuja
entrada principal tinha a porta dentro de uma decoração que parecia um grande tonel de vinho, pintado de cor verde.
No interior das salas, uma construção de um lagar de vinho, e nas paredes a simulação de grandes túneis de vinho (branco e
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Tinto), deram ao local, uma aparência de uma Adega Ribatejana,
em laboração, no início do século séc. XX.
As paredes foram ilustradas com quadros de artistas e fadistas
da época, onde entre outros se podiam ver os retratos de Amália
Rodrigues e Vasco Santana, e alguns cartazes de corridas de
toiros, realizadas em tempos idos, nesta terra. Barretes verdes, a par de algumas alfaias agrícolas e, candeeiros em barro,
suspensos do tecto, com iluminação “fingindo velas”,
completavam o cenário. Nas mesas, os pratos e jarros de barro
de vinho eram de confecção artesanal, de um oleiro do concelho.
A mãe D. Irene, que sabia e tinha dedo para a culinária antiga
da terra, transmitiu a sua filha Maria Rosa, que passou a
cozinheira de serviço, alargando os pratos das ementas do
Ribatejano, às receitas da comida do povo da região. Na
ementa, tinham significado especial, a Açorda de Sável, e Caldeirada de Enguias, peixes do rio Tejo, pescado pelos pescadores do Escaroupim.
A mãe D. Irene, que sabia e tinha dedo para a culinária antiga
da terra, transmitiu a sua filha Maria Rosa, que passou a
cozinheira de serviço, alargando os pratos das ementas do Ribatejano, às receitas da comida do povo da região. Na ementa,
tinham significado especial, a Açorda de Sável, e Caldeirada de Enguias, peixes do rio Tejo, pescado pelos pescadores do Escaroupim. Nas carnes; os pratos de Borrego e o Cabrito, eram
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servidas as ementas das gentes das terras da Charneca de
Salvaterra.
Nas carnes; os pratos de Borrego e o Cabrito, eram as
confecções servidas, ementas das gentes das terras da
Charneca de Salvaterra. TOTOBOLA
A Misericórdia de Lisboa, detentora da exploração das
lotarias, lança um novo jogo de apostas no mercado, o Totobola, e
mais uma vez em Salvaterra, a primeira agência, chega ao Café
Ribatejano. NOVAS OBRAS
Entretanto, o Restaurante Ribatejano, é provido de uma outra
sala de refeições que foi construída, em local, que a história, e a
voz popular, diz ser a localização, do espaço que foi do teatro da
ópera de Salvaterra.
Sempre no seu espírito inovador, Joaquim Lopes, construiu um
pequeno tentadero (pequena praça de toiros), com a entrada dos
animais, pela rua Marquês de Pombal, junto à cozinha do seu já
grande empreendimento turístico, enriquecendo as instalações
que, à muito anos, se esgotavam em dias solenes como: Pelo
Carnaval (três dias), Páscoa, Natal e Ano Novo.
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.Aos domingos e feriados, o grupo de empregados de mesa, de
camisa branca e calça preta, com barrete ao ombro, iam
servindo as refeições. Os ranchos folclóricos da terra,
especialmente dos Pescadores do Escaroupim, com outros da
região, actuavam num grande palco, com artistas da área da
música ligeira e do fado. Na apresentação e, divulgação dos usos
e costumes do folclore da região, encarregava-se o colaborador, Manuel Carlos, grande conhecedor das realidades da etnografia
da Lezíria Ribatejana.
UMA TRANSMISSÃO EM DIRECTO DA RTP
Estávamos no ano de 1960, talvez em Setembro, a RTP utiliza o
Restaurante Ribatejano, para uma transmissão em directo de
programa, Actuava naquela noite de fados a fadista Amália
Rodrigues. Decorria a manhã, vi chegar e estacionar na rua Luís
de Camões, junto às suas cozinhas, um grande carro de estúdio
de exteriores (tipo autocarro de passageiros), e logo um grupo
de electricistas, em pouco tempo liga o veículo com vários cabos
de corrente eléctrica, recebida de um poste de iluminação
pública, mesmo ali à mão.
Outros cabos são estendidos através do espaço do Tentadero, e
entram na sala grande, onde já uma outra equipa faz ensaios com
as máquinas de filmar. Eu, a tudo assisti um pouco confuso,
tendo mesmo estado dentro do carro estúdio, que iria fazer a
transmissão. No seu interior, tantas televisões, e milhares de
botões em outras máquinas, em cima de balcões, era por demais
fascinante, ver tais coisas. A meio da tarde, outros membros da
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equipa da televisão, se juntaram, como o realizador, e o
apresentador do programa. Ao cair da noite, a gerência ofereceu
um jantar a toda a equipa da RTP, e a alguns convidados, pessoas
da terra. Tal como a outros “mirones” deixaram-me ficar pelos
bastidores da sala. O apresentador do programa, (julgo que:
Manuel Caetano), cumprimentou-me, quando foi sentar-se junto a
umas senhoras, que o preparam com tintas na cara e lacas no cabelo. Os guitarristas, afinaram os sons, foi pedido grande
silêncio aos presentes, e a emissão começou. Quando terminou o
programa, uma grande azáfama de técnicos desmontaram
máquinas e projectores.
Nessa mesma noite, e em pouco tempo tudo ficou deserto e
calmo de tanta confusão. Na manhã do dia seguinte, o grande
carro da RTP, abalou, rumo a outras paragens.
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O CINEMA “CONDE DE ARCOS”
O Cine – Teatro dos Bombeiros,
na rua Machado Santos estava
inactivo, Joaquim Lopes, sempre
com espirito inovador, tenta
comprar o seu alvará, pois quer
transformar o antigo espaço de
patinagem, instalando o Cinema Conde de Arcos, com entrada pela
rua Heróis de Chaves, esta iniciativa foi um novo passo no
progresso da firma. Na noite da inauguração, foi exibido o filme
“Os Miseráveis”, com o actor francês Jean Gabin.
A CONSTRUÇÃO CIVIL
Em 1962, a “onda” que, atravessava o país na área da construção civil., no início da década dos anos 60, é
aproveitada pela firma Manuel Vieira Lopes, que constrói na
margem sul do Tejo, especialmente no Barreiro, aproveitando
os conhecimentos do seu cunhado, Manuel Ferreira Pinto Em
1964, inicia uma outra obra de grande investimento na sua
propriedade, na rua Heróis de Chaves (Rua dos Arcos), no espaço das suas pequenas casas de habitação (restos de
anexos de casas do palácio real), ali faz a construção de uma
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nova urbanização de três pisos, para habitação, com o rés-
do-chão, destinado a estabelecimentos comerciais.
ESTAÇÃO DE CAMIONAGEM
Já em 1957, na rua Heróis de Chaves, nas pequenas casas de
habitação, numa delas (1), tinha sido instalada a Central de
despachos dos caminhos-de-ferro, e das camionetas da carreira,
exploração da empresa de camionagem Belos.
Uns anos depois, a firma Vieira Lopes, proprietária, remodelou todo aquele antigo casario, por uma nova urbanização.
************ (1) – Casa onde autor, nasceu e iniciou a sua vida profissional
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DIVULGAR O TURISMO LOCAL
Em face da credibilidade, já angariada, na área da restauração,
mais uma vez, o destino foi o mercado turístico que, “obrigou” a
novas iniciativas, mas na continuidade do que já vinha oferecendo
à clientela. As constantes e grandes comitivas de grupos, que a
Portugal vinham assistir a congressos, eram destinadas ao
Ribatejano, nos seus dias livres. Aqui, em Salvaterra de Magos,
eram aguardadas à entrada da vila, junto à praça de toiros, com
danças e cantares de ranchos folclóricos, com alas de campinos
montados nos seus cavalos representando as várias casas agrícolas da terra. O foguetório estalava no ar, a festa estava
nas ruas, depressa os visitantes se envolviam no cenário criado,
de um Ribatejo vivo, percorrendo as ruas da vila até ao
Restaurante Ribatejano.
O Porto Alto, também foi uma ou outra vez para receber os
visitantes de Salvaterra, para gáudio deles lá estavam guarda de
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honra de campinos a cavalo, e assim pela primeira vez tinham
contacto com as realidades da Lezíria, pois as agências de
viagem e o SNI, já tinham previamente traçado um plano de
viagem. Através do dinâmico gerente, Joaquim da Conceição Lopes, o Ribatejano, tudo fazia para contentar os seus clientes,
levando-os muitas vezes, ao campo, onde chegavam a tomar lá as
refeições ligeiras compostas de febras de porco assadas (hoje as famosas
Sardinhas de Salvaterra), torricado (pão torrado na brasa) e frango na churrasco). Novo investimento, fez Joaquim Lopes,
comprou a grande Horta (conhecida por Horta del–rei), uma peça
do antigo paço real. Ali construiu uma piscina, e muitas refeições
de grandes eventos em ambiente ribatejano. Também neste
******** Na foto – No lado direito, o pai e o autor em primeiro plano assistindo à chegada de mais um grupo de Congressistas – Joaquim Lopes, como sempre organizando a recepção
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Restaurante, e durante alguns anos, a Casa do Pessoal da RTP,
fez a comemoração dos seus aniversários, que era sempre
aguardado com ansiedade pela população local, pois usavam a
praça de toiros e as entradas eram livres.
Entretanto ocorre a morte de Joaquim Lopes, em Agosto de
1980 e, o Restaurante Típico Ribatejano, ainda esteve em
actividade durante mais três anos, sob a administração do irmão,
António Vieira Lopes. Em 1983, encerrou definitivamente as suas
portas a uma actividade, que foi em Salvaterra de Magos, um
estandarte na divulgação do turismo ribatejano. Agora a família,
ali tudo conserva como se estivesse à espera da clientela, chegar
um dia. Após a morte de António Vieira, Lopes , a acabou a firma
e os descendentes entraram no campo das partilhas. António
Joaquim Lopes, ficou com os edifícios do Café e do Restaurante, e
depressa se viu num litígio judicial com o município local, devido à
autorização da construção de uma urbanização ao lado das
antigas Chaminés, que as colocação em situação de perigosidade
existencial permanente. A Horta del-rei, ficou pertença dos
descendentes de Joaquim Conceição Lopes
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Bibliografia usada: do Autor
- Salvaterra de Magos; “Urbanização e Toponomia da Vila”
- O Passar dos Anos - * - Salvaterra de Magos “Os dias
que se seguiram ao Terramoto de 1909”, Apontamentos Nº.
17 *
- Salvaterra de Magos; “Os Transportes Públicos de
Passageiros - Através dos Tempos ( Apontamento Nº 13 )
* - Salvaterra de Magos; “ Os Cinemas e os Teatros em
Salvaterra ! (Apontamento Nº 7) * Edição: * Salvaterra de
Magos “ Uma Vila no Coração do Ribatejo “ – Edições:
1985 e 1990 – Do Autor (Esgotadas)
Fotos Usados:
Do Autor e outros de origem desconhecida.
* Pág. 117 * Ano 1948 - Fachada da Taberna da Família
Vieira Lopes
- 1950 * Fachada e entrada do Café Ribatejano
- 1953 * Interior de Sala do Restaurante Típico Ribatejano,
com decoração de tulhas de azeite e paredes decoradas com
motivos ribatejanos
*Pág. 118 - Ano 1950 – Vista das chaminés que fizeram parte das antigas cozinhas do Paço Real de Salvaterra
- Tentadero (Pequena Praça de Toiros), no interior das
instalações do Restaurante Ribatejano
- Os Campinos; Manuel Borrego e Miguel Viegas, no Porto
Alto, esperando a chegada de Congressistas para o
Restaurante Tipico Ribatejano – Salvaterra de Magos
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Colecção de Apontamentos Nº 06
Documentos para a História de Salvaterra de Magos
Séc. XIII – Séc. XXI
Património:
Geográfico, Monumental, Cultural, Social,
Político, Económico e Desportivo
Uma Instituição de Caridade, através dos tempos ! O Autor JOSÉ GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro)
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Foto da Capa:
Edifício do Hospital – Quando Inaugurado 1913
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Edição Original FICHA TECNICA: Titulo: A MISERICÓRDIA DE SALVATERRA DE MAGOS ! ( Uma Instituição de caridade Através dos Tempos ) Tipo de Encadernação: Papel Brochado Autor: Gameiro. José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR Editor Gameiro, José Rodrigues Morada: Bº Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS * Tel. 263 504 458 * Fax: 263 505 494 – p/favor ISBN: 978– 989 – 8071 – 05 – 7 Depósito Legal: 256456 /07 Data: MARÇO DE 2007 ********************
Edição PDF - Revista e Aumentada * 2015
“www.historiasalvaterra.blogs.sapo.pt” “http://issuu.com/home/publications” ********************
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O MEU CONTRIBUTO
Um dia, José de Carvalho
Asseiceira Cardador, ofereceu-me o
livro“SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DA SANTA CASA DA
MISERICÓRDIA DE SALVATERRA DE
MAGOS”.,trabalho de longa e única pesquisa sobre esta
instituição de caridade. Era uma edição limitada em quantidade, pois foi um trabalho de pesquisa por si
efectuado, para a sua licenciatura, em 1970, na Universidade de Coimbra.
O gosto da oferta, foi retribuir-me o convite que lhe fiz para a responsabilidade editorial na página “Jornal de Salvaterra”, do “Aurora do Ribatejo”, com redacção em Benavente. Tal convite, me tinha sido endereçado pelo Director daquele semanário, mas achando-me eu, sem condições académicas para tal, encontrei no Dr. Cardador a pessoa indicada. Anos depois, estive integrado num grupo de amigos da Santa Casa, onde fizemos na vila de Salvaterra, um peditório, para a construção de Centro de Dia para Idosos. um primeiro passo para a construção do edifício - sede, Lar e Centro de Dia para Idosos, uma obra que era um sonho de décadas, e que se tornou realidade, sendo um dos mais modernos no género em todo o país.
O Autor: MARÇO: 2007 JOSE GAMEIRO (José Rodrigues Gameiro)
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SALVATERRA DE MAGOS
A SANTA CASA DA MISERICÓRDIA, UMA
INSTITUIÇÃO DE CARIDADE, ATRAVÉS DOS
TEMPOS !
“A Assistência nas terras, hoje território ocupado por Portugal
era exercida não só nos Mosteiros, Presbíteros, Residências Episcopais e, dos Senhores, como em Albergues, Albergarias,
Hospícios, Hospitais, Gafarias e Mercearias..”
Estava-se em 1418 e o povo de Salvaterra de Magos, recebia
humildemente parte desta oferta humanitária das suas maleitas
físicas, pois as espirituais, essas eram satisfeitas, em diversos
locais de peregrinação, especialmente Santiago de Compostela
(Espanha). Ficava no caminho dos penitentes, era sítio para
descanso num espaço junto à Capela da Misericórdia, também chamada Igreja da Nossa Senhora da Conceição, na vila de
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Salvaterra de Magos, existia uma pequena Albergaria (hospital),
que recolhia esses caminhantes tementes a Deus.
PRESTAR ASSISTÊNCIA LEGALIZADA !
A diferença dos hospitais medievais, era serem fundados por
particulares, como obra de misericórdia.
A lei que, regulava a prática da assistência, resumia-se na
síntese das “Obras da Misericórdia”, com o “Direito Canónico”,
nas suas disposições, a fiscalizar a fundação das instituições
com caracter assistêncial, tais como Mercearias e Albergarias.
O pode civil, ou as ordens religiosas, porém cedo começou a
intervir na sua construção e administração e, aí temos no último
quartel do séc. XV, a rainha D. Leonor, a instituir em Portugal, a
lei das Misericórdias e, assim em 1498, nasceu entre outras, a
Misericórdia de Lisboa.
A MISERICÓRDIA DE SALVATERRA !
Fazendo fé em alguma documentação oficial, a fundação da
Santa Casa da Misericórdia de Salvaterra de Magos, data de 1660.
Ao longo da sua existência, a Santa Casa, teve já vários
“Compromissos” (1) No primeiro, constavam 36 capítulos de
obrigações e deveres, como era prática no séc. XV.
********* (1) – Estatutos
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Um outro de 1912, regulava a instituição, dando-lhe o nome:
“Associação de Beneficência -Misericórdia de Salvaterra de
Magos”. Mais tarde, em 20 de Fevereiro de 1961, é aprovado pelo
Ministério da Saúde e Assistência, um “Compromisso”, com o
título: “ Santa Casa de Misericórdia de Salvaterra de Magos “
AS ALBERGARIAS
EXISTENTES EM SALVATERRA
Para além de uma na capela,
junto à vala real, um outro edifício
hospitalar de construção muito
antiga, que por ser mais pequeno, o
povo lhe chamava a “Mercearia” da
vila, no Largo de S. Sebastião.
Este hospital, dava assistência
aos padecentes do concelho, enquanto o da Misericórdia, assistia, os peregrinos, caminhantes com destino a Santiago (Espanha).
Os dois com muitas outras habitações da vila, ficaram
destruídos com o terramoto de Abril de 1909. A assistência médica e hospitalar, passou a ser uma necessidade premente na
vila, especialmente da camada populacional mais empobrecida, mesmo existindo o Montepio de Salvaterra, que dava apoio aos
socialmente menos carecidos, pois pagavam um quota mensal.
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UM NOVO HOSPITAL
O Terramoto, ainda estava bem patente na memória de quantos viveram a aquela tragédia, mas as lágrimas já tinham
secado da face dos que perderam bens e familiares, pois os anos
que decorreram já disso se tinham encarregado.
Os “homens bons” da terra, esses continuavam a angariar
fundos para a construção de um novo hospital que a população de
Salvaterra, dele bem precisava, e dessa iniciativa se tinha
encarregado, o então provedor da Misericórdia, Gaspar da Costa
Ramalho. Os donativos angariados pelo provedor, foram de
7.011.955$000 (réis), onde já constava uma sua oferta.
No final das obras, verificada ainda a falta de 2.083.505$000
(réis), aquele com outro óbolo daquele valor em falta, saldou as
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contas. O novo hospital, foi solenemente inaugurado a 9 de
Março de 1913, sem a presença do benemérito provedor, aliás
desejo e prática manifestada em todas as suas iniciativas.
Considerado na época um edifício modelo de construção, na área
hospitalar, em todo o Ribatejo, durante anos serviu a população
do concelho de Salvaterra de Magos, nas várias situações de
internamento e partos.
AGRADECIMENTOS !
Desde os primórdios da sua existência a Misericórdia de
Salvaterra de Magos, sempre soube ser humilde nos
agradecimentos, para quem a serviu, na sua obra de beneficência, mesmo para com aqueles que lhe deixaram legados.
Algumas homenagens foram assinaladas e constam gravadas
em pedra, para a memória dos tempos, a homens que lhe
prestaram benemerência, como os doutores; Armando dos
Santos Caiado, José António Vieira, Roberto Ferreira da Fonseca
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e Joaquim Gomes de Carvalho, que durante muitas décadas,
ofereceram aos protegidos da instituição os seus actos médicos.
Seguindo os mesmos ditames da filantropia, um outro distinto
médico, Fernão Marçal Correia da Silva, vem desde a morte do
último, graciosamente assistindo, os necessitados da
Misericórdia de Salvaterra de Magos.
Dos Jornais:
UM CENTRO DE DIA PARA IDOSOS
A chamada terceira idade, tem dado assunto para páginas e
páginas de literatura, horas de conferências, onde ficaram
registadas sábias lições sobre gerontologia, mas pouco se tinha
feita até aquela data em benefício dos necessitados.
Em 1980, fiz publicar no semanário “Aurora do Ribatejo”, uma
notícia onde destacava a iniciativa de um grupo de amigos da
Misericórdia, em construir um Centro de Dia para Idosos, e o apoio ao domicílio, o que era raro no país. Aquele original, teve
eco noutros meios de comunicação, que a reproduziram e foi assunto da semana.
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Um deles, foi a
rádio comercial no
seu programa “As
Cidades e as
Serras”, em Maio
de 1980. Um peditório foi feito
à população da
vila e, previamente anunciado, mas não teve a receptividade
esperada, rendendo uma soma insignificante, mas os promotores
não desanimaram.
O Centro de Dia,
foi inaugurado em
21 de Junho de
1985, num espaço
de um edifício,
cedido pela câmara municipal
e, acolheu grande número de idosos, que ali passaram a ficar todo o dia, libertando as suas famílias, para as suas actividades
profissionais.
Os doentes, e idosos acamados nas suas residências,
passaram diariamente a ser visitados e tratados, o que era uma
novidade, pois tinha sido uma aposta bem sucedida dos seus
promotores, que não desistiram, e continuaram a sonhar - um
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espaço novo e moderno – tinha que ser um novo emblema na
solidariedade, da Santa Casa local.
UMA PRÁTICA DA CARIDADE!
Muitas horas em programas e debates, se tem gasto, na
melhor forma de proceder com o ser humano carenciado de
afectos, especialmente
com os idosos. Houve-se
muitas vezes os
especialistas, quanto se
encontra alguém a viver
num lamentável estado de
falta de higiene - entre
animais. Por exemplo
uma pessoa idosa, vivendo entre cães, e onde a limpeza não
existe. A solução foi encontrada: “ É de levar a pessoa, para um Lar, e os animais para um
Canil “
“Assim, o problema de saúde pública ficou
resolvido, diziam! “
No entanto os afectos
que, ambos estão habituados e necessitam para viver, com a
separação vai acabar na solidão manifestando-se
132
irremediavelmente por vezes no ser humano, chegando este à
morte mais depressa.
A Misericórdia de Salvaterra, em 1985, teve em mãos uma
situação dessas e, resolveu-a a contendo de ambas as partes - O
humano e os Animais “Nos primeiros dias do seu Centro de Dia,
uma idosa senhora, vivia só, na vila, numa instalação abarracada,
e tinha apenas como companheiros uma enorme matilha de cães,
onde a higiene faltava, no espaço onde habitava. A melhor
solução foi encontrada – a senhora, anuiu a ir viver para o
Centro de Dia, aceitando que os seus animais estivessem a viver
em sítio próximo, onde os podia visitar. diariamente
Os animais, ficaram sob
vigilância dos serviços
veterinários municipais e, a
senhora na sua nova
“residência” construída em madeira, foi uma solução -
todos viveram ainda muitos anos, sem problemas.”
**********
133
Dos Jornais:
Na sua edição de 15 de Abril de 1992, o JVT noticiava a inauguração do edifício do Lar para Idosos, pela Misericórdia
Lar e Centro Dia
CENTRO DE DIA PARA IDOSOS
“ A Misericórdia de Salvaterra de Magos estava em festa, foi
construído nos seus terrenos. um novo edifício para acolher os
idosos e os mais carenciados. Houve, uma sessão solene ao acto
esteve presente o secretário de estado da segurança social, Dr.
Vieira de Castro. Entre outros convidados oficiais, encontrava-se
o Bispo da Diocese de Santarém, D. Manuel Pelino e, entre a
multidão anónima presente à inauguração, encontravam-se
aqueles que um dia levaram a cabo a iniciativa da construção do
Centro de Dia e, mais tarde o Lar de Idosos, agora a receber as honras festivas da sua fundação.
Edifício moderno, contou desde a primeira hora, do projecto,
com a “carolice” de José Teodoro Amaro, José Luís Borrego e Armando Rafael Oliveira, entre outras pessoas incansáveis que,
desde 1977 esperavam a aprovação no Departamento e Equipamento Social, do Ministério da Segurança Social que,
apoiou a sua construção. O Provedor da Santa Casa, Armando
Oliveira, naquele dia memorável, para esta vila, fez das suas as
134
palavras de todos quanto se tinham empenhado na concretização
daquela obra.”
“ Para que a velhice não seja um peso, mas sim um continuar da
vida, onde o amor e fraternidade do ser humano, são postos ao
serviço do seu semelhante – Seja tudo isto o que damos aos
outros, faz-nos mais humildes e felizes”.
No rosto de alguns amigos daquela obra, uma lágrima de emoção rolou, não estava ali presente o José Teodoro, a morte tinha-o levado alguns dias antes.
Era um homem que, sempre se dedicou com empenho e
espirito de solidariedade às instituições da sua terra. Em 1989,
alguns anos se tinham passado, desde aquela iniciativa de um
grupo de homens que muito se empenhou, na construção de
Centro de Dia para Idosos em Salvaterra de Magos. O seu antigo
projecto de apoio à terceira idade, na residência, era agora uma
realidade, e servia de exemplo a nível nacional. A comunicação social amiúdas vezes, fazia referência a este
trabalho, da Misericórdia, pois era já uma obra cimentada na boa prática CHORAR DE EMOÇÃO, EM DIA DE ALEGRIA
(Uma obra dos amigos da Santa Casa)
O homem liberta-se, ao chorar de emoção, em dia de alegria!
Cada sonho, cada realização, torna o ser humano, mais digno
de si mesmo. A dignidade, está também visível na forma de vida
135
que, em união de esforços consegue buscar para si, ou para o
bem-estar da comunidade onde está inserido.
Em Portugal, os lares para idosos, não eram e, ainda não são
bem aceites pelas gerações que, foram educadas onde o dogma é
a família. Em Salvaterra, como hábito de séculos, enraizado na
cultura familiar das gerações mais antigas, “os velhos”, sempre
viveram e acabaram os seus últimos dias de vida, dependendo das disponibilidades e carinhos dos filhos, ou familiares mais
próximos. Na década de 70, as instituições de solidariedade
social, mormente as misericórdias, levaram a cabo no nosso país
a implementação de Lares para Idosos, e daí nasceu uma outra
forma de assistência, os Centros de Dia. ****** Jornal Vale do Tejo – 16.07. 1998 * José Gameiro
O HOSPITAL FOI DESACTIVADO!
Com as transformações verificadas na política do país, seguida
após a revolução de Abril de 1974, a área económica do país foi a
mais afectava com as nacionalizações.
136
No campo da assistência médico-social, várias unidades
hospitalares das misericórdias, e outras instituições de
solidariedade social, viram os seus hospitais serem
“requisitados” pelo estado para funcionarem num novo serviço
de saúde implementado no país.
O hospital de Salvaterra, deixou de prestar assistência com
internamentos à população e, as suas amplas instalações, foram adaptadas para “Centro de Saúde” e, serviços administrativos.
Anos mais tarde, foi devolvido à sua proprietária, a Santa Casa,
que fez obras de conservação no edifício em Outubro de 1999, e
ali foi instalado um novo serviço de apoio de emergência a idosos
e deficientes – CATEI, que a Misericórdia dirige.
***********
UM NOVO CENTRO E SAÚDE
Inserido no novo sistema do serviço nacional de saúde, em Dezembro de 1997, foi inaugurado um novo edifício para Centro
de Saúde de âmbito concelhio.
A sua construção, teve lugar numa parcela de
terreno oriundo do espaço do antigo hospital, fruto de
uma permuta entre a
Misericórdia e a Autarquia local.
137
No seu início, e na fase da instalação dos serviços era seu
Director, o médico José Mineiro (José Emídio Mineiro), o seu
empenho e trabalho realizado, foi reconhecido. Aqui o
recordamos para que conste !
************
138
FOTOS INSERIDAS NESTE NÚMERO :* Pág. 4 - Capela da Misericórdia de Salvaterra de Magos e espaço ajardinado onde existiu a sua Albergari
.* Pág. 5 - Novo Hospital, no dia da inauguração – 1913
* Pág. 8 - Grupo de idosos no Lar e Centro de Dia da
Misericórdia de Salvaterra de Magos * Grupo de sócios e
amigos da Misericórdia de Salvaterra de Magos, juntos do
Centro de Dia para Idosos: no edifício da cedido pela câmara
(José Gameiro, José Luís Borrego, Armando Oliveira, José
Teodoro Amaro, António José Silva, João Castanheira, Eurico
Borrego e João António Nunes Silva), em dia de peditório. * Pág. 9 - O grupo de Amigos, a pedir na vila (antiga rua de
Água) * O Bispo da Diocese de Santarém, cumprimentando
os idosos no Centro de Dia * Entrada do edifício – sede e do
novo Lar e Centro de Dia da Misericórdia de Salvaterra de
Magos, em dia de inauguração.
Pág. 14 - O Provedor, Armando Oliveira, discursando na
inauguração do CATEI, instalado no antigo hospital * Os
netos do benemérito Gaspar Costa Ramalho, descerrando uma
lápide comemorativa da inauguração do CATEI
Pág. 15 – Edifício do novo Centro de Saúde, em dia de
inauguração.
Bibliografia usada: * Livro - Salvaterra de Magos “Vila Histórica no Coração do
Ribatejo” e outra documentação avulsa do autor
Centro Paroquial – 50 Anos de Acção Social (1947-1997)
Subsídio para o estudo da história da Misericórdia de
Salvaterra de Magos – José Asseiceira Cardador (Dr.)
139
CADERNO DE APONTAMENTOS Nº 06
Documentos para a história
de
SALVATERRA DE MAGOS
séc. .XIII – séc. XXI
Património Geográfico, Monumental, Cultural,
Social, Político, Económico e Desportivo
Séc. XIX - Séc. XXI
O Autor
JOSÉ GAMEIRO
(José Rodrigues Gameiro)
140
Fotos da Capa: Antigo Edifício que serviu para Teatro (ficou conhecido “Os Amarelos” Antigo edifício, onde funcionou o Cine-Teatro dos Bombeiros
Edicifio “Cinema “Conde dos Arcos”
141
Edição Original
FICHA TECNICA: Titulo: OS TEATROS E CINEMAS, QUE EXISTIRAM NA VILA ! Tipo de Encadernação: Papel Brochado Autor: Gameiro. José Colecção: RECORDAR, TAMBÉM É RECONSTRUIR ! Editor Gameiro, José Rodrigues Morada: Bº Pinhal da Vila – Rua Padre Cruz, Lote 49 Localidade: Salvaterra de Magos Código Postal: 2120- 059 SALVATERRA DE MAGOS
Tel. 263 504 458
Fax: 263 505 494 ISBN: 978– 989 – 8071 – 06 – 4 Depósito Legal: 256458 /07 Data: MARÇO DE 2007 ********************
Edição PDF - Revista e Aumentada * 2015
“www.historiasalvaterra.blogs.sapo.pt” “http://issuu.com/home/publications” ********************
142
O MEU CONTRIBUTO
Um dia, no ano de 1988, tentei pesquisar onde teria existido o edifício do Teatro Real da Opera de Salvaterra de Magos. Nas minhas deambulações, fui
encontrar idosos que, tinham já uma vida vivida em dois séculos. As suas informações, muito me ajudaram no que pretendia e, foram preciosas para compreender o gosto do Teatro Amador, pela população de Salvaterra de Magos, no início do século passado. Este género de cultura, ainda tinha raízes profundas no tempo do senhor D. Miguel, rei de Portugal, muito amado nesta terra ribatejana Entre os meus informadores, devo destacar; José Caleiro, Maria Conceição e Maria Josefina Vidigal, senhora que, na sua juventude representou no Grupo de Beneficência Salvaterrense, um grupo de teatro, que mobilizou as gentes da terra, durante alguns anos. MARÇO: 2007 O Autor: JOSÉ GAMEIRO
143
I
OS TEATROS
Talvez a existência do teatro real da ópera, em Salvaterra de
Magos, tenha originado o gosto do povo pela arte de representar
em palco. Certo é, que periodicamente nos primeiros anos do
século XX, algumas companhias por aqui passavam,
representando algumas peças de raiz popular, que o povo muito
gostava, como foi o caso da companhia Rafael de Oliveira.
No ano de 1929, um grupo de pessoas de boa vontade, reuniu
alguns jovens rapazes e raparigas, cujas profissões vinham do
Ferreiro, ao Pedreiro, até à Costureira e fundaram o grupo
teatral, a que deram o nome GRUPO DE BENEFICIENCIA SALVATERRENSE”
144
Uma construção que, ainda fora pertença do antigo paço real da vila, foi escolhido para os ensaios e algumas representações,
até porque ficava ligado à capela real. Por estar pintado de
amarelo, logo o povo começou por chamar ao grupo teatral “ Os
Amarelos”.
Acabado de ser construído, na rua Machado Santos, um
edifício para Cine-Teatro que, um benemérito ofereceu aos bombeiros locais, as representações do grupo teatral também ali
tiveram lugar.
Havia quem alvitra-se na época, que, o nome “Os Amarelos”
seria para diferenciar daqueles, que alugavam algumas
companhias, que representavam em Lisboa, e se deslocavam até
Elementos do Grupo Teatro de Beneficiência Salvaterrense
aqui, com actores de revista de nível nacional, a que chamavam
de “Os vermelhos”. Nestes grupos de Lisboa, vieram actores
como: Eurico Braga e Cecília Simões, entre outro de fama
nacional.
145
O grupo teatral “Os Amarelos”, como passou a ser conhecido,
representou peças com assinalável êxito, quer em Salvaterra,
quer nas terras vizinhas como: Benavente, Vila Franca de Xira, Valada e Azambuja. Peças como: “A PROCURA DO PROGRESSO” (1929) * NO PARAÍSO
(1929) * “ O CAMPINO (1930) * PAZ E SUCEGO (1930) * CANTIGA NOVA (1930) * INTRIGAS NO BAIRRO (1931) * FERRO VELHO (1931) *
TOUROS E FADO (1931), fizeram parte do seu repertório.
. Deste grupo teatral destacaram-se como actores: Carlos Almeida, Maria Josefina Vidigal, Beatriz Barroso, Manuel das Neves, Maria Carlota Serra, Laura Antão, Joaquim Ferreira Estudante, João Antão, José Miguel Borrego e as suas irmãs; Isabel e Adelaide e muitos outros.
Álvaro Lopes Rosa, António Paulo Cordeiro e Roberto da Fonseca Júnior, também deram o seu contributo na área musical.
146
Pouco tempo depois, com a morte de uma jovem que actuava no grupo, este começou a sentir na sua organização, um mal-estar, pois muitos dos seus componentes, eram familiares.
Assim, terminou uma experiência, que durante alguns anos
empolgou o povo de Salvaterra de Magos, que sempre esgotava
os espectáculos. Anos depois, em 1958, um outro grupo veio a aparecer, com o nome “GRUPO DRAMÁTICO DA BANDA DE MÚSICA DOS BOMBEIROS DE SALVATERRA DE MAGOS”, tendo uma actividade curta, pois apenas representou a peça “OS CAMPINOS”.
Para os ensaios deste agrupamento foi solicitado, a colaboração do conterrâneo Ruy Andrade, que já tendo experiência na representação teatral, também tinha responsabilidades no programa radiofónico “Os Parodiantes de Lisboa”, de que era proprietário, com seu José Andrade.
Quando da construção do Parque Infantil, em 1974, foi criado
um grupo teatral, para ajudar à recolha de fundos para aquela
obra, que o povo muito apoiou. Depois dos ensaios, o “Grupo de Teatro Pró - Parque Infantil ”, com muita juventude a representar, levou à cena, tanto em Salvaterra, como em terras vizinhas, duas peças: “O AMOR VENCE”, com um drama em dois actos, que tinha o título: “POR SER TÃO BELA”, e “ÓDIO TAMBÉM MORRE”
147
Mais tarde, nos primeiros anos, das FESTAS DO FORAL DE SALVATERRA, um conjunto de jovens de ambos os sexos, muito se empenhou no aparecimento do “GRUPO DE TEATRO AMADOR DE SALVATERRA”, tendo representado no palco do Cinema Conde Arcos, a peça “OS CAMPINOS”, que era uma reposição em cena passados tantos anos. Uma última iniciativa nesta área teatral, veio a acontecer uns tempos depois, com o aparecimento do
“GRUPO AMADOR DE TEATRO DE SALVATERRA DE AMGOS – GATSM”,
este agrupamento, mesmo com escritura de oficialização pública,
teve vida efémera.
II OS CINEMAS
O Séc. XIX, estava a terminar, o
cinema por sua vez estava a iniciar
uma actividade que, poucos anos
depois já mobilizava milhões de participantes e figurantes,
passando a ser uma indústria em
todo o mundo. Com a primeira sessão cinematográfica na Europa, em 1895,
por Luiz Lumière, logo esta forma de divertimento se espalhou no
velho continente. As salas de cinema e, as esplanadas para exibições ao ar livre, pareciam “cogumelos” a nascer em
Portugal.
148
Com o sismo, de 1909, e sendo a vila de Benavente a mais
afectada, das outras suas vizinhas, logo os dois cineastas
portugueses, Correia e Cardoso, vieram àquela povoação recolher
imagens da catástrofe, no mesmo
dia e no dia seguinte.
Os vários cinemas de Lisboa
exibiram em várias sessões diárias os destroços das habitações,
e outros danos ali causadas, com narração em viva voz, e em
simultâneo, onde também era dado a conhecer ao povo lisboeta, o
que tinha acontecido em Samora Correia e Salvaterra de Magos.
Estava-se ainda na época do cinema mudo!
Naquele tempo, as vilas
recebiam a visita
periódica de empresários ambulantes que, faziam
passar vários filmes, de alguns minutos cada.
Em Salvaterra de Magos, existiram vários locais, onde eram
passadas as fitas cinematográficas, como se dizia na época.
Por volta de 1929, no espaço que, servia para a representação do grupo teatral, conhecida entre o povo por “Os Amarelos”, no
149
Largo dos Combatentes, a energia elétrica para as sessões, era
recebida de um motor instalado numa oficina, dali distante, ao
fundo da Capela Real.
O Canto da Ferrugenta, terreno antigo da vila, ficando junto ao
novo Quartel dos Bombeiros, também foi sítio para a projecção
de filmes, nos dias de Verão, como esplanada, sendo as entras cobradas pela instituição.
A entrada daquele espaço, quando da instalação do Mercado Diário Municipal, em 1956, ainda mostrava um muro a meia altura,
com tijoleiras em desenhos, de barro vermelho.
Eram os restos de um recinto que, marcou uma geração de
cinéfilos em Salvaterra de Magos.
Na necessidade de uma sala própria, para cinema e teatro, o
benemérito, Gaspar Costa Ramalho, por volta de 1925, mandou
adaptar um seu celeiro, na antiga rua de S. Paulo, ofereceu-o aos Bombeiros Voluntários da terra, para fins de poder angariar mais
receitas para a Instituição.
150
Ao longo da sua existência, o Cine-Teatro, teve vários
interessados na sua exploração comercial, para além dos seus
proprietários, os bombeiros. Era mecânico da máquina de
projectar os filmes, o jovem Hélio Mendes da Silva.
Um empresário de Marinhais, Joaquim Martins Madeira, já com
um cinema instalado naquela povoação, durante anos explorou esta actividade, em Salvaterra de Magos.
No dobrar do séc. passado, nos dias quentes de Verão, utilizava
um largo espaço, numa propriedade da família Henriques Lino, na rua João Gomes, onde funcionava a “Esplanada do Cinema”.
Foi num destes anos que, ali construiu um novo ecrã de
grandes dimensões, numa parede de tijolo e reboco de cimento,
pintado a branco pois tinha chegado o formato Cinema-scope, era
uma nova forma de visionar filmes
Por volta de 1958, uma sociedade, entre Anselmo Goulão e Horácio Costa, funcionários da Raret, também explorou o Cine-Teatro, dos bombeiros.
A firma Manuel Vieira Lopes & Filhos, Sucrs, estando interessada neste campo empresarial, inicia a construção de
uma nova sala e Inicia conversações com os bombeiros, para
celebrar um contrato de cedência anual de todo o material existente no Cine -Teatro, além do respectivo alvará, pelo preço
de quarenta mil escudos.
151
Estando a máquina de projectar e outros acessórios do Cine-Teatro, já obsoletos, compromete-se a comprar novos aparelhos
para a exibição dos filmes. A Direcção dos Bombeiros, reunida
para deliberar o aluguer, com cedência das responsabilidades
para os novos interessados, veio a verificar que o licenciamento
para exibição de filmes, esteve na situação de ilegalidade passados tantos anos.
Na documentação existente, na Instituição, apenas uma
autorização provisório, estava registado através do Governo Civil
de Santarém.
Verificou-se assim, que o seu
cinema, nunca possuiu
documentação definitiva por
meio de um Alvará, documento
necessário à época para a
exploração daquele ramo de
actividade.
Perante aquela situação, avançou a firma Vieira Lopes, para a
construção de uma sala em Salvaterra de Magos, na sua
propriedade, e a população não ficou privada do “seu” cinema.
152
Entretanto a juventude deslocava-se a Benavente, Marinhais e
Samora Correia, aos fins-de-semana para assistir a este género
de espectáculos, onde por vezes no final se realizavam bailes.
O “Cine-Esplanada Conde d`Arcos”, abre as suas portas ao
público, no dia 31 de Maio de 1959, com a exibição do filme, com o
título: “OS MISERÁVEIS” uma superprodução que, utilizou além dos
artistas principais, Jean Gabin e Daniele Delorme, e cerca de 30
mil figurantes. Aquele novo espaço cultural, tinha como tecto,
uma cobertura, em tecido/plástico, onde se podia ver um enorme “céu”, cheio de estrelas, sendo recolhido nos dias de Verão, funcionava assim como esplanada.
Com o uso, depressa se veio a verificar, quanto era perigoso
aquele sistema de cobertura e, foi substituído por uma cobertura em telha de fibrocimento.
O seu tempo de vida como sala de cinema e, de outros
espectáculos, durou apenas cerca de dez anos, exibindo nos
seus últimos anos, alguns filmes pornográficos, pois estávamos nos dias a seguir ao 25 de Abril de 74, um género de filmes que
invadiu todo o país.
A televisão, e o novo sistema de visionar filmes, que foram os
Vídeos, levaram ao encerramento do cinema “Conde d`Arcos”, pois a sua manutenção, era um pesado encargo, pelas despesas dali ocorridas. Ainda no início da exploração desta actividade, a
153
empresa Vieira Lopes, construiu uma esplanada, para exibição de
filmes, no Estanqueiro, em Foros de Salvaterra.
Foi um empreendimento que teve vida curta, os espectadores
locais, não eram muito receptivos a este género de espectáculos
culturais.
Depois, de cerca de 40 anos, após a sua abertura ao público, o Conde d` Arcos, é agora uma saudade nesta terra, pois está
fechado, mantendo todo o seu recheio de uma sala de cinema!
Mais tarde, no ano 2000, parte da fachada, e algum espaço do
edifício foi adaptada, par um estabelecimento de Pisaria, exploração de um descendente da família Vieira Lopes.
III RECINTOS PÚBLICOS
AUDITÓRIO DA CAPELA REAL
A antiga capela do palácio real
de Salvaterra de Magos, tem um terreno junto a si, no lado Sul,
154
que teve várias utilizações, no decorrer dos séculos.
Uma delas, foi de Picadeiro real, função que ficou registada, em
mapas de várias épocas, e nele foi figura de destaque o Marquês
de Marialva, que ali tinha a responsabilidade do ensino equestre.
Já no século XIX, quando das muitas reformas do estado, sob a doutrina liberal, foi aquele espaço aproveitado para ser usado
como cemitério público.
Até ali o povo, era enterrado nos adros das igrejas, e os senhores da terra, podiam optar pela sepultura em terrenos de
propriedade própria..Depressa, aquele pequeno cemitério público,
ficou esgotado, por sepulturas térreas, e construções em jazigos
em mármore. Com a construção de um novo campo santo, na
Paroquia de Salvaterra de Magos, nos últimos anos daquele
século (1885), ficou aquele terreno na situação de “espera”, na
base dos 50 anos, que a lei então lhe conferia para suportar as campas dos falecidos, ali enterrados até ficar disponível.
Maqueta do Auditório municipal, da autoria do Arquitecto, italiano, Flávio Barbini
155
Em 1964, estando pouco cuidado, a erva que entretanto tinha
crescido ao longo dos anos, estava transformada em mato,
ofuscava tanto as campas rasas como os Jazigos.
Naquele ano, o Corpo de Escuteiros, acabado de ser formado,
no âmbito da igreja católica, ali instalaram provisoriamente a sua
sede social, usando uma dependência do edifício.
Os jovens escutas, ao limparem o terreno do vasto matagal
depressa trouxeram à vista aquelas pedras tumulares e jazigos –
achado que foi muito comentado na época.
Passaram alguns anos e em 1997, o Dr. José Gameiro dos Santos, então presidente da câmara municipal, aproveitando um
projecto do jovem arquitecto italiano, Flávio Barbini, estagiário no
município, propôs para aquele espaço a construção de um
Auditório Municipal ao ar livre.
Aceite o projecto pela vereação, quando do início das obras,
nos trabalhos de primeira limpeza do terreno, algumas ossadas vieram à luz do dia, e logo um grupo de jovens estudantes da
escola secundária da vila, apoiados por um ou outro professor que, não simpatizava com a ideia autárquica, vieram para a praça
pública denunciar a situação.
Reposta a normalidade, os trabalhos foram decorrendo, e
quando Gameiro dos Santos deixou o executivo camarário, no
final de 1997, as obras já estavam numa fase adiantada de construção No entanto foi em 1999, já no mandato de Ana
156
Ribeiro, como presidente da câmara, que a obra ficou concluída,
e a sua inauguração aconteceu pouco tempo depois !
O auditório, um pequeno recinto para espectáculos em dias de
Verão, pouco uso vem tendo nos seus poucos anos de existência.
Rampa de acesso aos trabalhos, na instalação do Palco do Auditório Municipal - 1997
*************** *******
157
Bibliografia usada: *Livro “ Salvaterra de Magos “ Uma Vila no
Coração do Ribatejo, de José Gameiro
*As Origens dos Bombeiros Voluntários e Banda
de Música de Salvaterra de Magos – Do Autor
*Boletim informativo Municipal - “O Foral” N.º 1
(1996
*Jornal Vale do Tejo – JVT, notícia da Contestação
ao Alargamento do Cemitério da Freguesia – 2001
Fotos Usados
* Pág. 2 - Boca de Cena, do Teatro Real de
Salvaterra de Magos
* Pág.4 – Edifício, que serviu para os ensaios e
representação de peças de teatro do Grupo de
Beneficência Salvaterrense “ Os Amarelos”
* Pág. 5 – Edifício do Cinema dos Bombeiros, rua
Machado Santos
* Pág. 6 - Novas construções, no local onde existiu
o Cine-Teatro – 1980 *
* Entrada do “Canto da Ferrugenta”, junto ao
Quartel dos Bombeiros, onde foram exibidos
alguns filmes, ao ar livre (Verão) – 1950
* Pág, 7 – Fachada do “Cine – Esplanada Conde
dos Arcos” – Rua Heróis de Chaves – Ano: 2000
158
* Pág. 8 * Cadeiras “superior” no interior cinema
Conde Arcos – Ano: 2000
* Pág. 9 – Fachada do Cinema, com novo espaço
comercial – Ano 2000
* Foto do espaço reservado ao Balcão, para
espectadores
Fotos Pág. Anexa:
**************
*
159
************
******************