Transcript
  • ESTRUTURAO, IDENTIFICAO ECLASSIFICAO DE PRODUTOS EM

    AMBIENTES INTEGRADOS DE MANUFATURA

    Cristiano Bevitori Maffia de Oliveira

    Dissertao apresentada Escola deEngenharia de So Carlos, daUniversidade de So Paulo, comoparte dos requisitos para obteno dottulo de Mestre em EngenhariaMecnica

    ORIENTADOR: Prof. Titular Henrique Rozenfeld

    So Carlos1999

  • iO que eu escuto, eu esqueo

    O que eu vejo, eu lembro

    O que eu fao, eu aprendo

    Confcio (Filsofo Chins)

  • ii

    Ao meu pai, minha me,Tintim e Rubia, meus

    professores na escola davida.

  • iii

    Agradecimentos

    Ao Professor Henrique Rozenfeld pela orientao, amizade e confiana.

    Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo (FAPESP) pela bolsa epelos demais recursos concedidos, sem os quais no seria possvel a realizao destetrabalho.

    Aos amigos do Grupo de Engenharia Integrada: Adriana, Bianca, Daniel Capaldo,Daniel Dupas, Edmundo, Eduardo Chup, Fernandinho, Francis, Lucas, Lus, Marcel,Marcelo, Renato, Rogerio, Srgio e Vander.

    Aos amigos da salinha: Amauri, Carlo, Aldo e Zilda.

    Aos amigos de repblica, David Muxiba, Carlos Dinho e Jairo Goddy, pelocompanheirismo e por me aturarem por tanto tempo.

    Aos especialistas e empresas que colaboram com o desenvolvimento deste trabalho,principalmente ao amigo Luciano Rolim, pelo tempo, ateno e interesse.

    secretaria de ps-graduao e demais funcionrios da Engenharia Mecnica pelaateno.

    E, por fim, a todos que no foram includos aqui, mas que, de uma forma ou de outra,contriburam para a realizao deste trabalho.

  • iv

    SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS ................................................................................................ VI

    LISTA DE TABELAS .............................................................................................VIII

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................ IX

    RESUMO ................................................................................................................... XI

    ABSTRACT..............................................................................................................XII

    1 INTRODUO .................................................................................................... 1

    1.1 Justificativas........................................................................................................ 1

    1.2 Objetivo............................................................................................................... 6

    1.3 Mtodo ................................................................................................................ 6

    1.3.1 Escolha do mtodo............................................................................................ 6

    1.3.2 Etapas gerais ..................................................................................................... 9

    1.3.2.1 Seleo do tema............................................................................................ 10

    1.3.2.2 Definio das justificativas e do objetivo .................................................... 11

    1.3.2.3 Perguntas de pesquisa................................................................................... 11

    1.3.2.4 Variveis....................................................................................................... 12

    1.3.2.5 Pesquisa bibliogrfica .................................................................................. 12

    1.3.2.6 Pesquisa em campo ...................................................................................... 13

    1.3.2.7 Anlise dos resultados.................................................................................. 15

    1.3.2.8 Apresentao das concluses....................................................................... 15

    1.4 Organizao deste trabalho ............................................................................... 16

    2 ESTADO DA ARTE........................................................................................... 18

    2.1 Estrutura de produto.......................................................................................... 18

    2.1.1 Definies ....................................................................................................... 18

    2.1.2 Preciso........................................................................................................... 23

    2.1.3 Estrutura de produto achatada..................................................................... 25

    2.1.4 Perfis ............................................................................................................... 27

    2.1.5 Pseudo itens e fantasmas ................................................................................ 28

    2.1.6 Arquiteturas .................................................................................................... 30

    2.1.6.1 Estrutura de produto modular e de planejamento......................................... 30

    2.1.6.2 Estrutura de produto genrica ...................................................................... 39

    2.1.6.3 Estrutura de produto de manufatura............................................................. 43

    2.1.6.4 Estruturas de produto para informao ........................................................ 46

  • v2.1.7 Estrutura de produto nica.............................................................................. 48

    2.1.8 Consideraes adicionais ................................................................................ 50

    2.2 Identificao de produtos.................................................................................. 52

    2.3 Classificao de produtos.................................................................................. 58

    2.3.1 Tecnologia de grupo ....................................................................................... 58

    2.3.2 Sistemas de classificao................................................................................ 61

    2.4 Sntese ............................................................................................................... 66

    2.4.1 Estrutura de produto ....................................................................................... 67

    2.4.2 Identificao e classificao de produtos ....................................................... 70

    3 COLETA DE DADOS EM CAMPO E ANLISE DOS RESULTADOS ........ 73

    3.1 Realizao da pesquisa em campo.................................................................... 74

    3.2 Apresentao e anlise de resultados................................................................ 77

    3.2.1 Estrutura de produto ....................................................................................... 77

    3.2.2 Identificao e classificao de produtos ....................................................... 86

    4 CONCLUSES................................................................................................... 90

    ANEXO ...................................................................................................................... 93

    Roteiro de entrevista................................................................................................... 93

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ....................................................................... 96

    OBRAS CONSULTADAS ...................................................................................... 104

  • vi

    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1 - Aplicaes das informaes fundamentais (CLEMENT et al.,1992)..................................................................................................... 3

    FIGURA 2 - A estrutura de produto e o sistema de classificao manipulaminformaes dos itens sob ticas diferentes.......................................... 5

    FIGURA 3 - Viso esquemtica das etapas gerais para aplicao do mtodoescolhido ............................................................................................. 10

    FIGURA 4 - Exemplo de estrutura de produto .......................................................... 18

    FIGURA 5 - Objetos da estrutura de produto ............................................................ 20

    FIGURA 6 - Esquema de uma estrutura de produto multinvel................................. 21

    FIGURA 7 - Produto projetor simplificado (MAROLA, 1995).............................. 22

    FIGURA 8 - Estrutura de produto multinvel do projetor Adaptado deMAROLA (1995)............................................................................. 22

    FIGURA 9 - Perfis de estrutura de produto Adaptado de GUESS (1985) eCLEMENT et al. (1992) ..................................................................... 27

    FIGURA 10 - Configuraes possveis do guindaste (MATHER, 1986).................. 32

    FIGURA 11 - Modularizao da estrutura de produto do guindaste.......................... 33

    FIGURA 12 - Lead times para a produo do guindaste............................................ 34

    FIGURA 13 - Estrutura de produto de planejamento do guindaste ........................... 35

    FIGURA 14 - Estrutura de produto genrica de uma cadeira Adaptado deHEGGE & WORTMANN (1991)...................................................... 40

    FIGURA 15 - Exemplo de estrutura de produto de manufatura Adaptado deMAROLA (1995)............................................................................. 44

    FIGURA 16 - Estrutura de produto de manufatura do avio exemplo....................... 45

    FIGURA 17 - Estrutura de produto indentada........................................................ 47

    FIGURA 18 - Estrutura de produto matriz................................................................. 48

    FIGURA 19 - Probabilidade de erros na transcrio versus tamanho do nmerode identificao (GARWOOD, 1985) ................................................ 54

    FIGURA 20 - Sistema de classificao de 3 nveis Adaptado de MILBERG etal. (1997)............................................................................................. 63

  • vii

    FIGURA 21 Localizao das atividades da pesquisa em campo, e da anlisedos resultados, dentro das etapas para aplicao do mtodo .............. 73

    FIGURA 22 - Exemplo da construo de uma estrutura de produto nica apartir das departamentais .................................................................... 82

  • viii

    LISTA DE TABELAS

    TABELA 1 - Comparao entre os nmeros de identificao significativos eno significativos (ELLIOTT, 1985).................................................. 55

    TABELA 2 - Potencial de economia com a aplicao de sistemas CSM emfuno do faturamento da empresa Adaptado de WHEATLEY(1998).................................................................................................. 65

    TABELA 3 - Evoluo dos Sistemas de Classificao ao longo do tempo ............... 66

  • ix

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    APICS - Educational Society for Resource Management

    BOI - Bill of Items

    BOM - Bill of Material

    CAD - Computer Aided Design

    CAE - Computer Aided Engineering

    CAM - Computer Aided Manufacturing

    CAPP - Computer Aided Process Planning

    CS - Classification System

    CSM - Component and Supplier Management

    DFA - Design for Assembly

    E_BOM - Engineering Bill of Material

    ECM - Engineering Change Management

    ERP - Enterprise Resource Planning

    FMEA - Failure Model and Effect Analysis

    GBOM - Global Bill of Material

    JIT - Just in Time

    LT - Lead Time

    M_BOM - Manufacturing Bill of Material

    MPS - Master Production Schedule

    MRP - Material Requirement Planning

    MRP II - Manufacturing Resource Planning

    P_BOM - Production Bill of Material

    PCP - Planejamento e Controle da Produo

    PDM - Product Data Management

    PN - Part Number

    PP - Plano de Processo

  • xSCC - Sistema de Classificao e Codificao

    TG - Tecnologia de Grupo

    USP So Carlos - Universidade de So Paulo, campus de So Carlos

    WIP - Working in Process

  • xi

    RESUMO

    OLIVEIRA, C.B.M. (1999) Estruturao, identificao e classificao de produtos

    em ambientes integrados de manufatura. So Carlos, 1999. 104p. Dissertao

    (Mestrado) Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo.

    Apesar do desempenho dos sistemas integrados estar vinculado qualidade

    das informaes que eles manipulam, a maioria das empresas no garante que suas

    informaes fundamentais sejam completas e precisas, nem as estruturaram e

    gerenciam de acordo com o seu tipo de negcio e produto. Dentre as informaes

    fundamentais de manufatura destaca-se a estrutura de produto, a qual construda a

    partir do relacionamento entre nmeros de identificao, correspondendo

    representao no grfica do produto e sendo compartilhada por vrios

    departamentos na empresa. Por outro lado, qualquer discusso sobre nmeros de

    identificao deve considerar os sistemas de classificao, visto que muitas empresas

    utilizam o mesmo cdigo tanto para identificar quanto para classificar seus itens.

    Neste contexto, o objetivo deste trabalho caracterizar as principais alternativas

    existentes para as estruturas de produto, os nmeros de identificao e os sistemas de

    classificao em ambientes integrados de manufatura. Para tanto, foi realizada uma

    extensa investigao da literatura, bem como um levantamento em campo junto a

    especialistas na rea. Os resultados obtidos a partir dessas duas fontes foram

    analisados e confrontados, sendo dada especial ateno s suas similaridades e

    diferenas.

    Palavras-chave: estrutura de produto; nmeros de identificao; sistemas declassificao; integrao da manufatura

  • xii

    ABSTRACT

    OLIVEIRA, C.B.M. Structuring, identification and classification of products in

    integrated manufacturing environments. So Carlos, 1999. 102p. Dissertao

    (Mestrado) Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo.

    Although the performance of integrated systems is influenced by the quality

    of data processed, the majority of companies do not guarantee the completeness or

    accuracy of data foundations, nor do they structure or manage this data to reflect

    their business or product. Among the manufacturing data foundations, bills of

    materials play a key role. They are built of part numbers, are equivalent to the non-

    graphical representation of a product, and are shared by many departments within a

    company. On the other hand, any discussion about part numbers should also include

    the classification systems, since many companies apply the same code for

    identification and classification purposes. In this context, the objective of this work is

    to characterize the available alternatives to bills of materials, part numbers and

    classification systems in integrated manufacturing environments. Therefore, a huge

    investigation into bibliography was conducted, as well as field research together with

    specialists in this field of study. The results obtained from both sources were

    analyzed and compared, special attention being paid to similarities and differences

    between them.

    Keywords: bill of material; part numbers; classification systems; manufacturingintegration

  • 11 INTRODUO

    Este captulo inicial apresenta as justificativas que motivaram o

    desenvolvimento do trabalho, os objetivos estabelecidos, o mtodo aplicado, e por

    fim a forma como esto organizados os captulos.

    1.1 Justificativas

    A globalizao da economia e o aumento da concorrncia a nvel mundial

    tm provocado mudanas significativas no setor de manufatura. Essas mudanas

    relacionam-se com a constante busca por maior flexibilidade e qualidade, alm da

    reduo de custos e do tempo de resposta. Para tanto, as empresas de manufatura tm

    agora que se tornar empresas de classe mundial (world class manufacturing). Um dos

    caminhos para atingir esse objetivo a implantao de sistemas integrados.

    Apesar do desempenho desses sistemas estar vinculado qualidade das

    informaes que eles manipulam, a maioria das empresas no garante que suas

    informaes fundamentais sejam completas e precisas, nem as estruturaram e

    gerenciam de acordo com o seu tipo de negcio e de produto. Alm disso, o potencial

    das novas tecnologias, surgidas nos Ambientes Integrados de Manufatura1, no

    explorado porque muitas empresas no conhecem as alternativas que estes oferecem

    (GIANESI et al., 1997).

    Na bibliografia a problemtica da falta de qualidade das informaes

    fundamentais tem sido resumida por meio da expresso inglesa garbage in,

    1 Neste trabalho, sero considerados Ambientes Integrados de Manufatura aqueles queutilizam a tecnologia de informao (p. ex.: sistemas CAD, CAPP, PDM, para configurao deproduto, ERP, MRPII, de planejamento fino da produo, etc.) como ferramenta para viabilizar e/oumelhorar o desempenho dos seus processos de negcios.

  • 2garbage out, ou seja, se os processos da empresa esto manipulando informaes

    sem qualidade, consequentemente os resultados alcanados por esses processos

    tambm estaro comprometidos.

    Diversos autores, tais como CLEMENT et al. (1992), AGERMAN &

    LINDBERG (1992) e RUSK (1990), identificam as seguintes informaes

    fundamentais de manufatura:

    - nmero de identificao do item (PN part number);

    - informaes armazenadas no arquivo mestre do item (descrio do item, nmero

    do desenho de engenharia, cdigo de barra, nvel de reviso, status, custo,

    produto a que pertence, histrico das ltimas alteraes de engenharia, tamanho

    do lote, unidade de medida, comprado ou fabricado, quem planeja ou compra,

    etc.);

    - desenhos e especificaes;

    - estrutura de produto (BOM - bill of material)2;

    - relatrios de onde usado o item (where-used reporting);

    - planos de processo e as informaes armazenadas no arquivo mestre dos centros

    de trabalho;

    - outros documentos de suporte.

    Segundo CLEMENT et al. (1992), para que as informaes fundamentais

    sejam slidas, elas precisam:

    - representar os processos de manufatura;

    - representar os produtos vendidos, e as estratgias e planos para a satisfao dos

    clientes;

    - ser entendida e satisfazer todos os usurios;

    - ser completa e precisa;

    2 Neste trabalho os termos estrutura de produto e bill of material (BOM) sero utilizadoscomo sinnimos.

  • 3- ser suportada por boas prticas de controle de alteraes.

    As informaes fundamentais so a base para a execuo das atividades da

    empresa e tm influncia direta no seu desempenho, uma vez que representam seus

    processos e produtos. A FIGURA 1 apresenta a aplicao das informaes

    fundamentais pelas diversas reas da empresa.

    Gerenciamento GeralEstrutura de produto nica

    Informaes precisasControle efetivo de alteraes

    Vendas & MarketingConfigurao de vendas

    Opes de produtosSuprimentos

    Programao de suprimentosEspecificao de itens

    EngenhariaDefinies de produtoDefinies de processo

    Planejamento de recursos de engenhariaProjeto para a manufatura e montagem

    Planejamento/MPS3

    Planejamento de materiaisProgramao da planta

    ManufaturaProgramao da produo

    Controle do cho-de-fbricaSuprimento de materiaisPlanejamento de recursos

    FinanasPlanejamento financeiro

    Custeio e contabilidade da manufaturaServios

    Planejamento de peas de reposioControle de configuraoSistemas de Informao

    SoftwareIntegrao

    FIGURA 1 - Aplicaes das informaes fundamentais (CLEMENT et al., 1992)

    3 No decorrer deste trabalho sero utilizados diversos conceitos de planejamento,programao e controle da produo, os quais no sero apresentados em detalhes porque fugiria doescopo deste trabalho. Discusses mais profundas desses conceitos podem ser encontradas emVOLLMANN et al. (1992) e GIANESI et al. (1997).

  • 4A estrutura de produto (BOM - bill of material) possui uma posio de

    destaque entre as informaes fundamentais, pois ela representa o primeiro passo

    para a elaborao de uma base de dados de produto totalmente integrada, e um frame

    para a definio total de produto (GUESS, 1985). A BOM tambm um elemento

    que gera integrao uma vez que suas informaes so compartilhadas por quase

    todos os departamentos da empresa (MAROLA, 1995). Logo, a forma como

    gerenciada, controlada e estruturada pode diretamente influenciar o sucesso da

    empresa (RUSK, 1990).

    GARWOOD (1995) acrescenta que se uma empresa almeja ser de classe

    mundial, de importncia vital que a sua BOM seja slida, representando os

    processos e produtos, e esteja em sintonia com as estratgias do negcio. Neste

    contexto, EDELMAN (1990) destaca que os sistemas integrados apenas processam

    as informaes presentes na BOM, sendo a correta estruturao da BOM total

    responsabilidade da empresa.

    importante destacar ainda a importncia da BOM como sendo o ponto mais

    comum para interface ou integrao entre os sistemas ERP (Enterprise Resource

    Planning)4 e PDM (Product Data Management)5 (BOURKE, 1998b) (KEMPFER,

    1998a) (MILLER, 1998b), e entre os sistemas ERP e CAD (Computer Aided Design)

    (AYYAR, 1998), possibilitando assim o fluxo e a consistncia das informaes.

    Apesar da sua importncia, GARWOOD (1995) afirma que a BOM tem sido

    o calcanhar de Aquiles da maioria das empresas de manufatura, as quais sempre

    esbarram nas seguintes questes: o meu produto tem diversos opcionais e

    alternativas, como conviver com o grande nmero de estruturas de produto

    necessrias? Como a estrutura de produto pode refletir diferentes estratgias de

    estoque? Como conviver com mais de uma estrutura de produto? Quem o dono

    4 O sistema ERP, ou Sistema Integrado de Gesto de Negcios, integra os processos denegcio de uma empresa, suportando as necessidades de informao para a tomada de deciso. Osistema possui diversos mdulos, abrangendo as reas de logstica, finanas, e recursos humanos, osquais esto integrados entre si a partir de uma base de dados nica e no redundante.

    5 O sistema PDM uma ferramenta que auxilia o gerenciamento dos dados de produto,atravs do controle do grande volume de informaes necessrias para projetar, manufaturar ecomercializar um produto, gerenciando assim o ciclo de vida como um todo. Para tanto, ele possuiuma srie de funcionalidades, tais como gerenciamento de documentos, workflow, gerenciamento daestrutura de produto e sistema de classificao (CIMDATA, 1996).

  • 5da estrutura de produto? Como simplificar a estrutura de produto? Como aumentar a

    preciso das informaes?

    Segundo GUESS (1985), como a BOM construda em torno da relao

    pai/filho entre nmeros de identificao (PN - part number), esses podem ser

    considerados a cola que mantm a BOM unida, logo a correta definio do PN ter

    influncia direta no desempenho da BOM.

    Alm da estrutura de produto e dos nmeros de identificao, este trabalho

    tratar tambm dos sistemas de classificao (CS Classification System) por dois

    motivos. Primeiro, e principalmente, porque muitas empresas utilizam cdigos

    significativos tanto para identificar quanto para classificar seus itens, logo qualquer

    discusso sobre o formato dos nmeros de identificao em princpio tem que

    considerar seu impacto no sistema de classificao.

    Segundo, a BOM e o CS manipulam informaes comuns, os itens de um

    produto, porm sob ticas diferentes (na BOM so agrupados os itens que pertencem

    a um mesmo produto, enquanto no CS, so reunidos itens que possuem

    caractersticas semelhantes), FIGURA 2. Por exemplo, trs BOMs possuem cada

    uma um eixo diferente, porm esses eixos pertencem a uma mesma classe do CS.

    identificaoespecificaes

    Estrutura de Produto (BOM) Sistema de Classificao (CS)

    classificaocaractersticas

    FIGURA 2 - A estrutura de produto e o sistema de classificao manipulaminformaes dos itens sob ticas diferentes

    Por outro lado, apesar da importncia da BOM, do PN e do CS no contexto da

    manufatura integrada, REED (1990) e BROOKS (1993) ponderam que, com o

    avano da tecnologia de informao, as empresas tendem a dar menor ateno a

    questes bsicas como essas.

  • 6Como conseqncia dessa desateno em questes que tm impacto direto no

    desempenho do negcio e dos sistemas integrados, retorna-se problemtica

    apresentada no incio desta seo e resumida pela expresso garbage in, garbage

    out.

    Dessa forma os dois autores destacam a necessidade das pessoas terem uma

    viso abrangente das alternativas existentes para que possam consider-las durante o

    processo de seleo e implantao dos sistemas integrados.

    1.2 Objetivo

    Devido importncia e ao impacto das informaes fundamentais

    apresentados na seo anterior, e a fim de contribuir para a obteno da viso

    abrangente sobre as alternativas existentes, o objetivo deste trabalho caracteriz-las

    no contexto dos Ambientes Integrados de Manufatura.

    Sero ento caracterizadas as alternativas de:

    - estruturas de produto (BOM Bill of Material);

    - nmeros de identificao (PN Part Number);

    - sistemas de classificao (CS Classification System).

    1.3 Mtodo

    Esta seo apresenta os aspectos metodolgicos considerados durante o

    desenvolvimento do trabalho, tendo em vista o objetivo proposto. Para tanto so

    discutidas a escolha do mtodo e as etapas gerais para a sua aplicao nesta pesquisa.

    1.3.1 Escolha do mtodo

    O mtodo a ser aplicado a pesquisa descritiva na forma de estudos

    exploratrios, sendo utilizadas duas tcnicas de coleta de dados: a pesquisa

    bibliogrfica e a pesquisa em campo por meio de entrevistas.

  • 7Segundo CERVO & BERVIAN (1983), a pesquisa descritiva aquela em que

    as informaes so observadas, registradas, correlacionadas, sem contudo serem

    manipuladas.

    DANE (1990) acrescenta que este tipo de pesquisa envolve o exame de um

    fenmeno com o objetivo de defini-lo de forma mais ampla, bem como avaliar as

    alternativas existentes. DANE (1990) conclui dizendo que a pesquisa descritiva deve

    ser utilizada quando se deseja responder duas perguntas relativas a um fenmeno:

    o que ? e/ou quais so as alternativas existentes?

    Dentre os tipos de pesquisa descritiva, os estudos exploratrios apresentam-se

    como a modalidade indicada para situaes onde h pouco conhecimento sobre o

    assunto. So normalmente os primeiros e tm como intuito levantar informaes para

    serem utilizadas ou testadas em estudos posteriores. No necessria a elaborao de

    hipteses que sejam validadas e/ou generalizadas dentro do trabalho, uma vez que se

    procura conhecer os aspectos gerais do tema, podendo restringir-se definio de

    objetivos e busca de informaes (CERVO & BERVIAN, 1983) (RICHARDSON,

    1985).

    A escolha da pesquisa descritiva adequada natureza do trabalho, porque a

    definio desse tipo de mtodo (investigar as alternativas existentes para um dado

    fenmeno) est diretamente relacionada com o objetivo estabelecido anteriormente

    (caracterizar as alternativas existentes para BOM, PN e CS).

    Quanto aos estudos exploratrios, o tema estrutura de produto pouco

    estudado no Brasil (existem apenas alguns estudos direcionados para reas

    especficas, como por exemplo o planejamento e controle da produo), bem como a

    maioria das publicaes sobre sistemas de classificao contempla apenas uma das

    alternativas existentes (o uso de cdigos significativos). Alm disso, de forma geral

    existem poucos trabalhos que busquem identificar e caracterizar de forma abrangente

    as alternativas existentes.

    Logo pertinente realizar uma pesquisa que descreva o assunto, investigando

    e analisando as alternativas disponveis. Assim, trabalhos futuros podem se basear

    nas concluses inicias apresentadas, e elaborar hipteses objetivando aprofundar o

    estudo sobre o tema ou aspectos especficos relacionados a este.

  • 8O mtodo escolhido apresenta algumas desvantagens. Em primeiro lugar, a

    natureza exploratria do trabalho leva limitao de sua validade externa, visto que

    os dados coletados, os resultados atingidos e as concluses apresentadas no podero

    ser generalizados para toda a populao, sendo particulares e especficos para a

    amostra analisada.

    Em segundo, devido abrangncia dos pontos a serem abordados,

    necessrio um planejamento flexvel e complexo das atividades em campo,

    possibilitando que os diversos aspectos relacionados com o tema sejam considerados.

    Entretanto, o mtodo possibilita que novas caractersticas e aspectos

    relacionados com o tema sejam identificados, o que muito importante quando se

    est estudando um tema que ainda no foi muito explorado, no caso no Brasil.

    Durante a aplicao do mtodo, sero utilizadas duas tcnicas para coleta de

    dados: a pesquisa bibliogrfica e a pesquisa em campo por meio de entrevistas.

    Segundo PDUA (1997), esta integrao entre duas ou mais tcnicas possibilita que

    o objeto de estudo seja investigado de maneira mais ampla e completa.

    Conforme CERVO & BERVIAN (1983) e DANE (1990), a pesquisa

    bibliogrfica uma atividade necessria em qualquer tipo de pesquisa, tendo como

    objetivos levantar a situao atual, criar uma fundamentao terica, justificar os

    limites e contribuies da pesquisa, bem como evitar duplicidade de esforos e erros

    j identificados em outros trabalhos.

    Neste trabalho em particular, a pesquisa bibliogrfica possui uma importncia

    ainda maior, visto que , devido a sua abrangncia, a principal fonte de informao

    para se identificar as principais alternativas existentes para BOM, PN e CS

    Quanto pesquisa em campo, a entrevista foi escolhida como forma

    complementar de se obter informaes sobre o tema, apesar de possuir algumas

    limitaes. Segundo PDUA (1997), dependendo da forma como a tcnica

    aplicada, as informaes podem ser imprecisas e o entrevistador pode

    avaliar/julgar/interpret-las de forma distorcida.

    Por outro lado, ainda segundo PDUA (1997), a entrevista apresenta a

    vantagem de possibilitar que os dados sejam analisados no s quantitativa, mas

  • 9tambm qualitativamente, o que fundamental para trabalhos de natureza

    exploratria. Neste sentido, RICHARDSON (1985) indica a abordagem qualitativa

    para situaes nas quais se deseja uma maior riqueza de detalhes do que a

    informao quantitativa capaz de fornecer. MAGALHES (1998) acrescenta a

    abordagem qualitativa possibilita que se aprenda profundamente sobre o objeto em

    estudo.

    Segundo PDUA (1997), uma entrevista estruturada, como as realizadas

    neste trabalho, devem possuir um roteiro de entrevista previamente preparado com

    uma lista de tpicos a serem abordadas, evitando que algum ponto seja esquecido,

    mas possibilitando uma flexibilidade na ordem em que as questes so propostas, e

    originando uma variedade de resposta ou mesmo outras questes. DANE (1990)

    define este tipo de entrevista como entrevista focada.

    Por fim, a partir das justificativas apresentadas nesta seo, pode-se concluir

    que a escolha da pesquisa descritiva na forma de estudos exploratrios o mtodo

    adequado para se atingir os objetivos estabelecidos. Alm disso, a pesquisa

    bibliogrfica e a pesquisa em campo por meio de entrevistas apresentam-se como

    tcnicas apropriadas para a natureza dos dados que se deseja coletar.

    Uma vez discutida a escolha do mtodo, sero apresentadas a seguir as etapas

    gerais que envolvem a sua aplicao.

    1.3.2 Etapas gerais

    As etapas gerais da pesquisa compreendem os passos necessrios para a

    aplicao do mtodo escolhido. Essas etapas no so atividades estanques, existindo

    um grau de sobreposio e interao entre elas. A FIGURA 3 apresenta um esquema

    dessas etapas, as quais so discutidas em detalhes a seguir.

  • 10

    Analisarresultados

    Apresentarconcluses

    Coletar dados

    questes

    respostas

    interpretao

    refernciasbibliogrficas

    estadoda arte

    sntese

    pesquisaem campo

    pesquisabibliogrfica

    Selecionartema

    Definir objetivoe justificativas

    Elaborar perguntas depesquisa e variveis

    FIGURA 3 - Viso esquemtica das etapas gerais para aplicao do mtodoescolhido

    1.3.2.1 Seleo do tema

    O tema deste trabalho foi selecionado a partir da observao, feita em visitas

    a diferentes tipos de empresas no Brasil, de que essas empresas encontravam

    dificuldade no momento de definir e gerenciar suas estruturas de produto, bem como

    no diferenciavam o sistema de identificao do de classificao, utilizando um

    mesmo cdigo para essas duas funes. Alm disso, a empresas no conseguiam

    chegar a uma resposta satisfatria para a maioria das suas perguntas relativas ao

    assunto.

  • 11

    Neste contexto, resolveu-se ento desenvolver uma linha de pesquisa, dentro

    do Grupo de Engenharia Integrada da USP So Carlos, que tivesse como objeto de

    estudo os conceitos fundamentais da manufatura integrada, numa tentativa de

    responder no s estas mas tambm outras questes bsicas relacionadas

    manufatura integrada.

    Assim sendo, este o primeiro trabalho dentro do Grupo que investiga o tema

    estrutura de produto, nmero de identificao e sistemas de classificao, tendo por

    objetivo desenvolver uma base para ser explorada por trabalhos futuros.

    Alm disso, este trabalho apoia e est em consonncia com outras linhas de

    pesquisa do Grupo, principalmente com o estudo de sistemas PDM (Product Data

    Management), CAPP (Computer Aided Process Planning) e ERP (Enterprise

    Resource Planning), os quais possuem o gerenciamento da estrutura de produto e o

    sistema de classificao como importantes funcionalidades, bem como manipulam

    nmeros de identificao.

    1.3.2.2 Definio das justificativas e do objetivo

    Uma vez selecionado o tema, definiu-se as justificativas e o objetivo do

    trabalho, os quais j foram apresentados e discutidos respectivamente nas sees 1.1

    e 1.2 deste trabalho.

    1.3.2.3 Perguntas de pesquisa

    Para este trabalho foram elaboradas as seguintes perguntas de pesquisa:

    1. Quais aspectos devem ser considerados no gerenciamento da BOM?

    2. Quais as principais arquiteturas existentes para se estruturar a BOM?

    3. Qual a relao entre identificao, classificao e cdigos significativos?

    4. Como gerenciar a identificao dos itens?

  • 12

    1.3.2.4 Variveis

    Para se atingir o objetivo de caracterizar as alternativas existentes e responder

    as perguntas de pesquisa, sero investigadas duas variveis:

    - Gerenciamento: as prticas que devem permear a criao e manuteno das

    informaes fundamentais estudadas neste trabalho. No caso da BOM, esta

    varivel est associada ao nmero de nveis, preciso, definio de quais

    objetos devem ser incorporados, dentre outros aspectos. Quanto identificao

    esta varivel est associada s regras para assinalar o PN e alter-lo, ao

    relacionamento com o cdigo do desenho, do fornecedor e de barra, etc.

    - Formato: as diferentes formas que as estruturas de produto, nmeros de

    identificao e sistemas de classificao podem assumir. No caso da BOM, o

    formato est associada s arquiteturas: tradicional, modular, de planejamento,

    genrica, de manufatura e de informao. Quanto identificao e classificao,

    essa varivel est relacionada com o uso de sistemas baseados ou no em cdigos

    significativos.

    Pode-se observar que os sistemas de classificao no sero analisados em

    relao varivel gerenciamento. Isso ocorre porque o intuito de se incluir esses

    sistemas no trabalho analisar o impacto na classificao do uso ou no de cdigos

    significativos na identificao (vide seo 1.1). Logo, consider-los apenas sob o

    tica da varivel formato suficiente para a realizao dessa anlise.

    1.3.2.5 Pesquisa bibliogrfica

    A pesquisa bibliogrfica foi iniciada com o levantamento de referncias

    bibliogrficas com informaes relevantes ao tema. Para tanto, foram consultados

    artigos, dissertaes de mestrado, teses de doutorado, anais de congresso, livros,

    revistas, sites da Internet e catlogos de sistemas integrados. Sendo selecionadas em

    torno de 90 referncias para serem incorporadas ao trabalho.

    Conforme orientao de DANE (1990), a estratgia para busca de

    informaes envolveu a identificao dos tpicos-chave, dos autores-chave e dos

    trabalhos-chave. Foram consideradas como informaes relevantes no s as

  • 13

    diretamente relacionadas com o tema, mas tambm as relacionadas com o mtodo

    aplicado neste trabalho.

    Uma vez identificadas as referncias, foi elaborada uma reviso bibliogrfica

    que procurou ser um texto que refletisse o Estado da Arte das pesquisas sobre o

    tema. Na seqncia, foi elaborada uma sntese dos resultados obtidos nesta etapa, os

    quais envolveram as alternativas encontradas na literatura.

    Ao final da pesquisa bibliogrfica foram reavaliadas todas as etapas

    anteriores com o objetivo de se garantir a consonncia entre elas e o estgio atual de

    desenvolvimento das pesquisas sobre o tema.

    importante ainda destacar que apesar da pesquisa bibliogrfica concentrar-

    se nesta etapa do trabalho, esta atividade acontece praticamente durante todo o

    desenvolvimento do trabalho. Desde a seleo do tema at a apresentao dos

    resultados, passando pela definio das justificativas e escolha do mtodo.

    1.3.2.6 Pesquisa em campo

    Como citado anteriormente, a pesquisa em campo foi realizada como uma

    forma de complementar as informaes obtidas na pesquisa bibliogrfica. Para tanto,

    decidiu-se entrevistar especialistas no assunto com objetivo de discutir as alternativas

    encontradas na literatura, e tentar identificar novos aspectos que complementem o

    estudo do tema. Segundo CERVO & BERVIAN (1983), a realizao de entrevistas

    com pessoas de conhecimento notrio sobre um assunto uma das formas de se

    coletar dados em campo.

    A deciso de que o melhor grupo para entrevista seriam especialistas baseou-

    se no fato de que estas pessoas possuem uma grande experincia prtica no assunto, e

    suas respostas no estariam limitadas s prticas de uma empresa, mas poderiam

    englobar um universo maior.

    Esta etapa envolveu seis atividades: elaborao do roteiro e de procedimentos

    para entrevista, definio dos critrios para seleo de especialistas, seleo dos

    especialistas, teste piloto e ajustes, entrevistas, e preparao dos resultados para

    anlise.

  • 14

    O roteiro de entrevista foi elaborado como um conjunto de questes, baseadas

    na sntese obtida na etapa de pesquisa bibliogrfica, que possibilitassem o

    levantamento de informaes predominantemente qualitativas.

    Utilizou-se tambm o conceito de questo de contingncia (DANE, 1990), a

    qual levantada somente se uma certa resposta anterior for fornecida. Esse tipo de

    questo foi utilizada com dois objetivos: possibilitar caminhos alternativos dentro do

    roteiro de acordo com as resposta fornecidas, e evitar induo ou predisposio nas

    respostas.

    Adicionalmente foram considerados, de acordo com as sugestes de PDUA

    (1997), os seguintes itens:

    - a distribuio do tempo entre os tpicos;

    - a formulao de questes cujas respostas possam ser descritivas e analticas,

    evitando assim respostas dicotmicas (sim/no);

    - ateno aos objetivos da pesquisa, evitando que o entrevistado extrapole ou

    desfoque o tema proposto.

    Quanto aos procedimentos de entrevista, estabeleceu-se que a criao de um

    clima de cordialidade e confiana durante as entrevistas seria fundamental para

    garantir a qualidade das repostas obtidas. Alm disso, o entrevistador no emitiria

    nenhuma opinio sobre o assunto, evitando-se assim a induo das respostas, bem

    como anotaria todas as informaes relevantes fornecidas para facilitar a anlise

    posterior (DANE, 1990).

    Como critrio de seleo definiu-se que os especialistas seriam consultores de

    empresas fornecedoras de servios ou software no setor de sistemas integrados. Eles

    deveriam ter experincia comprovada no gerenciamento de projetos de implantao

    de sistemas ERP (Enterprise Resource Planning Sistemas Integrados de Gesto de

    Negcios) ou de integrao desses com outros sistemas integrados que manipulassem

    a BOM, o PN e o CS como informaes importantes.

    Optou-se por consultores porque essas pessoas acumulam a experincia de

    trabalho em diversas empresas, e propem-se a fornecer aos seus clientes as

    melhores prticas atuais e futuras dentro de uma rea do conhecimento.

  • 15

    A participao em projetos relacionados com ERP (implantao ou

    integrao) importante porque as funcionalidades desses sistemas envolvem

    praticamente todos os departamentos e processos de negcio da empresa, e

    consideram as necessidades das diversas reas. Alm dessas duas exigncias, incluiu-

    se que essas pessoas j deveriam ter sido o gerente do projeto em alguma ocasio,

    uma vez que este quem tem a viso mais abrangente do projeto.

    A primeira entrevista realizada foi um teste piloto com um especialista.

    Segundo DANE (1990), este teste deve utilizar exatamente o mesmo roteiro e

    procedimentos que se deseja aplicar nas demais entrevistas. Entretanto, esta

    entrevista preliminar possibilita que seja feito um ajuste fino dos instrumentos de

    pesquisa.

    Foram realizadas ento quatro entrevistas, sendo as respostas obtidas

    interpretadas e preparadas para anlise. Mais detalhes sobre essas etapas podem ser

    encontradas no Captulo 3, o qual apresenta os especialistas escolhidos, como

    ocorreram as entrevistas e a preparao dos dados para anlise. Uma cpia do roteiro

    de entrevista encontra-se no Anexo.

    1.3.2.7 Anlise dos resultados

    A etapa de anlise dos resultados envolve a consolidao dos resultados

    obtidos nas duas etapas de coleta de dados: a sntese da literatura (resultado da

    pesquisa bibliogrfica) e a interpretao das respostas dos especialistas (resultado da

    pesquisa em campo). Foi dada especial ateno s semelhanas e diferenas

    encontradas entre os dois resultados.

    1.3.2.8 Apresentao das concluses

    Com base na anlise dos resultados obtidos na pesquisa bibliogrfica e em

    campo, foram elaboradas algumas concluses envolvendo as alternativas existentes

    para BOM, PN e CS.

  • 16

    Considerando-se que o conhecimento cientfico cumulativo e que no

    existem trabalhos definitivos sobre um assunto (PDUA, 1997) (DANE, 1990),

    pesquisas futuras podero valer-se das concluses apresentadas para elaborar

    hipteses e verificar sua validade em uma amostra mais ampla que a estudada, e,

    caso proceda, generaliz-las.

    importante tambm destacar que o mtodo empregado no se restringe a

    esta seo, cujo objetivo fornecer uma viso geral, na verdade ele permeia todo

    trabalho, estando distribudo ao longo dos captulos.

    1.4 Organizao deste trabalho

    O captulo 1 - Introduo discorre sobre a importncia das informaes

    fundamentais como fatores que influenciam o desempenho das empresas e dos

    sistema integrados. justificada ento a escolha da estrutura de produto, do nmero

    de identificao e do sistema de classificao como temas centrais do trabalho. Em

    seguida, apresentado o objetivo que foi estabelecido a partir da problemtica

    identificada anteriormente. Por fim, discutida a escolha do mtodo e as etapas que

    envolvem a sua aplicao.

    O captulo 2 - Estado da Arte discute, sobre o ponto de vista da literatura, as

    principais alternativas existentes para apoiar as atividades de gerenciamento e

    estruturao das informaes fundamentais focadas neste trabalho. Como resultado

    das investigaes realizadas, apresentada, no final, uma sntese dos principais

    pontos discutidos ao longo do captulo.

    A caracterizao das alternativas complementada no captulo 3 - Coleta de

    Dados em Campo e Anlise dos Resultados com a entrevista de especialistas na rea.

    discutida a realizao das atividades que compem a pesquisa em campo,

    incluindo a escolha dos especialistas. So apresentados ainda os resultados obtidos

    sob a forma da interpretao das respostas dos especialistas s questes do roteiro de

    entrevista. Esses resultados so analisados e comparados com os obtidos na etapa de

    pesquisa bibliogrfica.

  • 17

    O ltimo captulo, o de nmero 4 - Concluses, apresenta as principais

    concluses que podem ser tiradas do trabalho, e algumas sugestes de trabalhos

    futuros que podem ser realizados utilizando-se este como ponto de partida. Existe

    ainda um Anexo, no qual est includo o roteiro utilizado para entrevistar os

    especialistas.

  • 18

    2 ESTADO DA ARTE

    2.1 Estrutura de produto

    2.1.1 Definies

    Segundo definiu a AMERICAN PRODUCTION AND INVENTORY

    CONTROL SOCIETY (APICS)6, em 1992, a estrutura de produto (BOM - bill of

    material) uma lista de todas as submontagens, componentes intermedirios,

    matrias-primas e itens comprados que so utilizados na fabricao e/ou montagem

    de um produto, mostrando as relaes de precedncia e quantidade de cada item

    necessrio.

    Um exemplo simples de BOM pode ser visto na FIGURA 4, na qual o item A

    composto por quatro unidades do item comprado C e duas do item B, que consome

    em sua fabricao uma unidade da matria-prima D.

    Matria-prima D

    Item A

    Item B Item C

    2x 4x

    1x

    FIGURA 4 - Exemplo de estrutura de produto

    6 Recentemente o significado da sigla APICS foi alterado de American Production andInventory Control Society para o atual Educational Society for Resource Management, essaalterao um reflexo dos novos direcionamentos definidos para a entidade.

  • 19

    CLEMENT et al. (1992) acrescentam que, alm desses objetos, a BOM

    tambm pode conter outros, tais como, instrues de trabalho ou ferramentas

    requeridas para suportar o processo de manufatura.

    Devido grande diversidade de objetos que a BOM pode conter, necessrio

    definir uma nomenclatura padro para que o uso de cada um deles seja diferenciado e

    entendido. Segundo a APICS (1992), os objetos da BOM podem ser classificados

    em:

    - Item (item): qualquer matria-prima, pea, embalagem, componente,

    submontagem, montagem ou produto nico fabricado ou comprado.

    - Componente (component): matria-prima, pea ou submontagem que utilizada

    numa montagem de nvel mais alto, ou em outro item. Esse termo pode incluir

    tambm embalagens no caso de itens finais.

    - Pea (part): geralmente um item isolado comprado ou fabricado que usado

    como componente e no uma montagem ou submontagem, nem matria-prima.

    Neste trabalho ser acrescentada a classe de objeto material a essa

    classificao, com o objetivo de torn-la mais abrangente e em consonncia com

    diversos sistemas integrados existentes:

    - Material (material): produtos finais, montagens, submontagens, peas, matria-

    prima, informaes, recursos ou servios utilizados durante o processo produtivo.

    Apesar de CLEMENT et al. (1992) e CHEN & HSIO (1997) identificarem

    existncia de objetos como este na BOM, no especificada uma nomenclatura.

    Assim sendo, o nome material foi selecionado como conseqncia da BOM poder

    ser traduzida para o portugus como lista de materiais, logo seu objeto mais

    genrico o material.

    CHEN & HSIO (1997) destacam que, alm dos itens tradicionalmente

    incorporados BOM, preciso estender o conceito de "material" para as

    informaes associadas ao produto, como modelos geomtricos, desenhos, planos de

    processo e outros documentos de suporte elaborados durante os processos de

    desenvolvimento e alterao do produto. Dessa forma, a BOM passa a exercer um

  • 20

    papel chave como a espinha dorsal (backbone) dos sistemas de gerenciamento de

    dados de produtos (PDM - Product Data Management).

    CLEETUS (1995) e KEMPFER (1998b) acrescentam que essa unificao dos

    dados do produto numa mesma fonte possibilita que as pessoas naveguem nas

    informaes atravs da BOM, tornando o processo de busca e acesso mais rpido e

    fcil.

    Um esquema com as relaes de precedncia entre os objetos da BOM

    apresentado na FIGURA 5.

    Materialqualquer recurso, informao ou servio

    usado durante o processo produtivo

    Item item pai

    Componente(item filho)

    matria-primaembalagem

    submontagensmontagens

    Pea(compradas e fabricadas)

    FIGURA 5 - Objetos da estrutura de produto

    Como citado anteriormente, a BOM baseada na relao pai/filho entre itens.

    O item que est sendo produzido chamado item pai, e os itens requeridos na sua

    produo so chamados itens filho ou componentes. Dessa forma, na BOM de um

    eixo usinado, esse eixo o item pai e a barra laminada, utilizada como matria-

    prima, o item filho. Se o mesmo eixo foi utilizado numa montagem posterior, ele

    passa agora a ser um item filho do novo item montado.

    Toda vez que estabelecida uma relao pai/filho entre um item e seus

    componentes diretos, a BOM formada chamada BOM de nvel simples. Uma BOM

    multinvel formada quando as BOMs de um nvel so associadas desde as matrias-

  • 21

    primas e itens comprados at o produto final, resultando em uma BOM com dois ou

    mais nveis. Isso ocorre atravs uma tcnica chamada exploso (SCHLUSSEL,

    1995). Dessa forma, todos os itens utilizados direta ou indiretamente na produo de

    um produto podem ser visualizados (GUESS, 1985).

    Um nvel criado numa BOM quando a relao entre um item pai e seus

    componentes definida. Os nveis de uma BOM so basicamente determinados a

    partir da forma como os itens intermedirios e semi-acabados so tratados no

    processo de manufatura desde a matria-prima e os itens comprados at o produto

    final (SCHLUSSEL, 1995) (CLEMENT et al., 1992). Em uma BOM multinvel, o

    produto final eqivale ao nvel zero da BOM, seus componentes diretos so o nvel

    1, e assim sucessivamente.

    Quando os relacionamentos de um nvel so estabelecidos para itens pai e

    filho, os sistemas de informao podem planejar, custear, e fornecer todas os tipos de

    informao para os nveis simples ou multinveis (CLEMENT et al., 1992).

    A FIGURA 6 apresenta uma BOM que resume os principais conceitos

    discutidos nesta seo.

    produto

    montagem 1 embalagemmontagem 2

    submontagem 2submontagem 1

    pea comprada pea fabricada

    matria-prima

    ...

    ...

    ...

    Exemplo de BOM de um nvel

    1x1x 2x

    1x1x

    2x 1x

    D x L

    Item pai

    Item filho oucomponente

    nve

    l 0n

    vel 1

    nve

    l 2n

    vel 3

    nve

    l 4

    FIGURA 6 - Esquema de uma estrutura de produto multinvel

    Como exemplo final, a FIGURA 7 ilustra os componentes de um projetor,

    cuja BOM mostrada na FIGURA 8. Na montagem da cabea do projetor so

  • 22

    utilizados um espelho, uma lmpada e uma caixa, os quais formam uma BOM de um

    nvel, para a qual esto estabelecidas as relaes de precedncia entre o item pai e os

    itens filho, bem como as quantidades necessrias. Na montagem do produto final, o

    projetor, utilizada a cabea montada anteriormente mais uma base e um brao.

    Base

    Brao

    Cabea

    Caixa Lmpada Espelho

    FIGURA 7 - Produto projetor simplificado (MAROLA, 1995)

    Projetor

    BaseBrao Cabea

    LmpadaEspelhoCaixa

    1x 1x

    1x

    1x

    1x 1x

    Exemplo de BOM de um nvel

    nv

    el 0

    nv

    el 2

    nv

    el 1

    FIGURA 8 - Estrutura de produto multinvel do projetorAdaptado de MAROLA (1995)

  • 23

    2.1.2 Preciso

    Uma vez que a BOM representa os produtos de uma empresa, erros em sua

    estrutura implicaro em erros nos produtos produzidos.

    Diante disso, CLEMENT et al. (1992) definem que a BOM deve ter uma

    preciso entre 98 e 100 porcento. Isso significa que no mnimo 98% de todas as

    BOMs de um nvel precisam estar 100% corretas. Casos prticos tm mostrado que

    sistemas MRP (Material Requirement Planning) que trabalham com BOMs cuja

    preciso menor que 98% simplesmente falham.

    Ainda segundo CLEMENT et al. (1992), a preciso de uma BOM medida a

    cada nvel simples de uma BOM multinvel. A frmula para o clculo da preciso da

    BOM, form.(1), relaciona o nmero total de BOMs de um nvel corretas (sem

    nenhum tipo de erro) ao nmero total de auditadas.

    (%)Pr100.

    .eciso

    auditoriasncorretasn = (1)

    Os erros encontrados podem estar em informaes incorretas ou omitidas no

    nmero de identificao, nas relaes entre um item pai e seus componentes, nas

    quantidades necessrias e nas unidades de medida (GARWOOD, 1995). CLEMENT

    et al. (1992) destacam a importncia da BOM ser completa, incluindo todos os

    materiais utilizados no planejamento, programao e controle da produo, e que so

    utilizados no clculo do custo do produto. Esses materiais normalmente incluem

    embalagem, matria-prima, ferramentas consumidas, dentre outros.

    CLEMENT et al. (1992) enumeram tambm diversos problemas encontrados

    quando uma BOM no precisa nem completa:

    - contnuo debate sobre essas informaes;

    - ms decises baseadas em informaes incorretas;

    - incapacidade de tomar decises devido a informaes pobres ou devido a sua

    inexistncia;

    - mau planejamento e execuo das atividades relacionadas;

    - falta de credibilidade nos sistemas de informao.

  • 24

    ELSTER (1996) acrescenta a esses problemas os custos decorrentes da falta

    de preciso na BOM:

    - atrasos nas entregas;

    - excesso de inventrio ou falta de itens;

    - uso ineficiente dos recursos;

    - aumento dos custos de produo;

    - frustrao dos empregados e baixo moral;

    - perda da integridade da configurao do produto.

    ELSTER (1996) e GARWOOD (1995) descrevem alguns mtodos para

    auxiliar na medio da acuracidade da BOM, os quais devem ser utilizados por um

    time multifuncional que envolva os principais usurios da BOM:

    - montar um produto ou componente de acordo com as informaes da BOM;

    - monitorar qualquer item com sada ou entrada em quantidade diferente da

    planejada no estoque;

    - observar os excessos de inventrio, os quais podem estar indicando que um

    processo est sendo mais suprido do que o necessrio;

    - desmontar um produto ou componente e confrontar com os itens requeridos pela

    BOM;

    - calcular o custo acumulado de todos os materiais utilizados na fabricao do item

    usando a BOM (cost roll-up), e compar-lo com o custo real;

    - ficar atento ao feedback do cho-de-fbrica;

    - revisar as informaes armazenadas (arquivos mestre de item, planos de

    processo, BOM, etc.).

    GARWOOD (1995) destaca ainda que em ambientes com poucos pontos de

    estoques de itens intermedirios (principalmente quando o Just in Time est

    implantado) ou com BOMs achatadas (assunto que ser discutido posteriormente)

    mais difcil atingir altos ndices de preciso.

  • 25

    Por exemplo, se um produto com uma BOM de um nvel e 100 itens possui

    apenas um componente errado, significa que a sua preciso zero. Entretanto,

    considere agora um outro produto que possui nove componentes cada qual com mais

    10, num total de 10 BOMs de um nvel e 100 itens. Se um componente estiver

    errado, a acuracidade passar a ser 90%. Dessa forma, nota-se que quanto mais

    achatada a BOM, eliminado nveis desnecessrios, mais difcil atingir os 100%

    de preciso (GARWOOD 1995).

    Por outro lado, GIANESI et al. (1997) discutem que o valor de 98% uma

    medida simblica, visto que quando se pensando num processo de melhoria contnua,

    qualquer valor diferente de 100% ser considerado inadequado. Acrescenta ainda que

    qualquer erro de preciso implicar em maior incerteza nas atividades de

    planejamento e nas tomadas de deciso, resultando, por exemplo, em maiores

    estoques e atrasos nas entregas.

    2.1.3 Estrutura de produto achatada

    A BOM mais simples possvel a de dois nveis, um com as matrias-primas

    e itens comprados, e outro com o produto final. A nica razo para a criao de mais

    nveis so as necessidades do planejamento e controle da produo (PCP), como por

    exemplo a criao de submontagens ou itens intermedirios que precisam ser

    estocados (GARWOOD, 1995). Outras necessidades, como a estrutura de desenhos,

    devem ser conciliadas com as do PCP.

    GUESS (1985) apresenta alguns valores de referncia para o nmero de

    nveis que uma BOM deve ter:

    - 3 a 5 nveis vo satisfazer as necessidades de representao da maioria dos

    produtos manufaturados;

    - 6 a 8 nveis s so justificveis para os produtos mais complexos;

    - mais de 9 nveis significa uma aplicao inadequada dos nmeros de

    identificao e de suas relaes de pai/filho, e/ou que esses nmeros de

    identificao esto sendo aplicados no lugar de nmeros de operao do plano de

    processo.

  • 26

    Toda BOM com mais de dois nveis deve ser revisada para identificar

    oportunidades para ela ser achatada (traduo livre do ingls flattened ou shallow

    bill of material). No processo de achatar e simplificar a BOM deve-se ter sempre

    em mente que a BOM precisa representar os processos de manufatura necessrios

    para a produo do produto final, e no o contrrio (GARWOOD, 1995).

    Para auxiliar o processo de achatamento, ELSTER (1996) desenvolveu um

    checklist para identificar nveis da BOM que possam ser eliminados ou modificados:

    - Quantos nveis esto includos na BOM?

    - Existem informaes suficientes para todos os usurios?

    - Existem informaes que deveriam estar no plano de processo?

    - Ela representa os processos de manufatura?

    - Ser produzido um produto que vai de encontro ao projeto da engenharia?

    - amigvel ao usurio?

    - Algum nvel foi criado para auxiliar atividades como custeio, planejamento da

    capacidade, identificao de refugo (scrap) ou status do WIP (Working in

    Process) (todos so candidatos potenciais para eliminao)?

    Segundo ainda ELSTER (1995), as empresas de manufatura precisam

    achatar as suas BOMs, uma vez que as vantagens resultantes so inmeras:

    reduo na movimentao de materiais, menos BOMs para dar manuteno, menos

    erros na entrada de dados, reduo do lead time, reduo do nmero de transaes de

    inventrio e ordens de produo, menos espao necessrio para armazenamento no

    computador e melhoria no tempo de resposta, reduo do inventrio, reduo nas

    atividades administrativas, etc.

    Maiores detalhes e exemplos de aplicao da BOM achatada podem ser

    encontrados em ELSTER (1996) e em GARWOOD (1995).

    Por fim, CLEMENT et al. (1992) acrescentam que a tcnica de DFA (Design

    for Assembly) tambm pode ser aplicada no processo de achatamento da BOM.

    O DFA uma anlise quantitativa do projeto do produto com base no nmero

    de componentes e na facilidade de montagem, bem como uma metodologia para a

  • 27

    reduo de custos atravs da simplificao do processo de montagem (BRALLA,

    1986). Assim, por meio da combinao e eliminao de itens, essa tcnica contribui

    para a reduo de nveis da BOM.

    2.1.4 Perfis

    O perfil da BOM determinado por meio da exploso das configuraes

    possveis para o produto final em todos os seus componentes, isto , submontagens,

    componentes intermedirios, matrias-primas e itens comprados, sendo todas as

    relaes pai/filho demonstradas. importante destacar que a habilidade da empresa

    em gerenciar as informaes e a produo de qualquer produto final comea na

    identificao do perfil da sua BOM (GUESS, 1985).

    Apesar de existir uma grande variedade de produtos e/ou famlias de produtos

    com diferentes quantidades de itens e nveis, existem diversas similaridades entre

    seus perfis, os quais podem ser divididos em quatro grupos distintos, conforme a

    FIGURA 9.

    Produto final

    Item compradoMatria-prima A B C D

    nvel de menor variao na configurao

    FIGURA 9 - Perfis de estrutura de produtoAdaptado de GUESS (1985) e CLEMENT et al. (1992)

    A BOM com perfil A representa produtos com uma variedade muito pequena

    de itens finais produzidos a partir de um nmero tambm muito pequeno de matrias-

    primas e itens comprados. O perfil B possui tambm poucas configuraes possveis

    para o produto final, entretanto a partir de um nmero maior de itens iniciais e

    intermedirios. Nesses dois tipos de perfil, a configurao do item final

    essencialmente sempre a mesma.

  • 28

    O perfil C eqivale a um produto com uma larga variedade de configuraes

    finais produzidas a partir de um limitado nmero de itens intermedirios. Segundo

    CLEMENT et al. (1992), um caso tpico de produto com esse perfil de BOM o

    automvel, para o qual pode ser combinada uma variedade de opes (cor, motor,

    acabamento, equipamentos, rodas, pneus, etc.), resultando num grande nmero de

    configuraes possveis para o produto final.

    Por fim, o perfil D representa um produto tambm com uma larga variedade

    de configuraes finais, entretanto produzido a partir de um pequeno nmero de itens

    comprados e matrias-primas. Segundo CLEMENT et al. (1992), os produtos da

    indstria txtil normalmente possuem esse tipo de perfil de BOM. Por exemplo,

    centenas de camisetas com estilos e cores diferentes podem ser fabricadas a partir de

    algumas variedades de tecidos e tinturas.

    Em contraste com os dois tipos apresentados inicialmente, os perfis C e D

    representam famlias de produtos com grande variedade de configuraes possveis

    para o item final.

    A variao da largura ao longo dos perfis da FIGURA 9 representa a variao

    relativa na quantidade de configuraes possveis em cada um dos nveis da BOM. A

    seo mais estreita desses perfis representa o nvel de menor variao de

    configurao. A habilidade de planejar e controlar o produto ao longo do seu

    processo de manufatura expandida quando o nvel de menor variao de

    configurao focado. As implicaes dessa abordagem sero discutidas com mais

    detalhes quando forem apresentadas as arquiteturas modular e de planejamento para

    a BOM.

    2.1.5 Pseudo itens e fantasmas

    Os itens fantasmas e pseudo itens so dois tipos especiais de item que

    auxiliam as empresas de manufatura no seu objetivo de transformar a BOM numa

    representao dos seus processos e produtos.

    Segundo CLEMENT et al. (1992), itens fantasmas so aqueles produzidos no

    processo de manufatura, possuindo pais definidos, porm no so tipicamente

  • 29

    estocados. Apesar de existirem fisicamente, so rapidamente consumidos como

    componentes do item de nvel imediatamente superior na BOM. Os softwares de

    MRP geralmente reconhecem os itens fantasmas, e planejam suas necessidades,

    entretanto esses itens no so programados, e de regra possuem lead time zero. Essa

    regra estabelecida porque os itens fantasmas s so fabricados quanto de fato forem

    requisitados para a montagem do item no nvel imediatamente superior.

    Um exemplo de item fantasma a submontagem de um eixo com pinho e

    um par de rolamentos. Esse item consumido rapidamente na linha de montagem de

    um redutor. Por que criar um fantasma para essa submontagem? Um motivo o

    inventrio residual que essa submontagem pode ter, o qual surge quando a

    quantidade de redutores a ser montada reduzida devido ao ndice de refugo acima

    do previsto de algum de seus componentes. Uma vez identificado, o inventario

    residual pode ser considerado num prximo planejamento de necessidades.

    GARWOOD (1995) acrescenta que medida que os conceitos de Just in

    Time (JIT) so incorporados nos processos de produo, a questo do inventrio

    residual reduzida e a necessidade por itens fantasmas minimizada.

    Segundo APICS (1992), um pseudo item um coleo artificial de

    componentes que so agrupados para propsitos de planejamento. Ao contrrio dos

    itens fantasmas, entretanto, os componentes do pseudo item no podem ser

    manufaturados juntos para produzir um item pai que exista fisicamente. Por essa

    razo os pseudo itens nunca possuem inventrio.

    Um exemplo de pseudo item so os itens comuns de uma famlia de produtos.

    Durante a programao mestre da produo (MPS Master Production Schedule),

    esses itens utilizados em todas as configuraes so agrupados e tero previso igual

    a 100% dos produtos vendidos.

    No caso de uma linha de carros em que as rodas, os bancos e os vidros so

    comuns a todos os modelos, esses itens, apesar de no poderem ser montados juntos,

    seriam componentes de um mesmo item pai (um pseudo item) numa BOM de

    planejamento (assunto a ser discutido na seo 2.1.6.1). Como esses itens sero

    montados em todos os modelos fabricados, a previso da quantidade necessria ser

    igual ao nmero de carros que se espera vender.

  • 30

    Segundo GUESS (1985), os itens fantasmas aumentam a flexibilidade de

    configurao dos itens finais sem penalizar os custos com inventrio. O maior

    problema entretanto o aumento do nmero de nveis da BOM, prejudicando a

    constante busca por uma BOM mais achatada.

    2.1.6 Arquiteturas

    De acordo com as caracterstica de cada tipo de negcio e produto, a BOM

    pode assumir diferentes arquiteturas, alm da estrutura multinvel tradicional j

    apresentada. Apesar da nomenclatura utilizada variar bastante na literatura sobre o

    assunto, a utilizada abaixo uma adaptao das classificaes utilizadas por APICS

    (1992), CLEMENT et al. (1992), GARWOOD (1995) e GUESS (1985).

    2.1.6.1 Estrutura de produto modular e de planejamento

    Conforme visto na FIGURA 9, a BOM pode ter diferentes perfis. Algumas

    empresas oferecem um reduzido nmero de configuraes para seus produtos finais.

    Dessa forma, podem fazer a previso de vendas e o planejamento mestre de produo

    (MPS Master Production Schedule) no nvel de produtos finais, uma vez que esse

    o nvel de menor variao na configurao, mantendo uma BOM para cada um

    desses produtos.

    Entretanto, com o aumento da competitividade mundial, o mercado

    consumidor passou a exigir um tratamento individualizado, fazendo com que as

    empresas, entre outras medidas, oferecessem produtos com uma grande variedade de

    configuraes possveis (os dois perfis direita da FIGURA 9), para assim tentar

    atender s necessidades e desejos especficos de cada cliente. Neste novo cenrio, a

    modularidade do produtos passou a ser uma importante vantagem competitiva

    (FEITZINGER & LEE, 1997).

    De acordo com BALDWIN & CLARK (1997), modularidade a capacidade

    de se construir um produto ou processo complexo a partir de subsistemas menores

    (chamados mdulos), os quais podem ser projetados independentemente e ainda

    assim funcionar juntos como um todo.

  • 31

    Segundo ORLICKY (1972) e GARWOOD (1995), se um produto possui

    muitas opes de escolha de itens, o nmero de combinaes possveis tornam-se

    muito grande, dificultando a previso de vendas e o planejamento mestre de

    produo de cada item final. Alm disso, se for mantida uma BOM para cada

    configurao diferente do produto, o espao requerido pode ser muito grande,

    envolvendo altos custos de armazenagem e manuteno.

    GARWOOD (1995) comenta que apesar de parecer bvio, muitas pessoas

    esquecem que os computadores tm uma capacidade finita de armazenamento.

    A soluo para este problema a utilizao da BOM modular. Ao invs de se

    manter uma BOM para cada produto final possvel dentro de uma famlia, so

    identificadas as opes para cada um dos seus componentes, as quais so organizadas

    em mdulos. Essa anlise deve ocorrer no nvel de menor variao na configurao,

    reduzindo assim o nmero de itens manipulados na previso de vendas e no

    planejamento mestre de produo.

    Os itens comuns podem ser agrupados em pseudo itens, uma vez que so uma

    coleo artificial de componentes que no podem ser utilizados na fabricao ou

    montagem do item pai, sendo criados apenas com propsitos de planejamento. Esses

    itens estaro sempre presentes na BOM, independente das outras opes escolhidas.

    Segundo GARWOOD (1995), achar itens comuns deve ser considerado um bnus e

    no uma necessidade durante o processo de modularizao.

    Ainda segundo GARWOOD (1995), outra razo para utilizar a BOM modular

    acontece nos casos em que o lead time de manufatura maior do que o lead time de

    entrega aceito pelo consumidor. Nesses casos, a modularizao pode suportar a

    implantao da estratgia de estoque assemble-to-order, reduzindo o tempo entre a

    entrada do pedido do cliente e a entrega. A previso de vendas feita no nvel dos

    mdulos, os quais so fabricados e estocados. Quando ocorre um pedido do cliente, a

    configurao desejada produzida utilizando-se os mdulos previamente preparados.

    FEITZINGER & LEE (1997) acrescentam que a abordagem modular

    possibilita que as atividades de diferenciao dos produtos para um pedido especfico

    do cliente sejam adiadas at o ltimo momento possvel dentro da cadeia de

    fornecimento, obtendo-se assim os diversos benefcios inerentes a essa prtica.

  • 32

    Para ilustrar os conceitos apresentados, discutido a seguir um exemplo de

    aplicao adaptado de MATHER (1986).

    Uma fbrica fictcia de guindastes oferece o seu produto com diferentes

    configuraes possveis, FIGURA 10, o cliente pode optar entre 10 variedades de

    motor, 10 de tambor, 4 de redutor e 2 de controle, sendo o gancho padro para todos

    os produtos dessa famlia, e no havendo conflito de projeto entre nenhuma das

    opes.

    TAMBOR10 variedades REDUTOR

    4 variedadesMOTOR

    10 variedades

    GANCHOpadro

    CONTROLE2 variedades

    FIGURA 10 - Configuraes possveis do guindaste (MATHER, 1986)

    Essa fbrica tem encontrado um problema. Os clientes querem que os

    guindastes sejam entregues no mximo 8 dias aps a entrada do pedido de compra.

    Entretanto o lead time total para a produo dos guindastes de 22 dias. Logo a

    empresa precisa comear a produzir o guindaste antes do pedido.

    Por outro lado, impossvel para a empresa trabalhar com o conceito de

    make-to-stock no nvel dos produtos finais, pois precisaria fazer uma preciso de

    vendas para as 800 configuraes diferentes possveis (10 motores x 10 tambores x 4

    redutores x 2 controles x 1 gancho), contra uma demanda mensal de apenas 50

    guindastes. A conseqncia seria um alto nvel de inventrio e uma baixa preciso

    nas previses feitas.

    Alm disso, a empresa mantinha uma BOM para cada um dos itens finais,

    exigindo um grande espao para armazenamento e um grande esforo de

    manuteno. Se o gancho usado fosse substitudo por outro, todas as BOMs teriam

  • 33

    que ser alteradas. Ou se fosse adicionada mais uma opo de gancho, o nmero de

    BOMs dobraria.

    Entretanto, pode-se observar que todos os 50 guindastes produzidos

    mensalmente possuem sempre o mesmo gancho. Prever a quantidade mensal de cada

    um dos dois controles numa demanda de 50 tambm no um problema difcil.

    Aplicando-se a mesma lgica para cada elemento projetado reduz-se o problema de

    previso de 800 itens finais para apenas 27 variantes (10 motores + 10 tambores + 4

    redutores + 2 controles + 1 gancho), que um nmero muito mais aceitvel e fcil de

    gerenciar. Adiciona-se a isso o fato do item com maior variantes possuir apenas 10

    possibilidades.

    Esse raciocnio nada mais do que pensar o produto e sua BOM como

    modulares, nos quais as variantes apresentam-se como opes a serem escolhidas

    pelo cliente. Outro benefcio dessa abordagem a reduo do nmero de BOMs que

    deve ser gerenciada, e conseqente reduo do espao para armazenamento e do

    esforo de manuteno. A FIGURA 11 apresenta a BOM antes e depois da

    modularizao.

    op. 1

    op. 10

    ...op. 1

    op. 10

    ...op. 1

    op. 4

    ...op. 1

    op. 2

    1x

    GUINDASTE1x1x 1x

    MOTOR COMUMCONTROLETAMBOR REDUTOR

    gancho1x

    FIGURA 11 - Modularizao da estrutura de produto do guindaste

  • 34

    A definio do nvel da BOM no qual ser realizada a modularizao depende

    do lead time de entrega que a empresa vai oferecer a seus clientes e das

    caractersticas do produto e seus componentes.

    A modularizao da BOM tambm permitiu empresa trabalhar com o

    conceito de assemble-to-order para o produto final, e atender os clientes dentro do

    prazo que eles desejam. A FIGURA 12 mostra os lead times de produo dos

    componentes e de montagem do guindaste. Antes da modularizao, devido

    incerteza de previso, ou a empresa mantinha altos nveis de estoque para atender o

    cliente dentro do prazo desejado por ele, ou demorava 22 dias para atend-lo. Agora,

    os componentes motor, controle, tambor, gancho e redutor tm sua demanda prevista

    e produzida para estoque, sendo o produto final montado a partir das opes

    escolhidas no pedido do cliente.

    GUINDASTE

    MOTOR

    GANCHO

    CONTROLE

    TAMBOR

    REDUTOR

    LT = 5 dias

    LT: 7dias

    LT = 6 dias

    LT = 10 dias

    LT = 15 dias

    LT = 8 dias LT: lead time

    FIGURA 12 - Lead times para a produo do guindaste

    Como ferramenta auxiliar BOM modular nas atividades de previso de

    vendas e programao mestre da produo (MPS), foi criada a estrutura de produto

    de planejamento, a qual apresenta apenas o produto e o nvel com as opes

    disponveis para os componentes. A cada opo do item associada a porcentagem

    do seu mix de produo.

  • 35

    Segundo GARWOOD & RICE (1996), como no necessrio fazer a

    previso para todas as opes de um componente, algumas podem ficar fora da BOM

    de planejamento. Por exemplo, se um componente possui 5 opes, mas 3 esto

    disponveis em um lead time curto que no compromete a concluso do produto

    final, a previso pode ser realizada apenas para as outras 2 opes.

    Um exemplo de BOM de planejamento para o guindaste apresentada na

    FIGURA 13. Os itens comuns sempre tero previso de 100%. Caso existam dois ou

    mais itens comuns a serem planejados, estes sero agrupados num pseudo item, visto

    que compem uma coleo artificial de componentes. MATHER (1986) sugere que

    sejam adicionadas s porcentagens coeficientes de segurana para diminuir o efeito

    dos erros inerentes a uma previso.

    op.1=13%

    op.10=8%

    ...op.1=9%

    op.10=7%

    ...op.1=27%

    op.4=18%

    ...op.1=70%

    op.2=40%

    GUINDASTE

    MOTOR COMUMCONTROLETAMBOR REDUTOR

    gancho(100%)

    FIGURA 13 - Estrutura de produto de planejamento do guindaste

    MATHER (1986) destaca a importncia de utilizar a BOM modular e de

    planejamento como integradores das atividades de previso de vendas, programao

    mestre da produo e projeto. Desde a fase de criao do produto deve-se pensar na

    estrutura modular voltada para a reduo de nveis, nmero de componentes e lead

    time.

    CLEMENT et al. (1992) ponderam que apesar de algumas empresas

    utilizarem uma estrutura geral que contm todos os componentes possveis para seu

    produto modular, na qual so acrescentados e retirados itens de acordo com o pedido

    do cliente, essa no uma prtica recomendada, uma vez que no permite uma

    previso de vendas acurada e oferece um controle de configuraes pobre.

  • 36

    De forma resumida, pode-se dizer que a BOM modular indicada em trs

    situaes:

    - lead time acumulado de manufatura excede lead time de entrega aceito pelo

    cliente;

    - impraticvel planejar e prever no nvel do item final;

    - o nmero de configuraes oferecidas compromete o armazenamento e a

    manuteno eficiente das informaes.

    Diversos autores, como CLEMENT et al. (1992), GARWOOD (1995) e

    ELSTER (1996), enumeram uma srie de vantagens do uso da BOM modular, as

    quais podem ser resumidas em:

    - reduo do nmero de BOMs, do espao necessrio para armazenamento e do

    esforo de manuteno;

    - tempo de resposta melhor, com a reduo do lead time de entrega ao cliente;

    - reduo de custos e inventrio;

    - reduo do nmero de itens envolvidos na previso de vendas e na programao

    mestre da produo;

    - oportunidade para repensar porque a empresa oferece determinado nmero de

    opes;

    - maior facilidade para gerenciar produtos configurveis e controlar as mudanas

    de engenharia;

    - entrada de pedidos mais fcil, rpida e com menor probabilidade de erro quando

    apoiada por um sistema de configurao do produto.

    CLEMENT et. al. (1992) destaca que para obter todas essas vantagens, a

    empresa precisa compreender que existiro implicaes potenciais e estas devem ser

    gerenciadas ao decidir-se por implantar a BOM modular. Por exemplo, o material de

    divulgao e de configurao do produto utilizado em vendas deve ser repensado

    para refletir essa forma de se enxergar o produto.

  • 37

    Por fim, CLEMENT et. al. (1992) sugere os passos que devem ser seguidos

    quando se modulariza a BOM7:

    - selecionar um produto representativo de cada famlia, e esquematizar o processo

    de manufatura com lead time para os mltiplos nveis de cada produto;

    - discutir e entender quando encontrar o cliente (lead time de entrega competitivo

    versus lead time acumulado na manufatura);

    - decidir as estratgias de estoque (make-to-stock, make-to-order, assemble-to-

    order ou engineer-to-order);

    - para produtos assemble-to-order, desenvolver a BOM modular e de

    planejamento:

    a) determinar peas e componentes comuns a todos os produtos da

    famlia;

    b) determinar componentes que dependem da opo de produto;

    c) identificar quais desses componentes so utilizados em mais de

    uma opo (avaliar a possibilidade de reprojeto para eliminar

    diferenas) ;

    d) desenvolver a previso de venda de opes de produto em

    porcentagens;

    e) identificar oportunidades para reduzir o nmero de nveis da

    BOM;

    - estabelecer que a manuteno da BOM de planejamento responsabilidade

    conjunta da programao mestre da produo, vendas e marketing;

    - desenvolver o processo de entrada de uma nova ordem de produo,

    principalmente o processo de configurao do produto durante a venda;

    - assegurar a integrao das BOMs existentes na empresa com o objetivo de

    alcanar uma BOM nica para a empresa.

    7 As estruturas de produto para informao podem ser utilizadas para auxiliar alguns dospassos propostos.

  • 38

    Esta seo apresentou os principais conceitos relacionados com a

    modularizao da BOM. Discusses complementares podem ser encontradas em

    vrios trabalhos sobre o tema. A seguir encontram-se os resumos de alguns desses

    trabalhos.

    KNEPPELT (1984) e PROUD & GOINS (1993) revisam os principais

    conceitos relacionados com a BOM modular e a de planejamento, discutindo a

    aplicao no contexto da programao mestre da produo (MPS) e das estratgias

    de estoque, bem como apresentam os principais benefcios obtidos com a sua

    implantao.

    EDELMAN (1990) apresenta uma metodologia para a modularizao da

    BOM, discutindo passo a passo a sua aplicao em um produto exemplo.

    apresentado tambm um checklist para verificar se uma BOM foi modularizada

    adequadamente.

    GRAUF & LEIGHTON (1990) discutem os pontos que precisam ser

    considerados para se garantir o sucesso da implantao da BOM modular. tambm

    apresentado um estudo de caso com o objetivo de discutir cronologicamente uma

    implantao.

    KERBER JUNIOR (1990) discute a reestruturao da BOM, incluindo a

    reduo do nmero de nveis, o aumento da preciso e a modularizao, para a

    implantao da filosofia de JIT em uma fbrica de bicicletas e cortadores de grama.

    REED (1990) discute em seu trabalho como o conceito de BOM modular

    pode ser aplicado para a empresa alcanar os seus objetivos de reduo de custos, do

    inventrio, e do tempo de resposta aos pedidos do cliente.

    GERTH (1992) discute a aplicao da BOM de planejamento para um

    produto especfico, o qual consiste em uma montagem que customizada para o

    cliente em funo da dimenso de um dos seus componentes.

    Segundo BROOKS (1993), as empresas tendem a no enxergar elementos

    bsicos da manufatura como ferramentas para melhorar as atividades de

    planejamento e controle da produo. Neste sentido, ele apresenta o estudo de caso

  • 39

    de trs empresas que aperfeioaram os seus processos de manufatura desenvolvendo

    aplicaes com o MPS e a BOM.

    Num trabalho conjunto com a APICS, STONEBRAKER (1996) pesquisou

    quantitativamente os benefcios obtidos pelas empresas da Califrnia que

    reestruturaram as suas BOMs para a arquitetura modular. Entre as suas concluses,

    verificou que as empresas que atuam em mercados mais competitivos e dinmicos

    so as maiores usurias dessa abordagem.

    2.1.6.2 Estrutura de produto genrica

    A estrutura de produto genrica uma aplicao do conceito de BOM

    modular para as atividades de vendas tcnicas e controle de configuraes, assim

    como a BOM de planejamento uma aplicao para previso de vendas e

    programao mestre da produo.

    STONEBRAKER (1996) observa que aplicaes para a configurao de

    produtos so uma extenso natural do conceito de BOM modular. Ao invs de

    mdulos predefinidos, com os usados na BOM modular, o configurador pode utilizar

    algoritmos, regras e condicionais para selecionar e calcular os componentes de um

    produto e seus requisitos de manufatura.

    ARIANO & DAGNINO (1996) acrescentam que os configuradores de

    produto possibilitam a automao do processo de entrada de pedidos do cliente. O

    que ocorre no s pela definio de um produto que seja vivel tanto fsica quanto

    funcionalmente, mas tambm pelo clculo do oramento para o produto configurado.

    Segundo VAN VEEN & WORTMANN (1987), assim como uma BOM

    especfica descreve exatamente um produto, a BOM genrica descreve uma

    variedade de produtos (conceito de BOM modular). A BOM genrica no pode ser

    utilizada diretamente para propsitos de planejamento e manufatura. Ela apenas um

    frame para a criao de BOMs especficas no momento necessrio, geralmente

    durante a entrada do pedido do cliente.

  • 40

    A FIGURA 14 ilustra a BOM genrica de uma cadeira montada a partir dos

    componentes assento, pernas e encosto. Para as tapearias tanto do assento quanto do

    encosto pode-se optar pelas cores azul e vermelho.

    cadeira

    pernas

    vermelho

    azul

    vermelho

    azul

    estrutura tapearia tapearia estrutura

    4x1x 1x

    1x 1x 1x 1x

    item especfico

    item genrico

    assento

    BOM de um nveldo item assento

    BOM de um nveldo item cadeira

    encosto

    FIGURA 14 - Estrutura de produto genrica de uma cadeiraAdaptado de HEGGE & WORTMANN (1991)

    Nesta BOM genrica podem ser identificados dois tipos de itens, os

    especficos e os genricos, os quais correspondem, respectivamente, a itens sem e

    com opes de escolha. A estrutura e a perna so exemplos de itens especficos.

    A tapearia um item genrico direto, porque representa um grupo limitado

    de opes. A cadeira, o assento e o encosto so itens genricos indiretos, uma vez

    que no possuem opes, mas pelo menos um dos seus componentes so itens

    genricos.

    Para se gerar uma BOM especfica da cadeira exemplo, basta configurar a

    genrica a partir da escolha entre as opes azul e vermelho para a tapearia do

    assento e do encosto.

    VAN VEEN & WORTMANN (1987) acrescentam, entretanto, que podem

    existir algumas combinaes de opes que geram produtos que no podem, ou no

    devem, ser manufaturados por razes tcnicas ou de outro tipo. Nesses casos, a BOM

    genrica surge como uma poderosa ferramenta para controle de configurao.

  • 41

    Esse controle pode ser feito por meio de regras (p. ex.: lgica booleana ou

    estruturas do tipo IF-THEN) e frmulas (p. ex.: para se determinar a quantidade de

    um item em funo de outro) consideradas durante o processo de configurao. Por

    exemplo, na FIGURA 14 a escolha da cor do encosto pode ser uma funo da cor do

    assento, como apresentado abaixo:

    IF cor_tapearia_assento = azul THEN cor_tapearia_encosto = azul

    IF cor_tapearia_assento = vermelho THEN cor_tapearia_encosto =

    vermelho

    Em produtos complexos com diversas possibilidades de configurao, como

    um carro, a BOM genrica torna o processo de configurao mais rpido e com

    menor possibilidade de erro.

    Por fim, VAN VEEN & WORTMANN (1987) apresentam trs passos

    fundamentais a serem considerados durante a implementao do controle de

    configurao e da BOM genrica:

    - escolher as caractersticas que sero oferecidas como comuns (igual em todos as

    configuraes), mandatrias (a escolha de uma de suas opes obrigatria) ou

    opcionais (caracterstica pode estar presente ou no no produto);

    - selecionar que valores essas caractersticas podem assumir;

    - estabelecer as relaes de dependncia entre essas caractersticas, visando a

    implementao de regras e frmulas.

    Discusses complementares sobre pontos especficos relativos BOM

    genrica e exemplos da aplicao prtica desse conceito em configuradores de

    produto podem ser encontrados nos trabalhos resumidos abaixo.

    VAN VEEN & WORTMANN (1992a), VAN VEEN & WORTMANN

    (1992b) e HEGGE (1992) detalham nesta seqncia de artigos a implementao de

    um sistema para o processamento da BOM genrica, isto , um programa para a

    organizao, manuteno e recuperao de suas informaes.

    VLIST et al. (1997) discutem a importncia da BOM genrica como

    ferramenta para implantao de um sistema MLSC (Multi-level Supply Control), o

  • 42

    qual possibilita que um produto e seus componentes sejam diferenciados, para

    atender a pedidos especficos, o mais tarde possvel dentro da cadeia de

    fornecimento. apresentado o estudo de caso de um fabricante de caminhes e seu

    fornecedor de bombas de combustvel.

    Segundo GARWOOD & RICE (1996), um configurador automtico a

    ferramenta mais popular para ligar a BOM modular com a entrada de pedidos do

    cliente. Neste sentido, os autores apresentam os passos que devem seguido no

    processo de modularizao de uma BOM para suportar a implantao de um

    configurador de produtos.

    RAEKER (1994) apresenta os tipos bsicos de configuradores de produto

    existentes, discutindo suas caractersticas principais, qual o mais adequado para

    cada ambiente, bem como suas vantagens e desvantagens.

    IEMMOLO (1993) discute a implantao d


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