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Page 1: CODEMBEXERINAÇCÕOSES BEMVIVER VIVER.pdfnaeotiradazonadeconforto.É oque ocorreu com apsicóloga, leader coach, mestre em admi-nistração, professora de MBAe com mais de 20 anos

LILIAN MONTEIRO

O poeta Arnaldo Antunes tem to-da razão: “A coisa mais modernaque existe nesta vida é envelhecer”.Exaltar a juventude é um fenômenoda atualidade, antigamente enve-lhecer não era uma questão. Aliás,tornou-se uma para a sociedade oci-dental. Visão bem distinta da orien-tal, para a qual os velhos são guardi-ões da sabedoria, portanto, devemser reverenciados. Hoje, o Bem Viverapresenta um projeto voluntáriomodelo e exemplos de personagensque são a prova de que toda fase davida é produtiva, é estimulante, deaprendizado e ensinamento.

O trabalho dignifica o homemporque o realiza, e o Instituto de Pes-quisas e Projetos Empreendedores(IPPE), organização sem fins lucrati-vos, se propõe a apoiar e desenvolvera educação empreendedora sem ne-nhuma conotação político-partidá-ria para quem já passou dos 60 anos.Com o slogan “Ficar velho é uma coi-sa, mas ficar ultrapassado é outra”,uma equipe de voluntariados tem oprivilégio de participar da vida da-queles que querem se manter ativos.

É o caso do casal Maria do CarmoVilela Bastos, de 82 anos, e JasílioBastos, de 85. Mesmo inicialmentenão colocando muita fé no projeto,os dois decidiram se inscrever e fica-ram encantados com o resultado emsuas vidas. “Estou me sentindo jo-vem, valorizada, apta a fazer planosde negócios e com garra em apren-der mais e mais. Nós dois, eu e meumarido, estamos até mais próximos,mais engajados e unidos por acredi-tar que juntos somos muito maisfortes. Resgatamos nossa autoesti-ma valorizando toda a nossa experi-ência de vida. Nossos filhos notaramsurpresos como estamos animadoscom a vida”, conta Maria do Carmo.

“O IPPE surgiu para resgatar a dig-nidade do ser humano e a cidadania,valorizando a experiência de vida elaboral. Contribui para a efetiva atu-ação dos profissionais, promovendoo desenvolvimento econômico e so-cial”, atesta Heliane Gomes de Aze-vêdo, idealizadora e fundadora doprojeto, que atua ao lado de umaequipe integrada formada por Cláu-dia Caldeira Teixeira de Morais, Cláu-dia Márcia Oliveira e Maria Cristinade Castro. “A concepção começou hámuitos anos, quando ainda jovem,trabalhando em uma multinacional,ao fazer contratações de mão de obrarecebia pré-requisitos de contrata-ção como também indicação derestrições. Uma delas era não contra-tar pessoas acima de 40 anos. Naque-la época, meu pai tinha essa faixaetária e isso me incomodou e entris-teceu muito. Não conseguia enten-der o motivo para tantas portas fe-chadas diante da sapiência e sabedo-ria alcançada ao longo dos anos.”

Heliane Gomes conta ainda que,posteriormente, tentou por ondepassava romper essa barreira de-monstrando a força da maturidade.“Viajei por todo o território nacionalcomo também para o exterior pes-

quisando e observando a maneirapela qual os idosos são tratados e oque de fato existe em relação a opor-tunizar a bagagem de vida. A matu-ridade empreendedora é funda-mental para dar base e alicerce aoequilíbrio socioeconômico. Infeliz-mente, existem apenas políticas as-sistencialistas e quase nada que con-templa o grande tesouro que osmesmos apresentam com toda asua história de vida e experiênciaadquirida ao longo dos anos. A capa-citação empreendedora tem um vi-és muito importante, com novaspossibilidades e, sobretudo, com aelevação do sentimento de valor dosmais velhos.”

Lidar com o passagem do tempoe suas consequências é um processoinexorável. Tudo muda, se transfor-ma. Mas envelhecer não é sinônimode decadência para aqueles que têmsaúde e se cuidaram ao longo da vi-da com atividade física, alimentaçãosaudável, buscando conhecimento eatentos ao girar do mundo. O médi-co cancerologista Drauzio Varela, aoescrever sobre envelhecer em suacoluna no jornal Folha de S. Paulo,em 23 de janeiro de 2016, deu um re-cado contundente: “Julgar, aos 80anos, que os melhores foram aque-les dos 15 aos 25 é não levar em con-ta que a memória é editora autoritá-ria, capaz de suprimir por conta pró-pria as experiências traumáticas erelegar ao esquecimento inseguran-ças, medos, desilusões afetivas, ris-cos desnecessários e as burradas quefizemos nessa época. Nada maisofensivo para o velho do que dizerque ele tem 'cabeça de jovem'. É con-siderá-lo mais inadequado do que orapaz de 20 que se comporta comocriança de 10. Ainda que maldiga-mos o envelhecimento, é ele quenos traz a aceitação das ambiguida-des, das diferenças, do contraditórioe abre espaço para uma diversidadede experiências com as quais nemsonhávamos anteriormente”.

SER FELIZ É isso mesmo. Já passouda hora de todos mudarem de para-digma. O Brasil e o mundo envelhe-cem e as pessoas idosas, inseridas nasociedade, gritam, querem e têm di-reito ao espaço que desejarem. Nãopor obrigação ou bondade, mas porfazer a diferença.

A maneira de enxergar os maisvelhos tem de mudar. Até porque,eles não são os mesmos de antiga-mente. Cada geração, uma deman-da. Cada trilha, trajetórias distintas.Mas tudo se resume em respeito pe-lo ser humano. O envelhecimento énatural, irreversível, mais fácil paraalguns, com obstáculos para outros,mas pode ser uma fase de potênciacriativa, de evolução e de escolhasdo caminho a percorrer. Como bemresume a canção Tocando em fren-te, composta por Almir Satter e Re-nato Teixeira, “ando devagar, por-que já tive pressa e levo esse sorrisoporque já chorei demais/Cada umde nós compõe a sua história, e ca-da ser em si carrega o dom de ser ca-paz, de ser feliz”.

BEM VIVERCOMBINAÇÕESDE EXERCÍCIOS

Fisioterapeuta desenvolveaparelho que permite aliarreabilitação ao treinamentofuncional, ajudando narecuperação de cadeirantes.

PÁGINA 6

ESTADO DE MINAS ● D O M I N G O , 1 5 D E A B R I L D E 2 0 1 8 ● E D I T O R A : Te r e s a C a r a m ● E - M A I L : b e m v i v e r . e m @ u a i . c o m . b r ● T E L E F O N E : ( 3 1 ) 3 2 6 3 - 5 7 8 4 W h a t s A p p : ( 3 1 ) 9 9 9 1 8 - 4 1 5 5

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LEIA MAIS SOBRE EMPREENDEDORISMO ACIMA DOS 60 ANOS NAS PÁGINAS 3 A 5

Envelhecer faz parte da grande aventura humana neste mundo. Aceitá-lo é a formade celebrar o trajeto de viver plenamente se mantendo ativo, com fome de

aprender, trocando experiência e conectado às mudanças

O casal Maria do Carmo Vilela Bastos, de 82 anos, eJasílio Bastos, de 85, resgatou a autoestima

valorizando suas experiências de vida

O tempocorre

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BEMVIVER 3E S T A D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 1 5 D E A B R I L D E 2 0 1 8

❚ REPORTAGEM DE CAPA

Todos vamos envelhecer e é preciso que cada um assuma o compromisso de usufruir comqualidade da vida. Além da escolha pessoal e brilho nos olhos, sociedade tem de se envolver

fazer planosHora de

LILIAN MONTEIRO

São 55 anos juntos, seis fi-lhos e sete netos. O casalMaria do Carmo VilelaBastos, de 82 anos, e Jasí-lio Bastos, de 85, com tra-

jetórias definidas e família criada,passou a se incomodar com oque mais poderiam usufruir des-ta vida, além da convivência comamigos e parentes. Nascidos emSerranos, Sul de Minas, eles se co-nheceram na infância e nas cur-vas da estrada se encontrarampara construir uma bonita histó-ria juntos. Como sempre traba-lharam, ao se deparar com oanúncio de um curso de em-preendedorismo para pessoasacima de 60 anos, aposentados,gratuito, o primeiro impacto foi

de desconfiança. Com postura cé-tica e curiosa com a oferta do Ins-tituto de Pesquisas e ProjetosEmpreendedores (IPPE), eles fize-ram suas matrículas ainda quecom a imagem de “ver para crer”.

Para Jasílio, o curso seria umaoportunidade de reciclar conhe-cimento e uma experiência paraaprender e conhecer propostasinovadoras sobre negócios, em-presas, enfim, atividade econô-mica. “Além da oportunidade deaprofundar no conceito das rela-ções humanas e discutir a nossasociedade, com temas tão caroscomo preconceito, corrupção,violência e cidadania.”

Depois de desfrutar de Serra-nos, Jasílio viveu no Rio de Janei-ro dos 15 aos 32 anos, onde co-meçou a vida como contínuo de

banco. Fez concursos, chegou asubgerente e se aposentou em1982. Ainda empregado, cursoufarmácia na UFRJ e, já casado,mudou-se para Belo Horizonte,em 1965, onde por 50 anos co-mandou um pequeno empreen-dimento no ramo. A labuta, diz,foi até 2015, quando, aos 82, deci-diu se aposentar de vez. Mas nãoaguentou ficar parado por muitotempo. “Leio jornais diariamentee o que mais me atrai são as ne-cessidades, atividades e projetospara o povo. Ao ver o anúncio docurso do IPPE fui estimulado pe-las palavras 'trabalhador e apo-sentado'. Convidei minha mu-lher e nos inscrevemos. Foi umagrata surpresa.”

Já Maria do Carmo, mulherguerreira, batalhadora ao longo

dos tempos, falante e espontâneaconstruiu a trajetória profissio-nal no que tem mais paixão: aeducação. Foi professora a vidatoda, mas confessa que nasceupara ser jornalista pelo perfil, des-de menina, de “esperta, comuni-cativa, 'especula', como diz lá nointerior, daquelas que tudo per-guntava e palpitava”. Mas o ensi-no a abraçou, foi professora por35 anos (sendo 22 na Escola Esta-dual Presidente Antônio Carlos) esupervisora pedagógica. A apo-sentadoria veio em 1987 e, comoela diz, “tudo ficou chato”.

Mas Maria do Carmo não seentregou. Encontrou novo espa-ço de convivência no trabalho vo-luntário, especialmente na Paró-quia do Carmo, liderada por freiCláudio: “Meu tempo na paró-

quia valeu um curso superior decidadania, espiritualidade e hu-manismo. Aprendi com frei Cláu-dio o real sentido da solidarieda-de e a importância das relaçõeshumanas.Também participo deum grupo de leitura há 15 anos,nada formal, mas um encontroque me conforta e me faz bem”.

PIANO E SANFONA Sempre ati-va (ela toca piano e sanfona) equerendo mais, ao chegar noIPPE, Maria do Carmo revela queela e Jasílio mudaram a meta decurtir a velhice. Têm planos, porenquanto mantidos em segredo,que logo darão frutos. “Aprovei oIPPE porque é projeto que nãovisa ao lucro, sucesso, autopro-moção e nem ambições. Temsua origem no sonho de uma

mulher compromissada com arealidade que a cerca além doplano pragmático. Dar valor à vi-da de cada um.”

Maria do Carmo enfatiza quenão se pode entregar os pontosantes da hora: “Nada de lamuriardores e achaques que são do nos-so fórum íntimo, mas enxergar abênção do momento. Não acharque a vida só vale por acerto. En-ganos e turbulências são grandesmestres, basta entendê-los aolongo do tempo. Lembrar que operdão é difícil não está condicio-nado ao apagar ou esquecer. Ele édinâmico, temos de assumi-lo to-do dia porque assim estaremostodos redimidos. Essa sabedoriaé do santo Irineu, do século 4, queme foi passada pelo maravilhosofrei Cláudio”.

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Seduzido. Abraçado. Envolvi-do. Encantado. Todas essas(re)ações foram responsáveis emcaptar Roberto Nunes de Siqueira,de 65 anos, para de aluno assumiro papel de professor do Institutode Pesquisas e Projetos Empreen-dedores (IPPE). Administradoraposentado, depois de 23 comomestre na área de empreendedo-rismo orientando mais de 15 milalunos na profissão, por noveanos ficou sem atividade até vol-tar a fazer o que mais gosta e nun-ca esquece: ensinar. “Matriculei-me, cursei todos os módulos e, aofinal, percebi que poderia contri-buir com quem desejasse elaborarum plano de negócios ou mesmotrocar ideias sobre vontade, dese-jo ou apenas o sonho de em-preender o próprio negócio, deimediato ou no futuro. Dar aula éum sacerdócio, tenho prazer.”

Roberto, casado com Marta há40 anos, pai de Lívia e Renata eavô de Catharina, conta que ocurso despertou nele a necessida-de “urgente de realizar algo ino-vador, diferente e prazeroso, au-mentando a minha autoestima,o orgulho e o amor-próprio, dan-do um novo rumo e sentido à vi-da”. Para ele, o IPPE desmistificouo rótulo de que tudo que é dado

ou concedido no Brasil é fraco,sem conteúdo ou substância,desfocado de objetivos reais:“Comprovei que é possível, sim,fazer alto altruísta e valioso paraqualquer classe, categoria ou gru-po, independentemente da ida-de, bastando ter vontade e atitu-de. O IPPE corrobora isso.”

Para Roberto, vale chamar aatenção para o clima criado emsala de aula, corredores e salas: “Oastral e o entusiasmo reinam nosambientes. O curso se transfor-mou em um mix, uma salada desatisfação, euforia, catarse, êxta-se, amizade e respeito entre to-dos os participantes, professores,direção e colaboradores. Davagosto estar ali vivenciando aque-les momentos”.

GESTOS SOLIDÁRIOS Emociona-do com a oportunidade, Robertodiz que finalizar o curso foi grati-ficante. O que é identificado na fi-sionomia de cada um: “O sem-blante de orgulho pela idade quetemos, da trajetória percorridaem nossas vidas profissional, so-cial e familiar. Mais do que isso, acerteza de que cursos como essesnos dão uma sobrevida, uma oxi-genação na alma, solidificando eengessando nossos sonhos, dese-

jos e aspirações de curto, médio elongo prazos”.

Roberto destaca ainda que asensação que tem é de que o cur-so não só ensina a empreenderde forma sustentável algum tipode negócio, “mas ainda e tão so-mente a empreender sonhos,emoções e expectativas de mul-tiplicarmos gestos solidários, tan-to quanto humanitários, massinceros, lapidados e desprovidosde reciprocidades e cobranças”.

Roberto, com humor ácido everdadeiro, lembra a todos que“a nossa geração, mais avançadaem anos, não pode ser marcadae carregar o estigma dos 3As – ar-trite, artrose e Alzheimer –, massim pela capacidade de desfral-dar a bandeira da qualidade devida, do viver um dia de cadavez, todos eles bem vividos e cur-tidos, mesmo que um pouqui-nho doídos. E, na pior das hipó-teses, deixar uma herança dignade ser disseminada pelos nossosherdeiros. Chega de preconcei-tos, pieguices e desculpas. Não hánada para explicar ou justificar,mas idealizar e despertar. Toma-ra que surjam novos IPPEs emnossas vidas para que possamosmostrar nossas virtudes e habili-dades, técnicas e competências”.

Idealizar e despertar

A nossa geração, mais avançada em anos, não pode ser marcada ecarregar o estigma dos 3As – artrite, artrose e Alzheimer –, mas simpela capacidade de desfraldar a bandeira da qualidade de vida, do

viver um dia de cada vez, todos eles bem vividos e curtidos, mesmoque um pouquinho doídos”

■■ Roberto Nunes de Siqueira (ao centro), de 65 anos, com os alunos

FOTOS: IPPE/DIVULGAÇÃO

Na últimaterça-feira, maisuma turma concluiuos cursos deempreendedorismo,informática e coach

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LILIAN MONTEIRO

Para toda ação, uma reação.Provou Newton. Nada como oser humano, que é movido poruma força que o provoca, indig-na e o tira da zona de conforto. Éo que ocorreu com a psicóloga,leader coach, mestre em admi-nistração, professora de MBA ecom mais de 20 anos vividos noSebrae-MG Heliane Gomes deAzevêdo, idealizadora e funda-dora do Instituto de Pesquisas eProjetos Empreendedores (IPPE),organização sem fins lucrativos,com a missão de ser um institu-to atuante na inclusão empreen-dedora de pessoas acima de 60anos. “Infelizmente, quandouma pessoa aposenta, ela acabase aposentando da vida, tornan-do-se inútil e sem um objetivo aalcançar. Em várias pesquisaspude constatar um quadro tristede pessoas deprimidas, acuadase náufragas dentro da própria ca-sa. Nesses levantamentos, conse-gui detectar um número expres-sivo de quem quer voltar e ter al-guma atividade produtiva.”

O que foi outro impulso paraHeliane, além daquele que se de-parou quando um dos pré-requi-sitos para impedir uma contrata-ção na multinacional em que tra-balhava era profissionais acimade 40 anos. Na época, idade doseu pai, tão ativo, produtivo echeio de ação cognitiva.

Heliane lembra que, na épocado seu mestrado, cujo tema foi “Ainserção dos idosos em atividadesprodutivas”, teve muita dificulda-de em ter referencial teórico por-que existiam poucos autores e li-vros que falavam sobre o tema. “Jáentrei no mestrado com muitapesquisa e com o projeto bem de-lineado e pronto para quebrar osparadigmas com uma metodolo-gia de propriedade intelectual queassegura não só a capacitação em-preendedora, como também ini-ciativa, autoconfiança, entusias-mo, persistência e energia, traba-lhando aspectos mentais, profis-sionais e econômicos.”

Assim, para conceber o IPPE,Heliane conta que foi necessárioagir e atuar como uma verdadei-ra empreendedora social, bus-cando caminhos e alternativas,tendo ao logo dessa trajetóriamuita luta para que o projetofosse totalmente gratuito. “Pormeio do Fundo Municipal doIdoso (Fumic), tornamos-noscaptadores direto de recursos ecom isso recebemos o aporte pa-ra realizar o projeto. Muitos nãoacreditavam que esse sonho se-ria uma realidade, mas com mui-ta coragem e garra já estamos na13ª turma.”

Um dos slogans do instituto é“ficar velho é uma coisa, mas ficarultrapassado é outra”. São cha-vões, explica Heliane, usados no“Projeto empreendedorismo namelhor idade” que pontuam bema situação dos participantes. Ou-tro que reforça todo o projeto é “Avida começa aos 50, o que vemantes é treino”. Ela enfatiza que“damos ênfase a algo desejadopor tantos e que se tornou umarealidade, que é a longevidade. Es-ses slogans e frases atuam comoincentivo e um balançar para quea autoestima seja elevada e, con-sequentemente, vislumbre no-vos horizontes possibilitandoque as portas batidas e fechadassejam várias janelas abertas”.

DÁDIVA Heliane diz que costu-ma dizer às pessoas que ques-tionam os mais velhos que nin-guém quer a morte, só saúde esorte. “Temos duas opções: vi-ver ou morrer, e se estamos vi-vendo é uma dádiva e um pre-sente que deve ser pleno comsabedoria e muito amor.”

O IPPE, destaca Heliane, foiconcebido graças a equipes devoluntários que não poupam es-forços: “A atuação vem de acordo

com as demandas, sendo que amaioria, por ser da maturidade,ajuda com sua expertise e expe-riência de vida. Podem participartodas as pessoas interessadas emdeixar um legado sem nenhumadiscriminação. Entendemos quetodos apresentam histórias de vi-das e experiências que não po-dem ser desprezadas. A adesão élivre e voluntária e o que mais

precisamos é de pessoas com vi-são empreendedora e com boasideias para desenvolvermos”.

O objetivo do IPPE é o desen-volvimento sustentável, partici-pando como parceiro ativo naconstrução de uma sociedadeeconômico, política e socialmen-te desenvolvida. “Não é só paraquem vai aposentar e para quemestá fora do mercado. Temos pro-

jetos superinteressantes, inclusi-ve, de inter-idade empreendedo-ra, que trabalha a mixagem entreo jovem e o idoso. Além do mais,temos vários cursos em segmen-tos diferenciados. No projeto“Empreendedorismo na melhoridade”, aportado e linkado aoConselho Municipal do Idoso, acondição é ter acima de 60 anosem função do aporte contem-

plando o Idoso (OMS), mas temprojetos para pré e pós-aposenta-do, também de propriedade inte-lectual do IPPE, em que a capaci-tação pode ser in company comoum presente das empresas paraseu colaborador, recebendo des-sa forma pessoas acima de 40anos de idade.”

Para participar do projeto é sóchegar. “Fazendo contato telefô-

nico ou pelo nosso site. Para a ca-pacitação acima de 60 anos é to-talmente gratuito, incluindo to-da a programação, material didá-tico, professores qualificados,certificado e coffee break. São 80horas de aprendizagem. Nãoexiste nenhuma restrição de clas-se social, sendo aberto a todosque tem interesse. O custo é zero,viabilizado por três aportadores:BrasilPrev, Vale e Deloitte.” Helia-ne enfatiza ainda que na primei-ra semana os alunos ficam emum auditório todo equipado, on-de aprendem um conteúdo bemvasto com dinâmicas e cases. Fa-zem uma interação com os de-mais alunos, aprimoram o ne-twork. Aprendem conceitos so-bre empreendedorismo, motiva-ção, liderança, coach, característi-cas do comportamento em-preendedor (CCE), mundo em-presarial e características, mundodos negócios e visão econômica,ferramentas empreendedoras,plano de negócio, visão geral, ma-rketing, PDCA (ferramenta degestão), brainstorm, designthinking, estruturação, acompa-nhamento etc. Além disso, há ati-vidades como Cine Pipoca, comfilmes renomados e discutidos,palestras, cases de sucesso e con-sultorias etc.

PERFIL Ao fazer um raio-x doidoso que procura pelo IPPE, He-liane revela que a característicacomum é que todos chegam mo-tivados a algo novo, mas descon-fiados, acanhados e muitas vezescom a autoestima baixa. “Muitaschegam com as inscrições tendosido feita por parentes e amigosque veem no projeto uma luz nofundo do túnel. As idades variamentre 60 e 85 anos, grande partetem nível superior, que supera oensino médio cerca de 2%, tor-nando o ensino fundamental aminoria. A maioria obteve no seudesenvolvimento profissionaldurante anos uma carreira sólidae uma vasta experiência no mer-cado de trabalho. Até o momen-to, as mulheres superam em 4%os homens”, afirma.

Segundo a idealizadora doprojeto, existe uma grande parteque, apesar de aposentados, ain-da está em atividade de exercícioativa, seja por necessidade decomplementar a renda familiarou para se sentir ativos e produti-vos. “Cerca de 68% dos alunos es-tão aposentados, mas sem de-sempenhar qualquer atividadeprodutiva no momento.” Vale re-gistrar que todos são incentiva-dos a criar um plano de negócioe colocar em prática. “Muitos játêm sua habilidade e competên-cia em algum segmento, masnão sabem como incrementar efazer acontecer. Aqui eles passama se encorajar e a saber as ações aserem implementadas.”

Heliane revela que a inclusãosocial, a força da cidadania e asnovas conexões, relacionamen-tos e networking ocorrem a todomomento: “E de várias formas,quer seja interagindo em sala deaula, nos intervalos, em happyhour, grupos de WhatsApp e te-mos depoimentos de melhorias,inclusive, dentro do ambiente fa-miliar, melhoria nas relaçõescom os parceiros. Existem várioscasos de casais que fazem o cur-so juntos e renovam inclusive arelação afetiva”. De forma geral,os alunos no IPPE “fazem estaviagem com liberdade e conse-guem desenvolver alternativasaté então guardadas e com gostode mofo e naftalina por estaremtrancafiados em seus sonhosguardados por um longo tempo.A capacitação é uma oportunida-de de quebrar os cercadinhosmentais. Nessa faixa etária não setem tempo para errar, dessa for-ma os sonhos são bem sedimen-tados e alicerçados de informa-ções que se transformam em co-nhecimento”.

BEMVIVER4E S T A D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 1 5 D E A B R I L D E 2 0 1 8

❚ REPORTAGEM DE CAPA

A reinserção do idoso acima de 60 anos na vida social por meio do empreendedorismo é a missãodo IPPE, concebido graças a voluntários que desejam resgatar e valorizar a experiência de vida

Força motora

NA ESTUFAsa“Como a maioria dossonhos dos alunos, que

têm tudo para setornar

empreendimentossustentáveis e de

sucesso – ainda estáno plano de negócio e

sob sigilo–, cito apenasalgumas ideias, sem

detalhes, para quetodos percebam a

capacidade e adiversidade de ideiasque logo vão ganhar

vida: oficina dememorização, criação

de projetos queenobrecem o público

menos favorecido,instalação de uma

pousada, blogs paramaturidade,confecções eartesanatos,embalagens

personalizadas,desidratação de frutase legumes, criação de

uma hamburgueriapersonalizada....”

❚❚ SERVIÇO

» Projeto: Instituto de Pesquisas eProjetos Empreendedores (IPPE)

» Site: www.institutoippe.com.br» Email:

[email protected]» Telefone: (31) 3643-7265

❚❚ CURSOS

» 1 – Empreendedorismo namelhor idade

» 2 – Informática» 3 – Coach

❚❚ VALORES

» 1 – Resgatar a dignidade do serhumano e a cidadania

» 2 – Promover a inclusão social» 3 – Promover a sustentabilidade» 4 – Promover a inclusão social» 5 – Trabalhar a responsabilidade

social empresarial» 6 – Desenvolver a cidadania» 7 – Contribuir para o

desenvolvimento econômico esocial

Podem participartodas as pessoasinteressadas emdeixar um legadosem nenhumadiscriminação.Entendemos quetodos apresentamhistórias de vidase experiênciasque não podemser desprezadas.A adesão é livre evoluntária e o quemais precisamosé de pessoascom visãoempreendedorae com boasideias paradesenvolvermos”■■ Heliane Gomes de Azevêdo,fundadora, idealizadora e membro dadiretoria institucional do IPPE

‘‘CLARICE TOLENTINO/DIVULGAÇÃO

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BEMVIVER 5E S T A D O D E M I N A S ● D O M I N G O , 1 5 D E A B R I L D E 2 0 1 8

❚ REPORTAGEM DE CAPA

Envelhecer não é fácil. Esse é um período de muitas perdas e é preciso ressignificar, transformare criar alternativas para encarar todos os desafios. Pedagoga e engenheiro são um casal exemplar

Eles não queremficar para trás, mas

têm dificuldadesespecíficas que são

superadas”

■■ Luciano Valle,instrutor do curso de informática para

idosos do Senac

LILIAN MONTEIRO

Bonsexemplosnuncasãodemais.Sãofontedeins-piração. Uma pedagogaaoladodeumengenhei-ro eletricista, com licen-

ciaturaplenaemfísicaeeletricida-de. O casal Maria Cristina Henri-ques, de 73 anos, e Luiz Felipe deMoura Henriques, de 74 (comple-tados amanhã), constroem a vidajuntos agregada pelos três filhos(Alexandre Luiz, Ana Cristina eCláudia Regina) e os cinco netos(Déborah, Christian, Isabella, Joa-quim e Lis, a caçulinha de seis me-ses). Ela é aposentada há 20 anos eviu no Instituto de Pesquisas eProjetos Empreendedores (IPPE) aoportunidade de aprender algonovo; ele ainda trabalhando naempresa da família, negócio quepresta assessoria elétrica, quis des-cobrirferramentaseinovaçõespa-ra melhorar no seu negócio. Jun-tos voltaram à sala de aula.

Maria Cristina estava na rotinada vida de vó. Cuidar e babar nosnetos. Para ela, nada mais impor-tava. A melhor tarefa do mundo.Ela mesma decidiu “dar um tem-po e curti-los”. Ao saber do proje-to, ela pensou que faria uma aulade informática, para lidar melhorcom o computador e pronto: “Noprimeiro dia me encantei com tu-do. E o carisma da Heliane (Helia-ne Azêvedo, idealizadora do pro-jeto) me fez correr para matricu-lar meu marido. Fui para arrumaruma ocupação, aprender o básicoda computação para quem sabeme candidatar numa agência pa-ra a terceira idade. Queria sair decasa. Encontrei com um públicode ex-diretores, jornalistas, enge-nheiros, dentistas, funcionário doBanco Central com muita troca deexperiência e vivência. E fui tiradada acomodação, da paradeira dovelho porque ela é envolvente,nos passa energia. Assim, fiqueientusiasmada, além do que cada

professor é melhor que o outro”.Ao lado do marido, Maria

Cristina conta que aprendeu afazer um plano de negócio, queserá implantado na empresa dofilho, engenheiro mecânico quetrabalha com o aluguel de gruas.Ela também revela que plane-jam fundar uma ONG voltadapara a segurança do trabalho pa-ra o setor da construção civil, pa-ra quem mexe com a parte elé-trica. “Enfim, estou animada echeia de planos.”

TEMPOMariaCristinanãopara,es-se é o segredo de lidar com o enve-lhecimento: “Sou do coral do Mi-nas, pianista, estudei música, souloucaporcinema,adoroler–estourelendo Dom Quixote e O grandementecapto–aprecioqualquerar-te,enfim,gostodetudoqueébom.Mas sou seletiva: gosto, gosto; nãogosto, não gosto!”.Para quem anda desanimado, umtanto perdido sem saber o que fa-

zer, o recado de Maria Cristina é“não sabemos o dia que vamosmorrer, se vamos viver mais 30anos, se chegaremos aos 100, por-que temos essa possibilidade nosdias de hoje. Portanto, quero vivero dia de hoje, plenamente, e cami-nhando para os 100!”.

Luiz Felipe, que também jáconcluiu o curso, destaca a organi-zação do IPPE: “Pontualidadeexemplar, apostilas estruturadas,professores esclarecidos, que pri-mam pela atenção que dão a cadaum. Foi uma rica experiência poraumentar a oportunidade e achance de cada um de realizar oque pensa”.

Para Luiz Felipe, os mais velhostêm de pensar que todos têm ba-gagem, que herdaram do seu ca-minho de vida e como a vida con-tinua no espiral do tempo, elespodem continuar a fazer algo quea modernização do tempo exige.Não pode parar. É preciso ter ideiae disposição.

Maria Cristina Henriques, de 73, e Luiz Felipe de Moura Henriques, de 74 anos, voltaram à sala de aula e ficaram entusiasmados

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A sociedade atual vivencia ofenômeno do envelhecimentopopulacional. Apenas 24,7% dosidosos têm acesso à internet,conforme a última Pnad Contí-nua TIC, de 2016, feita pelo Ins-tituto Brasileiro de Geografia eEstatística (IBGE). Aprender autilizar a tecnologia se tornouuma demanda urgente dos pró-prios idosos, que veem sua au-tonomia reduzida ao dependerde dispositivos ou aplicativos.

Adaptado às necessidadesdesse público, o curso de infor-mática básica com internet pa-ra a terceira idade do Senac émais extenso do que um cursotradicional. Em 75 horas, cincovezes por semana, os alunosaprendem a usar os recursosbásicos dos programas Windo-

ws, Word, Power Point e Inter-net Explorer.

Por não saber usar o compu-tador, o jornalista Onamir Diasde Paiva, de 92 anos, acabou es-crevendo um livro de 330 pági-nas na máquina de escrever, pa-ra enviar à editora. Nos assuntostecnológicos do dia a dia, pediaauxílio aos parentes. “Pegueiminha filha para Cristo”, conta.Usar um pendrive com os ar-quivos digitalizados foi uma dasdescobertas do curso.

O instrutor do curso de infor-mática para idosos do Senac, Lu-ciano Valle, explica que, mais doque incluir esse público nomundo digital, desbravar esseuniverso trabalha a memória ea autoestima, bem como pro-move a integração: “Eles não

querem ficar para trás, mas têmdificuldades específicas que sãosuperadas. Para a dificuldadecom o mouse, temos joguinhosque ajudam a melhorar a coor-denação motora. Incentivamosa praticar o que aprendem emcasa para trabalhar a memória efixar o conteúdo. É muito baca-na ver o resultado.

Eles ficam mais abertos paraa uso de celular e Skype. Muitosex-alunos, hoje, interagem co-migo nas redes sociais ou memandam e-mails.” Em maio oSenac terá mais uma turma. Asaulas ocorrem na unidade docentro de Belo Horizonte, RuaTupinambás, 1.038. As inscri-ções estão abertas e podem serfeitas pelo www.mg.senac.br. In-formações pelo 0800 724 4440.

Numa sociedade que envelhece, mas que os velhos não são en-xergados, valorizados e cuidados como deveriam, qual o papelda sociedade para mudar esse cenário?Embora a sociedade esteja envelhecendo, estamos envelhecen-do saudáveis e produtivos. Aos 60, 70 e até 80 anos, a maioriadas pessoas está em plena forma, trabalhando, estudando, en-contrando amigos e familiares. Com a aposentadoria, muitospodem dedicar mais tempo aos relacionamentos (antes, mui-tas vezes, sacrificados pela dedicação ao trabalho) e a atividadesde lazer. Vale a pena, na maturidade, resgatar sonhos e desejosque não foram realizados e buscar maneiras de fazer aquelesque forem viáveis. O papel da sociedade é valorizar seu conhe-cimento e experiência, seja no campo profissional ou pessoal,deixar as portas abertas e as oportunidades disponíveis paraque os mais velhos contribuam com seus conhecimentos e ex-periências para as novas atividades e realizações.

Qual o papel do trabalho na vida dos mais velhos? A ocupação éuma ferramenta de transformação, de autoestima, de mente sã?Isso depende muito do significado que tem o trabalho para ca-da um. Ele pode ser uma necessidade, um fardo, um desafio,uma descoberta, uma paixão. As possibilidades de entendimen-to e os sentimentos carregados pelo trabalho são múltiplos e va-riam ao longo da vida. Na maturidade, alguns querem ficar li-vres das ocupações obrigatórias para dedicar seu tempo às coi-sas que nunca puderam fazer ou simplesmente ficar livre do re-lógio e das tensões típicas dos compromissos profissionais. Ou-tros querem experimentar um trabalho novo e há quem nãoqueira interromper suas atividades profissionais na maturida-de. Isso também está relacionado ao perfil de personalidade. Amaioria das pessoas vai se beneficiar de uma atividade produti-va na maturidade. Alguns porque são inquietos e curiosos, ou-tros porque se sentem bem quando estão ocupados, e há tam-bém os que precisam de produzir uma renda extra para com-plementar a aposentadoria. A realização pessoal pode vir pelotrabalho, mas deve vir também pela via do prazer, do afeto, doreconhecimento dos próprios talentos e habilidades que não es-tão ligados ao mundo do trabalho.

Muitos pensam que envelhecer significa ficar desatualizado, atra-sado, antigo. Ou seja, ignoram a bagagem de conhecimento, aexperiência, a maturidade de pessoas que já percorreram um lon-go caminho e, nem por isso, devem ficar enclausuradas em casa,em frente à TV, fazendo crochê, jogando dama na praça. Aindaque possam fazer isso tudo. Como o isolamento, muitas vezes im-posto, pode afetar os idosos?O isolamento é fonte de adoecimento psíquico. Somos seres so-ciais, a interação nos nutre de afeto, traz conhecimentos, nosobrigaaolharparanósmesmoseparaosoutros,noslevaarevernossos pontos de vista, a refletir e a mudar. Sem esse constanteprocesso de autoconstrução por meio das interações, nós fica-mos empobrecidos, murchamos. A depressão é a consequênciamais evidente do isolamento. É muito importante encontrarmaneiras de estar com as pessoas e de se enriquecer com elas. Ocontatocomjovensecomcriançaspodesermuitoprazerosopa-ra as pessoas idosas e ser uma fonte de alegria e de jovialidade.

Como os mais velhos podem se impor, demarcar o espaço queprecisam para continuar sendo visíveis, solicitados, necessários?Como superar as barreiras e buscar o que lhes fazem felizes?Envelhecer não é fácil. É um período de muitas perdas. É preci-so ressignificar muitas coisas, transformar outras, criar novasalternativas e encarar desafios antes não imagináveis. Lidar comnossos corpos mais frágeis, com os sonhos, esperanças e deses-peranças, com o tempo que passa acelerado, com os medos queemergem. Tudo isso pode ser muito desafiador. A psicoterapiaé uma alternativa muito interessante na maturidade. O tera-peuta é um interlocutor qualificado, com quem se pode falarsobre todos esses sentimentos. Ele vai acompanhar a pessoa nabusca pelos caminhos possíveis para atravessar as dificuldadese encontrar novas alternativas de realização. A maturidade po-de ser o melhor momento para olhar si mesmo com profundi-dade e buscar compreender a própria trajetória de vida, os sig-nificados que nos moveram, as direções que tomamos, a pes-soa que nos tornamos e tudo aquilo que nos falta e que pode-mos ainda construir.

VÂNIA DE MORAISPSICÓLOGA, MESTRE EM CIÊNCIAS DA SAÚDE PELA UFMG E DOUTORA EM LINGUÍSTICA PELA PUC

QUATRO PERGUNTAS PARA...

1)

2)

3)

4)

O jornalistaOnamir Dias dePaiva, de 92anos, participado curso deinclusão digitaldo Senac

No curso, os idososaprendem muito maisque lidar com internet:eles se sentem vivos ecom autoestimaresgatada

Inclusão digital

ALEXANDRE FARID/DIVULGAÇÃO

Começar de novoRAMON LISBOA/EM/D.A PRESS

GETÚLIO FERNANDES/EM/D.A PRESS


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