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Ciência Veterinária nos Trópicos v. 17 nº 3

setembro-dezembro/2014

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA VETERINÁRIA DE PERNAMBUCO – CRMV-PE

DIRETORIA EXECUTIVAMed. Vet. Erivânia Camelo de Almeida

PresidenteMed. Vet. Gerson Harrop Filho

Vice-presidenteMed. Vet. Késia Alcântara Queiroz Pontual

Secretária-geralMed. Vet. José Alberto Simplício de Alcântara

TesoureiroCONSELHEIROS TITULARESMed. Vet. João Alves do Nascimento JúniorMed. Vet. Geraldo Vieira de Andrade FilhoMed. Vet. Robério Silveira de SiqueiraMed. Vet. Paulo Ricardo Magnata da FonteMed. Vet. Marcelo Weinstein TeixeiraZootec. Valderedes Martins da Silva

CONSELHEIROS SUPLENTESMed. Vet. Maria José de SenaMed. Vet. Airon Aparecido Silva de MeloMed. Vet. Amaro Fábio de Albuquerque SouzaMed. Vet. João Ferreira CaldasMed. Vet. Luiz Paulo de Moraes BrandãoMed. Vet. Fabiano Sellos Costa

SEDE DO CRMV/PE Rua Conselheiro Theodoro, 460, Zumbi, Recife, PE, CEP 50711-030Fone: 081-3797.2517 | Fax: 081-3797.2506www.crmvpe.org.br

Reconhecida como veículo de divulgação técnico-científica pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), Resolução nº 652, de 18 de novembro de 1998.

INDEXAÇÃORevista Ciência Veterinária nos Trópicos está indexada na base de dados da Cabi Abstracts, Agris e Agrobase.

CONSELHO EDITORIAL

EDITORAZoot. Helena Emília C. C. Cordeiro Manso

EDITORES ASSOCIADOSMed. Vet. Márcia de Figueiredo PereiraMed. Vet. Késia Alcântara Queiroz PontualMed. Vet. Jéssica de Torres Bandeira

CORPO EDITORIALAurino Alves Simplício

EMBRAPA-CaprinosCarlos Enrique Peña Alfaro

UFCG - Depto. de Clínicas VeterináriasCristiano Barros de Melo

UFSE - DEA/CCBSEduardo Alberto Tudury

UFRPE - Depto. de Medicina VeterináriaFrancisco Carlos Faria Lobato

UFMG - Escola de VeterináriaJosé Augusto Bastos Afonso

UFRPE - Clínica de Bovinos de GaranhunsMarcos Antônio Lemos de Oliveira

UFRPE - Depto. de Medicina VeterináriaMaria do Carmo de Souza Batista

UFPI - Depto. de Medicina Veterinária

JORNALISTA RESPONSÁVELEldemberga Grangeiro dos Anjos

Reg. Prof. 3686 DRT-PE

REVISÃO TÉCNICA Med. Vet. Késia Alcântara Queiroz Pontual

EDITORAÇÃO GRÁFICAJônathas Souza

Mameluco Design

PERIODICIDADEQuadrimestral

SITEEdições da Revista Ciência Veterinária nos Trópicos estão disponíveis no site www.rcvt.org.br

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Sumário

Acidente ofídico em equino no município de Marechal Deodoro-ALVALENÇA, S.R.F.A.; SOUZA, B.D.F.; OLIVEIRA, C.C.M.,

JABOUR, F.F.; CRUZ, J.A.L.O.

Administração perineural de toxina botulínica tipo A (Prosigne®) não bloqueia estímulos dolorosos da claudicação experimental em equinos – experimento piloto. BERKMAN, C.; PEREIRA, M.C.; TEIXEIRA, L.G.;

BUSTAMANTE-FILHO, I.

Alterações em vias respiratórias e parâmetros laboratoriais de cavalos carroceiros do município de Pinhais- PRFINGER, M.A.P.; BIAVA, J.S.; AMARO, F.P.; BARROS FILHO,

I.R.; PEROTTA, J.H.; DORNBUSCH, P.T.

Amputação alta de membro pélvico em um asinino – Relato de Caso. BOTELHO-ONO, M.S.; SOUTO, P.C.; CRUZ, J.A.L.O.;

SIQUEIRA FILHO, R.; PENAFORTE JUNIOR, M.A.; DANTAS,

A. C.

Aplicação de células-tronco adiposo derivadas em um equino com sindesmopatia metatarsal: Relato de Caso. SILVEIRA, M.D.; NARDI, N.B.; CANUTO, L.; MARTINS, C.F.

Aspectos clínicos e levantamento sorológico da brucelose em equídeos de carga do município de Marechal Deodoro, estado de Alagoas, Brasil. OLIVEIRA, N.G.F.; RAPHAEL, U.B.; MEDEIROS, J.M.Q.;

BORGES, J.M.; ABREU, S.R.O.; TEIXEIRA, L.G.

Aspectos clínicos e levantamento sorológico da leptospirose em equídeos de carga do município de Marechal Deodoro, estado de Alagoas, Brasil.TEIXEIRA, L.G.; SARMENTO, E.C.; SILVA, M.C.P.; SILVA, D.B.;

ABREU, S.R.O; LANGONI, H.

Aspergilose sistêmica em um cavalo – relato de caso. SILVA, J.R.; CASTRO, M.L.; BUSATO, E.M.; DECONTO, I.;

SOUSA, R.; DORNBUSCH, P.T.

Informações Gerais

Editorial

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Associação de benzoato de estradiol e progesterona na preparação de éguas acíclicas como receptoras. SILVA, E.J.; PAULA JUNIOR, A.R.; SILVA, A.C.P.; KÜNG, E.S.;

MAIA FILHO, R.C.; BARTOLOMEU, C.C.

Associação fitoterápica no tratamento em feridas de equinos. CINTHIA CRISTINA JARDIM; ISADORA MACEDO BARBON;

BÁRBARA LUIZ DE SANTANA.

Avaliação bioquímica e microbiológica de plasma equino resfriado coletado por aférese automatizada. JACKELLYNE LAÍS FERREIRA LINS, KARINA PESSOA DE

OLIVEIRA, GEORGE TENÓRIO PEREIRA DE OLIVEIRA,

PIERRE BARNABÉ ESCODRO, KARLA PATRÍCIA CHAVES

SILVA, MÁRCIA KIKUIO NOTOMI.

Avaliação da fragilidade osmótica eritrocitária de equinos em provas de vaquejada. RAILSON DE SOUSA SANTOS, ANTONIO FRANCISCO

DA SILVA LISBOA NETO, ADRIANA DE SOUSA ARAÚJO,

EREMILTON LOPES DA SILVA, LUCIANA PEREIRA

MACHADO

Avaliação da susceptibilidade antimicrobiana in vitro, produção de betalactamase e ocorrência de Staphylococcus aureus meticilina-resistente em equinos atendidos no hospital veterinário de Patos-PB. AQUINO, S.S.; SILVA, L.C.A.; ROCHA, L.L.L.; PESSOA, D.A.N.;

SANTOS, M.R.P.; GARINO JUNIOR, F.

Avaliação da viabilidade espermática de garanhões da raça nordestina pelo teste de termo-resistência. SANTOS, M.A.M.; MORAES, E.A.; GRADELA, A.

Avaliação estrutural e bioquímica de fibras musculares esqueléticas de equinos participantes de provas de vaquejada. SILVA, M.A.G.; ALMEIDA, J.D.M.; D’ANGELIS, F.H.F.; QUEIROZ

NETO, A.; RIBEIRO, A.P.C.; ALMEIDA, K.S.

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Avaliação subjetiva e objetiva dos bloqueios anestésicos no membro pélvico equino. AZEVEDO, M.S.; FLÁVIO DESESSARDS DE LA CÔRTE

Babesiose equina por Theileria equi – relato de caso. SOUTO, P.C.; CRUZ, J. A.L.O.; BOTELHO-ONO, M.S.;

DANTAS, A.C.; GUIMARÃES, J.A.; DUTRA VAZ, B.B.

Biomarcadores lipídicos no plasma de equinos suplementados com uma mistura de óleos. DINIZ, A.I.A; ALMEIDA, T.L.A.C.; BARBOSA, B.L.; VALDELIRA

LIMA DE LIRA, V.L.; MANSO, H.E.C.C.C.; MANSO FILHO, H.C.

Biomarcadores sanguíneos de minerais e lipídeos em potros neonatos em regime de pasto. HUNKA, M.M.; SILVA, E.R.R.; VASCONCELOS, J.L.A.;

JABREU, J.M.G.; MANSO, H.E.C.C.C.; MANSO FILHO, H.C.

Coleta de embrião de égua com folículo hemorrágico induzido à ovulação com hcg: relato de caso. SILVA, A.C.P.; FARIAS, M.C.; BOUDUX, F.S.; OLIVEIRA, M.A.L.;

LIMA, P.F.; BARTOLOMEU, C.C.

Cólica em equino por tromboembolismo no ramo cólico direito da artéria ileocólica- relato de caso. LIMA, J.T.B.; FARIAS, A.F.A.; BAPTISTA FILHO, L.C.F.

Concentração de Cálcio, Fósforo e Magnésio no plasma de cavalos marchadores atletas. FERREIRA, L.M.C.; VASCONCELOS, J.L.A.; SILVA, G.B.; VAZ,

S.G.; MANSO, H.E.C.C.C.; MANSO FILHO, H.C.

Concentração de ureia e creatinina em cavalos marchadores submetido ao teste de marcha. MÉLO, S.K.M.; MARIANO, S.R.G.; VAZ, S.G.; SILVA, C.J.F.L.;

MANSO, H.E.C.C.C.; MANSO FILHO, H.C.

Contagem de Strongylus spp. em equinos situados na mesorregião leste de Nossa Senhora do Socorro-SESANTOS, K.P.S.V; ANDRADE, F.P.C.; NUNES, R.S.; CASTRO,

A.C.F.S.; SANTANA, F.S.; FERREIRA, H.N.

Controle de qualidade de plasma equino congelado coletado por aférese automatizada: resultados preliminares. LINS, J.L.F.; OLIVEIRA, K.P.; SANTOS NETO, F.B.; ESCODRO,

P.B.; SILVA, K.P.C.; NOTOMI, M.K.

Criptorquidismo inguinal bilateral em equino: relato de caso. ANDRADE, F.P.C.; SANTOS, H.A.; NUNES, R.S.; SANTOS,

K.P.S.V.; NANTES, J.H.; FERREIRA, H.N.

Dermatite em equino causada por Aspergillus nigger e Sporotrix schenckii. SANTOS, K.P.S.V.; NUNES, R.S.; ANDRADE, F.P.C.;

MARINHO, G.A.; SILVA, J.C.F.; FERREIRA, H.N.

Deslocamento dorsal intermitente de palato mole em equino (Equus caballus) da raça Puro Sague Inglês: Relato de casoCAMPOS, D.G; PINNA, A.E.; MOURA, R.B.; VIANA, A.M.; C.M.

CARVALHO

Desmotomia do check inferior à campo como tratamento de contratura do tendão flexor digital profundo: relato de caso. AZEVEDO, N.M.S.; AZEVEDO, M.V.; SILVA, J.C.F.; LIMA, P.F.;

OLIVEIRA, M.A.L.; MANSO FILHO, H.C.

Detecção da hipersensibilidade do tipo tardia (HTT) à maleína produzida no brasil em equinos sensibilizados em Alagoas. SILVA, M.C.C.; SÁTIRO, S.R.M.C; SILVA, K.P.C

Determinação da concentação de mieloperoxidase e elastase como marcadores da hemorragia pulmonar induzida por exercício em equinos. BIAVA, J.S.; GONÇALVES, R.C.;

Determinação das variáveis fisiológicas e bioquímicas de equinos durante prova de marcha. SILVA, M.C.P.; SARMENTO, E.C.L.B.; OLIVEIRA, N.G.F.;

RAPHAEL, U.B.; BERKMAN, C.; TEIXEIRA, L.G.

Diagnóstico coproparasitológico de infusórios em amostras fecais de equinos cultivadas através da técnica de Roberts e O’Sullivan.CASTRO FILHO, G.A.; FLORENCE, C.O.; GRAÇA FILHO, U.C.;

LEITE, LEV.; SIQUEIRA, C.C.

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Diagnóstico e tratamento de cistite em equino quarto de milha: relato de caso. CARINHANHA, E.F.L.; MOTA, J.V.S.; CARVALHO, S.L.S.;

SANTOS, K.P.S.V.; NANTES, J.H.; FERREIRA, H.N.

Dinâmica dos metabólitos colesterol, triglicérides e glicose nas fases de gestação de éguas da raça mangalarga machador. MARTINS, L.E.P.; OLIVEIRA, L.G.O.; OLIVEIRA, I.M.S.; LIMA,

C.C.V.; GUSMÃO, A.L.; AYRES, M.C.C.

Distocia materno-fetal seguido de cesariana com posterior quadro de laminite em asinino: relato de caso. CRUZ, J.A.L.O; GUIMARÃES, J.A.; DANTAS, A.C.; SOUTA,

P.C.; ONO, M.B.; DUTRA VAZ, B.B.

Doença periodontal entre terceiro e quarto pré-molar da arcada superior direita em equino- relato de caso. NASCIMENTO, K.A.; SILVA, D.M.S.; VIANA, A.R.; PONTES,

J.F.; SOUZA, G.S.

Duodeno-jejunite proximal em equino. FIRMINO, P.R.; SOARES, G.S.L.; ALCOFORADO, A.S.;

MIRANDA NETO, E.G.; ASSIS, D.M.; MEDEIROS, J.M.

Efeito da idade de matrizes crioulas sobre as características morfométricas de suas crias até o desmame. SEGABINAZZI, L.; PFEIFFER, J.P.H.; FOLLE, V.; LAU, L.;

CANUTO, L.; MARTINS, C.F.

Efeito das fases de gestação sobre enzimas do metabolismo hepático em éguas mangalarga marchadorMARTINS, L.E.P.; OLIVEIRA, L.G.O.; MAIA, A.P.L.; LIMA,

C.C.V.; GUSMÃO, A.L.; AYRES, M.C.C.;

Efeito do triptofano em disturbios comportamentais de estresse observados em um equino – relato de caso. BOTELHO-ONO, M.S.; SOUTO, P.C.; CRUZ, J.A.L.O.;

SANTOS, J.M.; DUTRA VAZ, B.B.

Eficácia da alantoína e do óxido de zinco (Alantol®) na cicatrização de feridas em equinos.SILVA, M.A.G.; CANOLA, P.A.; RIBEIRO, A.P.C.; MENDONÇA,

C.C.; TRENTO, T.; SCHMIDT, A.B.

Eficiência de óleos essenciais e produtos comerciais em parâmetros reprodutivos do carrapato Amblyoma cajennense. CAMPOS, R.N.S.; CAMPOS, F.J.O.; SANTOS, A.A.; LIMA,

C.B.N.; SILVA, I.M.A.; BACCI, L.

Elevação transitória da atividade sérica das enzimas musculares em equinos após exercício de vaquejada. SOUZA, T.M.S.; REGO, G.M.S.; NUNES, G.S.; PARAGUAIO,

P.E.; MACHADO, L.P.

Enfermidades múltiplas associadas em égua quarto de milha - Relato de CasoARRIVABENE, M.; CAVALCANTE, T. V, NEVES, C.A.;

FEITOSA, L. C. S.; SOUSA JÚNIOR, V. R.; FERREIRA, S. B.

Enfisema subcutâneo decorrente à perfuração faringeana em um equino. OLIVEIRA, C.F.; MAZZO, H.C.; SILVA, L.A.T.; NEMESIO, B.L.;

CAJU, F. ESCODRO, P.B.

Enterotomia jejunal seguida de massagem para tratamento de compactação de íleo: relato de caso. J.M.R.P. ARAÚJO; A. GRADELA

Estabilização de fratura transversa de metatarso com o uso de fixador externo.NANTES, J.H.; LOUZADA, A.C.S.C.; SILVA, J.C.F.; SILVA,

T.M.M.; ESMERALDO, B.A.M.; FERREIRA, H.N.

Estro pós-parto subsequente a prolapso uterino: relato de caso. NEVES, D.S.; LIMA, P.F.; SILVA, A.C.P.; COUTINHO, C.B.;

DINIZ, D.D.M.; FARIAS, M.C.

Estudo da microbiota de vulva e vagina de éguas. ARAÚJO, D.K.G.O.; SANTOS, E.M.C.; SILVA, K.P.C.; SILVA,

M.C.C.; SÁTIRO, S.R.M.C.

Estudo retrospectivo de videoendoscopias do trato respiratório em equinos da raça quarto de milha utilizados para vaquejada atendidos no hospital de equinos clinilab. SIQUEIRA, C.C.; LEITE, L.E.V.; MOSQUERA, A.; MEDRADO,

C.; FLORENCE, C.O.; GRAÇA FILHO, U.C.;

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Exérese cirúrgica de um cisto dentígero realizada a campo em potro da raça mangalarga machador - relato de caso. ROCHA, L. L. L.; REBOUÇAS, R. E.; SILVA, P. R.;

MENDONÇA, M. F. F.

Fístula enterocutânea decorrente de traumatismo em hérnia umbilical em equino – relato de caso. NEVES, J.P.L.; SILVEIRA, A.E.S.; ARAÚJO, M.; DOMINGUES,

G.N.; MARQUES FILHO, W.C.; SILVA, F.G.O.;

Fístula gastro-cutânea em equino - relato de caso. REBELO, P.H.V.; OLIVEIRA, F.S.; CAVALCANTE, R.G.; SILVA

JUNIOR, F.L.; FEITOSA JUNIOR, F.S.; BARBOSA, R.D.

Fotossensibilização primária em eqüino por Froelichia humboldtiana (ervanço)SOARES, G.S.L.; FIRMINO, P.R.; ALCOFORADO, A.S.; SILVA,

M.S., MIRANDA NETO, E.G.; ASSIS, D.M.

Fratura de ulna em pônei – relato de caso. SANTOS JÚNIOR, D.A.; ASSIS, D. M.; MEDEIROS, J. M.;

MIRANDA NETO, E.G.; ALCOFORADO, A.S.; SOARES, G .S.L.

Fratura do osso incisivo em potro: relato de caso. ALCOFORADO, A. S.; SOARES, G. S. L.; ASSIS, D. M.;

MEDEIROS, J. M.; MIRANDA NETO, E. G.; SANTOS JÚNIOR,

D. A.

Gastrite hemorrágica induzida pelo uso de ácido acetilsalicílico em equino adulto. ANDRADE, L.R..; PASSOS, M.B.; SALES, J.V.F.; FÁTIMA , C.J.

T.; MELOTTI, V.D.; SAQUETTI, C.H.C.

Glutamina e glutamato no colostro de éguas mantidas a pasto. SILVA, E.R.R.; HUNKA, M.M.; CABRAL, LM.S.; ABREU, J.M.G.;

MANSO, H.E.C.C.C.; MANSO FILHO, H.C.

Gnrh como indutor de múltiplas ovulações em égua: relato de caso.FARIAS, M.C.; BOUDUX, F.S.; KUNG, E.S.; MAIA FILHO,

J.C.C.; LIMA, P.F.; BARTOLOMEU, C.C.

Hérnia inguino-escrotal neonatal associada ao criptorquismo unilateral na idade adulta: relato de caso. SILVA, A.C.P.; SOUZA, N.M.; LIMA, P.F.; COUTINHO, C.B.;

MANSO, H.E.C.C.C.; MANSO FILHO, H.C.

Incidência da sindrome cólica em equinos atendidos no hospital de equinos CLINILAB em 2013. MEDRADO, C.; FLORENCE C.; GRAÇA FILHO, UC.; LEITE,

LEV.; MOSQUEIRA, A.; SIQUEIRA, C.C.

Índice de aceitação e de conscientização da importância da vacinação antirrábica em dois municípios atendidos pelo projeto carroceiro da Univasf. GRADELA, A.; MELO, C.C.S.; NUNES, A.K.R.; OLIVEIRA,

J.S.M.; FARIA, M.D.

Infecção por Strongyloides westeri em éguas receptoras e potros mangalarga machador provenientes de dois haras de Cabaceiras do Paraguaçu, Bahia, Brasil. SILVA, R.M.; BRITO, J.A.; SILVA NETO, A.F.; SILVA, S.M.;

RIBEIRO, R.R.

Influência do exercício sobre eletrólitos séricos em equinos submetidos à atividade de salto. OLIVEIRA, L.G.O.; RAMOS, S.C.J.; SILVA, J.B.R.; SILVA, W.B.;

DIAS, D.C.R.; AYRES, M.C.C.

Intoxicação por zilpaterol em equino: relato de caso. OLIVEIRA FILHO, J.P.; DIAS, N.M.; GONÇALVES, R.C.;

AMORIM, R.M.; CHIACCHIO, S.B.; ANDRADE, D.G.A.; PIRES,

P.C.D.; BORGES, A.S.

Jejunocecostomia em equino: relato de caso. PASSOS, M.B.; ANDRADE, L.R..; SALES, J.V.F.; FÁTIMA , C.J.

T.; OLIVEIRA, N.F.O.; SAQUETTI, C.H.C.

Lavado peritoneal como adjuvante à terapia da peritonite em equinos. OLIVEIRA, N.F.O.; SALES, J.V.F.; TRINDADE C.J.T.; PASSOS,

M.B.; MELOTTI, V.D.; SAQUETTI, C.H.C.

Levantamento de afecções dentárias em equinos da raça crioula mantidos em sistema de criação extensiva. DUARTE, C.A.; LEITE, C.T.; ROSA, B.K.; PINTO, H.F.; LEONI,

I.S.; PORCIUNCULA, M.

Linfangite ulcerativa com comprometimento tendíneo em equinos: relato de caso. BARBON, I.M.; JARDIM, C.C.; SANTANA, B.L.; SOUZA, L.H.;

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Linfopenia é observada em cavalos marchadores após o teste de simulação de marcha. FERREIRA, L.M.C.; MANSO FILHO, H.C.; MENDES, S.K.M.;

BARBOSA, B.L.; ALBUQUERQUE, J.G.S.S.; MANSO,

H.E.C.C.C.

Malformações ortopédicas congênitas em pônei. FIRMINO, P.R.; SOARES, G.S.L.; ALCOFORADO, A.S.; SILVA,

N.S.; MIRANDA NETO, E.G.; ASSIS, D.M.

Métodos para determinação da concentração de hemácias no lavado broncoalveolar de equinos. BIAVA, J.S.; GONÇALVES, R.C.; FERREIRA, E.M.

Mioglobinuria paralitica e insuficiencia renal aguda (IRA) em equino: relato de caso. ARRIVABENE, M.; CAVALCANTE, T. V.; DIAS, F. E. F.; COSTA,

T. N.; NEVES, C.A.; SILVA. A. C. A.

Mionecrose traumática em equino: relato de caso. BANDEIRA, J.T.; MORAIS, R.S.M.M., MARQUES, S.R.;

SANTOS, F.L.

Motilidade de sêmen de garanhões crioulos submetidos à seleção espermática por centrifugação em camada únicaSANTOS, F.C.C.; NUNES, M.M.; ANSELMO, A.; NOGUEIRA, C.

E.W.; GUIMARÃES, J.D.; CURCIO, B.R.;

Necrose da cartilagem colateral da falange distal em equino: relato de caso. MUNHOZ, T.C.P.; KUHN, M.E.; PINHEIRO, J.C.M.N.; SOUZA,

C.N.; TOMA, H.S.; CARVALHO, A.M.

Neuropatia recorrente laringeana grau III em equino quarto de milha de vaquejada - relato de caso. SANTOS JÚNIOR, D. A.; ASSIS, D. M.; MEDEIROS, J. M.;

MIRANDA NETO, E. G.; ALCOFORADO, A. S.; SOARES, G.

S. L

Ocorrência da placa aural em equinos de diferentes regiões do brasil: dados clínicos e epidemiológicos. HERMAN, M. HERNÁNDEZ, J.M.; SILVEIRA, J.A.; PANTOJA,

J.C.F.; BORGES, A.S.; OLIVEIRA-FILHO, J.P.

Ocorrência de endoparasitos em equinos provenientes de dois haras da região de Cabaceiras do Paraguaçu, recôncavo baiano.SILVA, R.M. BRITO, J.A.; SILVA NETO, A.F.; SILVA, S.M.;

RIBEIRO, R.R.

Osteíte séptica em falange distal em potro – relato de caso. SARTORI, V.C.; ARAUJO, M.A.; SANTOS, V.H.; GUIRAO, R.A.;

FERREIRA, H.N.

Osteodistrofia fibrosa em equinos – relato de caso. SANTOS, E.C.; VASCONCELOS, K.R.; FONTES, B.L.; LIVEIRA,

F.S.; LOPES, M.C.S.; MATOS, P.F.

Osteodistrofia fibrosa em pônei – relato de caso. CAVALCANTE, R.G.; OLIVEIRA, F.S.; REBELO, P.H.V.;

ARRIVABENE, M.; BARBOSA, R.D.; SOARES, R.A.

Osteomielite em potro – relato de caso. BARROS, M.B.S.; MOTA, A.E.R.; LIMA, P.F.; FLEURY, L.A.M.;

VIEIRA, C.A.; OLIVEIRA, A.L.; MANSO FILHO, H.C.

Paralisia de nervo radial em muar ocasionado por objeto perfurocortante: relato de caso.OLIVEIRA, A.C.G.; CARVALHO, R.S.; SORTE, M.S.; AVANZA,

M.P.B.; SPADETO JUNIOR, O.

Penectomia como tratamento para habronemose cutânea em um equino – relato de caso. BOTELHO-ONO, M.S.; CRUZ, J.A.L.O.; SIQUEIRA FILHO,

R.S.; SOUZA, A.M.; LIMA, P.F.

Penfigóide bolhoso em equino, Salvador-Bahia, Brasil - Relato de caso. BISPO, T.N.S.; SANTOS, E.C.; VASCONCELOS, K.R.; PAIM

JUNIOR, E.S.; LOPES, M.C.S.; MATOS, P.F.

Perfil clínico e de isolamento da Salmonella sp. em equídeos de carga do município de Marechal Deodoro, estado de Alagoas, Brasil.RAPHAEL, U.B.; OLIVEIRA, N.G.F.; MEDEIROS, J.M.Q.; SILVA,

Z.P.; AZEVEDO, A.C.O.; TEIXEIRA, L.G.

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Perfil dos biomarcadores minerais no plasma de equinos suplementados com uma mistura de óleos. DINIZ, A.IA.D.; RODRIGUES, A.K.S.; MUNIZ, S.K.O.; DUARTE,

T.L.; MANSO, H.E.C.C.C.; MANSO FILHO, H.C.;

Perfusão regional para tratamento de ferida em casco - relato de caso. FONTES, A. F.; FLORENCE, C.O.; GRAÇA FILHO, U.C.;

SIQUEIRA, C.C

Pitiose cutanea - relato de caso. NUNES, R.S.; SANTOS, K.P.S.V.; ANDRADE, F.P.C.; NANTES,

J.H.; ANDRADE, R.L.F.S.; FERREIRA, H.N.

Pneumonia por Klebsiella pneumoniae em potro – relato de caso. SOUTO, P.C.; CRUZ, J.A.L.O.; BOTELHO-ONO, M.S.;

DANTAS, A.C., GUIMARÃES. JANAINA AZEVEDO; DUTRA

VAZ, BEATRIZ BERLINCK

Polidactilia unilateral em uma potra – relato de caso. OLIVEIRA, F.S.; REBELO, P.H.V.; CAVALCANTE, R.G.; SILVA

JUNIOR, F.L.; FEITOSA JUNIOR, F.S.; ARRIVABENE, M.

Postectomia e falectomia para exérese de tecido de granulação exuberante em jumento (Equus asinus). RIBEIRO, A.P.C.; SILVA, M.A.G.; CORDOVA, F.M.; BURNS, L.V.

Potenciais biocarrapaticidas no controle de larvas do carrapato estrela Amblyomma cajennense. CAMPOS, R.N.S.; CAMPOS, F.J.O.; OLIVEIRA, A.P.; LOPES,

L.J.O.; SANTANA, A.S.; SANTOS, A.C.C.; BACCI, L.

Prática construtiva em aulas de biodinâmica muscular do aparelho de suporte dos equinos. ALBUQUERQUE, L.F.R.C.; YUKENDO, V.; SOUZA, E.K.M.;

ARAÚJO, S.H.R.; XAVIER, G.A.A.

Prevalência da obstrução recorrente das vias aéreas (ORVA) nos equinos da Polícia Militar do estado do Rio Grande do Norte. ROCHA, J.M.; SILVA, J.C.F.; FERREIRA, H.N.; ALENCAR, S.P.;

LIMA, P.F.; MANSO FILHO, H.C.

Primeira aplicação terapêutica com células tronco em equino da raça quarto de milha com tendinopatia no estado de sergipe: relato de caso. CRAVEIRO, J.V.S.; SOUZA, Y.B.; PINHEIRO, G.O.; SANTOS

NETA, M.O.; OROZCO, C.A.G.

Projeto “bom carroceiro” em Cruz das Almas – BA. CORDEIRO, V.L.; RIBEIRO, I.F.; NASCIMENTO J.S.; RIBEIRO,

K.S.; FREIRE, R.C.; ANDREA, M.V.

Prolapso de reto em equino - relato de caso. SANTOS K.P.S.V.; ANDRADE, FAGNER P.C.; NUNES, R.S.;

SILVA, J.C.F.; NANTES, J.H.; FERREIRA, H.N.

Rabdomiólise em muar: relato de caso. ALCOFORADO, A.S.; FIRMINO, P.R.; ASSIS, D.M.; MEDEIROS,

J.M.; MIRANDA NETO, E.G.; TOLENTINO, M.L.D.L.

Raiva em equinos no estado de alagoas: relato de sete casos. VALENÇA, S.R.F.A.; OLIVEIRA, C.C.M.; COSTA, D.F.F.;

CAVALCANTI, A.L.B.; JABOUR, F.F.; VASCO NETO, H.L.S..

Realização de colonostomia em um equino com laceração retal grau IV. OLIVEIRA, N.F.O.; SALES, J.V.F.; ANDRADE, L.R.; PASSOS,

M.B.; MELOTTI, V.D.; SAQUETTI, C.H.C

Reconstrução de períneo em égua à campo: relato de caso. FARIAS, M.C.; SILVA, A.C.P.; BOUDUX, F.S.; BARTOLOMEU,

C.C.; OLIVEIRA, M.A.L; LIMA, P.F.

Relato de caso: muar com tétano e funiculite após orquiectomia FARIA, T.T.R; BORGHESAN, A.C.; GONÇALVES, M.F.H;

RIBEIRO, M.A.P.

Relato de caso: potra com otite média por Proteus mirabilis e abcesso na base externa do conduto auditivo FARIA, T.T.R.; BORGHESAN, A.C.; TAKIGWA, F

Ressecção de cólon maior devido à vólvulo em equinoSALES, J.V.F.;MELOTTI, V.D.; ANDRADE, L.R..; PASSOS, M.B.;

OLIVEIRA, N.F.O.; SAQUETTI, C.H.C

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Retorno à reprodução de garanhão mangalarga marchador acometido por habronemose em prepúcio submetido à cirurgia corretiva: relato de caso. DALANEZI, F.M.; ARAUJO, E.A.B.; SILVA, L.F.M.C.; OLIVEIRA,

S.N.; SEGABINAZZI, L.; PAPA, F.O.

Ruptura de ligamento suspensório do boleto em equino. FIRMINO, P.R.; ALCOFORADO, A.S.; SOARES, G.S.L.;

MIRANDA NETO, E.G.; ASSIS, D.M.; SOUSA, A.B.

Sarna psoróptica equina- relato de dois casos. LIMA, V.F.S.; PIEDADE, G.C.; SOUZA, A.P.C.; OLIVEIRA, V.S.;

RODRIGUES, P.G.; OROZCO, C.A.G.; MEIRA-SANTOS, P.O.

Síndrome cólica em equino por capim Panicum maximum cv. Tanzânia: relato de caso. ALCOFORADO, A. S.; SOARES, G. S. L.; ASSIS, D. M.;

MEDEIROS, J. M.; MIRANDA NETO, E. G.; SANTOS JÚNIOR,

D. A.

Síndrome cólica por evisceração de flexura esternal - Relato de caso. SOUTO, P.C.; COSTA, J.H.M.; CRUZ, J.A.L.O.; DANTAS, A.C.;

GUIMARÃES, J.A.; DUTRA VAZ, B.B.

Tetano em equino – relato de caso. ARRIVABENE, M.; CAVALCANTE, T. V.; ALVES, F. R., COSTA,

T. N.; NEVES, C.A.; SOUSA, P. M. V.

Tétano em potro com persistência de úraco. SOARES, G.S.L.; ALCOFORADO, A.S.; SANTO JUNIOR, D. A.;

MIRANDA NETO, E.G.; MEDEIROS, J. M.

Torção de jejuno e compactação de íleo em equino quarto de milha vaquejada – relato de caso. SANTOS JÚNIOR, D. A.; ASSIS, D. M.; MEDEIROS, J. M.;

MIRANDA NETO, E. G.; ALCOFORADO, A. S.; SOARES, G.

S. L.

Tratamento cirúrgico à campo de úraco persistente: relato de caso. AZEVEDO, N.M.S.; AZEVEDO, M.V.; SILVA, JOSÉ CARLOS

FERREIRA DA; LIMA, P.F.; OLIVEIRA M.A.L.; MANSO FILHO,

H.C.

Tratamento cirúrgico a campo em equino portador de laceração do tendão extensor digital comum - Relato de caso. OLIVEIRA, R.A.; DUARTE, M.D.; SILVEIRA, J.A.S.;

ALBERNAZ, T.T.; SILVA, N.S.

Tratamento cirurgico de harpejamento clássico em equino - relato de caso. LIMA, J.T.B.; FARIAS, A.F.A.; BAPTISTA FILHO, L.C.F.

Tratamento de desmite do ligamento supraespinhoso em equino por meio de aplicações de plasma rico em plaquetas (PRP). SILVA, J.F.C.; FREITAS, J.S.; RIBEIRO, D.S.; FIGUEIREDO,

M.A.F.

Trombectomia jugular em um cavalo – relato de caso. FELICIANA, C.B.O.; CASTRO, M.L.; SILVA, J.R.; BASSO, F.Z.;

DECONTO, I.; DORNBUSCH, P.T.

Úlcera corneana em melting em equinos: relato de caso. AZEVEDO, N.M.S.; AZEVEDO, M.V.; SILVA, J.C.F.; LIMA, P.F.;

OLIVEIRA, M.A.L.; MANSO FILHO, H.C.

Uso da artroscopia para retirada de fragmento osseo do terceiro osso carpiano, em cavalo quarto de milha de vaquejada - relato de caso.MEDRADO, C.; FLORENCE C.O.; GRAÇA FILHO, U.C.; LEITE,

L.E.V.; CASTRO FILHO, G.A.; SIQUEIRA, C.C.

Uso do PRP na terapêutica da tendinite do tendão flexor digital superficial, em cavalo paint horse de vaquejada –relato de caso CASTRO FILHO, G.A.; FLORENCE, C.O.; GRAÇA FILHO, U.C.;

LEITE, LEV.; SIQUEIRA, C.C.

Uso tópico de óleo de côco na cicatrização de ferida em equino. MAZZO, H.C.; OLIVEIRA, C.F.; LINS, J.L.F.; ESCODRO, P.B.;

BERNARDO, J.O.

Uso do imiquimode creme 5% no tratamento de placa aural equina: avaliação clínica e molecular. ZAKIA, L.S.; BASSO, R.M.; OLIVO, G; BORGES, A.S.;

OLIVEIRA-FILHO, J.P.

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Utilização da técnica de Göetze para reparação da laceração perineal de terceiro grau em uma égua quarto de milha. OLIVEIRA, C.F.; ESCODRO, P.B.; BERNARDO, J.O.;

PRESTES, N.C.

Utilização de células tronco para o tratamento de ruptura do ligamento colateral medial longo em equino – relato de caso. NASCIMENTO, K.A.; SILVA, D.M.S.; VIANA, A.R.; SOUZA,

W.F.; FARIAS, A.F.A.

Utilização de duas placas implantadas por técnica minimamente invasiva em fratura diafisária de terceiro metatarso em equino: relato de caso. ARAÚJO, F.F.; CASTRO, M.L.; SILVA, J.R.; DALL’ANESE, J.;

DECONTO, I.; DORNBUSCH, P.T.

Utilização de plasma rico em plaquetas (PRP) no tratamento de ruptura total dos tendões extensores em equino: relato de caso.

OLIVEIRA, A.C.G.; CARVALHO, R.S.; SORTE, M.S.; OLIVEIRA,

A.P.L.; AVANZA, M.F.B.; SPADETO JUNIOR, O.

Valores do RDW-CV e RDW-SD em jumentos nordestinos (Equus africanus asinus)SILVA, G.B.; RAMOS M.B.; RODRIGUES, A.K.S.; TALMEIDA,

T.L.A.C.; MANSO, H.E.C.C.C.; MANSO FILHO, H.C.

Volvulo de jejuno secundário a um leiomioma. LEANDRO, E.E.S; TINOCO, A.A.C.; COSTA, M.S.; OLIVEIRA

FILHO, J, C.; ARAUJO, J.M.R.P.

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Informações Gerais revista Ciência Veterinária nos Trópicos é editada quadrimestralmente pelo Con-selho Regional de Medicina Veterinária de Pernambuco (CRMV – PE), e destina--se a divulgação de trabalhos técnico-científicos (trabalhos originais de interessena área de ciência veterinária e zootecnia, ainda não publicados, nem encaminha-dos a outra revista para o mesmo fim) e de notícias de cunho profissional, ligadas

a área de ciência veterinária em meio digital.Reconhecida como veículo de divulgação técnico-científica pelo Conselho Federal de Me-

dicina Veterinária (Resolução no 652, de 18 de novembro de 1998).

ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA:

Conselho Regional de Medicina Veterinária de Pernambuco (CRMV – PE) Rua Conselheiro Theodoro, 460 - Zumbi. CEP 50711-030 Recife, PE, Brasil.Telefone: (081) 3797.2506 e fax (081) 3797.2514

Informações a respeito do Regulamento Editorial e Normas de Estilo poderão ser obtidas atra-vés do site: http://www.rcvt.org.br e do e-mail [email protected]

Os artigos publicados nesta Revista são indexados nas bases de dados: CABI ABSTRACTS, AGRIS E AGROBASE

Ciência Veterinária nos Trópicos, v. 17, n 3 (set-dez 2014) – Recife: CRMV – PE, 2014

QuadrimestralISSN 1415-6326

1. Veterinária – Ciência – Periódico I. ConselhoRegional de Medicina Veterinária dePernambuco, Recife, PE.

CDD 636.08905

A

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Editorial

lguns anos atrás a RCVT participou do Congresso dos Médicos Veterinários de Equídeos - ABRAVEQ, realizado em Porto de Galinhas, publicando dos cerca de 80 resumos do congresso. Então esse ano, com a realização do evento em Maceió, não poderíamos ficar de fora de tão importante evento, não só para a Medicina Equina regional

mas para a nacional, e estamos colocando a disposição de todos os anais do Simpósio ABRAVEQ Nordeste e Simpósio Alagoano de Medicina Equina.

Este volume contempla os 131 trabalhos apresentados durante o VIII Simpósio ABRAVEQ Nordeste e III Simpósio Alagoano de Medicina Equina, que foi realizado no Centro de Convenções do Hotel Ritz Lagoa das Antas, em Maceió-AL. Os trabalhos são das diferentes regiões do Brasil, demonstrando o grande interesse dos profissionais e estudantes da medicina veterinária pelo assunto. Aqui também gostaríamos de agradecer a comissão científica do evento e em especial a Drª. Luisa G. Teixeira, organizadora de todo o processo de avaliação e preparação das comissões avaliadoras dos trabalhos.

Palavra do Presidente dos SimpósiosO belo Estado de Alagoas, aonde o Agronegócio apresenta-se como uma das principais

atividades econômicas, tem na criação e na medicina de cavalos importante representação na região Nordeste, e por que não dizer do Brasil. Essa região brasileira, é berço da criação de cava-los Quarto-de-Milhas, tanto para as vaquejadas como as provas de tambor e balizas, e também para as raças Marchadoras, como o Campolina e o Mangalarga Marchador. Sem falar que foi um dos locais de introdução desses animais no Brasil, no século XVI.

Devido às características descritas acima e a importante cooperação entre o grupo de mé-dicos veterinários alagoanos e os colegas de outros estados do Brasil, Alagoas foi escolhida para sediar o VII Simpósio ABRAVEQ Nordeste, que ocorrerá simultaneamente com o III Simpósio Alagoano de Medicina Equina. Durante o evento ainda ocorrerá o importante forum para dis-cussão dos “projetos carroceiros” na região e no Brasil, envolvendo assuntos como o bem-estar e a sua importância sócio-econômcia dessa atividade.

Finalmente deve-se ressaltar que no evento, além dos palestrantes internacionais, have-rão importantes discussões associadas à hipiatria, em seus mais variados temas, e apresentação de mais de 130 resumos científicos e relatos de casos, de diferentes partes do Brasil, demonstran-do a pujança desse segmento para a formação de capital intelectual dos presentes no evento e dos que, no futuro, poderão se utilizar desse material para a sua educação e formação.

COMISSÃO CIENTÍFICADr. Rui Carlos VincenziPresidente Nacional da ABRAVEQ

Dr. Pierre Barnabé EscodroPresidente dos Simpósios

Dr. Helio Cordeiro Manso FilhoPresidente da Comissão Científica

Dr. Eldinê Gomes de Miranda NetoDr. Domingos C. DiasDrª. Luisa Gouvêa Teixeira

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Dr. Thiago A. P. de MoraesDr. Luiz André R. de LimaDrª. Candida ConradoDrª. Karla Patrícia ChavesDr. Tobyas MarizDr. Geraldo Eleno s. AlvesDr. Armen ThomassianDr. Marco Augusto Giannoccaro da SilvaDr. Marco AlvarengaDr. Wagnner PortoDrª. Beatriz Berlink D’Utra VazDr. Paulo Fernandes de Lima

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Acidente Ofídico em equino no município de Marechal Deodoro-ALSandra Regina Fonseca de Araújo VALENÇA1; Bruno Daby Figuerêdo de SOUZA2; Carla Cristina Moura de OLIVEIRA2; Flávia Figueiraujo JABOUR3; Jefferson Ayrton Leite De Oliveira CRUZ4.

No Brasil, acidentes ofídicos são comumente relatados em áreas rurais, sendo as serpentes do gênero Bothrops responsáveis por mais de 70% de todos os acidentes ofídicos notificados. A “Jararaca” é a representante desse grupo no Nordeste e o seu veneno apresenta ação necrosante, hemoaglutinante, hemorrágica, nefrotóxica com rápida absorção e dispersão entre os tecidos. Visando auxiliar na identificação das características clínicas causadas por picada de Jararaca em equinos, objetivou-se relatar um caso de acidente ofídico em um cavalo no município de Marechal Deodoro, Alagoas. Equino, macho, adulto, sem raça definida, foi atendido por veteri-nários após cair abruptamente no local de pastejo habitual. O animal permaneceu em decúbito lateral, em sofrimento e entrou em óbito em poucos minutos. O equino foi encaminhado para exame anatomopatológico. Fragmentos de tecido muscular, intestino, baço, rim, fígado e siste-ma nervoso central foram fixados em formol a 10%, incluídos em parafina, cortados em 5μ e corados por hematoxilina-eosina para estudo histológico. Os achados de necropsia revelaram cianose de mucosas, edema na região do focinho estendendo-se para a cabeça, duas perfurações paralelas com aproximadamente 1,5 cm de distância e hemorragia local. Ao corte da região ede-matosa, observou-se edema gelatinoso misturado com sangue vermelho escuro. Foram observa-das sufusões e equimoses nas serosas, intestino, baço, rim, fígado, cérebro e o tecido muscular ao redor da lesão. As lesões histológicas foram congestão e hemorragia severa da musculatura, intestino, baço, rim, fígado e no cérebro, além de áreas de necrose no tecido muscular próximo do ferimento e no baço. Os achados de necropsia e histopatologia convergem com as descrições de lesões citadas em acidente ofídicos do gênero Bothrops. A ação direta dos componentes da peçonha no sistema circulatório local aumenta a permeabilidade dos capilares determinando o aparecimento do edema gelatinoso com aspecto hemorrágico. A hemorragia local é decorrente da ação de proteínas de peso molecular alto que agem direto nos capilares induzindo extrava-samento. Os achados histopatológicos renais parecem derivar da ação direta do veneno sobre o endotélio vascular dos rins ou pela ação coagulante do veneno que causa microcoágulos capa-zes de provocar obstrução da microcirculação; as miotoxinas presentes no veneno de Bothrops são responsáveis pela necrose muscular observada, pois agem na membrana plasmática das células musculares resultando no desenvolvimento de isquemia produzindo lesões graves nos vasos e capilares presentes na região. Os achados clínicos causados pelo veneno de serpentes do gênero Bothrops são específicos e devem ser diferenciados das lesões causadas por outras inúmeras causas de morte súbita em animais pecuários. Com esse caso, demonstra-se a presença desse tipo de serpente na região e o risco de exposição dos animais aos acidentes, sugerindo a adoção de medidas profiláticas como o controle de roedores nas instalações, os quais atraem serpentes, suas predadoras naturais.

P A L A V R A S - C H A V E Cavalos, Serpentes, Clínica, Patologia.

1 Professora Clínica/Semiologia de Grandes Animais – DMV – UFRPE, Recife-PE; [email protected]

² Graduando (a) em Medicina Veterinária – UFRPE, Recife-PE;

3 Patologista Veterinária – Laboratório Jabour Histopatologia e Necropsia – Maceió-AL;

4 Médico Veterinário Residente - Clínica Médica, Cirúrgica e da Reprodução de Grandes Animais – UFRPE, Recife-PE.

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Administração perineural de toxina botulínica tipo A (Prosigne®) não bloqueia estímulos dolorosos da claudicação experimental em equinos – Experimento PilotoCarolina BERKMAN1; Marsel de Carvalho PEREIRA2; Luisa Gouvêa TEIXEIRA3; Ivan BUSTAMANTE-FILHO4

Afecções podais que culminam em claudicação aguda ou crônica, representam desafios

que exigem compreensão anatomo-fisiológicadas rotas nociceptivas. Em humanos, a toxina botulínica tipo A (TBA) é terapia antálgica inovadora, devido ao bloqueio neuromuscular pré-sináptico e supressão temporária da secreção de acetilcolina (ACh) nos ramos nervosos terminais. Em cavalos, a TBA mostrou resultados positivos na redução da tonicidade tendínea para controle da rotação da terceira falange e na analgesia da claudicação com administração intra-articular, mas ainda não foi testada como analgésico perineural, apesar dos resultados promissores em humanos. Avaliou-se a dor podal controlada e temporária e o efeito antálgi-co da TBA perineural, após a indução da claudicação experimental (ferradura com parafusos soleares ajustáveis), administrou-se TBA perineural aos nervos palmares lateral e medial do membro torácico esquerdo de cinco equinos machos castrados (7±3 anos, 380±10 Kg) volume de 1ml de TBA nas concentrações (25U, 50U, 100U e 150U) com avaliações clínicas, escore de claudicação e nível de sensibilidade local (Filamentos de Semmes-Weinstein-FWM) nos tempos (T0-antes, T1h, T2h, T3h, T4h, T5h, T6h, 12h, 24h, 48h e 72h).A TBA não provocou redução da claudicação, que desapareceu sem sequelas imediatamente após a retirada dos parafusos. Não foram identificados efeitos colaterais da TBA e a análise porFSW (Kgf/cm2),revelou au-mento da sensibilidade local em todas as dosagens, com mínimo e máximo de:25U (T0=0,01 e T3=0,002), 50U (T0=0,01 e T48=0,00005), 100U (T0=0,004 e T4=0,00005), 150U (T0=0,004 e T3=0,00005).O presente experimento propôs o aprofundamento da compreensão da ação analgésica da TBA.Esperávamos, com base em estudos humanos, comprovar a eficácia da TBA no bloqueio da condução nervosa periférica sensorial setorial, evitando a sua transmissão para as sinapses terminais culminando na atenuação do grau da claudicação, nosso resultado con-trário pode ser justificado pela estrutura anatomo-fisiológica peculiar dos feixes nervosos e neurotransmissores podais dos equinos, constituídos de terminações livres e com nociceptores relacionados a fibras do tipo C, fazendo com que os estímulos sigam diretamente através da medula espinhal ao córtex cerebral, não ocorrendo modulação prévia por neurotransmissores. A amplificação do reconhecimento doloroso sugeriu a incidência de lesão inflamatória local e temporária que se dirimiu naturalmente sem sequelas.A TBA não funciona como analgésico por administração perineuralpodal em equinos submetidos à claudicação experimental. Par-ticularidades anatomo-fisiológicas do sistema nervoso devem ser sempre consideradas ante a escolha do controle da dor podal.

P A L A V R A S - C H A V E Equinos, Toxina Botulínica A, Filamentos de Semmes-Weinstein, Claudicação experimental, Bloqueio Perineural.

1 FCAV-Unesp Campus de Jaboticabal– SP;

2 Universidade Federal do Mato Grosso, Campus Sinop–MT;

3 Centro Universitário CESMAC, Maceió–AL;

4 Centro Universitário Univates, Lajeado-RS

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 15 - setembro/dezembro, 2014

Alterações em vias respiratórias e parâmetros laboratoriais de cavalos carroceiros do município de Pinhais-PRMariane Angélica Pommerening FINGER1, Janaina Socolovski BIAVA2, Flávia do Prado AMARO3, Ivan Roque de BARROS FILHO4, João Henrique PEROTTA4, Peterson Triches DORNBUSCH4.

Cavalos carroceiros são utilizados como animais de tração no transporte de material re-ciclável e podem percorrer longas distâncias carregando peso elevado, de modo que, assim como um cavalo atleta, dependem do correto funcionamento de seu aparelho respiratório para desempenhar satisfatoriamente sua função. O objetivo do estudo foi avaliar a presença de alte-rações em vias aéreas em cavalos carroceiros no município de Pinhais/PR e associar a volume globular (VG), fibrinogênio e proteína plasmática total (PPT). Foram realizadas endoscopias de vias aéreas de nove cavalos carroceiros. As avaliações foram realizadas com vídeo colonos-cópio marca Storz durante o dia do Carroceiro, evento de extensão universitário em Pinhais/PR. Foram utilizados 9 animais, sendo 8 machos e uma fêmea, sem raça definida, separados aleatoriamente. Os animais foram contidos fisicamente e sedados com 1 mg/kg PV de xilazina. Observou-se que 2 animais apresentaram secreção nasal, sendo que um apresentou secreção bi-lateral e o outro somente na narina esquerda. Dois animais apresentaram hiperplasia folicular linfoide (HFL) e um animal cisto em epiglote. Observou-se hemiplegia laríngea (HL) esquerda grau 3 em 2 cavalos; presença de secreção muco purulenta na traqueia em 8 cavalos, sendo que em 5 cavalos a secreção muco purulenta estava presente em toda a extensão da traqueia. Em dois cavalos a secreção estava localizada apenas nos terços proximal e médio, enquanto em um cavalo a secreção foi observada nos terços médio e distal. Em um animal a secreção muco purulenta foi observada somente terço distal. Dois cavalos apresentaram bifurcação traqueal edemaciada. Os animais apresentaram em média: VG 30 ±0,04%, fibrinogênio 122,2 ± 61,8 mg/dL e PPT 8,2 ± 0,3 g/dL. Nenhum animal apresentou valores alterados de fibrinogênio e PPT. A maioria dos animais estava anêmico (VG abaixo dos valores de referência), sendo que somente três apresentaram VG normal. Destes, dois apresentaram HFL; os três secreção em traqueia e um HL e secreção nasal, o que sugere que estas alterações não afetam o VG. Anemia vem sendo relatada em cavalos carroceiros e provavelmente está associada à nutrição inadequada. A hiper-plasia folicular linfoide é considerada normal em animais jovens. A presença de cisto pode obs-truir as vias aéreas interferindo a ventilação. A presença de secreção na traqueia é indicativa de processo inflamatório em vias aéreas, que pode estar presente nesses animais pela condição de baixa imunidade a que podem estar expostos bem como pelo fato de transitarem no meio ur-bano e possivelmente estarem expostos a diversos poluentes. Porém, não se observou alterações nos valores do fibrinogênio. Este, quando elevado, indica a presença de processo inflamatório. A hemiplegia laríngea é mais comumente relatada na cartilagem aritenóide esquerda, como observado no presente estudo. O edema de bifurcação traqueal pode estar associado a reação inflamatória presente nas vias aéreas. Conclui-se que cavalos carroceiros podem apresentar di-versas alterações em trato respiratório que possivelmente afetem seu desempenho e que, pro-vavelmente, seus proprietários não teriam conhecimento se este estudo não fosse realizado em parceria com o Projeto Carroceiro na UFPR/PR. Apesar de todos os cavalos apresentarem-se anêmicos, a PPT e fibrinogênio não estavam alterados em cavalos carroceiros, mesmo naqueles com alterações visíveis à endoscopia.

P A L A V R A S - C H A V E Equinos, vias aéreas, doenças, parâmetros laboratoriais

1 Doutoranda em Ciências Veterinárias UFPR;

2 Docente Departamento de Zootecnia da UEPG;

3 Acadêmica de Medicina Veterinária da UFPR;

4 Docente Departamento Medicina Veterinária da UFPR.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 16 - setembro/dezembro, 2014

Amputação alta de membro pélvico em um asinino – relato de casoMayumi Santos BOTELHO-ONO1*; Pollyanna Cordeiro SOUTO1; Jefferson Ayrton Leite de Oliveira CRUZ2; Robério SIQUEIRA FILHO3; Mauro de Araújo PENAFORTE JUNIOR1;

Alexandre Cruz DANTAS4

Em equídeos, as afecções do sistema locomotor são muito comuns, sendo uma das princi-

pais responsáveis pelo atendimento desses animais em hospitais e clínicas veterinárias, sobretu-do no que diz respeito a traumatismos por arame liso, cordas, cercas, dentre outros. Assim, é de grande importância a instituição de um tratamento de forma rápida e eficaz com a finalidade de evitar possíveis consequências, a qual destaca-se a necrose tecidual que pode se estender por todo um membro, resultando na perda funcional do mesmo além de riscos de sepse compro-metendo o estado de saúde do animal. Uma vez que em sua maioria esses animais tem como finalidade de uso a tração, com a redução da mobilidade de um dos membros, a eutanásia é realizada. Entretanto, alternativas a esta como a amputação de membro vem sido utilizada principalmente em animais que além do valor comercial apresentam também o sentimental. Em grandes animais, sobretudo equídeos, esta é uma técnica ainda em ascensão e que vem apresentando bons resultados, principalmente, quando associadas ao uso de próteses ortopé-dicas visando auxiliar o processo de adaptação desses animais a nova vida. Este relato trata de um asinino, macho, com quatro meses de idade, pesando 38 kg, atendido no Ambulatório de Grandes animais da UFRPE, com histórico de traumatismo por corda no membro pélvico di-reito, quatro dias antes do atendimento. Foi realizado o tratamento em casa pelo proprietário com limpeza da ferida e aplicação de repelente associado a administração oral de Amoxicilina (500 mg) mas sem resposta satisfatória. Durante o exame clinico foi observado que o animal apresentava claudicação de apoio grau IV deste membro o qual encontrava-se enegrecido, com odor fétido, friável do terço médio do metatarso até a região do casco, sem sensibilidade ao teste de dor profunda e com ausência de resposta ao teste proprioceptivo, sugerindo processo de ne-crose nessa região. Considerando o bom estado de saúde e o tipo de criação do animal, optou-se por encaminhar o mesmo a cirurgia para realização da amputação alta do membro pélvico. A técnica cirúrgica teve como objetivo principal remover toda área de necrose tecidual existente no membro do animal. Foi realizada a incisão no terço médio do fêmur com posterior secção na porção mais proximal do mesmo. A musculatura foi aproximada utilizando padrão de sutu-ra “Sultan”. Para redução de espaço subcutâneo foi utilizado padrão contínuo-simples e a pele foi suturada com “Wolf”. Foi realizada a administração de soro antitetânico e estabelecido um protocolo pós-operatório de tratamento a base de penicilina. O curativo foi feito diariamente com iodopovidine e repelente prata. Após três dias da execução do procedimento cirúrgico, foi informado pelo proprietário do animal que o mesmo já se encontrava em estação e em plena atividade. Assim, pode-se concluir que a técnica da amputação de membro constitui uma op-ção de tratamento para esses animais cuja apenas a eutanásia seria considerada.

P A L A V R A S - C H A V E Equinos, Toxina Botulínica A, Filamentos de Semmes-Weinstein, Claudicação experimental, Bloqueio Perineural.

1 Discente do Curso de Especialização Latu Sensu Práticas Hospitalares e Laboratoriais em Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco. *E-mail: [email protected] (Apresentador)

2 Médico Veterinário Residente do Ambulatório de Grandes Animais, Universidade Federal Rural de Pernambuco.

3 Médico Veterinário do Hospital Veterinário, Universidade Federal Rural de Pernambuco.

4 Médico Veterinário do Ambulatório de Grandes Animais, Universidade Federal Rural de Pernambuco.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 17 - setembro/dezembro, 2014

Aplicação de células-tronco adiposo derivadas em um equino com sindesmopatia metatarsal: Relato de CasoJoão Pedro Hübbe PFEIFER¹; Lorenzo SEGABINAZZI²; Maiele Dornelles SILVEIRA³; Nance Beyer NARDI³; Lucas CANUTO4; Charles Ferreira MARTINS5

Sindesmose é um tipo de articulação de fibras de colágeno, permeada por tecido conjuntivo

fibroso, de modo a constituir uma membrana, assim determinando um maior ou menor grau de movimentação. As lesões das membranas interósseas estão relacionadas a animais jovens de 3-5 anos, quando esses passam a intensificar a vida atlética. Tais episódios promovem estresse das fibras dessas membranas, desenvolvendo uma reação de mineralização hipertrófica, e con-sequentemente, queda de desempenho atlético. Até o momento não há estudos descrevendo o resultado terapêutico do uso de células-tronco derivadas de tecido adiposo em sindesmopatia intermetatarsiana. As células-tronco derivadas do tecido adiposo (CTAD) são multipotentes, não-imunogênicas e podem se diferenciar em células de outras linhagens celulares, podendo auxiliar na recuperação destas lesões. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito das CTAD alogênicas em um equino com sindesmopatia intermetatarsiana. Foi submetida a trata-mento com CTAD, uma égua da raça Crioula de três anos de idade, apresentando sindesmopa-tia intermetatarsiana, e sinais clínicos de aumento de volume (4,5 cm) na face próximo-medial intermetatarsiana esquerda, sensibilidade álgica à palpação, claudicação de grau II e redução da fase anterior do passo. Previamente a aplicação de CTAD a região intermetatarsiana foi avaliada radiologicamente, sendo o animal submetido às projeções dorso-plantar, latero-medial, dor-solateral-plantaromedial-oblíqua (D45L-PlMO). O diagnóstico registrou sindesmopatia, uma área de mineralização hipertrófica perpendicular ao espaço interósseo, proximal entre os II e III ossos metatarsianos. Posteriormente o animal foi submetido a tratamento com terapia celular, através da seguinte metodologia: um garrote distal à lesão foi posto com intuito de promover a permanência das CTAD na região. Subsequentemente foi infiltrado 5 mL de CTAD perilesio-nal (concentração de 2 x 107) e 1 mL de CTAD intralesional (concentração de 2 x 107), totali-zando a concentração de 4 x 107. Após a aplicação das CTADs foram aguardados vinte minutos antes da remoção do garrote e posterior bandagem protetora. Após trinta dias da aplicação de CTAD, ao exame específico do membro afetado foram verificados os seguintes sinais clínicos: ausência de encurtamento da fase anterior do passo, o aumento de volume permaneceu inalte-rado, redução álgica a palpação e ausência de calor na região intermetatarsiana, caracterizando redução do processo inflamatório. No exame radiográfico, manteve-se aparência de minerali-zação hipertrófica de tecido conjuntivo fibroso perpendicular ao espaço interósseo, entre os II e III ossos metatarsianos, porém, sinais marginais de inatividade proliferativa estavam presen-tes, contrapondo o observado previamente a utilização de CTAD. Acredita-se que, as CTAD tenham contribuído com efeitos antiálgicos e contido a hipertrofia da membrana interóssea, demonstrando assim, ser uma possível terapia adjunta àquelas já estabelecidas e comprovadas clinicamente, como os revulsivos. Contudo, o tempo de repouso para recuperação do paciente, maior número de aplicações de CTADs, a necessidade de avaliar simultaneamente com um grupo controle e o uso criterioso da terapia celular, devem ser preconizados, pois são essenciais para comprovar o potencial terapêutico das CTADs na sindesmopatia em equinos.

P A L A V R A S - C H A V E Células tronco, sindesmopatia, terapia celular

¹ Universidade Federal de [email protected]

² Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

³ CellVet Medicina Veterinária Regenerativa

4 Universidade Federal de Alagoas

5 Universidade Federal de Pelotas

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 18 - setembro/dezembro, 2014

Aspectos clínicos e levantamento sorológico da brucelose em equídeos de carga do município de Marechal Deodoro, estado de Alagoas, BrasilNielma Gabrielle Fidelis OLIVEIRA¹; Ulisses Barbosa RAPHAEL¹; Jéssica Monteiro Queiroz de MEDEIROS¹; Jonas de Melo BORGES²; Sílvio Romero Oliveira de ABREU¹; Luisa Gouvêa TEIXEIRA1,3

A brucelose é uma doença infectocontagiosa crônica causada por bactérias gram-negativas,

aeróbias, intracelulares facultativas pertencentes ao gênero Brucella, a qual acomete os seres humanos e diferentes espécies de animais domésticos. A partir deste estudo, objetivou-se ana-lisar a presença da Brucella abortus e dos sinais clínicos relacionados à brucelose nos equídeos utilizados em veículos de tração animal, residentes no Município de Marechal Deodoro, Estado de Alagoas, Brasil. No período de Fevereiro a Maio de 2014, amostras foram obtidas por meio de venopunção jugular de 82 equídeos escolhidos aleatoriamente, independente de sexo, raça ou idade, utilizando-se tubos sem anticoagulante. Estas foram centrifugadas a 3.000 rpm para obtenção do soro sanguíneo e avaliação sorológica. Como preconizado pelo Programa Na-cional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT), tais amostras séricas foram submetidas ao teste do Antígeno Acidificado Tamponado (AAT) como triagem e, caso a aglutinação estivera presente, a amostra do soro seria submetida aos testes confirmatórios de Soroaglutinação Lenta em Tubos (SAL)  associada ao 2-Mercaptoetanol (2ME). À anamnese questionou-se o histórico de aborto nas fêmeas e o contato dos equídeos com bovinos. Ao exame físico dos equídeos mensurou-se a temperatura retal e identificou-se da presença ou não de tendossinovites e bursites carpais, cervicais, nucais e interescapulares, com presença ou não de fístulas e, ainda, a ocorrência de orquite nos equídeos machos. Destes 82 equídeos avaliados, apenas três (3,65%) apresentaram histórico de fístula e drenagem de secreção purulenta na região interescapular (cernelha), com difícil cicatrização. Houve histórico de aborto em três fêmeas (3,65%) e cinco equídeos (6,09%) habitavam terrenos comuns à presença de bovinos. À coleta dos dados, observou-se alteração na região da cernelha em apenas dois animais (2,43%), sendo um com discreto edema e dor à palpação local, e outro com a ferida em fase final de cicatrização, sem processo inflamatório. Quatro animais (4,87%) apresentaram alterações no sistema locomotor, sendo três com bursite carpal e um com tendossinovite. Um animal apre-sentou orquite (1,21%). Nenhum equídeo apresentou hipertermia, bursite nucal, osteomielite ou osteoartrite, observadas clinicamente. À análise laboratorial das 82 amostras séricas, não se constatou a aglutinação empregando-se o teste do AAT. Devido às amostras negativas ao teste de triagem, não foi necessária a submissão destas aos testes confirmatórios supracitados. A pro-va do AAT consiste na soroaglutinação em placa, onde o antígeno é tamponado em pH 3,65. Esta acidificação do antígeno reduz a atividade da imunoglobulina M, proporcionando maior aglutinação das imunoglobulinas da subclasse IgG1, considerada esta de maior especificidade no diagnóstico da doença. Isto torna o AAT um teste confiável e eficiente para a triagem de casos de brucelose. Animais utilizados em veículos de carga comumente apresentam feridas cutâneas, como o abscesso de cernelha, considerado também um dos principais achados re-lacionados à presença desta doença. Logo, exames laboratoriais de triagem e confirmatórios são essenciais, evitando-se a ocorrência de erros diagnósticos baseados apenas nas alterações clínicas. A partir deste estudo, considera-se de baixa importância epidemiológica a brucelose nos equídeos utilizados em veículos de tração animal, residentes no Município de Marechal Deodoro, justificado principalmente pelo baixo índice de convivência entre estes animais e os bovinos. Acredita-se serem necessários estudos mais amplos na população de equídeos, para que se obtenha o real delineamento epidemiológico da brucelose equina neste Município, no Estado de Alagoas e nos demais Estados do Brasil. O presente estudo pesquisou pela primeira vez a presença de anticorpos contra a Brucella abortus em equídeos de carga residentes no mu-nicípio de Marechal Deodoro, Estado de Alagoas, Brasil.

P A L A V R A S - C H A V E Equus asinus, ortopedia, técnica cirúrgica

A G R A D E C I M E N T O S Centro Universitário CESMAC e Laboratório de Análises Clínicas da Unidade Acadêmica de Garanhuns/UFRPE.

¹ Centro Universitário Cesmac, Marechal Deodoro, Alagoas – Brasil.

² UFRPE/UAG, Garanhuns, Pernambuco - Brasil;

³ FCAV/UNESP, Jaboticabal, São Paulo – Brasil.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 19 - setembro/dezembro, 2014

Aspectos clínicos e levantamento sorológico da leptospirose em equídeos de carga do município de Marechal Deodoro, estado de Alagoas, BrasilLuisa Gouvêa TEIXEIRA1,2; Emilio Carlos SARMENTO3; Mayra Carla Pedrosa da SILVA3; Daniela Barbosa da SILVA4; Sílvio Romero de Oliveira ABREU1; Hélio LANGONI4

A leptospirose, enfermidade causada por bactérias do gênero Leptospira, é uma das zoono-ses mais difundidas no mundo, a qual acarreta grandes prejuízos na produção equina. A partir deste estudo, objetivou-se avaliar a ocorrência de alterações clínicas relacionadas à leptospirose e a presença de aglutininas anti-Leptospira spp. em amostras de soros sanguíneos dos equídeos de carga residentes no município de Marechal Deodoro, Estado de Alagoas - Brasil. Foram reali-zados, no período de Outubro de 2012 à Março de 2013, exames físicos e oftálmicos para avalia-ção da presença de sinais clínicos característicos da leptospirose em 90 equídeos escolhidos ao acaso, independente de sexo, raça e idade. À anamnese, os proprietários destes foram questiona-dos sobre a ocorrência de aborto nas éguas, vacinação contra leptospirose e a condição sanitária à qual os equídeos eram submetidos. Foram coletadas amostras de 10 mL de sangue destes animais, por meio de venopunção jugular, utilizando-se tubos estéreis sem anticoagulante. As amostras foram centrifugadas a 3000 rpm para obtenção de soro sanguíneo e analisadas pelo Teste de Soroaglutinação Microscópica (SAM) para pesquisa de aglutininas anti-Leptospira spp., como preconizado pela Organização Mundial de Saúde. Dos 90 animais avaliados, 35 equídeos (38,89%) foram soronegativos para os 13 sorovares e 4 sorovariantes testados, enquanto, 55 (61,11%) reagiram positivamente a um ou mais sorovares, com diluição até 1:1600. O sorovar Icterohaemorrhagiae foi o mais frequente, com 29 animais soropositivos (32,22%), seguido do Djasiman com 25 animais (27,77%); 23 (25,55%) para Canicola; 21 (23,33%) para Copenhageni; 11 (12,22%) para Castellanis; 11 (12,22%) para Hebdomadis; 6 (6,66%) para Hardjo C.T.G; 7 (7,77%) para H. Prajtino; 4 (4,44%) para H. Bovis; 7 (7,77%) para Wolffi; 3 (3,33%) para Hardjo; 3 (3,33%) para Pyrogenes; 3 (3,33%) Pomona; 2 (2,22%) para Bratislavia e 1 (1,11%) para Gryppoty-phosa. Constatou-se que 19 equídeos (21,11%) apresentavam alterações oftálmicas, no entanto, apenas 10 desses animais (52,63%) foram soropositivos à SAM. As alterações oftálmicas obser-vadas incluíram a opacidade de córnea (31,57%); ausência ou diminuição de reflexo de ameaça (15,78%); ausência de reflexo pupilar direto à luz (10,52%); miose (10,52%); sinéquia (10,52%); despigmentação da íris (10,52%); ausência de reflexo palpebral (5,29%); hipópio (5,19%); uveí-te (5,19%); blefaroespasmo (5,19%); catarata (5,19%); edema de córnea (5,19%); neovasculari-zação da córnea (5,19%); phitisis bulbis (5,19%); blefarite (5,19%) e epífora (5,19%). Ao exame clínico, sete animais (7,77%) apresentavam coloração ictérica nas membranas mucosas, sendo seis deles (85,71%) positivos para Leptospira spp. À anamnese, duas fêmeas (2,22%) apresenta-ram histórico de aborto, as quais foram soronegativas à SAM. Nenhum equídeos era vacinado contra a leptospirose e todos habitavam em terrenos alagadiços, com condições higiênico-sa-nitárias precárias e fácil acesso ao lixo doméstico e roedores. A maior ocorrência do sorovar Icterohaemorrhagiae corrobora esta informação, o qual está associado à presença de ratos, sendo estes são os maiores portadores deste sorovar e, uma vez infectados, se tornam fontes fixas de infecção. Neste estudo houve baixa prevalência de equídeos que apresentassem ao mesmo tem-po alterações clínicas características da leptospirose e a soropositividade para Leptospira spp., indicando que os animais do presente estudo são portadores assintomáticos desta bactéria, em sua maioria, confirmando a necessidade da realização do Teste de SAM para o diagnóstico de leptospirose. A soropositividade maior do que 50% revelou elevada prevalência de equídeos de carga residentes no município de Marechal Deodoro infectados pela Leptospira spp. O contato direto destes animais com indivíduos de outras espécies, inclusive os seres humanos, ratifica a importância desta bactéria na saúde pública da região.

P A L A V R A S - C H A V E Células tronco, sindesmopatia, terapia celular

A G R A D E C I M E N T O S Centro Universitário CESMAC e Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Pesquisa (CNPQ).

1FCAV/UNESP, Jaboticabal, São Paulo – Brasil;

2Centro Universitário Cesmac, Marechal Deodoro, Alagoas – Brasil;

3Médico(a) Veterinário(a) Autônomo(a);

4FMVZ/UNESP, Botucatu, São Paulo – Brasil.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 20 - setembro/dezembro, 2014

Aspergilose sistêmica em um cavalo – relato de casoJéssica Rodrigues da SILVA1, Monalisa Lukascek de CASTRO2, Eduarda Maciel BUSATO1,

Ivan DECONTO3, Renato SOUSA3, Peterson Triches DORNBUSCH3

A aspergilose é uma enfermidade micótica oportunista causada por Aspergillus fumigatus,

A. nidulans, A. flavus entre outros agentes. Estes se encontram no solo, matéria orgânica em decomposição e ar, sendo sua principal forma de entrada no organismo por via respiratória, pela inalação de esporos ou através de ingestão e inoculação transcutânea (trauma). Dentre os animais domésticos, a espécie equina é a terceira mais acometida por afecções micóticas, sendo pitiose a principal doença. A infecção por Aspergillus sp. é considerada rara e acredita-se que alguns fatores como terapia antibiótica prolongada e/ou com glicocorticóides e estresse, predis-põem ao aparecimento da doença.Os principais sinais clínicos incluem febre, dispneia, perda de peso progressiva e descarga nasal. Concomitante a estes sinais pode haver aparecimento de uveite e laminite. Alguns animais infectados podem não apresentar sinais clínicos. Um cavalo, de seis anos de idade, da raça Quarto de Milha, apresentava emagrecimento progressivo, apetite depravado, alopecia multifocal, com crostas em algumas regiões, hiperqueratose, seborréia e era altamente responsível à estímulos externos. O proprietário relatou que o animal recebeu tratamentos prolongados com antibióticos e antiinflamatórios e suspeitava da utilização de drogas não prescritas. Foram realizados hemograma, bioquímico (AST, GGT, CK, bilirrubinas, ferro sérico, uréia e creatinina) e urinálise, onde verificou-se leucocitose, aumento do valor da bilirrubina indireta (5.78 mg/dL sendo o normal de 0.20 a 2.00 mg/dL) e isostenúria (densida-de 1006, sendo o normal de 1020 a 1050). Foi instituída terapia antiinflamatória, antibiótica e suporte nutricional, porém o animal não respondeu ao tratamento, chegando a caquexia. Dois meses após chegada ao HV, o animal foi submetido a eutanásia. Os achados mais importantes na necropsia foram pulmões de aspecto miliar, e ao corte grande quantidade de nódulos me-dindo entre 0,2 a 0,6cm de diâmetro preenchidos por material caseoso branco amarelado. Na histopatologia, em meio às células inflamatórias haviam inúmeras hifas septadas, interpretadas como Aspergillus sp. O fígado continha três nódulos e foco de necrose. Os rins apresentavam múltiplas áreas focalmente extensas de hifas de Aspergillus sp. no interstício. No peritôneo pa-rietal havia duas nodulações planas, semelhantes aos nódulos encontrados no pulmão. No en-céfalo verificou-se áreas de malácia nos lobos parietal e temporal esquerdos do cérebro, que se aprofundava até próximo da comissura dos hemisférios cerebrais, medindo 4,2x2,1x3cm. Na substância branca havia múltiplas áreas focalmente extensas de necrose de liquefação acompa-nhadas por inúmeras hifas de Aspergillus sp. intralesionais. A partir dos achados de necropsia e histopatologia, diagnosticou-se infecção sistêmica por Aspergillus sp., sugerindo-se que a porta de entrada do agente infeccioso no organismo foi a via respiratória. O diagnóstico de aspergilo-se é confirmado pós mortem na maioria dos casos, o que muitas vezes torna o tratamento inade-quado, visto que os animais não respondem as terapias convencionais, baseadas em tratamento de suporte, antibioticoterapia e uso de antinflamatórios.

P A L A V R A S - C H A V E Equino; fungo; malácia

1Residentes de Clínica Médica e Cirúrgica de Grandes Animais da UFPR

2Pós Graduanda em Ciências Veterinárias na UFPR

3Professores do Departamento de Medicina Veterinária da UFPR

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 21 - setembro/dezembro, 2014

Associação de benzoato de estradiol e progesterona na preparação de éguas acíclicas como receptorasElizabete Julia da SILVA1; Alexandre Rodrigues de PAULA JUNIOR2; Adelaide Caroline Primo da SILVA2; Eugênio Souza KUNG2; Roberto Clício MAIA FILHO2; Cláudio Coutinho BARTOLOMEU2;

O Brasil é um centro de referência no estudo e na utilização de Biotécnicas aplicadas à

Reprodução Equina, como a Inseminação Artificial (IA) e a Transferência de Embriões (TE). A utilização da TE tem aumentado bastante, possibilitando a exploração máxima de animais de alto valor genético. Um dos fatores mais importantes para o sucesso da TE em equinos, é a se-leção e o manejo das éguas receptoras, já que esta irá reconhecer o embrião e terá que fornecer as condições necessárias ao seu desenvolvimento. Devido às influências do fotoperíodo, ocorre certa limitação na utiização de éguas receptoras, sendo assim, faz-se necessário o estudo com protocolos hormonais que possibilitem a utilização de receptoras de embrião com ciclo artifi-cial. Este trabalho teve como objetivo, comparar taxas de prenhez de éguas receptoras em anes-tro ou na fase de transição, submetidas à hormonioterapia (Benzoato de Estradiol – BE – dose única, e progesterona – P4 – de longa ação), com receptoras cíclicas. O estudo foi realizado em um haras em Vitória da Conquista/Bahia, onde foi feito um acompanhamento folicular, por meio de palpação retal e ultrassonografia nas éguas doadoras, e as fêmeas que apresentavam fo-lículo com diâmetro maior ou igual a 35,0 mm receberam 2500 UI de gonadotrofina coriônica humana (hCG), intravenoso (IV), ou 1,0 mg de análogo de GnRH (deslorelina) intramuscular (IM), como agente indutor de ovulação. As doadoras foram inseminadas com sêmen fresco (duas palhetas contendo 200 milhões de espermatozóides viáveis) 24 horas após a indução. O D0 foi considerado o dia da ovulação e o D8 o dia da colheita do embrião. Foram utilizados 39 embriões coletados pela via transcervical, e lavados de três a cinco vezes, com um litro de solu-ção Ringer com lactato de Sódio em cada procedimento. Em uma placa de Petri, os embriões foram analisados e classificados com auxílio de lupa estereoscópica. Depois, foram transferidos para outra placa, contendo meio de cultivo BotuEmbryo® para manutenção dos embriões, e remoção das sujidades aderidas aos mesmos. Os embriões de graus 1 e 2 foram envazados em palhetas de 0,25 mL e transferidos em inovuladores específicos. Imediatamente antes da inovu-lação embrionária (via transcervical), as receptoras foram analisadas com exames de palpação retal para avaliar o tônus e ultrassonografia para avaliação da morfoecogenicidade uterina. As 39 receptoras, foram divididas em dois grupos: Grupo 1 – 22 éguas cíclicas. Nas fêmeas que apresentavam diâmetro folicular maior ou igual a 35,0 mm em sincronia com as doadoras, era administrado 1 mL de deslorelina, para induzir a ovulação. Essas foram inovuladas entre os dias 4 e 8 pós-ovulação. Grupo 2 – 17 éguas acíclicas, onde foi administrado 10mg de BE e 48 horas após, verificou-se a presença de edema uterino, as fêmeas que apresentavam edema entre 3 e 4 foi feita aplicação de 10 mL de P4 oleosa de longa ação, concentração de 200mg/mL, IM e com repetições semanais até o 120º dia de gestação. Essas foram inovuladas entre 4 e 8 dias após aplicação de P4. O diagnóstico de gestação foi executado no D14, mediante exame ultrassono-gráfico. A taxa de prenhez alcançada com a hormonioterapia, não apresentou significância es-tatística (P>0,05) quando comparada às éguas cíclicas, sendo 76,43% (13/17) e 63,63% (14/17), respectivamente. O protocolo utilizado no Grupo 2 mostrou ser uma alternativa satisfatória na preparação de receptoras de embrião.

P A L A V R A S - C H A V E biotécnicas, hormonioterapia, ultrassonografia, ovulação.

1 Programa de Pós Graduação em Sanidade e Reprodução de Ruminantes

– UFRPE/UAG

2 Departamento de Medicina Veterinária - UFRPE

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 22 - setembro/dezembro, 2014

Associação fitoterápica no tratamento em feridas de equinosCinthia Cristina JARDIM1; Isadora Macedo BARBON1; Bárbara Luiz De SANTANA1

Os fitoterápicos são obtidos empregando-se matérias-primas ativas vegetais. A diferença en-

tre eles e os medicamentos alopáticos, é que os fitoterápicos atuam de modo mais amplo, pois vários componentes atuam ao mesmo tempo (efeito sinérgico). Ao longo do tempo, tem ha-vido uma prática de colocar substâncias em feridas com o objetivo de melhorar a cicatrização. A cicatrização é uma resposta do organismo a uma injúria e consiste de uma ação coordenada e eficiente de elementos dos sistemas imune e celular, para a reconstituição do tecido lesiona-do. Atualmente há um interesse crescente em produtos naturais, existindo diversos fármacos produzidos a partir de plantas medicinais. As feridas podem ser abertas ou fechadas, limpas, contaminadas, ou infectadas. Embora o processo cicatricial esteja dividido em quatro fases, na realidade elas são interdependentes e sobrepostas dinamicamente no tempo. Na maioria dos fitoterápicos de aplicação tópica o local de ação é superficial. Poucas vezes a ação ocorre na epiderme, derme e hipoderme. O objetivo do presente trabalho é relatar os efeitos do uso tópico de produto a base de plantas medicinais em feridas cutâneas decorrentes de acidentes em cavalos de corrida, quando se buscou alternativas satisfatórias para a cicatrização por se-gunda intenção. Para tal,utilizou-se feridas em 3 equinos adultos, PSI,alojados no Jockey Club Brasileiro. As lesões eram abertas e localizadas em diferentes regiões (metatarso, abdômen e antebraço). As mesmas eram tratadas diariamente empregando-se a solução higienizadora de ferimentos Fitoclean® (Organnact) composta por plantas que promovem limpeza profunda com ação adstringente. Evidenciou-se melhora na cicatrização após a segunda semana de uso, quando havia quase completa re-epitelização da área lesionada. Foi possível observar contração da área lesionada em sua maioria, por volta de 15 dias de tratamento, diferentemente de outros casos em que não se utilizou o produto no mesmo período de tratamento. Concluiu-se que o uso tópico de Fitoclean® nas feridas beneficiou o processo de cicatrização.

P A L A V R A S - C H A V E Equinos, ferida, fitoterápico

1Jockey Club Brasileiro, Rio de Janeiro - RJ - BRASIL.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 23 - setembro/dezembro, 2014

Avaliação bioquímica e microbiológica de plasma equino resfriado coletado por aférese automatizadaJackellyne Laís Ferreira LINS¹, Karina Pessoa de OLIVEIRA², George Tenório Pereira de OLIVEIRA¹, Pierre Barnabé ESCODRO³, Karla Patrícia Chaves SILVA³, Márcia Kikuio NOTOMI³

O plasma fresco tem sido utilizado na terapia adjuvante de afecções de equinos, princi-

palmente neonatos, fornecendo imunoglobulinas, fatores de coagulação, enzimas e proteínas plasmáticas, além de auxiliar na manutenção da pressão vascular oncótica. Foi selecionado um equino sadio, castrado, nove anos, sendo imunizado contra Raiva, Encefalomielite, Tétano, In-fluenza e Rodococose, recebendo reforço vacinal após 28 dias. O animal, após 21 dias da se-gunda vacinação, foi submetido à coleta automatizada de plasma por meio do equipamento Fresenius Kabi® modelo AS104. Foram fracionadas 72 alíquotas de 5 mL de plasma, sendo mantidas sob refrigeração a 5 ºC. As amostras foram avaliadas em relação ao controle micro-biológico (cultura bacteriana) e concentração de eritrócitos, proteínas totais, albumina, fibri-nogênio e globulinas séricas, no momento após a coleta, 7, 14, 23 e a cada 30 dias até 180 dias (6 meses), em sistema experimental por triplicata, Em relação às concentrações séricas de pro-teínas totais até 30 dias, a média foi de 8,13± 0,69 g/dl, apresentando normalidade entre médias. Avaliando-se a concentração plasmática de albumina notou-se média de 2,45± 0,17 g/dl, pouco abaixo da média para a espécie 2,60-3,70± g/dl, valor que já foi inferior na primeira avaliação, apresentando-se como característica do doador. Em relação às globulinas avaliou-se média de 5,675± 0,286 g/dl, ressaltando que, a média encontrada foi 40,5 % superior à média máxima para a espécie, que varia entre 2,62-4,04 g/dl. Na avaliação de 30 a 180 dias, as concentrações séricas de proteínas totais tiveram média de 6,54± 0,64 g/dl. Essa média encontra-se dentro dos limites preconizados para espécie. Observou-se a média de 2,51± 0,09 g/dl para a albumina, apresentando normalidade entre médias. As globulinas não variaram significativamente suas concentrações até 180 dias, indicando que até então não há degradação da amostra. As concen-trações de fibrinogênio diminuíram em 50 % na avaliação de 14 dias. Em nenhum momento de avaliação foi detectado presença de bactérias nas amostras. A qualidade do plasma fresco resfria-do (a 5ºC), coletado por aférese automatizada, para uso em equinos é mantida em até 15 dias para fibrinogênio e em 120 dias para proteínas plasmáticas, albumina e globulinas, indicando seu uso até esse tempo, podendo ser mantido sob refrigeração à 5ºC. . Ainda, conclui-se que em até 180 dias de estocagem de plasma fresco resfriado a 5ºC, coletado por aférese automatizada, não há contaminação microbiológica das amostras, mostrando que a técnica automatizada é de alta biossegurança.

P A L A V R A S - C H A V E Automação. Controle de Qualidade. Refrigeração. Plasma Equino.

1 Acadêmicos de Medicina Veterinária- UFAL

² Médica Veterinária autônoma

³ Professores Adjuntos do Curso de Medicina Veterinária–UFAL

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 24 - setembro/dezembro, 2014

Avaliação da fragilidade osmótica eritrocitária de equinos em provas de vaquejadaRailson de Sousa SANTOS, Antonio Francisco da Silva LISBOA NETO, Adriana de Sousa ARAÚJO, Eremilton Lopes da SILVA, Luciana Pereira MACHADO

O aumento do fluxo sanguíneo, hemoconcentração, alterações de pH, temperatura e au-

mento das espécies reativas de oxigênio induzem estresse físico e químico aos eritrócitos, po-dendo causar hemólise. Na vaquejada já foi observado aumento do número de eritrócito após o exercício, porem os estudos não avaliaram se existe lesão nos eritrócitos. O aumento da fragili-dade osmótica eritrocitária (FOE) é um importante indicador de hemólise intravascular, sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o efeito do exercício de vaquejada no eritrograma e na fragilidade osmótica eritrocitária, de modo a verificar se o exercício de vaquejada é capaz de causar hemólise em equinos. Foram utilizados oito equinos machos da raça Quarto de Milha, que participaram como cavalos de “puxada” em uma prova de vaquejada, na qual realizaram de duas a três corridas por dia, durante três dias consecutivos. Foram colhidos 5 mL de sangue nos momentos: entre 7:00 e 9:00h no dia anterior a prova (M0); logo após a primeira corrida (M1); 30 minutos (M2) e 24 horas (M3) após a última corrida realizada pelo animal na pro-va. Foi realizada a determinação do volume globular (VG) por método de microhematócrito; contagem absoluta de eritrócitos em câmara hemocitométrica; concentração de hemoglobina em espectrofotômetro pelo método da cianometahemoglobina. A FOE foi determinada pela porcentagem de hemólise em 16 soluções com concentrações crescentes de cloreto de sódio (NaCl) tamponado, variando de 0 a 0,85%, em pH 7,4. As absorbâncias foram determinadas nos sobrenadantes em espectrofotômetro a 540 nm, após centrifugação a 350g por 10 minutos, com o resultado final indicando a concentração de NaCl correspondente a 50% de hemólise (H50), calculado a partir da curva dos percentuais de hemólise nas concentrações e ajustada por um modelo linear generalizado para as proporções, com função de ligação probit. Os dados fo-ram submetidos à análise de variância (ANOVA) pelo procedimento GLM do SAS e compara-ção de médias utilizando o teste de Duncan com nível de significância de 0,05. No M0 a média do número de hemácias (6,83±1,8 x106/µL) e hemoglobina (11,6±1,6 g/dL) estiveram dentro dos valores de normalidade para equinos embora o VG (30,6±3,4%) estivesse discretamente inferior, porém semelhante aos valores de repouso observados em outros estudos com equinos em provas de vaquejada. Foi observado aumento significativo do número de hemácia (8,68 ± 1,66 x106/µL), hemoglobina (15,7 ± 2,1 g/dL) e VG (42,3±5,1%) no M1 (p<0,05). Este aumento é transitório e reflete a hemoconcentração, que ocorre por ação das catecolaminas, com esple-nocontração e mobilização de eritrócitos do baço para a circulação, além de redução do volume plasmático, devido à redistribuição do volume vascular e perda de fluido, por meio do suor e respiração. No momento M2 ainda observa-se o efeito das catecolaminas, porém em menor proporção e não significativo, indicando retorno dos eritrócitos ao baço, e no M3 os valores já são semelhantes aos basais. Os valores da FOE antes do exercício (0,50±0,04 H50) foram seme-lhantes aos observados em estudos com equinos da raça Árabe e Mangalarga e demonstram a inexistência de hemólise prévia. Não houve efeito do exercício na FOE, os valores pós-exercício foram semelhantes aos valores basais. A influência do tipo do exercício nas alterações da FOE estão relacionada principalmente ao pH, a acidose no exercício de alta intensidade aumenta a FOE, enquanto a alcalose no exercício de baixa intensidade diminui a FOE. No presente estudo os valores da FOE permaneceram constantes e dentro dos valores de referência para a espécie, provavelmente as alterações no pH foram discretas e o exercício realizado não provocou hemó-lise. Considerando-se que os animais eram adaptados ao exercício de vaquejada e mantidos nas mesmas condições ambientais do local de prova, concluiu-se que o estresse da vaquejada não é suficiente para promover alteração na fragilidade osmótica eritrocitária e hemólise detectável, nos equinos que realizam o exercício de puxada.

P A L A V R A S - C H A V E Cavalos, hemograma, corrida, hemólise.

1Universidade Federal do Piauí, Campus Profa Cinobelina Elvas, Bom Jesus/PI

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 25 - setembro/dezembro, 2014

Avaliação da susceptibilidade antimicrobiana in vitro, produção de betalactamase e ocorrência de Staphylococcus aureus meticilina-resistente em equinos atendidos no hospital veterinário de Patos-PBAQUINO, S.S.1; SILVA, L.C.A.1; ROCHA, L.L.L.2; PESSOA, D.A.N.1; SANTOS, M.R.P.1; GARINO JUNIOR, F.1

Staphylococcus spp. é um dos principais patógenos causadores de infecções em animais,

participando desde processos infecciosos simples à septicemias. Por ser uma bactéria comensal do organismo, o mesmo, pode ser encontrado na pele, em mucosas, no trato genital, no sistema respiratório e como microrganismo transitório do trato gastrointestinal. Staphylococcus aureus meticilina resistente (MRSA) é um dos principais patógenos responsáveis por causar infecções nosocomiais e, portanto o maior responsável pelas altas taxas de morbidade e mortalidade em hospitais de todo o mundo, vem emergindo como um dos principais causadores de doenças em comunidades. Em decorrência ao movimento de MRSA em humanos, infecções por esse agente são cada vez mais relatadas em animais e pessoas que lidam com o seu manejo. A resis-tência a meticilina ocorre devido à presença do gene MEC-A que permite ao MRSA ser resis-tente a todas as penicilinas, cefalosporinas e carbapenêmicos, podendo apresentar resistência a uma variedade de outros antimicrobianos, como, aminoglicosídeos, macrolídeos, lincosamida, estreptomicina, tetraciclina, cloranfenicol, fluorquinolonas e rifampicina. Outro fator impor-tante na resistência antimicrobiana é a presença de betalactamases, enzimas que clivam o anel dos betalactâmicos inativando o antimicrobiano. Este trabalho teve como objetivo avaliar a susceptibilidade antimicrobiana in vitro, a produção de betalactamases e ocorrência de Sta-phylococcus aureus meticilina resistente em equinos atendidos na Clínica de Grandes Animais do Hospital Veterinário de Patos-PB. Foram coletados 30 swabs nasais de equinos, que poste-riormente foram imersos em meio Stuart, acondicionados em caixas isotérmicas refrigeradas e transportados para laboratório de microbiologia da Universidade Federal de Campina Grande/Campus- Patos, onde foram processados os exames microbiológicos. As amostras foram semea-das em meios de cultura Ágar Sangue ovino (5%) e Ágar manitol, incubadas a 37ºC em aerobio-se, realizando leituras seguidas 24 e 48 horas. Para a identificação dos microrganismos isolados foi realizado a coloração pelo método de Gram, e provas bioquímicas. O teste de susceptibilida-de aos antimicrobianos: ampicilina, cefalexina, cefalotina, cefotaxima, gentamicina, neomicina, norfloxacina, tetraciclina, penicilina, amicacina, azitromicina, kanamicina e amoxicilina+áci-doclavulônicofoi realizado de acordo com o método de Kirby-Bauer.Para confirmação da resis-tência a meticilina, as bactérias isoladas foram submetidas ao cultivo em Agar biomériux). Já na verificação de produção de betalactamases, foi realizado o método da cefalosporinacromogêni-ca em disco. As culturas foram incubadas a 37 °C e sua leitura realizada após 24 h. Foi utilizada como controle a cepa de Staphylococcus aureus ATCC 25923. Os maiores índices de resistência foram observados para os antimicrobianos, penicilina 83,3%, ampicilina 73,0% e tetraciclina 50,0%. Sendo verificados altos índices de sensibilidade frente à cefalotina 90,0%, seguida de cefalexina 80%, gentamicina 76,6%, amoxicilina+ ácido clavulônico 73,3%, azitromicina 66,6%, kanamicina 66,6%, amicacina 56,6%, norfloxacina 56,6%, cefotaxima 26,6%, neomicina 23,3%. Das 30 amostras de Staphylococcus aureus avaliadas, 63,3% foram identificadas como produto-ras de betalactamases e 26,6% foram meticilina resistente. Conclui-se que os equinos podem ter a presençaem sua microbiota nasal de cepas de Staphylococcus aureus produtoras de betalacta-mases e meticilina resistentes, essas, em casos de imunosupressão podem se manisfestar como agentes patogênicos, demonstrando alta resistência a antimicrobianos, colocando a vida dos animais em risco. Sendo necessário o uso de práticas adequadas de antibioticoterapia em meio à medicina veterinária evitando seu uso indiscriminado e aumento da resistência.

P A L A V R A S - C H A V E resistência, antimicrobianos, sensibilidade, Staphylococcus spp.

1 Universidade Federal de Campina Grande;

2 Médico Veterinário Autônomo

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 26 - setembro/dezembro, 2014

Avaliação da viabilidade espermática de garanhões da raça Nordestina pelo teste de termo-resistênciaM.A.M. SANTOS1; E.A. MORAES1,2; A. GRADELA3

Avaliou-se a motilidade total e progressiva do sêmen diluído e descongelado de garanhões da raça

Nordestina submetido ao teste de termo resistência (TTR). Ejaculados (N= 18) de dois garanhões cli-nicamente saudáveis, férteis e com média de 9,5 anos, foram diluídos (1:1) com Botu-Sêmen® a 37°C, tiveram a motilidade total (MT) e progressiva (MP) avaliadas utilizando-se o CASA® (T0) e após centrifugação a 2200rpm/15min, e resuspensão com diluente Botu-Crio®, congelados em palhetas de 0,5mL. Após descongelamento em banho maria a 37°C/30s, palhetas de sêmen diluído e descongelado foram incubadas em banho-maria a 37°C observando-se os tempos de 10 (T10), 30 (T30) e 150 (T150) minutos para avaliação da MT e MP. As variáveis foram avaliadas pela ANOVA com post hoc teste de SNK (P<0,05). Este estudo foi aprovado pelo CEDEP/UNIVASF (protocolo nº 0006/161012). No sêmen diluído a MT foi de 71,29±2,11% (T0); 68,41 ± 2,57% (T10); 66,20 ± 2,64% (T30) e 54,52 ± 5,01% (T150) e a MP de 58,62 ± 2,99% (T0); 55,10 ± 2,96% (T10); 52,24 ± 3,50% (T30) e 39,00 ± 5,22% (T150). A MT e MP foram decrescentes à medida que aumentava o tempo transcorrido no TTR proposto. No sêmen descongelado a MT foi 30,24 ± 3,07% (T0); 26,10 ± 3,30% (T10); 23,64 ± 3,13% (T30) e 14,18 ± 2,90% (T150) e a MP de 17,10±2,83% (T0); 12,88±2,78% (T10); 11,83±3,02% (T30) e 5,44±1,53% (T150). Conclui-se que os animais podem ser classificados como de sêmen de baixa congelabilidade, pois tiveram motilidade progressiva abaixo de 25% pós-descongelamento, com queda gradual na motilidade durante o TTR aos 150 min para sêmen diluído e descongelado.

P A L A V R A S - C H A V E Criopreservação, Motilidade total; Motilidade progressiva; Sêmen diluído.

A G R A D E C I M E N T O S FACEPE

¹Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF); ²Colegiado de Zootecnia, UNIVASF;

³Colegiado de Medicina Veterinária, UNIVASF. E-mail: [email protected].

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 27 - setembro/dezembro, 2014

Avaliação estrutural e bioquímica de fibras musculares esqueléticas de equinos participantes de provas de vaquejadaMarco Augusto Giannoccaro da SILVA*, Jefferson Douglas de Moura ALMEIDA, Flora Helena de Freitas D’ANGELIS, Antonio de QUEIROZ NETO, Ana Paula Coelho RIBEIRO, Katyane de Sousa ALMEIDA

Introdução: inúmeras pesquisas foram desenvolvidas para a determinação dos tipos de fi-

bras musculares esqueléticas em diferentes raças de cavalos, treinamento e modalidades espor-tivas. Porém, não há publicações pertinentes à caracterização e distribuição dos diferentes tipos de fibras em equinos participantes de provas de vaquejada. Objetivos- caracterizar as variações existentes na composição estrutural e bioquímica de fibras musculares estriadas esqueléticas de equinos participantes de provas de vaquejada. Material e Métodos- foram utilizados 14 equinos, da raça Quarto-de-milha, machos ou fêmeas, com peso médio de 428 kg, que foram previa-mente selecionados por exame físico completo, sendo incluídos no estudo aqueles que não apresentavam sinais compatíveis com lesões músculo-esqueléticas. Para a realização da biópsia, os animais foram colocados em tronco de contenção e as amostras do músculo Gluteus medius coletadas de acordo com a técnica preconizada por Snow e Guy (1976). As amostras de tecido muscular coletadas foram pré-resfriadas imediatamente após a colheita pela imersão em N-he-xana por 40 segundos e congeladas em nitrogênio líquido à -160oC. Posteriormente, foram cortadas em criostato frio (-20oC) para obtenção de seções transversais (12µm) e preparadas em lâminas de vidro para colorações (adenosina trifosfato miofibrilar – mATPase; nicotinamida adenina dinucleotídeo tetrazólio redutase - NADH –TR e, peroxidase anti-peroxidase - PAP). As análises morfométricas seguiram o protocolo de D’Angelis et al. (2005) e avaliou-se a área de secção transversal (AST), a frequência (F) e área total relativa (ATR) de cada tipo de fibra por campo microscópico analisado. Os dados foram submetidos à análise de variância seguidos de comparação de médias pelo Teste T para os tipos de fibra e Scott-knott para animal. Resultados e Discussão- embora não tenha sido evidenciada diferença estatística entre a frequência das fibras tipo IIA e IIX, o músculo Gluteus medius dos animais estudados foi classificado como glicolítico, possuindo menor capacidade oxidativa e quantidade de lipídeos. Tal fato se explica pela fibra tipo IIX apresentar uma maior ATR dentro do músculo. D’ANGELIS et. al., (2006) detectaram maior F e maior ATR para as fibras tipo IIX quando estudaram o mesmo músculo em equinos da raça Brasileiro de Hipismo, correlacionando tais achados à influência do cavalo PSI na formação da raça. Em consonância com Martins et. al., (2007) e Rivero et. al., (2002), os achados deste estudo para F e ATR são resultantes do treinamento ao qual os animais são submetidos (alta intensidade e curta duração). Referente à AST, se observou que a das fibras tipo IIX é estatisticamente maior que a das fibras tipo I e IIA, corroborando com D’Angelis et. al., (2008) e Martins et. al., (2007), quando avaliaram cavalos Brasileiro de Hipismo e Puro Sangue Árabe, respectivamente. A maior AST evidenciada nas fibras tipo IIX contribuíram para os maiores valores de ATR detectados para o mesmo tipo de fibra. Esse achado também tem estreita correlação com a atividade e treinamento realizados. Conclusões- os resultados indicam que: o músculo Gluteus medius de equinos da raça Quarto-de-milha participantes de provas de vaquejada apresentam metabolismo glicolítico com maior capacidade anaeróbica; o rendimen-to dos animais bem como os resultados obtidos em competições podem ser melhorados com um menor risco de lesões, se um novo programa de treinamento for realizado, visando melhor adaptação muscular, traduzido pelo aumento na F, na AST e na ATR das fibras tipo IIA; a técni-ca da biópsia percutânea é simples, segura e pode ser utilizada mesmo durante o treinamento de cavalos de vaquejada.

P A L A V R A S - C H A V E resistência, antimicrobianos, sensibilidade, Staphylococcus spp.

A G R A D E C I M E N T O S ao CNPQ pela bolsa concedida e ao Grupo de Pesquisa do Laboratório de Fisiologia Equina (LAFEQ) da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Jaboticabal.

*Autor para correspondência: [email protected]

Escola de Medicina veterinária e Zootecnia da Universidade Federal do

Tocantins

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 28 - setembro/dezembro, 2014

Avaliação subjetiva e objetiva dos bloqueios anestésicos no membro pélvico equinoMarcos da Silva AZEVEDO; Flávio Desessards DE LA CÔRTE

A claudicação nos membros pélvicos é uma importante condição que acomete cavalos de

esporte e sua localização é particularmente difícil. Os bloqueios anestésicos são importantes nesta investigação, no entanto existem limitações quanto a sensibilidade e especificidade dos resultados. A interpretação subjetiva pode ser fator limitante em alguns casos onde a resposta ao bloqueio é baixa, mas não menos importante. O conhecimento, por parte do avaliador, dos bloqueios realizados pode resultar em graus de claudicação menores nas avaliações após a realização dos bloqueios, fato este que pode ser negativo em determinadas situações. A utili-zação dos sensores inerciais sem fio (Lameness Locator®), como forma de avaliação objetiva, na rotina de exames de claudicação pode minimizar erros de avaliação. Objetivou-se verificar se existe diferença na avaliação subjetiva quando o avaliador conhece ou não o bloqueio rea-lizado. Para isso se utilizou uma égua Crioula adulta. Os vídeos (n=6) para avaliação subjetiva e objetiva foram obtidos durante a avaliação pré-bloqueio (PB), bloqueio das articulações dis-tais do tarso (ADT), bloqueio da articulação tibiotarsiana (ATT), bloqueio volar baixo (VB), bloqueio da origem do ligamento suspensório (OLS) e avaliação 7 dias após o tratamento (PT), respectivamente. Em um primeiro momento 12 avaliadores foram solicitados a avaliar os vídeos desconhecendo a ordem ou bloqueio realizado e os resultados foram tabulados. Em um segundo momento esses mesmos avaliadores avaliaram os vídeos conhecendo a ordem e os bloqueios realizados, sendo esses resultados também tabulados para posterior comparação com a primeira avaliação subjetiva e avaliação objetiva. Para avaliação subjetiva foi utilizada a escala da AAEP modificada com intervalos de 0,5. Os resultados das avaliações subjetivas (144 avalia-ções) revelaram que: nenhum dos 12 avaliadores foi capaz de identificar e graduar a claudicação de forma igual para os dois momentos. Cinco avaliadores, em determinados momentos da ava-liação, não concordaram com a maioria dos avaliadores em identificar o membro claudicante corretamente. Alguns avaliadores identificaram a claudicação do membro torácico esquerdo (MTE) sendo mais grave que a do membro pélvico direito (MPD), principalmente quando não tinham conhecimento dos bloqueios. Quando os avaliadores sabiam dos bloqueios realizados existiu uma tendência para que o escore médio de claudicação do MPD fosse mais elevado, contrariando a maioria dos trabalhos desta natureza. No entanto, durante a avaliação PT o escore médio da claudicação do MPD foi menor quando os avaliadores tinham conhecimento dos bloqueios. Quando os avaliadores identificaram o percentual de melhora dos bloqueios, uma média de melhora superior a 50% foi identificada apenas na OLS (51,7%) e PT (77,1%). A avaliação objetiva identificou uma claudicação do MTE e MPD de moderada a severa no PB. Após o ADT a claudicação do MTE passou a ser moderada e a do MPD seguia moderada a se-vera, no entanto com 44% de melhora na claudicação de elevação e 74% na de impacto. O ATT e VB não alteraram a condição visualizada pelo ADT. Após o OLS, a claudicação (MPD) passou a ser leve com 90% de melhora da claudicação de elevação e ausência do componente impacto, permanecendo, no entanto, moderada no MTE. Sete dias após o tratamento a claudicação no MPD foi praticamente eliminada, sendo a claudicação residual em função da claudicação leve do MTE. A utilização dos sensores inercias no exame de claudicação demonstra ser importante, visto que as avaliações subjetivas realizadas demonstraram diferença entre os 12 avaliadores, assim como diferença entre o mesmo avaliador quanto a identificação e graduação correta do membro claudicante.

P A L A V R A S - C H A V E Claudicação, equinos, Lameness Locator.

¹ Universidade Federal De Santa Maria, Santa Maria, Rs, Brasil

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Babesiose equina por Theileria equi – Relato de casoPollyanna Cordeiro SOUTO1;Jefferson Ayrton Leite de Oliveira CRUZ2; Mayumi Santos BOTELHO-ONO1; Alexandre Cruz DANTAS², , Janaina Azevedo GUIMARÃES2; Beatriz Berlinck Dutra VAZ3

A babesiose trata-se de uma enfermidade transmitida por carrapatos, causada pela infecção

de hemácias por parasitas protozoários, seja Babesia caballi ou Theileria equi. A doença caracteri-za-se em sua forma aguda, pelo surgimento de febre, às vezes de natureza intermitente, anemia, icterícia, hepato e esplenomegalia, bem como bilirrubinúria e hemoglobinúria podem estar presentes na fase final da doença. Apesar da gravidade da infecção aguda, a maioria dos animais desenvolve a forma crônica, podendo apresentar reagudizações em situações que determinem a diminuição da taxa de anticorpos, como stress. Esta condição provoca prejuízos diretos, re-presentados principalmente pela queda de performance dos animais,moderada inapetência e perda de peso. O diagnóstico se dá através da anamnese, exame físico, hematológico com pes-quisa de hematozoários e urinálise. O tratamento é a base de antiparasitários e monitoramento do paciente, fluidoterapia também pode ser realizada a fim de evitar lesões renais. O presente relato trata-se de um equino macho, mestiço de puro sangue inglês e quarto de milha com nove anos de idade, atendido no Hospital Veterinário – Ambulatório de Grandes Animais – UFR-PE. Segundo o tutor, o animal após ser exercitado apresentava urina de coloração escura, esse quadro possuiu uma evolução de três meses. O paciente recebeu atendimento de um médico veterinário o qual suspeitou de Erliquiose e instituiu um tratamento a base de terramicina L. A. por dez dias (volume não informado) e 20 ml de mercepton diluído em 500 ml de solução de ringer com lactato, intravenoso, durante cinco dias, porém não obteve êxito. No exame clí-nico, o animal apresentou mucosas ictéricas e urina de coloração escura, os demais parâmetros estavam dentro da normalidade. Foi solicitado um hemograma, PPT e FP com pesquisa de he-matozoário, revelando apenas uma leve anemia normocítica e normocrômica, e não foram ob-servados hemoparasitas no esfregaço sanguíneo. Realizou-se então a pesquisa de hematozoário de sangue capilar (ponta da orelha) o qual foi positivo para Theileria equi. Também foi realizada bioquímica sérica para avaliação da função renal (uréia e creatinina), hepática (AST, GGT, FA, Proteína Total, Albumina e Globulina) e muscular (CK) onde não houve alteração em nenhum destes parâmetros. A urinálise revelou apenas hemoglobinúria. O tratamento instituído foi fluidoterapia intensa até clareamento da urina; repouso; administração de imidocarb, 2,4 mg/kg, intramuscular, com repetição em 24 horas e suplemento vitamínico a base de ferro, 20 ml por via oral, uma vez ao dia, durante 50 dias. O animal respondeu bem ao tratamento, porém, após 33 dias do tratamento o paciente retornou ao hospital veterinário com histórico de ape-tite caprichoso, com sinais de dor abdominal e mantendo a coloração da urina escura quando submetido a exercício. O exame clínico revelou mucosa ocular levemente ictérica, hipomoti-lidade intestinal e ausência de apetite ao alimento oferecido. Todos os exames laboratoriais foram repetidos, não sendo observada nenhuma alteração, nem a presença de hemoparasitas. O tratamento instituído anteriormente foi repetido e o animal se recuperou. Os achados clíni-cos são compatíveis com os descritos em outros relatos. A T. equi é mais patogênica, apresenta baixa parasitemia quando comparada a B. caballi e é mais facilmente encontrada em sangue periférico, o que corrobora os achados do presente relato. Nos casos de infecção por T. equi o índice de recidiva é maior e o animal pode reagudizar o quadro quando submetido a situações de estresse, como ocorreu com animal descrito. Em geral os animais acometidos por babesiose sobrevivem à infecção, porém, os tutores devem ser orientados no sentido de que estes animais permanecem persistentemente infectados representando uma fonte de transmissão aos equi-nos susceptíveis. Embora na maioria dos casos de infecção por B. caballi a quimioterapia seja eficaz, ainda não se identificou o tratamento que elimine a infecção por T. equi.

P A L A V R A S - C H A V E carrapato, icterícia, bilirrubinúria, hemoglobinúria.

¹ Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal

Rural de Pernambuco (UFRPE). E-mail: [email protected]

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Biomarcadores lipídicos no plasma de equinos suplementados com uma mistura de óleosAna Isabela Alves DINIZ², Telga Lucena Alves Craveiro de Almeida², Bruno de Lima BARBOSA¹; Valdelira Lima de LIRA¹; Helena Emília Cavalcanti da Costa Cordeiro MANSO¹,², Hélio Cordeiro MANSO FILHO¹,²

O uso de fontes de óleo sobre o concentrado na dieta dos equinos tem demonstrado vanta-

gens para os praticantes de exercícios. As respostas à suplementação têm sido avaliadas, princi-palmente, a partir de testes hematológicos, bioquímicos e ensaios de digestibilidade. Oobjetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do uso de uma mistura de óleos (Mega Energy®) sobre a concentração plasmática do Colesterol total ([COLE-T]) e suas frações ([LDL]) e ([HDL])e Triglicerídeo ([TGL]). Foram utilizados 10 cavalos MangalargaMarchador, adultos (~7 anos), de ambos os sexos e em atividade física (40% passo, 60% marcha em 3,5 m/s, durante 60’ em dias alternados). Cada animal foi suplementado com 300mL do óleo via oral durante 60 dias. As coletas de sangue foram realizadas em três fases: antes da suplementação (T0 = controle), com 30 (T1) e 60 dias (T3) de suplementação. As amostras de plasma foram analisadas em espectrofotômetro semiautomático (Doles 500, Doles®) com kits comerciais (Doles®). Os re-sultados foram submetidos ao ANOVA, para medidas repetidas e com um fator, e ao teste de Tukey, em ambos os casos com P estabelecido em 5%, com uso do programa SigmaStat® 3.0 para Windows®. Observou-se diferença significativa (p<0,05) apenas para a[COLE-T] entre T0 e T1, tendo se elevado de 41,50 mg/dL para 69,85 aos 30 dias de suplementação não variando em T2. Embora os demais parâmetros estudadosnão tenha ocorridodiferença significativa, os valores médios da [LDL] manteve-se entre 13,00 e 16,31 mg/dL e da [HDL] entre 58,97 e 90,50 mg/dL apresentando níveis mais elevados em T2.Já para [TRG]as médias variaram entre 49,58 e 54,54 mg/dL com níveis mais reduzidos em T2.O Uso de óleo na dieta pode elevar as concen-trações de colesterol total no sangue não somente pela quantidade de óleo disponível, como também pela ação da enzima lipoprotéica lipase durante o exercício atuando na hidrólise dos triglicerídeos, que neste estudo observou-se redução em T2. A elevação sérica da [LDL] e [HDL] é evidenciada pela maior absorção digestiva do colesterol total para formação dos sais biliares em cavalos com dietas ricas em gorduras.A alteração na [COLE-T] e redução sérica na [TGL] in-dicam que o os lipídeos estavam sendo utilizados como fonte de energia pelos equinos atletas.Conclui-se então que a suplementação com óleo pode modificar a concentração do colesterol total em equinos atletas.

P A L A V R A S - C H A V E colesterol, bioquímica, exercício, equinos

P A L A V R A S - C H A V E Haras Cascatinha (Camaragibe-PE), CAPES e Integralmix Nutrição Animal (Fortaleza-CE).

¹ Núcleo de Pesquisa Equina, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife-PE;

² BIOPA – Laboratório de Biologia Molecular Aplicada á Produção Animal, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife-PE

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 31 - setembro/dezembro, 2014

Biomarcadores sanguíneos de minerais e lipídeos em potros neonatos em regime de pastoMonica Miranda HUNKA1,2, Elizabeth Regina Rodrigues da SILVA1,2, João Luís de Albuquerque VASCONCELOS1 ,José Mário Girão ABREU3, Helena Emília Cavalcanti da Costa Cordeiro MANSO1,2, Hélio Cordeiro MANSO FILHO1,2

Na nutrição equina, talvez o conhecimento da nutrição e metabolismo dos minerais seja o tópico menos estudado e entendido, ao mesmo tempo, de importância reconhecida parapermitir aos potros um crescimento e desenvolvimento equilibrados. Observa-se que o excessoou escassez destes nutrientes causam prejuízos no desempenho e até no bem estar dos equinos. Objetivou-se com este estudo, conhecer os níveis sanguíneos de Cálcio, Fósforo, Magnésio eFerro e ainda Colesterol Total e Triglicerídeos em potros neonatos. Foram utilizados 22 potrosda Raça Quarto de Milha, as amostras de sangue foram coletas por meio de venopunção dajugular, no dia do nascimento, até 6h após. As éguas mães haviam sido mantidas, durante todaa gestação, em uma fazenda comercial em pastagens de capins Panicum maximum, cv. Massaie Cynodon dactylon, cv. Tifton85 e tinham à disposição água e sal mineralizado comercial. Asamostras foram analisadas e identificou-se os parâmetros sanguíneos. Os dados estão expressosem média e desvio padrão. Os valores encontrados foram: Cálcio (9,92+/-0,14mg/dL), Fósfo-ro(5,06+/-0,27mg/dL), Magnésio(1,01+/-0,02mg/dL), Ferro(165,77+/-15,92μg/dL), ColesterolTotal(203,99+/-19,54mg/dL) e Triglicerídeos(45,29+/-3,46mg/dL). Na literatura costuma-se en-contrar parâmetros para animais adultos, porém entende-se a necessidade de conhecer os valo-res destes biomarcadores em outras fases fisiológicas visando-se o interesse em promover umanutrição equilibrada e de acordo com cada necessidade. Sabendo-se que a absorção de Cálciodepende da ação da vitamina D que por ser lipossolúvel está vinculada à presença de lipídeos, estudou-se também estes níveis. Estes valores podem permitir uma avaliação comparativa entreos níveis reais no animal e os níveis fornecidos no alimento, sendo nesta fase o leite o principaldeles. É importante destacar que as éguas mães dos potros estudados foram mantidas à pasto,em condição de fazenda de criação. Concluiu-se que os valores médios de Cálcio, Fósforo eMagnésio no sangue de potros avaliados foi menor do que nos animais adultos enquanto queFerro, Colesterol Total e Triglicerídeos apresentaram médias mais altas que os valores de refe-rência em animais adultos, de acordo com a literatura atual.

P A L A V R A S - C H A V E cavalo, cálcio, fósforo, metabolismo de minerais, nutrição equina

A G R A D E C I M E N T O S Ajinomoto do Brasil, Fazenda Uberaba (Lagoa do Carro - PE) e Guabi Nutrição Animal

¹ Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal

Rural de Pernambuco (UFRPE). E-mail: [email protected]

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 32 - setembro/dezembro, 2014

Coleta de embrião de égua com folículo hemorrágico induzido à ovulação com HCG: relato de casoAdelaide Caroline Primo da SILVA1, Matheus Cavalcanti de FARIAS1, Felipe Sales BOUDUX1 Marcos Antônio Lemos de OLIVEIRA1, Paulo Fernandes de LIMA1, Claudio Coutinho BARTOLOMEU 1

A falha na ovulação em éguas pode ser proveniente de um folículo hemorrágico anovula-

tório, o qual deixa de romper ou ovular, com subsequente organização no fluido folicular de trabéculas ocorrendo em algumas ocasiões a luteinização da parede folicular. Este processo é bastante relevante, pois pode ocorrer em animais de qualquer idade ou raça e acarreta dimi-nuição nos índices reprodutivos. Os folículos anovulatórios podem persistir por mais de dois meses e causar um aumento do intervalo interovulatório, com manifestações irregulares de estro, presença de estro persistente ou ainda infertilidade. A falha na ovulação se deve a um problema de natureza endócrina, podendo estar associada a uma liberação insuficiente das gonadotrofinas para induzir a ovulação ou manter o desenvolvimento normal do corpo lúteo. A maioria desses folículos anovulatórios regride espontaneamente em uma a quatro semanas. Pode-se administrar gonadotrofina coriônica humana (hCG) ou hormônio liberador de gona-dotrofina (GnRH) para se tentar induzir a ovulação desses folículos anovulatórios, embora sua resposta ainda não produza resultados satisfatórios. Geralmente, a ovulação desses folículos persistentes, seja natural ou induzida, não suscita uma gestação, principalmente por causa do envelhecimento do oócito. Objetivou-se relatar a ovulação de um folículo hemorrágico anovu-latório induzido por hCG gerando a coleta de um embrião. O presente estudo foi realizado no Rancho Venneza, haras de cavalos de raça Quarto de Milha, situado no município de Vitória da Conquista na mesorregião do centro-sul baiano que apresenta clima tropical de altitude. Foi utilizada uma égua doadora de embriões, com doze anos e pesando 500kg. A égua permaneceu em baia de 4m², sob luz artificial das 17h às 22h, sendo alimentada com 6kg de concentrado comercial fracionado em três vezes ao dia além de cestas de capim tifton 85 Cynodon spp en-tre as refeições. Água e sal mineral eram ofertados ad libitum. O ciclo estral foi acompanhado através de palpações retais e exames ultrassonográficos (SIUI CTS – 3300V®, transdutor li-near 5,0mHerz). A égua apresentava um folículo no ovário direito medindo aproximadamente 35mm no dia da indução da ovulação. Para realização desta, foram utilizadas 2000 UI de hCG (Vetecor – Hertape Calier) por via intravenosa. Oito dias após a indução realizou-se uma nova ultrassonografia para averiguar sua eficácia e foram observadas imagens compatíveis com um folículo hemorrágico anovulatório. Porém, na lavagem uterina, coletou-se um embrião. Fez-se a transferência do embrião confirmando-se a prenhez por palpação retal e ultrassonografia aos 30 dias sendo a mesma reconfirmada aos 60 dias. Muitas hipóteses a respeito do folículo hemorrágico anovulatório são levantadas, entretanto sua causa ainda não é bem definida. A presença do embrião viável no lavado uterino configura-se como caso atípico evidenciando a necessidade de estudos para um completo entendimento dos processos envolvidos na forma-ção dos folículos hemorrágicos. Além do desenvolvimento e aprimoramento de técnicas que proporcionem a solução do problema e consequentemente um melhor aproveitamento repro-dutivo dos animais acometidos.

P A L A V R A S - C H A V E éguas, folículos, hemorragia

¹ Departamento de Medicina Veterinária, UFRPE, Recife - PE

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 33 - setembro/dezembro, 2014

Cólica em equino por tromboembolismo no ramo cólico direito da artéria ileocólica - relato de casoJorge Tiburcio Barbosa de LIMA1, Antônio Fernando de Amorim FARIAS1, Luiz Carlos Fontes BAPTISTA FILHO2.

O tromboembolismo é a causa mais comum de infartos não estrangulantes no intestino

grosso de equinos. Dentre as etiologias mais frequentes de tromboembolismo estão as arterites verminóticas causadas pela migração de larvas de Strongylus vulgaris, coagulação intravascular disseminada secundária a sepse aguda e colonização bacteriana focal na parede do vaso. Não são incomuns as tromboses na vasculatura intestinal e na jugular. Trombos liberados de locais distantes podem causar obstruções em diversos órgãos, porém a maior probabilidade é no intestino grosso. A obstrução vascular via isquemia acarreta diferentes distúrbios e lesões nos segmentos acometidos, podendo se estender além da área acometida. O objetivo deste trabalho é de relatar um caso de cólica ocasionado por tromboembolismo do ramo cólico da artéria ileocólica. Uma égua, Quarto de Milha, 2 anos, foi encaminhada para a Clínica de Equinos Dr. Fernando Farias- CEFF apresentando quadro de desconforto abdominal há aproximada-mente 12h, sem resposta a medicação analgésica. Pelo exame físico observou-se taquicardia, taquipnéia, desidratação leve, dor moderada e intermitente, hipomotilidade intestinal e pela palpação transretal não foi identificada qualquer alteração. Observou-se a presença de uma feri-da de aproximadamente 15cm de diâmetro no terço proximal do sulco jugular esquerdo, flebite jugular externa bilateral e edema facial. A análise do liquido peritoneal evidenciou aumento na concentração de proteínas totais. Realizou-se reposição hidroeletrolítica e posteriormente celiotomia exploratória, devido ao quadro de dor intermitente e diagnóstico indefinido. Pela celiotomia foram reveladas lesões no cólon maior na área da flexura esternal, compatível com distúrbio circulatório regional, onde havia áreas apresentando diferentes lesões, tais como ede-ma da parede intestinal com espessura aproximada de 3cm, congestão, necrose e trombo locali-zado no ramo cólico da artéria ileocólica com aproximadamente 15cm de extensão. Através da celiotomia exploratória foi possível estabelecer a causa do abdômen agudo, como sendo infarto em parte do cólon maior na área da flexura esternal decorrente de tromboembolismo do ramo cólico da artéria ileocólica. Devido aos achados foi decidida a realização da eutanásia, em razão do comprometimento do órgão acometido. Segundo relato do proprietário, a flebite jugular foi decorrente de administração errônea de fenilbutazona. Em decorrência da lesão jugular trombótica foi aventada a hipótese de ter ocorrido desprendimento de coágulos que podem ter ocasionado a obstrução do ramo arterial no cólon. As cólicas decorrentes de tromboembo-lismo possuem manifestação clínica semelhante a outras causas de cólica sem estrangulamento do intestino grosso e muitas vezes seu diagnóstico é definido durante a cirurgia ou necropsia.

P A L A V R A S - C H A V E Equino, trombose, abdômen agudo.

¹ Médico Veterinário da Clínica de Equinos Dr. Fernando Farias- CEFF,

Caruaru/PE

2Professor da Unidade Acadêmica de Garanhuns/Universidade Federal Rural

de Pernambuco e-mail: [email protected]

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 34 - setembro/dezembro, 2014

Concentração de cálcio, fósforo e magnésio no plasma de cavalos marchadores atletasLucia Maia Cavalcanti FERREIRA1, João Luís de Albuquerque VASCONCELOS1,2, Gisele Barbosa da SILVA1,2, Simone Gutman VAZ2, Helena Emília Cavalcanti da Costa Cordeiro MANSO2, Hélio Cordeiro MANSO FILHO1

Os Biomarcadores sanguíneos tem sido alvo de pesquisas nos equinos, especialmente na

relação entre o estresse oxidativo e as alterações hematológicas . Os estudos sobre as raças marchadoras tem avançado no Brasil, quanto a resposta fisiológica ao exercício, a capacidade atlética e as variações na biometria. Entretanto, há poucas comparações dos biomarcadores bioquímicos entre as raças e conforme o tipo de andamento. Esse trabalho teve como objeti-vo comparar as concentrações de cálcio ([Ca]), fósforo ([P]) e magnésio ([Mg]) entre animais das raças Campolina (CAMP) e Mangalaga Marchador (MM), de marcha batida ou picada e teve aprovaçao pela Comissão de Ética para Uso dos Animais através da CEUA-UFRPE N°026/2013. Foram colhidas amostras de sangue de 100 equinos, adultos, de ambos os sexos, participantes em competições regulares de marcha, no Estado de Pernambuco. Os animais fo-ram divididos em grupos CAMP batida (n=25), CAMP picada (n=25), MM batida (n=25) e MM picada (n=25), possuíam manejo alimentar intensivo semelhantes (forragem: capim elefante (Pennisetum purpureum, Schum) e concentrado comercial, além de sal mineralizado e água à vontade. Eram treinados de duas a três vezes por semana à marcha, por cerca de 40-50 minutos. As amostras de sangue foram obtidas com os animais em jejum e no mínimo após 24 horas do treinamento. Elas foram centrifugadas e as amostras de plasma obtidas foram analisadas para determinação da [Ca], [P] e [Mg] em equipamento semiautomático (D-500, Doles®) e com kits comerciais (Doles®). Os resultados foram submetidos ao ANOVA e ao teste de Tukey, em am-bos os casos com P estabelecido em 5%. As [Ca] e [P] foram diferentes entre as raças e tipo de marcha (P<0,01), o mesmo não ocorrendo com a de [Mg] (P>0,05). A média da [Ca] observada nos animais MM batida (~8,54mg/dL) foi inferior aos demais grupos (P<0,01) e a mais elevada no CAMP batida (~9,12mg/dL). Quanto a [P], observou-se que a mais baixa foi a do grupo MM picada (~4,42mg/dL) diferindo dos demais grupos analisados (P<0,01); a [P] mais elevada foi observada no grupo MM batida (~4,78mg/dL). Para a [Mg] houve uma tendência para variação (P=0,08), com a concentração mais elevada observada nos animais CAMP picada (~1,12m/gdL) e a mais baixa no grupo MM picada (1,05mg/dL) . Os valores encontrados estavam dentro dos parâmetros fisiológicos para a espécie equina.Contudo, essas diferenças devem ser levadas em consideração quando esses grupos de animais são avaliados, sob diferentes condições de saúde e treinamento. Concluiu-se que as [Ca] e [P] variam entre as raças CAMP e MM e que também ocorrem diferenças nessas variávéis entre os animais e os tipos de marcha picada e batida.

P A L A V R A S - C H A V E equinos, biomarcadores, marcha picada, marcha batida.

A G R A D E C I M E N T O S Guabi Nutrição Animal e CAPES

¹ Núcleo de Pesquisa Equina, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife-PE

² BIOPA - Laboratório de Biologia Molecular Aplicada à Produção Animal, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife-PE

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 35 - setembro/dezembro, 2014

Concentração de ureia e creatinina em cavalos marchadores submetido ao teste de marchaStephânia Katurchi Mendes MÉLO2, Suzana Rute Gomes MARIANO1, Simone Gutman VAZ2, Carolina Jones Ferreira Lima da SILVA2, Helena Emília Cavalcanti da Costa Cordeiro MANSO2, Hélio Cordeiro MANSO FILHO1

O exercício físico produz grandes níveis de estresse sobre o organismo, pois submete ele

à grandes alterações visando à adaptação do atleta a diferentes condições. O conhecimento da bioquímica sérica é usado para definir a capacidade adaptativa do cavalo atleta. Objetivou-se mensurar os biomarcadores proteicos no plasma de equinos submetidos ao teste de simulação de marcha. Foram utilizados doze animais da raça Mangalarga Marchador, adultos, de ambos o sexo, pesando ~400kg. Eles foram alimentados com capim elefante (Pennisetum purpureum Schumach) in natura picado (~15kg/dia/animal) e suplementados com concentrado comercial três vezes ao dia, de forma a obterem energia necessária para animais em exercícios de média duração e média intensidade. Esses animais foram submetidos a Teste de Simulação de Marcha (TSM), que consistia em 10 minutos de aquecimento ao passo, 30 minutos à marcha e 15 minu-tos ao passo para recuperação, todos no período matinal com os animais em jejum. Amostras de sangue foram coletadas nos seguintes tempos: jejum (T1), imediatamente após o TSM (T2), após 15 minutos de recuperação (T3) e após 4 horas do TSM (T4). As amostras de plasma foram utilizadas para avaliar a [URE] e [CREAT] em equipamento semiautomático (D-500, Doles®) e com kits comerciais (Doles®). Os resultados foram submetidos ao ANOVA e ao teste de Tukey, em ambos os casos com P estabelecido em 5%. As análises dos resultados demonstraram que ocorreu uma variação nos valores das [URE] e [CREAT] (P<0,05). No que se refere a [URE] os valores elevaram-se conforme as fases, sendo o menor valor encontrado no T1 (29,65±5,72) e maior valor no T4 (35,43±6,00). Na avaliação da [CREAT] menor valor foi observado no T1 (1,30±0,27) quando comparado aos T2 (1,47±0,22), T3 (1,49±0,20) e T4 (1,34±0,24). Entretanto deve-se observar que todos os valores encontrados para ambos biomarcadores estavam dentro do valor de normalidade para a espécie estudada, mesmo com o estresse produzido pelo TSM. A avaliação das concentrações de URE e CREAT podem ser utilizadas para avaliar o metabo-lismo proteico e também a função renal dos animais, além de poderem estar modificadas nas afecções do sistema renal e nos casos graves de desidratação, esses resultados corroboram com estudos que demonstram que os biomarcadores elevam-se durante o exercício físico, devido ao desvio do fluído intercelular e a perda de fluídos e a possível degradação de aminoácidos e proteínas durante os exercícios. Conclui-se que as alterações nos biomarcadores estudados demonstram a adaptação metabólica submetidos a TSM, todavia, essas alterações não foram ca-pazes de alterar a clínica dos animais atletas. Espera-se que bom programa de treinamento seja essencial para preparar o organismo para intensas modificações que ocorre no desempenho atlético sem comprometer o bem-estar dos animais.

P A L A V R A S - C H A V E Equino, trombose, abdômen agudo.

A G R A D E C I M E N T O S Integralmix Nutrição Animal, Ajinomoto do Brasil e CAPES.

¹ Núcleo de Pesquisa Equina, Universidade Federal Rural de

Pernambuco, UFRPE, Recife-PE

² BIOPA - Laboratório de Biologia Molecular Aplicada àProdução

Animal, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife-PE

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 36 - setembro/dezembro, 2014

Contagem de Strongylus spp. em equinos situados na mesorregião leste de Nossa Senhora do Socorro-SEKerly Priscila de Santana Vieira SANTOS1, Fagner Paulo Cruz ANDRADE1, Raissa Souza NUNES1, Allan Crispim Fonseca Souza CASTRO1, Francisvalter Souza de SANTANA1, Heder Nunes FERREIRA2.

Os equinos apresentam uma grande variedade de parasitas em sua fauna gastrointestinal,

podendo apresentar já nas primeiras semanas de vida uma vasta possibilidade de infecções parasitárias, tendo como principal e mais importante os nematódeos do gênero Strongylus. Os animais parasitados podem apresentar apatia, pelagem áspera, crescimento lento, cólicas e diar-reias. Os danos causados pelas parasitoses em equinos vão desde lesões no trato gastrointestinal até graves distúrbios em processos enzimáticos e hormonais. O objetivo deste trabalho foi ve-rificar o nível de parasitose por Strongylus spp. em equinos da raça quarto de milha criados em sistema semi-extensivo em um haras situado no município de Nossa Senhora do Socorro-SE. Foram coletadas fezes de 116 animais de ambos os sexos e diferentes idades, divididos em nove grupos: Matrizes prenhes (08), receptoras prenhes (08), potros (32), receptoras paridas (06), matrizes paridas (15), garanhões (5), éguas vazias (20), receptoras vazias (18) e matrizes aparta-das (04), que anteriormente haviam apresentado um histórico parasitário de Strongylus spp, no qual foi instituído o tratamento com vermífugos específicos para equídeos. Diante do presente perfil, foi idealizado um projeto de pesquisa de contagem de Strongylus spp. para verificar o nível de infestação após 3 meses do tratamento instituído. As coletas de fezes foram obtidas diretamente da ampola retal com auxilio de luvas de palpação individuais e etiquetadas para identificação de cada animal e em seguida acondicionados em caixa isotérmica contendo gelo e transportadas ao laboratório de parasitologia do hospital veterinário Dr. Vicente Borelli da Faculdade Pio Décimo em Aracaju-SE. No laboratório cada amostra de fezes foi homogeneiza-da, pesada e separada para realização dos exames conforme a técnica de ovos por grama de fezes (OPG) e sedimentação simples, de acordo com. Para analise dos dados, foi utilizado o valor de média de cada lote, nos quais se apresentaram da seguinte forma: doadoras prenhes 3.150 opg/fezes, receptoras prenhes 2.425 opg/fezes, potros 1.922 opg/fezes, receptoras paridas 2.017 opg/fezes, matrizes paridas 2.733 opg/fezes, garanhões 1.300 opg/fezes, éguas vazias 2.030 opg/fezes, receptoras vazias 3.050 opg/fezes e matrizes apartadas 3.000 opg/fezes. Foi encontrado um valor médio de 2069 opg/fezes nos 116 animais analisados. Foi observado que a média geral de ovos pela contagem por grama de fezes nos equinos foi de 2069 opg/fezes, demonstrando o quanto estes animais estavam eliminando parasitas no ambiente, sugerindo uma parasitose significativa no sistema digestório dos mesmos. Onde o grupo que apresentou a média maior de parasitose foi o de matrizes prenhas, receptoras vazias e matrizes apartadas, respectivamente, e o grupo que apresentou menor média foi o de garanhões, podendo considerar que o manejo entre os grupos estudados e a condição de imunossupressão em animais se apresentou nos grupos de menor zelo, podendo ser um fator para justificar a diferença dos resultados entre os grupos. Concluindo que as amostras das fezes dos equinos de ambos os sexos e idades anali-sados, apontou níveis elevados de infestação de Strongylus spp. comprovando o histórico antes informado e caracterizando um tratamento ineficaz para o parasita em questão.

P A L A V R A S - C H A V E gastrointestinais; nematódeos; parasitas.

¹ Discentes da Faculdade Pio Décimo;

2 Docente da Faculdade Pio Décimo

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 37 - setembro/dezembro, 2014

Controle de qualidade de plasma equino congelado coletado por aférese automatizada: resultados preliminaresJackellyne Laís Ferreira LINS¹, Karina Pessoa de OLIVEIRA², Fausto Barbosa dos SANTOS NETO¹, Pierre Barnabé ESCODRO³, Karla Patrícia Chaves SILVA³, Márcia Kikuio NOTOMI³

A plasmaférese transfusional é uma técnica que consiste na retirada de sangue de um doa-

dor, seguida por separação do plasma e reintrodução dos elementos celulares na circulação sanguínea, podendo ser realizada de maneira manual ou automatizada. Em equinos, o plasma fresco congelado é indicado para o tratamento de patologias que resultam em redução das proteínas plasmáticas, quando da necessidade de expansão aguda de volemia, em casos de falha na transferência de imunidade passiva ou quando se pretende fornecer imunidade específica. Desta forma, esse trabalho visou avaliar as características bioquímicas e microbiológicas de plasma equino congelado obtido por aférese automatizada. Foi selecionado um equino sadio, castrado, nove anos e previamente imunizado (Raiva, Encefalomielite, Tétano, Influenza e Ro-dococose), o qual foi submetido a coleta automatizada de plasma por meio do equipamento Fresenius Kabi® modelo AS104. Foram fracionadas 72 alíquotas de 5 mL de plasma, sendo mantidas sob congelamento a -20 ºC, observando as mesmas a cada 30 dias durante 300 dias (10 meses), em sistema experimental por triplicata, visando mapear a queda de concentrações de proteínas séricas plasmáticas e possível contaminação microbiológica em relação ao tempo de estocagem, obtendo resultados preliminares em relação ao controle microbiológico (cultura bacteriana), concentração de eritrócitos, proteínas totais, albumina, fibrinogênio e globulinas séricas. Avaliando as concentrações séricas de proteínas totais no plasma congelado, a média foi de 8,48± 0,3174 g/dl, apresentando normalidade entre médias. Em relação a concentração plas-mática de albumina observou-se média de 2,48± 0,08 g/dl, valor pouco abaixo da média para a espécie 2,60-3,70 g/dl, apresentando-se como característica do doador. Em relação às globulinas avaliou-se média de 5,65± 0,183 g/dl, apresentando-se fora da normalidade, que varia entre 2,62-4,04 g/dl. O que foi relevante é que a média encontrada foi 40,4 % superior à média máxima para a espécie, o que mostra uma efetividade da imunização realizada pré-coleta, podendo ava-liar-se um aumento absoluto nos valores das globulinas. Em relação ao fibrinogênio não houve variação entre as amostras nos momentos de avaliação. Foi possível concluir que, a qualidade do plasma fresco congelado (a -20ºC), coletado por aférese automatizada, para uso em equinos é mantida em até 300 dias para proteínas plasmáticas, fibrinogênio albumina e globulinas. Não foi observado contaminação microbiológica nas amostras. A pesquisa continuará até 36 meses de estocagem do plasma fresco congelado equino, buscando comprovar os dados de Razouk e Reiche (2004) para plasma congelado humano, que mantém suas propriedades bioquímicas a -20ºC e a -30ºC, respectivamente por 12 e 24 meses, já que estudos direcionados à espécie ainda são restritos.

P A L A V R A S - C H A V E Cavalo. Plasmaférese. Qualidade. Estocagem.

¹ Núcleo de Pesquisa Equina, Universidade Federal Rural de

Pernambuco, UFRPE, Recife-PE

² BIOPA - Laboratório de Biologia Molecular Aplicada àProdução

Animal, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife-PE

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 38 - setembro/dezembro, 2014

Criptorquidismo inguinal bilateral em equino - relato de casoFagner Paulo Cruz de ANDRADE¹, Hiderley de Almeida SANTOS¹, Raissa Souza NUNES¹, Kerly Priscila de Santana Vieira SANTOS¹ Jonathan Henrique NANTES², Heder Nunes FERREIRA³

Criptorquidismo significa a não descida de testículo para a cavidade da bolsa escrotal. Pode

ser classificado em uni ou bilateral, abdominal, inguinal, inguino-abdominal ou inguino-es-crotal. O tipo unilateral é o mais comum em equídeos. Os cavalos criptorquidas bilateral são estéreis mantendo o comportamento de garanhões. Nos criptorquidas unilateral o comporta-mento sexual é normal, porém a concentração espermática é reduzida, não sendo aconselhável para reprodutores devido a chance elevada de etiologia hereditária, sendo indicada a orquiecto-mia. São importantes para o diagnóstico o histórico, a inspeção, a palpação externa e transretal, a ultrassonografia e a dosagem de testosterona sérica. O tratamento é cirúrgico que pode ser pelas técnicas: Inguinal, pré-inguinal, pré-púbica, paramediana, paraprepucial, pelo flanco e transendoscópica. O presente trabalho tem o objetivo de relatar o atendimento de um equino, 6 anos, 400kg aproximadamente, Quarto de Milha, no HV Dr. Vicente Borelli - Aracaju-SE. O proprietário relatou que o equino manifesta alterações de comportamento quando na presença de éguas. Pelo exame físico os parâmetros se apresentavam normais. Na inspeção evidenciou-se ausência dos testículos na bolsa escrotal. Pela ultrassonografia localizaram-se os testículos nos canais inguinais, sendo indicada e realizada a criptorquidectomia pelo acesso parainguinal. O exame macroscópico dos testículos permitiu verificar a condição de hipoplásia de ambos os testículos, sendo que em um as dimensões foram de 6x2,7x2,7cm, e no outro 5,5x2,5x2,3cm . O animal foi mantido internado sob observação e cuidados pós-operatórios, constituídos por curativos diários com solução diluída de iodopovidona tópico, seguida de rifamicina spray sobre as feridas e repelente ao redor. Para uso sistêmico foi administrada gentamicina 4mg/kg/iv/SID/7dias, benzilpenicilina procaína, benzatina e potássica 22000UI/kg/im/BID/5dias, flunexim meglumine 1,2mg/kg/iv/BID/4dias. Aos 7 dias de internação o equino recebeu alta e foi encaminhado de volta a propriedade, onde foram retirados os pontos após 15 dias da criptorquidectomia. A técnica cirúrgica empregada e a conduta pós-operatória apresentaram-se satisfatórias.

P A L A V R A S - C H A V E Cirurgia, garanhão, testículo.

¹ Discente da Faculdade Pio Décimo;

² Docente da Faculdade Pio Décimo;

³ Médico Veterinário da Faculdade Pio Décimo

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 39 - setembro/dezembro, 2014

Dermatite em equino causada por Aspergillus nigger e Sporotrix schenckiiKerly Priscila de Santana Vieira SANTOS¹, Raissa Souza NUNES¹, Fagner Paulo Cruz de ANDRADE¹, Genivaldo de Amorim MARINHO¹, Jose Carlos Ferreira da SILVA², Heder Nunes FERREIRA³

As dermatites acometem diversas espécies domésticas, tendo como agentes etiológicos

muitas vezes uma grande variedade de fungos denominados coletivamente como dermatófitos. A dermatite afeta principalmente áreas de pele despigmentadas e os animais tendem a se recu-peram após serem retiradas as condições que favorecem o crescimento de fungos oportunistas. A pele pode ser infectada por Aspergillus spp durante processos disseminados, ou mesmo, de modo primário, devido a alguma ferida ou queimaduras, em pacientes com sistema imunoló-gico baixo, as infecções micóticas apresentam uma grande distribuição mundial, em equinos é raro ser encontrado este fungo em dermatite, os principais agentes infecciosos de pele são Pythium insidiosum, Trichopython equinum e Sporotrix schenckii, Microsporum gypseus. As lesões podem se apresentar como pápulas, pústulas, nódulos, abscessos subcutâneos, granulo-mas ou lesões necróticas, além de lesões em órgãos internos, como fígado, pulmão e placenta. O Objetivo em questão é relatar o diagnóstico de dermatite causado por Apergillus níger, Sporotrix schenckiii, secundaria a lesão traumática de um equino SRD, macho, usado em carroça para serviços de tração de uma propriedade situada no município de Nossa Senhora do Socorro-SE, que durante o atendimento, foi constatada uma ferida suja de acordo com o grau de contami-nação, fechada de acordo com o grau de exposição tecidual e de característica contusa na região do dorso, provavelmente pelo uso inadequado da carroça. Realizada uma raspagem com o auxi-lio de um bisturi, e o material coletado e armazenado em coletor seco estéril, sendo em seguida transportado até o laboratório de microbiologia do Hospital Veterinário Dr. Vicente Borelli em Aracaju-SE. A amostra foi submetida a vários exames microbiológicos dentre os quais: semeio em Ágar Sangue, usando a técnica de semeadura para isolamento e no final da semeadura, pi-car o meio com a alça para verificar hemólise em profundidade e incubar à 35ºC em estufa e observar após 24 horas, semeio em Ágar sabouraud, incubar o meio semeado em temperatura ambiente e outro à 37ºC,observar diariamente a presença ou não de crescimento, inoculação em caldo BHi ,com o auxílio de uma alça ou fio bacteriológico, inocula-se a colônia ou o material a ser testado - realizar o teste proliferação em 18 a 24 horas, incubados a 35°C e para o isolamento de fungos incubar por até 5 dias. Após os cultivos conseguidos com os métodos supracitados foram encontrados os seguintes fungos: Aspergillus níger e Sporotrix schenckii. Fatores estressantes como desmama precoce, carência alimentar e traumatismos por manejo inadequado, associados a períodos chuvosos e quentes, levam ao desequilíbrio das barreiras su-perficiais de defesa imunológica e inespecíficas quebrando a integridade da pele e permitindo a instalação da dermatofitose. Assim, acredita-se que o presente caso seja resultado da interação de alguns fatores desencadeadores, como a imunossupressão, traumatismo da pele e ambiente favorável. O diagnóstico diferencial deve incluir a dermatofilose, alergia a picadas de insetos, pênfigo foliáceo, dermatite de contato, sarcóide e as demais foliculites. Assim, reitera-se que o diagnóstico definitivo requer o auxílio de exames laboratoriais complementares, como citolo-gias, cultura e/ou biópsia. Diante do exposto, podemos ressaltar a importância da realização de exames complementares para auxiliar no diagnóstico de dermatites, destacando neste resumo a presença de um agente etiológico incomum, Aspergillus niger, na espécie em questão.

P A L A V R A S - C H A V E dermatofilose, fungos, equídeos.

¹ Núcleo de Pesquisa Equina, Universidade Federal Rural de

Pernambuco, UFRPE, Recife-PE

² BIOPA - Laboratório de Biologia Molecular Aplicada àProdução

Animal, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife-PE

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 40 - setembro/dezembro, 2014

Deslocamento dorsal intermitente de palato mole em equino (Equus caballus) da raça puro sangue inglês: relato de casoD. G. CAMPOS1; A. E. PINNA2; R. B. MOURA3; A. M. VIANA4; C.M. CARVALHO5

Dentre as anormalidades mais comuns encontradas em equinos estão as do sistema res-

piratório, que são descritas como a segunda maior causa de queda de performance nestes ani-mais, ficando atrás apenas dos distúrbios do sistema musculoesquelético. Estas afecções podem estar ligadas ao trato respiratório superior ou inferior, sendo que os ruídos respiratórios estão frequentemente associados às afecções do trato respiratório superior. O deslocamento dorsal do palato mole ocorre quando a epiglote, que normalmente se encontra na parte superior do palato mole, é deslocada para baixo. Relata-se o caso de uma égua Puro Sangue Inglês, de três anos de idade e com histórico de redução de performance, principalmente no terço final das provas em que competia, tendo participado de três corridas, com duas descolocações (oitavo lugar). Realizou-se um exame clínico completo, porém a égua não apresentou nenhuma al-teração respiratória, tanto pré como pós-exercício. No pós-exercício também não apresentou nenhuma alteração de ruídos expiratórios. Os ruídos apenas surgiam quando em esforço má-ximo, ocasionando uma queda no desempenho da égua durante a corrida. Para diagnosticar foi feita uma avaliação por endoscopia em repouso do trato respiratório superior e inferior pré e pós-exercício, onde a égua também não apresentou nenhuma alteração. Com isso foi proce-deu-se uma avaliação do trato respiratório superior com a utilização de endoscopia dinâmica. A endoscopia dinâmica foi realizada através de exercício no centro de treinamento, por um traba-lho na distância de 1200m. Após o exercício foi feita nova endoscopia convencional, onde não foi detectada nenhuma alteração. Porém, na avaliação do vídeo gravado durante a endoscopia dinâmica, foi observado o deslocamento dorsal do palato mole, sendo que o mesmo deslocava somente durante o esforço máximo, retornando para a posição normal em seguida. A opção escolhida para tratamento foi o procedimento cirúrgico para correção do deslocamento dorsal do palato mole intermitente, e a técnica cirúrgica utilizada foi a Tie Forward, com o objetivo de deslocar dorsalmente e caudalmente o osso basihioide e mover a laringe dorsal e rostral-mente para evitar o deslocamento dorsal do palato mole. O controle da dor no pós-cirúrgico foi implementado acompanhamento através de exames clínicos duas vezes ao dia, onde foram aferidos todos os parâmetros da paciente, além de administração diária de antinflamatório, antibióticos e curativos. Para avaliação da técnica cirúrgica foram realizadas radiografias pré e pós-cirúrgicas, sendo que na radiografia pós-cirúrgica se observou uma alteração de posição do osso basihoide e epiglote. Após 30 dias da cirurgia, a égua retornou ao treinamento. Em 90 dias após a cirurgia foi realizada nova endoscopia dinâmica onde não se observou o deslocamento dorsal do palato mole, e o animal retornou para competição com vitória em uma distância de 1400 metros, em seguida nova corrida com uma quarta colocação e mais duas corridas com duas vitórias. A redução da performance atlética e a presença de ruídos expiratórios em um equino durante a corrida são os principais sintomas do deslocamento dorsal do palato mole intermitente. A endoscopia dinâmica se mostrou um exame diagnóstico eficaz para detectar o deslocamento dorsal do palato mole intermitente. A técnica cirúrgica de Tie Forward foi neste caso um método eficiente para a correção do deslocamento dorsal intermitente do palato mole do equino.

P A L A V R A S - C H A V E Palato mole. Deslocamento. Equino.

¹ Mestrando Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

2Professora Adjunta UFF .

3Veterinária Autônoma.

4,5Professor Unifeso.

E-mail: [email protected]

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 41 - setembro/dezembro, 2014

Desmotomia do check inferior à campo como tratamento de contratura do tendão flexor digital profundo: relato de casoNatália Matos Souza AZEVEDO1*, Márlon de Vasconcelos AZEVEDO1, José Carlos Ferreira da SILVA2, Paulo Fernandes de LIMA3, Marcos Antônio Lemos de OLIVEIRA3, Hélio Cordeiro MANSO FILHO4

As deformidades flexurais são caracterizadas pelo desvio da orientação normal do membro,

detectadas pela permanente flexão (contratura) de uma ou mais regiões articulares. As defor-midades flexurais podem atingir um ou mais membros e em potros podem ser classificadas em leves, moderadas e severas, sendo o tratamento específico para cada grau de alteração. As contraturas tendíneas são mais comuns, porém, a flacidez do tendão pode ocorrer em alguns casos. Para o tratamento da enfermidade existem duas linhas de abordagem, sendo uma con-servadora, com correção de casco, uso de talas, exercícios e analgesia e a outra nos casos em que terapias conservadoras não demonstraram resultados e a abordagem cirúrgica se faz necessária. Foi atendida uma potra, 6 meses de idade, que apresentava apoio em pinça nos dois membros anteriores e, consequente, elevação de talão, enrijecimento dos tendões, principalmente do fle-xor profundo. Os demais parâmetros (frequência cardíaca, respiratória, tempo de preenchimen-to capilar, motilidade intestinal e temperatura) encontravam-se dentro da normalidade. Clini-camente foi emitido o diagnóstico de contratura de tendão flexor digital profundo (TFDP). O proprietário não soube relatar ha quanto tempo o animal apresentava essa alteração, por isso, inicialmente, tentou-se o tratamento clínico com o uso de 3 g de oxitetraciclina diluída em 500 ml de solução fisiológica administrado lentamente por via endovenosa 1 vez ao dia durante 5 dias consecutivos. Não se colocou talas ou gesso porque na manipulação manual dos membros afetados não foi possível retorna-los à posição anatômica. Após esse período, o animal foi reava-liado, constando-se não haver melhora com o tratamento clínico, razão pela qual procedeu-se o tratamento cirúrgico. Optou-se pela desmotomia do ligamento acessório do TFDP (check inferior) ao invés da tenotomia do TFDP por ser menos agressiva, causar menos dor e favorecer o reestabelecimento da função do membro a longo prazo e possibilitar o animal ter uma vida atlética futura. Anteriormente ao ato cirúrgico foi instituído jejum hídrico e alimentar, respec-tivamente, de 6 e 12 horas. Realizou-se ampla tricotomia na face medial do 3º metacarpiano e 2º metacarpiano acessório de ambos os membros anteriores. O animal foi sedado, por via endovenosa, com 1 mg/kg de xilazina a 10% e 10 minutos após foi realizada a indução anesté-sica com 2,2 mg/kg de quetamina a 10% associada a 0,5 mg/kg diazepan pela mesma via. Para manutenção anestésica foi realizada infusão tripla de EGG a 5% associada a xilazina a 10% e quetamina a 10% com o dobro da dose de indução. Efetuou-se rigorosa antissepsia cirúrgica com o uso de iodo degermante, iodo povidine e álcool a 70%. Em seguida, procedeu-se uma incisão de aproximadamente 5 cm na pele, entre o terço proximal e médio do 3º metacarpiano, sobre o tendão flexor digital superficial. Posteriormente, separou-se o subcutâneo da estrutu-ra tendínea, permitindo a visualização das estruturas vasculares. Foi realizada palpação para identificar o tendão flexor digital profundo e seu ligamento acessório. Com o auxílio de uma pinça o ligamento acessório foi separado e seccionado. O paratendão e o subcutâneo foram suturados com fio catgut 2-0 no padrão de sutura contínuo simples e a pele com fio de naylon 2-0, padrão de sutura isolado simples. Foi realizada limpeza da ferida operatória e bandagem a qual foi trocada dois dias após a cirurgia. Como tratamento pós operatório foi utilizado, por via intramuscular, 20.000UI/Kg de pencilina benzatina 1 vez ao dia por 7 dias e 1,1mg/kg de flunixin meglumine 1 vez ao dia por 5 dias pela mesma via, além da limpeza da ferida com gaze e solução de pvpi, pomada antibiótica e bandagem 2 vezes ao dia até a cicatrização. Os pontos foram retirados 10 dias após a cirurgia. Com a realização desse trabalho conclui-se que, mesmo em casos graves de contratura do tendão flexor digital profundo, é conveniente tentar primeiro a desmotomia do ligamento acessório visando um menor comprometimento das estruturas tendíneas e possibilitar que o animal tenha uma vida atlética futura. Além disso, fica demons-trado a possibilidade dessa cirurgia ser realizada a campo.

P A L A V R A S - C H A V E contratura, TFDP, cirurgia, equinos.

¹ Doutorando do Programa de Pós Graduação em Ciência Veterinária da

UFRPE, Recife-PE

² Graduando do Curso de Medicina Veterinária da UFRPE, Recife-PE

³ Professor Orientador da Área de Reprodução Animal da UFRPE, Recife-

PE

4 Núcleo de Pesquisa Equina, Departamento de Zootecnia, UFRPE,

Recife-PE

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 42 - setembro/dezembro, 2014

Detecção da hipersensibilidade do tipo tardia (HTT) à maleína produzida no Brasil em equinos sensibilizados em AlagoasSILVA, M.C.C.*; SÁTIRO, S.R.M.C; SILVA, K.P.C

O mormo é uma enfermidade infecto-contagiosa causada por uma bactéria denominada

Burkholderia mallei, um bacilo Gram-negativo, aeróbio, imóvel e intracelular facultativo. Aco-mete principalmente os equinos, asininos e muares, e o homem é hospedeiro acidental, sendo, geralmente, uma doença ocupacional e fatal. Geralmente, a maleína e os testes sorológicos, são utilizados no diagnóstico da doença. A maleinização é similar à tuberculização, sendo a maleína uma glicoproteína extraída a partir de culturas de B. mallei que é utilizada como an-tígeno no teste intradermo-palpebral em equídeos. Objetivou-se detectar a Hipersensibilidade do Tipo Tardia (HTT) à PPD-maleína produzida no Brasil em equinos sensibilizados em uma propriedade no estado de Alagoas. Preparou-se o inóculo de B. mallei com amostra da bactéria já caracterizada por provas fenotípicas e por biologia molecular no Laboratório de Bacterioses da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), de acordo com Mota et al e Silva et al. Utilizou-se cinco fêmeas da espécie equina, mestiças, adultas, diferentes idades, não gestantes e com bom estado nutricional. De acordo com MAPA os animais foram submetidos ao teste de FC antes da sensibilização. Administrou-se 0,1ml do inóculo inativado de B. mallei por via sub-cutânea nas fêmeas. Colheu-se o sangue para confirmação da sensibilização com 15, 30 e 60 dias pós-aplicação. Com 30 dias da inoculação e após a confirmação da sensibilização nas fêmeas por FC, realizou-se a maleinização com a PPD-maleína produzida no Brasil de acordo com Silva et al. Aplicou-se por via intradérmica na pálpebra inferior direita de cada fêmea 0,1ml da maleína e a comprovação da inoculação foi feita por meio da observação da formação de pápu-la intradémica. Avaliou-se a área de aplicação 48h após a inoculação, obedecendo aos critérios estabelecidos na IN. N°24 (7), que caracteriza como reação positiva a presença de edema palpe-bral persistente com ou sem presença de secreção ocular. Detectou-se anticorpos específicos nas fêmeas sensibilizadas contra B. mallei a partir de 15 dias pós-sensibilização. O nível maior de anticorpos foi observado com 30 dias, e uma diminuição sensível destes com 60 dias pós-sensi-bilização. Estes resultados corroboram com a leitura realizada nos soros dos animais obtidos na segunda coleta no estudo de Teles et al que observaram um aumento dos anticorpos em todos os animais testados, quando comparado com a primeira coleta, seguindo um decréscimo aos 60 dias da inoculação da bactéria inativada. De acordo com Hagebock et al, a redução na quanti-dade de anticorpos observada aos 60 dias após a inoculação com a B. mallei inativada provavel-mente está relacionada ao período de soroconversão causado pelas proteínas desse agente que é de no máximo dois meses. Realizou-se a maleinização 30 dias após a inoculação e 48h depois observou-se a formação do edema no olho direito em todas as fêmeas com presença de secreção ocular. De acordo com a OIE, uma reação positiva é caracterizada por edema ou inchaço da pál-pebra, e pode haver uma descarga purulenta do canto interno do olho ou conjuntiva, podendo geralmente ser acompanhado por um aumento da temperatura. O olho esquerdo de todos os animais apresentaram-se normais, comprovando a reação de Hipersensibilidade do Tipo Tardia à maleína em fêmeas sensibilizadas com B. mallei inativada. Estes resultados foram semelhantes ao encontrado nos estudos realizados por Silva et al utilizando animais oriundos de infecção natural por B. mallei, onde a PPD-maleína testada induziu resposta inflamatória nos animais doentes que desenvolveram reação alérgica e exibiram as reações de hipersensibilidade do tipo tardia. Estudos realizados com equinos sadios e infectados consideram que o teste da maleína é perfeitamente confiável, mesmo nos casos iniciais da doença, e que outros testes como a reação de aglutinação, inibição da hemaglutinação e imunoeletroforese são inferiores em especificida-de e sensibilidade quando comparados com a maleína. Apesar do pequeno número de animais testados, a maleína produzida foi eficiente em detectar a reação de HTT em animais sensibiliza-dos com inóculo inativado de B. mallei, confirmando a potência desta PPD-maleína brasileira e indicando seu uso para o diagnóstico do mormo.

P A L A V R A S - C H A V E PPD-maleína, Equus caballus, diagnóstico.

¹

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 43 - setembro/dezembro, 2014

Determinação da concentação de mieloperoxidase e elastase como marcadores da hemorragia pulmonar induzida por exercício em equinosJanaina Socolovski BIAVA1 e Roberto Calderon GONÇALVES2

A Mieloperoxidase (MPO) e elastase desempenham papéis fisiológicos importantes nos

mecanismos fisiopatológicos associados a certas doenças, nomeadamente as que envolvem in-flamação e ativação neutrofílica. Nesse sentido, a avaliação dos níveis plasmáticos destas duas substâncias é utilizada com frequencia como um marcador indireto de ativação dos neutró-filos. O exercício intenso em cavalos induz uma mudança na contagem de células brancas e na ativação dos neutrófilos e ainda pode levar a ruptura dos capilares pulmonares e con-sequentemente a Hemorragia pulmonar induzida pelo exercício (EIPH), a qual pode estar associada a inflamação das vias aéreas. O objetivo deste estudo foi avaliar a concentração de mieloperoxidase (MPO) e elastase pelo ensaio imunoenzimático (ELISA) no plasma de cavalos com EIPH e sem EIPH antes e após o exercício em esteira de alta velocidade e correlacionar estes como marcadores de EIPH. Oito cavalos foram analisados com vídeo endoscópio (200-cm comprimento e 9-mm diâmetro), sendo três EIPH positivos e cinco EIPH negativos. Os cavalos foram considerados EIPH positivos quando apresentaram alguma quantidade de sangue visível à endoscopia. Todos os cavalos foram treinados em esteira de alta velocidade SATO I; Equine Dynamics, Lexington, Kentucky, USA (5 vezes por semanas durante seis semanas) seguindo do passo ao trote de 9 a 13m/s com inclinação de 5%. O teste foi interrompido quando os animais demonstraram sinais de fadiga (incapaz de manter-se na esteira). Os dados foram analisados uti-lizando o PROC MIXED do pacote estatístico SAS (2002). As médias de cada tratamento foram obtidas utilizando o comando LSMEANS. As variáveis foram submetidas a análise de variância, quando significativas, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey. Realizou-se o teste de correlação entre a concentração de MPO e elastase utilizando-se o PROC CORR (SAS, 2012). Os efeitos foram declarados significativos quando P<0,05. O exercício aumentou a concentra-ção de MPO (T1= 411,6 ± 87,9; T15=807,7 ± 93,9; T90=597,1 ± 87,9ng/ml; P=0,02; média ± EP) e elastase (T1= 25,7 ± 12,3; T15=72,6 ± 13,2; T90=33,1 ± 12,3ng/ml; P=0,04; média ± EP) no plasma após 15 minutos do teste ergométrico em esteira. No entanto, a concentração de MPO e elastase determinada nos cavalos em repouso não diferiu da concentração determinada aos 90 minutos após o teste ergométrico o que indica que a concentração de MPO e elastase retornou aos seus valores normais. Houve uma correlação positiva entre a MPO e elastase no plasma dos cavalos 15 minutos (r=0,99; P<0,001) e 90 minutos (r=0,75; P=0,03) após o teste ergométrico. A concentração de MPO (557,0ng/ml e 641,79g/ml ) e elastase (35,0ng/ml e 50,59g/ml) não diferiu entre os cavalos EIPH positivo e negativo, respectivamente. Conclui-se que o exercício intenso induziu a liberação de MPO e elastase no plasma. Apesar disso, a MPO e elastase não se mostraram eficientes como marcadores para a síndrome EIPH.

P A L A V R A S - C H A V E cavalos, EIPH e aparelho respiratório

¹ Docente Departamento Zootecnia da Universidade Estadual de Ponta Grossa/

PR.

2 Docente do Departamento Medicina Veterinária da Universidade Estadual

Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Botucatu/SP.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 44 - setembro/dezembro, 2014

Determinação das variáveis fisiológicas e bioquímicas de equinos durante prova de marchaMayra Carla Pedrosa da SILVA1, Emílio Carlos Leão Bittencourt SARMENTO1; Nielma Gabrielle Fidelis OLIVEIRA2, Ulisses Barbosa RAPHAEL2, Carolina BERKMAN3, Luisa Gouvêa TEIXEIRA2,4.

O estudo de variáveis fisiológicas como frequência cardíaca e temperatura retal, e das va-

riáveis bioquímicas como o lactato e glicose sanguíneos, auxiliam na determinação do grau de condicionamento de equinos atletas. Neste estudo, objetivou-se quantificar a intensidade de esforço realizado por equinos da raça Mangalarga Marchador por meio da lactatemia, glicemia e aferições da frequência cardíaca e temperatura retal, durante prova de marcha realizada no Parque de Exposições José da Silva Nogueira, situado na Cidade de Maceió, Alagoas - Brasil. Este estudo foi realizado no mês novembro de 2012, avaliando-se 18 equinos machos, em ple-na atividade atlética, distribuídos em duas categorias de prova de marcha, sendo estas cavalo júnior e cavalo jovem. Em cada uma destas categorias, cinco animais realizaram marcha picada e quatro animais marcha batida. Realizou-se a aferição da frequência cardíaca (bpm) por meio de estetoscópio, da temperatura retal (ºC) utilizando-se termômetro digital e do tempo de cada prova (min.). Foram mensuradas com auxílio de termo-higrômetro digital, a temperatura do ar e a umidade do ambiente no qual foi realizada a prova equestre. Por meio de venopunção jugular, realizou-se a coleta de sangue em frascos contendo fluoreto de sódio, para a mensura-ção de lactato e glicose plasmáticos. As aferições dos parâmetros clínicos, ambientais e coletas de sangue foram realizadas 60 minutos antes do início de cada prova de marcha (T0), um (T1), cinco (T2) e dez minutos (T3) após o término desta. A análise estatística foi realizada utilizan-do-se o programa SAS (Statistical Analysis System®) considerando-se nível de probabilidade de 5% com p≤0,05 e as médias submetidas ao Teste de Tukey. Compararam-se estatisticamente as médias relacionadas ao T0 com os demais momentos, sendo T1, T2 e T3, em uma mesma cate-goria e tipo de marcha. A temperatura ambiente variou de 25 ± 0,04 a 30± 0,52ºC e a umidade do ar de 65± 0,48 a 89± 1,10%. As frequências cardíacas apresentaram aumento significativo (p≤0,05) no T1 quando comparadas ao T0, nas categorias cavalo jovem marcha batida (T0 = 44 ± 4,90; T1 = 67,5± 3,30) e picada (T0 = 39,2 ±2,33; T1 = 73,8± 4,15) e cavalo júnior marcha batida (T0 = 43,0 ± 6,61; T1 = 70,5± 5,62). Este aumento é fisiologicamente mediado por estímulos ao sistema nervoso simpático, a partir da liberação das catecolaminas pelas terminações nervosas durante o exercício. Em relação à temperatura retal, houve diferença significativa (p≤0,05) nos momentos T1, T2 e T3, quando comparados ao T0, para as categorias cavalo jovem marcha bati-da (T0 = 37,9 ± 0,19; T1 = 39,6 ± 0,29; T2 = 39,5±0,24; T3 = 39±0,08) e marcha picada (T0 = 37,8 ± 0,17; T1 = 39,6 ± 0,23; T2 = 39,0±0,32; T3 = 38,9±0,23) e cavalo júnior marcha batida (T0 = 37,9 ± 0,09; T1 = 39,6 ± 0,33; T2 = 39,3±0,35; T3 = 39,3±0, 21). Tais resultados relativos à tempe-ratura retal são esperados, visto que equinos submetidos ao exercício comumente apresentam esta variável em torno de 40,1ºC, no momento de desaquecimento. No presente estudo, obser-vou-se aumento significativo (p≤0,05) somente em T1 (39,9± 0,11) na categoria de cavalo júnior marcha picada para esta variável, sugerindo que este grupo estava mais adaptado ao exercício em relação aos demais. Os valores de lactato e glicose obtidos neste estudo não foram significa-tivos estatisticamente (p≥0,05). A ausência de diferença significativa das variáveis bioquímicas, aliado a tendência do retorno das variáveis fisiológicas aos valores basais aos 10 minutos após o término do exercício, sugere que os equinos estavam aptos para exercer tais provas.

P A L A V R A S - C H A V E Mangalarga Marchador; Exercício; Lactatemia; Glicemia.

¹ Médico (a) Veterinário (a) autônomo (a); 2 Centro Universitário Cesmac, Marechal Deodoro, Alagoas- Brasil;3 Laboratório de Farmacologia e Fisiologia do Exercício – LAFEQ – FCAV /UNESP, Jaboticabal, São Paulo- Brasil;4 FCAV/UNESP, Jaboticabal, São Paulo- Brasil.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 45 - setembro/dezembro, 2014

Diagnóstico coproparasitológico de infusórios em amostras fecais de equinos cultivadas através da técnica de Roberts e O’SullivanVictor Fernando Santana LIMA1;Gabriela da Cruz PIEDADE1; Taynar Lima BEZERRA1;Aiala Priscila Conceição SOUZA1;César Andrey Galindo OROZCO2; Patrícia Oliveira MEIRA-SANTOS2

A espécie equina vem sendo acometida cada vez mais por parasitosgastrointestinais, os

quais causam perda de apetite, fraqueza, enterites, retardo no crescimento, obstruções e perito-nites. As principais espécies de parasitas dos equídeos é composta por várias famílias/gêneros distintas, como é caso dos Pequenos estrôngilos eou cyathostominos:Cyathostomum spp.,Trio-dontophorus spp., Cylicostephanus spp., os Grandes estrôngilos: Strongylusvulgaris, S. equinus, S. edentatuse ainda, Parascaris equorum, Oxyuris equi, Strongyloides westeri, Trichostrongylus axei, Gas-terophilusspp., Habronema spp., Dictyocaulus arnfield, Anoplocephala spp.A técnica de Roberts e O’Sullivan é uma técnica parasitológica bastante empregada na rotina laboratorial para o culti-vo de larvas e nematódeos gastrintestinais, através da incubação de ovos de helmintos presentes nas fezes até sua eclosão e liberação das larvas. Dentre os limites na utilização dessa técnica estão a proliferação de fungos, excesso de bactérias, degradação das amostras, dificuldade de manutenção da umidade e alterações relacionadas à composição da serragem. Os infusórios são protozoários ciliados, componentes da microbiota ruminal de ruminantes, responsáveis pela produção de ácidos graxos voláteis, dióxido de carbono, metano e amônia. O identificação e cultivo desses protozoários ciliados em amostras fecais de equinos ainda não está descrita na literatura, sendo assim, o objetivo do presente trabalho é relatar o diagnóstico coproparasito-lógico de infusórios em amostras fecais de equinos cultivadas através da técnica de Roberts e O’Sullivan (Coprocultura). Para tanto, foram utilizadas amostras de fezes de fezes de oito equinosde diferentes idades, sexos e sem raça definida, procedentes da apreensão realizada pela Polícia Rodoviária Federal, residentes no Curral de Apreensão (CA) da prefeitura municipal de Aracaju, Sergipe. Informações pregressas sobre ambiente, alimentação, manejo, vermifugação ou administração de qualquer medicação nos animais eram inexistentes. A coleta de fezes foi realizada diretamente na ampola retal, e em seguida as amostras foram identificadas, armazena-das e encaminhadas ao Laboratório de Parasitologia Veterinária do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Sergipe. A coprocultura foi realizada a partir do pool de fezes de todos os animais, no qual foi adicionado em três recipientes uma mistura composta por: 10 g de fezes, 20 g de serragem estéril, as quais foram umedecidas com água, acondicio-nadas a temperatura ambiente e incubadas por 10 dias. Ao 11º dia foi realizada a avaliação microscópica através da objetiva de 100 X e 400 X sendo observado em todas as amostras infu-sórios de diferentes tamanhos e formas. O parasitismo por Trichostrongylusaxei e Cyathostomum spp. também foi observado em 8/8 (100%) e 3/8 (27,5%) das amostras respectivamente. Con-clui-se que o parasitismo por Trichostrongylusaxei e Cyathostomum spp.é um achado comum em equinos e que a coprocultura pode ser utilizada para a pesquisa de infusórios nas fezes dessas espécies, o qual é um achado incomum nos equídeos.

P A L A V R A S - C H A V E amostras fecais, coprocultura, equinos, protozoários.

¹ Graduando (a) do curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, Sergipe.

E-mail:[email protected]

² Docente do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Sergipe, Sergipe. E-mail:

[email protected]

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 46 - setembro/dezembro, 2014

Diagnóstico e tratamento de cistite em equino quarto de milha: relato de casoEraldo Fredson Lopes CARINHANHA¹, João Victor de Santana MOTA¹, Sodré Luiz Santos CARVALHO¹, Kerly Priscila de Santana Vieira SANTOS¹, Jonathan Henrique NANTES², Heder Nunes FERREIRA³

Objetivou-se com este resumo relatar um caso de cistite em um potranco de 2 anos e 5

meses, Quarto de Milha. O proprietário relatou que após cavalgada o animal apresentou inco-modo e dificuldade de micção, além de declarar que o animal foi adquirido sem histórico de vacinação e vermífugação e, até então, não tinha apresentado nenhum problema de saúde. No exame fisico constatou-se que o animal apresentava mímica de dor no momento de urinar e ao ser palpado nos flancos, e comportamento agitado no momento de urinar. FC 48bpm, FR 20mpm, TEC 3seg, TR 38°C, motilidade intestinal normal, mucosas normocoradas, volume globular 36%. A suspeita diagnóstica foi de inflamação urinária, possivelmente cistite. Para definir o diagnóstico foram realizados exames laboratoriais de sangue e urina, sendo avaliadas a bioquímica sérica, o hemograma, a urinálise e a cultura bacteriologica. Os resultados foram: Creatitina 2,9 mg/dl, fibrinogênio 600 mg/dl, proteinúria, leucocitúria, intensa quantidade de cristais de carbono de cálcio e moderada quantidade de bactérias de morfologia cocos, defini-das na cultura a presença de Streptococcus spp. Pela ultrassonografia foi observada a presença de sedimentação na bexiga, caracterizados por células de descamação. Com os resultados dos exames complementares, foi confirmada a suspeita de infecção no sistema urinário inferior. O tratamento preconizado foi administração de enrofloxacina 10% 2,5mg/kg/iv/SID/7 dias; Flunexim meglumine 1,1mg/kg/iv/BID/3 dias; DMSO 1g/kg/iv/SID/ 3dias diluídos a 10% em fisiológico. Após finalizar a administração dos anti-inflamatórios, esses foram substituídos pela administração de Meloxicam gel 0,6mg/kg/vo/BID/6 dias. Fluidoterapia foi administrada todos os dias do tratamento, iniciando-se com 20L de Ringer com Lactato, visando forçar a micção do animal, seguindo-se com 8L/SID por nove dias. O uso de Furosemida 1mg/kg/iv/SID/10 dias, o medicamento era administrado após a fluidoterapia para intensificar a eliminação de urina e gerando assim uma dinâmica de limpeza no órgão. Depois de realizado a terapêutica instituída, o paciente apresentou melhora significativa, culminando com a alta do mesmo.

P A L A V R A S - C H A V E bexiga, infecção, urinário,

¹ Discente da Faculdade Pio Décimo

² Médico Veterinário da Faculdade Pio Décimo

³ Docente da Faculdade Pio Décimo

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 47 - setembro/dezembro, 2014

Dinâmica dos metabólitos colesterol, triglicérides e glicose nas fases de gestação de éguas da raça mangalarga machadorLaura Emilia Panelli MARTINS1, Laise Gonçalves Oliveira e OLIVEIRA2, Ingryd Maneylla Sousa de OLIVEIRA2, Carla Caroline Valença de LIMA1, Alberto Lopes Gusmão3, Maria Consuêlo Caribé AYRES3

O agronegócio do cavalo movimenta cerca de R$ 7,3 bilhões na economia brasileira e o

Mangalarga Marchador é responsável pelo maior rebanho de equinos no Brasil. Na cria-ção de equinos uma das fases fisiológicas mais importantes é a gestação. Um dos fatores que influencia positivamente a concepção e o desenvolvimento da gestação é uma boa condição corporal, a qual está relacionada com uma alimentação equilibrada. Os parâmetros bioquí-micos podem auxiliar na formulação de dietas e no monitoramento das fases reprodutivas e entre eles destacam-se os componentes do metabolismo energético. O objetivo desta pesquisa foi avaliar a dinâmica dos metabólitos colesterol, triglicérides e glicose, durante as fases da ges-tação em éguas Mangalarga Marchador. O experimento deu-se na Central de Reprodução do Haras EAO, na Faz. Reunidas Boa Vista da EAO Empreendimentos, localizada no distrito de Ibitupã (14° Lat Sul e 39° Long Oeste), município de Ibicuí–Ba, durante as estações reprodu-tivas de 2011/2012 e 2012/2013. Para tanto foram utilizadas 73 éguas em fase reprodutiva, em sistema extensivo e manejadas em piquetes com: Digitaria decumbens, Cynodon nlemfuensis, Panicum maximum cv. Sempre Verde, Panicum maximum cv. Colonião, Panicum maximum cv. Aruana, Brachiaria humidicola e Brachiaria dictyoneura, com a lotação de 1UA/há, com bebedouro e cocho para suplementação mineral, ad libitum. Os animais foram divididos em 5 grupos: G1- éguas vazias, G2- início de gestação, G3- fase intermediária, G4- final da gestação e G5- 24h pós-parto. Amostras de sangue foram colhidas por venopunção da jugular, em tubos à vácuo, sem anticoagulante para obtenção do soro, e as determinações dos parâmetros do metabolismo energético foram determinadas por “kits” comerciais em analisador bioquímico semi-automático (BIOPLUS 2000). No resultados, os grupos G1 a G5 apresentaram valores de 57±10,64; 58±14,14; 68±6,89; 60±4,84 e 78±12,20mg/dL, referente à glicose sérica, respectiva-mente. Os menores níveis séricos deste metabólito foram demonstrados no G1 e G4. Desta forma, entende-se que as alterações no final da gestação incluem menor sensibilidade à in-sulina e um maior sequestro de glicose para o útero, resultando numa menor concentração sérica. Ainda observou-se um pico glicêmico no G5 proveniente do estresse físico associado a parição (Aoki e Ishii, 2012). Com relação à dosagem dos triglicérides, os grupos expressaram valores de 24±7,14; 38±24,18; 29±12,48; 35±14,30 e 21±7,32 mg/dL, respectivamente aos grupos G1 a G5. Neste parâmetro as concentrações séricas exibiram os menores valores nos grupos G1 e G5. Os níveis deste variam de acordo com sua utilização no corpo, e a primeira fase na qual apresentou valor baixo pode estar relacionada ao recrutamento tecidual do mesmo para oxidação e utilização como substrato para síntese de esteroides (kedzierski et al., 2006), já na fase do G5 a expressão de valores menores decorre por corresponder ao momento no qual os animais estavam em pós-parto, fase esta, que necessita de maior aporte energético para forma-ção da glândula mamária e produção leiteira (Aoki e Ishii,2012). No que tange as dosagens de colesterol os grupos, de G1 a G5, apresentaram, respectivamente, 79±13,89; 95±14,60; 87±12,05; 81±10,10; 82±13,07mg/dL. Verificou-se que a maior concentração sérica de colesterol ocorreu no grupo G2. Assim sabe-se que durante o período de expansão do alantocório, entre os dias 40 e 120 de gestação, as células trofoblásticas adquirem capacidade de sintetizar diversos hormô-nios, sendo produzidos pela utilização exclusiva de fontes maternas de colesterol (Allen, 2001). Frente ao exposto, conclui-se que o conhecimento da dinâmica do perfil energético em éguas, principalmente na fase de gestação, é fundamental para identificação de distúrbios metabólicos que possam comprometer a sanidade da mesma e do feto, além de favorecer a monitoração de um possível desbalanço nutricional.

P A L A V R A S - C H A V E equino, metabolismo energético, prenhez

¹ Doutoranda do programa de ciência animal nos trópicos da Escola de medicina veterinária e zootecnia da UFBA; ² Bolsista de iniciação científica da escola de medicina veterinária e zootecnia da UFBA;

³ Professor da escola de medicina veterinária e zootecnia da UFBA. e-mail para correspondência: ([email protected]; [email protected])

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 48 - setembro/dezembro, 2014

Distocia materno-fetal seguido de cesariana com posterior quadro de laminite em asinino: relato de casoJefferson Ayrton Leite de Oliveira CRUZ1; Janaina Azevedo GUIMARÃES2; Alexandre Cruz DANTAS2; Pollyanna Cordeiro SOUTA3; Mayumi Botelho ONO3; Beatriz Berlinck DUTRA VAZ4

As distocias fetal ou materna em asininos são pouco relatadas e consequentemente pou-

co estudadas nesta espécie. Este relato tem como objetivo descrever um caso de distocia ma-terno-fetal com realização de cesariana e posteriormente desenvolvimento de um quadro de laminite, três situações pouco vistas e vivenciadas para esta espécie. Foi atendido um asinino de aproximadamente 3,5 anos, primípara, em trabalho de parto há um dia. Ao exame clínico o animal ainda apresentava contrações abdominais e uterinas, mucosas congestas, apático, ab-dômen abaulado bilateralmente e presença dos membros do feto no canal do parto. Ao exame obstétrico o feto encontrava-se em apresentação longitudinal anterior, posição dorso-ilíaca e atitude flexionada (flexão lateral esquerda do pescoço), além de apresentar-se enfisematoso. A mãe apresentava dilatação insuficiente do canal do parto. Foi tentada manobra obstétrica, porém sem êxito. Optou-se então por uma cesariana. O animal foi pré-anestesiado com que-tamina e diazepam endovenosa, lidocaína 2% epidural seguida de indução endovenosa com detominidina. Durante a cirurgia foram realizados quatro repiques de quetamina. O animal foi posto em decúbito dorsal, realizou-se tricotomia e antissepsia local. Uma incisão de aproxi-madamente 50 centímetros (cm) foi realizada na linha alba, tendo acesso ao peritônio e pos-teriormente ao útero o qual foi luxado na tentativa de minimizar a contaminação da cavidade abdominal. Com uma incisão de 30 cm na curvatura maior do útero foi possível a retirada de um feto macho e enfisematoso. O útero apresentava-se com secreção acastanhada e fétida. Após o procedimento o útero foi lavado com solução fisiológica e suturado com fio nylon 3-0, padrão Cushing-cushing e antes de fechar por completo foi injetado 20 mL de gentamicina diluída em 80 mL de solução fisiológica intrauterina. O órgão foi colocado em sua posição anatômica e se fez o fechamento da cavidade (peritônio, musculatura e pele) com fio Nylon 2-0 e realizado o curativo com pomada à base de penicilina e bandagem fixa. Como tratamento pós-operatório instituiu-se o uso de antibioticoterapia a base de gentamicina e penicilina a cada 24 horas du-rante 10 dias, flunixim meglumine (dose 1.1 mg/Kg) a cada 12 horas durante 5 dias e aplicação de análogo de PGF2α intramuscular (dose única) para auxiliar na expulsão da placenta. Após 24 horas da cirurgia o animal encontrava-se com abdômen tenso, sensível à palpação, presença de secreção purulenta pela vulva e apresentando pulso digital nos membros anteriores. Após 72 horas, o pulso digital tornou-se forte nos quatro membros acompanhado de aumento de temperatura dos cascos. O animal passou a ser tratado para laminite com Fenilbutazona (1º dia dose 4.4 mg/Kg, 2º e 3º dia dose 2.2 mg/Kg a cada 12 horas, 4º e 5º dia dose 2.2 mg/Kg a cada 24 horas), flunixim meglumine dose anti-endotoxêmica (0,25 mg/Kg por 30 dias), acepran 1% (dose 0,05 mg/Kg por 30 dias), heparina sódica (40 UI/kg) a cada 12 horas durante 5 dias, ome-prazol uma vez ao dia via oral na dose profilática (1,5 mg/Kg). Também foi realizada lavagem uterina com solução fisiológica via sonda transvaginal durante três dias seguido de infusão de 13 mL de gentamicina e 10 mL de peróxido de hidrogênio intrauterino. O animal recebeu alta após 30 dias de internamento. Os procedimentos obstétricos nesta espécie são raros, porém podem ser realizados sem maiores contratempos.

P A L A V R A S - C H A V E distorcias, asinino, cesariana, laminite.

¹ Médico Veterinário Residente da área de Clínica Médica, Cirúrgica e da Reprodução de Grandes Animais – Departamento de Medicina Veterinária – UFRPE – Recife – PE – Brasil. E-mail para correspondência: [email protected]

² Médico (a) Veterinário (a); Técnico (a) do Hospital Veterinário de Grandes Animais do Departamento de Medicina Veterinária – UFRPE – Recife – PE – Brasil;

³ Médica Veterinária; Especialização Lato Senso em Práticas Hospitalares e Laboratoriais do Hospital Veterinário de Grandes Animais do Departamento de Medicina Veterinária – UFRPE – Recife – PE – Brasil;

4 Médica Veterinária; Profa. Associada da área de Clínica do Departamento de Medicina Veterinária - UFRPE - Recife – PE – Brasil.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 49 - setembro/dezembro, 2014

Doença periodontal entre terceiro e quarto pré-molar da arcada superior direita em equino - relato de casoKarla Adrielen do NASCIMENTO1, Débora Mirelly Sobral da SILVA1, Andreza Rodrigues VIANA1, Juliana Ferreira PONTES1 Geymenson dos Santos SOUZA2

O agronegócio do cavalo movimenta cerca de R$ 7,3 bilhões na economia brasileira e o

Mangalarga Marchador é responsável pelo maior rebanho de equinos no Brasil. Na cria-ção de equinos uma das fases fisiológicas mais importantes é a gestação. Um dos fatores que influencia positivamente a concepção e o desenvolvimento da gestação é uma boa condição corporal, a qual está relacionada com uma alimentação equilibrada. Os parâmetros bioquí-micos podem auxiliar na formulação de dietas e no monitoramento das fases reprodutivas e entre eles destacam-se os componentes do metabolismo energético. O objetivo desta pesquisa foi avaliar a dinâmica dos metabólitos colesterol, triglicérides e glicose, durante as fases da ges-tação em éguas Mangalarga Marchador. O experimento deu-se na Central de Reprodução do Haras EAO, na Faz. Reunidas Boa Vista da EAO Empreendimentos, localizada no distrito de Ibitupã (14° Lat Sul e 39° Long Oeste), município de Ibicuí–Ba, durante as estações reprodu-tivas de 2011/2012 e 2012/2013. Para tanto foram utilizadas 73 éguas em fase reprodutiva, em sistema extensivo e manejadas em piquetes com: Digitaria decumbens, Cynodon nlemfuensis, Panicum maximum cv. Sempre Verde, Panicum maximum cv. Colonião, Panicum maximum cv. Aruana, Brachiaria humidicola e Brachiaria dictyoneura, com a lotação de 1UA/há, com bebedouro e cocho para suplementação mineral, ad libitum. Os animais foram divididos em 5 grupos: G1- éguas vazias, G2- início de gestação, G3- fase intermediária, G4- final da gestação e G5- 24h pós-parto. Amostras de sangue foram colhidas por venopunção da jugular, em tubos à vácuo, sem anticoagulante para obtenção do soro, e as determinações dos parâmetros do metabolismo energético foram determinadas por “kits” comerciais em analisador bioquímico semi-automático (BIOPLUS 2000). No resultados, os grupos G1 a G5 apresentaram valores de 57±10,64; 58±14,14; 68±6,89; 60±4,84 e 78±12,20mg/dL, referente à glicose sérica, respectiva-mente. Os menores níveis séricos deste metabólito foram demonstrados no G1 e G4. Desta forma, entende-se que as alterações no final da gestação incluem menor sensibilidade à in-sulina e um maior sequestro de glicose para o útero, resultando numa menor concentração sérica. Ainda observou-se um pico glicêmico no G5 proveniente do estresse físico associado a parição (Aoki e Ishii, 2012). Com relação à dosagem dos triglicérides, os grupos expressaram valores de 24±7,14; 38±24,18; 29±12,48; 35±14,30 e 21±7,32 mg/dL, respectivamente aos grupos G1 a G5. Neste parâmetro as concentrações séricas exibiram os menores valores nos grupos G1 e G5. Os níveis deste variam de acordo com sua utilização no corpo, e a primeira fase na qual apresentou valor baixo pode estar relacionada ao recrutamento tecidual do mesmo para oxidação e utilização como substrato para síntese de esteroides (kedzierski et al., 2006), já na fase do G5 a expressão de valores menores decorre por corresponder ao momento no qual os animais estavam em pós-parto, fase esta, que necessita de maior aporte energético para forma-ção da glândula mamária e produção leiteira (Aoki e Ishii,2012). No que tange as dosagens de colesterol os grupos, de G1 a G5, apresentaram, respectivamente, 79±13,89; 95±14,60; 87±12,05; 81±10,10; 82±13,07mg/dL. Verificou-se que a maior concentração sérica de colesterol ocorreu no grupo G2. Assim sabe-se que durante o período de expansão do alantocório, entre os dias 40 e 120 de gestação, as células trofoblásticas adquirem capacidade de sintetizar diversos hormô-nios, sendo produzidos pela utilização exclusiva de fontes maternas de colesterol (Allen, 2001). Frente ao exposto, conclui-se que o conhecimento da dinâmica do perfil energético em éguas, principalmente na fase de gestação, é fundamental para identificação de distúrbios metabólicos que possam comprometer a sanidade da mesma e do feto, além de favorecer a monitoração de um possível desbalanço nutricional.

P A L A V R A S - C H A V E equino, metabolismo energético, prenhez

¹ Doutoranda do programa de ciência animal nos trópicos da Escola de

medicina veterinária e zootecnia da UFBA;

² Bolsista de iniciação científica da

escola de medicina veterinária e zootecnia da UFBA;

³ Professor da escola de medicina veterinária e zootecnia da UFBA. e-mail

para correspondência: ([email protected];

[email protected])

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 50 - setembro/dezembro, 2014

Duodeno-jejunite proximal em equinoP. R. FIRMINO1; G. S. L. SOARES1; A. S. ALCOFORADO1; E. G. MIRANDA NETO1; D. M. ASSIS1; J. M. MEDEIROS2

A duodeno-jejunite proximal (DJP) é uma enterite catarral caracterizada pela inflamação

do seguimento anterior do intestino delgado dos equinos que cursa com alterações na mo-tilidade e transporte de líquidos e eletrólitos, causando aumento das secreções, diminuição da reabsorção e aumento da permeabilidade intestinal. Como resultado ocorre um marcado acúmulo de líquido na porção anterior do trato digestivo, principalmente no estômago, que se não aliviado rapidamente pode levar o animal a morte por ruptura do órgão. A desidratação, azotemia, acidose metabólica e choque hipovolêmico são achados presente na maioria dos casos relatados. A etiologia desta afecção ainda é desconhecida, porém a multiplicação de bac-térias Clostridium e Salmonella no trato entérico tem sido relatada como possível causa, sendo priorizado o tratamento clínico baseado na sintomatologia e controle da infecção. Um equino, macho, 4 anos de idade, da raça Quarto de Milha, pesando aproximadamente 450 kg, foi en-contrado na sua baia, em um hotel de cavalos no município de Sousa PB, com sinais de dor abdominal, sendo atendido por um profissional ainda na fazenda, que realizou os primeiros procedimentos, estes incluíram sondagem nasogástica com refluxo sanguinolento, fluidotera-pia intravenosa com NaCl 0,9% e utilização de analgésicos como flunixin meglumine e meloxi-cam. Dois dias depois, não apresentando melhoras, o animal foi encaminhado ao Hospital Vete-rinário da Universidade Federal de Campina Grande-Campus Patos-PB. O histórico alimentar revelou que o animal recebia em média 6 kg de concentrado diários (3 refeições) e que nos 7 dias anteriores ao caso da cólica o mesmo tinha sido privado totalmente do volumoso. À inspe-ção, o animal se encontrava inicialmente apático, mucosas cianóticas, com halo endotoxêmico, sem distensão abdominal, respiração ofegante, fezes diarreicas, fétidas e de coloração amarelo palha. Após pouco tempo de atendimento o animal começou a se jogar no chão, ficando em estação com muita dificuldade e sempre tendendo a desequilibrar e cair novamente. O exame físico revelou um tempo de preenchimento capilar de 4 segundos, frequência cardíaca de 100 batimentos por minuto (BPM) e a respiratória de 80 movimentos por minuto (MPM) (80). Na ausculta abdominal a motilidade intestinal estava diminuída em todos os quadrantes e o animal apresentava uma desidratação estimada de 8 %. Na sondagem nasogástrica foi obtido refluxo espontâneo de coloração amarronzada, odor fétido, pH 6, e de aproximadamente 20 li-tros durante o atendimento. Com base nos achados da anamnese e do exame físico foi possível chegar ao diagnóstico presuntivo de duodeno-jejunite proximal (DJP). O animal foi submetido a uma fluidoterapia IV com solução de ringer com lactato e medicado com flunixin meglu-mine (1,1 mg/kg IV), sulfadiazina (40mg/kg IV) e dipirona (25mg/kg IV). Após 3 horas de atendimento o animal entrou choque e em seguida em óbito. O diagnóstico presuntivo de DJP foi confirmado na necrópisa, onde se observou uma intensa reação inflamatória com áreas he-morrágicas em toda a extensão do duodeno e porção inicial do jejuno. Alteração na dieta com privação de volumoso e fornecimento de grandes quantidades de concentrado, como ocorrido no presente caso, tem sido associada a quadros de DJP. O tratamento clínico é o de eleição para casos de DJP, porém as graves alterações hidroeletrolíticas e endotoxêmicas observadas na ad-missão do paciente indicavam um prognóstico ruim e inviabilizaram a reversão do quadro. A taxa de sobrevivência relatada na literatura varia de 25 a 94% dependendo da intensidade das lesões, duração dos sinais clínicos e da resposta do animal ao tratamento médico. Portanto, em virtude do rápido desequilíbrio hidroeletrolítico e acidobásico, que diminuem a chances de sobrevivência do animal, o rápido reconhecimento e instituição da terapia médica correta são fundamentais para melhorar o prognóstico dos casos de DJP.

P A L A V R A S - C H A V E equino, cólica, duodeno-jejunite proximal, refluxo.

¹ Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Patos – PB.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 51 - setembro/dezembro, 2014

Efeito da idade de matrizes crioulas sobre as características morfométricas de suas crias até o desmameLorenzo SEGABINAZZI1, João Pedro Hubbe PFEIFER2, Vinicius FOLLE2, Lucas LAU2, Lucas CANUTO3, Charles Ferreira MARTINS4

Considera-se genericamente que a égua contribui com cerca de 5 a 10% a mais que o

garanhão devido aos fatores não genéticos de influência materna no feto e no crescimento do potro. Ao nascimento, a altura da cernelha do potro já é superior a 60% de seu valor final, apesar de seu peso só representar 10% do seu peso adulto. Até o primeiro mês de vida o potro dobra seu peso vivo e na desmama (6-7 meses) ele multiplicou seu peso por 5. Sua altura de cernelha representa cerca de 88% de sua altura de cernelha final. Por este motivo na criação de cavalos uma das principais preocupações é a obtenção de taxas de crescimento apropriadas dos potros. O objetivo do presente estudo foi avaliar o desenvolvimento de potros e verificar o efeito da idade materna nas características morfométricas durante a amamentação. Foram utilizados para este estudo 43 potros da Raça Crioula de uma propriedade em Jaguarão – RS, divididos em potros descendentes de éguas jovens (idade entre 5 e 10 anos, média 5,9 anos) e velhas (idade entre 10 e 18 anos, média 13,6 anos). Todos os animais foram mensurados mensalmente, do nascimento até o desmame (oito meses), no período de setembro de 2010 a maio de 2011. Os animais são filhos de sete garanhões, sem índices significativos de endogamia. Durante o período experimental, os potros foram mantidos em um ambiente homogêneo, sob mesmas condições nutricionais extensivas. O peso corporal e o perímetro torácico foram obti-dos utilizando fita de peso e fita métrica respectivamente. Posicionava-se a fita logo após o final da cernelha, entre os processos espinhosos T8 e T9, passando pelo espaço intercostal da 8ª e 9ª costelas, até a articulação da última costela com o processo xifoide. A altura de cernelha era afe-rida na região interescapular, localizada no espaço definido pelo processo espinhoso de T5 e T6 até o solo. Para a análise dos dados foi utilizada análise de variância e correlação do programa Genes. No presente estudo os animais apresentaram diferença significativa (p<0,05) para peso, altura e perímetro torácico a partir dos 60 dias de vida, onde potros filhos de éguas de mais idade apresentaram maior desenvolvimento. Este fato, provavelmente, tenha sido influenciado pela habilidade materna das éguas mais maduras, já que éguas multíparas apresentam maior produção de leite que as primíparas, e esse leite também contem maior teor de gordura e um maior balanço energético. Pode-se constatar que as éguas mais velhas produziram animais mais pesados e maiores que as éguas mais jovens a partir dos 60 dias até 90 dias (p<0,05), e dos 90 aos 240 dias (p<0,01). Estes resultados já haviam sido identificados por outros pesquisadores, em cavalos árabe e puro sangue inglês, respectivamente. Conclui-se que potros filhos de éguas Crioulas com mais de dez anos de idade, apresentam maior peso e altura ao desmame, e seu desenvolvimento é mais homogêneo comparado aos potros de éguas mais jovens, sendo estas diferenças aparentes a partir dos 60 dias de vida do potro.

P A L A V R A S - C H A V E Idade materna, peso ao nascer, potro, características morfométricas, desmame.

¹ Pós-graduandos em Biotecnologia Animal, Universidade Estadual Paulista

“Júlio de Mesquita Filho” Unesp - Botucatu, SP;

² Graduando em Medicina Veterinária/

UFPel;

³ Graduando em Medicina Veterinária/UFAl;

4 Professor do Departamento de Reprodução Animal e Radiologia

Veterinária, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

Unesp - Botucatu, SP

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 52 - setembro/dezembro, 2014

Efeito das fases de gestação sobre enzimas do metabolismo hepático em éguas mangalarga marchadorLaura Emilia Panelli MARTINS1, Laise Gonçalves Oliveira e OLIVEIRA2, Ana Paula de Lima MAIA3, Carla Caroline Valença de LIMA1, Alberto Lopes GUSMÃO4, Maria Consuêlo Caribé AYRES4

A equinocultura constitui um importante segmento do agronegócio brasileiro e a raça

Mangalarga Marchador tem grande destaque por formar o maior rebanho de eqüinos do país. Rebanhos de alta produção necessitam de adequado balanço nutricional, especialmente nos períodos reprodutivos. A análise do perfil metabólico complementa a avaliação clínica das fases reprodutivas dos rebanhos. No entanto, vários fatores podem influenciar sobre os consti-tuintes bioquímicos entre eles a fase de gestação. O objetivo desta pesquisa foi avaliar o perfil da atividade de ezimas do metabolismo hepático, AST, GGT e FA, durante as fases da gestação em éguas da raça Mangalarga Marchador. Para tanto o experimento foi realizado na Central de Reprodução do Haras EAO, sediada na Fazenda Reunidas Boa Vista, pertencente à EAO Empreendimentos, localizada no distrito de Ibitupã (14° Latitude Sul e 39° Longitude Oeste), município de Ibicuí – Bahia, durante as estações reprodutivas de 2011/2012 e 2012/2013. Utili-zaram-se 73 éguas em fase reprodutiva, mantidas em sistema extensivo e manejados em pique-tes plantados aleatoriamente com as gramíneas: Digitaria decumbens, Cynodon nlemfuensis, Panicum maximum cv. Sempre Verde e Panicum maximum cv. Colonião, Panicum maximum cv. Aruana, Brachiaria humidicola e Brachiaria dictyoneura com a lotação de uma unidade ani-mal por hectare e equipados com bebedouro e cocho para suplementação mineral, ad libitum. Os animais foram divididos em cinco grupos: G1 - éguas vazias, G2 - início de gestação, G3 - fase intermediária, G4 - final da gestação e G5 - 24 horas pós parto. As amostras de sangue foram colhidas por venopunção da jugular, em tubos siliconizados sem anticoagulante para obtenção do soro, e as determinações dos parâmetros do metabolismo hepático foram determinadas por utilização de “kits” comerciais em analisador bioquímico semi-automático (BIOPLUS 2000). Observaram-se diminuição gradativa das médias dos valores séricos de AST entre os grupos relacionados com as fases analisadas: o maior valor foi obtido no grupo G1 (320,65±38,92 UI/L) e o menor no grupo G5 (194,56±29,19 UI/L). Devido ao grande crescimento fetal no final da gestação a atividade metabólica está intensamente voltada para a constituição dos teci-dos fetais com os aminoácidos sendo destinados à constituição protéica dos diferentes tecidos, com conseqüente diminuição da atividade da AST. O valor da média da atividade da FA foi maior no inicio da gestação (G2 = 209,00±78,25 UI/L) e menor no grupo de éguas vazias (G1 =142,25±29,21 UI/L). É conhecido que a elevação na atividade dessa enzima durante a gestação coincide com o período de ossificação fetal. O valor da média de GGT foi maior no G2,(15,24 ±7,12) e menor na fase de 24 horas após o parto (G5=13,44 ±2,87 UI/L). Apesar das observações de que em equinos, o aumento da atividade de GGT sérica está associado com uma variedade de distúrbios hepáticos, a exemplo da hepatopatia, a grande demanda do útero gravídico na gliconeogênese apresenta uma resposta fisiológica do fígado, semelhante ao estado de colestase. As fases da gestação apresentaram efeito sobre a dinâmica da atividade das enzimas hepáticas avaliadas em éguas da raça Mangalarga Marchador e esses parâmetros devem ser considerados no monitoramento do estado de saúde nos períodos reprodutivas da espécie.

P A L A V R A S - C H A V E aspartato aminotrasferase, fosfatase alcalina, gama glutamil transferase, égua, prenhez

¹ Doutoranda do programa de ciência animal nos trópicos da Escola de medicina veterinária e zootecnia da UFBA;

² Bolsista de iniciação científica da escola de medicina veterinária e zootecnia da UFBA;

³ Médica veterinária da Central de Reprodução do Haras EAO, Ipiaú-Ba; 4 Professor da escola de medicina veterinária e zootecnia da UFBA. e-mail para correspondência: ([email protected]; [email protected]

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 53 - setembro/dezembro, 2014

Efeito do triptofano em distúrbios comportamentais de estresse observados em um equino – relato de casoMayumi Santos BOTELHO-ONO1; Pollyanna Cordeiro SOUTO1; Jefferson Ayrton Leite de Oliveira CRUZ1; Jaqueline Maria dos SANTOS1; Beatriz Berlinck DUTRA VAZ1

O comportamento dos equinos está relacionado a diversos fatores, entre os quais podemos

destacar o sistema de criação, a quantidade e qualidade dos alimentos e a socialização com outros cavalos. Em animais estabulados e/ou que foram submetidos a mudanças de manejo observa-se a presença de distúrbios comportamentais característicos de estresse, os quais podem incluir vícios, agressividade e distúrbios sexuais, entre outros. Esta situação de estresse é prejudi-cial ao animal, podendo afetar não só seu desenvolvimento físico, como também mental.Uma correlação entre o manejo alimentar e alterações comportamentais tem sido observada em cavalos mantidos em situação de estresse e com restrições dietéticas, como por exemplo acesso reduzido aos alimentos volumosos. Estes animais desenvolvem de forma aguda sinais e com-portamentos indicadores de desconforto com tais situações. Atualmente, vários suplementos alimentares têm sido disponibilizados no mercado com o propósito de auxiliar na redução do nível de estresse, sem que sua ingestão possa vir caracterizar “dopping”. Tais produtos procuram minimizar os sinais clínicos e comportamentais de estresse e, deste modo, contribuir para a melhora no desempenho dos pacientes com a melhora da qualidade de vida dos mesmos. O triptofano é o aminoácido precursor da síntese de serotonina, a qual participa nos processos de percepção e avaliação do meio e na capacidade de resposta aos estímulos ambientais. Assim, va-riações nos níveis séricos do triptofano podem alterar a concentração de serotonina no cérebro, sendo esta traduzida em alterações de comportamento que evidenciam o estresse. Na literatura disponível existem relatos que demonstram a participação do triptofano na dieta como respon-sável pela redução do comportamento agressivo. O presente relato de caso é sobre um equino, macho, 08 anos de idade, com aproximadamente 400kg, raça Quarto de Milha, encaminha-do ao Ambulatório de Grandes Animais da Universidade Federal Rural de Pernambuco com comprometimento do sistema locomotor no membro anterior direito.Em virtude das graves alterações decorrentes da afecção que motivou seu atendimento, foi necessário a instituição de um protocolo de tratamento longo, permanecendo o paciente confinado cerca de 20 horas por dia. Quando do seu internamento, o animal apresentava um comportamento calmo, tranquilo e dócil, entretanto, cerca de 30 dias após o início do tratamento, o mesmo apresentou sinais de irritação (coices, mordidas, entre outros) a toda e qualquer manipulação e/ou aproximação, redução do apetite, alternando a atitude entre permanecer em posição quadrupedal e decúbi-to. A princípio tais atitudes e comportamentos foram interpretados como sendo decorrentes depossíveis alterações sistêmicas, porém os exames realizados mostraram os parâmetros pesqui-sados dentro da normalidade para a espécie. Assim, estabeleceu-se a hipótese de estresse, pois é sabido que alterações comportamentais estão relacionadas ao baixo grau de bem-estar.Como a literatura relata a associação da diminuição dos níveis de estresse ao uso do triptofano, este foi adicionado ao protocolo terapêutico, na dose de 30g, via oral, SID (CalmynEqui Turbo®).Cerca de duas semanas após o início do uso foram observados resultados positivos: o animal apresentou-se mais calmo, com menos relutância a realizar a deambulação, tendo voltado a sair da baia espontaneamente, o apetite melhorou e houve redução considerável da agressividade. Devido tais resultados e a melhora no quadro clínico com o uso do triptofano, este foi utilizado até o final do tratamento. Desse modo, conclui-se que a administração deste aminoácido em situações de estresse resulta em efeito positivo sobre o bem-estar, este último traduzido nas mudanças positivas ocorridas no comportamento deste animal.

P A L A V R A S - C H A V E estresse, bem-estar, aminoácidos.

¹ Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural

de Pernambuco (UFRPE).

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 54 - setembro/dezembro, 2014

Eficácia da alantoína e do óxido de zinco (Alantol®) na cicatrização de feridas em equinosMarco Augusto Giannoccaro da SILVA1, Paulo Aléscio CANOLA, Ana Paula Coelho RIBEIRO, Cinthian Cássia MENDONÇA, Taís TRENTO, Aline Beatriz SCHMIDT

Os ferimentos de pele representam uma das mais frequentes ocorrências na clínica de equi-

nos e embora tenham geralmente prognóstico favorável, possuem um potencial significativo quanto a decorrências indesejáveis, tornando o processo de cicatrização lento e complicado. Com o presente estudo objetivou-se avaliar a eficácia do uso de uma pomada comercial como promotora da cicatrização de feridas cutâneas induzidas em equinos. O projeto foi aprova-do pelo comitê de ética CEUA/UFT n°23101.000845/2014-76. Utilizou-se cinco éguas da raça Quarto-de-Milha que foram avaliadas clinicamente antes do início do experimento, pesadas, desverminadas e receberam tratamento carrapaticida. Realizou-se tricotomia ampla em ambos os lados da garupa, tranquilização com acepromazina 1% na dose de 0,05 mg/kg pela via intra-venosa e anestesia local infiltrativa com 6mL de solução de lidocaína a 2% com vasoconstrictor. Para a confecção das feridas cirúrgicas utilizou-se um molde de 5cm2, para a incisão de pele um bisturi e para a divulsão do tecido subcutâneo e retirada do fragmento de pele, tesoura metzen-baum romba. Por sorteio, um lado foi selecionado como tratado e o outro como controle. Nos primeiros 14 dias, realizou-se curativo duas vezes ao dia, sendo, os dois lados igualmente lava-dos com água e detergente neutro e, apenas o lado tratado foi seco com gaze estéril e recebeu a aplicação da pomada. Ato contínuo, procederam-se com os curativos apenas uma vez ao dia até completar 42 dias. As avaliações foram realizadas no 1o, 3o, 7o, 14o, 21o, 28o, 35o e 42o dias de pós-operatório e envolveram: análises macroscópicas com observação de sensibilidade dolo-rosa à palpação digital ao redor da ferida, presença de tecido de granulação, secreções, crostas, hemorragia e edema (estimados em graus de 0 a 3, onde 0 indicava a ausência dos parâmetros avaliados; 1 a ocorrência em até 30% da lesão, 2 a ocorrência em 30% a 60% e, 3 a ocorrência em 60% a 100%); delineamento das feridas em plástico transparente com caneta de retroprojetor e posterior análise pelo programa computacional ImageJ, para obtenção da área de cada lesão no decorrer da evolução cicatricial; biópsias da borda das lesões para histopatologia, onde se sor-teava apenas um animal por coleta, objetivando evitar a reagudização do processo inflamatório e possível interferência no processo cicatricial. Os valores das áreas das feridas bem como os de contração foram submetidos à análise pelo Teste t pareado, com nível de significância de 5%. Os parâmetros clínicos mensurados por escores foram analisados pelo teste não paramétrico Wilcoxon Signed Rank Test. Macroscopicamente, notou-se que o lado tratado apresentou me-nor edema, com superfície mais lisa e com menos crostas secas do que o lado controle, devido provavelmente à ação epitelizante da alantoína e a atividade adstringente do óxido de zinco. Histologicamente, nos dias 1 e 3 detectou-se infiltrado inflamatório neutrofílico com presença de macrófagos, edema e necrose tanto no lado tratado quanto no controle. Entretanto, no lado tratado o infiltrado inflamatório era de menor intensidade. Aos 21 dias, ambos os lados apre-sentavam espessamento da epiderme, proliferação e neovascularização intensa, porém, o lado controle ainda apresentava áreas de edema e com infiltrado inflamatório, caracterizando atraso na cicatrização. Nesse mesmo período, verificou-se a formação de tecido de granulação em ambos os lados, sendo que o lado controle apresentou maior grau de granulação. Em relação à área da ferida, não foi observado diferença estatística entre os lados, porém, a partir do 14° dia evidenciou-se maior contração no lado tratado, o que clinicamente permite inferir que o uso da pomada promoveu um período cicatricial mais reduzido o que possibilita o retorno do animal mais rapidamente às suas atividades. Concluiu-se que a utilização da pomada é benéfica na promoção da cicatrização de feridas induzidas em equinos e que reduz o tempo de recupe-ração dos animais.

P A L A V R A S - C H A V E cavalo, granulação, histopatologia.

¹ Autor para correspondência: [email protected] Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal do Tocantins

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 55 - setembro/dezembro, 2014

Eficiência de óleos essenciais e produtos comerciais em parâmetros reprodutivos do carrapato Amblyoma cajennenseRoseane Nunes de Santana CAMPOS¹; Fabrício Juliano de O. CAMPOS2; Abraão A. SANTOS3; Cecília B.N. LIMA3; Indira M.A. SILVA3; Leandro BACCI3

O carrapato estrela Amblyoma cajennense está amplamente distribuído no território brasilei-

ro. Este ectoparasita pode infestar diversas espécies de animais domésticos e silvestres, contudo, os equídeos são os hospedeiros preferenciais. Este artrópode é responsável pela transmissão de uma importante zoonose, a febre maculosa. A grande quantidade de carrapaticidas organossin-téticos que é aplicada nos animais tem gerado problemas ao meio ambiente e a organismos não alvos. Óleos essenciais têm sido amplamente estudados como método alternativo de controle do carrapato estrela. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência dos óleos essenciais de gengibre (Zingiber officinale) e patchouli (Pogostemon cablin) e os produtos comerciais Natu-neem® e Butox® P CE25 sobre fêmeas ingurgitadas de A. cajennense. As fêmeas foram imersas por dois minutos em uma emulsão com óleos essenciais diluídos em Triton X-100 (agente surfactante) e água destilada nas concentrações 1, 10, 20 e 50 µl ml-1. Os produtos Natuneem® e Butox® P CE25 foram diluídos conforme recomendação comercial. Para o controle negativo foi utilizado o Triton X-100 e água destilada. Após 14 dias foram avaliados os seguintes parâ-metros reprodutivos: i) Índice de postura (IP) = massa dos ovos (g) / massa de fêmeas antes do tratamento (g); ii) Inibição de oviposição (IO) (%) = [(IP grupo controle - IP grupo tratado)/ IP grupo controle]*100. Os valores dos parâmetros reprodutivos foram menores para todos os tratamentos em relação ao controle negativo (Triton X-100 e água). Os menores valores do ín-dice de postura de ovos (g) foram registradas nas concentrações de 20 µl.ml-1 do óleo essencial de patchouli e gengibre sendo o índice 0,065 e 0,386 respectivamente. O óleo essencial de pat-chouli inibiu 78,47% da oviposição na concentração de 20 µl.ml-1, o óleo essencial de gengibre inibiu 28,66% da oviposição na mesma concentração. O índice de postura do Natuneem® e Butox® P CE25 nas concentrações comerciais preconizadas foram de 0,528 e 0,359 e a inibição de oviposição foi de 14,20% e 8,07% respectivamente. No geral, os produtos comerciais apre-sentaram menor inibição de oviposição em relação a quase todas as concentrações dos óleos essenciais. Estes resultados demonstram que óleos essenciais podem ser eficientes no controle do carrapato A. cajennense.

P A L A V R A S - C H A V E Ixodidae, controle alternativo, acaricida.

A G R A D E C I M E N T O S CAPES, CNPQ, FAPITEC e UFS.

¹ Programa de Pós Graduação em Ciências da Saúde- Universidade Federal de Sergipe (UFS), [email protected];

² Médico Veterinário autônomo, com especialização em diagnóstico, cirurgia e reprodução eqüina;

³ Departamento de Engenharia Agronômica- Universidade Federal de Sergipe (UFS), [email protected].

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 56 - setembro/dezembro, 2014

Elevação transitória da atividade sérica das enzimas musculares em equinos após exercício de vaquejadaTereza Maria dos Santos SOUSA; George Magno Sousa do RÊGO; Gladiane dos Santos NUNES; Patrick Elvis PARAGUAIO; Luciana Pereira MACHADO

O estresse promovido pelo exercício físico promove alterações bioquímicas nos equinos e

o efeito do exercício nas células musculares pode ser avaliado pela determinação das enzimas musculares, existindo poucos estudos sobre essas enzimas nos equinos de vaquejada. Sendo assim o objetivo do trabalho foi avaliar o efeito do exercício de vaquejada na atividade sérica das enzimas creatina quinase (CK), aspartato aminotransferase (AST) e lactato desidrogenase LDH) em equinos. Foram utilizados 12 equinos da raça Quarto de Milha, com idade de 3 a 12 anos, que participaram como cavalos de “puxada” em uma prova de vaquejada, na qual realiza-ram de duas a três corridas por dia, durante três dias consecutivos. Foram colhidos 10 mL de sangue nos momentos: entre 7:00 e 9:00h no dia anterior a prova (M0); logo após a primeira corrida (M1); 30 minutos (M2); 6 horas (M3) e 24 horas (M4) após a última corrida realizada pelo animal na prova. O sangue foi centrifugado e o soro foi estocado a -20°C até o momento da análise. As análises bioquímicas foram realizadas em analisador bioquímico semiautomáti-co, utilizando kits comerciais e soro controle universal, conforme orientação dos fabricantes. A concentração da CK foi determinada segundo o método ultravioleta/IFCC, a LDH segundo o método do piruvato-lactato e a AST seguindo a metodologia cinética UV-IFCC. Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) pelo procedimento GLM do SAS e com-paração de médias utilizando o teste de Duncan com nível de significância de 0,05. O traba-lho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal da instituição (Protocolo n.074/11). A média e desvio padrão da atividade enzimática da CK, AST e LDH no M0 foram respectivamente: 125,4±39,2; 261,0±104,9 e 715,7±250,1 UI/L. O exercício promoveu aumento transitório das enzimas musculares. Logo após a primeira corrida de vaquejada (M1) observa-se aumento significativo de LDH (1.283,9±422,4 UI/L) (p<0,05), em relação ao M0 e elevação não significativa da CK (173,3±50,5 UI/L) e AST (261,0±104,9 UI/L). As enzimas apresentaram um aumento no M2 sendo significativo para CK (239,3±108,1 UI/L) e LDH (1.423,9±660,1 UI/L) (p<0,05). O aumento da AST no M2 (324,0±65,4 UI/L) foi significativo apenas quando comparado aos valores do M3 (241,0±67,4 UI/L) e M4 (236,7±83 UI/L), nos quais se observa decréscimo (p<0,05) de todas as enzimas em relação ao M2. Sendo os valores de CK e LDH respectivamente no M3 (241,0±67,4; 543,7±262,6 UI/L) e M4 (236,7±83,1; 622,3±216,4 UI/L) inferiores ao M2 e estatisticamente iguais ao M0. Concordando com a literatura que cita para a CK aumentos em período curtos e sob exercícios intensos, relacionados com o aumento da permeabilidade da membrana das células musculares. O pico de atividade da CK no equino no caso de aumento por lesão muscular é de 3 a 6 horas, momentos nos quais a CK já estava em va-lores semelhantes ao repouso e dentro dos valores de referência para equinos atletas, indicando que não houve lesão muscular, que causaria elevação persistente da CK. A LDH teve o mesmo comportamento, porém acima dos valores de referência em todos os momentos, podendo ser resultado em diferença de técnicas utilizadas entre autores, em outro estudo que também uti-lizou metodologia cinética os resultados de LDH ao repouso foram semelhantes. Estados não patológicos também podem elevar a LDH, assim como os métodos de coleta e mensuração uti-lizados. Poucos estudos avaliaram as enzimas musculares no exercício de vaquejada e diferente do presente estudo não observaram elevação significativa das enzimas. A dinâmica de variação da AST, que apresentou aumento discreto e transitório também indica que não houve lesão muscular, pois em caso de lesão a concentração sérica de AST apresenta seu pico em 24 horas. Os valores de CK ao repouso foram superiores aos de outros estudos com equinos de vaquejada o que pode indicar que o treinamento realizado pelos proprietários não está adequado, pois em outras modalidades de exercício é relatado que a atividade basal desta enzima apresenta redução significativa com o treinamento. Conclui-se que o exercício de vaquejada promove aumento apenas transitório das enzimas musculares nos equinos que realizam o exercício de puxada, com retorno a normalidade entre 6 e 24 horas e não caracterizando a indução de lesão muscular.

P A L A V R A S - C H A V E esforço físico, enzimas musculares, cavalo.A G R A D E C I M E N T O S FAPEPI e CNPq

¹ Autor para correspondência: [email protected] Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal do Tocantins

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 57 - setembro/dezembro, 2014

Enfermidades múltiplas associadas em égua quarto de milha - relato de casoARRIVABENE, M1.; CAVALCANTE, T. V1, NEVES, C.A3.; FEITOSA, L. C. S.1; SOUSA JÚNIOR, V. R.2; FERREIRA, S. B.2

O casco desempenha melhor suas funções quando o cavalo está em liberdade ou recebe

manejo e casqueamento corretos. Contusões na região coronária induz inflamação localizada ou extensa que pode resultar em alterações funcionais da locomoção. Obstruções esofágicas constitui uma emergência já que o aumento de pressão na mucosa pode ocasionar lesão exten-sa, com consequente tecido fibroso, estenose ou perfuração. Pneumonia normalmente acom-panhada por bronquite/bronquiolite e pleurisia tem etiologia vasta, incluindo a iatrogênica por aspiração quando da sondagem nasogástrica e administração de líquidos sem os cuidados necessários. A ocorrência de aborto em éguas é estimada entre 8 e 15%, sendo classificado segundo a etiologia em infeccioso ou não. O objetivo deste resumo é relatar o caso de uma égua, Quarto de Milha, 17 anos, portadora de quatro enfermidades simultâneas. O proprietário relatou que a égua apresentou aumento de volume no terço inicial do pescoço, sua dieta era composta de forragem e ração, sendo administrados antitóxico e antibiótico, além de repelente nos cascos que já apresentavam lesão. Ao exame físico observou-se secreção esverdeada pelas narinas, aumento de volume no terço inicial do pescoço, coronite nos membros torácicos, com desprendimento do casco no direito, FC 60bpm, FR 24mpm, TPC 2-3seg, TR 38,4ºC, mucosas oculares hipercorada e oral normacorada, e peristalse normal. A suspeita diagnóstica foi obs-trução esofagiana, pneumonia aspirativa e coronite. O prognóstico feito foi reservado. Como tratamento, além da passagem de sonda nasoesofágicacom deslocamento do corpo estranho, administrou-se 60mL de DMSO diluídos em 1L de soro glicosado 5% iv/SID/5dias; penicili-na 40.000UI/kg/im/SID/5dias; Biotina e Zinco 15g vo/SID no período; curativo diário com Digluconato de Clorexidina 07 mg em algodão e atadura; fluidoterapia acrescida de 60 ml de antitóxico iv/SID/5 dias; Fluniximmeglumine 1,1mg/kg/iv/SID/5dias; glicopan 25 ml vo/SID; e hemolitan (20ml) vo/BID; Acetilcisteína 20 ml vo/SID. A égua iniciou aborto, sendo retirado o feto e anexos placentários, quando se observou secreção purulenta de odor fétido. Realizou-se então lavagem uterina por três dias; soro antitetânico (5.000 UI) /im/dose única; Extrato de lóbulo posterior de Hipófise 0,5 ml im/SID/3dias; enronfloxacina 10 ml/im/SID/3dias. A égua foi mantida em observação e o tratamento tópico da coronite por mais 30 dias, recebendo alta completamente recuperada. Constatou-se, conforme literatura consultada, que quanto mais precoce for o atendimento, realizado o diagnóstico e iniciado o tratamento, maior a chance de recuperação do animal.

P A L A V R A S - C H A V E Equino, esôfago, aborto, laminite.

¹ Departamento de Clinica e Cirurgia Veterinária – Centro de Ciências

Agrárias (CCA) – Universidade Federal do Piauí (UFPI),

2 Médico Veterinário Liberal,

3 Graduanda Curso de Medicina Veterinária/CCA/UFPI

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 58 - setembro/dezembro, 2014

Enfisema subcutâneo decorrente à perfuração faringeana em um equinoCícero Ferreira de OLIVEIRA¹, Hortência Campos MAZZO², Lucas Adonys Teixeira da SILVA³, Deborah Bruna Loureiro NEMESIO³, Fernanda CAJU¹, Pierre Barnabé ESCODRO4

Enfisema subcutâneo é o acúmulo de gás no tecido subcutâneo e pode ocorrer por diferen-

tes causas, sendo as mais comuns as feridas axilares, as perfurações torácicas e em pós operato-rios de trato respiratório superior. Os sinais clínicos mais comuns são: aumento de volume da região dos membros torácicos com crepitação à palpação, porém pode se estender nas direções do pescoço e mandíbula e também caudalmente para o arco costal, abdômen e membros pélvi-cos. Em casos extremos poderá atingir o corpo todo. Na maioria dos casos não ocorre alteração nos parâmetros fisiológicos e o animal se alimenta normalmente. O prognóstico para os casos de enfisema subcutâneo equino é favorável. Foi atendido no ambulatório do Grupo de Pesqui-sa e Extensão em Equinos da Universidade Federal de Alagoas (GRUPEQUI-UFAL) um equino da raça Mangalarga Machador, macho, de 3 anos, pesando 390 quilos, apresentando enfisema subcutâneo generalizado. Na anamenese observou-se que o animal não havia sido submetido a nenhum procedimento cirúrgico ou apresentava perfurações aparentes externas. Ao exame clí-nico inicial o paciente apresentava aumento de volume e presença generalizada de crepitação, com os parâmetros fisiológicos e hematológicos sem alterações dignas de nota. A partir deste foi necessário a realização de endoscopia nasotraqueal. Ao exame verificou-se a presença de um orifício erratio no recesso faringeo sendo este a causa o influxo de ar no subcutaneo. Após o diagnóstico e consequente dificuldade do acesso cirúrgico optou-se pelo tratamento conserva-tivo da ferida faringeana, associada a traqueostomia, visando diminuir o enfisema subcutâneo até a granulação e fechamento por segunda intenção do oríficio. A traqueostomia possibilita uma comunicação da traquéia com o meio externo, criando assim uma via área cirúrgica na porçao cervical do pescoço e redução de 10% a 50% no espaço morto anatômico, diminuindo a resistência e aumentando a complacência pulmonar. O tratamento pós operatorio consistiu em: Benzilpenicilina benzatina (20000 UI/kg/IM/72h/3aplicações), Enrofloxacina (5 mg/kg/IV/24h/5dias), Dexametasona (0,1 mg/kg/IM/24h/3dias), curativos locais com Cloridrato de benzidamina (5ml a 0,15 %/8h/20dias). O enfisema subcutâneo regrediu na primeira semana após a inserção do traqueotubo. Após 20 dias foi realizada nova endoscopia constatando epite-lização no orificio do recesso faringeo, sendo retirado o traqueotubo. A cicatrização da abertura cirurgica da traqueostomia ocorreu por segunda intenção em 8 dias, através de curativos locais com Rifocina spray local. Conclui-se que a traqueostomia temporária é metodo cirurgico efi-caz para regressão de enfisema subcutâneo decorrente às perfurações faringeanas, podendo ser mantida até a cicatrização das mesmas.

P A L A V R A S - C H A V E Cavalo. Enfisema subcutâneo. Endoscopia.Traqueostomia.

¹ Medicos Veterinários autônomos

² Acadêmica de Medicina Veterinária-UESC

³ Acadêmicos de Medicina Veterinária-UFAL

4 Prof Adjunto Curso de Medicina Veterinária–UFAL

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 59 - setembro/dezembro, 2014

Enterotomia jejunal seguida de massagem para tratamento de compactação de íleo: relato de casoJ.M.R.P. ARAÚJO1; A. GRADELA1

Uso da enterotomia para tratamento de compactação de íleo é menos frequente que o da

massagem do conteúdo para o ceco, pois pode provocar resposta inflamatória intestinal com íleo adinâmico. Relata-se um caso de enterotomia jejunal seguida de manipulação cuidadosa das alças intestinais para desfazer compactação de íleo. Uma égua, PSI, 12 anos, alimentada com 4 kg de ração peletizada, feno de capim tifton, água e sal mineral à vontade e treinada 3 a 5 vezes por semana, recebeu flunixin meglumine (10 mL, IV) após intensa sudorese e rola-mento ao fim de um treino de hipismo. No Hospital de Equinos de Batatais a ultrassonografia evidenciou deslocamento dorsal esquerdo de cólon, resolvido por tratamento clínico, como evidenciado à palpação transretal e ultrassonografia, pois o mesmo não foi mais visualizado no espaço nefroesplênico.Na sequência retomou-se a fluidoterapia, mas a égua voltou a apresentar desconforto abdominal e refluxo de oito litros pela sonda nasogástrica. Como não apresentou melhoras à administração de N-butilbrometo de hiocina e dipirona sódica ou cloridato de de-tomidina (5 mg), foi submetida à laparotomia exploratória pela linha alba, após administração de 0,01 mg/kg, IV, de detomidina seguida de ketamina (2,2 mg/kg, IM) e diazepam (0,1 mg/Kg, IV) e mantida com isofluorano. O ceco estava repleto de gás e o íleo compactado. Após ente-rotomia jejunal longitudinal o excesso de conteúdo líquido presente foi direcionado manual-mente para a incisão, evitando-se manipulação excessiva das alças intestinais e a compactação desfeita com o auxílio de uma mangueira e água corrente. O conteúdo do cólon foi também retirado através de enterotomia na flexura pélvica, seguida de lavagem abundante. Conclui-se que enterotomia jejunal seguida de massagem foi eficiente para desfazer compactação de íleo e segura, pois o animal foi liberado 14 dias após a cirurgia.

P A L A V R A S - C H A V E Cirurgia. Cólica. Equino. Enterotomia. Fenilefrina.

A G R A D E C I M E N T O S Hospital de Equinos de Batatais.

¹ Colegiado de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Vale do São

Francisco (UNIVASF). E-mail: [email protected].

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 60 - setembro/dezembro, 2014

Estabilização de fratura transversa de metatarso com o uso de fixador externoJonathan Henrique NANTES¹, Andressa Carla Silva de Castro LOUZADA², José Carlos Ferreira da SILVA³, Thailson Monteiro Menezes da SILVA4, Bruno Alencar Maia ESMERALDO¹, Heder Nunes FERREIRA5

Fraturas de ossos metatársicos podem ser classificadas em fraturas do terço proximal, terço

médio e do terço distal, aberta ou fechada. A resolução destas fraturas pode ser realizada com a utilização de técnicas que permitam a fixação e boa estabilidade dos segmentos ósseos acome-tidos. A fixação externa pode ser empregada com viabilidade em equinos, permitindo manter o membro hiper-extendido com estabilidade no foco da fratura sem interferir no local lesionado. Objetivou-se com esse trabalho relatar a osteossíntese de uma fratura transversa de metatarso em equino através da utilização de fixador externo. Foi atendido no Hospital Veterinário Dr. Vi-cente Borelli em Aracaju-SE um potro de 8 meses de idade, SRD, no qual apresentava instabili-dade no membro posterior esquerdo após ter sido atropelado. Ao exame clínico foi constatado taquicardia, taquipnéia. Durante a palpação do membro acometido observou-se instabilidade e crepitação na região do metatarso, sendo requisitada a radiografia do membro afetado, onde pôde ser constatada fratura completa e transversa em terço médio de metatarso esquerdo, foi realizado hemograma completo constatando leucocitose. Optou-se pelo tratamento cirúrgico de osteossíntese utilizando fixador externo tipo 2. Para realização do procedimento foi feito MPA à base de xilazina 10% na dose 0,5mg/kg e indução com cloridato de cetamina na dose de 2mg/kg associado a diazepam na dose de 0,2mg/kg e manuntenção com isoflurano. Realizada o protocolo de antissepsia cirúrgica no local acometido, iniciou-se a fixação com auxílio de uma furadeira ortopédica transfixando, no sentido látero medial 6 pinos lisos de Steinnman, sendo 3 distais e 3 proximais ao foco da fratura angulados à 70 graus em relação a superfície óssea. Os diâmetros dos pinos utilizados foram de 5mm, 4mm e 3mm, respeitando a distância de 2 cm do foco da lesão e entre eles.Em seguida as hastes metálicas foram encurvadas, formando uma haste de sustentação, e para manter estabilidade do foco da fratura fez-se a aplicação de resina acrílica. No pós-operatórioa ferida foi protegida com curativo de bandagem de crepe, algodão e ganadol®. Foi prescrito Penicilina Benzatina 22500UI/kg, Gentamicina 6.6mg/kg, Metronidazol 15mg/kg e Fenilbutazona 2.2mg/kg, após 3 dias a fenilbutazona foi substiutida pelo meloxicam gel 0,6mg/kg, realizado curativo diário com iodo povidona tópico, ganadol® e bandagem. Foi efetuada avaliação radiográfica a cada 15 dias até a consolidação da fratura. Após 10 dias de antibioticoterapia o animal ainda apresentava leucocitose (16000 leucócitos). Foi instituída Sulfa + trimetropim 24mg/kg onde não se obteve uma resposta positiva (21000 leucócitos) e na radiografia pôde perceber que já existia um processo de osteólise e presença de secreção no orifício dos pinos. Sendo assim, foi realizada nova troca de antibiótico para o Cef-tiofur 6.6mg/kg realizado por 10 dias e em associação 4 sessões de antibioticoterapia regional com o mesmo princípio ativo na dose de 2g/peso total. Com 40 dias de pós-operatorio reti-rou-se os pinos e uma tala de gesso sintéticofoi realizada, permanecendo por 30 dias, somente realizando o controle da dor durante esse período sem a necessidade do uso de antibióticos. A técnica de fixação externa mostrou-se eficaz na estabilização da fratura de metatarso em potro permitindo a formação de calo ósseo. Desta forma, podendo assim ser uma alternativa de fácil execução e baixo custo a ser empregada nesse tipo de fraturas em potros.

P A L A V R A S - C H A V E Cirurgia, Equídeo, Osso.

¹ Médico veterinário da Faculdade Pio Décimo

² Discente da Faculdade Pio Décimo

³ Discente da Universidade Federal Rural de Pernambuco

4 Médico Veterinário Autônomo

5 Docente da Faculdade Pio Décimo

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 61 - setembro/dezembro, 2014

Estro pós-parto subsequente a prolapso uterino: relato de casoDébora da Silva NEVES1, Paulo Fernandes de LIMA1, Adelaide Caroline Primo da SILVA1, Cláudio Bartolomeu COUTINHO1, Diogo Diógenes Medeiros DINIZ1, Matheus Cavalcanti de FARIAS1

O prolapso uterino é caracterizado pela exteriorização, no pós-parto imediato, de todo

útero, sendo um acontecimento pouco frequente em éguas. Atonia do útero, partos distócicos ou laboriosos, edema exagerado dos órgãos genitais, administração empírica de medicamentos e éguas com idade avançada, são causas corriqueiras de prolapso uterino. O diagnóstico se esta-belece a partir da observação do útero exteriorizado. Este resumo tem como objetivo relatar um caso de uma égua que apresentou estro pós-parto subsequente a prolapso uterino. Deu entrada no Hospital Veterinário da Universidade Federal Rural de Pernambuco um animal SRD, com dez anos de idade, pesando 350 Kg, pelagem castanha. O proprietário informou que a égua estava aproximadamente com dez meses de gestação e observou que a mesma havia abortado durante a madrugada. Ocorreu retenção de placenta, sendo esta tracionada pelo proprietário na tentativa de retira-la, não obtendo êxito. Posteriormente a égua apresentou fortes contrações, seguida de exteriorização do útero. Ao exame clínico apenas a frequência cardíaca estava fora dos padrões, 54 batimentos por minuto (bpm). No exame geral foi observada a exteriorização do útero caracterizando um prolapso uterino completo. Foram administrados 2 ml de acepro-mazina a 1% por via intravenosa (IV) como tranquilizante, flunixinameglumina (1.1 mg/kg) (IV), e 5 ml de cloridrato de lidocaína em solução a 2% sem vasoconstrictor como anestesia epidural caudal baixa. Realizou-se a lavem do endométrio exteriorizado com solução desger-mante a base de clorexidina, e em seguida o útero foi submerso em água morna com o intuito de torna-lo mais maleável. A mucosa prolapsada foi lubrificada com pomada antibiótica a base de gentamicina e realizou-se a manobra de redução reconduzindo o órgão a sua posição fisio-lógica. Após este procedimento foi realizado uma infusão de 30 ml de cloridrato de lidocaína em solução a 2% sem vasoconstrictor na submucosa vulvar e procedeu-se a sutura de Bünner, com o intuito de se evitar a recidiva da patologia. O animal recebeu durante sete dias cobertura antibiótica (Benzilpenicilina G Procaína e G Benzatina 10.000.000 UI, Sulfato de Dihidroes-treptomicina 10.500 mg, Piroxicam 1.000 mg em Veículo q.s.p. 100 mL) por via intramuscular profunda sendo utilizado 20.000 UI/Kg, e 5000 UI de soro antitetânico repetindo a dose após três dias. Após dez dias da redução do prolapso foi procedida à retirada da sutura. No dia do retorno ao hospital observou-se que a fêmea apresentou sinais característicos de estro, sendo indicativo de uma involução e função fisiológica uterina adequada, tendo em vista a égua estar-ciclando. Logo, conclui-se que os cuidados que foram adotados a partir do momento da exte-riorização do útero e durante todo o tratamento foram adequados e favoráveis à manutenção da integridade reprodutiva e fisiológica da égua.

P A L A V R A S - C H A V E prolapso uterino, aborto, cio pós-parto.

¹ Departamento de Medicina Veterinária, UFRPE, Recife-PE

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 62 - setembro/dezembro, 2014

Estudo da microbiota de vulva e vagina de éguasDayane Kelly Gomes de Oliveira ARAÚJO¹, Egbely Maria Cordeiro dos SANTOS1, Karla Patrícia Chaves da SILVA1, Maria Clara Carlos da SILVA1, Sidney Rivaldo Martins Cavalcante SÁTIRO1

A subfertilidade e a infertilidade de éguas na equinocultura promovem um notório e ne-

gativo impacto econômico. Uma das afecções mais relevantes é a endometrite, que se define como a inflamação do endométrio em resposta a uma agressão, geralmente causada por mi-crorganismos, podendo, ainda, ser aguda ou crônica, infecciosa ou não infecciosa (ou também reconhecidas como endometrite bacteriana, fúngica, virótica, subclínica, clínica, pós-parto e pós-cobertura, entre outras. A genitália da égua tem uma microflora normal e microrganismos oportunistas que podem ser patogênicos em animais susceptíveis. Nas éguas sadias o útero é bem protegido de contaminação externa por barreiras físicas que consistem na vulva, vestíbulo, vagina e cérvix; qualquer falha nessas barreiras pode predispor a égua à infecção uterina. Ob-jetivou-se estudar a microbiota da vulva e vagina de éguas em fase não reprodutiva. Estudou-se 20 éguas da raça Mangalarga Machador provenientes de propriedade localizada na Zona da Mata do Estado de Alagoas. As fêmeas se encontravam em bom estado nutricional, sem lesões características de vulvovaginite, fora do estro e não prenhe. Procedeu-se a colheita das amostras através da abertura da vagina e passagem de Swab (zaragatoa) na mucosa da vulva e vagina das fêmeas. Os swabs foram enviados sob refrigeração em caixas isotérmicas ao laboratório de Microbiologia da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). As amostras foram inoculadas em placas de Petri contendo Ágar base Sangue de ovino (10%) e ágar Sabouraud. As placas de Petri foram incubadas a 37º C por até 72 horas, procedendo-se a leitura a cada 24 horas. As colônias bacterianas e fúngicas caracterizadas morfologicamente foram submetidas à técnica de coloração segundo Gram e visualizadas em microscopia óptica de imersão 100x. Em seguida as amostras foram classificadas de acordo com as características fenotípicas, segundo Koneman et al, 2001.Após as análises, observou-se uma média de 2,45 microrganismo por égua, destes 13,95% (6/49) foram fungos e 86,05% (43/49) bactérias. Os microrganismos isolados foram Staphylococcus sp 28,57% (14/49),Streptococcus sp 16,34% (8/49),Enterobacteriaceae 14,29% (7/49),Bacillus sp 12,24% (6/49),Candida sp 12,24% (6/49), Corynebacterium sp 10,20% (5/49) e Micrococcus sp 6,12% (3/49). As bactérias isoladas em vulva e vagina diferenciam em carga microbiana das causadoras de endometrite em éguas, onde as Enterobacteriaceae são as fre-quentemente isoladas dentre estas Escherichia coli (20,4%). Outras bactérias como Staphylo-coccus sp (3,1%), Corynebacterium sp (1,6%) e Bacillus sp (1,6%), são encontrados em menor frequência em endometrites. A microbiota de vulva e vagina de fêmeas equinas criadas em propriedades tipo haras, é constituída primordialmente por bactérias Gram-positivas seguida por Enterobacteriaceae e fungos, os quais tem a capacidade de causar distúrbios do sistema reprodutivo como vulvo-vaginite ou endometrite, na dependência de fatores condicionantes.

P A L A V R A S - C H A V E Infecção,sistema genital, éguas, microbiota.

¹ Universidade Federal de Alagoas - UFAL – Viçosa/AL – Brasil

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 63 - setembro/dezembro, 2014

Estudo retrospectivo de videoendoscopias do trato respiratório em equinos da raça quarto de milha utilizados para vaquejada atendidos no hospital de equinos CLINILABSiqueira, C.C.; Leite, L.E.V.; Mosquera, A.; Medrado, C.; Florence, C.O.; Graça Filho, U.C.;

Distúrbios respiratórios constituem a segunda maior causa de limitação do desempenho

atlético em equinos, ficando atrás apenas dos distúrbios musculoesqueléticos, gerando perdas econômicas diretas. O presente trabalho objetivou descrever os principais achados de um levan-tamento retrospectivo dos exames videoendoscópicos realizados em equinos da raça Quarto de Milha utilizados para a vaquejada, internados e atendidos no Hospital de Equinos CLINILAB. Os exames foram realizados com um videoendoscópio 1800 Endoscope, de 12,9 mm e 3 m de comprimento, com animal em estação, sob contenção física em tronco e uso de cachimbo. No ano de 2013, foram avaliados por meio de videoendoscopia vinte e quatro equinos, adultos, sendo estes 16 do sexo masculino e 8 do sexo feminino, com idades variando de 7 a 14 anos, todos com queixas de problemas respiratórios, tendo sido observadas as seguintes alterações: condroma das cartilagens aritenóides 1/24 (4,1%), deslocamento dorsal do palato mole 1/24 (4,1%), hemiplegia laríngea esquerda grau dois 2/24 (8,3%), hemiplegia laríngea esquerda grau três 2/24 (8,3%) e hemiplegia laríngea esquerda grau quatro 7/24 (29,1%), bronquite 3/24 (12,5%), desvio axial do processo corniculado da cartilagem aritenoide 1/24 (4,1%), estenose de carina 1/24 (4,1%), hiperplasia folicular linfoide 1/24 (4,1%), condrite das cartilagens arite-nóides 1/24 (4,1%), empiema de bolsa gutural 1/24 (4,1%), encarceramento epiglótico 1/24 (4,1%) e hemorragia pulmonar induzida por esforço grau três 2/24 (8,3%). A afecção das vias respiratórias mais frequentes em equinos da raça Quarto de Milha utilizados para a vaquejada e atendidos no Hospital de Equinos Clinilab no ano de 2013 foi hemiplegia laríngea em seus variados graus. A hemiplegia da laringe em cavalos atletas pode ocasionar a redução da perfor-mance, intolerância ao exercício e ruídos respiratórios anormais audíveis, em decorrência da diminuição da passagem de ar expirado e inspirado, com isso, os criadores tendem a procurar auxilio diagnostico para corrigir e tratar os sinais clínicos apresentados pelo animal. O exame endoscópico é um excelente meio semiológico para diagnóstico de patologias e afecções das vias aéreas respiratórias. A precocidade do diagnóstico e correto tratamento contribuem para o reestabelecimento do animal, na prevenção de complicações secundárias e no rápido retorno as atividades atléticas.

P A L A V R A S - C H A V E Equino, vídeo endoscopia, afecções do trato respiratório.

¹ Hospital de Equinos CLINILAB, [email protected]

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 64 - setembro/dezembro, 2014

Exérese cirúrgica de um cisto dentígero realizada a campo em potro da raça mangalarga machador - relato de casoROCHA, L. L. L.1; REBOUÇAS, R. E.1; SILVA, P. R.2; MENDONÇA, M. F. F.2

A separação do folículo da coroa de um dente pode fazer com que resulte uma formação

cística revestida de epitélio e fluido em seu interior, denominada cisto dentígero. Estes cistos em cavalos são relativamente raros de se ver, contém consistência firme e pode transformar-se em lesão fistulosa com secreção. Por ser uma anormalidade congênita, geralmente é diagnosti-cada em potros uni ou bilateralmente. O tratamento é a completa remoção cirúrgica da estru-tura. Um potro de quatro meses de idade, pelagem castanho, 110kg, macho, foi atendido em uma propriedade rural no município de São Gonçalo do Amarante-RN situada a 19Km de Natal. A queixa do proprietário era um aumento de volume próximo à região da base do pa-vilhão auricular esquerda que excretava um liquido. Durante o exame físico foi observado um aumento de volume de consistência firme e levemente flutuante, porém com consistência rígi-da na região do osso temporal, de onde a secreção serosa era drenada. A cirurgia foi realizada sete dias após a avaliação, na mesma propriedade. Apenas duas horas antes do procedimento, o animal foi separado de sua mãe, em jejum. A medicação pré-anestésica (MPA) foi xilazina 10% (Sedomin®) na dose 1,1mg/kg via intravenosa. Após uma boa sedação, o animal permitiu ser feito a tricotomia do local e realizada uma fixação de cateter (nº16) na veia jugular esquerda. Após 15 minutos, o animal foi induzido com Cetamina 10% (Cetamin®) na dose 2mg/kg via intravenosa. Ao posiciona-lo em decúbito lateral direito, foi acoplado ao cateter uma solução de glicose 5% e éter gliceril guaiacol (EGG) na dose de 100mg/kg formando uma solução a 5%, por infusão contínua. De acordo com a monitoração, era regulada a velocidade de infusão do fármaco. Ainda foi realizado anestesia local infiltrativa no subcutâneo sob a linha de incisão e um bloqueio do nervo aurículo palpebral (3ml) utilizando lidocaína sem vasoconstrictor (Dopaser®) na dose de 7mg/kg. Cinco minutos até a incisão. Nesse tempo, houve introdução no trajeto fistuloso, um scalp (nº 21) que teve sua agulha cortada para servir de guia na cirur-gia. Foi realizada uma incisão elíptica na pele sobre o cisto. Com a tesoura de Metzembaum divulsionou-se todo tecido ao redor do cisto, encontrando uma resistência aderida na base de contato do cisto com a porção petrosa do osso temporal. Em seguida, foi divulsionado também ao redor da fístula (canulada) cuja fazia comunicação com o pavilhão auricular. Enfim o cisto foi removido por completo, não havendo possibilidade de reincidir. Antes da sutura foi apli-cado spray com oxitetraciclina e hidrocortisona (Terra-Cortril®). A redução de espaço morto, com fio Poligalactina 910 (Vicryl®, 2-0) usando sutura tipo zigue-zague. Na pele foi usado fio monofilamentar preto (Shalon®, nº0) usando sutura simples contínuo. No total a cirurgia durou 45 minutos. Ao termino da cirurgia, houve recuperação anestésica sem complicações. Como medicação pós-cirúrgica utilizou-se anti-inflamatório Meloxicam (Maxicam Gel®) du-rante cinco dias na dose de 0,6mg/kg via oral e antibiótico associado Benzilpenicilina Procaína e Benzilpenicilina Benzatina (Penikel LA®), durante sete dias na dose de 10.000UI via intra-muscular. Além de um soro antitetânico liofilizado (Vencosat®), dose única via intramuscular. Na ferida foi usado spray (Terra-Cortril®) e unguento (Vallée®) para auxiliar a cicatrização. No pós-cirúrgico não houve imprevistos, a ferida cicatrizou e os pontos foram retirados onze dias depois. Este tipo de cirurgia possui exigência na precisão, para isso, a contenção anestésica do paciente precisa trazer eficiência com segurança, principalmente em animais jovens. O procedi-mento é simples e não invasivo. O prognóstico é favorável, apesar da cirurgia a campo possuir alguns riscos e limitações.

P A L A V R A S - C H A V E Cirurgia, cisto, fístula, prognóstico.

¹ Médico Veterinário, Natal, RN ² Alunos do Curso de Medicina Veterinária, UFCG, Patos, PB

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Fístula enterocutânea decorrente de traumatismo em hérnia umbilical em equino – relato de casoJuliana Paniago Lordello NEVES1; Ana Eliza dos Santos SILVEIRA1; Márcio de ARAÚJO1; Gabriel Novaes DOMINGUES1; Wolff Camargo MARQUES FILHO1; Frederico Guilherme Oliveira SILVA1

As hérnias umbilicais ocorrem frequentemente em equinos jovens, de caráter congênito ou

adquirido, podendo eventualmente resultar em fístulas estercorais, caracterizadas por comuni-cação anormal entre o trato gastrointestinal e superfície cutânea drenando conteúdo digestivo. Entre estas, a fístula enterocutânea, que resulta da comunicação entre alças intestinais e pele, drenando conteúdo fecal, estão às vezes relacionadas à hérnia umbilical. Objetiva-se descrever um caso, até o momento pouco referenciado na literatura, de fístula enterocutânea em equi-no. Foi atendida no Hospital Veterinário da Universidade Anhanguera-Uniderp, uma égua, Quarto de Milha, 5 anos, cujo histórico remetia a um aumento de volume próximo a cicatriz umbilical, tratado e não solucionado há alguns anos, evoluindo com sinais de cólica e extrava-samento de conteúdo intestinal por orifício na área do aumento de volume. Ao exame físico, o animal apresentava-se alerta, parâmetros fisiológicos normais e uma fístula envolta por tecido necrosado na região umbilical, por onde drenava conteúdo intestinal. Pelos achados de exames físico e laboratorial descartou-se a possibilidade de peritonite aguda difusa, sendo preconizada a laparotomia exploratória. Com a cavidade exposta observou-se aderências abrangendo seg-mento de jejuno à parede abdominal ventral direita, com alteração de aproximadamente 10cm, mantendo-se íntegros os demais trajetos do trato intestinal. Desfez-se o possível as aderências e optou-se pela enterectomia segmentar da área alterada, seguida de enteroanastomose térmi-no-terminal. Durante o período pós-cirúrgico o animal evoluiu sem intercorrências, manten-do-se estável, com a utilização de gentamicina IV, penicilina IM, dexametasona IM e flunixin meglumine IV, sendo alterado no 9o dia o protocolo antimicrobiano para metronidazol VO e ceftiofur IM, devido à suspeita de abscesso de parede, e a fim de obter uma maior proteção an-timicrobiana do animal. O curativo local era realizado com clorexidine 2% e ganadol mantido em bandagem compressiva abdominal. No 16º dia após a cirurgia o animal apresentou sinais de dor abdominal aguda, com aumento das frequências cardíaca e respiratória e desidratação de 10%, contudo a motilidade intestinal apresentou-se normal. Pela sondagem nasogástrica avaliou-se o refluxo de aproximadamente 15L, sendo o animal medicado para controle da dor e enterite anterior, sem resposta ao tratamento. No 21º dia o animal foi a óbito. Pela necrospia, constataram-se aderências envolvendo íleo, ceco e musculatura abdominal, necrose de alças in-testinais e de abscesso. O diagnóstico de hérnia umbilical é considerado simples e, quando rea-lizado precocemente promove melhor prognóstico ao caso. O histórico de base remeteu para a presença de hérnia umbilical caracterizada por anel, saco e conteúdo, sendo esse, no caso des-crito, o segmento de jejuno que resultou em desconforto abdominal, culminando em fístula. Tal patologia, denominada fístula estercoral ou enterocutânea foi confirmada por laparotomia. O encarceramento, fístulação e formação de aderências, certamente a princípio, restringiram o estabelecimento de peritonite difusa. Equinos submetidos a procedimentos cirúrgicos desta magnitude não estão isentos dos riscos de complicações manifestadas por cólicas devido a aderências intestinais, abscessos entre outras, como evidenciado pela necropsia do animal em relato. De acordo com o exposto, conclui-se que inicialmente se tratava de hérnia umbilical encarcerada que complicou ao evoluir para fístula enterocutânea sem peritonite aguda difusa.

P A L A V R A S - C H A V E equino, trauma, hérnia umbilical, aderência, fístula enterocutânea.

A G R A D E C I M E N T O S à Pró-reitoria de pós-graduação da Universidade Anhanguera-Uniderp.

¹ Departamento de Medicina Veterinária da Universidade

Anhanguera-Uniderp;

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 66 - setembro/dezembro, 2014

Fístula gastro-cutânea em equino - relato de casoREBELO, P.H.V.¹; OLIVEIRA, F.S.¹; CAVALCANTE, R.G.¹; SILVA JUNIOR, F.L.¹; FEITOSA JUNIOR, F.S.²; BARBOSA, R.D.3

O estômago apresenta duas curvaturas, maior e menor, sendo a porção dilatada do tubo

digestivo entre o esôfago e o duodeno. A parede gástrica é constituída pela serosa, três camadas musculares, submucosa e mucosa. Nos equinos, o estômago é relativamente exíguo, com capa-cidade média de 15 a 18 litros, em relação ao total do trato digestório. Não são raros os casos de ruptura gástrica após sobrecarga fermentativa, quando não se pratica a drenagem via son-dagem naso-gástrica, sendo o prognóstico desfavorável, pois o óbito ocorre em poucas horas. Em situações raras, devido a traumas ou causas iatrogênicas pode ocorrer fístula gastro-cutânea sem contaminação peritoneal. Neste trabalho, descreve-se a presença de fistula gastro-cutânea em um equino, macho, SRD, 5 anos, encaminhado ao HV Universidade Federal do Piauí. O proprietário relatou que pelo menos há dois anos, o animal apresentou um “caroço” na região abdominal, que posteriormente rompeu formando uma ferida, não sendo informado sobre ocorrência de trauma, e o animal não foi medicado. Ao exame físico o animal apresentava con-dição física adequada, mucosas normocoradas, TR 38,2ºC, FR 26mpm, FC 36bpm. Apresentava ferida com tecido de granulação na região ventral do abdome na linha média caudal ao pro-cesso xifóide. Exames laboratoriais revelaram leucocitose discreta com neutrofilia e linfopenia absolutas, anemia normocitica normocrômica e plaquetas normais e bem distribuídas. Realiza-ram-se limpeza e curativo na ferida com antisséptico e repelente, além de antibióticoterapia e antinflamatório esteroidal. Posteriormente observou-se redução de volume e presença de con-teúdo digestivo na ferida, o que levou a suspeita de fistula gastro-cutânea. Sob anestesia intrave-nosa total o animal foi operado, quando se confirmou o diagnóstico de fistula gastro-cutânea, executou-se a exérese das bordas da fistula, seguida de gastrorrafia, síntese da parede abdominal. Durante o período pós-cirúrgico manteve-se o curativo da ferida cirúrgica com antisséptico e repelente, administração de penicilina e gentamicina, Flunixin meglumine durante cinco dias, controle da alimentação constituída de capim em pequenas quantidades, aumentando gradati-vamente. O animal recebeu alta 15 dias após a cirurgia.

P A L A V R A S - C H A V E Equino, fístula, gastrorrafia.

¹ Médico Veterinário Residente da Clínica de Grandes Animais Da Universidade Federal do Piauí – UFPI, Av. universitária, Bairro Ininga, Teresina, Piauí, CEP 64049-550. E-mail: [email protected]; ² Prof. Adjunto da Universidade Federal do Piauí; 3Médico Veterinário da UFPI.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 67 - setembro/dezembro, 2014

Fotossensibilização primária em eqüino por Froelichia humboldtiana (ervanço)SOARES, GSL1; FIRMINO, PR1; ALCOFORADO, AS1; SILVA, MS1, MIRANDA NETO, EG2, ASSIS, DM2

A fotossensibilização primária caracteriza-se por uma dermatite causada pela ingestão de

plantas que possuem agentes fotodinâmicos. Estes agentes são substâncias ativadas pela luz solar e quando em concentração suficiente na pele causam morte celular local e edema do tecido. A Froelichia humboldtiana, conhecida popularmente como ervanço, está presente em todo o semiárido do Nordeste e afeta equinos, muares, asininos, ovinos e bovinos, nos quais a suscetibilidade a intoxicação por esta planta pode variar entre as espécies. A intoxicação é conhecida popularmente como “sarna” e ocorre durante o período de chuvas onde as pasta-gens estão invadidas por grandes quantidades do ervanço. O diagnóstico de fotossensibilização primária se dá pela presença da planta no local de pastejo do animal, pelas características das lesões da pele em áreas despigmentadas ou de pelagem branca e pela ausência de elevação das enzimas hepáticas. O tratamento primário consiste em abrigar o animal da luz solar direta e evitar que o mesmo continue a ingerir a planta. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de fotossensibilização primária por F. humboldtiana (ervanço) em equino, ocorrido no município de Patos localizado no sertão do Estado da Paraíba. Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Campina Grande, no mês de abril do corrente ano, um equino, macho com três anos e quatro meses de idade, sem raça definida. De acordo com informações do pro-prietário, há aproximadamente dois meses o animal começou a apresentar lesões na pele, ape-nas nas partes brancas do corpo. Este ainda confirmou a presença de ervanço no pasto onde o animal ficava. O sistema de criação era extensivo e o animal era suplementado com sal mineral e comum. No exame físico constatou-se temperatura (40,3°C), frequência cardíaca (44bpm) e frequência respiratória (92mpm) elevadas. Na pele havia lesões crostosas e hiperêmicas distri-buídas apenas nas áreas despigmentadas. O diagnóstico foi realizado através de dados obtidos na anamnese, exame clínico, exames bioquímicos e biopsia do fragmento de pele. Diante do diagnóstico definitivo instituiu-se um tratamento com corticosteróide (dexametasona 0,2 mg/kg, IV, uma vez ao dia, duas aplicações) e antibioticoterapia preventiva (penicilina benzantinica, 20.000 UI/kg a cada 48 hora, duas aplicações). Além do tratamento parenteral recomendou-se uma mudança do sistema de criação, de extensivo para intensivo, e a limpeza diária das lesões com clorexidine degermante 2% e água, além da aplicação de pomada fitoterápica a base de extrato hidroalcoólico de Plectranthusneochilus, após secar as lesões. O caso ocorreu no mês de abril o que condiz com a literatura, que relata que a intoxicação por F. humboldtiana ocorre principalmente no período de chuvas. O diagnóstico de fotossensibilização primária foi ba-seado nos dados obtidos na anamnese, com a afirmação da presença da planta na propriedade, características das lesões na pele e ausência de elevação das enzimas hepáticas, do mesmo modo que foram diagnosticados dois casos de intoxicação primária por F. humboldtiana em equinos na região de Mossoró-RN. No presente trabalho, a biopsia da pele revelou áreas multifocais, erosivas e ulcerativas na epiderme e formação de microabscessos, assim como relatado na histo-patologia da pele de ovinos intoxicados por F. humboldtiana. O animal apresentou recuperação rápida, dez dias após ser retirado do pasto e abrigado do sol apresentava boa cicatrização das lesões, recebeu alta e ao proprietário foi recomendado mantê-lo abrigado do sol até a completa recuperação das lesões e não mais colocá-lo no pasto onde há presença do ervanço. Diante do relato conclui-se que a fotossensibilização primária por F. humboldtiana ocorre em equinos no sertão do Estado da Paraíba.

P A L A V R A S - C H A V E Dermatite, intoxicação por planta, pele.

¹ Médico Veterinário, Residente em Clínica e Cirurgia de Grandes Animais da UFCG, Campus de Patos-PB, e-mail:

[email protected];

² Médico Veterinário, Hospital Veterinário UFCG, Campus de Patos-

PB;

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 68 - setembro/dezembro, 2014

Fratura de ulna em pônei – relato de casoSANTOS JÚNIOR, D. A.1; ASSIS, D. M.2; MEDEIROS, J. M.2; MIRANDA NETO, E. G.2; ALCOFORADO, A. S.3; SOARES, G. S. L3.

Usualmente quando ocorre uma fratura, o osso perde continuidade estrutural e sua função

é impedida em algum grau. O nível de função alterada e o osso específico fraturado deter-minam, muitas vezes, o tipo e grau de claudicação. Por exemplo, uma fratura deslocada do olecrano ou um osso de maior sustentação produzir claudicação intensa. Fraturas devem ser sempre consideradas uma possível causa de claudicação. Objetivou-se relatar um caso de fratura em pônei, macho, 6 anos,140 Kg., internado no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campus Patos-PB. O animal era mantido em regime semi-in-tensivo e alimentado com 1Kg/dia de concentrado (trigo, soja e milho) e forragem ad libitum (Brachiaria spp.), durante o dia. O animal era solto à noite junto com equinos de maior porte, o que levou a suspeita de traumatismo por coice, o que resultou em claudicação de apoio grau IV do membro torácico direito, aumento de volume e da sensibilidade no local à palpação. Encaminhado ao setor de Diagnóstico por Imagem (DI) da UFCG constatou-se radiografi-camente fratura tipo 6 do corpo da ulna. O diagnóstico tem como base o histórico, inspeção, palpação e imagens radiográficas. O diagnóstico diferencial é com fratura distal de úmero e luxação úmero-rádio-ulnar. Apesar da maioria das fraturas no olecrano poder ser visualizada pela imagem radiológica lateral, as imagens mediolateral e craniocaudal devem ser obtidas para identificar a configuração da fratura, classifica-la e determinar a técnica de redução mais indicada. Para o referido pônei prescreveu-se apenas repouso em baia reduzida, mantendo-o em observação para reavaliação futura. O prognóstico do animal com esse tipo de fratura é bom devido a proteção muscular, baixo risco de exposição da fratura pela penetração da pele e, sobretudo, pela menor carga biomecânica, considerando tratar-se de pônei. A consolidação de fraturas completas em equinos depende, em parte, do osso específico afetado, do temperamen-to, da idade e do tamanho do animal, das características específicas da fratura e das condições cirúrgicas. A estabilização adequada da fratura antes do transporte para o local de cirurgia é crucial para obter um resultado favorável. Em geral apenas as fraturas ulnares (Tipo 1 e 4) não articulares, minimamente ou não deslocadas, e as envolvendo a incisura semilunar distal (Tipo 6) da articulação úmero-rádio-ulnar podem ser tratadas de forma conservadora com repouso absoluto por seis a oito semanas.

P A L A V R A S - C H A V E trauma, osso, equino, cotovelo.

¹ Médico Veterinário, Mestrando do Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária (PPGMV) da UFCG, Campus de Patos-PB; e-mail do autor: [email protected]

² Médico Veterinário, Hospital Veterinário UFCG, Campus de Patos-PB;

³ Médico Veterinário, Residente em Clínica e Cirurgia de Grandes Animais da UFCG, Campus de Patos-PB.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 69 - setembro/dezembro, 2014

Fratura do osso incisivo em potro: relato de casoALCOFORADO, A. S.¹; SOARES, G. S. L.¹; ASSIS, D. M.²; MEDEIROS, J. M.²; MIRANDA NETO, E. G.³; SANTOS JÚNIOR, D. A.4

O osso incisivo no equino é a estrutura da região rostral do crânio que suporta os dentes

incisivos e forma uma parte do palato. Fraturas de osso incisivo são pouco comuns nos equi-nos. Sua etiologia pode ser produzida por diferentes causas como: traumatismos diretos, resul-tando de coices de outros equinos ou atropelamentos, iatrogênicos pela remoção dos dentes, patológicas como consequência de uma periostite alveolar crônica ou auto-inflijidas quando o animal fica com o pescoço ou os incisivos presos dentro de um objeto fixo e puxa para trás re-pentinamente. Este trabalho descreve um caso de redução de fratura do osso incisivo por meio de osteossíntese. Um equino foi atendido no Hospital Veterinário-UFCG-Patos/PB, macho, de raça quarto de milha, com um ano de idade, pesando 340Kg de peso vivo, com a queixa que dois dias atrás o paciente estava na baia mordendo a fechadura da porteira, os dentes ficaram presos e ao puxar foram arrancados. No exame clínico geral o paciente apresentava bom estado nutricional, em estação, ativo, parâmetros vitais e motilidade intestinal normais. No exame da cavidade oral foi observado deslocamento dorso rostral dos dentes incisivos (501 e 502), com acúmulo de alimento caudalmente e odor fétido. No exame da cavidade oral os dentes não caíram como o proprietário tinha relatado na queixa principal. No exame radiográfico foi cons-tatado fratura no osso incisivo, sendo indicado tratamento cirúrgico. O animal ficou em jejum alimentar 12 horas, o procedimento cirúrgico foi realizado com o animal em estação, após tranquilização com acepromazina a 1% na dose 0,07mg/kg após 15 minutos, de sedação com detomidina a 1% na dose de 0,05 mg/Kg, ambas por via endovenosa. Realizou-se anestesia local infiltrativa com 10ml de lidocaína 2% com vasoconstrictor em cada forame infra-orbitário. Pro-cedeu-se a curetagem para retirada do tecido necrosado na região do palato duro e redução da fratura com fio de aço n° 1 passando entre os dentes incisivos em forma de oito. Após verificar a oclusão e o alinhamento dentário de forma correta, foi feito uma proteção de resina a base de polimetilmetacrilato envolvendo os dentes incisivos, terminado a osteossíntese. No pós-cirúr-gico foi feita limpeza diária da cavidade oral com solução a base de Gluconato de clorexidina a 0,12%, flunixim meglumine (1,1mg/Kg/IV/24h) por três dias e gentamicina (6,6mg/Kg/IV/24h) perfazendo 5 aplicações. Após dois dias o animal foi para casa, onde um médico veterinário faria o acompanhamento para retirar a proteção e, posteriormente, o fio de aço. Após três meses o animal estava recuperado e foi vendido em leilão. Uma boa resolução do caso clínico depende de um pronto atendimento de forma correta, sendo considerado uma condição de emergência.

P A L A V R A S - C H A V E Cavidade oral, dente, osteossíntese.

¹ Médico(a) Veterinário(a) – Residente - HV/UFCG/CSTR - Campus de Patos-

PB, Av. Universitária,s/n, Santa Cecília, Cep: 58708-110, Patos-PB. E-mail:

[email protected];

² Médico(a)Veterinário(a) - HV/UFCG/CSTR;

³ Médico(a)Veterinário(a) - Professor(a)

– HV/UAMV/CSTR/UFCG;

4 Mestrando -PPGMV/CSTR/UFCG.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 70 - setembro/dezembro, 2014

Gastrite hemorrágica induzida pelo uso de ácido acetilsalicílico em equino adultoANDRADE, L.R..¹; PASSOS, M.B. ¹; SALES, J.V.F.¹; FÁTIMA , C.J. T¹.; MELOTTI, V.D. ¹; SAQUETTI, C.H.C.2

Os antiinflamatórios não esteroidais são rotineiramente utilizados na clínica de equinos

atletas para o tratamento de afecções do aparelho locomotor estando seus efeitos colaterais sobre o trato gastrointestinal associados a redução dos mecanismos de defesa gástricos princi-palmente pela inibição da produção de prostaglandina a qual reduz a quantidade de secreção de muco e bicarbonato. O ácido acetilsalicílico é um antiinflamatório não esteroidal cujo efeito colateral no estômago é devido à inibição inespecífica da enzima cicloxigenase (COX). Um equino macho, da raça Brasileiro de Hipismo, da modalidade salto, foi encaminhado ao Hos-pital Veterinário de Grandes Animais da UnB após apresentar sintomatologia de desconforto abdominal (cavar intermitente). Foi informado que o mesmo estava sendo tratado há quinze dias com ácido acetilsalicílico devido a sucessivas infiltrações em vista de uma claudicação em membro torácico esquerdo. Foi realizada sondagem nasogástrica a qual revelou presença de conteúdo gástrico de quantidade moderada e de coloração enegrecida. Devido à suspeita de gastrite o animal foi também submetido a uma avaliação gastroscópica a qual revelou hipere-mia em região glandular porém nenhuma úlcera gástrica foi evidenciada. Os achados clínicos e a resposta ao tratamento corroboram com o diagnóstico de gastrite moderada, possivelmente associada a utilização de antiinflamatório não esteroidal. Foi instituído tratamento com ome-prazol (4 mg/kg, VO, SID, durante vinte e oito dias) e sucralfato (20 mg/kg, VO, TID, durante quatro dias consecutivos). O animal recebeu alta quatro dias após a internação com remissão total do quadro clínico apresentado bem como retorno de apetite normal.

P A L A V R A S - C H A V E anti-inflamatório não esteroidal, gastrite, omeprazol, prostaglandina, sucralfato.

¹ Residente no Hospital Escola de Grandes Animais da Universidade de Brasília ([email protected])

² Medico Veterinário Doutor da Policia Militar do Distrito Federal e Universidade de Brasília

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 71 - setembro/dezembro, 2014

Glutamina e glutamato no colostro de éguas mantidas a pastoElizabeth Regina Rodrigues da SILVA¹; Monica Miranda HUNKA¹; Lais Marques Soeiro CABRAL²;José Mário Girão ABREU³; Helena Emília Cavalcanti da Costa Cordeiro MANSO¹,² ; Hélio Cordeiro Manso FILHO¹,²

A Glutamina é o aminoácido livre mais abundante e é considerada um aminoácido condi-

cionalmente essencial. Além de ser significativa fonte energética para os enterócitos e as células do sistema imune, a glutamina (GLN) é precursora de nucleotídeos, moléculas importantes no desenvolvimento e reparo de células imunes e intestinais. A lactação induz a um desafio no me-tabolismo protéico, onde altos níveis de proteína são conduzidos à glândula mamária, mas ain-da é pouco conhecido o metabolismo da GLN e do Glutamato (GLU) no tecido mamário e a sua concentração no colostro e leite dos equídeos. Objetivou-se com este trabalho determinar a concentração da Glutamina [GLN] e Glutamato [GLU] no colostro de éguas. Foram utilizadas 21 éguas, da raça Quarto-de-Milha, mantidas à pasto numa propriedade no Agreste Pernambu-cano, em pastagens de capins Panicum maximum, cv. Massai e Cynodon dactylon, cv. Tifton85 e tinham à disposição água e sal mineralizado comercial. As [GLU] e [GLN] foram analisadas pelo método de detecção enzimática com leitura em espectrofotometria a 340nm. Os resulta-dos indicam que a [GLU] foi de 0,359±0,24umoles/mL, e a [GLN] foi de 0,632±0,46umoles/mL, perfazendo um total [GLU+GLN] de 0,991±0,66umoles/mL. Esses resultados se assemelham a outros descritos na literatura em animais mantidos em diferentes sistemas de criação, e pode indicar que mesmo animais mantidos exclusivamente a pasto têm uma elevada concentração desses aminoácidos no colostro. Ainda é importante observar o papel da glutamina como ami-noácido funcional regulador das vias metabólicas durante o desenvolvimento fetal e neonatal. Conclui-se que o colostro apresenta-se como importante fonte de GLN e GLU livre para ani-mais lactentes mesmo em animais mantidos a pasto.

P A L A V R A S - C H A V E aminoácido, leite, equino.

A G R A D E C I M E N T O S Fazenda Uberaba (Lagoa do Carro-PE), Ajinomoto do Brasil, Guabi Nutrição Animal, CAPES e CNPQ.

¹ Médico(a) Veterinário(a) – Residente - HV/UFCG/CSTR - Campus de Patos-

PB, Av. Universitária,s/n, Santa Cecília, Cep: 58708-110, Patos-PB. E-mail:

[email protected];

² Médico(a)Veterinário(a) - HV/UFCG/CSTR;

³ Médico(a)Veterinário(a) - Professor(a)

– HV/UAMV/CSTR/UFCG;

4 Mestrando -PPGMV/CSTR/UFCG.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 72 - setembro/dezembro, 2014

GnRH como indutor de multiplas ovulações em égua: relato de casoMatheus Cavalcanti de FARIAS1, Felipe Sales BOUDOUX2, Eugênio Sousa KÜNG3, José Roberto Clicio MAIA FILHO3, Paulo Fernandes de LIMA4, Cláudio Coutinho BARTOLOMEU4

As éguas são animais classificados como poliéstricos estacionais monovulatórios, pois pos-

suem estação reprodutiva na primavera e no verão. Três são os fatores básicos, que explicam o caráter estacional dos ciclos estrais nesta espécie: nutrição, temperatura e fotoperíodo. A superovulação é uma técnica artificial em que se empregam hormônios da reprodução com o objetivo de promover a co-dominâcia em um grupo de folículos. O número de folículos que se desenvolvem em resposta a hormônios exógenos é limitado em éguas, comparado a outras espécies como bovinos e ovinos. Em aproximadamente 25% das coletas realizadas em éguas superovuladas não se obtém embriões. Diversos hormônios, comopreparados de gonadotrofina coriônica equina (eCG), hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), e hormônio folículo estimulante porcino (FSH-porcino), vêm sendo usados e testados, como agentes superovulan-tes, em diferentes concentrações e fases do ciclo gerando resultados variáveis. Atualmente esta técnica apresenta sucesso limitado tendo em vista taxas de recuperação embrionárias inconsis-tentes e abaixo das expectativas, assim maiores embasamentos científicos sobre o tema são vali-dos e necessários. Objetiva-se com este trabalho relatar a ocorrência de superovulação em uma égua da raça Quarto de Milha com 19 anos de idade, submetida a tratamento hormonal com acetato de deslorelina, análogo do GnRH. O caso ocorreu no Haras Rancho Venezza, localizado em Vitória da Conquista, na mesorregião do centro-sul baiano. Tratava-se de uma égua pesando 450 kg, mantida em baia, sob regime de luz artificial das dezessete às 22 horas, recebendo 6,0 kg de concentrado comercial fracionado em três vezes ao dia, e capim tifton (Cynodonspp), água e sal mineralizado ad libitum. O ciclo estral da fêmea foi acompanhado por meio de palpação retal e exames ultrassonográficos (SIUI CTS-3300V®, transdutor linear 5,0mHerz). Realizou-se a coleta de embrião no ciclo estral anterior, e no momento da coleta foi administrado 5mg de dinoprost, análogo da PGF2α, e após 48h se iniciou o protocolo de superovulação, dia zero (D0), com a aplicação por via intramuscular profunda de 0,125 mg de acetato de deslorelina, duas vezes ao dia em intervalos de doze horas, sendo realizadas sete aplicações. Às 18 horas do dia três (D3) foi realizada a indução da ovulação com 0,25 mg de acetato de deslorelina asso-ciado à 3,5 mg de dinoprost, repetindo esse mesmo procedimento após 8 horas, isto é as duas horas do dias quatro (D4). No início do tratamento foi observado a presença de três folículos no ovário esquerdo e um no ovário direito, todos com diâmetro aproximado de 20 mm. O protocolo em estudo apresentou resultado satisfatório tendo os quatro folículos estimulados atingido diâmetro ≥35 mm, ovulando entre 48 a 60 horas, após a indução no D4. Na literatura observam-se estudos com outros hormônios como o hormônio folículo estimulante equino (FSH-e), extrato de pituitária equina (EPE), com resultados positivos, contudo comparando-se do ponto de vista de custo, vê-se uma vantagem em utilizar análogos do GnRH, por serem menos onerosos, não ocasionarem diminuição de efeito do hormônio sintético devido ao uso repetido, como ocorre com a gonadotrofina coriônica equina (eCG) que geralmente entre a segunda e quinta aplicação perde efeito por induzir resposta imunológica. Conclui-se que o acetato de deslorelina apresenta efeito positivo em protocolos de superovulação em égua, po-dendo ser utilizado como uma alternativa mercadológica tendo em vista seu custo econômico.

P A L A V R A S - C H A V E Acetato de deslorelina, Superovulação, Reprodução, Equinos.

¹ Graduando do curso de Medicina Veterinária da UFRPE, Recife-PE;

² Mestrando do Programa de Pós Graduação em Ciência Veterinária da UFRPE, Recife-PE;

³ Veterinário Autônomo;

4 Professor Doutor da Área de Reprodução Animal da UFRPE, Recife-PE;

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 73 - setembro/dezembro, 2014

Hérnia inguino-escrotal neonatal associada ao criptorquismo unilateral na idade adulta: relato de casoAdelaide Caroline Primo da SILVA1, Natalia Matos SOUZA1, Paulo Fernandes de LIMA1, Claudio Bartolomeu COUTINHO1, Helena Emília Cavalcanti da Costa Cordeiro MANSO2, Hélio Cordeiro MANSO FILHO2

A hérnia inguino-escrotal e o criptorquismo representam sérios problemas em alguns

grupos raciais de equinos. Nos casos de hérnias inguino-escrotais ocorrem, com frequencia, encarceramento/ estrangulamento de alças intestinais associados ou não à comprometimento testicular que desencadeam a necessidade emergencial de orquiectomia. . Já em relação ao cri-porquidismo, unilateral ou bilateral, a regra é que animais não recebam os registros definitivos, sendo excluídos da reprodução. Este resumo tem como objetivo relatar o caso de uma cria que ao nascer apresentava-se com uma hérnia inguino-escrotal e quando atingiu a idade de repro-dução apresentou criporquidismo unilateral. O potro era da raça Campolina, com pais sem relação direta de parentesco, que nasceu com 47 kg e 100 cm de altura a cernelha. O parto foi normal e no dia seguinte o animal apresentava aumento de volume na bolsa escrotal esquerda. A inspeção observa-se edema na bolsa escrotal esquerda, mas sem a visualização do testículo. Já na palpação sentia-se crepitação e na auscultação foi possível escutar sons intestinais. O exame ultrasonográfico demonstrou presença de alças intestinais e do testículo na bolsa escrotal. De-vido ao baixo valor do semovente, optou-se por recolocar o intestino manualmente, o que foi realizado com facilidade após a colocação do animal em decúbito dorsal, mas com permanên-cia do testículo na bolsa escrotal. Acompanhando a redução manual da hérnia, a cria passou a fazer exercícios forçados ao trote e galope, diariamente, durante 10 minutos e duas vezes ao dia, durante 15 dias, favorecendo o rápido fortalecimento da musculatura abdominal da cria.Não houve reicidiva da hérnia. Entre o primeiro mês de vida e o 23° mês nada anormal foi ob-servado no animal, entretanto com a migração do testículo direito observou-se que o testículo esquerdo não estava inserido na bolsa escrotal. Aos 37 meses o animal foi submetido à castração bilateral, sendo que o testículo esquerdo não se apresentava na bolsa escrotal. O animal, que pesava 500kg, foi anestesiado com uma mistura de EGG (100mg/kg) e tiopental sódico(4mg/kg), após a sedação com xilazina 10% (0,7mg/kg). O testículo direito foi retirado pelo método aberto, seguido da emasculação. Enquanto o testículo retido foi identificado pelo acesso ingui-no-escrotal, estando ele junto a entrada do canal inguinal e com tamanho reduzido quando comparado com o testículo que estava na bolsa escrotal. O tratamento pós-operatório incluiu exercício controlado, por condução a mão, antibióticos (Pencivet® 20 mL IM, SID, durante 10dias), soro antitetânico (5000 UI, IM, dose única), e higienização diária do ferimento. O ani-mal teve boa recuperação e após 30 dias já estava sendo montado. No exame físico do neonato uma atenção particular deve ser dada para identificação de qualquer má-formação congênita. As hérnias inguino-escrotais são malformações mais comuns do sistema musculoesquelético. A descida testicular incompleta ou anormal é supostamente uma anormalidade genética. Acre-dita-se que o tipo de hereditariedade em equinos seja dominante, embora estudos de produtos de alguns garanhões criptorquídeos sugiram que a hereditariedade da condição possa envolver mais de um fator genético. Em equinos, há uma predominância na criptorquidia unilateral esquerda sobre a direita. Isso é explicado pelo descenso relativamente lento do epidídimo e tes-tículos esquerdos, associado ao fechamento regularmente constante do anel interno ao redor da época do nascimento. Esse relato de caso demonstra diferentes aspectos da programação fetal, e como eles podem influenciar os diferentes aspectos do desenvolvimento dos potros. A combinação de aspectos genéticos e o aporte nutricional e hormonal, que estão intimamente relacionados com a programação fetal, ainda são pouco estudados na espécie equina e quando melhor compreendidos poderão resultar em melhores sistemas de criação e ainda contribuir para a saúde dos equinos jovens.

P A L A V R A S - C H A V E hérnia escrotal, criptorquidismo, programação fetal.

¹ Departamento de Medicina Veterinária, UFRPE, Recife-PE

² Núcleo de Pesquisa Equina, Departamento de Zootecnia, UFRPE,

Recife-PE

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 74 - setembro/dezembro, 2014

Incidência da sindrome cólica em equinos atendidos no hospital de equinos CLINILAB em 2013MEDRADO, C.; FLORENCE C.; GRAÇA FILHO, UC.; LEITE, LEV.; MOSQUEIRA, A.; SIQUEIRA, C.C.

A síndrome cólica é a terceira maior causa de morte em equinos no mundo, perdendo

apenas para a idade avançada e traumas. Estudos indicam que existem cerca de 138 possíveis etiopatogenias para tal síndrome, sendo ainda difícil precisar qual delas tem maior impacto e significância nos altos índices existentes de mortalidade na espécie. Foi realizado um estudo de incidência sobre os equinos portadores de síndrome cólica e atendidos no Hospital de Equinos CLINILAB, no período de janeiro a dezembro de 2013. Buscou-se observar qual o segmento do aparelho gastrointestinal apresenta-se com maior alteração e frequência, bem como o índice de mortalidade. Ao dar entrada no Hospital, os animais eram submetidos à avaliação clínica, e, a partir das informações obtidas, o paciente era encaminhado para o tratamento indicado, cirúrgico ou clínico. Dos 38/66 (57,58%) animais encaminhados para tratamento cirúrgico, 29 (76,31%) apresentaram afecções de intestino grosso, os quais 13 (44,82%) eram compactações de cólon maior, 4 (13,79%) encarceramento do cólon esquerdo no espaço nefroesplênico, 4 (13,79%) vólvulo de colón, 4 (13,79%) deslocamentos diversos de cólon, 3 (10,34%) presença de enterólito no cólon menor e 1 (3,45%) aderência. Afecções no intestino delgado ocorreu em 9 (23,68%) animais atendidos, sendo 8 (88,88%) hérnia inguinoescrotal estrangulada e 1 (11,11%) compactação de íleo. A taxa de sobrevivência de animais atendidos cirurgicamente foi 86,84%, ou seja, 33/38. Dos 28/66 equinos (42,42%) tratados clinicamente, 22 (78,57%) apre-sentavam acometimento de intestino grosso, sendo 14 (63,64%) portadores de compactação de colón, 3 (13,63%) com rupturas de alças intestinais, 2 (9,1%) com vólvulo de colón e 3 (13,63%) apresentando outros acometimentos. O intestino delgado representou 6 (21,43%) dos animais atendidos clinicamente, sendo 4 (66,66%) com cólicas espasmódicas e 2 (33,34%) com enteri-tes. A taxa de sobrevivência em equinos tratados clinicamente foi de 75%, ou seja, 21/28. De modo geral, independente do tratamento instituído, o segmento mais afetado foi o intestino grosso. Os resultados obtidos corroboram com os índices de mortalidade descritos em traba-lhos nacionais. A única discordância foi a incidência elevada de hérnia inguinal estrangulada verificada, sendo esta a afecção mais comum do intestino delgado. Dados de incidência podem prover informações importantes sobre as taxas de mortalidade em casos de síndrome cólica, bem como ajudar a estabelecer condutas preventivas.

P A L A V R A S - C H A V E equinos, cólica, incidência,

¹ Hospital de Equinos CLINILAB

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 75 - setembro/dezembro, 2014

Índice de aceitação e de conscientização da importância da vacinação antirrábica em dois municípios atendidos pelo projeto carroceiro da UNIVASFA. GRADELA¹; C.C.S. MELO¹; A.K.R. NUNES¹; J.S.M. OLIVEIRA¹; M.D. FARIA¹

Nas cidades o uso de equídeos para tração de carroças oferece sérios riscos à saúde de ou-

tros animais e da população. Objetivou-se avaliar o tipo de equídeo (espécie e idade) e o índice (baixo: < 33%; médio: 34% a 66% e alto:> 67%) de aceitação da vacinação antirrábica e de cons-cientização de sua importância. Foi realizada uma visita por mês, de março a agosto de 2012 em Petrolina-PE (N= 6) e de fevereiro a junho e de agosto a novembro de 2013 em Casa Nova-BA (N= 9). Animais receberam 2 mL de vacina antirrábica (LaboVet®), IM e após 30 dias a dose de reforço. Dados foram tabulados no EXCEL e transformados em porcentagem. Em Petrolina 41,7% dos animais eram asininos (15/36); 38,9% equinos (14/36) e 19,4% muares (7/36), destes 11,1% (4/36) tinham de 0-4 anos; 77,8% (28/36) de 5-10 anos e 11,% (4/36) de 11-15 anos. Em Casa Nova 40,7% eram asininos (37/91); 47,2 % equinos (43/91) e 12,1% muares (11/91), sendo 18,7% (17/91) de 0-4 anos; 60,4% (55/91) de 5-10 anos; 15,4% (14/91) de 11-15 anos e 5,5% (5/91) de 16 ou mais. O índice de vacinação em ambas as cidades foi de 100,0% e o índice de conscientização de 30,5% (11/36) em Petrolina e de 50,05% (46/91) em Casa Nova. Conclui-se que os animais utilizados são principalmente equinos e asininos com até 10 anos de idade e que embora a aceitação da vacinação seja alta a conscientização de sua importância variou de baixa a média, demonstrando a necessidade de campanhas de conscientização em ambas as cidades.

P A L A V R A S - C H A V E Equídeos, Tração; Carroceiros; Equina; Asinina; Muar.

A G R A D E C I M E N T O S PROEX; UNIVASF.

¹ Colegiado de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Vale do

São Francisco – UNIVASF. E-mail: [email protected].

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 76 - setembro/dezembro, 2014

Infecção por Strongyloides westeri em éguas receptoras e potros mangalarga marchador provenientes de dois haras de Cabaceiras do Paraguaçu, Bahia, BrasilRodrigo Machado SILVA1; Juliana Albuquerque de BRITO1; Adolfo Firmino da SILVA NETO2; Sydnei Magno da SILVA3; Raul Rio RIBEIRO1,

Entre as diferentes causas infecciosas de enterite em potros, encontra-se a de cunho para-

sitária causada por Strongyloides westeri, cuja transmissão ocorre, principalmente, por meio do colostro ou leite de éguas infectadas. Ainda que geralmente assintomática, os distúrbios gastrin-testinais da estrongiloidíase podem resultar em diarreia, desidratação, anorexia, apatia, perda de peso ou taxa de crescimento reduzida, alterações metabólicas, desequilíbrio acidobásico e hidroeletrolítico, podendo culminar em morte de potros. Este trabalho teve como finalidade avaliar a infecção por S. westeri em éguas receptoras SRDs (Sem Raça Definida), animais de bai-xo valor zootécnico, e seus potros Mangalarga Machador, de alto valor comercial, pertencentes a dois haras da região de Cabaceiras do Paraguaçu, Bahia, Brasil. Para tal, amostras fecais foram colhidas diretamente da ampola retal de sete receptoras (de seis a dez anos) e seus potros (<seis meses), totalizando 14 amostras. Ademais, informações acerca de nutrição, manejo e esquema de controle antiparasitário adotado na propriedade foram registradas. As amostras fecais foram processadas pelo método de Contagem de Ovos por Grama de Fezes (OPG). Em ambos os haras, os animais eram criados a pasto, vermifugados a cada três a seis meses, normalmente com produtos à base de ivermectina, sem histórico de avaliação de resistência anti-helmíntica (OPG antes e depois do tratamento). A análise de resultados demonstrou a presença de ovos de S. westeri em 100% (7/7) das amostras fecais dos potros, com contagens variando de 100 a 5.150 OPG (X= 1.185,7 OPG). Apenas três éguas demonstraram ovos larvados nas fezes (42,8%; 3/7) e, ainda assim, com baixas contagens: 0 a 100 OPG (X= 28,5 OPG). Analisados em conjunto, os resultados demonstraram evidente susceptibilidade dos animais jovens (alta prevalência de infecção e elevadas contagens de OPG) e, por outro lado, relativa resistência das éguas adultas. É sabido que a susceptibilidade à verminose é inversamente proporcional à idade, o que é ainda mais patente no caso da estrongiloidíase. É exatamente durante as primeiras semanas e meses de vida que os potros estão sujeitos à enterite parasitária devido S. westeri, gerando preocupação na clínica de neonatos. Embora a fase de vulnerabilidade seja passageira, o diagnóstico labora-torial neste período apresenta limitações, pois verifica-se, muitas vezes, falta de correlação entre as contagens de OPG e a manifestação de diarreia. Diante do exposto e do fato que a transmis-são de S. westeri ocorre predominantemente por via lactogênica, podendo afetar animais de grande valor genético, como os avaliados no presente trabalho, é fundamental a realização de controle estratégico das verminoses tanto nas éguas receptoras, antes da parição, quanto nos potros, durante os primeiros meses de vida. Os dados apresentados reiteram a importância da estrongiloidíase na criação de equinos e reforçam a necessidade de um eficiente controle anti-parasitário, a fim de garantir o pleno desenvolvimento dos animais.

P A L A V R A S - C H A V E Equinos, Potros, Receptoras, Endoparasitas, Strongyloides westeri.

¹ Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB, Cruz das Almas, BA, Brasil. *Autor para correspondência: [email protected]

² Instituto de Ciências Biológicas, Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF, Juiz de Fora, MG, Brasil.

³ Instituto de Ciências Biomédicas, Departamento de Imunologia, Microbiologia e Parasitologia, Universidade Federal de Uberlândia - UFU, Uberlândia, MG, Brasil.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 77 - setembro/dezembro, 2014

Influência do exercício sobre eletrólitos séricos em equinos submetidos à atividade de saltoLaise Gonçalves Oliveira e OLIVEIRA¹; Silvia Coutinho de Jesus RAMOS¹; João Batista Ribeiro da SILVA¹; Waléria Borges da SILVA¹; Domingos Cachineiro Rodrigues DIAS²; Maria Consuêlo Caribé AYRES²

O estudo da fisiologia do exercício dos eqüinos tem aumentado mundialmente, e este inte-

resse foi, inicialmente, gerado pelo papel do cavalo na agricultura e intensificado pela utilização desses animais no lazer, e mais atualmente, devido à sua utilização para o esporte. A realização do exercício físico durante treinamentos ou competições gera variações em diversos parâme-tros fisiológicos, tanto em humanos como nos animais, e a compreensão de tais mecanismos e sua caracterização são fundamentais na avaliação do desempenho desses animais. A dinâmi-ca dos eletrólitos representa um fator de importância para a manutenção do estado atlético durante o exercício físico. O objetivo desta pesquisa foi estudar o efeito do exercício, sobre a concentração de componentes minerais séricos (Cálcio, Fósforo, Potássio e Sódio) de cavalos atletas, submetidos à prova de Hipismo Clássico, na modalidade salto, sob condições naturais de competição. Foram utilizados 20 eqüinos sadios com idade entre oito e 12 anos, da raça Brasileira de Hipismo (BH), com peso médio de 450 kg, mantidos sob regimes de treinamento para provas de hipismo clássico, em clube eqüestre do Município de Salvador. Os animais eram submetidos a manejos sanitário e nutricional semelhantes, incluindo-se vermifugações periódi-cas e vacinações. A alimentação dos animais constituída por água à vontade, 7,5 kg de feno de capim Coast Cross (Cynodon dactylon), 7,5 kg de capim Elefante (Pennisetum hybridum) e ração comercial, era ofertada em quantidade correspondente entre 1 a 1,5 % do peso vivo, divididas em duas refeições. Os animais encontravam-se a mais de 90 dias sob regime de treinamento físico e técnico para provas de hipismo a qual era constituída por: duas a quatro sessões de trei-namento físico (passo, trote e galope) e em sessões de saltos semanais e descanso semanal. Após o período de padronização, os animais foram submetidos ao exercício que se constituiu de uma prova de Hipismo Clássico na categoria de 1,00 metro de altura. O tempo de aquecimento, o número de obstáculos, bem como o grau de dificuldade foi padronizado e composto por 25 mi-nutos de exercício, sendo 10 minutos ao passo, 10 ao trote, 5 minutos de galope com um total de seis saltos de preparação. A prova foi constituída por dupla passagem em uma pista de nove obstáculos, perfazendo um total de 18 saltos com duração de cerca de três minutos. Por punção da veia jugular externa 5ml de sangue foi colhido dos animais em tubos a vácuo para obtenção do soro, antes e imediatamente após a realização da prova eqüestre. As concentrações séricas de Cálcio, Fósforo, Potássio e Sódio foram determinadas pela utilização de “kits” comerciais, em analisador bioquímico semi-automático (BIOPLUS 2000). Os dados foram submetidos à análise estatística. Os resultados obtidos das concentrações dos eletrólitos séricos antes e após a prova de Hipismo foram, respectivamente: Cálcio (10,28 ± 1,54 e 9,63 ± 1,37 mg/dL); Fósforo (3,05 ± 0,7 e 5,98 ± 0,6 mg/dL); Potássio (3,10 ± 1,20 e 4,9 ± 1,6 mEq/L); Sódio 149,60 ± 9,34 e 128,32 ± 6,72 mEq/l). Houve diferença estatisticamente significativa (P<0,05) nos tempos ava-liados para o Fósforo e o Sódio. O fósforo representa um fator fundamental no metabolismo energético da célula e assim ocorre rápida translocação entre o fósforo intracelular e o sérico, alterando a concentração após a realização do exercício. Esta dinâmica possivelmente ocorre pelo aumento do metabolismo energético e a necessidade desse mineral para o fornecimento de energia durante o esforço muscular. A diminuição do Sódio pode ser observado em cavalos atletas durante o exercício devido a perda deste eletrólito pela sudorese, pois o suor dessas espé-cie apresenta considerável quantidade tanto de sódio, como de potássio e cloro. O exercício em cavalos atletas, submetidos à prova de Hipismo Clássico apresentou efeito sobre os eletrólitos sérico Fósforo e Sódio.

P A L A V R A S - C H A V E cavalo atleta, fisiologia do exercício, minerais, bioquímica

¹ Bolsistas de Iniciação Científica – EMVZ – UFBA.

² Professores do Depto de Anatomia, Patologia e Clínicas – EMVZ-UFBA.

e-mail para correspondência: ([email protected];

[email protected])

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 78 - setembro/dezembro, 2014

Infecção por Strongyloides westeri em éguas receptoras e potros mangalarga marchador provenientes de dois haras de Cabaceiras do Paraguaçu, Bahia, BrasilJose P. OLIVEIRA-FILHO¹*; Natalia M. DIAS²;Roberto C. GONÇALVES¹; Rogério M. AMORIM¹; Simone B. CHIACCHIO¹, Danilo Giorgi A. ANDRADE²; Paula C. D. PIRES²; Alexandre S. BORGES¹

O cloridrato de zilpaterol é um agonista β-adrenérgico utilizado para melhorar a eficiência

alimentar de ruminantes e a performance atlética de equinos. Os agonistas β-adrenérgicos são amplamente utilizados, pelo seu efeito broncodilatador, no tratamento de algumas doenças inflamatórias das vias aéreas. Em equinos, a ingestão de 0,17mg/kg de zilpaterol é suficiente para induzir em poucos minutossudorese, taquicardia e tremores musculares.Entrentanto, a intoxicação ocasionada por agonistas β-2 adrenérgicos, utilizados na pecuária ainda é pouco relatada nesta espécie. Descreve-se um caso de um equino, fêmea, Quarto de Milha, com 10 anos de idade e 350 kg de PV atendido no serviço de Clínica de Grandes Animais da FMVZ, Unesp, Botucatu com sinais clínicos caracterizados por:agitação, sudorese profusa, taquicardia (120 bpm), mucosas congestas, fasciculações musculares (principalmente do grupo muscular dos membros pélvicos), hipermotilidade intestinal, mas sem alterações no exame de palpação retal. Inicialmente suspeitou-se de um quadro de desconforto abdominal e o animal foi me-dicado comBuscopan® composto e submetido à lavagem gástrica. Entretanto, a investigação clínica evidenciou que o animal teve acesso acidental a um núcleo mineral destinado a bovinos (Zilmax® - Cia do Sal) que continha em sua formulação 264 ppm de cloridrato de zilpaterol. Suspeita-se que foram consumidos cerca de 30g de sal, suficientes para promover os sinais clínicos descritos anteriormente e, compatíveis com intoxicação β-2 adrenérgica. As principais alterações evidenciadas nos exames complementares (hemograma, hemogasometria,bioquí-mica sérica [uréia, creatinina, AST, FA, GGT, globulinas, albumina e bilirrubinas], análise do líquido peritoneal e coproparasitológico [OPG e Faust]) foram o aumento na contagem de segmentados (7,1 x 10³/µL) e acidose metabólica (pH, 7,240; bicarbonato, 12,8 mmol/L; BE, -14,5mmol/L; K+, 1,83 mmol/L). Intituiu-secomo terapia a fluidoterapia (20L de solução de Ringer® com lactato, 1.250 mL de bicarbonato de sódio e 124mEq de potássio), ceftiofur (4,4 mg/kg, SID, por 4 dias), flunixim meglumine (1,1 mg/kg, SID, por3 dias) e omeprazol (4,0 mg/kg, SID, por 4 dias). Após a realização do tratamento o animal ainda apresentava taquicardia (80 bpm) e fasciculações musculares, porém em menor frequência e ahemogasometriarevelou pH 7,270, bicarbonato = 19,4 mmol/L e BE = -7,0 mmol/L. O animal foi internado e subme-tido à fluidoterapia contínua com 20 litros de solução de Ringer®simples. No dia seguinte, a égua não apresentava nenhuma sintomatologia clínica e o terceiro exame hemogasométrico constatou valores normais. O animal ficou em observação durante dois dias e não apresentou nenhuma sintomatologia clínica. Conclui-se que o animal sofreu uma provável intoxicação pelo zilpaterol, presente no núcleomineral. O tratamento contra os efeitos diretos do zilpaterol seria o uso de cloridrato de propranolol na dose 0,3mg/kg a cada 8 horas até a remissão dos sinais clínicos, associado à correção hidroeletrolítica e do equilíbrio ácido básico, entretanto, neste caso, apenas com as reposições hidroeletrolíticas os sinais clínicos foram debelados. Este relato ressalta à importância clínica do uso inadequado de substâncias espécie-específicas, mes-mo que acidentamente.

P A L A V R A S - C H A V E equino, zilpaterol, β-adrenérgico, intoxicação.

¹ Docentes da FMVZ/UNESP, Botucatu - SP – Brasil

² Residentes da Clínica de Grandes Animais da FMVZ/UNESP, Botucatu - SP – Brasil

*Autor para correspondência: [email protected]

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Jejunocecostomia em equino: relato de casoM.B. PASSOS¹; L.R. ANDRADE¹; J.V.F. SALES¹; C.J.T. FÁTIMA; N.F.O OLIVEIRA; C.H.C. SAQUETTI²

Os distúrbios gastrointestinais constituem um dos principais receios de quem lida com

equinos. Apesar dos avanços científicos quanto à nutrição e saúde animal, esta enfermidade ain-da se destaca como causa de óbito nos equinos. Assim sendo, é responsável por perdas econômi-cas significativas em decorrências de gastos com tratamento e serviços profissionais, tempo de afastamento do animal das atividades normais e óbito. As alterações decorrentes do intestino delgado podem ocorrer devido a lesões estrangulantes como o encarceramento através de fen-das no mesentério ou forame epiplóico, tornando-se uma emergência cirúrgica. Um equino macho, 10 anos, PSI, com histórico de desconforto abdominal agudo, foi encaminhado ao HV de Grandes Animais da Universidade de Brasília. Por sondagem nasogástrica removeu-se refluxo enterogástrico de odor fétido e coloração verde-escura. Pelo exame transretal consta-tou-se distensão de alças intestinais e à avaliação do fluido peritoneal revelou aspecto turvo e coloração sanguinolenta. Com base nos achados de exames clínico e complementares optou-se pela celiotomia exploratória, diagnosticando-se encarceramento de íleo no forame epiplóico e torção do jejuno na raiz do mesentério, estando este segmento de intestino com intensa altera-ção vascular. A opção de técnica cirúrgica foi pela jejunocecostomia. No dia seguinte à cirurgia, o animal apresentou um quadro grave de sepse, e apesar do tratamento o animal foi a óbito. Durante a necropsia constatou-se pontos de necrose na região próxima ao sítio anastomótico, sendo interpretado como a provável causa que possibilitou o extravasamento de conteúdo para a cavidade abdominal, culminando com peritonite séptica difusa que evoluiu para sepse.

P A L A V R A S - C H A V E Equino, cólica, jejunocecostomia.

1 Residente no Hospital Escola de Grandes Animais da Universidade de Brasília ([email protected])

² Medico Veterinário Doutor da Policia Militar do Distrito Federal e Universidade de Brasília

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Lavado peritoneal como adjuvante à terapia da peritonite em equinosN.F.O. OLIVEIRA¹; J.V.F. SALES ¹; C.J.T. TRINDADE ¹; M.B. PASSOS ¹; V.D. MELOTTI¹; C.H.C. SAQUETTI²

A peritonite (inflamação do peritônio visceral e/ou parietal) pode ocorrer em resposta a

diversos estímulos, sejam eles infecciosos ou não infecciosos (traumas, agentes químicos e neo-plasias). Independente da causa, a peritonite leva a alterações no exame do líquido peritoneal e no hemograma. A taxa de mortalidade em equinos com peritonite varia de 30 a 67%. Foram tratados no Hospital Veterinário de Grandes Animais três equinos apresentando peritonite bacteriana moderada por causas diversas, sendo um dos casos devido a evisceração, outro caso devido a uma alteração na permeabilidade intestinal ocasionada por uma torção incompleta de raiz do mesentério e o último caso devido a contaminação no transoperatório. Foi realizado o lavado peritoneal durante 3 dias consecutivos nos dois primeiros casos e 5 dias no terceiro caso. Para a realização dos lavados os animais foram submetidos à laparotomia em posição quadru-pedal pelo flanco esquerdo para a colocação do cateter de Foley nº24 paralelo à incisão e, uma sonda traqueal nº6 foi colocada paralelo a linha média ventral no antímero esquerdo, através de uma incisão de 1,5 cm, sendo alocada por trás do baço. Dos 33 cm de extensão da sonda traqueal, 23 cm foram introduzidos na cavidade. Ambas as sondas foram fixadas na pele com fio polipropileno nº1. Para a realização do lavado peritoneal foi utilizado 30 litros de solução ringer com lactato por dia, sendo infundidos 10 litros da solução por vez. Após a infusão dos 10 litros os animais foram puxados ao passo para a movimentação e homogeinização da solu-ção infundida com o liquido peritoneal, a fim de melhorar a eficácia do lavado, e o líquido era drenado pela sonda traqueal. Após o último drenado, infundiu-se metronidazol injetável (20 mg/kg) e heparina sódica (60 UI/kg) no interior na cavidade abdominal. Como adjuvante ao lavado, os animais receberam Ceftiofur sódico (4,4 mg/kg), uma vez ao dia, durante sete dias, Gentamicina (6,6 mg/kg), uma vez ao dia durante sete dias, heparina sódica (60 UI/kg), três vezes ao dia, durante três dias, flunixin meglumina (1,1 mg/kg) uma vez ao dia, durante quatro dias e dipirona sódica (20 mg/kg), duas vezes ao dia, durante 4 dias. Durante todo o tratamento foram realizados hemogramas e bioquímicos seriados para avaliação da resposta do animal além de sua função renal e hepática, e contagem de proteína plasmática total. Nos três animais observou-se inicialmente uma leucopenia por neutropenia seguido por leucocitose por neu-trofilia. A contagem de proteínas plasmáticas totais foi progressivamente caindo, de modo que este foi um dos fatores para decisão de retirada das sondas de lavagem. Dois dos três animais apresentaram edema ventral e de prepúcio, sugerindo uma grande perda de proteínas através do lavado, que foi confirmado pelo proteinograma. O líquido peritoneal dos animais estava inicialmente turvo, indicando um aumento de celularidade, incluindo aumento de proteínas, com viscosidade aumentada e presença de fibrina. Também possuíam um odor fétido. Com o decorrer do tratamento, o líquido se tornou mais claro, fluido e com coloração amarelo-palha. Porque o líquido peritoneal é um filtrado do sangue do animal a decisão da instituição do la-vado deve ser cautelosa, tendo em vista a agressividade da terapia devido aos seus efeitos colate-rais, como perda de eletrólitos e proteínas. A decisão é tomada através de uma junção de fatores como exame clínico do animal e análise do líquido peritoneal. A escolha da sonda traqueal nº6 e da alocação desta atrás do baço foi tomada na tentativa de diminuir as chances de oclusão da sonda pelo omento. A leucopenia por neutropenia inicial mostrou um recrutamento da pri-meira linha de defesa para a cavidade peritoneal, já a leucocitose mais tardia demonstrou uma resposta do organismo à injuria. Os animais passaram a não mais apresentar sinais clínicos de peritonite (febre, dor abdominal, apatia, desidratação) e em conjunto com a melhora dos exa-mes do liquido peritoneal e laboratoriais obtevese o sucesso da terapia instituída.

P A L A V R A S - C H A V E equino, lavado, peritônio, peritonite

1 Residente no Hospital Escola de Grandes Animais da Universidade de Brasília ([email protected])

2 Médico Veterinário Doutor da Polícia Militar do Distrito Federal e Universidade de Brasília

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 81 - setembro/dezembro, 2014

Levantamento de afecções dentárias em equinos da raça crioula mantidos em sistema de criação extensivoCláudia Acosta DUARTE¹*, Carla Teixeira LEITE², Bruna Karollini ROSA³, Hirya Fernandes PINTO³, Igor Soares LEONI³, Marcelo PORCIUNCULA³

A raça Crioula, atualmente, está sendo direcionada para provas equestres de alta perfor-

mance, o que exige mudança nas suas condições de criação. Contudo, estudos a respeito da odontologia equina nesta raça são escassos nos diferentes sistemas de manejo. Dessa forma, o presente estudo teve por finalidade identificar e quantificar as afecções odontológicas em equinos da raça Crioula criados exclusivamente em regime extensivo. Avaliou-se 254 cavalos Crioulos, machos e fêmeas não prenhes, com idades superiores a dois anos, mantidos exclusiva-mente em campo nativo com predomínio de Eragrostis plana (Capim Annoni) no município de Uruguaiana/RS. Os animais foram divididos em dois grupos de acordo com a categoria etária: ≤5 anos (G1) e >5 anos (G2). O diagnóstico das afeções dentárias baseou-se na anamnese, inspeção e palpação da face e cavidade oral, além de exame específico. Observou-se que 25,0% dos animais do G1 e 30,0% dos animais do G2 apresentaram dois ou mais distúrbios de incisi-vos, 62,5% do G1 e 48,6% do G2 demonstraram um ou mais achados nos dentes caninos; 44,2% dos animais do G1 e 38,7% do G2 tiveram três ou mais achados nos 2o, 3o e 4o pré-molares e molares. A principal afecção que acometeu os incisivos foi curvatura irregular, em 47,1% dos animais com idade ≤5 anos e, 46,7% daqueles >5 anos. Em relação aos caninos, o cálculo dentá-rio ocorreu em 9,4% dos equinos do G1 e em 35,7% dos animais do G2. A alteração de maior ocorrência nos 2o, 3o e 4o pré-molares e molares foi ponta excessiva de esmalte em 95,2% dos animais com idade ≤5 anos. Contudo, naqueles >5 anos, cálculo dentário foi observado em 88,7%. Apesar de todos os cavalos estudados serem criados extensivamente, as alterações dentá-rias foram muito frequentes na raça Crioula, sob estas condições de manejo.

P A L A V R A S - C H A V E Afecções odontológicas, cavalos, raça Crioula

1 Professora adjunta – UNIPAMPA – Uruguaiana, RS*[email protected]

²Aluna de pós-graduação – UNIPAMPA – Uruguaiana, RS

³Aluno(a) de graduação – UNIPAMPA – Uruguaiana, RS

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 82 - setembro/dezembro, 2014

Linfangite ulcerativa com comprometimento tendíneo em equinos: relato de casoIsadora Macedo BARBON¹, Cinthia Cristina JARDIM¹, Bárbara Luis de SANTANA¹, Lindiane Henriques de SOUZA¹

A linfangite é uma forma severa de celulite, onde a inflamação acomete progressivamente

os vasos linfáticos dos membros, geralmente decorrente da ação de microganismos. A pato-gênese é pouco entendida. As infecções dos vasos linfáticos dos membros, consideradas de etiopatogenia primária, são a linfangite ulcerativa e a linfangite epizoótica. No entanto, o que mais comumente pode ser observado é a linfangite aguda simples, secundária à contaminação de lesões cutâneas por bactérias e fungos como,C. pseudotuberculosis, com Staphylococcus, Strep-tococcus, Rhodococcus equi, Pasteurella haemolytica e Fusobacterium Necrophorum. As complicações das linfangites apresentam um quadro clínico praticamente direcionado ao local do compro-metimento, porém dependendo da etiologia, patogenicidade do agente etiológico e resistência do paciente, sinais clínicos de ordem sistêmica podem ser observados, incluído desidratação, septicemia e insuficiência renal aguda. O presente trabalho relata um caso de linfangite ulce-rativa aguda, com comprometimento tendíneo no membro posterior direito de um equino da raça Puro Sangue Inglês (PSI), fêmea de 6 anos de idade. O animal foi encaminhado ao Hospi-tal Veterinário Octávio Dupont do Jockey Club Brasileiro, apresentando escoriações e edema generalizado no membro afetado, febre (39,0°C), taquicardia (56 bpm) e taquipnéia (32 mpm). Após a tricotomia do local, a pele se rompeu abrindo uma ferida de grande extensão. Após alguns dias de tratamento os tendões flexores superficial e profundo ficaram expostos na face lateral do membro, terço médio do metacarpo e a ferida aumentou de tamanho, tanto medial-mente quanto lateralmente. Os exames laboratoriais iniciais indicaram uma leucocitose com desvio para esquerda. Com o decorrer do tratamento os exames apresentaram uma melhora, voltando aos padrões de normalidade. O protocolo inicial utilizado para o tratamento de lin-fangite foram: Oxitetraciclina (20mg/kg 24/24h, EV 20 ml diluídos em 1L de Ringer Simples – 20 dias), Flunixina Meglumina (1,0mg/kg 24/24h, EV – 5 dias), Diuzon® (Triclormetiazida 1,0g + Dexametasona 0,05g 2 frascos IM – 1 dia), Dimetilsulfóxido (DMSO) (1g sol. 10% em glicose 5%, 24/24h, EV – 5 dias) e Agrosil® (Benzilpenicilina procaína+ Benzilpenicilina potássica + Benzilpenicilina benzatina 2.000.000 UI 24/24h IM 2 frascos, 5 dias), na intenção de reduzir o edema, infecção, inflamação e aumentar a perfusão tecidual. A partir da segunda semana de tratamento foram introduzidos, a Gentamicina (6,8mg/kg 24/24h, EV – 12 dias), Fenilbutazona (5mg/kg 24/24h, EV – 6 dias) e Omeprazol (2mg/kg 24/24h VO – 16 dias). O curativo na primei-ra semana foi feito com ducha de 20 minutos no local, compressa com água morna e perman-ganato de potássio, limpeza da ferida com PVPI degermante e solução fisiológica, rifocina na ferida e solução concentrada de barbatimão, realizou-se massagem com Riocim® (Nitrofural 2mg), DMSO no membro e envolveu-o com filme de pvc (somente 3 dias), o membro foi ligado com algodão e ataduras de crepom Cremer®,do casco até o jarrete afim de diminuir o edema. Em 28 dias desde o início do tratamento, as feridas reduziram substancialmente de tamanho, houve perda parcial das fibras tendíneas por necrose na face lateral e na fase final os tendões foram encobertos por tecido de granulação sem alterações na locomoção do animal, sendo que o mesmo voltou a rotina normal dos treinos logo após a alta do Hospital Veterinário. Esse foi um caso típico de linfangite aguda, em que o edema se manifesta principalmente unilateral, no membro afetado. De acordo com a literatura, as lesões são mais frequentemente encontradas nos membros posteriores, raramente acima do jarrete, o que corrobora com o relato de caso citado. Sinais sistêmicos foram observados nos primeiros dias de tratamento. Autores relatam que a ocorrência desses sinais acontece devido ao quadro de síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SRIS) secundária à infecção generalizada do tecido cutâneo. Podemos concluir que o tratamento iniciado precocemente nos casos de linfangite, é essencial para um prognóstico fa-vorável e boa recuperação do animal, que apesar de responder bem ao protocolo básico requer bastante atenção e tratamento intensivo.

P A L A V R A S - C H A V E Cavalos, Sistema Linfático, Jockey Club Brasileiro.

1 Jockey Club Brasileiro, Rio De Janeiro-Rj Brasil.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 83 - setembro/dezembro, 2014

Linfopenia é observada em cavalos marchadores após o teste de simulação de marchaHelio Cordeiro MANSO FILHO¹, Lúcia Maia Cavalcanti FERREIRA¹, Stephânia Katurchi Melo MENDES¹ , Bruno de Lima BARBOSA1,2, João Gustavo Souza Sales de ALBUQUERQUE¹, Helena Emília Cavalcanti da Costa Cordeiro MANSO²

Em diferentes modalidades equestres observa-se que, após exercícios prolongados, pode ocorrer redução de alguns tipo de células brancas, principalmente os linfócitos. A marcha é exercício de média intensidade e de média a longa duração, entretanto não há detalhes de como essas células reagem ao exercício. Esse trabalho objetivou determinar as concentrações de ([LEUC]) e linfócitos ([LINF]) no sangue de cavalos marchadores durante e após teste de simulação de marcha e teve aprovação pela Comissão de Ética para Uso dos Animais através da CEUA-UFRPE N°026/2013. Foram utilizados 12 equinos da raça Mangalarga Machador, adultos, de ambos os sexos, que treinavam regularmente três vezes por semana (~50 minutos@marcha) e estavam em regime intensivo de criação.O teste de simulação de marcha (TSM) consistia em: 10 minutos de aquecimento ao passo, 30 minutos à marcha e 15 minutos de re-cuperação ao passo. Após o teste os animais permaneceram nos boxes com livre acesso à água e a forragens. As amostras de sangue foram colhidas nas seguintes ocasiões: pré-teste com os animais em jejum de 12 horas (T1), após a fase de marcha (T2), após a fase de 15 minutos recu-peração (T3) e após 4 horas de finalizado a fase de marcha (T4). Essas amostras foram analisadas em equipamento semiautomático (Poch-100iV diff), Roche®) e os resultados foram analisados pelos ANOVA, com medidas repetidas e um fator, e pelo teste de Tukey, em ambos os casos com P estabelecido em 5%. O teste de simulação de marcha provocou elevação na [LEUC] (P<0,05), que foi acompanhada de uma redução na [LINF] (P<0,05) ao final das quatro horas após o TSM. A [LEUC] modificou-se de ~10.342/mm3 no jejum (T1), para 12.842/mm3 imediatamen-te após a fase de marcha (T2), chagando até 15.092/mm3 após as 4 horas de finalizado o TSM (T4). Já os linfócitos, no jejum (T1) eram 5.075/mm3, passando para 7.192/mm3 ao final da fase de marcha (T2), e reduzindo-se para 3.400/mm3 no final das quatro horas após o TSM (T4). Na amostra T1 com os animais em jejum a [LINF] representava ~49% da [LEUC] já no T4 a [LINF] só representava ~22% da [LEUC], demostrando claramente que a linfopenia pós-exercícios, tão comum nas diferentes modalidades esportivas equinas de longa duração, também ocorre em cavalo marchadores após exercício de marcha. Concluiu-se que o TSM é capaz de provocar ele-vação de ~50%na [LEUC] acompanhada de redução de ~33% na [LINF] quando as amostras de sangue são analisadas após quatro horas do exercício. Essas informações são importantes para o melhor entendimento das adaptações que os cavalos marchadores sofrem após os exercício e podem contribuir para o desenvolvimento de programas de treinamento e competições que tenham como objetivo o bem estar desses animais atletas.

P A L A V R A S - C H A V E equinos, linfócitos, marcha picada, marcha batida.

A G R A D E C I M E N T O S Ajinomoto do Brasil, Guabi Nutrição Animal, e CAPES

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 84 - setembro/dezembro, 2014

Malformações ortopédicas congênitas em pôneiFIRMINO, P.R.¹; SOARES, G.S.L.¹; ALCOFORADO, A.S.¹; SILVA, N.S.¹; MIRANDA NETO, E.G.¹; ASSIS, D.M.¹

Potros recém-nascidos podem ser afetados por Doenças Ortopédicas do Desenvolvimen-to (DOD) de origem congênita, entre as principais se destacam as deformidades angulares e flexurais dos membros, as primeiras estão relacionadas a desequilíbrio no crescimento longitu-dinal dos ossos longos resultando em animais do tipo varus ou valgos, já as segundas ocorrem devido a um encurtamento ou flacidez das unidades musculotendinosas causando hiperflexão ou hiperextensão das articulações envolvidas. Etiologias de origem genética, nutricional, hor-monal, posicionamento intrauterino e teratogênicas são atribuídas a essas malformações sendo que, na maioria dos casos ocorre a interação entre alguns fatores para que a enfermidade se apresente. O tratamento conservador é priorizado nos casos leves a moderados, já correções cirúrgicas, apesar de questionadas, são destinadas a casos graves ou àqueles que não respon-deram ao conservador. Foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Campina Grande-Campus Patos-PB, um pônei, macho, com seis dias de vida, pesando 13 kg, com o histórico de que tinha nascido com as patas curvadas e que se locomovia com o apoio sobre as superfícies laterais dos membros posteriores. À inspeção, observou-se que o animal apoiava o peso sobre a superfície lateral da quartela e do boleto de ambos os membros posterio-res, demostrando uma grave deformidade angular do tipo varus metacárpico, defeito esse que provocou lesão traumática no aspecto lateral do boleto posterior direito. Observou-se ainda a presença de um forte achinelamento dos membros anteriores, que induzia o animal a andar sobre os bulbos dos talões. Na palpação dos quatro membros foi percebida a presença de uma acentuada lassidão dos tendões flexores digitais superficial e profundo em todos os membros, além de uma flacidez dos ligamentos colaterais laterais das articulações metacarpofalangeana e interfalangeanaproximal dos membros pélvicos. Como outras malformações o animal apre-sentava prognatismo e tamanho desproporcional de crânio em relação ao resto do corpo. O animal foi submetido a exame de raio-x em todos os membros, confirmando o desvio angular dos membros posteriores. Apesar de todas as malformações o animal tinha suas funções vitais como alimentação, micção e defecação preservadas. Como tratamento o animal foi submetido a imobilização com talas de PVC e bandagens acolchoadas nos quatro membros. Uma tala foi utilizada em cada superfície palmar da região metacárpica e digital dos membros anteriores, e duas em cada membro posterior, uma plantar e outra lateral, na tentativa de forçar o apoio dos-cascos, que foram deixados expostos nas bandagens. O animal era estimulado a fazer pequenas caminhadas diariamente e as bandagens eram trocadas a cada 7 dias. O animal recebeu 5 apli-cações preventivas de penicilina (20.000 UI/kg IM 48/48h) e uma suplementação diária de 5 ml de cálcio oral. Após3 meses de tratamento o quadro do paciente estava inalterado e mantinha os mesmos defeitos e dificuldades locomotoras, porém o proprietário decidiu por prolongar o tratamento indefinidamente com bandagens e talas.Com 140 dias de tratamento o animal foi encontrado na sua baia em óbito.Na necropsia foi revelada uma obstrução esofágica por um pequeno bolo de capim, além de uma recente pneumonia por aspiração. A resposta ao trata-mento não foi satisfatória, provavelmente devido ao conjunto de malformações locomotoras e da gravidade apresentada pelas mesmas. O uso de talas e bandagens, apesar de questionado, fez necessário pra evitar lesões nos membros devido ao apoio incorreto dos membros, como indicam alguns autores. O desvio angular dos membros e flacidez de tendões e ligamentos em neonatos são relatadas como de resolução espontânea ou com terapia clínica em quadros leves. Porém, quando a enfermidade se apresenta grave, como no presente caso,as terapias clínicas têm pouco valor terapêutico, sendo as técnicas cirúrgicas de eficácia questionada.

P A L A V R A S - C H A V E deformidade, tendões, flacidez, pônei.

¹ Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Patos – PB.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 85 - setembro/dezembro, 2014

Métodos para determinação da concentração de hemácias no lavado broncoalveolar de equinosJanaina Socolovski BIAVA1, Roberto Calderon GONÇALVES2, Evandro Maia FERREIRA¹

A Hemorragia pulmonar induzida pelo exercício (EIPH) é uma síndrome de alta ocorrên-cia nos equinos atletas, sendo o lavado broncoalveolar (BAL), com auxílio de endoscopia, um instrumento importante na avaliação das vias aéreas posteriores, permitindo seu diagnóstico mais preciso. Alguns cavalos tem evidência de hemorragia no pulmão, mas não apresentam sangue visível na traqueia, podendo apresentar resultados falso-negativos. A contagem de célu-las vermelhas no BAL faz com que aumentem as chances de diagnóstico nas EIPH subclínicas. O objetivo do estudo foi avaliar o efeito do método de análise de células vermelhas obtidas em diferentes diluições, bem como avaliar a correlação entre a concentração de células vermelhas determinadas pelo método pelo aparelho CELL-DYN 3700 e a câmara de Neubauer. Foram realizados lavados broncoalveolares em 10 cavalos Standardbred sem histórico de EIPH. Os animais foram sedados com 1 mg/kg PV de xilazina. Em cada 10 ml de BAL foram misturadas quantidades diferentes de sangue, colhido por venopunção jugular, do mesmo animal, e criadas amostras com diferentes diluições, para que resultassem em concentrações conhecidas:1 μL, 1,5 μL, 2,5 μL, 3,5 μL e 5 μL de sangue. A contagem de células vermelhas foi realizada automatica-mente pelo aparelho CELL-DYN 3700 (Abbott Laboratories, Aboott Park, IL) e manualmente, pela câmara de Neubauer. Os dados foram analisados utilizando o PROC MIXED do pacote estatístico SAS (2002). As médias de cada tratamento foram obtidas utilizando o comando LSMEANS. O efeito do método de contagem de células vermelhas nas diferentes diluições foi definido pelo teste F de análise de variância. Realizou-se o teste de correlação entre a concentra-ção de células vermelhas, obtida pelo método automatizado e o utilizando-se o PROC CORR (SAS, 2012). Os efeitos foram declarados significativos quando P<0,05. Nas diluições de 1 μL e 1,5 μL não houve efeito do método de análise sobre a concentração de células vermelhas. No entanto, nas diluições de 2,5 a 5 μL, a concentração de células vermelhas foi superior (P<0,05) quando determinada utilizando o aparelho CELL-DYN 3700, em comparação à contagem na câmara de Neubauer. As contagens médias observadas para as concentrações de 1 μL, 1,5 μL, 2,5 μL, 3,5 μL e 5 μL no aparelho CELL-DYN 3700 foram 1625, 3100, 5400, 7300 e 9700 cells/μL, respectivamente. Quando utilizou-se a câmara de Neubauer as médias observadas para as diluições 1 μL, 1,5 μL, 2,5 μL, 3,5 μL e 5 μL foram 1259, 2155, 3613, 5911 e 7958 cells/μL, res-pectivamente. Houve correlação positiva entre a contagem de células vermelhas determinadas utilizando o aparelho CELL-DYN 3700 e a câmara de Neubauer no BAL (r=0,88; P<0,0001). Como conclusão, o método automático superestimou a contagem de células vermelhas no BAL a partir da diluição 2,5 μL. Portanto, a utilização deste aparelho para a determinação de células vermelhas no BAL não é indicada, uma vez que pode aumentar o número de animais falso-positivos para EIPH.

P A L A V R A S - C H A V E cavalos, células vermelhas, EIPH e aparelho respiratório

¹ Docente Departamento Zootecnia da Universidade Estadual de Ponta Grossa/PR. ² Docente do Departamento Medicina Veterinária da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Botucatu/SP.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 86 - setembro/dezembro, 2014

Mioglobinúria paralítica e insuficiência renal aguda (IRA) em equino: Relato de CasoARRIVABENE, M¹.; CAVALCANTE, T. V¹.; DIAS, F. E. F.²; COSTA, T. N.³; NEVES, C.A4.; SILVA. A. C. A4

A mioglobinúria paralitica também pode ser chamada de azotúria, paralisia, miosite e mal da segunda-feira. É uma patologia que afeta as fibras musculares do tipo II, que são fibras de contração rápida com baixa capacidade oxidativa, alta capacidade anaeróbica e capilaridade reduzida, resultando na perda da condição atlética. No exercício intenso, o músculo trabalha em anaerobiose, produzindo ácido lático, destruindo a miofibrilas e liberando mioglobina., esta atinge corrente sanguínea, passa pelos rins levando a azotúria ou azotemia, causando insu-ficiência renal aguda (IRA) pode ser definida como declínio abrupto e sustentado da filtração glomerular. Os animais apresentam intensa sudorese e FC e FR aumentadas; a temperatura retal pode atingir até 40,5 °C. A urina apresenta coloração “avermelhada”, “marrom” ou até mes-mo “enegrecida”, dependendo do grau de severidade das lesões musculares e da mioglobina eli-minada pelos rins, dando aspecto de “cor de café” à urina. A sequela mais grave da liberação de mioglobina pelos músculos são as lesões provocadas nas estruturas tubulares dos rins durante a filtração, causando nefrose que pode levar o animal à morte por insuficiência renal. A enfer-midade deve ser diferenciada das demais que produzem aspectos clínicos semelhantes, como a laminite, pleurites, cólica, intoxicação por Casia ocidentalis, babesiose. O objetivo desse traba-lho é relatar um caso de mioglobinuria paralitica de um equino. Foi atendido no Rancho SM, Teresina - PI, um equino, macho, 07 anos da raça Quarto de Milha, 413 kg. Segundo o relato do proprietário o animal apresentou cólica, tratado com fluido 12 L, glicose, sorbitol e flunixim meglunime, não urinava, administraram 10ml furosemida, urina turvo e avermelhado,o mes-mo foi levado para competição e apresentou posteriormente edema generalizado. Ao exame clinico o animal apresentava edema generalizado, sensibilidade muscular, região lombar, urina enegrecida, parâmetros fisiológicos dentro da normalidade. Os exames laboratoriais revelaram Linfócitos 6.200mm3, Hematocrito 30,1%, Hemoglobina 10,5g/dL, Plaquetas 216x10³/uL, PPT 3,6g/dL, Creatinina 1,24 mg/dL, Uréia 75,0 mg/dL. Com o hemograma, bioquímico e através dos sinais clínicos, conclui-se que o animal apresentava lesão muscular caracterizando a mio-globinúria paralitica e presença de lesão renal. Foi realizado tratamento à base de: Ampicilina sódica 2,0 g, 6mg/kg, via intramuscular profunda, 24/24 horas, por 7 dias; Vitamina E e selênio 20g/dia/VO; Dexametazona + Triclorometiazida 10mL IM, 24/24 horas, 3 aplicações; Dimetil-sulfóxido injetável 60 mL diluídos em 1 litro de solução de glicose 5%, via endovenosa lenta, 24/24 horas, 5 aplicações; duchas de água fria e infra vermelho por 10 minutos em cada região edemaciada; antinflamatório tópico, uma vez ao dia sobre as áreas edemaciadas. Gluconato de cálcio 50 mL diluídos em 1 litro de solução fisiológica, via endovenosa lenta. Fluidoterapia à base de Solução de Sódio 0,9% diariamente; enrofloxacino 2,5mg/kg, via endovenosa, 72/72 ho-ras, três aplicações e repouso absoluto. O animal teve uma ótima recuperação. Conforme litera-tura quanto mais rápido o atendimento e diagnóstico maior chance de sucesso no tratamento, no caso relatado podemos apontar a rapidez do diagnóstico e inicio do tratamento como fator determinante para seu sucesso do tratamento.

P A L A V R A S - C H A V E equino, mioglobinúria, renal

1 Departamento de Clinica e Cirurgia Veterinária – Centro de Ciências Agrárias (CCA) – Universidade Federal do Piauí (UFPI);2 Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia -Universidade Federal do Tocantins;3 Médica Veterinária Liberal, 4 Graduanda Curso de Medicina Veterinária/CCA/UFPI

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Mionecrose traumática em equino: Relato de CasoJéssica de Torres BANDEIRA¹; Renato Souto Maior Muniz de MORAIS²; Sílvio Romero MARQUES²; Fernando Leandro dos SANTOS³

Mionecrose em equídeos é uma achado comumente relacionado a deficiência mineral,

como o selênio, ou clostridioses, sendo raros os relatos dessa patologia relacionada a traumas. Objetivou-se relatar um caso de mionecrose flegmonosa em uma égua. Um equino, fêmea, 4 anos, Quarto de Milha, alazã, e prenha, apresentou incoordenação motora, desequilíbrio, difi-culdade de locomoção e dor exacerbada na região cervical, logo após ter sido transportada até o seu local de destino. Efetuaram-se tratamento com corticoide, antibiótico, analgésico e cocci-diostático. Realizaram-se hemograma e bioquímica sérica, constatando alteração apenas na taxa de aspartato aminotransferase (AST). Sem obter resultado com os tratamentos prévios, suspei-tou-se de trauma na região cervical, podendo estar exercendo compressão na medula espinhal. O tempo de evolução clínica até o óbito foi de aproximadamente 40 dias. Procedeu-se o exame necroscópico. Ao exame externo notou-se algumas soluções de continuidade na pele, provavel-mente devido ao decúbito do animal após a morte e sua movimentação para mudança de local a fim de realizar a necropsia. Ao exame interno evidenciou-se edema gelatinoso na região distal do pescoço em sua face lateral esquerda. Observou-se a presença pequena de líquido espumoso na luz da traqueia na sua porção distal. Constatou-se edema e congestão pulmonar bem como, congestão hepática. A fêmea estava gestante no momento da necropsia, sendo retirado um feto de seu útero. Os músculos da região cervical, superfície dorsal, ao longo de toda extensão do pescoço, encontravam-se com necrose flegmonosa. Ao examinar o sistema nervoso, não foram encontradas alterações na medula, entretanto o cérebro estava amolecido. Constatou-se embe-bição hemolítica, hipóstase cadavérica e um pouco de enfisema cadavérico, sem que essas alte-rações cadavéricas prejudicassem as avaliações macroscópicas. Embora a AST não seja a enzima mais adequada para se verificar lesão muscular, pode ser um indicador de necrose muscular, principalmente se associada a creatina quinase (CK). Diante dos achados anatomopatológicos, sugere-se que o óbito tenha ocorrido por choque toxêmico, devido à extensa lesão muscular cervical. Lesão provavelmente causada por trauma. Na literatura encontra-se vastos relatos de mionecrose associada a ação de bactérias do gênero Clostridium, entretanto, nesse caso não realizou-se análise microbiológica por falta de histórico e achados macroscópicos sugestivos.

P A L A V R A S - C H A V E Equino, Mionecrose, Necropsia, Trauma.

¹ Mestranda em Ciência Veterinária pela UFRPE.

² Médico Veterinário autônomo.

³ Prof. Adjunto do curso de Medicina Veterinária da UFRPE.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 88 - setembro/dezembro, 2014

Motilidade de sêmen de garanhões crioulos submetidos à seleção espermática por centrifugação em camada únicaFernanda Carlini Cunha dos SANTOS¹*, Márcio Menezes NUNES2,3, Amauri ANSELMO4, Carlos Eduardo Wayne NOGUEIRA1, José Domingos GUIMARÃES2, Bruna da Rosa CURCIO1

A centrifugação de sêmen visa principalmente o aumento da concentração espermática e

a remoção do plasma seminal, sendo na reprodução equina assistida umprocedimento utiliza-do principalmente durante o congelamento seminal. O processo de centrifugação convencio-nalcausa danos irreversíveis por estresse físico às células espermáticas, sendo a centrifugação com gradiente de concentração em camada únicauma alternativa para evitar estas lesões. Além disto, esta técnica seleciona espermatozoides morfologicamente normais, com alto potencial mitocondrial, com cromatina, membrana plasmática e acrossoma íntegros, sendo característi-cas associadas à maior motilidade espermática e que, consequentemente, podem resultar em um ejaculado de melhor qualidade.O objetivo deste experimento foi avaliar o efeito da seleção espermática por centrifugação emcoloide de camada única sobre a motilidade espermática de garanhões Crioulos. Durante a estação reprodutiva, foram utilizados 10 garanhões da raça Crioula, sendo coletado 1 ejaculado de cada animal (n=10) com auxílio de vagina artificial modelo Hannover e uma égua em estro como manequim. Após a coleta, o gel e impurezas dos ejaculados foram removidos porfiltros descartáveis de celulose e todos foramdiluídos com EquiPlus® para a concentração de 50x106 espermatozoides/mL. Posteriormente, as amostras foram bipartidas e submetidas a dois tratamentos: Centrifugação convencional (600G x 20’) e Centrifugação em gradiente de densidade com camada única (AndrocollEquine®/ 300G x 20’). A motilidade progressiva (%) foi avaliada por análise computadorizada de movimentos espermáticos (CASA - AndroVision®)10 minutos após a diluição com EquiPlus® etambém após a resuspensão do pellet formado na centrifugação. Para a avaliação estatística foi realizada análise descritiva, análise de variância (ANOVA)e comparação entre médias pelo teste de Tukey utilizando o programa Statistix9®(p<0,05). Após a diluição com EquiPlus®,foi constatadaa média de motilidade de 68,6±4,1% e após centrifugação foi de 57,1±4% no T1 e 66,1±3,7% no T2.As amostras centrifugadas com AndrocollEquine® apresentaram um percentual médio de motilidade 15% superior quando comparadas àsda centrifugação convencional. Em conclusão, os ejaculados submetidos à centrifugação em camada única apresentaram percentual de moti-lidade progressiva superior aos submetidos à centrifugação pelo método convencional.

P A L A V R A S - C H A V E neuropatia, hemiplegia, recorrente, eqüino.

1 Professor da Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, Rio Grande do Sul (RS), Brasil. *Correspondência: [email protected]

2 Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Minas Gerais (MG), Brasil.

3Médico Veterinário, Minitub do Brasil Ltda, Porto Alegre, RS, Brasil.

4 Médico Veterinário,Cabanha do Parque, Canela, RS, Brasil.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 89 - setembro/dezembro, 2014

Necrose da cartilagem colateral da falange distal em equino: Relato de CasoThayanne Caroline Pereira MUNHOZ¹; Maria Eduarda Paulino KUHN¹; Jeandra Carla Mattos do Nascimento PINHEIRO¹; Cauê Natam de SOUZA¹; Hugo Shisei TOMA¹; Armando de Mattos CARVALHO¹.

A necrose da cartilagem colateral também denominada “quittor” é decorrente de uma le-

são penetrante na região distal da quartela que resulta na infecção e subsequente necrose da cartilagem colateral, resultando na drenagem de material purulento através de fístulas forma-das na região proximal à banda coronária. Relata-se o atendimento de equino, seis anos, Quarto de Milha, com histórico de lesão há três meses na região medial da quartela do membro toráci-co direito, que evoluiu para drenagem de conteúdo purulento não responsivo a curativos locais e antibióticos. O animal foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Universidade de Cuiabá (UNIC) onde foi realizado exame físico, além de exames complementares, hemograma e radio-grafia. No hemograma notou-se leucocitose, e radiograficamente foi constatada a ossificação da cartilagem colateral da falange distal e irregularidade das margens ósseas com presença de áreas focais de osteólise, indicando osteíte. Sendo assim, optou-se pelo debridamento cirúrgico de toda cartilagem calcificada que se apresentava necrosada na região proximal a banda coronária, após a injeção de solução de azul de metileno na fistula para delimitação do trajeto fistuloso e área acometida pelo processo infeccioso. Foi realizada perfusão regional intravenosa com 1000 mg de amicacina. Também foi realizada antibióticoterapia sistêmica com ceftiofur sódico, 4,4 mg/kg, IM, SID, durante 21 dias, além do uso de fenilbutazona 2,2 mg/kg, IV, BID, durante três dias. O animal permaneceu com bandagem até a completa cicatrização da ferida cirúrgica e do trajeto fistuloso. Outra análise radiográfica foi realizada após sete dias da cirurgia, onde observou a completa remoção da estrutura ossificada acometida. A terapia medicamentosa é irresponsiva, e frequentemente prolonga a decisão pela intervenção cirúrgica. Após a remoção cirúrgica do tecido acometido somada a antibióticoterapia, o prognóstico é favorável, no entan-to requer atenção quanto a não penetração da articulação interfalangeana distal, que poderia resultar na piora do quadro clínico.

P A L A V R A S - C H A V E equino, ossificação, infecção, fístula, cartilagem colateral.

¹ Faculdade de Medicina Veterinária (FMV), Universidade de Cuiabá (UNIC)

Autor para correspondência:[email protected]

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 90 - setembro/dezembro, 2014

Neuropatia recorrente laringeana grau III em equino quarto de milha de vaquejada - Relato de CasoSANTOS JÚNIOR, D. A.¹; ASSIS, D. M.²; MEDEIROS, J. M.²; MIRANDA NETO, E. G.²; ALCOFORADO, A. S.³; SOARES, G. S. L³.

A hemiplegia laringeana é descrita na sua forma clássica como uma doença espontânea

resultante da degeneração primária do nervo laríngeo recorrente. Predominantemente o nervo afetado é o esquerdo, o que resulta em uma atrofia neurogênica dos músculos em cerca de 95% dos casos observados, levando à alterações na movimentação (adução/abdução) da carti-lagem aritenóide, dificultando a passagem do ar que gera um ruído inspiratório característico quando o animal se movimenta. Devido a paralisia do músculo resultar em perda progressiva da mielinização dos axônios no nervo laríngeo recorrente esquerdo, a neuropatia recorrente laringeana é atualmente o termo mais apropriado para essa condição. A neuropatia laringea-na recorrente de grau III se caracteriza por movimento assimétrico da cartilagem aritenóide esquerda/direita durante todas as fases da respiração e abdução completa não é obtida ao esti-mular-se a deglutição ou realizar-se a oclusão nasal. Objetivou-se relatar um caso de um equino que deu entrada no Hospital Veterinário (HV) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campus de Patos-PB, da raça Quarto de Milha, macho, 4,6 anos, pesando 420 Kg. Na anamnese, o proprietário relatou que o animal, quando forçado, “roncava” e quanto mais esforço era demandado, mais “faltava ar”, chegando próximo ao ponto de cair ao chão, também, referiu secreção amarelada nas narinas sendo medicado pelo veterinário do haras, não obtendo melhora. Ao exame clínico em repouso não houve alterações dignas de nota. O paciente foi encaminhado para o setor de diagnóstico por imagem onde foi sedado com cloridrato de de-tomidina na dose de 0,02 mg/Kg IV para realização da endoscopia, sendo diagnosticado com a neuropatia laríngeana recorrente de grau III no antímero esquerdo da cartilagem aritenóide. Foi então encaminhado para correção cirúrgica, único tratamento possível nesses casos. Deve-se fazer o diagnóstico diferencial para condritearitenóide que possui sinais clínicos semelhantes (dispnéia, produção de ruído respiratório e intolerância ao exercício). A técnica utilizada foi a laringoplastia associada à ventrilectomia. No pós-cirúrgico, foi instituída a terapia antimicro-biana: Penicilina benzatina, 20.000 UI/Kg IM, a cada 48 horas, em 3 aplicações; Gentamicina IV, 4mg/Kg, SID, durante 7 dias. Terapia antiinflamatória: Flunixim meglumine IV, 1.1mg/Kg, BID, durante 5 dias. Terapia tópica: limpeza diária com solução fisiológica e gaze e aplicação de Rifamicina spray ®. Foi aconselhado alimentar o animal com comedouro ao nível do solo a fim de facilitar a drenagem natural da ferida operatória, mantendo-o embaiado por 6 semanas e reavaliação endoscópica antes de retornar ao treinamento. Existe consenso entre os clínicos que as neuropatias de grau I e II não interferem com a função atlética, entretanto, as de grau III e IV comprometem a função atlética do cavalo causando diminuição no trânsito de ar pela laringe, produzindo o ruído inspiratório característico e tendo como único tratamento o cirúrgico.

P A L A V R A S - C H A V E neuropatia, hemiplegia, recorrente, eqüino.

¹ Médico Veterinário, Mestrando do Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária (PPGMV) da UFCG, Campus de Patos-PB; e-mail do autor: [email protected]

² Médico Veterinário, Hospital Veterinário UFCG, Campus de Patos-PB;

³ Médico Veterinário, Residente em Clínica e Cirurgia de Grandes Animais da UFCG, Campus de Patos-PB

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 91 - setembro/dezembro, 2014

Ocorrência da placa aural em equinos de diferentes regiões do Brasil: Dados clínicos e epidemiológicosMariana HERMAN¹; Juliana M. HERNÁNDEZ¹; Juliana A. SILVEIRA²; José C.F. PANTOJA³; Alexandre S. BORGES³; Jose P. OLIVEIRA-FILHO³*.

Placa Aural é uma enfermidade infecciosa provocada pelo Equus caballus papillomavirus,

sem predileção de sexo, raça ou idade e caracterizada pela presença de lesões planas, despig-mentadas e/ou puntiformes na fase interna do pavilhão auricular de equinos, que podem ser únicas, múltiplas ou coalescentes. O objetivo deste estudo foi verificar a prevalência da placa aural em equinos de diferentes regiões do Brasil (Sudeste, Centro-Oeste e Sul), além de avaliar clinicamente as lesões. Foram avaliados 337 equinos, provenientes de 17 propriedades locali-zadas nos municípios de Itapetininga/SP, Uberaba/MG, Goiânia/GO, Indiara/GO, Jandaia/GO, Castro/PR, Carambeí/PR, Ponta Grossa/PR e Joinville/SC. As propriedades foram selecionadas aleatoriamente e visitadas de acordo com a disponibilidade do proprietário, com o intuito de diversificar a amostragem foram coletadas propriedades com diferentes tipos de manejo e número de animais (variando de 2 a 250). Dados relacionados as propriedades (total de ani-mais, estabulação, função, trânsito de animais, comparecimento a eventos com aglomeração de equídeos, manejo de limpeza das orelhas e instrumento utilizado para este procedimento), bem como, aos animais clinicamente positivos (idade, sexo, raça, função, pelagem e presença de ectoparasitas no pavilhão auricular no momento da coleta, evolução da doença e a presença ou ausência de sensibilidade dolorosa na região acometida e tratamentos realizados) foram regis-trados em fichas individuais. As lesões foram classificadas quanto à presença, uni e/ou bilateral e apresentação clínica, lesões puntiformes ou placas (lesões múltiplas que coalesceram). Dentre as propriedades avaliadas 94,1% apresentavam ao menos um animal clinicamente positivo. Dos 337 equinos inspecionados 35 (10,3%) eram da região Sudeste, 175 (51,9%) da região Cen-tro-Oeste e 127 (37,7%) da região Sul do Brasil. Um total de 64 (19,0%) animais apresentava lesões compatíveis com placa aural equina, sendo 31 da região Sul, 20 da região Centro-Oeste e 13 da região Sudeste. Destes, apenas 49 animais foram avaliados individualmente, sendo 5 anos (min.=1,5-max.=22) a idade mediana destes animais. Em 55,1%(27/49) dos animais foram observadas lesões bilaterais, enquanto que em 44,9% (22/49) dos animais observou-se lesões apenas em uma das orelhas (12 orelhas esquerdas e 10 orelhas direitas). Considerando os dados referentes ao manejo destes animais com placa aural constatou-se que em 20,4% dos animais era realizado procedimentos de limpeza da orelha e 51,0% dos animais possuíam carrapatos na orelha no momento da coleta. A distribuição dos tipos de lesão não foi homogênea, em 63,0% dos animais foram encontrados apenas lesões puntiformes, 8% apresentavam lesões em placa e 28,6% dos animais apresentavam ambas. Apenas em dois dos animais foram realizadas ten-tativas de tratamento pelo proprietário, mas sem sucesso. Quando avaliados os tipos de lesões entre as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, observou-se diferença estatística entre lesões pun-tiformes, placas e ambas quanto à sua distribuição (p<0,5). A literatura descreve que em seres humanos o tipo de lesão e sua localização apresenta correlação com um tipo de papilomavírus causador. Tendo isso em vista e os resultados iniciais apresentados, mostrando que existe dife-rença estatística do tipo de lesão entre as regiões avaliadas e que o tipo de lesão não apresenta uma correlação significativa com a idade do animal, espera-se encontrar uma correlação seme-lhante na espécie equina em futuros estudos. A ocorrência da enfermidade nas propriedades avaliadas de 94,1% e a frequência de detecção clínica de 19,0% dentre os animais avaliados em três regiões diferentes do país demonstram a difusão da enfermidade pelo território nacional e reforçam a importância desta enfermidade na equideocultura.

P A L A V R A S - C H A V E dermatologia, papilomatose, placa aural, equinos.

A G R A D E C I M E N T O S à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (processo, 13/15995-8).

¹ Pós-graduanda da FMVZ/UNESP, Botucatu, SP – Brasil. ² Aluna de Iniciação Científica da FMVZ/UNESP, Botucatu, SP – Brasil.

³ Docentes da FMVZ/UNESP, Botucatu, SP – Brasil.

*Autor para correspondência: [email protected]

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 92 - setembro/dezembro, 2014

Ocorrência de endoparasitos em equinos provenientes de dois haras da região de Cabaceiras do Paraguaçu, Recôncavo BaianoRodrigo Machado SILVA¹; Juliana Albuquerque de BRITO¹; Adolfo Firmino da SILVA NETO²; Sydnei Magno da SILVA³; Raul Rio RIBEIRO1,2*

A equinocultura é uma atividade econômica que movimenta significativo capital a partir

de animais com diversificada aptidão funcional, envolvendo, entre outros, equinos de trabalho, lazer e esporte. Independentemente do manejo, um dos principais entraves para o desenvolvi-mento dos animais são as enfermidades parasitárias, com destaque para as helmintoses, cujos quadros clínicos manifestados variam desde infecções assintomáticas, predominantemente, até a ocorrência de cólicas e, em última instância,óbito. A fim de contribuir para o desenvolvimen-to de futuros programas racionais de controle parasitário na região, o presente estudo avaliou a ocorrência de infecção das principais endoparasitoses em equinos criados em haras na região de Cabaceiras do Paraguaçu, Bacia do Lago Pedra do Cavalo, Recôncavo da Bahia. Para tal, 34 equinos, entre um e quinze anos de idade, SRD e Mangalarga Marchador, provenientes de dois haras da região, foram aleatoriamente selecionados. Amostras fecais foram obtidas diretamente da ampola retal de todos os animas e, logo, encaminhadas ao Laboratório de Parasitologia e Doenças Parasitárias do Hospital Universitário de Medicina Veterinária (HUMV) da Universi-dade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), onde foram analisadas pelo método de conta-gem de ovos por grama de fezes (OPG). Em ambos os haras, os animais eram criados a pasto, vermifugados a cada três a seis meses, normalmente com produtos à base de ivermectina, sem histórico de avaliação de resistência anti-helmíntica (OPG antes e depois do tratamento). Em nenhuma das análises realizadas foram registradas alterações de coloração, odor e consistência significativas, tampouco presença de parasitos sólidos e corpos estranhos. A análise de resulta-dos revelou ainda infecção helmíntica em 91,2% (31/34) das amostras. Os ovos de helmintos identificados, em ordem decrescente de ocorrência, foram Strongylidae (91,2%; 31/34), Stron-gyloides westeri (38,2%; 13/34) e Parascaris equorum (8,8%; 3/34). Oocistos de Eimeria spp. não foram visualizados. A análise quantitativa demonstrou que mais de 1/3 dos animais (38,2%; 13/34) apresentaram contagens de ovos de Strongylidae acima do limite recomendado, suge-rindo necessidade de tratamento anti-helmíntico. Cerca de 53,8% (7/13) das amostras com ovos larvados de Strongyloides westeri e 100% das amostras com ovos de Parascaris equorum foram provenientes de equinos com idade igual ou inferior a seis meses de idade, o que reforça o aspecto do desenvolvimento da imunidade na ocorrência desses parasitos. Os resultados obti-dos no presente trabalho reiteram a importância do acompanhamento coproparasitológico de equinos criados na região de Cabaceiras do Paraguaçu, Recôncavo Baiano, a fim de propiciar o desenvolvimento de programas de controle antiparasitários racionais, voltados às necessidades locais, minimizando assim a pressão de resistência anti-helmíntica e os prejuízos no desenvol-vimento animal.

P A L A V R A S - C H A V E Equinos, Ocorrência, Endoparasitas, Cabaceiras do Paraguaçu, Recôncavo Baiano.

1 Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB, Cruz das Almas, BA, Brasil. *Autor para correspondência: [email protected]

2 Instituto de Ciências Biológicas, Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF, Juiz de Fora, MG, Brasil.

3Instituto de CiênciasBiomédicas, Departamento de Imunologia, Microbiologia e Parasitologia Universidade Federal de Uberlândia - UFU, Uberlândia, MG, Brasil.

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Osteíte séptica em falange distal em potro – Relato de CasoVitor Cibiac SARTORI¹; Marcelo Augusto ARAUJO²; Vitor Hugo dos SANTOS³; Rodrigo Tavares GUIRAO4; Heder Nunes FERREIRA5

A osteíte séptica da falange distal é um processo infeccioso caracterizado por dor, claudica-

ção, aumento de volume da coroa do casco bem como aumento da temperatura. Seu diagnósti-co é realizado por inspeção do casco, associado ao exame radiográfico, que pode revelar seques-tro e remodelamento ósseo da falange distal. O tratamento inclui antibioticoterapia sistêmica ou perfusão regional, anti-inflamatórios, abertura do casco e curetagem da terceira falange. O casqueamento e ferrageamento promovem estabilidade e crescimento do casco de forma ordenada. Objetivou-se relatar o caso de um equino de 7 meses de idade, atendido no hospital veterinário da Faculdade Integrado de Campo Mourão – PR, com histórico de claudicação de início súbito em membro torácico direito, grau de claudicação 4 (1-5), apresentando dor severa a flexão e rotação das articulações interfalangeanas proximal e distal. Ao exame específico de pinçamento do casco manifestação de dor severa. Ao realizar o casqueamento foi observado ponto enegrecido que ao ser curetado proporcionou extravasamento de secreção purulenta. No exame radiográfico foi observada área de osteólise focal e irregularidade do bordo solear da terceira falange. Sob anestesia geral inalatória e cuidados de antissepsia foram realizadas abertura da sola do casco, curetagem cirúrgica da terceira falange e retirada dos fragmentos ósseos. A administração de penicilina potássica (30.000 UI/kg, IV, QUID, por 7 dias) e gentami-cina (6.6mg/kg, IV, SID, por 5 dias) por via sistêmica, associada a amicacina (400mg, 72/72h, 5 aplicações) administrada por perfusão regional em veia digital palmar abaxial, flunexim meglu-mine (1,1mg/kg, IV, BID, por 3 dias) e ao termino do flunexim meglumine, iniciou-se o uso de meloxicam gel (0,6mg/kg, VO, SID, por 10 dias), além do uso de protetor gástrico, omeprazol (2mg/kg, VO, SID) durante toda a terapêutica, que se mostrou eficaz para resolução do processo infeccioso. Ao exame físico realizado 152 dias após a cirurgia não foram observados claudicação ou dor na região da cirurgia. O exame radiográfico possibilitou observar remodelamento e de-posição óssea no bordo da falange distal. A terapêutica instituída durante a fase aguda da dor e posteriormente a suplementação com biotina, sulfato condroitina e glucosamina, bem como o casqueamento mostraram resultados favoráveis para recuperação do paciente.

P A L A V R A S - C H A V E podologia, infecção, neonato.

¹ Médico Veterinário da Universidade de Uberaba

² Médico Veterinário da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

³ Residente de Clinica Cirurgia de Grandes Animais da Universidade Estadual Paulista – Botucatu

4 Médico Veterinário da Faculdade Integrado

5 Docente da Faculdade Pio Décimo

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 94 - setembro/dezembro, 2014

Osteodistrofia fibrosa em equinos – Relato de CasoEster Cardoso dos SANTOS¹, Karen Rocha de VASCONCELOS¹, Brisa Lopes FONTES¹, Flávia dos Santos OLIVEIRA¹, Maristela Cassia Seúdo LOPES², Paulo Ferreira de MATOS³

A osteodistrofia fibrosa é uma enfermidade metabólica, conhecida popularmente como

“Doença cara inchada”, caracterizada por uma acentuada reabsorção óssea, acarretada pela de-ficiência de cálcio (Ca), podendo ser resultante de uma deficiência nutricional, bem como a ingestão de oxalato presente nas pastagens e deficiência de vitamina D, a qual é adquirida pela irradiação solar ultravioleta, necessária para a absorção do cálcio pela pele. Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de osteodistrofia fibrosa em eqüino decorrente de uma alimen-tação inadequada. Este animal foi atendido em uma propriedade rural localizada no Município de Catu - Ba, de quatro anos de idade, sem raça definida, albino, o qual vivia na baia. O proprie-tário relatou um aumento de volume nos ossos da face, região do maxilar superior esquerdo e direito e uma perda significativa de peso há três meses. O animal estava sendo submetido a regime alimentar de baixa qualidade, era oferecido duas vezes ao dia capim elefante moído, farelo de milho e milho moído. Após a visualização do aumento de volume, o proprietário ad-ministrou 20 mL de cálcio durante três dias e soltou no pasto. No exame clínico foi observado aumento de volume nos ossos da face bilateral, os ossos apresentam aspecto mole. As funções vitais estavam dentro dos valores fisiológicos. Devido essas deformações podem ocorrer obstru-ções da passagem nasal, o que de fato estava ocorrendo, assim como à substituição do tecido fibroso. O diagnóstico foi clínico e realizado uma colheita de sangue para dosagem de fósforo e cálcio, o qual a relação Ca: P estava abaixo do valor de referência. Após o exame clínico e diagnóstico, foi solicitado à troca da alimentação, onde a mesma foi substituída por farelo de soja, ração balanceada e adicionamento do sal mineral, sendo este o tratamento adotado até o presente momento. A Osteodistrofia Fibrosa é uma doença que esta diretamente associada à alimentação inadequada, com baixa concentração de cálcio na dieta.

P A L A V R A S - C H A V E Doença metabólica; Equino; Osteodistrofia.

¹ Graduando em Medicina Veterinária, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia (EMEVZ)/ Universidade Federal da Bahia (UFBA);

² Profª. Departamento de Anatomia, Patologia e Clínicas da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFBA;

³ Profº. Departamento de Anatomia, Patologia e Clínicas da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFBA.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 95 - setembro/dezembro, 2014

Osteodistrofia fibrosa em pônei – relato de casoCAVALCANTE, R.G.¹; OLIVEIRA, F.S.¹; REBELO, P.H.V.¹; ARRIVABENE.M.²; BARBOSA, R.D.³; SOARES, R.A.4

A osteodistrofia fibrosa é uma doença metabólica óssea caracterizada por osteopenia devi-

do à intensa reabsorção óssea, sofrendo substituição por tecido conjuntivo fibroso, e formação de cisto. Essa enfermidade é resultado direto da ação contínua e excessiva do paratormônio sobre os ossos, deixando-os facilmente fraturáveis e doloridos ao sustentarem peso. A enfermi-dade é consequente de um estado nutricional deficiente em Cálcio (Ca), podendo ser resultan-te de uma deficiência primaria ou secundária. A primária é decorrente de uma baixa ingestão de Ca, ou devido a grande oferta de alimentos ricos em Fósforo (P). Outra causa frequente no desencadeamento de osteodistrofia fibrosa é a ingestão de Brachiaria humidicula como alimen-to volumoso. Na deficiência de Ca secundária poderá ocorrer uma deficiência de vitamina D, por insuficiente irradiação solar ultravioleta na pele. Em éguas é possível que a ocorrência de alterações no equilíbrio de Ca: P, principalmente no final da gestação e início de lactação, venha a desencadear uma séria deficiência de Ca. No presente trabalho, foi acompanhado o caso de um pônei, fêmea, três anos de idade, que tinha como queixa principal um aumento de volume na face e emaciação que iniciaram há dois meses. O animal é criado em sistema semi-intensivo e alimenta-se de capim-tangola, um híbrido natural de Brachiaria arrecta e Brachiaria mutica, e ração comercial, sendo que o mesmo nunca foi suplementado com sal mineral. Ao exame físico o animal apresentava-se com escore corporal ruim, pelos opacos e eriçados, mucosas oculares róseas, 28 movimentos respiratórios por minuto, 32 batimentos cardíacos por minuto, temperatura retal de 38,0 ºC, apetite presente, porém com mastigação dificultosa, aumento de volume na região da face com sensibilidade dolorosa à percussão dos seios paranasais. Os sinais clínicos observados são frequentemente encontrados em animais com osteodistrofia fibrosa. Foram realizados exames complementares, sendo que o exame radiográfico revelou perda de definição óssea em região de seio frontal e osso nasal com diminuição de radiopacidade óssea em maxila e mandíbula, sendo esses achados característicos da enfermidade devido à reabsor-ção óssea e consequente substituição compensatória por tecido fibroso. No bioquímico sérico observou-se que os níveis de cálcio encontravam-se abaixo do normal e os níveis de fósforo den-tro da normalidade para espécie, o qual, de acordo com a literatura, é comum a ocorrência de hipocalcemia nesses casos. Com base na anamnese, achados clínicos e exames complementares diagnosticou-se um caso de osteodistrofia fibrosa. Após o diagnóstico foi instituído o tratamen-to no qual consistiu de aplicação de solução de cálcio a 10% na dose de 0,5 mL/Kg/IV/uma vez ao dia totalizando 10 aplicações, 50g de carbonato de cálcio diariamente, alimentação com feno de boa qualidade e fornecer sal mineral ao animal.

P A L A V R A S - C H A V E deficiência mineral, cálcio, pônei.

¹ Médico Veterinário Residente da Clínica de Grandes Animais Da Universidade Federal do Piauí – UFPI, Av. universitária, Bairro Ininga, Teresina, Piauí, CEP 64049-550.Email: [email protected];

² Profa. Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Piauí;

³ Médico Veterinário da UFPI;

4 Graduando em Medicina Veterinária - UFPI.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 96 - setembro/dezembro, 2014

Osteomielite em potro – Relato de CasoMychelle Bruna da Silva BARROS¹, Ana Emília Rodrigues da MOTA², Paulo Fernandes de LIMA¹, Luís Américo Marmo FLEURY³, Catharina de Albuquerque VIEIRA4, Marcos Antônio Lemos de OLIVEIRA¹, Hélio Cordeiro MANSO FILHO¹.

A osteomielite é a inflamação óssea séptica, envolvendo o canal medular, exceto quando

a infecção é introduzida por lesões traumáticas ou via hematógena. Os sinais clínicos podem incluir claudicação, edema generalizado dos tecidos moles, dor à palpação da região acometida, drenagem séptica persistente. Nas imagens radiográficas observa-se sequestro necrótico com perda da densidade, sequenciada por proliferação óssea. A instituição de terapia exclusivamente clínica geralmente não é favorável, devido à limitada vascularização óssea e inacessibilidade da infecção. Em casos com áreas de necrose extensa ou de longo curso, cirurgias são recomendadas para remoção dos tecidos desvitalizados e tratos fistulosos. Porém, nos acometimentos articula-res, não se observam diferenças na recuperação quando submetidos a tratamento cirúrgico ou conservador. Um equino, macho, da raça Campolina, dois anos de idade, foi transportado do estado de Minas Gerais para Pernambuco, e durante a viagem, utilizou ligas de descanso mal colocadas, causando isquemia na região metatarsiana do membro pélvico esquerdo, com áreas de necrose, apresentando claudicação grau III. Tratamentos veterinários prévios foram reali-zados sem êxito, com antibióticos sistêmicos (Agrovet PPU PLUS®), não havendo nenhuma melhora pelo baixo poder de penetração nos dígitos, devido à limitada vascularização. Houve um agravamento do quadro, diminuindo a credibilidade e o poder aquisitivo do proprietário, inviabilizando uma conduta mais onerosa, embora mais eficaz. Instalou-se então, um abcesso subsolear  que culminou em osteomielite. O exame radiográfico só foi realizado posteriormente ao tratamento inicial por falta de condições,  onde se observou imagens sugestivas de osteoar-trite na articulação  interfalângica e osteomielite nas falanges média e distal, havendo perda severa da densidade óssea na margem solear da falange distal, com perda total da face medial. A partir do laudo radiográfico, a muralha e parte da sola do casco foram abertas para remoção das áreas de necrose, limpeza e acesso para o tratamento local, que consistia em curativos, com utilização de  soro fisiológico 0,9%,  soluções antissépticas como o peróxido de hidrogênio e Iodo 2%, bandagens que eram trocadas duas vezes ao dia, uso tópico de Fitocasco Organnact® para hidratação do casco, casqueamento regular a cada 20 dias, fornecimento de suplemento vitamínico e mineral que auxiliam na formação dos tecidos queratinizados (Casco e Pelo Or-gannact®). Devido a questões financeiras e descrença por parte do proprietário na evolução do caso, tratamentos como perfusão regional não puderam ser realizados, sendo feito apenas um tratamento paliativo, a fim de evitar maiores danos ao paciente. O animal permaneceu em baia com cama abundante, e após 12 meses, recebeu alta com a indicação de fazer casqueamento corretivo frequente, evitando desordens no crescimento do casco, e suplementação à base de biotina para fortalecimento do estojo córneo.

P A L A V R A S - C H A V E abcesso, casqueamento, falange, séptica.

¹ Departamento de Medicina Veterinária/UFRPE, Recife/PE. E-mail: [email protected];

² Médica Veterinária. Especialista em Clínica, Cirurgia e Reprodução de Equinos, Recife/PE;

³ Médico Veterinário Autonômo, João Pessoa/PB;

4 Graduanda do Curso de Medicina Veterinária/UFRPE.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 97 - setembro/dezembro, 2014

Paralisia de nervo radial em muar ocasionado por objeto perfurocortante: Relato de CasoAna Carla Garcia de OLIVEIRA¹; Renan Silva de CARVALHO²; Matheus Spala SORTE¹; Marcel Ferreira Bastos AVANZA³ ; Odael SPADETO JR4

A paralisia do nervo radial pode ser ocasionada por diversos motivos, tais como: compres-

são durante decúbito, processos inflamatórios circunvizinhos, abcessos, ou devido a traumas. A mesma resulta na incapacidade de extensão da região da articulação úmero-rádio-ulnar, do carpo e do dígito. Na maioria dos casos, a paralisia do nervo radial é o resultado de um trauma na região da escápula, causado pela hiperextensão do membro anterior ou extrema abdução do ombro. Um muar, macho, de 12 anos de idade, pesando 405 kg, utilizado como animal de tração deu entrada no hospital veterinário “Professor Alexandre Hippler” – UVV, com histórico de acidente com projétil, disparado por arma de fogo, na região da articulação escapulo-ume-ral esquerda. No exame físico, o animal apresentou uma pequena lesão de pele com diâmetro aproximado de 02 cm, o membro torácico esquerdo flexionado, com incapacidade de extensão (claudicação grau V numa escala 0-V). A articulação escapulo-umeral apresentava-se mais distal em relação ao membro contralateral (“ombro caído”), relaxamento da musculatura do membro afetado, superfície dorsal do casco em contato com o solo e encurtamento da passada ao andar. Nos testes de flexão e extensão do membro, não foi possível observar crepitação ou instabilida-de osteoarticular. No exame ultrassonográfico foi observado apenas área de hipercogenicidade na musculatura braquial caracterizado por edema. No exame radiográfico não foi observado nenhum envolvimento osteoarticular ou corpo estranho metálico. Com histórico, sinais clíni-cos e exames complementares o animal foi diagnosticado com paralisia de nervo radial e foi instituído o tratamento. O tratamento consistiu na administração de dexametasona por via intravenosa durante três dias (fase aguda) na dose de 0,2 mg/kg  SID, dimetilsulfóxido (DMSO) por via intravenosa durante três dias diluído em um litro de soro fisiológico na dose de 10mg/kg SID, uso tópico de DMSO e ducha com água corrente durante 30 minutos no membro afe-tado por quinze dias. Uma tala de policloreto de vinila (PVC) foi colocada no aspecto caudal do membro, desde a articulação úmero-radio-ulnar até abaixo da articulação metacarpo-falangea-na, mantendo o membro em extensão. No décimo dia de tratamento, foi feita a retirada da tala e, o animal apoiava e estendia o membro voluntariamente, mas ainda com alguma limitação quando estimulado a andar. No vigésimo dia, foi notada total recuperação do animal em rela-ção ao apoio, extensão e locomoção, mostrando que o tratamento instituído foi bem sucedido.

P A L A V R A S - C H A V E Muar. Perfurocortante. Paralisia. Nervo. Radial.

¹ Discente em medicina veterinária, Universidade Vila Velha; (UVV) –[email protected]

2 Residente em clínica, cirurgia e anestesiologia de grandes animais, Universidade Vila Velha; (UVV)

3 Docente em Medicina Veterinária, Universidade Vila Velha; (UVV), doutorando em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Viçosa; (UFV)

4 Docente em Medicina Veterinária, Universidade Vila Velha (UVV), doutorando ciência animal, Universidade Federal de Minas Gerais; (UFMG)

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Penectomia como tratamento para habronemose cutânea em um equino – Relato de CasoMayumi Santos BOTELHO-ONO¹*; Pollyanna Cordeiro SOUTO¹; Jefferson Ayrton Leite de Oliveira CRUZ ²; Robério Silveira SIQUEIRA FILHO³; , Adriano Machado SOUZA4; Paulo Fernandes de LIMA5

A Habronemose cutânea uma das dermatopatias comuns nos equinos. É causada por lar-

vas do nematoide do gênero Habronema. Tem como vetor moscas doméstica e dos estábulos, que depositam em feridas abertas na pele possibilitando a para feridas ulceradas exsudativas e granulomatosas, com tecido de granulação exuberante. O tratamento varia de acordo com a intensidade das lesões, com frequência não se observa resposta ao tratamento conservativo. Por isso o tratamento cirúrgico deve ser considerado. Este relato objetiva a descrição de um caso de habronemose cutânea peniana com posterior penectomia. Deu entrada no Ambulatório de Grandes Animais da Universidade Federal Rural de Pernambuco um equino, macho, SRD, 10 anos, com o histórico de presença de tumor amorfo no pênis, incapacidade de recolhimento do mesmo e presença local de miíase. Na propriedade tentou-se cuidar do animal com limpeza local, retirada de larvas, aplicação de larvicida e administração de anti-inflamatório e antibióti-co. Não sendo observada melhora, o animal encaminhado ao ambulatório. Ao exame clínico, observaram-se as constantes fisiológicas, sendo que no pênis foi encontrada uma massa amorfa com aproximadamente 15 cm de diâmetro, presença miíase e ao urinar o animal eliminava secreção purulenta. Devido ao estado de evolução do tecido de granulação optou-se pela penec-tomia. Com o animal em decúbito lateral direito e sob anestesia, um torniquete para reduzir o fluxo sanguíneo foi posicionado na direção proximal ao local da amputação. Não foi possível realizar a sondagem uretral devido a um falso trajeto existente. Realizou-se uma incisão trian-gular na face ventral do pênis, sendo o ápice voltado caudalmente. Após localizar a uretra, esta foi incisada longitudinalmente, sendo suas bordas suturadas na pele ao longo dos lados da inci-são triangular com sutura interrompida simples. A seguir, procedeu-se a transecção transversal a partir da base do triângulo, seguindo um ângulo levemente oblíquo em direção ao dorso do pênis. A túnica albugínea foi fechada sobre o corpo cavernoso utilizando-se sutura interrompi-da simples, sendo a primeira posicionada na linha mediana e as próximas duas dividindo em duas partes estas metades. A base da mucosa uretral seccionada foi suturada à pele com sutura interrompida simples. Foi instituído um protocolo pós-operatório constituído de dexameta-sona e soro antitetânico em aplicações únicas logo depois da cirurgia, penicilina 20.000UI/kg/im/SID/10dias, flunixin meglumine 1,1mg/kg/im/3dias. O cuidado com a ferida cirúrgica era realizado diariamente com solução fisiológica (NaCl 0,9%), clorexidine 2%, iodopovidine 1% e posterior aplicação de repelente. Para reduzir do edema local, realizaram-se compressas frias. A evolução foi satisfatória ainda que tenha ocorrido edema e secreção serosanguinolenta até o 17º dia. O animal apresentou anemia normocítica normocrômica. Os pontos foram retirados após 25 dias com a ferida apresentando evolução cicatricial satisfatória. O exame histopatológi-co evidenciou a presença significativa de neutrófilos e eosinófilos em uma abundante matriz de colágeno vascularizada, sugerindo uma reação de hipersensibilidade caracterizando um quadro de habronemose. Em casos de habronemose peniana, a penectomia pode ser uma indicação. A técnica cirúrgica é relativamente de fácil realização, requerendo hemostasia cuidadosa para evitar possível perda de sangue e consecutivas consequências, entre elas anemia grave.

P A L A V R A S - C H A V E Equinos, habronemose, penectomia.

¹ Discente do Curso de Especialização Latu Sensu Práticas Hospitalares e Laboratoriais em Medicina Veterinária, Ambulatório de Grandes Animais, Universidade Federal Rural de Pernambuco. *E-mail: [email protected] (Apresentador)

2 Médico Veterinário Residente do Ambulatório de Grandes Animais, Universidade Federal Rural de Pernambuco.

3 Médico Veterinário do Hospital Veterinário, Universidade Federal Rural de Pernambuco.

4 Mestrando no Programa de Pós-graduação em Ciência Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco.

5 Professor Adjunto do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 99 - setembro/dezembro, 2014

Penfigóide bolhoso em equino, Salvador-Bahia, Brasil - Relato de CasoTâmiles Naiara dos Santos BISPO¹, Ester Cardoso dos SANTOS¹, Karen Rocha de VASCONCELOS¹, Edward Silveira PAIM JUNIOR¹, Maristela Cassia Seúdo LOPES², Paulo Ferreira de MATOS³

O penfigóide bolhoso é uma dermatose crônica auto-imune rara, que pode acometer cães,

suínos, felinos e, ocasionalmente, eqüinos e humanos. Este trabalho tem como Objetivo relatar a primeira ocorrência de penfigóide bolhoso em equino diagnosticado no Hospital Veterinário da Universidade Federal da Bahia. O animal deu entrada em 12/02/14 no Hospital de Medi-cina Veterinária Renato Rodermburg de Medeiros Netto da Universidade Federal da Bahia. Adulto, mestiço de Mangalarga marchador, pelagem tordilha, sete anos de idade, apresentava lesões crostosas, eritematosas e perda tecidual em diversas áreas do corpo, além de prurido e conjuntivite há cerca de 2 meses. A suspeita inicial foi fotossensibilização, sendo descartada devido ao histórico do animal e a permanência do mesmo na baia sem incidência direta dos raios solares, além de exame Gama GT no qual obteve-se valores dentro dos níveis de referên-cia. Foi administrado dexametasona 8 mg/mL em virtude do prurido. Para tratamento tópico das lesões foi utilizado sulfato de cobre a 1% por duas semanas e em seguida substituído pela limpeza diária com clorexidina e iodo a 2%. Realizou-se antibioticoterapia (benzilpenicilinas 10.000 UI/kg por 7 dias consecutivos, oxitretaciclina 5mg/kg por uma semana e Meloxicam na dose de 6 mg/kg, usado quando a temperatura encontrava-se elevada). Foram realizados três raspados cutâneos para pesquisa de ácaros causadores da sarna, cultura fúngica e bacteriana. Os resultados obtidos foram negativos. Devido à localização e características das lesões de pele e secreção oculares suspeitou-se de oncocercose eqüina e pênfigo, sendo instituída a administra-ção de ivermectina 1% de acordo o peso corpóreo do animal e repetido após uma semana via oral e uso de antibiótico já descrito anteriomente. Antes foram coletadas seis amostras de pele (biópsia) e encaminhadas para exame histopatológico, onde foi observada uma dermatite crô-nica. Houve uma discreta melhora dos sinais clínicos após o tratamento, mas com retorno ao quadro inicial, particularmente do prurido, tão logo cessada a medicação. Posteriormente, as lesões de pele se disseminaram por todo o corpo. Uma Estomatite severa desenvolveu-se conco-mitantemente com glossite e gengivite, além de disfagia, sialorréia intensa, inapetência e perda de peso acentuada e rápida. Para tentar minimizar a situação houve alteração na dieta para capim picado com água e higiene bucal com digluconato de clorexidine a 0,12%, sem sucesso. Após agravamento do quadro clínico a higienização das lesões passou a ser realizada com iodo glicerinado, aplicação de pomada a base de penicilina (Ganadol) e administração de Flunixina meglumine 1,1 mg/kg de peso vivo, além de trimetoprin / sulfametoxazol (Trissulfin) e ampi-cilina anidra (Agroplus). Após uma semana sem resultado satisfatório, foi usado dexametasona e prednisona durante uma semana, mas devido os custos e o agravamento do quadro clínico indicou-se a eutanásia do paciente, suspeitando-se de uma doença auto-imune, sendo o pên-figo bolhoso, apenas confirmado pós-morten, por meio do exame histopatológico. A demora para se trazer o paciente ao hospital, somada dificuldade de fechar o diagnostico nas primeiras biópsias de pele realizadas e o estado debilitado do paciente, contribuíram para o insucesso do tratamento. Dessa forma, quadros com lesões alopécicas multifocais ou generalizadas em eqüinos constituem um desafio para o diagnóstico clínico, pois podem estar relacionados a diferentes enfermidades. A ocorrência deste caso serve de alerta para a existência da doença em território nacional e também confirmam a importância do exame histopatológico nas lesões alopécicas e crostosas da espécie equina, sendo o pênfigo bolhoso em equinos de prognóstico reservado a pobre.

P A L A V R A S - C H A V E Equino; Auto-imune; Penfigóide bolhoso.

¹ Graduando em Medicina Veterinária, Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia (EMEVZ)/ Universidade Federal da Bahia (UFBA);

² Profª. Departamento de Anatomia, Patologia e Clínicas da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFBA;

³ Profª. Departamento de Anatomia, Patologia e Clínicas da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFBA.

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Perfil clínico e de isolamento da Salmonella sp. em equídeos de carga do município de Marechal Deodoro, estado de Alagoas, BrasilUlisses Barbosa RAPHAEL¹; Nielma Gabrielle Fidelis OLIVEIRA¹; Jéssica Monteiro Queiroz de MEDEIROS¹; Zenaldo Porfírio da SILVA1,2; Alice Cristina Oliveira AZEVEDO¹; Luisa Gouvêa TEIXEIRA1,3

A salmonelose é uma causa conhecida de doença entérica em diferentes espécies de ani-

mais e no homem, ocasionada por uma variedade de estirpes da Salmonella spp. Considerando que esta bactéria, ao ser eliminada nas fezes dos cavalos, representa uma ameaça potencial para a saúde de seres humanos e outros animais, objetivou-se pesquisar a incidência da salmone-lose e associar os sinais clínicos desta enfermidade à presença da bactéria na microbiota fecal dos equídeos. O exame físico e coleta de amostras de fezes, obtidas diretamente da ampola retal, foram realizados em 83 equídeos escolhidos aleatoriamente, utilizados em veículos de tração animal, residentes no Município de Marechal Deodoro (Alagoas/ Brasil), no período de Fevereiro à Maio de 2014. Efetuou-se a observação da coloração das membranas mucosas, mensuração do tempo de preenchimento capilar (TPC), do retorno da prega cutânea e da tem-peratura retal, presença de diarréia, ileus adinâmico, dor ou distensão abdominal. O histórico da ocorrência de diarréia nos animais ou seres humanos foi questionado aos proprietários dos equídeos. As amostras de fezes foram semeadas em caldo seletivo tetrationato, a 37ºC, durante 48 horas, seguido de cultivo em ágar Salmonella-Shiguella. Colônias com halo transparente e centro enegrecido foram consideradas suspeitas de Salmonella spp. e submetidas à caracteriza-ção bioquímica por meio dos testes em ágar ferro lisina (LIA), ágar sulfeto-indol-mobilidade (SIM), ágar tríplice açúcar e ferro (TSI), citrato e uréia, além da aglutinação gênero-específica utilizando-se soro polivalente comercial anti-Salmonella spp. À anamnese, três (3,6%) equídeos apresentaram histórico de diarréia, a qual cessou após a administração de antiendoparasitários, não sendo observada no momento do exame físico. Não foi relatada (0%) a ocorrência de diar-réia em outros animais domésticos ou seres humanos residentes nas propriedades onde estes habitavam. Equideos com salmonelose tendem a apresentar hipertermia, congestão das mem-branas mucosas ou halo toxêmico, aumento do tempo de preenchimento capilar e do tempo de retorno da prega cutânea, diarréia fétida de coloração verde-amarelada, dor ou distensão abdominal e ileus adinâmico. No entanto, sabe-se que a diarréia também ocorre em casos de infestação por entrogilóides. Ao exame físico, 14 equídeos (16,8%) apresentaram hipertermia (38,5 a 39,2 ºC) e seis (7,2%) apresentaram aumento do tempo de preenchimento capilar e do tempo de retorno da prega cutânea para 3 segundos. Tais sinais estão, provavelmente, relacio-nados ao exercício realizados pelos animais até chegarem ao local de coleta. Adicionalmente, estes foram avaliados após a rotina diária de trabalho, apresentando-se levemente desidratados clinicamente. Nenhum animal (0%) demonstrou alterações ao exame do sistema digestório, congestão das membranas mucosas ou halo toxêmico. Doze amostras de fezes (14,4%) apresen-taram colônias sugestivas de Salmonella spp., no entanto, ao serem submetidas aos testes bio-químicos e sororaglutinação subsequentes, nenhuma destas amostras foi positiva à presença da bactéria. A Salmonella spp. é de difícil isolamento a partir da microbiota fecal, por apresentar excreção intermitente e de modo rápido nas fezes, levando à incerteza por ocasião de um único teste bacteriológico negativo. Outros exames laboratoriais também podem ser empregados, in-dicando-se aqueles com maior sensibilidade à detecção do agente. Os resultados desta pesquisa são compatíveis com as condições físicas que os animais avaliados se encontravam, inferindo-se que os achados clínicos anormais observados decorreram da presença de helmintos intestinais e do trabalho físico exercido. O presente estudo pesquisou pela primeira vez a presença da Sal-monella spp. nas fezes de equídeos de carga residentes no Município de Marechal Deodoro e, a partir dos resultados obtidos, conclui-se que a salmonelose não tem ocorrido nesta população ou não possui intensidade nesta região.

P A L A V R A S - C H A V E Diarréia; Salmonella-Shiguella; Salmonelose; Soroaglutinação.

A G R A D E C I M E N T O S Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (FAPEAL) e Centro Universitário CESMAC.

¹ Centro Universitário Cesmac, Marechal Deodoro, Alagoas – Brasil.

² Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, Microbiologia, UFAL, Maceió, Alagoas - Brasil.

³ Doutoranda em Cirurgia Veterinária pela FCAV/UNESP, Jaboticabal, São Paulo – Brasil

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Perfil dos biomarcadores minerais no plasma de equinos suplementados com uma mistura de óleosAna Isabela Alves DINIZ², Armele Karina da Silva RODRIGUES², Sandra Karoline de Oliveira MUNIZ¹; Thaisa Lima DUARTE¹; Helena Emília Cavalcanti da Costa Cordeiro MANSO¹,², Hélio Cordeiro MANSO FILHO¹,²

As pesquisas em nutrição equina têm dado ênfase a suplementação da dieta com óleos

na tentativa de maximizar a performance animal e reduzir a carga de amido ingerido pelos animais atletas. Os macrominerais são necessários em quantidades relativamente altas na dieta, pois estão envolvidos com a estrutura animal e funções vitais, sendo perdidos diariamente du-rante a execução das atividades físicas.O Objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do uso de uma mistura de óleos (Mega Energy®) sobre a concentração plasmática do cálcio ([Ca]), fósfo-ro ([P]), magnésio (Mg]) e cloretos ([Cl]). Foram utilizados 10 cavalos Mangalarga Marchador, adultos (~7 anos), de ambos os sexos e em atividade física (40% passo, 60% marcha em 3,5 m/s, durante 60’ em dias alternados). Cada animal foi suplementado com 300mL do óleo via oral durante 60 dias. As coletas de sangue foram realizadas em três fases: antes da suplementação (T0 = controle), com 30 (T1) e 60 dias (T3) de suplementação. As amostras de plasma foram analisadas em espectrofotômetro semiautomático (Doles 500, Doles®) com kits comerciais (Doles®). Os resultados foram submetidos ao ANOVA, para medidas repetidas e com um fa-tor, e ao teste de Tukey, em ambos os casos com P estabelecido em 5%, com uso do programa SigmaStat® 3.0 para Windows®. Os resultados demonstraram haver diferenças significativas (P<0,05) apenas para as [Ca] e [Cl]. A [Ca] reduziu-se significativamente saindo de 10,31 mg/dL no T1 para 9,90 mg/dL no T2. Já a [Cl] elevou-se significativamente saindo de 97,63 mg/dL no T1 para 107,08 mg/dL no T2. Os demais minerais não variaram significativamente as suas concentrações, onde a [P] manteve-se entre 4,52 e 4,64 mg/dL e a [Mg] entre 1,13 e 1,14 mg/dL.As modificações nas [Ca] e [Cl], apesar de significativas não comprometem a atividade física dos animais, já que as variações observadas indicam que esses parâmetros analisados ainda se mantêm dentro dos valores esperados para a espécie, quando analisadas amostras dos animais em jejum. O mesmo ocorre com as [P] e [Mg]. Entretanto, deve-se observar que devido a es-sas modificações, as concentrações desses biomarcadores minerais devem ser analisadas com regularidade, nos animais atletas suplementados com elevados níveis de óleo. Os resultados demonstram que a ingestão da mistura não compromete a saúde dos animais e que os mesmos estavam condicionados ao tipo de exercício imposto, pois embora tenha ocorrido alteração no perfil plasmático dos biomarcadores minerais Ca e Cl, os níveis encontram-se dentro da nor-malidade para espécie e os níveis de P e Mg foram semelhantes e normais ao longo do tempo. Conclui-se então que a suplementação com óleo pode modificar a concentração do cálcio e dos cloretos em cavalos atleta.

P A L A V R A S - C H A V E exercício, óleo, equino, minerais

A G R A D E C I M E N T O S Haras Cascatinha (Camaragibe-PE), CAPES e Integralmix Nutrição Animal (Fortaleza-CE).

¹ Núcleo de PesquisaEquina, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife-PE;

² BIOPA- Laboratório de Biologia Molecular Aplicada á Produção Animal, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife-PE

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 102 - setembro/dezembro, 2014

Perfusão regional para tratamento de ferida em casco – Relato de CasoA. F. FONTES; C.O. FLORENCE; U.C. GRAÇA FILHO; C.C SIQUEIRA

A medicina veterinária equina dispõe de poucas alternativas no manejo e tratamento de

feridas contaminadas, principalmente as localizadas nos cascos. Uma técnica que tem apresen-tado excelentes resultados é a Perfusão Regional Intravenosa (PRI), que consiste em adminis-trar fármacos em uma determinada região do corpo do animal, utilizando o sistema venoso regional.O presente trabalho tem como objetivo abordar o uso da Perfusão Regional como tratamento médico veterinário, relatando o caso específico de um eqüino da Raça Quarto de Milha, fêmea, com sete anos e meio de idade, que foi internada no Hospital Veterinário Cli-nilab, localizado na Estrada Cia/Aeroporto, km 3, Salvador-Ba. A pacienteapresentou uma la-ceração no casco do membro anterior esquerdo, após ter se enrolado em uma cerca de arame farpado enquanto estava no piquete. Foi submetida a exame radiológico, por meio do qual foi detectado um corpo estranho no interior do casco, o que foi removido em ato cirúrgico, ime-diatamente após o diagnóstico radiológico. Concluído o procedimento cirúrgico foi decidido pelo tratamento por perfusão regional, utilizando-se 8 ml de Amicacina 2g, 42 ml de Solução de DMSO 20% e 10 ml de Lidocaina, num volume total de 60 ml, com cinco aplicações em dias alternados, com o objetivo de aumentar a concentração de antibióticos no local da ferida contaminada e combater o processo infeccioso local. Foi instituído um protocolo de curativos com bandagem todos os dias, durante os cinco primeiros dias, e a partir daí em dias alterna-dos. Para completar o tratamento foi utilizado de forma sistêmica, Benzil penicilina procaina, Benzil penicilina protássica, Benzil penicilina benzatina,estreptomicina (Sulfato) na dosagem de 25.000 Ul/Kg e Fenilbultazona na dosagem de 4,4 mg/Kg, durante cinco dias consecutivos, com objetivo de reduzir o processo inflamatório e a dor.Após 60 dias, o animal voltou ao Ha-ras, onde complementaria a recuperação do casco. A Perfusão Regional é um método eficiente, simples, prático e economicamente viável, que consegue levar até os tecidos infectados, uma concentração inibitória mínima (CIM), sem correr o risco de uma intoxicação devido à admi-nistração de uma dose elevada de antibiótico, por via sistêmica, para se alcançar um resultado satisfatório na região acometida pela infecção, assim como torna economicamente viável a utilização de fármacos que, se fossem utilizados por via sistêmica, tornariam o tratamento bas-tante dispendioso.

P A L A V R A S - C H A V E equino, perfusão regional, tratamento do casco, ferida.

¹ Hospital de Equinos CLINILAB

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Pitiose cutânea - Relato de CasoRaissa Souza NUNES¹, Kerly Priscila de Santana Vieira SANTOS¹, Fagner Paulo Cruz de ANDRADE¹, Jonathan Henrique NANTES², Rachel Livingstone Felizola Soares de ANDRADE³, Heder Nunes FERREIRA³

A pitiose é uma doença piogranulomatosa do tecido cutâneo causada pelo oomiceto aquá-

tico Pythium insidiosum, uma enfermidade crônica, cosmopolita, que pode acometer várias espécies inclusive o homem, porém é mais frequente em equinos. O objetivo deste resumo e re-latar um caso clinico de pitiose em uma égua, sem raça definida, com 8 anos de idade, gestante e pesando aproximadamente 330kg, procedente do município de Telha no estado de Sergipe, sendo atendido pelos médicos veterinários da Clínica Médica de Grandes Animais do Hospi-tal Veterinário Dr. Vicente Borelli da Faculdade Pio Décimo. No exame clínico foi constatada uma lesão localizada ulcerativa e granulomatosa na região abdominal ventral, caracterizada por uma tumoração de localização subcutânea e consistência firme, com apresentação intensa de prurido. A pele que revestia a lesão apresentava ulcerações, com bordas edemaciadas e irre-gulares, de onde exsudava constantemente uma secreção serosanguinolenta. Na caracterização macroscópica, foram observadas massas necróticas de coloração branco-amarelada, de forma irregular e ramificada (“kunkers”), para obter um diagnóstico definitivo, foi realizado biopsia da região acometida para realização de exame histopatológico, onde foi constatada presença de áreas multifocais de necrose contendo imagens negativas de hifas fungicas em cortes transver-sais e longitudinais, além de abundante tecido de granulação caracterizado por proliferação de fibroblastos e intenso infiltrado inflamatório de eosinófilos, sendo o mesmo conclusivo para o quadro clinico de pitiose. A paciente foi tratada através de drogas quimioterápicas e imunotá-rapicas. O tratamento imunoterápico foi realizado com uso da vacina Pythium-Vac® pela via de administração subcutânea, em 5 sessões com intervalo de aplicação de 14 dias. O tratamento quimioterápico foi realizado por via endovenosa com Cetroprofeno 10% (2.2mg/kg) e Ampici-lina Sódica (30mg/kg). Também foi realizada a higienização diária da ferida com água e sabão, barbatimão e iodo tópico. Após o nascimento do potro, percebendo que a patologia não res-pondeu à terapêutica e a paciente se apresentava debilitada, foi decidido pela eutanásia no ani-mal utilizando o protocolo de MPA com xilazina 10% (1,5mg/kg), indução com cloridato de cetamina (2mg/kg) por via endovenosa e lidocaína 2% (3mg/kg) por via intratecal e realizada a necropsia, onde durante a excisão do granuloma, observou-se na região acometida um núcleo ao centro da lesão repleta de massas branco-amareladas, chamadas de “kunkers”, porém não constatou envolvimento de órgãos internos e lesão no tecido ósseo do animal. A pitiose equina é uma doença que pode estar presente em todas as regiões do Brasil principalmente em regiões com baixadas sujeitas a alagamentos, condição esta que é comumente observada em inúmeras propriedades do nosso país durante o período chuvoso. Neste caso de pitiose, foram observados granulomas ulcerados com abundante secreção serossanguinolenta, prurido intenso e presença de “kunkers” de forma semelhante a outros relatos da literatura. Os autores descrevem evolu-ção rápida desta patologia, acompanhado de aumento progressivo das lesões e emagrecimento culminando com debilidade generalizada para os animais portadores da pitiose, normalmente ocasionado no óbito desses pacientes acometidos, principalmente aqueles que apresentam le-sões extensas. Pelas características da lesão e pela evolução do quadro clínico, acredita-se que a porta de entrada do microrganismo foi uma pequena lesão na região ventral, certamente du-rante o pastejo do animal em áreas alagadiças, característica epidemiológica peculiar dos casos pitiose cutânea em equinos e outras espécies. Diante do exposto, podemos concluir que para o relato de caso em questão não foi observado uma resposta terapêutica satisfatória, devido o quadro clinico já avançado em que o animal chegou ao hospital veterinário.

P A L A V R A S - C H A V E Ferida, Fungo, Equino.

¹ Discente da Faculdade Pio Décimo

2 Médico Veterinário da Faculdade Pio Décimo

3 Docente da Faculdade Pio Décimo

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 104 - setembro/dezembro, 2014

Pneumonia por Klebsiella pneumoniae em potro – Relato de CasoPollyanna Cordeiro SOUTO¹; Jefferson Ayrton Leite de Oliveira CRUZ¹; Mayumi Santos BOTELHO-ONO¹; Alexandre Cruz DANTAS¹, Janaina Azevedo GUIMARÃES1; Beatriz Berlinck DUTRA VAZ¹.

Pneumonias são afecções graves que se caracterizam pela inflamação do parênquima pul-

monar, estando frequentemente associada à inflamação dos brônquios, bronquíolos e pleura. As causas são variáveis, podendo ser viral, bacteriana, fúngica, parasitária, falhas imunológicas e iatrogênicas. Os potros são frequentemente acometidos, sendo esta enfermidade considera-da a causa mais importante de morbidade e mortalidade em potros com mais de um mês de vida. A sintomatologia está diretamente ligada ao grau de lesão do parênquima pulmonar. O diagnóstico é baseado nos sinais clínicos, auscultação e percussão do campo pulmonar. O tra-tamento deve incluir antibioticoterapia e cuidados auxiliares tais como, proteção do vento e frio, antitérmico, broncodilatadores, expectorante, oxigenioterapia e fluidoterapia. O presente relato refere-se a um quadro de pneumonia por Klebsiella pneumoniae em um potro, macho, de dois meses de idade atendido no Hospital Veterinário – Ambulatório de grandes animais – UFRPE, com histórico de cansaço, apatia e falta de apetite com evolução de um dia. No exame físico foram observadas as seguintes alterações, dispneia mista com posição ortopnéica, apatia, hipertermia, mucosas cianóticas, desidratação, taquicardia, som de roce em toda área de aus-culta pulmonar bilateral, narinas dilatadas e midríase, sugerindo um quadro de pneumonia. O hemograma revelou policitemia normocítica normocrômica, na série branca se observou uma leucopenia com desvio a esquerda regenerativo, condizente com o quadro clínico apresentado pelo paciente, podendo indicar uma severa infecção bacteriana. O paciente veio a óbito minu-tos após o atendimento. A necropsia foi realizada logo em seguida e se observou os seguintes achados, hepatomegalia e congestão hepática, pulmões consolidados e com pequenos pontos multifocais mais firmes, principalmente na porção dorsal. Enfisema subpleural nos lobos cra-niais e coloração vermelha escura, mesclada com áreas mais claras. Ao corte, drenou líquido seroso amarelado com pouca espuma. Porção caudal da traquéia com líquido seroso amarelado, confirmando o diagnóstico de pneumonia. Um fragmento pulmonar foi colhido e solicitou-se o exame bacteriológico o qual foi positivo para Klebsiella pneumoniae. Agentes como a Klebsiel-la penetram no organismo do potro por inalação, ingestão ou pelo umbigo disseminando-se hematogenamente para os pulmões e provocando doença em indivíduos imonologicamente deprimidos, principalmente em casos onde não houve transferência de imunidade passiva pelo colostro. A deficiência imunológica, em virtude da falha de transferência de imunidade passiva em potros jovens predispõe a alto índice de mortalidade neonatal, por isso, cuidados adequa-dos tais como, ambiente ao abrigo do frio e da chuva, vacinação, boa alimentação, adequada ingestão de colostro e cuidados higiênicos sanitários devem ser tomados a fim de evitar o de-senvolvimento de tal doença.

P A L A V R A S - C H A V E parênquima pulmonar, infecção, enfisema.

¹ Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manuel de Medeiros Gonçalves s/n, Dois Irmãos, Recife-PE, CEP 52171-900.

E-mail: [email protected] (e-mail para correspondência).

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Polidactilia unilateral em uma potra – Relato de CasoF.S. OLIVEIRA¹; P.H.V. REBELO¹; R.G. CAVALCANTE¹; , F.L. SILVA JUNIOR¹; , F.S. FEITOSA JUNIOR²; M. ARRIVABENE²

A polidactilia é a presença de dígitos extras, podendo acometer todos ou apenas um mem-

bro, sendo mais frequente no torácico. Caracteriza-se pela duplicação parcial ou completa, com origem genética, sendo rara na espécie equina, onde a causa ainda não foi esclarecida. Para o diagnóstico, mesmo tratando-se de uma anormalidade diagnosticada clinicamente, o exame ra-diográfico é indispensável, pois proporciona avaliação precisa das estruturas envolvidas. A am-putação do dígito extranumerário e preservação do dígito principal é o método de tratamento indicado nestes casos. Objetivou-se com esse trabalho descrever a ocorrência de polidactilia unilateral em um equino fêmea de um ano e dois meses de idade, da raça Quarto de Milha. O animal foi atendido no Setor de Clínica Médica e Cirurgia de Grandes Animais do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Piauí, onde o proprietário trouxe o animal com o pro-pósito de retirada do dedo extranumerário. Assim, ao exame físico constatou-se que o compor-tamento e parâmetros vitais estavam normais. A alteração física constituiu de presença de 2º dígito localizado na face medial do membro torácico esquerdo, foi examinado e radiografado nas projeções dorsopalmar e lateromedial oblíqua, no qual identificou-se a persistência do II metacarpiano esquerdo desenvolvido, incluindo a região medular, e falange rudimentar esquer-da. Segundo a literatura a remoção cirúrgica dos dígitos supranumerários é por questão estética e para prevenir injúrias no dígito. Portanto a potra foi submetida ao tratamento cirúrgico, com retirada da falange rudimentar. No pós-operatório o tratamento da ferida cirúrgica foi realiza-do com limpeza e aplicação tópica de antissépticos e repelente, além de antibioticoterapia e antinflamatório não esteroidal.

P A L A V R A S - C H A V E dedos extranumerários, anomalia genética, equino.

¹ Médico Veterinário Residente da Clínica de Grandes Animais Da Universidade Federal do Piauí –UFPI, Av. universitária, Bairro Ininga, Teresina, Piauí, CEP 64049-550. E-mail: [email protected];

² Prof. Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Piauí.

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Postectomia e falectomia para exérese de tecido de granulação exuberante em jumento (Equus asinus)Ana Paula Coelho RIBEIRO¹; Marco Augusto Giannoccaro da SILVA²; Fabiano Mendes de CORDOVA³; Leonardo Vaz BURNS4

O tecido de granulação exuberante é o mais comum dos tumores não neoplásicos, seguido

pela habronemose e pitiose. Os equídeos são susceptíveis à essas formações, as quais impedem o processo cicatricial por inibir a reepitelização e contração da ferida. Uma vez formado, o tecido de granulação exuberante predispõe às infecções e traumas adicionais, culminando em agravamento da lesão. O diagnóstico diferencial deve ser feito por meio de biópsia e exame histopatológico ou citologia aspirativa por agulha fina. Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Tocantins, um jumento, três anos de idade, com histórico de traumas repetidos em prepúcio, causados por cerca de arame liso, e consequente crescimento tecidual local com evolução de um ano e meio. À inspeção e palpação da região afetada observou-se le-são proliferativa indicativa de tecido de granulação exuberante, de caráter vegetativo e ulcerado acometendo prepúcio, com áreas de fibrose, intenso edema, presença de larvas de Cochliomyia hominivorax na extremidade prepucial e drenagem de secreção purulenta por diversos pontos. A área palpável alterada acometia toda a região prepucial, distal e proximal, e possuía dimensão estimada em 15 cm de diâmetro sendo que o pênis encontrava-se íntegro. Ao exame de citolo-gia aspirativa por agulha fina, observou-se apenas presença de células inflamatórias. Optou-se então pela ressecção em bloco de todo o prepúcio e pênis e uretroplastia. O protocolo anesté-sico consistiu na utilização de acepromazina (pré anestesia), cetamina e diazepam (indução), infusão contínua de cetamina (manutenção) e lidocaína (anestesia infiltrativa local), na região cirúrgica. A avaliação histopatológica demonstrou tecido de granulação com degeneração de colágeno, recoberto por áreas de epitélio hiperplásico com interface epidermo-dérmica ondu-lada, com alongamento desigual da rede de pregas (padrão irregular). O epitélio apresentou ainda pregas epidérmicas ramificadas e anastomosadas, com interdigitação profunda com fi-bras colágenas da derme (padrão hiperplásico pseudocarcinomatoso), presença de infiltração neutrofílica e esparsos eosinófilos subepidérmicos. Tais observações confirmaram a suspeita diagnóstica de tecido de granulação exuberante. Embora o procedimento cirúrgico tenha se desenvolvido sem intercorrências, a evolução pós operatória foi desfavorável e sete dias após o procedimento, o animal veio a óbito. Os procedimentos cirúrgicos envolvendo pênis e prepú-cio apresentam complicações potenciais, dentre elas, estenose uretral, formação de hematoma regional, deiscência dos pontos, retenção e infecção urinária e cistite. No caso em questão, a cronicidade e a extensa área de comprometimento prepucial, compeliu a exérese quase total do prepúcio e pênis, fato que caracterizou um procedimento cirúrgico bastante cruento e de-longado. Este pode ter determinado a instalação do relevante hematoma local pós operatório, em conjunto à contaminação subcutânea subsequente e deiscência total de pontos. Ademais a opção pela preservação da sonda uretral no pós cirúrgico, pode ter contribuído para a instala-ção da grave cistite observada. A despeito de todos os cuidados pós operatórios, que incluíram antibioticoterapia de amplo espectro, utilização de antiinflamatório não esteroidal, curativos sistemáticos e aplicação de duchas frias na área operada, pode-se considerar que a associação dos elementos complicantes (cronicidade da enfermidade, cirurgia extensa e cruenta e o pobre estado geral do animal), além da instalação de um grave processo infeccioso, inicialmente local e após sistêmico, podem ter sido responsáveis pela pobre evolução pós operatória do caso em questão.

P A L A V R A S - C H A V E equídeos; penectomia; prepúcio; tecido de granulação.

1,2,3 Professor Adjunto – Universidade Federal do Tocantins4 Méd. Vet. – Universidade Federal do Tocantins

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 107 - setembro/dezembro, 2014

Potenciais biocarrapaticidas no controle de larvas do carrapato estrela Amblyomma cajennenseRoseane Nunes Santana CAMPOS¹; Fabrício Juliano de O. CAMPOS²; Alexandre P. OLIVEIRA³; Lázara J.O. LOPES³; Alisson S. SANTANA³; Ane C.C. SANTOS³; Leandro BACCI³

O carrapato estrela (Amblyomma cajennense) é um ectoparasita que tem como principal

hospedeiro o equino. Este constitui um dos grandes problemas enfrentados pelos pecuaristas por provocar lesões nos animais hospedeiros e transmitir importante zoonose. Em humanos é responsável pela transmissão da bactéria Rickettsia rickettsii, causadora da febre maculosa. O método comum de controle consiste na aplicação de carrapaticidas organossintéticos. Porém, estes produtos podem desencadear reações adversas nos hospedeiros e no ambiente. Uma al-ternativa para diminuir esses problemas é o uso de plantas com ação carrapaticida. Assim o objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial carrapaticida dos óleos essenciais de Patchouli (Pogostemon cablin), Marmeleiro (Croton sonderianus) e Gerânio (Pelargonium graveolens) sobre as larvas da espécie A. cajennense. Dessa forma envelopes de papel filtro (2 x 2 cm) foram trata-dos com 0,1ml das soluções dos óleos essenciais de C. sonderianus, P. cablin e P. graveolens diluí-dos em acetona. Para a testemunha utilizou-se apenas o solvente acetona. Após a evaporação do solvente cerca de 200 larvas foram depositadas no interior do envelope, o qual foi lacrado com clipes do tipo “buldogue”. Decorridas 48 horas após a montagem dos bioensaios o número de indivíduos vivos e mortos foram contabilizados e dessa forma calculado as concentrações letais (CL) para matar 1% das larvas (CL01), matar 50% das larvas (CL50) e matar 99% das larvas (CL99). Os resultados gerados pelas curvas de concentração-mortalidade mostraram eficiente atividade acaricida nos testes com as larvas, com CL01 de 0,002 μl ml-1para P. graveolens; 0,08μl ml-1 para P. cablin e 0,98μl ml-1para C. sonderianus, já a CL50 foi de 0,13; 0,22 e 1,41 μl ml-1 para P. graveolens, P. cablin e C. sonderianus, respectivamente. A CL99 foi de 1,10μl ml-1 P. graveolens; 0,38μl ml-1 para P. cablin e 1,71μl ml-1 e C. sonderianus. Sendo assim, o óleo que apresentou em média menor concentração para matar as larvas foi o que apresentou maior toxicidade e neste experimento o óleo essencial mais tóxico foi o P. cablin, porém todos os óleos essenciais aqui apresentados demonstraram atividade carrapaticida sobre as larvas da espécie A. cajannense e são estratégias importantes e promissoras para o controle dos carrapatos.

P A L A V R A S - C H A V E Ixodidae, controle alternativo, acaricida.

A G R A D E C I M E N T O S CAPES, CNPq, FAPITEC e UFS.

¹ Programa de Pós Graduação em Ciências da Saúde- Universidade Federal de Sergipe (UFS), [email protected];

2 Médico veterinário autônomo, Médico Veterinário autônomo, com especialização em diagnóstico, cirurgia e reprodução eqüina;

3 Departamento de Engenharia Agronômica- Universidade Federal de Sergipe (UFS), [email protected].

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Prática construtiva em aulas de biodinâmica muscular do aparelho de suporte dos equinosLeimah de Fatima Ramos Consoni ALBUQUERQUE¹; Vitória YUKENDO¹, Evellin Karoline Marques de SOUZA¹, Silvio Henrique Ramos de ARAÚJO¹; Gileno Antonio Araújo XAVIER².

O “ficar em estação” dos cavalos consiste em um conjunto de estruturas do esqueleto apen-

dicular que permite ao cavalo um esforço muscular reduzido. Essas estruturas são compostas por tecido conjuntivo fibroso (de tendões, ligamentos e fáscias profundas) e resistem à tendên-cia para um colapso articular sob influência gravitacional. Durante o repouso as articulações dos membros são fixadas por ligamentos e músculos. Neste caso, agem certos extensores e flexo-res como aparelhos estáticos, em um sincronismo. As propostas sobre inovações de aprendiza-gem em sala de aula têm sido muito aplicado atualmente, na tentativa de que se possa alcançar um processo de ensino cada vez mais qualitativo. O presente trabalho teve como objetivo desta-car a importância dos músculos esqueléticos apendiculares, torácicos e pélvicos, envolvidos na posição natural dos equinos, demonstrados por meio do uso de objetos representativos em aula prática. Para isso, foram utilizados um esqueleto de cavalo montado artificialmente, fitas adesi-vas de dupla face para reproduzirem as estruturas do aparelho de suporte, fitas de cores variadas. Após demonstração do assunto em peças anatômicas previamente dissecadas, foi solicitado aos alunos que fixassem as fitas coloridas no esqueleto, de modo que representassem os correspon-dentes músculos e estruturas formadores do aparelho de sustentação, com ênfase para àqueles de maior importância no momento em que o animal encontra-se em estação, como também para àqueles que, no processo, são submetidos a um maior esforço. Durante o exercício da téc-nica os alunos mostraram-se interessados e participativos, com a liberdade de construir e apli-car, na prática, os princípios vistos em sala de aula teórica, o que favoreceu a contextualização da importância na biomecânica muscular do cavalo em estação. O desenvolvimento prático da atividade lúdica como mais um instrumento didático, e não como uma estratégia alternativa, permitiu um maior rendimento da aprendizagem.

P A L A V R A S - C H A V E Anatomia Equina, Aparelho Locomotor, Esqueleto Apendicular, Aprendizagem.

¹ Graduandos do Curso de Medicina Veterinária, Monitores de Anatomia, Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal - DMFA, Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE.

² Professor de Anatomia, DMFA, UFRPE.

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Prevalência da obstrução recorrente das vias aéreas (ORVA) nos equinos da Polícia Militar do estado do Rio Grande do NorteJorge Mota ROCHA¹, José Carlos Ferreira Silva¹*, Heder Nunes FERREIRA¹, Sylvana Pontual ALENCAR², Paulo Fernandes LIMA¹, Hélio Cordeiro Manso FILHO³

A obstrução recorrente das via aéreas (ORVA), anteriormente chamada doença pulmonar

obstrutiva crônica, é uma afecção frequente em equinos atletas que interfere no desempenho por determinar intolerância ao exercício, dispneia expiratória, tosse seca e perda de peso nos casos mais severos. O corrimento nasal, quando presente, pode ser abundante, espesso e mu-copurulento, todavia, mesmo que em pequena quantidade, esse corrimento é suficiente para diminuir o espaço das vias respiratórias inferiores por liberar mediadores químicos que pro-vocam bronco-espasmo. A obstrução recorrente das vias aéreas caracteriza-se pela obstrução parcial da luz bronco-alveolar causada por bronco-constrição, edema da mucosa bronquial e alta produção de muco com pouca capacidade de eliminação devido à redução da atividade ci-liar. O processo tem início após uma hiper-reação a alérgenos ambientais, como fungos, poeira, fumaça, dentre outros agentes. O objetivo foi realizar um estudo da prevalência de patologias do trato respiratório inferior, com ênfase na obstrução recorrente das vias aéreas, nos equinos do Regimento de Policiamento Montado da Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Nor-te (RPMON/PMRN). Os animais acometidos apresentaram tosse, dispnéia expiratória e em alguns casos, secreção nasal, queda de desempenho, emagrecimento e intolerância a qualquer tipo de exercício. O diagnóstico foi realizado através do exame clínico auxiliado pelo históri-co, anamnese e endoscopia da porção inferior do sistema respiratório. Concomitantemente ao tratamento farmacologico que consistiu na administração de bronco-dilatadores, anti-in-flamatórios esteroidais, mucolíticos e antibióticos, quando necessário, foi realizada melhoria das condições ambientais em que os animais eram mantidos. Dos 75 animais examinados, 06 (8,0%) foram diagnosticados com obstrução recorrente das vias aéreas, 01 (1,33%) com bron-copneumonia e 05 (6,66%) com bronquite. Os resultados permitiram sugerir modificações nas instalações e no manejo visando minimizar a ação dos alergenos que desencadeiam essas patologias respiratorias.

P A L A V R A S - C H A V E ORVA, prevalência, endoscopia.

¹ Laboratório de Biotecnologia aplicada à Reprodução Animal do Departamento de Medicina Veterinária/UFRPE, Recife. Brasil.

2 Área de Clínica do Departamento de Medicina Veterinária/UFRPE

3 Área de Equideocultura do Departamento de Zootécnia/UFRPE, Recife. Brasil.

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Primeira aplicação terapêutica com células tronco em equino da raça quarto de milha com tendinopatia no estado de Sergipe: Relato de CasoJoão Vinicius Santos CRAVEIRO¹; YancaBizerra SOUZA¹; Gabryelle Oliveira PINHEIRO¹; Magnólia Oliveira SANTOS NETA¹; Cesar Andrey Galindo OROZCO²

Nos equinos de esporte, duas das mais frequentes lesões são tendinopatias e desmopatias

ocasionadas por esforço excessivo ou pela alta intensidade de exercícios físicos repetitivos du-rante o treinamento e competições esportivas. As células tronco são conhecidas como as células progenitoras, que possuem duas propriedades básicas. A primeira é quando se dividem, poden-do originar duas células filhas iguais, e a segunda é a capacidade de se diferenciar em outros tipos celulares. Estas podem se dividir segundo o tipo de potencial de divisão e de acordo com a sua origem, como é o caso das células tronco do tecido adiposo. No presente relato, objeti-vou-se utilizar células tronco de tecido adiposo, avaliando a eficácia desta técnica inovadora no tratamento clínico de lesões multifocais do tendão flexor digital superficial (TFDS) em equino atleta da raça Quarto de Milhano estado de Sergipe. O relato foi registrado no Muni-cípio de São Cristóvão, após participação em prova de vaquejada. Na avaliação clínica o cavalo apresentava grau de claudicação 4/5, do membro anterior direito (MAD), inflamação, dor na palpação, e aumento da temperatura da região palmar do metacarpo e do boleto. Durante avalição ultrassonográfica foram observadas múltiplas lesões multifocais com ruptura parcial do TFDS em toda a região palmar do metacarpo, caracterizando uma tendinopatia severa com comprometimento de 70% do tendão, apresentando vários pontos anecóicos no terço médio e distal do metacarpo assim como na região palmar do boleto com ruptura e perda de conti-nuidade das fibras. Para a obtenção das células tronco foi realizada a coleta de tecido adiposo na região da base da cauda, durante procedimento cirúrgico. O cavalo foi sedado com Xilazina na dose de 0,7 mg/kg i.v. e em seguida foi aplicada anestesia com lidocaína a 2% no ponto da incisão. Foram coletados aproximadamente 70g de tecido e enviados para o laboratório aonde foi feita a análise e cultura celular. Para aplicação das células tronco o cavalo foi mantido sobre sedação profunda em estação com detomidina na dose de 0,02 mg/kg i.v. Posteriormente foi feita tricotomia e antissepsia de toda a região palmar do metacarpo e boleto e em seguida rea-lizaram-se os bloqueios anestésicos perineurais dos quatro pontos altos e quatro pontos baixos com lidocaína. Foi refeita a antissepsia e realizadas as respectivas infiltrações de células tronco guiadas por ultrassonografia nos diversos pontos de lesão do TFDS, sendo um total de seis in-filtrações de 1mL. Posteriormente houve uma única aplicação de Fenilbutazona na dose de 4,4 mg/kg i.v. Nos dias15, 30, 60 e 90 após aplicação do material celular, foram feitas avaliações com acompanhamento clínico e ultrassonográfico. Em cada avaliação foram feitos exames clínicos rigorosos do sistema músculo esquelético incluindo teste de sensibilidade na palpação, teste de flexão da articulação metacarpofalangiana, avaliação do trote, grau de claudicação e exame ultrassonográfico de toda a região palmar do metacarpo e boleto. Os resultados encontrados foram satisfatórios e com melhoras em cada fase de avaliação. O cavalo sempre obteve melhora clínica de forma progressiva com diminuição no grau de claudicação para 1/5, e as imagens obtidas pelo ultrassom apresentaram alinhamento total das fibras, preenchimento dosespaços com tecido regenerado, reorganização, homogeneização e normoecogenicidade do TFDS em todos os pontos que houve lesão. Pode-se concluir que o equino apresentou resposta e melhora satisfatória com a terapêutica clínica de células tronco de tecido adiposo após um período de 90 dias.

P A L A V R A S - C H A V E Terapia Celular Autóloga; Tendinite; Claudicação; Ultrassom.

¹ Discentes de Iniciação Científica do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Sergipe

2 Docente de Clínica de Equinos e Cirurgia de Grandes Animais do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Sergipe – DMV/UFS

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Projeto “Bom Carroceiro” em Cruz das Almas – BAVerena Lima CORDEIRO¹; Isis Freitas RIBEIRO¹; Jucilene da Silva NASCIMENTO¹; Kelly Soares RIBEIRO¹; Rita de Cassia FREIRE¹; Maria Vanderly ANDREA².

As cidades brasileiras estão em constante crescimento e desenvolvimento, desde as grandes

capitais às cidades interioranas. Os condutores de carroças não deixaram de fazer parte desse cenário urbano, estando presentes tanto nas pequenas cidades como nas metrópoles. Eles rea-lizam diversas atividades desde mudanças familiares, condução de compras de supermercados, da feira livre, retirada de entulhos oriundos de construções, resíduos de limpeza de jardins, coleta de matérias recicláveis e até retirada de utensílios domésticos descartados. Os conduto-res de carroças pertencem a uma classe socialmente desfavorecida e enquadrada no trabalho informal, o que os deixa sem os serviços e benefícios prestados pela Previdência Social, além disso, eles também enfrentam outros problemas sociais como o alcoolismo, o uso de drogas, e o analfabetismo. Os animais que são usados para esse tipo de atividade, geralmente percorrem grandes distancias, com cargas excessivas, trabalham machucados, além de não receberem ali-mentação e manejo apropriados. O município de Cruz das Almas-BA, também faz parte deste contesto, contando com um grande número de condutores espalhados por toda a cidade. O projeto Bom Carroceiro, em parceria com a Prefeitura Municipal de Cruz das Almas, buscou reorganizar e reintegrar os carroceiros, partindo do princípio das metodologias participativas, visando incorporar técnicas adequadas de criação, manejo nutricional e sanitário e reprodu-tivo, combate aos maus-tratos, além de estimular o uso de técnicas de bem estar animal, sem perder o enfoque na Saúde Pública e a inserção social dos proprietários propondo uma visão unificada do condutor, equídeos e comunidade Cruzalmense. Além disso, estimular e auxiliar os condutores de carroças a se organizarem através da criação de uma associação que criará pos-sibilidades legais e força conjunta, facilitando a firmação de convênios e aquisição de recursos que propiciem o desenvolvimento da atividade no município, melhorando a qualidade de vida dos mesmos. A capacitação dos condutores ocorre através de cursos, Dias de Campo, oficinas, participação de reuniões, com amplas discussões, sobre as reais necessidades e seus anseios, com o objetivo de traçar estruturar a organização de uma Associação. Estas reuniões são realizadas periodicamente na biblioteca municipal de Cruz das Almas, onde o associativismo da ênfase nas relações de produtividade e de qualidade na produção, buscando a comercialização do trabalho, permitindo, desta forma, agregar valor ao produto (prestação de serviço), a fim de que possa melhorar a situação socioeconômica dos condutores envolvidos. Temas relacionados ao manejo nutricional, sanitário e reprodutivo também são de importância relevantes para o conhecimento deste público e discutidos em conjunto. Até o presente momento as carroças foram padronizadas em cores comuns com identificação dos nomes e os números dos telefo-nes dos condutores, o que gerou facilidades para visualização dos clientes. Foi realizado ainda o cadastro e resenha de todos os animais, bem como, em andamento um questionário sócio econômico dos condutores. É de fundamental importância hoje para a continuidade deste prestador de serviço para a comunidade, é o estabelecimento do Ponto de Carroça. Desta forma conta-se com o apoio da Secretaria de Meio Ambiente para a realização desta etapa, na qual foi definido e com a aprovação dos condutores a área destinada para esta localização. Assim, o projeto “BOM CARROCEIRO” em Cruz das Almas está favorecendo uma maior visibilidade sobre os temas de bem estar animal, Saúde Pública e inserção social dos condutores de carroças, gerando reflexos positivos na qualidade de vida dos animais.

P A L A V R A S - C H A V E Condutor de carroça, bem-estar animal, equídeos.

1 Graduandos do Centro de Ciências Agrarias, Ambientais e Biológicas. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

2 Professora do Centro de Ciências Agrarias, Ambientais e Biológicas. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

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Prolapso de reto em equino - Relato de CasoKerly Priscila de Santana Vieira SANTOS¹, Fagner Paulo Cruz de ANDRADE¹, Raissa Souza NUNES¹, José Carlos Ferreira da SILVA², Jonathan Henrique NANTES³, Heder Nunes FERREIRA4

O prolapso retal é a inversão da mucosa e suas estruturas através do esfíncter anal. É uma

patologia que ocorre em qualquer espécie, tendo maior frequência em fêmeas sendo pouco frequente nos equinos. Em equinos a causa do prolapso retal está associada a tenesmo secun-dário, e uma variedade de condições: parto, distocia, prolapso uterino, diarreia, verminoses. É classificado em: tipo 1- Exposição da mucosa retal e submucosa; tipo 2- Exibição da espessura total da parede do reto e ampola retal; tipo 3-Exibição da espessura total da parede do reto mais eversão do cólon menor terminal e o tipo 4- Exibição da espessura total da parede do reto mais intussuscepção do reto peritoneal. O objetivo do resumo em questão é explanar um caso de prolapso retal em uma égua SRD, com 07 anos de idade, aproximadamente com 345 kg, oriunda de uma propriedade do Município de Aracaju - SE, foi encaminhado ao HVGA do Hospital Veterinário Dr. Vicente Borelli no dia 01/04/12. Alimentava-se somente com farelo de milho e farelo de trigo e água ad libitum, segundo relato do proprietário o animal apresentava diarreia por 4 dias e pela manhã do dia 29/03/2012 foi encontrada com aumento de volume na região retal. O animal apresentava estado de consciência em alerta, postura em estação, estado nutricional normal, pelagem áspera e mucosa hipocorada, com presença de carrapatos. Após a identificação do prolapso de reto tipo 2,visto que foi uma consequência da dieta desequilibra-da, foi realizada a higienização com água para retirada de debris e crioterapia para diminuição do processo inflamatório do prolapso, foi conduzida lubrificação da mucosa retal com Fura-nil® e realizada uma primeira tentativa de reversão somente com contenção mecânica, porém houve resistência, sendo assim foi instituída a anestesia epidural alta com lidocaína 2% sem vasoconstritor, permitindo então a redução de forma satisfatória, em seguida realizou-se a su-tura de bolsa de tabaco para evitar uma possibilidade de recidiva. A paciente foi medicada com pentabiótico por via de administração intramuscular na dosagem de 40.000 UI/Kg 2x ao dia por 7 dias, metronidazol por via de administração endovenosa na concentração de 20 mg/Kg 2x ao dia por 5 dias, flunexim meglumine por via de administração endovenosa na dose de 1,1mg/kg 1 x ao dia por 3 dias. Dimetilsufóxido por via de administração endovenosa na dose de 1 g/Kg em solução de 10% em soro fisiológico 1x ao dia por 3 dias e soro antitetânico na dose única de 5000 UI por via de administração intramuscular, sendo esta terapêutica realizada no dia do atendimento, e então emitido um receituário para continuação do protocolo terapêutico de antibioticoterapia, por mais 6 dias, totalizando 7 dias e a cada dois dias fazer o afrouxamento da sutura de tabaco. E quanto ao manejo, foi feito a recomendação de dar somente volumoso ao animal, e utilizar a ração como um complemento alimentar e não como base da nutrição. O animal respondeu satisfatoriamente ao procedimento de reversão do prolapso, sendo o mesmo liberado para continuação do tratamento na propriedade.

P A L A V R A S - C H A V E diarreia, equino, epidural.

¹ Discente da Faculdade Pio Décimo;

² Discente da Universidade Federal Rural de Pernambuco;

³ Médico Veterinário da Faculdade Pio Décimo;

4 Docente da Faculdade Pio Décimo;

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Rabdomiólise em muar: Relato de CasoA. S. ALCOFORADO¹; P. R. FIRMINO¹; D. M. ASSIS²; J. M. MEDEIROS²; E. G. MIRANDA NETO³; M. L. D. L. TOLENTINO4

A rabdomiólise é caracterizada pela necrose das células musculares esquelética, com libe-

ração dos componentes celulares na circulação que ao serem filtrados no glomérulo podem levar a disfunção renal, representando uma patologia com potencial letal. Acomete equinos que foram submetidos a esforços físicos após ficarem em repouso por longos períodos sendo alimentados com rações ricas em carboidratos. Tem sido observada também em equinos que se alimentam somente de pastagens, que são submetidos a esforços prolongados após longos pe-ríodos de descanso. Os sinais clínicos caracterizam-se por disfunção muscular com dificuldades para a locomoção, principalmente dos membros posteriores, e relutância a se locomover. Ob-servam-se tremores musculares e sudação. Nos casos mais graves os cavalos podem permanecer em decúbito e/ou apresentar mioglobinúria. Os músculos das regiões glútea, femoral e lombar são mais afetados, apresentando consistência firme e dor à palpação. O objetivo desse trabalho foi descrever um caso clínico de rabdomiólise em muar. Foi atendido no Hospital Veterinário da UFCG – Patos-PB, um muar, macho, pesando 175kg, sem raça definida e com um ano de idade. O animal era criado solto, se alimentava de pastagem nativa e bebia água em açude. Foi pego para ser domado no intuito de ser utilizado na tração de carroça. Porém, a contenção foi inadequada e o animal foi submetido a esforço físico severo, sendo puxado por outro animal para poder caminha após ter sido colocado no cabresto. Após tal procedimento, o animal não conseguia permanecer em estação e deitava. No dia seguinte, o animal estava em estação e com dificuldade de locomoção, mesmo assim foi colocado na carroça e novamente submetido a exercício forçado. Os sinais clínicos se agravaram, o decúbito tornou-se permanente e o pro-prietário resolveu procurar atendimento veterinário para o animal. No exame clínico o animal encontrava-se em decúbito lateral e ao ser auxiliado ficou em estação, apático, com desidratação moderada, relutante ao movimento, apetite ausente e musculatura da garupa firme. A urinálise revelou proteinúria pré-renal, mioglobinúria, coloração âmbar, traços de sangue e ausência de hematúria. Na bioquímica muscular o valor da creatinaquinase (CK) alcançou 1044 UI/L, sen-do bastante elevado em relação aos valores normais para equino (250 UI/L). O animal foi tra-tado com fenilbutazona (4,4mg/Kg/IV/q24h), perfazendo 3 aplicações; dexametasona (0,1mg/Kg/IV), dose única; e 12 litros de solução ringer com lactato por via endovenosa. Após três dias de tratamento o valor da creatinaquinase (CK) reduziu para 582 UI/L (queda de 44,3%). Com os achados clínicos, resultados dos exames complementares e a melhora do paciente após o tratamento confirmou-se o quadro de rabdomiólise. O animal recebeu alta, sendo orientado para que ele permanecesse em repouso e que o exercício fosse retomado.

P A L A V R A S - C H A V E mula, mioglobinúria, creatinaquinase.

1 Médico(a) Veterinário(a) – Residente - HV/UFCG/CSTR - Campus de Patos-PB, Av. Universitária,s/n, Santa Cecília, Cep: 58708-110, Patos-PB. E-mail: [email protected];

2 Médico(a)Veterinário(a) - HV/UFCG/CSTR;

3 Médico(a)Veterinário(a) - Professor(a) – HV/UAMV/CSTR/UFCG;

4 Graduando -UAMV/CSTR/UFCG

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Raiva em equinos no estado de Alagoas: relato de sete casosSandra Regina Fonseca de Araújo VALENÇA¹; Carla Cristina Moura de OLIVEIRA¹; DENISE FORTES FEITOSA COSTA²; Antônio Laurênio Braga CAVALCANTI²; Flávia Figueiraujo JABOUR³; Hélio Lauro Soares VASCO NETO¹.

A Raiva é uma doença pouco comum nos equinos, mas em razão do seu potencial zoonóti-

co, deve ser considerada no diagnóstico diferencial dos quadros neurológicos agudos com evo-lução menor que 10 dias. As lesões são geralmente limitadas ao sistema nervoso central (SNC) de onde são retirados os tecidos para o diagnóstico laboratorial compreendendo os fragmentos de hipocampo, tronco cerebral, tálamo, córtex, cerebelo e medula oblongata como materiais de escolha. De acordo com a Organização Mundial Saúde (WHO) o diagnóstico é feito através do teste de Reação de Imunofluorescência Direta (IFD), uma técnica rápida, sensível e específica considerada de triagem padrão. Objetivou-se relatar sete casos de raiva em equinos criados no Município de Marechal Deodoro e Coruripe, Alagoas. Foram realizados atendimentos clínicos a sete equinos com sinais neurológicos, criados em propriedades peri-urbanas nos referidos municípios. Cinco animais eram adultos e dois eram potros menores de 6 meses, todos sem raça definida. Os adultos eram utilizados para trabalho de tração em carroças durante o dia e permaneciam em um piquete pertencente a uma usina local, onde eram criados bovinos de corte. Nenhum dos animais havia sido vacinado contra o vírus da raiva e foram relatados casos de bovinos com paralisia e morte em anos anteriores na propriedade citada. Os principais sinais clínicos apresentados pelos equinos foram incoordenação motora (7/7), paralisia dos membros pélvicos (7/7), depressão (5/7), agressividade (2/7), paralisia de cauda e ânus (7/7), decúbito lateral (7/7), movimentos musculares involuntários de membros anteriores ou “pedalagem” (3/7) e morte em um período de 2 a 5 dias. Inicialmente os animais apresentavam fraqueza dos membros pélvicos que posteriormente evoluía para o decúbito permanente até o óbito. Apenas dois animais, do município de Coruripe, apresentaram comportamento agressivo mordendo tratadores e objetos em movimento como pneus de tratores. Foram observadas cicatrizes suges-tivas de mordeduras provocadas por morcegos hematófagos da espécie Desmodus rotundus em três dos sete equinos enfermos bem como lesões recentes em animais sem sintomas aparentes criados na região. Após o óbito, os animais foram submetidos à necropsia, onde foram coleta-dos fragmentos de SNC para exame histopatológico e de IFD para raiva. Não foram observadas alterações no exame necroscópico. O exame histopatológico revelou manguitos perivasculares linfoplasmocitários, sugerindo infecção viral, porém não foram identificados Corpúsculos de Negri. Os resultados da IFD dos sete animais foram positivos para raiva. Os sinais clínicos dos equinos estudados foram semelhantes aos descritos por outros autores, que destacam nessa espécie tanto a forma paralítica mais frequente em herbívoros, decorrentes de lesões da medula espinhal e tronco encefálico, quanto a forma furiosa da doença com sinais de agressividade ou depressão profunda, decorrente de lesão cerebral, ambas observadas nesse estudo. Na his-topatologia alterações caracterizadas por meningoencefalite e meningomielite não supurativa com presença de corpúsculos de Negri são descritas na literatura, porém na espécie equina, somente em algumas oportunidades é possível identificar corpúsculos de Negri pelo método histológico, sendo a ausência dos corpúsculos de inclusão relacionada com o estágio da doença e com a cepa de vírus circulante, pois algumas não produzem corpúsculos de Negri. O exame de IFD foi utilizado nesse trabalho onde todas as amostras foram positivas, no entanto, outros casos suspeitos deram negativos ao IFD e não foram incluídos nesse relato. Outros pesquisado-res demonstraram a importância da Imunohistoquímica (IHQ) como ferramenta auxiliar no diagnóstico de raiva em equídeos, especialmente nos casos em que a IFD é negativa. Os casos diagnosticados nesse estudo demonstram a presença do vírus e a exposição dos equinos aos transmissores da doença em dois municípios do Estado de Alagoas.

P A L A V R A S - C H A V E Cavalos, Raiva, Sistema Nervoso, Clínica, Diagnóstico.

¹ Departamento de Médicina Veterinária UFRPE, Recife-PE;

2 Médico(a) Veterinário(a) Autônomo(a) – AL;

3 Patologista Veterinária – Laboratório Jabour Histopatologia e Necropsia – Maceió-AL;

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Realização de colonostomia em um equino com laceração retal grau IVN.F.O. OLIVEIRA¹; J.V.F. SALES¹; L.R. ANDRADE¹; M.B. PASSOS¹; V.D. MELOTTI¹; C.H.C SAQUETTI.²

A colonostomia é indicado para os casos de lacerações retais em que o reto precisa de re-

pouso absoluto para reparação, como as de grau III e IV. A colonostomia de volta é preferível em relação à colonostomia terminal, isso por ser de mais fácil realização e posterior reversão. Essa cirurgia é preferencialmente realizada com o animal em estação pelo fato de a anatomia ser mantida durante todo o procedimento. É importante que este procedimento seja realizado logo após ocorrida a laceração, para se evitar a contaminação da cavidade peritoneal. Deve-se tomar cuidado para que a abertura do cólon seja grande o suficiente para que não ocorra posterior obstrução, e pequena o suficiente para diminuir o risco de herniação e prolapso. As complicações da colonostomia incluem herniação, auto-mutilação do stoma e atrofia do colon distal. Uma vez que a laceração esteja granulada (14-21 dias), a colonostomia é revertida.

Foi atendido no Hospital veterinário de Grandes Animais da UnB uma égua, mangalarga marchador, 4 anos com laceração retal ocorrida durante a cobertura por um garanhão. Durante a avaliação clínica do animal, através da palpação retal, suspeitou-se que a serosa do reto per-manecia íntegra e optou-se pela realização da colonostomia de volta com o animal em estação. Para a realização da cirurgia o animal foi submetido à sedação e anestesia local e foi realizada uma laparotomia pelo flanco esquerdo para manipulação do cólon menor onde observou-se que a laceração do reto era total (grau IV). Uma abertura de aproximadamente 6 cm de diâme-tro foi feita na transição do flanco para o abdome, imediatamente abaixo das últimas costelas para fixação e abertura do cólon. O segmento fixado estava a pelo menos um metro de distância do reto para facilitar a posterior reversão da cirurgia. A sutura do cólon na pele foi realizada com padrão cushing, sendo utilizado fio polipropileno nº1. Ao final da sutura foi removido a serosa, a muscular e a mucosa da face antimesentérica do cólon menor, comunicando a luz do órgão com o meio externo. No pós-operatório, o animal recebeu Ceftiofur sódico (4,4 mg/kg), uma vez ao dia, durante sete dias, Gentamicina (6,6 mg/kg), uma vez ao dia durante sete dias, heparina sódica (60 UI/kg), três vezes ao dia, durante três dias, flunixin meglumina (1,1 mg/kg) uma vez ao dia, durante quatro dias e dipirona sódica (20 mg/kg), duas vezes ao dia, durante 4 dias. Além disse, foi realizado lavado peritoneal durante três dias. O animal recebeu 500 ml de vaselina líquida, uma vez ao dia, pela sonda nasogástrica, durante o início do tratamento. Foram realizados hemogramas seriados para o acompanhamento da evolução do caso. No terceiro dia de pós-operatório a égua apresentou piora em seu quadro clínico. Na avaliação suspeitou-se de formação de aderência e o animal foi submetido a outra laparotomia exploratória em estação para que parte das aderências pudessem ser desfeitas. 4 dias após a segunda laparotomia o ani-mal apresentou considerável piora em seu estado geral sendo submetido à eutanásia. Durante a necropsia foi observado uma peritonite difusa e múltiplas aderências em diversos segmentos do intestino. A intervenção cirúrgica nos casos de laceração retal grau IV deve ser realizada o mais rapidamente possível após a injúria. Devido a grande distância que o animal se encontrava do centro cirúrgico e a contaminação da cavidade peritoneal com conteúdo fecal foi decisivo para o insucesso da terapia instituída.

P A L A V R A S - C H A V E cólon, colonostomia, laparotomia.

1 Residente no Hospital Escola de Grandes Animais da Universidade de Brasília([email protected])

2 Médico Veterinário Doutor da Polícia Militar do Distrito Federal e Universidade de Brasília

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Reconstrução de períneo em égua à campo: Relato de CasoMatheus Cavalcanti de FARIAS¹, Adelaide Caroline Primo da SILVA¹, Felipe Sales BOUDUX², Cláudio Coutinho BARTOLOMEU³, Marcos Antonio Lemos de OLIVEIRA³, Paulo Fernandes de LIMA³

As lacerações perineais estão entre as injurias do trato reprodutivo caudal mais comum em

éguas, estando geralmente relacionadas ao parto, podendo resultar em pneumovagina, urovagi-na, vaginite, endometrites, com consequente quadro de infertilidade, e em casos graves a morte da fêmea. Com base na extensão da lesão estas são classificas em: Laceração de primeiro grau envolvem somente a mucosa do vestíbulo e a pele da comissura dorsal da vulva; Lacerações de segundo grau que implicam em lesão da mucosa e submucosa vestibular continuando-se com os músculos do corpo perineal, incluindo o músculo constritor da vulva, bem como a mucosa e a pele da vulva e Lacerações de terceiro grau que resultam em ruptura do corpo perineal, es-fíncter anal, assoalho do reto e teto do vestíbulo vaginal, resultando em uma perda tecidual que caracteriza uma abertura anatômica comum entre o reto e o vestíbulo. O diagnóstico clínico é com base na inspeção da região, sendo de fácil estabelecimento. Várias técnicas com ou sem modificações tem sido descritas na literatura para lacerações perineais de terceiro grau, porem todas com o princípio básico da reconstrução de uma divisória entre o reto e o vestíbulo, e a restauração de um corpo perineal funcional por meio de uma plena aposição tecidual com um mínimo de tensão sobre a linha de sutura, para se obter êxito com o tratamento. Objetiva-se com este trabalho relatar um caso de laceração perineal de terceiro grau tratado cirurgicamente a campo. Foi atendido um equino, fêmea, cinco anos de idade, pelagem tordilha. Ao exame clí-nico geral o animal apresentou todos os parâmetros vitais dentro da normalidade, e por meio da inspeção da vulva, vestíbulo e vagina, foi diagnosticada uma laceração perineal de terceiro grau e urovagina. Para se proceder com o tratamento cirúrgico, o animal foi submetido a uma dieta especifica, no pré e pós- operatório, a base de capim verde, com intuito de diminuir a con-sistência do bolo fecal de modo a ficar pastoso. Utilizou-se 0,5 mg/kg de xilazina 10% por via endovenosa como pré-anestésico e 4 mg/kg de cloridrato de lidocaína em solução a 2% sem va-soconstrictor para anestesia epidural caudal baixa. Adicionalmente utilizou-se 30 ml do mesmo anestésico na genitália externa para conseguir uma maior dessensibilização da região abordada. A técnica cirúrgica utilizada foi a de reparo em um estágio, onde duas divisões de tecidos foram criadas, com o flape do tecido retal mais espesso que o flape vestibular. A dissecação continuou até ambos os flapes alcançarem a linha média com uma mínima tensão. A sutura utilizada foi do tipo Götze com fio de monofilamento não absorvível nº 1 e agulha em meio círculo com ponta trifacetada. A mucosa do reto foi preservada com parte dos fios voltados para o vestíbulo para facilitar retirada dos pontos de sutura. A pele do períneo foi fechada com sutura do tipo simples separado com o mesmo tipo de fio. No pós-operatório a égua foi mantida por vinte dias comendo apenas capim verde para as fezes permanecerem com consistência pastosa. O animal foi submetido à antibioticoterapia durante sete dias (Benzilpenicilina G Procaína e G Benzatina 10.000.000 UI, Sulfato de Dihidroestreptomicina 10.500 mg, Piroxicam 1.000 mg em Veículo q.s.p. 100 mL) por via intramuscular profunda sendo utilizado 20000 UI/Kg; flunixina meglumina (1.1 mg/kg BID por via intravenosa) e 5000 UI de soro antitetânico repetindo a dose após quinze dias. Após vinte dias da cirurgia foram retirados os pontos, e o animal teve alta. Observamos que para o sucesso do tratamento pontos chaves como a dieta e o momento de se realizar a cirurgia, devem ser respeitados. Com base neste relato de caso concluí-se que as lacerações perineais constituem uma realidade frequente na clínica cirúrgica de equinos e podem ser tratadas a campo.

P A L A V R A S - C H A V E Cirurgia ginecológica, Equídeos, Laceração perineal e Reprodução.

¹ Graduando do curso de Medicina Veterinária da UFRPE, Recife-PE

2 Mestrando do Programa de Pós Graduação em Ciência Veterinária da UFRPE, Recife-PE

3 Professor Doutor da Área de Reprodução Animal da UFRPE, Recife-PE

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Relato de Caso: Muar com tétano e funiculite após orquiectomiaT.T.R. FARIA¹*; A.C. BORGHESAN²; M.F.H. GONÇALVES³; M.A.P. RIBEIRO³

Foi atendido no HVET da Fundação de Ensino Superior de Bragança Paulista (FESB)-SP,

um animal da espécie muar, sem raça definida, macho, com 2 anos de idade pesando 300kg, com histórico de orquiectomia recente, aproximadamente 20 dias, realizado por prático, com início dos sinais clínicos compatíveis com tétano há 3 dias. Ao exame clínico o animal apre-sentava Frequência Respiratória alterada (70 mov./min.), prolapso de 3° pálpebra, cauda em bandeira, membros pélvicos apoiando em pinça com marcha rígida e orelhas em “tesoura”. Quando submetido a estímulos sonoros ou luminosos observava-se a exacerbação dos sinais clínicos. Apresentava também cordão espermático espessado, de consistência endurecida quan-do palpado, sugestivo de funiculite espermática. O animal apresentava capacidade de ingerir água e de se alimentar. Além disso, embora apresentando espasmos involuntários por todo o corpo, mantinha-se em estação. Pelo histórico e pelos achados de exame clínico fechou-se o diagnóstico final de Tétano, com provável origem em infecção pós-cirúrgica da orquiectomia. O tratamento instituído para a funiculite foi cirúrgico com retirada do foco de infecção. A terapia medicamentosa instituída para o tétano foi realizada do seguinte modo: Soro antitetâ-nico na dose de 120.000 UI no 1° dia, dividindo a dose total entre aplicações subcutânea (SC) e endovenosa (EV); nos dias seguintes utilizou-se o soro antitetânico na dose de 15.000 UI, por via SC, sendo nos primeiros 7 dias realizado a cada 24 horas depois por mais 7 dias a cada 48 horas por via SC, totalizando 15 dias de tratamento; foi utilizado também flunixin meglumine na dose de 1,1 mg/kg, SID, por via Intramuscular (IM) durante 5 dias. Como antibioticoterapia utilizou-se a associação de metronidazol na dose de 15 mg/kg, por via Endovenosa (EV), por 3 dias, e penicilina na dose 60.000 UI por via IM, nos primeiros 7 dias, diminuindo depois para 40.000 UI por mais 7 dias. Foi realizada a imunização através da vacinação para Tétano em dose única durante o tratamento (5° dia de tratamento) e também a aplicação de relaxante muscular (Coltrax®) a cada 72 horas por via IM. O animal também foi mantido em baia escura, longe de ruídos ou quaisquer outros estímulos externos durante todo o tratamento. Após 15 dias de tratamento o animal se mostrava hígido. O tratamento utilizado, nas doses e frequências acima mencionadas se mostraram eficientes para espécie em questão, podendo ser utilizada para o tratamento frequente de tétano.

P A L A V R A S - C H A V E Muar, Tétano, Funiculite, Orquiectomia.

¹ Residente de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, FESB- Bragança Paulista/SP([email protected]);

² Docente do Curso de Medicina Veterinária da FESB- Bragança Paulista/SP;

³ Graduandos do Curso de Medicina Veterinária da FESB-Bragança Paulista/SP

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Relato de Caso: Potra com otite média por Proteus mirabilis e abscesso na base externa do conduto auditivoMatheus Cavalcanti de FARIAS¹, Adelaide Caroline Primo da SILVA¹, Felipe Sales BOUDUX², Cláudio Coutinho BARTOLOMEU³, Marcos Antonio Lemos de OLIVEIRA³, Paulo Fernandes de LIMA³

Foi atendido no HVET da Fundação de ensino Superior de Bragança Paulista (FESB)-SP,

uma potra da raça Mangalarga Marchador, com 4 meses de idade, pesando 100 kg, com histó-rico de otite média recidivante e formação de abscesso na base externa do mesmo conduto auditivo. O animal apresentava ainda lesão do Nervo facial esquerdo, clinicamente notada pela paralisia facial unilateral e úlcera de córnea superficial do mesmo antimero. Por se tratar de um caso crônico e recidivante, optou-se pela ablação total do conduto auditivo (conduto vertical e horizontal) esquerdo e curetagem do abscesso sob Anestesia Geral Inalatória. Optou--se pelo envio do material purulento de aspecto caseoso encontrado no conduto para cultura e antibiograma, isolou-se a bactéria gram negativa Proteus mirabilis. Dentre os antibióticos sensíveis através do antibiograma, optou-se pelo uso pós-operatório de gentamicina, na dose de 6 mg/kg, por via EV, SID, por 7 dias. Utilizou-se também curativo local com pomada à base de neomicina e bandagem compressiva. Para o tratamento da úlcera de córnea utilizou-se colírio a base de tobramicina, 4 vezes ao dia, pomada epitezan® 2 vezes ao dia, colírio com soro autólogo a cada 48 horas, sendo utilizados por 30 dias. Para a lesão do N. facial utilizou-se tratamentos fisioterápicos como: massagem com Reparil gel® durante 20 minutos, 2 vezes ao dia; kinesio Taiping para tonificar alguns músculos mastigatórios e evitar o acumulo de ali-mento do lado lesionado e sessões de Acupuntura. Após 30 dias o animal se mostrava hígido. A Técnica de Ablação total do conduto auditivo embora invasiva foi necessária diante do caráter recidivitante e do potencial patogênico do microorganismo envolvido. A associação de colírio contendo antibiótico e soro autógeno para o tratamento da úlcera de córnea aparece como um tratamento atual e eficiente. Já a pomada Epitezan® utilizada sozinha no período noturno atuou de maneira somatória para resolução da lesão de córnea já que contém aminoácidos e cloranfenicol acelerando o processo de cura da afecção, e principalmente por apresentar ação mais prolongada que os colírios. A utilização de Acupuntura e Kinesio Taiping mostraram-se eficientes para a recuperação da lesão neurológica periférica existente e recuperação da função da musculatura facial. O índice de sucesso desse caso se deveu à associação de diferentes formas de terapia, tanto com intuito de eliminar a origem do problema quanto para corrigir as demais alterações secundárias a ele.

P A L A V R A S - C H A V E otite média, ablação, conduto auditivo.

¹ Residente de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, FESB- Bragança Paulista/SP ([email protected]);

² Docente do Curso de Medicina Veterinária da FESB- Bragança Paulista/SP;

³ Graduando do curso de Medicina Veterinária FESB-Bragança Paulista-SP.

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Ressecção de cólon maior devido à vólvulo em equinoJ.V.F. SALES¹; V.D. MELOTTI¹; L.R. ANDRADE¹; M.B. PASSOS¹; N.F.O. OLIVEIRA¹; C.H.C. SAQUETTI²

Devido às peculiaridades anatômicas no aparelho digestivo dos equinos, uma das prin-

cipais afecções que acometem esta espécie é a síndrome cólica a qual pode ser classificada como: timpanismo, obstrução simples, obstrução estrangulativa, infarto não estrangulante, in-flamação de alças e ulceração.O cólon maior nos equinos é uma parte do intestino grosso de aproximadamente 3,5m de comprimento de grande importância do ponto de vista da digestão microbiana da ingesta e absorção de água e eletrólitos. É fixado na cavidade abdominal apenas pelo ceco e pelo cólon transverso estando predisposto à deslocamentos não estrangulante e estrangulante sendo este último mais associado à vólvulo o qual se manisfestará mais intenso na clínica quanto maior for o grau de rotação. As afecções que envolvem o cólon maior repre-sentam, em média, 28,6% dos casos de cólica em equinos, sendo a taxa de óbito estimada em 40,5%. As obstruções estranguladas representam apenas 7,2% dos casos de cólica, no entanto, a taxa de óbito é alta, representando 71,5% dos casos. Devido ao prognóstico desfavorável a con-duta clinica é quase sempre a eutanásia contudo, técnicas de ressecção e anastomose do cólon maior têm sido desenvolvidas com taxa de sobrevivência de 66%. Dentre as complicações da técnica listam-se: a exposição dificultada e a extensa área a ser retirada e as lesões de isquemia e rápida desvitalização da parede intestinal. Um equino macho, adulto, Quarto de Milha, foi encaminhado ao Hospital Veterinário de Grandes Animais da UnB com síndrome cólica. Na anamnese foi relatado que o animal apresentava sinais de cólica (cavar, rolar) há aproximada-mente dois dias de maneira intermitente. No exame clínico inicial foi observado taquicardia severa (92bpm), taquipnéia (40mpm), desidratação, mucosas oral e ocular hiperêmicas, tem-peratura retal 37,1ºC e leve abaulamento do flanco bilateral. À sondagem nasogástrica revelou pequena quantidade de refluxo, à palpação retal revelou tênias de cólon maior e ceco bem ten-sas assim como distensão moderada do ceco e a paracentese revelou líquido peritoneal turvo de coloração levemente sanguinolenta sendo assim, o animal foi encaminhado à laparotomia exploratória. Após diérese da pele, subcutâneo e linha alba foi desinflado o ceco do animal e foi observado um vólvulo de cólon maior severo visto que o mesmo se encontrava afetado em aproximadamente dois terços, friável e de coloração arroxeada. O vólvulo foi desfeito e o cólon maior foi colocado sobre a mesa de cólon. Foi realizada ressecção do mesmo na altura das flexuras esternal e diafragmática e sutura com o padrão sultan e Cushing com fio absorvível 2. Posteriormente, a cavidade abdominal foi lavada com 10L de soro fisiológico NaCl 0,9%, as vísceras foram reposicionadas, a linha alba suturada com o padrão de sutura Sultan com fio absorvível 2, o subcutâneo foi reduzido com o padrão de sutura Zigue-zague com fio absorví-vel 2.0 e na pele foi realizado o padrão de sutura Simples interrompido com fio inabsorvível 0,6. O animal foi submetido à tratamento pós operatório baseado em gentamicina (6,6mg/kg, IV, SID, sete dias consecutivos), penicilina benzatina (40.000UI,IM, SID, três dias alternados), flunixin meglumine (1,1mg/kg,IV, SID, quatro dias consecutivos), dimetilsulfóxido (0,5g/kg, IV, SID, três dias consecutivos), heparina sódica (60UI/Kg, IM, TID, quatro dias consecutivos) e dipirona sódica (20mg/kg, IV, BID, quatro dias consecutivos). Devido à endotoxemia severa o animal acabou desenvolvendo peritonite sendo realizada lavagem peritoneal durante dois dias. Três dias após a cirurgia o animal começou a apresentar taquicardia intensa, taquipnéia, febre e refluxo enterogástrico espontâneo e fétido. Diagnosticou-se duodeno-jejunite proximal devido provavelmente ao íleo adinâmico que o mesmo apresentava desde o pós-operatório imediato. Foi realizado tratamento para a enterite anterior porém o animal não respondeu vindo à óbito. A necropsia revelou peritonite severa com sinais de endotoxemia e alças de intestino delgado friáveis e de coloração esverdeada confirmando-se assim as suspeitas de peritonite e duode-no-jejunite proximal. Conclui-se que o prognóstico de cólicas causadas por vólvulo de cólon maior severo é desfavorável pela grande endotoxemia que as mesmas carreiam podendo desen-volver quadros de peritonites severas além disso, sua ressecção pode levar à diminuição da di-gestão das fibras e das proteínas e redução da absorção de água resultando em emagrecimento.

P A L A V R A S - C H A V E enterectomia, intestino grosso, obstruções estrangulativas,

¹ Residente no Hospital Escola de Grandes Animais da Universidade de Brasília ([email protected])

² Medico Veterinário Doutor da Policia Militar do Distrito Federal e Universidade de Brasília

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Retorno à reprodução de garanhão mangalarga marchador acometido por habronemose em prepúcio submetido à cirurgia corretiva: Relato de CasoFelipe Morales DALANEZI¹, Endrigo Adonis Braga de ARAUJO¹, Luis Fernando Mercês Chaves SILVA¹, Sidnei Nunes de OLIVEIRA¹, Lorenzo SEGABINAZZI¹, Frederico Ozanam PAPA².

A habronemose cutânea é uma patologia caracterizada pela presença de tecido de gra-

nulação proliferativo, induzido por reação inflamatória local causada pelas larvas do agente etiológico, levando a prurido, granulação, fibrose, úlceras e, muitas vezes, uma lesão incurável. Eosinófilos, células gigantes multinucleadas, grânulos, e, por vezes, as secções transversais das larvas podem ser vistas examinando-se tecido afetado histologicamente. Objetivou-se relatar um caso de habronemose cutânea em prepúcio, cujo animal foi submetido à cirurgia corretiva retornando, em seguida, a reprodução. Um equino da raça Mangalarga Marchador, 15 anos, tordilho, 427,0 Kg, foi atendido no Ambulatório do Setor de Reprodução Animal e Obstetrícia Veterinária da Universidade Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Unesp – Botucatu – SP, com aumento de volume prepucial contendo tecido de granulação, áreas fibrosadas e lesionadas, que ocasionaram o estreitamento do óstio prepucial externo, impedindo a exposição do pênis. À anamnese, o proprietário informou que o quadro evoluiu no período de aproximadamente quatro meses. Ao exame clínico, o animal apresentava-se em bom estado geral, testículos mó-veis, simétricos, sem sensibilidade dolorosa e consistência flácida. O animal foi sedado (2,0mL de Acepromazina) para exame do pênis que foi tracionado pelo óstio, chegando-se a conclu-são da integridade. Para diagnóstico definitivo e conclusão do caso clínico realizou-se biópsia prepucial, sendo visualizado nas lâminas secção de larvas. Para combater as larvas e reduzir o tecido de granulação foi dado início a um tratamento local, com pomada composta de 500g de pomada a base de Digluconato de Clorexidina, 20mL de Dexametasona, 20mL de Dimetilsul-fóxido (DMSO), 12mL de Doramectina e 100g de Organofosforado, além de duas aplicações de 10mL de Ivermectina intramuscular. Após 60 dias do tratamento supracitado realizou-se a cirurgia para retirada de anel fibroso e reconstituição do óstio prepucial externo para exposição do pênis. Efetuou-se a tração do prepúcio, seguida de uma incisão circunscrita distal (caudal à lesão) e uma proximal (cranial à lesão), sendo a porção delimitada entre as duas incisões o tecido a ser removido. Antes da retirada dessa porção, para facilitar a sutura e não ocorrer torção da mucosa prepucial, efetuou-se a colocação de quatro pinças Kocher equidistantes no ponto de união com a pele, sendo uma anterior, duas laterais e uma posterior. Uma terceira incisão longitudinal conectando as duas circunferências foi realizada para facilitar a dissecção. Após a retirada da porção fibrosada as bordas foram unidas e suturadas com pontos tipo Wolf e fio Supramid®. No período pós-operatório o animal foi tratado com Penicilina (30.000 UI/Kg/IM, duas aplicações com intervalo de 72h), Flunixin Meglumine (1,1mg/kg/IV/BID, por 3 dias), além de tratamento local constituído de iodo tópico (10%) e ectoparasiticida-repelente a base de Carbaryl e Cipermetrina. Transcorrido sete dias foram retirados os pontos e inicia-do a realização de ducha bilateral duas vezes ao dia, além de utilização de suspensório para o prepúcio, com o objetivo de controlar o edema gravitacional. Transcorrido 22 dias da cirurgia realizou-se a primeira coleta de sêmen, em manequim, obtendo-se os seguintes parâmetros: vo-lume: 20mL, concentração: 15x106sptz/mL, motilidade total: 40%, motilidade progressiva 20% e espermatozoides rápidos 28% (CASA; HTM-IVOS 12; Hamilton Thorne Research, Beverly, MA, USA). Passados 10 dias da primeira, realizou-se a segunda coleta de sêmen, obtendo-se os parâmetros: volume: 25mL, concentração: 52x106sptz/mL, motilidade total: 56%, motilidade progressiva 25% e espermatozoides ápidos 41%. Sendo assim, com o restabelecimento da saúde e da capacidade reprodutiva o animal teve alta hospitalar. Durante a estação de monta subse-quente obteve-se 4 prenhezes deste garanhão, determinando assim a eficiência do tratamento realizado, por permitir o retorno da capacidade reprodutiva.

P A L A V R A S - C H A V E equino, habronema, correção cirúrgica

¹ Pós-graduandos em Biotecnologia Animal, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Unesp - Botucatu, SP;

² Professor do Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Unesp - Botucatu, SP. E-mail: [email protected]

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Ruptura de ligamento suspensório do boleto em equinoP.R. FIRMINO¹; A.S. ALCOFORADO¹; G.S.L. SOARES¹; E.G. MIRANDA NETO²; D.M. ASSIS²; A.B. SOUSA³.

O aparelho suspensório do boleto tem a função de impedir a extensão exagerada da arti-

culação metacarpofalangeana na sustentação do peso e fase de apoio na locomoção. O apare-lho suspensório é formado pelas seguintes estruturas: ligamento suspensório do boleto (LSB), ossos sesamóides proximais e ligamentos sesamóideos distais. Ruptura ou quebra de alguma dessas estruturas leva a perda da função do aparelho, causando a disfunção flexora e desloca-mento palmaro-distal da articulação metacarpofalangeana. O tratamento preconizado se baseia na imobilização da articulação e controle da dor. Relato de caso: Foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Campina Grande-Campus Patos-PB, um equino, ma-cho, da raça quarto de milha, pesando aproximadamente 450 quilos, com 5 anos de idade. Na anamnese foi relatado que no dia anterior o animal estava em um piquete, e, ao abrir a porteira o animal saiu em alta velocidade, na fuga, saltou um obstáculo semelhante a uma “barreira” formada por pedras e areia, de aproximadamente 1 metro de altura, durante a aterrissagem ao apoiar os membros anteriores o animal sofreu uma queda, sendo observado logo após, um “afundamento” de ambos os boletos dos membros anteriores. No exame físico foi observado dor intensa, sudorese e acentuado edema na região metacárpica palmar nos dois membros anteriores. O animal se apresentava em decúbito lateral e, quando estimulado, conseguia ficar pouco tempo em estação, executando alguns passos com relutância e logo voltando ao de-cúbito. Os parâmetros vitais estavam dentro da normalidade, com exceção de taquicardia. A claudicação de ambos os membros anteriores era evidente e com marcada hiperextensão da articulação metacarpofalangeana que, alguma vezes, chegava a tocar o solo com a sua superfície palmar, dessa forma, a formação ferimentos na pele na região palmar do boleto já se evidencia-va. O animal foi submetido ainda a exames de ultrassom e raios-X. Com os achados do exame clínico e de imagem, foi possível diagnosticar uma ruptura bilateral do ligamento suspensor do boleto. O tratamento se baseou na imobilização da articulação do boleto com a elevação do talão e administração de fenilbutazona (4,4 mg/kg IV a cada 24h) e dexametasona (0,2 mg/kg IV a cada 24 h) durante 7 dias. Inicialmente foi utilizado gesso comum, porém o mesmo não conseguiu suportar o peso do animal. Após 10 dias foi feita uma nova imobilização com gesso sintético a base de fibra de vidro (ScotchcastMR ®), apesar da boa estabilidade do boleto proporcionada por esse material, onde o animal passou a ficar mais tempo em estação, após 15 dias percebeu-se um odor desagradável na lesão, além de escaras de decúbito na articulação do cotovelo e bilateralmente na pelve. Foi retirado o gesso e observou uma ferida com secreção purulenta e tecido necrosado no boleto. A evolução clínica não foi satisfatória, tendo em vista o sofrimento progressivo do animal optou-se pela eutanásia. Na necropsia foi observada a presen-ça de uma grande quantidade de fibras rompidas nos ramos lateral e medial do LSB de ambos os membros anteriores na mesma altura, aproximadamente 3 centímetros distal a bifurcação do ligamento. Apesar das lesões não caracterizarem ruptura total, a gravidade da injúria foi suficiente para desestabilizar a articulação metacarpofalangeana. A terapia recomendada indica uma imobilização por um tempo necessário para a formação de um tecido fibrótico capaz de dar um mínimo de estabilidade para o boleto e assim preservar a vida do animal, objetivo esse não alcançado devido a dor contínua e intensa não controlada pelos antiinflamatórios, forma-ção de ferimentos na região das articulações e das escaras do decúbito. Portanto, a ruptura do LSB é uma patologia de diagnóstico relativamente simples devido sua apresentação clínica, mas de difícil recuperação como destacam vários autores, sobretudo quando a enfermidade ocorre de forma rara acometendo mais de um membro, impossibilitando o animal de distribuir o seu peso no membro contralateral.

P A L A V R A S - C H A V E equino, ligamento, ruptura, boleto, imobilização.

¹ Médico Veterinário, Residente em Clínica e Cirurgia de Grandes Animais da UFCG, Campus de Patos-PB, e-mail: [email protected];

² Médico Veterinário, Hospital Veterinário UFCG, Campus de Patos-PB;

³ Aluno do Curso de Medicina Veterinária, Unidade Acadêmica de Garanhus, UFRPE, Garanhuns, PE.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 122 - setembro/dezembro, 2014

Sarna psoróptica equina - Relato de dois casosVictor Fernando Santana LIMA¹; Gabriela da Cruz PIEDADE¹; Aiala Priscila Conceição SOUZA¹; Vivian Santos OLIVEIRA¹; Paula Gomes RODRIGUES²;César Andrey Galindo OROZCO³;Patrícia Oliveira MEIRA-SANTOS³

Ácaros do gênero Psoroptes são os principais causadores da sarna psoróptica em herbívoros,

acometendo principalmente caprinos, bovinos e ovinos. Os animais parasitados apresentam--se clinicamente debilitados, com alopecia, crostas, prurido, queda na produção/performance, podendo ocorrer óbito. Infestações por Psoroptes spp. na espécie equina (Equus caballus) são escassas na literatura. Inglaterra, Austrália e alguns países da África do Sul e América do Norte relataram casos desta ectoparasitose em equinos. No Brasil, a maioria dos casos foi descrito em alguns estados das regiões Sul e Sudeste. Sendo assim, objetivou-se com este trabalho relatar a ocorrência de sarna psoróptica em dois equinos do estado de Sergipe. Os dois animais (de am-bos os sexos e sem raça definida), procedentes da apreensão realizada pela Polícia Rodoviária Federal, foram examinados no Curral de Apreensão (CA) da prefeitura municipal de Aracaju, Sergipe. Informações pregressas sobre ambiente, alimentação, manejo, vermifugação ou ad-ministração de qualquer medicação nos dois animais eram inexistentes. No CA, o ambiente era arenoso, a alimentação era exclusivamente de ração farelada e capim, havendo equídeos, cães, gatos e aves como contactantes. À avaliação clínica, foram observados carrapatos e sinais clínicos compatíveis com sarna: alopecia, prurido, presença de crostas e caspas, escoriações, se-borreia, anorexia e pelos opacos. Foram verificados, também, gengivite, mucosas hipocoradas, linfadenopatia, feridas no conduto auditivo, secreção nasal e aumento de volume na articula-ção metacarpofalangeana. Ambos os equinos foram submetidos ao raspado cutâneo, sendo o material biológico depositado em tubo coletor umedecido com óleo mineral, identificado e transportado para análise no Laboratório de Parasitologia Veterinária do Departamento de Me-dicina Veterinária da Universidade Federal de Sergipe. A análise foi realizada por microscopia óptica com aumento de até 400 X, após leve maceração com hidróxido de potássio 10%. Ovos e formas adultas de ácaros do gênero Psoroptes foram visualizados. Os resultados obtidos na avaliação clínica, exame clínico e raspado cutâneo levaram ao diagnóstico de Sarna Psoróptica Equina. O presente relato é demonstra a existência de infestação por Psoroptes em equinos no Estado de Sergipe, ampliando assim, a distribuição geográfica dessa parasitose pelo território brasileiro. As alterações macroscópicas associadas ao diagnosticado laboratorial, são ferramen-tas fundamentais para um diagnóstico precoce e sucesso terapêutico nos animais parasitados.

P A L A V R A S - C H A V E ácaros, equinos, raspado cutâneo.

¹ Graduando (a) do curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, Sergipe. E-mail:[email protected]

² Docente do Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Sergipe, Sergipe. E-mail: [email protected]

³ Docente do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Sergipe, Sergipe. E-mail: [email protected]

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 123 - setembro/dezembro, 2014

Síndrome cólica em equino por capim Panicum maximum cv. Tanzânia: relato de casoA. S. ALCOFORADO¹; G. S. L. SOARES ¹; D. M. ASSIS ²; J. M. MEDEIROS ²; E. G. MIRANDA NETO³; D. A. SANTOS JÚNIOR4

A síndrome cólica é uma das enfermidades que mais acometem os equinos, sem distinção

de raça, idade e sexo. As principais causas estão relacionadas ao manejo alimentar incorreto. Na maioria dos casos, os sinais clínicos são bem evidenciados, o que torna fácil reconhecer que o equino apresenta síndrome cólica. Por outro lado, frequentemente há dificuldade de elucidar a etiopatogenia. Este trabalho teve como objetivo relatar um caso de cólica gasosa por capim Panicum maximum cv. Tanzânia, em uma égua, Quarto de Milha, 4 anos, 460Kg, gestante de aproximadamente 6 meses, atendida no Hospital Veterinário-UFCG Patos-PB com histórico de confinamento em baia durante o dia, alimentada com 5Kg de ração concentrada divididos em duas ofertas, um pela manhã e outra à tarde. Após 1,5h da oferta de ração concentrada era disponibilizada forragem constituída de gramínea Pennisetum purpureum picado em máqui-na forrageira. Durante a noite o animal era mantido solto em piquete com acesso a pasto de Panicum maximum cv. Tanzânia e água a vontade. Na anamnese o proprietário relatou que na manhã anterior a condução do animal ao HV, ele notou que o paciente estava apático e que não comeu a ração oferecida diariamente. De tarde apresentou dor, deitando e levantando constantemente, quando foi chamado o MV que sondou a égua, administrou 32L de solução NaCl 0,9% iv e duas aplicações de Flunixim meglumine com intervalo de 3h. Sempre após 2h da aplicação a égua voltava a apresentar dor. Pela manhã, antes de ser conduzida para o HV, foram administrados laxante via sonda e dipirona iv, mas não houve melhora. Pelo exame físico observou-se bom estado nutricional, apatia, desidratação de aproximadamente 8%, mucosas congestas e halos cianóticos na mucosa oral, TEC 4seg, FC 96bpm, FR 36mpm, distensão abdo-minal bilateral com som timpânico à percussão, hipomotilidade no ceco e cólon maior direito. Demais alças intestinais com atonia. Coletou-se líquido peritoneal de coloração rosa-modera-do. Pelos sinais clínicos e falta de sucesso no tratamento anteriormente realizado ainda na pro-priedade, optou-se pelo tratamento cirúrgico após estabilizar o paciente. Foram administrados 32L de Ringer lactato iv. Pela celiotomia exploratória com enterotomia, as anormalidades que mais chamaram atenção foram fibras mal digeridas e muitas bolhas de gás no intestino grosso. Após a cirurgia a égua foi observada em piquete com água a vontade e a pastagem nativa. O tratamento pós-cirurgico foi Flunixim meglumine 1,1 mg/Kg/iv/SID/3 dias, gentamicina 6,6 mg/Kg/iv/SID/7dias, penicilina benzatina 22.000UI/Kg/im/q48h/ 3 aplicações, soro antitetâni-co 5.000UI/ dose única, suplemento vit/min/aminoácidos/pro e prebiótico 8 g/vo/SID/7dias, Ringer lactato 10L/iv/3 dias, contendo 50 ml de gluconato de cálcio 10%. A égua se recuperou sem intercorrências, ficando claro que o MV deve juntar os resultados dos exames físico e complementares para optar pelo tratamento correto ou encaminhar o mais rápido possível se o tratamento necessário for cirúrgico ou em caso de dúvida, a fim de otimizar o prognóstico e as chances de sucesso.

P A L A V R A S - C H A V E Equino, Cólica gasosa, Panicum maximum.

¹ Médico(a) Veterinário(a) – Residente - HV/UFCG/CSTR - Campus de Patos-PB, Av. Universitária,s/n, Santa Cecília, Cep: 58708-110, Patos-PB. E-mail: [email protected];

² Médico(a)Veterinário(a) - HV/UFCG/CSTR;

³ Médico(a)Veterinário(a) - Professor(a) – HV/UAMV/CSTR/UFCG;

4 Mestrando -PPGMV/CSTR/UFCG.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 124 - setembro/dezembro, 2014

Síndrome cólica por evisceração de flexura esternal - Relato de CasoPollyanna Cordeiro SOUTO¹; Jorge Henrique Magalhães COSTA¹; Jefferson Ayrton Leite de Oliveira CRUZ1; Alexandre Cruz DANTAS¹, Janaina Azevedo GUIMARÃES¹; Beatriz Berlinck DUTRA VAZ¹

A evisceração tem como característica a saída de vísceras de uma cavidade para fora do cor-

po, ficando essas em contato com o ambiente externo. Pode ser decorrente de uma deiscência de ferida operatória ou por ferida traumática. O diagnóstico é simples e o prognóstico varia de reservado a ruim. O presente relato refere-se à ocorrência de evisceração da flexura esternal com estrangulamento, em uma égua da raça Mangalarga Machador, 6 anos, que teve o abdômen perfurado na região crânio ventral direita, por uma estaca de cerca. Segundo o proprietário, a égua se feriu ao tentar pular a cerca, quando então ficou presa a estaca. Ao se retirar a estaca foi possível observar uma ferida com exposição de intestino. Relatou ainda que tentou colocar a víscera para dentro e, como não conseguiu, decidiu encaminhar o animal ao Hospital Veteriná-rio da UFRPE. No exame físico o paciente apresentava-se inquieto, com mímica de dor intensa, taquicardia, taquipnéia, mucosas congestas e a flexura esternal exteriorizada apresentando com-prometimento circulatório. Após o exame físico foi constatada a inviabilidade do tratamento devido à gravidade do quadro apresentado pelo animal e, assim, optou-se pela eutanásia. Pela necropsia foi observado que no antímero direito na área crânio ventral do abdômen, havia uma ferida perfuro contusa medindo cerca de 20 cm de diâmetro, com reação inflamatória nas bor-das. Por esta estava presente à flexura esternal, a qual se encontrava suja de areia, com coloração vermelha escura e edemaciada. A cavidade abdominal apresentava volume aumentado do líqui-do peritoneal de coloração avermelhada. O segmento esquerdo do cólon ventral apresentava-se com coloração arroxeada e com os vasos sanguíneos ingurgitados. A flexura esternal, pela área lesionada da parede abdominal, foi exteriorizada ao ambiente o que ocasionou contaminação e caracterizou a evisceração. As chances de recuperação foram consideradas mínimas por se tratar de lesões graves, desvitalização tissular, espécie sensível a peritonite e tempo prolongado de exposição visceral. Estas situações devem ser consideradas como emergência e o tratamento cirúrgico deve ser realizado o mais rápido possível.

P A L A V R A S - C H A V E equino, abdômen agudo

1 Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Dom Manuel de Medeiros Gonçalves s/n, Dois Irmãos, Recife-PE, CEP 52171-900.

Autor para correspondência: [email protected]

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 125 - setembro/dezembro, 2014

Tetano em equino – Relato de CasoM. ARRIVABENE¹; T. V. CAVALCANTE¹; F. R. ALVES², T. N. COSTA³; C.A. NEVES4; P.M.V. SOUSA4

O tétano é uma doença infecciosa grave que pode levar à morte, é causada por neuro-

toxinas produzidas pelo Clostridium tetani. A bactéria é introduzida nos tecidos através de ferimentos, em ambiente anaeróbio, se prolifera e produz neurotoxinas, posteriormente ocorre liberação das neurotoxinas tetanolisina, tetanospasmina e toxina não-espasmogênica, desenca-deando a doença. O período de incubação varia de uma a várias semanas, mas em média é de 10 a 14 dias, o diagnóstico é realizado pelo exame clínico e dados epidemiológicos, os sintomas são contraturas espasmódicas e tônicas dos músculos, febre alta, orelhas eretas “orelhas em te-soura”, a cauda rígida e estendida “cauda em bandeira”, narinas dilatadas e a terceira pálpebra prolapsada, a marcha torna-se difícil, podendo cair após estímulos, a rigidez da musculatura dos membros faz com que o animal assuma postura de “cavalo de pau” com os membros estira-dos e abertos, constipação e retenção urinária são comuns. O presente trabalho relata um caso de tétano em um equino, fêmea, raça Quarto de Milha, atendido no Rancho SM em Teresina – PI, o animal sofreu uma lesão por chifre de boi na fronte, realizada sutura por um leigo, não foi administrado nenhuma medicação e posteriormente só curativos com repelente, cinco dias após a lesão, foi a decúbito, com dificuldade respiratória, apático, com a musculatura enrijecida, momentos de apatia intercalados com espasmos, fronte edemaciada, nistagmo, FR=60mpm, FC=44bpm, TR=38,9°C, TPC=2seg, mucosas normocoradas, movimentos intestinais diminuí-dos, orelhas em tesoura e cauda em bandeira. Diagnóstico de Tétano, realizado tratamento à base de: 100mL de Dimetilsulfóxido diluídos em 1 litro de solução de glicose 5%/ EV/24-24ho-ras/7aplicações, 10000 UI de soro antitetânico via IM, antibiótico à base Penicilina benzati-na e procaína 80.000UI/kg/IM/24-24horas/7aplicações, 1,1 mg/kg de Flunixin meglumine via EV/24-24 horas/7aplicações, 10 mg de Triclorometiazida, 0,5mg de Dexametazona via IM/24-24 horas/3 aplicações, Fluidoterapia à base de Solução de Ringer com Lactato associado a 60ml de antitóxico durante todo o tratamento, retirado os pontos do ferimento e feita limpeza com H2O2 10v, aplicação de pomada cicatrizante e repelente diariamente até completa cicatrização, o animal levantou-se, com postura típica de tétano, voltando a decúbito após uma hora, res-pondendo a estimulo auditivo e luminoso; mantido em ambiente protegido de luz e som, após 24 horas levantou-se em postura de cavalete, inquieto, sem visualização, movimentação a esmo, orelha em tesoura, cauda em bandeira, tentando alimentar-se, sem deglutição, não defecou, uri-nou pouco e andar cambaleante. Oito dias após inicio do tratamento o animal não apresentava sintomatologia de tétano, retornando todos os parâmetros à normalidade ficando em obser-vação por mais 10 dias, recebendo alta. Concluímos que a falta de atendimento emergencial pode gerar várias complicações, entre elas o tétano, e que o tratamento descrito na literatura é eficaz desde que seja realizado no inicio da afecção.

P A L A V R A S - C H A V E espasmos, músculo, equídeos, Clostridium tetani.

¹ Departamento de Clinica e Cirurgia Veterinária – Centro de Ciências Agrárias (CCA) – Universidade Federal do Piauí (UFPI);

² Departamento de Morfofisiologia Veterinária – Centro de Ciências Agrárias (CCA) – Universidade Federal do Piauí (UFPI);

³ Médica Veterinária Liberal;

4 Graduanda Curso de Medicina Veterinária/CCA/UFPI

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 126 - setembro/dezembro, 2014

Tétano em potro com persistência de úracoG.S.L. SOARES¹; A.S. ALCOFORADO¹; D.A. SANTO JUNIOR²; E.G. MIRANDA NETO³; J.M. MEDEIROS³

Tétano é uma doença infecciosa, caracterizada pela rigidez muscular e morte causada por

parada respiratória. Exotoxinas produzidas pelo Clostridium tetani são as responsáveis pela causa da doença. O C. tetani é uma bactéria anaeróbia que está presente no trato intestinal dos herbívoros e no solo. A doença ocorre em todo o mundo e atinge todas as espécies de animas de interesse zootécnico. A infecção ocorre geralmente através de uma porta de entrada que pode ser uma ferida perfuro-cortante, procedimentos cirúrgicos como a castração e o corte de cauda, aplicação de medicamentos parenterais e em animais neonatos através da infecção umbilical. Os sinais clínicos consistem em rigidez muscular, tremor, trismo mandibular, prolapso da ter-ceira pálpebra, orelhas eretas, postura de cavalete, calda em bandeira, espasmos musculares e, dificuldade de deglutição. O diagnóstico de tétano é realizado através do histórico do animal juntamente com os sinais clínicos característicos, geralmente os exames clínico-laboratoriais são inconclusivos para o diagnóstico definitivo da doença e há ausência de lesões post mor-tem. O tratamento visa promover o relaxamento muscular, eliminar a bactéria produtora da toxina, neutralizar a toxina, manter a hidratação e a nutrição do animal, garantir um ambiente tranquilo e uma cama macia, além dos cuidados de enfermagem necessários. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de tétano em um potro, oriundo do município do Congo, localizado no Cariri do Estado da Paraíba. Um equino macho, com 18 dias de vida, mestiço, foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Campina Grande. O animal era mantido junto à mãe, sua alimentação era exclusivamente leite materno. O proprietário relatou que há aproximadamente quatro dias o animal cai no chão e não conseguia levantar sozinho e quando colocado em estação apresentava dificuldade para caminhar e andar rígido. Foi relatado tam-bém que após o nascimento o mesmo teve uma inflamação do umbigo que foi tratada com repelente em spray. Ao exame clínico observou-se que o animal apresentava-se em decúbito lateral permanente, levantando-se apenas com ajuda, protrusão de terceira pálpebra, orelhas eriçadas, calda em bandeira, hipermetria, rigidez do pescoço, posição de cavalete e dificuldade de deglutição com refluxo do leite pelas narinas. Na inspeção do umbigo constatou-se cordão umbilical espessado com presença de pequena quantidade de secreção purulenta e drenando urina. Diante dos achados clínicos e da anamnese, chegou-se ao diagnóstico de tétano, possi-velmente associado a um quadro de infecção do cordão umbilical e a persistência de úraco. Foi instituída terapia antimicrobiana com benzilpenicilinaprocaína (40.000 UI/kg, IM, três aplica-ções a cada 24 horas) seguida de duas aplicações de benzilpenicilinabenzatinacom intervalo de 48 horas, soro antitetânico (15.000 UI, IM, dose única), acepromazina (0,05 mg/kg, IV, a cada 8 horas), reposição hidroeletrolítica diariamente e administração de 25 mg de permanganato de potássio diluído em 500mL de solução cloreto de sódio a 0,9% a cada 24 horas. Além dis-so, foi realizada a limpeza do umbigo com solução fisiológica, clorexidin degermante e água oxigenada. A doença começou a se manifestar num intervalo de uma a duas semanas após a infecção do umbigo o que está de acordo com a literatura. O diagnóstico definitivo de tétano foi estabelecido de acordo com os sinais clínicos característicos da doença, sem a necessidade de exames complementares, como relatam os livros. O animal começou a apresentar melhora ime-diatamente após o início do tratamento e após 15 dias recebeu alta hospitalar o mesmo ocorreu com búfalos no estado do Pará que tiveram tétano após aplicação de vacina intramuscular com agulhas contaminadas. O tratamento realizado seguiu o sugerido pela literatura, obtendo-se um bom resultado. Com este relato conclui-se que infecções umbilicais podem ser a causa do tétano em potros neonatos.

P A L A V R A S - C H A V E equino, Clostridium tetani, Umbigo.

¹ Médico Veterinário, Residente em Clínica e Cirurgia de Grandes Animais da UFCG, Campus de Patos-PB,E-mail: [email protected];

² Médico Veterinário, Mestrando em Medicina Veterinária pelo Programa de Pós Graduação em Medicina Veterinária da UFCG, Campus de Patos-PB;

³ Médico Veterinário, Hospital Veterinário UFCG, Campus de Patos-PB

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 127 - setembro/dezembro, 2014

Torção de jejuno e compactação de íleo em equino quarto de milha vaquejada – Relato de CasoD.A. SANTOS JÚNIOR¹; D. M. ASSIS²; J. M. MEDEIROS²; E.G. MIRANDA NETO²; A.S. ALCOFORADO³; G. S. L. SOARES³.

A etiologia da síndrome cólica é múltipla e controversa. Em alguns animais a causa pode

ser evidente, como na sobrecarga de grãos ou por obstrução por corpo estranho, mas muitas ve-zes a determinação do fator desencadeante torna-se impossível para o clínico. As compactações formam-se preferencialmente em locais onde ocorre diminuição do diâmetro intestinal como por exemplo flexura pélvica e transição do cólon dorsal direito para o cólon transverso e podem ocorrer próximo a esfíncteres como o íleo-cecal e ceco-cólico. Objetivou-se relatar um caso de um equino que deu entrada no Hospital Veterinário (HV) da Universidade Federal de Campi-na Grande (UFCG), Campus de Patos-PB, macho, 4 anos, 470 Kg, criado em regime intensivo (embaiado), alimentado a base de concentrado comercial (6Kg em 3 porções diárias) + capim elefante (Pennisetum purpureum) picado, água de rio e sal mineral próprio para equinos ad libitum. Na anamnese, a queixa principal era que o animal teria sofrido um acidente durante uma prova de vaquejada, onde levou uma chifrada de boi na região das costelas e encontrava-se edemaciado, até então esse era o problema encontrado. Ao exame clínico foi constatado ruptu-ra da musculatura no 9° espaço intercostal e o tratamento local foi instituído: 15 minutos de gelo, massagem com Ekyflogyl® e meloxicam IV, 0,6 mg/Kg, SID, durante 10 dias. O animal ficou interno no HV para observação, recebendo feno de Tifton (Cynodon spp.) e água ad libitum. No sexto dia de tratamento o paciente foi encontrado na baia com sintomatologia característica da síndrome cólica, sendo examinado pela equipe técnica e encaminhado para o setor de cirurgia. À cirurgia, foi observado distensão gasosa moderada de ceco, jejuno e íleo. No íleo foi observado compactação e aneurisma na porção íleo-cecal de aproximadamente 4 cm de diâmetro e diminuição da motilidade. Foi observado torção de jejuno, ainda sem comprome-timento de alças, sendo desfeita a torção e seu conteúdo ordenhado para o ceco desfazendo a compactação ileal. No pós-operatório, foi instituída a antibioticoterapia: penicilina benzatina IM (20.000 UI/Kg a cada 48 horas em 4 aplicações); gentamicina IV (4 mg/Kg, SID, por 5 dias). Terapia antiinflamatória: Flunixin meglumine IV (1.1 mg/Kg, SID, durante 3 dias). Foi realiza-da profilaxia antitetânica e tratamento de suporte adicionado de solução de borogluconato de cálcio IV (100ml diluído em solução fisiológica, durante 3 dias). O paciente ficou interno até a retirada dos pontos. A exata etiopatogenia da formação das compactações permanece incerta. Alterações de manejo e dieta, alterações da motilidade do trato gastrointestinal, forragem com alto teor de lignina, acesso restrito a água, paralisia das terminações nervosas, alterações odon-tológicas, alterações climáticas, a restrição do exercício, assim como o confinamento abrupto podem predispor a formação das compactações. As alterações do manejo e o fornecimento de alimentação adequada são essenciais para o sucesso do tratamento, portanto, restrição alimen-tar, até a resolução do quadro clínico, fornecimento de água fresca à vontade, alimentação com forragem de qualidade no período de convalescença, devem ser realizados. O controle da dor durante o atendimento inicial, bem como durante o período de internamento /tratamento, é essencial para impedir que o animal se machuque durante quadros agudos de dor e promovem um bem estar ao animal durante o período de tratamento.

P A L A V R A S - C H A V E torção, compactação, íleo, jejuno, cólica

¹ Médico Veterinário, Mestrando do Programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária (PPGMV) da UFCG, Campus de Patos-PB; E-mail do autor: [email protected]

² Médico Veterinário, Hospital Veterinário UFCG, Campus de Patos-PB;

³ Médico Veterinário, Residente em Clínica e Cirurgia de Grandes Animais da UFCG, Campus de Patos-PB.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 128 - setembro/dezembro, 2014

Tratamento cirúrgico à campo de úraco persistente: Relato de CasoNatália Matos Souza AZEVEDO¹*, Márlon de Vasconcelos AZEVEDO¹, José Carlos Ferreira da SILVA², Paulo Fernandes de LIMA³, Marcos Antônio Lemos de OLIVEIRA³, Hélio Cordeiro MANSO FILHO4

O úraco é um pequeno canal que corre junto aos vasos umbilicais, cuja finalidade é a de

eliminar a urina fetal para a cavidade alantoideana, formando o líquido alantoide. A persis-tência ou não-regressão do conduto urinário fetal, que em condições normais se oblitera logo após o nascimento, possibilita a eliminação da urina através do umbigo. A urina escorre gota a gota pelo coto umbilical, que em sua base está sensível, quente e úmido. Ocasionalmente, a afecção regride espontaneamente após alguns dias, no entanto, deve-se iniciar o tratamento imediatamente, aplicando-se tintura de iodo entre 2 e 5% ou nitrato de prata a 1% em torno do anel umbilical, uma vez ao dia. Porém, o paciente deve ser monitorado frequentemente, pois se houver alterações de frequência cardíaca, respiratória, congestão de mucosas, apatia e outros sinais indicativos de septicemia deve-se intervir, de imediato, cirurgicamente. Foi aten-dido, um potro de 5 dias de vida apresentando sintomatologia de úraco persistente. Ao exame clínico observou-se gotejamento de urina pelo umbigo, congestão de mucosas e sinais de dor, sendo indicado tratamento cirúrgico. A cirurgia foi realizada a campo, sedando-se o animal com xilazina a 10% na dose de 0,5 mg/kg. Após 15 minutos foi feita a indução com 2,0 mg/kg de quetamina a 10% associada a 0,5 mg/kg de diazepan. Posteriormente a indução, realizou-se a manutenção anestésica através da infusão tripla de EGG a 5% associada com xilazina a 10% e quetamina a 10% com o dobro da dose de indução. Realizou-se a tricotomia da região abdo-minal ventral, rigorosa antissepsia cirúrgica com o uso de iodo degermante, iodo povidine e álcool a 70%. Com o auxílio de um bisturi foi realizada incisão de pele e subcutâneo e a linha Alba foi incidida com uma tesoura para acesso da cavidade abdominal. Após a identificação do trígono vesical foi realizada a sutura do úraco, fechando a comunicação ùraco/umbigo, com fio cat-gut 2-0. Posteriormente, suturou-se a linha Alba com fio de naylon de 50 mm, subcutâneo com fio cat-gut 2-0 e pele com fio de naylon 2-0. O tratamento pós-operatório consistiu na ad-ministração intramuscular de 30.000 UI/Kg pencicilina benzatina, 1 vez ao dia por 7 dias, 6,6 mg/kg gentamicina, via intramuscular, 1 vez ao dia por 5 dias, flunixin meglumine 1,1mg/kg, 1 vez ao dia por 5 dias e soro antitetânico em dose única. Para o tratamento da ferida cirúrgica foi prescrito limpeza, 2 vezes ao dia, com solução de iodo povidine a 5%, pomada antibiótica e bandagem. Após a cirurgia observou-se que o animal urinava apenas pelo pênis e sete dias do pós-operatório, os pontos encontravam-se íntegros, sem secreção e sujidades. Quinze dias após a cirurgia, retiraram-se os pontos e o animal recebeu alta. O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico, existindo controvérsias na literatura quanto a essas opções. O conservativo, segundo alguns autores, coloca em risco a vida do animal, haja vista que a urina na cavidade abdominal pode culminar com um quadro de septicemia e o paciente vir a óbito rapidamente, caso o mesmo não esteja sendo monitorado, razão pela qual se optou pelo tratamento cirúrgico. Com esse relato é possível sugerir que a cirurgia de úraco persistente pode ser realizada com sucesso a campo.

P A L A V R A S - C H A V E neonatologia, cirurgia, úraco patente.

¹ Doutorando do Programa de Pós Graduação em Ciência Veterinária da UFRPE, Recife-PE

2 Graduando do Curso de Medicina Veterinária da UFRPE, Recife-PE

³ Professor Orientador da Área de Reprodução Animal da UFRPE, Recife-PE

4 Núcleo de Pesquisa Equina, Departamento de Zootecnia, UFRPE, Recife-PE

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 129 - setembro/dezembro, 2014

Tratamento cirúrgico a campo em equino portador de laceração do tendão extensor digital comum - Relato de CasoRenato A. OLIVEIRA¹*, Marcos D. DUARTE², José Alcides S. SILVEIRA², Tatiane T. ALBERNAZ² E Natalia S. SILVA³

A ruptura do tendão do extensor digital comum (TEDC) é relativamente frequente em

equinos. Os acidentes por arame liso constituem as causas da maior parte dos casos, sendo que a laceração geralmente ocorre entre o boleto e o carpo. O histórico e os sinais clínicos, como incapacidade de estender o boleto e “emboletamento”, facilitam a definição do diagnóstico. No caso de secção dos tendões extensores, recomenda-se a intervenção cirúrgica. Foi atendido no município de Castanhal - PA, um equino, macho, raça Árabe, 3 anos. O animal mantido em piquete cercado por arame liso foi encontrado apresentando uma ferida lacerada na face dorsal do membro torácico direito, na área entre o boleto e o carpo. Durante a locomoção, o animal apresentava incapacidade de estender o boleto, mantendo as articulações distais em flexão. Pelo exame físico o animal mostrava-se ativo, mucosas rosadas, TPC = 1seg, TR e turgor cutâneo normais, FC e FR aumentadas. Pela inspeção pormenorizada da lesão observou-se a ruptura do TEDC. Decidiu-se pela intervenção cirúrgica a campo. Realizou-se pré-anestesia com cloridrato de acepromazina 1% (0,1mg/kg/iv) + midazolan (0,1mg/kg/iv) e após 15 min. quetaminaa 10% (2,0mg/kg/iv). A manutenção anestésica foi feita com quetamina 10% (1mg/kg/iv), sendo rea-lizada anestesia local com cloridrato de lidocaína 2% SVC. Após tricotomia, a ferida foi lavada e higienizada com soro fisiológico e iodopovidona 0,1% durante 5 minutos. Incidiu-se a pele e o paratendão no trajeto do TEDC seccionado, aproximando adequadamente as extremidades. Para a união dos cotos tendíneos empregou-se o padrão de sutura “locking-loop”, utilizando-se fio náilon monofilamentar 0.60mm. A pele foi suturada em padrão simples separado utilizan-do-se fio náilon monofilamentar 0.30mm. Durante o período pós-cirúrgico administrou-se pe-nicilina (20.000 UI/Kg/im/SID/5dias); Flunixin meglumine (1,1mg/Kg/iv/SID/3dias). A ferida cirúrgica foi limpa diariamente com solução de iodopovidona 0,1%, recoberta com pomada de nitrofurazona e protegida por bandagem de gaze, algodão, atadura e esparadrapo. Além do que se utilizou uma liga de descanso no membro. O animal foi mantido em baia com cama de ma-ravalha por 90 dias, com dieta de 40kg/dia de capim Tangola (Branchiaria mutica x Branchiaria arrecta). Após esse período começou a ser solto em piquete durante algumas horas durante o dia. Após cinco meses apresentou movimentação normal. Se o diagnóstico for precoce e de-pendendo da gravidade da lesão, o prognóstico pode ser favorável, mesmo com procedimento cirúrgico realizado a campo.

P A L A V R A S - C H A V E Equino, tendão, ruptura, cirurgia a campo.

¹ Graduando de Medicina Veterinária. Universidade Federal do Pará (UFPA) - Campus: Castanhal. Email: [email protected]

² Médico Veterinário da Universidade Federal do Pará (UFPA) - Campus: Castanhal.

³ Professora da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 130 - setembro/dezembro, 2014

Tratamento cirúrgico de harpejamento clássico em equino - Relato de CasoJorge Tiburcio Barbosa de LIMA¹, Antônio Fernando Amorim FARIAS¹, Luiz Carlos Fontes BAPTISTA FILHO².

O harpejamento é uma condição que acomete equídeos caracterizado clinicamente pela

flexão exagerada e involuntária do jarrete quando o animal se movimenta, podendo acometer um ou ambos os membros. A enfermidade pode ser dividida em duas formas: harpejamento clássico, quando a condição persiste em envolver apenas um dos membros e tem causa ain-da desconhecida e o harpejamento Australiano ou bilateral, que envolve os dois membros, ocorrendo em surtos, geralmente de resolução espontânea e causada quando os animais são expostos a grandes quantidades de plantas tóxicas, como Taraxarum officinale, Malva parviflora e Hypochaeris radiata. O efeito patológico se inicia na axonopatia dos nervos periféricos longos, provocando atrofia muscular neurogênica, afetando em maior frequência as fibras do tipo 2. A fisiopatologia da hiperflexão ainda permanece desconhecida, a teoria mais aceita é que os mús-culos extensores debilitados pela ação são sobrepujados pelos flexores do membro acometido, que são minimamente afetados. O presente trabalho tem como objetivo relatar um caso de tratamento cirúrgico para harpejamento clássico em equino. Uma égua, Quarto-de-Milha, com cinco anos de idade, destinada à reprodução foi encaminhada a Clínica de Equinos Dr. Fernan-do Farias- CEFF, logo após o proprietário perceber alteração na passada do membro pélvico esquerdo. No exame clínico, observou-se a flexão súbita do membro ao caminhar, bem caracte-rístico, sendo definindo o diagnóstico como harpejamento clássico. Como essa forma não tem causa definida, a cirurgia é o tratamento de eleição, uma vez que a recuperação espontânea é incomum. Assim sendo, foi instituída a retirada do tendão e parte do músculo extensor digital lateral. A técnica cirúrgica utilizada foi com animal em estação, a sedação foi com Detomidina 0,005 mg/kg associada a anestesia local com cloridrato de lidocaína a 2%. Foram realizadas duas incisões, uma sobre o músculo extensor digital lateral logo acima do jarrete e outra na porção distal do tendão, sendo o tendão seccionado na incisão distal e tracionado através da incisão proximal, retirando-se o tendão com parte do músculo. Em seguida os locais de incisão foram suturados utilizando padrão Wolff e aplicada uma bandagem sobre o local. O animal apresentou melhora no andamento logo após a cirurgia e apresentou-se sem complicações pós--cirúrgicas, voltando a caminhar normalmente após três semanas. Com a melhora do animal, ele voltou a ser introduzido no plantel para ser utilizado com fins reprodutivos, visto que não há evidências de fatores genéticos envolvidos. O tratamento cirúrgico para o harpejamento é uma opção que se mostra como principal forma de resolução da enfermidade, embora sua recuperação possa ser prolongada e algumas vezes não ter o êxito desejado

P A L A V R A S - C H A V E Claudicação; cirurgia; cavalo; flexão; jarrete.

¹ Médico Veterinário da Clínica de Equinos Dr. Fernando Farias- CEFF, Caruaru/PE

² Professor da Unidade Acadêmica de Garanhuns/Universidade Federal Rural de Pernambuco

e-mail: [email protected]

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 131 - setembro/dezembro, 2014

Tratamento cirúrgico a campo em equino portador de laceração do tendão extensor digital comum - Relato de CasoRenato A. OLIVEIRA¹*, Marcos D. DUARTE², José Alcides S. SILVEIRA², Tatiane T. ALBERNAZ² E Natalia S. SILVA³

A ruptura do tendão do extensor digital comum (TEDC) é relativamente frequente em

equinos. Os acidentes por arame liso constituem as causas da maior parte dos casos, sendo que a laceração geralmente ocorre entre o boleto e o carpo. O histórico e os sinais clínicos, como incapacidade de estender o boleto e “emboletamento”, facilitam a definição do diagnóstico. No caso de secção dos tendões extensores, recomenda-se a intervenção cirúrgica. Foi atendido no município de Castanhal - PA, um equino, macho, raça Árabe, 3 anos. O animal mantido em piquete cercado por arame liso foi encontrado apresentando uma ferida lacerada na face dorsal do membro torácico direito, na área entre o boleto e o carpo. Durante a locomoção, o animal apresentava incapacidade de estender o boleto, mantendo as articulações distais em flexão. Pelo exame físico o animal mostrava-se ativo, mucosas rosadas, TPC = 1seg, TR e turgor cutâneo normais, FC e FR aumentadas. Pela inspeção pormenorizada da lesão observou-se a ruptura do TEDC. Decidiu-se pela intervenção cirúrgica a campo. Realizou-se pré-anestesia com cloridrato de acepromazina 1% (0,1mg/kg/iv) + midazolan (0,1mg/kg/iv) e após 15 min. quetaminaa 10% (2,0mg/kg/iv). A manutenção anestésica foi feita com quetamina 10% (1mg/kg/iv), sendo rea-lizada anestesia local com cloridrato de lidocaína 2% SVC. Após tricotomia, a ferida foi lavada e higienizada com soro fisiológico e iodopovidona 0,1% durante 5 minutos. Incidiu-se a pele e o paratendão no trajeto do TEDC seccionado, aproximando adequadamente as extremidades. Para a união dos cotos tendíneos empregou-se o padrão de sutura “locking-loop”, utilizando-se fio náilon monofilamentar 0.60mm. A pele foi suturada em padrão simples separado utilizan-do-se fio náilon monofilamentar 0.30mm. Durante o período pós-cirúrgico administrou-se pe-nicilina (20.000 UI/Kg/im/SID/5dias); Flunixin meglumine (1,1mg/Kg/iv/SID/3dias). A ferida cirúrgica foi limpa diariamente com solução de iodopovidona 0,1%, recoberta com pomada de nitrofurazona e protegida por bandagem de gaze, algodão, atadura e esparadrapo. Além do que se utilizou uma liga de descanso no membro. O animal foi mantido em baia com cama de ma-ravalha por 90 dias, com dieta de 40kg/dia de capim Tangola (Branchiaria mutica x Branchiaria arrecta). Após esse período começou a ser solto em piquete durante algumas horas durante o dia. Após cinco meses apresentou movimentação normal. Se o diagnóstico for precoce e de-pendendo da gravidade da lesão, o prognóstico pode ser favorável, mesmo com procedimento cirúrgico realizado a campo.

P A L A V R A S - C H A V E Equino, tendão, ruptura, cirurgia a campo.

¹ Graduando de Medicina Veterinária. Universidade Federal do Pará (UFPA) - Campus: Castanhal. Email: [email protected]

² Médico Veterinário da Universidade Federal do Pará (UFPA) - Campus: Castanhal.

³ Professora da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 132 - setembro/dezembro, 2014

Tratamento de desmite do ligamento supraespinhoso em equino por meio de aplicações de plasma rico em plaquetas (PRP)João Fillipe Carvalho da SILVA ¹; Jéssica de Souza FREITAS¹; Daian Santos RIBEIRO¹; Maria Amélia Fernandes FIGUEIREDO².

Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), um

cavalo mestiço de Mangalarga Marchador, de passeio, com cinco anos de idade, com queixa de sensibilidade na região do dorso de evolução crônica. Ao exame em dinâmica não foi observada claudicação, mas ao exame físico o equino respondia à palpação da coluna com hiperextensão da região dorsal. Ao exame ultrassonográfico foi diagnosticadadesmite do ligamento supraespi-nhoso, entre as vértebras T7-T8 e T18-L1. Optou-se então pelo tratamento com Plasma Rico em Plaquetas (PRP) intralesional. Foram utilizadas duasinjeções de PRP em cada ponto de lesão, guiadas por ultrassom, no volume de 2 mL, com intervalo de 15 dias entre as aplicações. O pro-tocolo para o preparo do PRP utilizoudupla centrifugação com força relativa (FCR) de 200g por 5 minutos e uma segunda centrifugação com FCR de 300g por 10 minutos, obtendo-se um PRP com concentração média de 370 x 103 plaquetas por microlitro. O equino permaneceu em repouso com exercícios leves por 70 dias. Após este período, o exame ultrassonográfico mostrou ecogenicidade normal, indicando recuperação completa da lesão localizada entre T7-T8 e apenas uma discreta região hipoecóica no ligamento entre a T18-L1. Ao exame físico, equino não manifesta reação dolorosa à pressão sobre a região. Conclui-se que o tratamento com PRP na concentração de 370 x 103 plaquetas por microlitro foi eficaz no tratamento da desmitecrônica do ligamento supraespinhoso no equino.

P A L A V R A S - C H A V E Desmite; PRP; Ligamento Supraespinhoso; Equino.

¹ Discente do curso de Medicina Veterinária, Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais/UESC;

² Docente do curso de Medicina Veterinária, Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais/ UESC

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 133 - setembro/dezembro, 2014

Trombectomia jugular em um cavalo – Relato de CasoClarissa Bastos de Oliveira FELICIANA¹, Monalisa Lukascek de CASTRO², Jéssica Rodrigues da SILVA³, Fernando Zanlorenzi BASSO³, Ivan DECONTO4, Peterson Triches DORNBUSCH4

A trombose da veia jugular é um problema frequente na medicina equina, sendo a trombo-

flebite e a laminite as doenças vasculares de maior ocorrência. A tromboflebite pode ser séptica ou asséptica e sua principal causa é iatrogênica, resultante do uso prolongado de cateteres veno-sos ou injeções intravenosas. Os principais sinais clínicos são enrijecimento do segmento veno-so acometido, dor variável e aumento de temperatura local. Em casos agudos e bilaterais ocorre drástica redução do retorno sanguíneo da cabeça e o animal apresenta edema de face, língua, faringe, laringe e região parotídea, podendo haver dificuldade respiratória, letargia e depressão. Em casos mais severos ocorre obstrução completa da veia pela formação de coágulos, sendo assim, o fluxo sanguíneo poderá ser restaurado pela circulação colateral ou pela recanalização a longo prazo. O diagnóstico é baseado no histórico de administrações sucessivas de medicamen-tos intravenosos, nos sinais clínicos e na ausência do fluxo venoso avaliado por exame ultrasso-nográfico. O tratamento é baseado no uso de pomadas antitrombóticas, aplicações de heparina via subcutânea e antiinflamatórios não esteroidais. Nos casos onde o trombo obstruiu grande parte do lúmen venoso, pode-se realizar trombectomia com auxílio do cateter de Fogarty. Um cavalo, de cinco anos de idade, Crioulo, com histórico de aplicações sucessivas de fenilbutazona intravenosa apresentava febre persistente e edema de cabeça, membros e abdome, apatia, mu-cosa oral congesta e tempo de preenchimento capilar aumentado. Foi realizada ultrassonogra-fia da veia jugular esquerda, onde visualizou-se imagem com hiperecogenicidade obstruindo completamente seu fluxo, desde a porção do triângulo de Viborg, até cerca de dez centímetros antes da entrada do tórax. Os achados ultrassonográficos sugeriram obstrução venosa por trom-bo. O tratamento de escolha foi a intervenção cirúrgica realizada com o animal em estação, sob sedação e anestesia local, com infiltração de lidocaína 2% na pele e subcutâneo da região a ser incisada. Realizou-se duas incisões de pele para ter acesso a jugular esquerda seguidas de interrupção do fluxo venoso com o auxílio de dois fios de algodão nos limites cranial e caudal ao trombo. Pela incisão na porção caudal da jugular foi introduzida uma sonda endotraqueal tamanho 6mm no lúmen vascular e insuflação do balonete fazendo o papel de uma sonda de Fogarty. A sonda endotraqueal foi retirada e a pressão exercida pelo balão facilitou o carrea-mento do trombo para fora da veia. O procedimento foi encerrado após venorrafia e sutura de pele. A terapia pós-operatória instituída incluiu antinflamatórios, ácido acetilsalicílico como inibidor de agregação plaquetária, antibióticos de largo espectro, protetor gástrico e antitrom-bótico, por via subcutânea e tópica, sendo o tratamento tópico realizado através de massagens locais com pomada a base de cumarina. Foram realizados curativos diários até a cicatrização das feridas cirúrgicas e alta do animal. A curetagem realizada neste animal mostrou-se eficaz para remoção dos trombos maiores, porém, o fluxo da jugular ficou parcialmente comprometido.

P A L A V R A S - C H A V E Equino; trombo; coágulo

1 Acadêmica da Faculdade Evangélica do Paraná – FEPAR;

2 Pós Graduanda em Ciências Veterinárias na UFPR;

3 Residentes de Clínica Médica e Cirúrgica de Grandes Animais da UFPR;

4 Professores do Departamento de Medicina Veterinária da UFPR.

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 134 - setembro/dezembro, 2014

Úlcera corneana em melting em equinos: Relato de CasoNatália Matos Souza AZEVEDO¹, Márlon de Vasconcelos AZEVEDO¹, José Carlos Ferreira da SILVA², Paulo Fernandes de LIMA³, Marcos Antônio Lemos de OLIVEIRA³, Hélio Cordeiro MANSO FILHO4

As úlceras corneanas estão entre as afecções oculares mais comuns em equinos e não é

raro, resultar em perda da visão. Clinicamente, o animal apresenta epífora, blefaroespasmo, fotofobia, congestão de conjuntivas e opacidade da córnea. A dissolução corneal ou melting manifesta-se como uma opacidade cinza e gelatinosa na região periférica ou axial da córnea. As úlceras de córnea são classificadas conforme sua profundidade em superficial, profunda ou descemetocele. As superficiais degeneram o epitélio, as profundas chegam ao estroma podendo levar ou a não a liquefação, as quais são denominadas de úlcera em melting. O diagnóstico é realizado através do uso dos corantes vitais fluoresceína e rosa bengala que, quando positivos, indicam, respectivamente, perda do epitélio seguido ou não de perda do estroma corneal e instabilidade do filme lacrimal sobre a córnea. Existem várias opções de tratamento descritos na literatura com várias medicações e diferentes intervalos de aplicação entre eles e o que irá determinar sua utilização é a gravidade da lesão. Comparativamente, às pesquisas na área de oftalmologia equina nos Estados Unidos e na Europa estão mais avançadas que no Brasil, onde existem poucos profissionais nesta área, tornando a literatura nacional escassa quanto a ocor-rência e alternativas no tratamento da enfermidade. Portanto, objetiva-se relatar um caso de um equino com ulceração corneana em melting tratado clinicamente. Foi atendido um macho com 3 anos de idade, pelagem baia amarilha, apresentando, segundo o proprietário, uma gosma branca no olho. Foi realizado bloqueio do nervo aurículo-palpebral para facilitar o exame clí-nico com 5 ml de lidocaína sem vasoconstrictor a 2% e sedação com xilazina a 10% na dose de 1mg/kg via endovenosa. Ao exame clínico, observou-se blefaroespasmo, congestão de mucosa, fotofobia, lacrimejamento e liquefação do epitélio estromal (melting). Ao utilizar o colírio de fluoresceína foi possível perceber a úlcera em melting. Foi prescrito o Flunixin meglumine na dose de 1,1mg/kg, via intramuscular, 1 vez ao dia por 7 dias. Como tratamento tópico utilizou--se 2 gotas do colírio de tobramicina como agente antibacteriano, 2 gotas de soro autólogopois possui fatores de crescimento, fibronectina e vitaminas, especialmente a vitamina A e 2 gotas de diclofenaco sódico colírio,apenas nos primeiros 5 dias. Todos os colírios, com exceção da atro-pina, foram utilizados com intervalo de 2 horas por 5 dias. A atropina 1% foi utilizada 1 gota, 1 vez ao dia. A dilatação pupilar protege o eixo visual da oclusão e minimiza o desenvolvimento de sinéquias. O relaxamento dos músculos ciliares elimina o espasmo ciliar, responsável por causar dor. Nas pálpebras passava-se nistatina pomada. Após os 5 primeiros dias aumentou-se o intervalo de aplicação das medicações tópicas passando a ser utilizadas com intervalos de 3, 4 e 6 horas a cada 7 dias. Após os 5 primeiros dias de tratamento observou-se que o animal não apresentava blefaroespeamo, epífora e congestão das mucosas. Nos 10 primeiros dias verificou--se neovascularização da úlcera indicando processo cicatricial e diminuição da úlcera. Depois de 3 semanas, a úlcera já havia reduzido de tamanho, não sendo mais possível cora-la com a fluoresceína. Para diminuir a cicatriz foi prescrito colírio de dexametasona 3 vezes ao dia por 10 dias. O resultado desse relato permite concluir que a úlcera de córnea é uma emergência ve-terinária que deve ser tratada de forma intensiva e que a associação entre as medicações citadas foi eficaz para o tratamento.

P A L A V R A S - C H A V E oftalmologia, equinos, úlcera.

¹ Doutorando do Programa de Pós Graduação em Ciência Veterinária da UFRPE, Recife-PE

2 Graduando do Curso de Medicina Veterinária da UFRPE, Recife-PE

3 Professor Orientador da Área de Reprodução Animal da UFRPE, Recife-PE

4 Núcleo de Pesquisa Equina, Departamento de Zootecnia, UFRPE, Recife-PE

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 135 - setembro/dezembro, 2014

Uso da artroscopia para retirada de fragmento ósseo do terceiro osso carpiano, em cavalo quarto de milha de vaquejada - Relato de CasoC. MEDRADO¹; C.O. FLORENCE¹; U.C. GRAÇA FILHO¹; L.E.V. LEITE; G.A¹. CASTRO FILHO; C.C. SIQUEIRA¹

A técnica da artroscopia é um método cirúrgico endoscópico, minimamente invasivo, que

tem como objetivo visualizar o interior das articulações, por meio de um sistema visual de len-tes com fonte luminosa, contribuindo para o diagnóstico e tratamento de afecções traumáticas e degenerativas intrarticulares. Cavalos de vaquejada estão sujeitos a uma grande variedade de lesões musculoesqueléticas devido ao esforço físico repetitivo em treinamentos e competições. A hiperextensão do carpo durante a corrida é a causa do estresse mecânico nos ossos e ligamen-tos que compõe esta articulação, e resultam em fraturas carpianas e outras lesões intraarticula-res. Um equino macho, de 07 anos, da raça quarto de milha, em rotina diária de treinamento para vaquejada, deu entrada no Hospital de Equinos CLINILAB em 18/08/2014, com relato de trauma e queixa de claudicação do membro anterior esquerdo, e foi encaminhado para realiza-ção de diagnóstico e tratamento. A inspeção em deambulação o animal demonstrou um grau de claudicação II, segundo a classificação da AAEP, sem qualquer outra alteração visível nos exames de inspeção e palpação do membro. O teste de flexão do carpo resultou na intensifica-ção da claudicação para grau IV. No exame ultrassonográfico do carpo foi evidenciado um frag-mento ósseo deslocado do terceiro osso carpiano. No estudo radiológico digital, observou-se, na projeção skyline da fileira distal do carpo um fragmento em lasca na articulação carpome-tacarpiana, oriundo de fratura no terceiro osso cárpico. Foi realizado um bloqueio anestésico intrarticular com 10 mL de lidocaína na articulação intercárpica para confirmação da origem da dor, o que resultou na normalização da deambulação do animal. Foi realizado procedimento cirúrgico por artroscopia para retirada do fragmento utilizando-se acesso clássico sob aneste-sia geral inalatória e em decúbito dorsal. Utilizou-se radiografias digitais durante o momento transcirúrgico, a fim de confirmar a retirada total do fragmento ósseo. No pós-operatório, o animal não apresentou nenhum aumento de volume ou claudicação, os pontos foram retirados com 14 dias e o paciente teve alta do hospital encaminhado a propriedade, orientado repouso e retornar aos treinamentos com seis semanas após o procedimento. A cirurgia artroscopica contribui no diagnóstico e tratamento de lesões osteocondrais dos ossos do carpo de forma efetiva e minimamente invasiva, facilitando a recuperação do animal e o retorno mais rápido ao esporte. Estudos futuros são necessários para avaliar a incidência das patologias carpianas em animais de vaquejada de alta exigência física, bem como a mensuração de taxas de recuperação satisfatórias e resultados em sua vida desportiva.

P A L A V R A S - C H A V E Artroscopia, vaquejada, fratura carpiana, claudicação.

1 Hospital de Equinos CLINILAB

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 136 - setembro/dezembro, 2014

Uso do PRP na terapêutica da tendinite do tendão flexor digital superficial, em cavalo paint horse de vaquejada – Relato de CasoG. A. CASTRO FILHO¹; C.O. FLORENCE¹; U.C. GRAÇA FILHO¹; L.E.V. LEITE¹; C.C. SIQUEIRA¹

O PRP é um derivado de sangue total que contém até cinco vezes os níveis séricos fisio-

lógicos de plaquetas. Trata-se de uma forma de obtenção de fatores de crescimento autógenos que atuam na reparação tecidual devido à ação mitogênica, quimiotática e neovascular. O uso do PRP no tratamento em lesões tendíneas tem sido proposto como uma alternativa terapêu-tica econômica e eficiente. O objetivo deste tratamento é reduzir o tempo de cicatrização e a possibilidade de recidivas, situação comum nas tendinites tratadas com terapêuticas conven-cionais. Um equino macho, 09 anos, da raça Paint Horse, em rotina diária de treinamento para vaquejada, deu entrada no Hospital de Equinos CLINILAB em abril de 2012, relatando trauma no membro posterior esquerdo, seguido de claudicação. O animal apresentava edema na face plantar do metatarso e claudicação grau III, segundo a AAEP. Realizada a avaliação clínica e ultrassonográfica, diagnosticou–se lesão intratendinea no tendão flexor digital superficial, apre-sentando no sonograma uma área de imagem anecoica na avaliação transversal do tendão com perda do paralelismo das fibras colágenas na sua avaliação longitudinal. A terapêutica instituí-da foi a infiltração de PRP na lesão tendínea. O protocolo de obtenção do PRP utilizado con-sistiu na coleta de sangue em tubos de citrato de sódio com duas centrifugações consecutivas a 900 e 1800 RPM a 10 e 3 minutos respectivamente. O PRP obtido apresentou concentração de 450 mil plaquetas por microlitro. O procedimento foi realizado com animal em estação, sob sedação com xilazina a 10% e bloqueio dos seis pontos altos, sendo a aplicação guiada por ul-trassom. Nos dias subsequentes ao tratamento foi instituído repouso, antinflamatório sistêmico (fenilbutazona na dose de 4.4 mg/kg, SID, durante cinco dias), ducha de 10 minutos duas vezes ao dia, seguida de massagem com pomada a base de dimetilsulfóxido, dexametasona e lidocaí-na. O animal em questão teve alta após 30 dias de internação, sendo recomendados repouso e afastamento desportivo temporário. Foram realizadas novas avaliações a cada 30 dias, notando progressivamente uma efetiva redução na área lesionada e realinhamento de fibras colágenas. Após 120 dias da infiltração com o PRP, o animal foi liberado para voltar aos treinamentos de forma gradativa e permanece em plena atividade atlética, sem histórico de recidivas até o pre-sente momento. O uso do PRP constitui uma alternativa terapêutica que em estudos recentes comprovou propiciar menor intensidade de variáveis clínicas (edema e dor à palpação), maior conforto para o animal, maior redução da área da lesão e melhor organização tecidual.

P A L A V R A S - C H A V E oftalmologia, equinos, úlcera.

¹ Hospital de Equinos CLINILAB , Salvador/BA

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Uso tópico de óleo de côco na cicatrização de ferida em equinoHortência Campos MAZZO¹, Cícero Ferreira de OLIVEIRA², Jackellyne Laís Ferreira LINS³, Pierre Barnabé ESCODRO4, Juliana de Oliveira BERNARDO5

Os ferimentos de pele representam uma das mais frequentes ocorrências na clínica de

equídeos, principalmente feridas localizadas nos membros. Feridas localizadas nas extremida-des distais possuem maior importância devido as complicações inerentes a região, como a falta de tecido de revestimento, a má circulação, uma maior predisposição a contaminação e conse-quente infecção. O objetivo desse trabalho foi demonstrar a eficiência da utilização do óleo de côco no tratamento de ferida em equino. Um equino macho, da raça Mangalarga Machador, 5 anos, 350 Kg, foi atendido no ambulatório do Grupo de Pesquisa e Extensão em Equídeos da Universidade Federal de Alagoas (GRUPEQUI-UFAL). O animal apresentava uma ferida trau-mática lacerativa exsudativa na face caudo-lateral do terço distal do rádio com 18 centímetros de comprimento e 12 centímetros de largura. Realizou-se a limpeza e tricotomia do local e divulsionou-se a pele para limpeza das bordas da ferida. Os músculos acometidos pela laceração foram: flexor digital profundo, flexor digital superficial, flexor radial do carpo, flexor ulnar do carpo e extensor digital lateral. Realizou-se a sutura dos músculos envolvidos na lesão, porém após 24 horas houve deiscência dos pontos. Sendo assim, optou-se pela cicatrização por segun-da intenção com o uso experimental da aplicação tópica do óleo de côco. Os curativos locais eram realizados duas vezes ao dia com a limpeza da ferida comliquido de Dakin e aplicação tó-pica do óleo de côco extra virgem por toda a extensão da lesão e em seguida a proteção da ferida por bandagem. Foi instuída antibioticoterapia a base de bezilpenicilina benzatina (20.000 UI/kg/IM/72h/5aplicações) e enrofloxacina (5mg/kg/IV/24h/6dias) e terapia antinflamatória com cetoprofeno (2mg/kg/IM/24h/5dias). Para evitar a granulação exuberante, utilizou-se também o óleo de côco com sulfato de cobre. Após 15 dias, observou-se boa cicatrização da ferida, for-mação de tecido de granulação, dimunição do exsudato e considerável redução de sua extensão. Após este período, o tratamento local foi realizado por mais 65 dias apresentando excelente organização do tecido conjuntivo e redução de sua extensão para 10cm de comprimento por 0,5cm de largura. Conclui-se que, o óleo de côco extra virgem revelou um efeito benéfico na cicatrização de feridas de equinos, por ser uma alternativa de fácil aplicação e baixo custo pode ser considerada em tratamento de feridas cutâneas com bons resultados pode ser considerada a sua utilização na rotina.

P A L A V R A S - C H A V E Cavalo. Óleo de côco. Ferida. Tratamento

¹ Discente do Curso de Medicina Veterinária-UESC;

² Médico Veterinário Instituto Veterinário Tec –Animal, Alagoas;

³ Discente do Curso de Medicina Veterinária-UFAL;

4 Professor de Clínica Médica e Cirúrgica de Equídeos da Universidade Federal de Alagoas (UFAL);

5 Mestranda do Departamento de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária – FMVZ – UNESP/BOTUCATU-SP;

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Uso do Imiquimode Creme 5% no tratamento de placa aural equina: Avaliação clínica e molecularL.S. ZAKIA¹; R.M. BASSO¹; G. OLIVO¹; A.S. BORGES¹; J.P. OLIVEIRA-FILHO¹*

A placa aural é uma doença cosmopolita que causa desconforto aos animais e prejuízos aos

proprietários. Sete tipos de Equus caballus papillomavirus (EcPV) foram identificados, sendo quatro associados à placa aural, EcPV 3, 4, 5 e 6. Apesar das lesões não regredirem espontanea-mente, um estudo prévio demonstrou sucesso no tratamento de placas aurais com imiquimode creme 5%. Contudo, este estudo foi realizado previamente à associação dos EcPVs com a placa aural equina, sendo assim, estudos que verifiquem a presença do DNA viral após o tratamento ainda não foram realizados. O objetivo desse estudo foi avaliar a eficácia clínica do tratamento da placa aural com imiquimode creme 5% e verificar a presença do DNA dos EcPV 3, 4, 5 e 6 por PCR antes e após três meses do término do tratamento. Quatro animais infectados natu-ralmente com placas aurais unilaterais (n = 2) ou bilaterais (n = 2) foram utilizados no estudo. Um total de seis orelhas com lesões foram submetidas ao tratamento tópico com imiquimode creme 5% sobre a região do pavilhão auricular interno em dias alternados até a cura clínica das lesões. Os animais foram avaliados clinicamente 90 (M90) e 180 (M180) dias após o final do tratamento. O DNA foi extraído de biópsias das lesões colhidas com punch (0,6 cm) antes do início do tratamento e três meses após o final do tratamento (M90). A PCR previamente padronizada utilizou o DNA, GoTaq® Green Master Mix e primers específicos para cada um dos quatro EcPVs associados à placa aural. Durante o tratamento verificou-se presença de dor, calor, rubor e exsudação, que se iniciavam entre a quarta e quinta aplicações, sendo necessária a sedação dos animais para a continuação do tratamento. O tratamento foi suspenso quando veri-ficou-se remissão total das lesões clínicas, sendo em média necessárias 12,5 (8 - 20) aplicações do imiquimode para se obter a cura clínica das lesões. Previamente ao início do tratamento o DNA do EcPV 3 e 4 foi detectado em 3 (75%) e 4 (100%) animais, respectivamente. Quando avaliou--se a detecção dos vírus em relação ao número de orelhas (n = 6), observou-se que o EcPV 4 foi detectado em todas as orelhas avaliadas. Enquanto que, o DNA do EcPV 3 foi detectado em três orelhas, sendo em uma das orelhas de um animal com lesões bilaterais e nas orelhas dos dois animais com lesão unilateral. O DNA EcPV 5 e 6 não foi detectado em nenhuma das lesões. Nenhum sinal de recidiva foi observado no M90 ou M180 e não foi detectado DNA viral nas orelhas dos quatro animais no M90. O tratamento proposto proporcionou a cura clínica das lesões de placa aural e o DNA dos EcPVs avaliados não foi mais detectado 90 dias após o final do tratamento, logo pode-se concluir que ele é eficiente. Devido aos sinais inflamatórios locais, sugere-se que sejam realizadas inicialmente 12 aplicações do produto e caso haja sinais de reci-diva retomar o tratamento. Como não houve casos de recidiva e nem a detecção de DNA viral após três meses do término do tratamento, este é um período confiável para atestar a cura da enfermidade. Contudo, não se pode garantir que o tratamento confira imunidade a uma nova infecção viral e, consequentemente, uma nova ocorrência da doença.

P A L A V R A S - C H A V E dermatologia, papilomavírus, placa aural, imiquimod, PCR.

A G R A D E C I M E N T O S à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, processos 13/13973-7 e 13/15995-8.

¹ Laboratório de Biologia Molecular da Clínica Veterinária da FMVZ / Unesp, Botucatu.

*Autor para correspondência: [email protected]

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Utilização da técnica de Göetze para reparação da laceração perineal de terceiro grau em uma égua quarto de milhaCícero Ferreira de OLIVEIRA¹, Pierre Barnabé ESCODRO², Juliana de Oliveira BERNARDO³, Nereu Carlos PRESTES4

As afecções traumáticas reprodutivas constituem um dos maiores desafios para os médicos

veterinários no campo. As lacerações perineais ocorrem comumente em éguas primíparas e com maior frequência nas de temperamento nervoso. As lacerações de terceiro grau resultam em ruptura do corpo perineal, esfíncter anal, assoalho do reto e a porção superior da mucosa vaginal. Reparos imediatos das lacerações de terceiro grau devem somente ser considerados se forem executadas com menos de 12 horas de evolução e houver chances de sucesso mediante avaliação clínica. Numerosas técnicas com ou sem modificações tem sido descritas, mas todas com o princípio básico da reconstrução de uma divisória entre o reto e a vagina, e a restauração de um corpo perineal funcional. Göetze, em 1929, foi o primeiro a descrever o reparo cirúrgico de laceração perineal de terceiro grau em égua, sendo esta técnica realizada em apenas um está-gio, diferentemente de AANES (1964) que desenvolveu uma modificação da técnica, realizando em dois estágios, aguardando a completa cicatrização entre a primeira e segunda etapa, sendo mais preconizado atualmente. Este relato tem como objetivo descrever o caso de uma égua com laceração perineal de terceiro grau onde optou-se pela realização da cirurgia através da técnica de Göetze. Uma égua da raça Quarto de Milha, 3 anos, 420 Kg, primípara, foi atendida três horas após o parto em uma propriedade no interior do Estado de Alagoas apresentan-do laceração perineal com 23 centímetros de extensão, o que caracterizou-se por laceração de terceiro grau, optando-se pelo procedimento em uma única etapa. O animal foi tranquiliza-do com acepromazina 1% (0,05 mg/kg) e xilazina 10% (0,5mg/kg) e mantido em tronco de contenção. Realizou-se anestesia epidural caudal no primeiro espaço intercoccígeo (Co1-Co2) com associação de 80mg cloridrato de lidocaína 2% e 100mg de cloridrato de tramadol. Após a divulsão do tecido, foram criadas duas divisões, um flap do tecido retal e um flap da mucosa vaginal com aproximadamente 5 centímetros de extensão. Utilizando-se nylon monofilamen-tar nº 2, a sutura realizada foi do tipo Donatti modificado aproximando-se as bordas cruentas da ferida cirúrgica. Passou-se primeiro pelo flap vestibular esquerdo, após a submucosa do flap retal esquerdo, a submucosa do flap retal direito, emergindo no vestíbulo através do flap vestibular direito, retornando pela mucosa do mesmo flap para atravessar o flap esquerdo no sentido submucosa-mucosa. Cada ponto foi tracionado para promover a justaposição do tecido cruento da mucosa retal e uma eversão da mucosa vaginal divulsionada. Os fios de sutura foram deixados longos para facilitar a remoção. Foi instituída antibioticoterapia a base de penicilina benzatina (20.000 UI/kg/3 aplicações com intervalo de 72 horas) e gentamicina (6,6 mg/kg/7 dias) e terapia antinflamatória com flunixin meglumine (1,1 mg/kg/5 dias). A alimentação instituída no trans e pós-operatório foi a base de Cynodon dactylon (capim Tifton). Foram realizados curativos locais até a retirada dos pontos, que ocorreu após 14 dias da cirurgia. Um mês após a reparação, foi realizada a episioplastia com a técnica de Caslick para evitar possível pneumovagina, conforme citado por TURNER e McILWRAITH (1989). O animal apresentou boa recuperação e após 3 meses foi submetida a colheita de embriões, com resultado positivo. Podemos concluir que a reconstrução da laceração perineal de terceiro grau pode ser realizada em apenas uma etapa sem sequelas reprodutivas futuras ao animal e a chance de sucesso desta técnica está relacionada com a precocidade na intervenção cirúrgica, com os cuidados no pós--operatório e a importância da instituição de uma dieta que facilite o trânsito intestinal para não pressionar a síntese da ferida cirúrgica.

P A L A V R A S - C H A V E Equino, Parto, Reparação Perineal, Complicações.

¹ Médico Veterinário Instituto Veterinário Tec –Animal, Alagoas;

² Professor de Clínica Médica e Cirúrgica de Equídeos da Universidade Federal de Alagoas (UFAL);

³ Mestranda do Departamento de Cirurgia e Anestesiologia Veterinária – FMVZ – UNESP/BOTUCATU-SP;

4 Professor Adjunto do Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária – FMVZ – UNESP/BOTUCATU-SP;

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 140 - setembro/dezembro, 2014

Utilização de células tronco para o tratamento de ruptura do ligamento colateral medial longo em equino – Relato de CasoKarla Adrielen do NASCIMENTO¹, Débora Mirelly Sobral da SILVA¹, Andreza Rodrigues VIANA¹, Wagner Ferreira de SOUZA¹, Antônio Fernando Amorim FARIAS²

Os ligamentos são estruturas especializadas que ligam os ossos entre si, sendo constituídos

por fibras colágenas ordenadas em feixes paralelos e compactos, permitindo estabilidade arti-cular. A principal função dos ligamentos é prevenir movimentos exacerbados ou anormais. O ligamento colateral medial longo é superficial, surge na região caudal do maléolo medial da tíbia, tornando-se mais largo distalmente, está inserido na tuberosidade distal do talo, no se-gundo e terceiro ossos metatársicos e na superfície dos ossos társicos distais aos quais recobre. Os ligamentos colaterais longos estão tensos na extensão da articulação, enquanto que os curtos na flexão. A ruptura do ligamento colateral medial longo é pouco comum, podendo ocorrer devido a pressão lateral intensa na região. Quando afetado, o animal apresenta claudicação grave ao passo, enquanto que a tumefação é localizada. Quando não tratada adequadamente, o prognóstico é desfavorável. O diagnóstico de ruptura do ligamento colateral medial longo pode ser facilmente confirmado através de radiografia e ultrassonografia. Como opção de trata-mento, observa-se que a utilização de células troncomesenquimais (CTM) parece ser bastante eficaz, podendo ser extraída da medula óssea, sangue do cordão umbilical, sangue periférico, tecido adiposo, matriz do cordão umbilical e líquido amniótico. O objetivo deste trabalho foi relatar o uso de CTM em ruptura de ligamento colateral medial longo. Um equino de esporte (vaquejada), raça quarto de milha, macho, 420 kg,7 anos, atendido na clínica de equinos Dr. Fernando Farias (CEFF), Caruaru, Pernambuco, com histórico de claudicação devido a lesão durante a prática do esporte. Ao exame físico, observou-se deformidade angular do membro posterior direito, imediatamente caudal a articulação do jarrete e claudicação grau 4. O diag-nóstico foi de ruptura do ligamento colateral medial longo. Inicialmente o animal foi mantido em baia e seu membro imobilizado com bandagem compressiva. Para controle da dor utilizou--se fenilbutazona (4,4 mg/kg , IV). Como terapêutica definitiva, optou-se por tratamento com células tronco, obtidas através de tecido adiposo. A colheita de material foi realizada na região do músculo glúteo dorsal, próximo a base da cauda, onde previamente realizou-se tricotomia, antissepsia e bloqueio anestésico local, as amostras foram devidamente acondicionadas e en-caminhadas a laboratório especializado para procedimento de isolamento e cultura de células tronco. A aplicação das CTM foi realizada através de infiltração guiada por ultrassonografia exatamente no ponto da ruptura ligamentar. A aplicação foi realizada dez dias após a ocorrên-cia da lesão. O animal foi avaliado 45 dias após a aplicação de CTM e retirada a imobilização, onde observou-se estabilidade da articulação e ausência de claudicação. Em nova avaliação por ultrassonografia, após 60 dias da aplicação, notou-se processo ativo de regeneração da estrutura do ligamento e mostrava manutenção da melhora clínica inicial. Conclui-se que a utilização de CTM obtidas de tecido adiposo, teve resultado satisfatório para tratamento da ruptura do ligamento colateral medial longo, proporcionando regeneração satisfatória da estrutura, assim permitindo a deambulação fisiológica do animal. Porém, será necessária nova avaliação para que o paciente possa retornar as atividades esportivas.

P A L A V R A S - C H A V E Ligamento, células tronco, ruptura, claudicação.

¹Graduando em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Rural de Pernambuco, Unidade Acadêmica de Garanhuns; ² Graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. Especialista em Clínica e Cirurgia de Equino – Universidade de Jaguariuna (EMBRAPEC).

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 141 - setembro/dezembro, 2014

Utilização de plasma rico em plaquetas (PRP) no tratamento de ruptura total dos tendões extensores em equino: relato de casoAna Carla Garcia de OLIVEIRA¹; Renan Silva de CARVALHO²; Matheus Spala SORTE¹; Alvaro De Paula Lage de OLIVEIRA³; Marcel Ferreira Bastos AVANZA4; Odael SPADETO JR5

O PRP (Plasma Rico em Plaquetas) é um derivado do sangue adquirido através do mate-

rial colhido do próprio animal, podendo conter entre três a cinco vezes mais plaquetas que os níveis fisiológicos que, nos eqüinos, podem variar entre 100.000 e 350.000 plaquetas.µL-1. O mesmo é obtido através de uma, ou até mesmo duas, centrifugações de 200-2000g, durante 3-5 minutos. A alta concentração de plaquetas é o responsável pela reparação e cicatrização dos te-cidos, possibilitando uma recuperação mais rápida e tecidos mais resistentes; Por nesse método ser utilizado o sangue do próprio animal, não corre risco de reações alérgicas, além de ser uma técnica fácil e pouco invasiva. Tendões costumam ter cicatrização lenta e, muitas das vezes, por uma diminuição da elasticidade tendínea no local da lesão, o que pode vir a causar recidivas, levando então, o animal, a ter sua carreira abreviada ou até mesmo encerrada por consequên-cia da mesma. O objetivo deste trabalho é relatar a utilização de plasma rico em plaquetas no tratamento de ruptura total do tendão extensor comum do membro torácico esquerdo de um equino, castrado, da raça quarto de milha, de quatro anos de idade que foi atendido no Hospital Veterinário “Prof. Ricardo Alexandre Hippler” da UVV, com histórico de acidente traumático contra veículo automotivo na região proximal do metacarpo esquerdo. No exame clinico, o animal apresentava claudicação de grau quatro com flexão intermitente, onde a face dorsal da falange proximal encontrava-se em contato com o solo (“Emboletamento”) e ruptura total dos tendões extensores, digital comum e lateral, registrada pelo exame ultrassonográfico. O trata-mento instituído foi à aplicação de PRP intralesional, por duas vezes, com intervalo de 30 dias e imobilização com tala confeccionada com gesso sintético na face palmar do membro durante 30 dias. O animal foi acompanhado durante esse tempo, sendo observado melhora significativa na extensão do membro quando colocado o animal para caminhar. Conclui-se então que, o tratamento conservador associado à terapia celular, pode ser uma opção acertada em casos de lesões tendíneas.

P A L A V R A S - C H A V E Cavalo. Cicatrização. Tendão.

¹ Discente em medicina veterinária, Universidade Vila Velha; (UVV)[email protected]

² Residente em clínica, cirurgia e anestesiologia de grandes animais, Universidade Vila Velha; (UVV);

³ Mestre em ciência animal pela UVV, pesquisador voluntário do laboratório de células tronco e terapia celular – LCET;

4 Docente em Medicina Veterinária, Universidade Vila Velha; (UVV), doutorando em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Viçosa; (UFV);

5 Docente em Medicina Veterinária, Universidade Vila Velha (UVV), doutorando ciência animal, Universidade Federal de Minas Gerais; (UFMG)

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 142 - setembro/dezembro, 2014

Valores do RDW-CV e RDW-SD em jumentos nordestinos (Equus africanus asinus)Gisele Barbosa da SILVA², Mayran Barbosa RAMOS², Armele Karina da Silva RODRIGUES², Telga Lucena Alves Craveiro de ALMEIDA², Helena Emília Cavalcanti da Costa Cordeiro MANSO1,2, Hélio Cordeiro MANSO FILHO1,2

Ainda há poucos dados hematológicos relativos aos asininos, principalmente nas raças bra-

sileiras. Sabe-se que existem dois índices hematológicos novos que avaliam a variação de tama-nho das hemácias por meio de automação, são eles: o RDW-CV e RDW-SD. Sendo assim, obje-tivou-se avaliar os índices hematimétricos de RDW-CV e RDW-SD em jumentos nordestinos. Foram avaliados 62 jumentos nordestinos de ambos os sexos, adultos, oriundos de três cidades no Nordeste: Limoeiro-PE (n=18; machos: 9; fêmeas: 9), Natal-RN (n=18; machos: 11; fêmeas: 7) e Mirandiba-PE (n=26; machos: 12; fêmeas: 14). As amostras sanguíneas foram colhidas, durante o período seco do ano, e analisadas em equipamento semiautomático hematológico (Poch 100iv, Roche®). Os resultados das análises hematológicas obtidos foram submetidos ao ANOVA e ao teste de Tukey, em ambos os casos com nível de significância estabelecido em 5% e utilizando-se o programa SigmaStat 3.0® para Windows®. Os resultados demostraram que não houve diferenças estatísticas entre os grupos analisados (P>0,05) para os índices RD-W-CV e RDW-SD. Os animais de Limoeiro-PE apresentaram média para RDW-SD para ma-chos 40,72±0,84fL e fêmeas de 39,82±1,01fL. Já os animais de Natal-RN foram de 43,05±0,84fL (machos) e 44,04±1,26fL (fêmeas). Enquanto os de Mirandiba-PE 41,40±0,65fL para machos e 42,9±0,90fL para fêmeas. Avaliando o parâmetro RDW-CV, os animais de Limoeiro-PE apre-sentaram valores de 18,65±0,33% para machos e 19,21±0,47% para fêmeas. Já os animais de Natal-RN apresentaram para machos 17,89±0,39% e para fêmeas 18,75±0,61% e os de Miran-diba-PE, 18,20±0,33% para os machos e 18,89±0,39% para fêmeas. Ainda não há uma definição clara desses parâmetros para a espécie asinina, independente da raça e do sexo, por isso esses dados são importantes, pois podem ser utilizados por outros pesquisadores e veterinários como base inicial para avaliação desses parâmetros, assim como podem ser utéis para facilitar na interpretação do eritrograma desses animais. Entretanto, como foram as primeiras avaliações, um número maior de animais deve ser pesquisado no futuro para melhor compreensão desses índices nesta espécie. Sendo assim, conclui-se que os resultados encontrados podem ser utili-zados como valores de referência uma vez que são escassos valores destes parâmetros para a espécie em questão.

P A L A V R A S - C H A V E Asininos, hematologia, anisocitose, índices hematimétricos.

F I N A N C I A M E N T O Guabi Nutrição Animal, CNPq.

¹ Núcleo de Pesquisa Equina, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife-PE

² BIOPA - Laboratório de Biologia Molecular Aplicada à Produção Animal, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife-PE

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Ciência Veterinária nos Trópicos, Recife-PE, v. 17, n. 3, p. 143 - setembro/dezembro, 2014

Volvulo de jejuno secundário a um leiomiomaE.E.S LEANDRO¹; A.A.C TINOCO¹; M.S. COSTA¹; J.C. OLIVEIRA FILHO²; J.M.R.P. ARAUJO³

Os tumores do trato gastrointestinal são raros no cavalo representando apenas 3,2% das

neoplasias nesta espécie. O leiomioma trata-se de um tumor benigno com origem nas células musculares lisas, que pode atingir qualquer órgão contendo estas células. Devido a sua raridade e a escassez de trabalhos sobre este tumor em equinos, os autores tem o objetivo de relatar um vólvulo de jejuno, secundário a um leiomioma. Um equino da raça Quarto de Milha, macho, 7 anos, 550 kg da raça quarto de milha foi encaminhado para a Clínica do Rancho com sinto-mas de desconforto abdominal. Ao exame clínico o animal apresentava frequência cardíaca 48 bpm, frequência respiratória 20 mpm, temperatura retal 38,6º, TPC de 2 segundos, mucosas normocoradas, distensão abdominal, ausência de refluxo, hipomotilidade e líquido peritoneal macroscopicamente normal. O animal começou a apresentar um quadro de dor não respon-sivo a seguidas administrações de xilazina (0,5 mg/Kg), apresentou ectopia de alças intestinais no exame de exploração retal o que nos levou a opção por uma laparotomia exploratória. O intestino delgado apresentava-se enovelado e bastante distendido cranialmente a uma estenose provocada por uma massa tumoral presente aproximadamente na interseção do jejuno com íleo, que foi confirmado posteriormente através de histopatologia como leiomioma. Para re-moção do tumor e da região comprometida do intestino, foi realizado enterectomia e anasto-mose termino-terminal de cerca de dois metros do jejuno, meio metro a frente do tumor, meio metro posterior a sua localização. Esta decisão do tamanho a ser extirpado foi tomada devido à isquemia presente nos vasos mesentéricos. No pós-operatório foram utilizados, firocoxib (0,3 mg/Kg, VO, SID), DMSO solução a 10% (1g/Kg, IV, TID), heparina (40.000 UI/Kg, SC, BID), além de fluidoterapia com ringer com lactato acrescidos de lidocaína, cloreto de potássio e cál-cio para tratamento do íleo paralítico desenvolvido. Após 15 dias do procedimento cirúrgico o paciente manifestou um quadro de forte endotoxemia vindo a óbito. Cólicas causadas por leiomioma são uma condição rara e apesar desta ser uma neoplasia benigna, as complicações secundárias sua a presença e a remoção cirúrgica desta massa em um segmento de intestino del-gado, tornam o prognóstico reservado, como neste caso, em que houve estreitamento do lúmen intestinal e a massa tumoral devido ao seu tamanho e peso, tracionou o jejuno ventralmente, facilitando a ocorrência do vólvulo.

P A L A V R A S - C H A V E leiomioma, vólvulo , equinos.

¹ Médico Veterinário - Clínica do Rancho – Camaçari - BA2 Médico Veterinário – Patologista – Salvador - BA3 Estagiário da Clínica do Rancho – Camaçari – BA


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