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Londrina 2015
CENTRO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS DA SAÚDE Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde
BRUNA PAZ
MANUAL DE PROCEDIMENTOS E ACOMPANHAMENTO DA FLEXIBILIDADE NA GINÁSTICA RÍTMICA
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Londrina 2015
CENTRO DE PESQUISA EM CIÊNCIAS DA SAÚDE Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde
BRUNA PAZ
MANUAL DE PROCEDIMENTOS E ACOMPANHAMENTO DA FLEXIBILIDADE NA GINÁSTICA RÍTMICA
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Londrina 2015
MANUAL DE PROCEDIMENTOS E ACOMPANHAMENTO DA FLEXIBILIDADE NA GINÁSTICA RÍTMICA
Relatório Técnico apresentado ao Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde, Universidade Norte do Paraná, Unidade Piza, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Orientadora: Profª Drª Márcia Regina Aversani Lourenço
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BRUNA PAZ
MANUAL DE PROCEDIMENTOS E ACOMPANHAMENTO DA FLEXIBILIDADE NA GINÁSTICA RÍTMICA
Relatório Técnico apresentado ao Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde, Universidade Norte do Paraná, Unidade Piza, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde, conferido e aprovado pela Banca Examinadora:
BANCA EXAMINADORA
____________________________________ Profª Drª Márcia Regina Aversani Lourenço
Orientadora
____________________________________ Prof. Dr. Denilson de Castro Teixeira
Membro Interno
____________________________________ Profª Drª Roberta Gaio
Membro Externo
____________________________________ Prof. Dr. Dartagnan Pinto Guedes
Coordenador do Curso
Londrina, 18 de dezembro de 2015.
0
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Dados Internacionais de catalogação-na-publicação Universidade Norte do Paraná
Biblioteca Central
Setor de Tratamento da Informação
Paz, Bruna
P368m Manual de procedimentos e acompanhamento da flexibilidade na ginástica
rítmica / Bruna Paz. Londrina: [s.n], 2015.
97f.
Dissertação (Mestrado Profissional em Exercício Físico e Promoção da
Saúde). Universidade Norte do Paraná.
Orientadora: Profª. Drª. Marcia Regina Aversani Lourenço
1 – Exercício físico - dissertação de mestrado - UNOPAR
2- Ginástica rítmica 3- Flexibilidade 4- Avaliação 5- Teste 6 - Ginasta I-
Lourenço, Márcia Regina Aversani; orient. II –Universidade Norte do Paraná.
CDU 796.412
1
Dedico este trabalho à minha família, em
especial, meus pais, meus irmãos e meu
cunhado que estiveram presentes em todos os
momentos deste processo de formação
acadêmica.
2
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha família que é, e sempre será meu porto seguro,
meu maior tesouro, minha melhor equipe, que luta, sofre, chora e vence comigo...
Que sempre compartilha de alegrias e tristezas com força, garra, união e muito
amor.
Um agradecimento especial aos meus pais, José Ricardo e Veruska,
aqueles que sempre estão ao meu lado, me incentivando, acreditando e dando todo
o suporte para a busca de novas conquistas. Que com respeito, carinho e muito
amor me ensinaram e ensinam tudo o que sei, e que são meus espelhos na
profissão e na vida. Obrigada por tudo... Amo muito vocês!
Aos meus irmãos, Paula e José Fernando, por todo carinho amor,
cumplicidade, companheirismo, pelos momentos únicos e especiais, pelas
conversas e por todos os sorrisos. Enfim, pela nossa união de sempre, ainda mais
neste momento onde a distância nos separa, enquanto o amor nos une a cada dia
mais. Vocês são os melhores parceiros do mundo. Amo vocês demais!
Ao meu irmão Felipe, meu anjo da guarda... Onde quer que esteja
sei que me acompanha e me ilumina em todos os momentos. Nosso amor vai além
desta vida!
Ao meu cunhado Gustavo, que sempre esteve disposto a ajudar em
todos os momentos desta caminhada. Deixo aqui o meu muito obrigado pelo carinho
e apoio!
A minha orientadora, Prof.ª Dr.ª Márcia R. Aversani Lourenço, pela
orientação e auxilio em todas as fases deste processo. Por todo carinho e dedicação
à mim dispendidos, por compartilhar de uma forma tão natural seus conhecimentos e
experiências contribuindo muito para a minha formação acadêmica. Que possamos
continuar trilhando este caminho juntas em prol da nossa querida GR!
Aos professores do curso de Pós-graduação em Exercício Físico na
Promoção da Saúde que não mediram esforços para transmitir todos os seus
conhecimentos.
Aos colegas de mestrado em especial minha amiga Camila, que
contribuiu sempre neste processo com seus conhecimentos teóricos e práticos, mas
3
principalmente com suas palavras de carinho e incentivo. Estarás para sempre em
meu coração!
A professora Lilian Barazetti que com seus conhecimentos contribuiu
com qualidade em muitos momentos importantes e decisivos na elaboração deste
trabalho. Obrigada por tudo!
As queridas amigas Clara, Franciele e Walquiria que me auxiliaram
em todas as fases de coleta de dados deste estudo contribuindo para a melhor
qualidade desta pesquisa. Por todos os momentos de muita diversão e alegrias.
Obrigada pelo carinho de sempre!
A toda equipe de ginástica rítmica da UNOPAR, técnicas, auxiliares
e ginastas, por permitirem a realização deste estudo durante seus períodos de
treinamento, por todas as oportunidades de aprendizagem e crescimento
profissional.
As minhas amigas Anelise, Gisele Gonçalves, Gisele Lombardi e
Regiane que longe ou perto estiveram sempre ao meu lado torcendo, vibrando e me
incentivando. Vocês fizeram toda diferença, amo muito!
As minhas alunas queridas, por todo carinho e dedicação a cada
aula, pelos gestos de amor que renovavam minhas energias a cada dia até a
conclusão deste trabalho.
Agradeço a Deus por me iluminar e me dar forças para buscar aquilo
que acredito.
E por fim, agradeço a todos aqueles que de alguma forma
contribuíram para a obtenção deste título em minha formação profissional.
4
“(...) Às vezes a felicidade demora a chegar,
aí é que a gente não pode deixar de sonhar,
guerreiro não foge da luta e não pode correr
jamais, ninguém vai poder atrasar quem nasceu
pra vencer (...).”
Tá escrito – Grupo Revelação
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PAZ, Bruna. Manual de procedimentos e acompanhamento da flexibilidade na ginástica rítmica. 97. Relatório Técnico. Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde. Universidade Norte do Paraná, Londrina. 2015.
RESUMO
O objetivo deste relatório técnico é apresentar uma produção técnica em formato de manual e um artigo científico como trabalhos apresentados para conclusão do curso de mestrado em Exercício Físico na Promoção da Saúde. As duas produções tem como foco a ginástica rítmica e visam atender uma discussão para os diferentes atores da área: treinadores, preparadores físicos e atletas, e aos demais profissionais da área da Educação Física. No processo de elaboração e confecção do “Manual de procedimentos e acompanhamento da flexibilidade na ginástica rítmica”, o caminho metodológico seguido foi dividido em cinco etapas: levantamento bibliográfico; revisão sistemática; três pesquisas de campo (aplicação de dois questionários para treinadores e testes de avaliação da flexibilidade com ginastas); e por fim a elaboração efetiva do manual, organizado em quatro capítulos. O capítulo 1 aborda a GR, suas características, formas de praticar e a importância da flexibilidade para a modalidade. O capítulo 2 versa exclusivamente sobre a flexibilidade, conceitos e definições, fatores que influenciam o desenvolvimento da mesma, importância e indicações para o treinamento na GR. Já o capítulo 3 trata de avaliação da flexibilidade, por quê, para quê e como avaliar, trazendo à baila três instrumentos de avaliação da flexibilidade (teste de sentar e alcançar, o flexiteste e o goniômetro). Sobre estes instrumentos o capítulo aponta os objetivos destes testes, as pesquisas cientificas que abordaram os mesmos, os procedimentos de aplicação prática, bem como sua relação com a GR, apresenta valores de referência para a modalidade, e um modelo de ficha de avaliação específico. No capítulo 4 são apresentados os elementos corporais de base (grand écart frontal, grand écart lateral, ponte, pé na cabeça e vela de peito), e os elementos fundamentais presentes no código de pontuação de GR que devem ser ensinados na iniciação (colchée, equilíbrio em apoio no peito, onda total, onda total descendente - descida de dedinhos, onda em espiral, grand écart lateral com rotação, panchée, equilíbrio dinâmico com rotação para frente e equilíbrio dinâmico com rotação para trás). Para cada exercício foram apresentadas sequências de cinco passos (movimentos a serem realizados) como facilitadores do processo ensino aprendizagem. No artigo científico foi realizado um cruzamento de informações teóricas e práticas sobre os métodos de desenvolvimento e os instrumentos de avaliação utilizados na GR. A partir do conteúdo encontrado na revisão sistemática e as informações coletadas em um questionário aplicado com treinadoras de GR no âmbito nacional, elencamos três categorias de análise: a) métodos de desenvolvimento e instrumentos de avaliação da flexibilidades encontrados na literatura e citados pelas treinadoras; b) métodos e instrumentos evidenciados apenas pelas treinadoras; c) métodos e instrumentos apresentados apenas na literatura. A expectativa é que este material possa contribuir com o bom desenvolvimento desta modalidade no Brasil ao ser editado e distribuído em todo o país. Palavras-chave: Ginástica Rítmica. Flexibilidade. Avaliação. Teste. Ginasta.
6
PAZ, Bruna. Manual procedures and monitoring flexibility in rhythmic gymnastics. 97. Technical Report. Professional Master´s in Exercise in Health Promotion. Research Center on Health Sciences. Northern Parana University, Londrina. 2015.
ABSTRACT
The objective of this technical report is to present a technical production manual and a scientific article format as papers presented for completion of the Master's degree in Physical Activity in Health Promotion. Both productions focuses on rhythmic gymnastics and aim to answer a discussion to the different actors of the area: coaches, physical trainers and athletes, and other professionals in the field of Physical Education. In the drafting and preparation of the "Manual procedures and monitoring flexibility in rhythmic gymnastics," the methodological approach followed was divided into five stages: literature; systematic review; Three field research (application of two questionnaires for coaches and flexibility evaluation tests with gymnasts); and finally the effective development of the handbook, organized into four chapters. Chapter 1 deals with the GR, their characteristics, forms of practice and the importance of flexibility for mode. Chapter 2 exclusively deals with flexibility, concepts and definitions, factors that influence its development, importance and indications for training in GR. Already chapter 3 deals with the evaluation of flexibility, why, what for and how to evaluate, bringing up three assessment tools flexibility (sit and reach test, the flexitest and the goniometer). On these instruments the chapter discusses the objectives of these tests, the scientific research that addressed the same, the procedures for practical application as well as its relationship with GR, provides benchmarks for the sport, and a specific evaluation form model. Chapter 4 presents the physical elements of base (grand front écart, grand écart side, bridge, standing on the head and chest of sailing), and the fundamental elements in GR scoring code that should be taught in the initiation (colchée, balance in support of the chest, full wave, full wave down - fingers descent, spiral wave, écart grand lateral rotation, panchée, dynamic balance with forward rotation and dynamic balance with backward rotation). For each exercise five sequential steps were presented (movements to be performed) as facilitators of the learning process. In the scientific article was carried out a cross of theoretical and practical information on developing methods and assessment tools used in the GR. From the content found in the systematic review and information collected by a questionnaire with GR coaches at the national level, we list three categories of analysis: a) develop methods and assessment tools of the flexibilities in the literature and cited by the coaches; b) methods and instruments evidenced only by the coaches; c) methods and tools presented only in literature. The expectation is that this material can contribute to the successful development of this modality in Brazil to be published and distributed throughout the country. Key words: Rhythmic gymnastics. Flexibility. Evaluation. Test. Gymnast.
0
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12
2. REVISÃO DE LITERATURA – CONTEXTUALIZAÇÃO ..................................... 177
2.1 GINÁSTICA RÍTMICA .......................................................................................... 177
2.2 FLEXIBILIDADE .................................................................................................. 188
2.3 AVALIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE .............................................................................. 18
2.4 ELEMENTOS CORPORAIS ..................................................................................... 20
3. DESENVOLVIMENTO......................................................................................... 222
3.1 PRIMEIRA ETAPA ............................................................................................... 222
3.2 SEGUNDA ETAPA .............................................................................................. 222
3.3 TERCEIRA ETAPA .............................................................................................. 233
3.3.1 Primeira Pesquisa – Jogos Escolares da Juventude Brasileiros ............. 233
3.3.2 Segunda Pesquisa – Avaliação da flexibilidade de ginastas ................... 233
3.3.3 Terceira Pesquisa – Campeonato Brasileiro de Ginástica Rítmica das categorias pré-infantil e infantil ......................................................................... 244
3.4 QUARTA ETAPA ................................................................................................ 255
4. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 26
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 28
REFERÊNCIAS DA PRODUÇÃO TÉCNICA ............................................................ 29
APÊNDICE A – TRABALHOS APRESENTADOS EM EVENTOS CIENTÍFICOS ..................... 344
APÊNDICE B – ARTIGO CIENTÍFICO ............................................................................ 50
ANEXO A - REVISÃO SISTEMÁTICA .............................................................................. 72
ANEXO B - PESQUISA DE CAMPO NOS JOGOS ESCOLARES DA JUVENTUDE BRASILEIROS –
12 A 14 ANOS .............................................................................................................. 75
ANEXO C - AVALIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE DE GINASTAS ............................................... 81
ANEXO D - PESQUISA NO CAMPEONATO BRASILEIRO DE GINÁSTICA RÍTMICA DAS
CATEGORIAS PRÉ-INFANTIL E INFANTIL .......................................................................... 90
ANEXO E – PARECER Nº 1.168.025 – COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA
UNOPAR ................................................................................................................. 944
12
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste relatório é apresentar uma produção técnica em
formato de manual específico para os atores envolvidos na ginástica rítmica (GR),
entre eles treinadores, preparadores físicos, atletas, bem como aos demais
profissionais da área da Educação Física. A temática contextualizada envolve os
procedimentos para desenvolvimento e acompanhamento da flexibilidade de
praticantes de GR, organizado para atender as fases de iniciação ao treinamento da
modalidade.
A GR é uma modalidade esportiva com movimentos realizados com
graciosidade e leveza e, segundo a Federação Internacional de Ginástica (FIG),
praticada apenas por mulheres, porém a participação de homens vem crescendo em
todo o mundo . As apresentações durante as competições podem ser realizadas em
conjunto, composto por cinco atletas e com a duração de 2’15 a 2’30, ou então em
competições individuais tendo duração de 1’15 a 1’30. As atletas podem se
apresentar a mãos livres ou com aparelhos específicos da modalidade: corda, arco,
bola, maças e fita.1
A iniciação à GR deve ser feita já nos primeiros anos da infância,
facilitando o desenvolvimento de habilidades básicas e potencializando a obtenção
de alto nível de desempenho. A ginasta deve-se submeter as cargas elevadas de
treinamento, por meio de um trabalho disciplinado em que a prática do esporte
passa a fazer parte do seu estilo de vida.2
Uma das características da GR é a utilização da flexibilidade como
um dos componentes principais exigido em uma gama de elementos corporais
próprios. Assim, é evidenciado um elevado grau de amplitude na execução dos
elementos corporais obrigatórios, presentes no código de pontuação específico da
modalidade, fazendo com que seja imprescindível o treinamento desta
capacidade.3,4
Desde o início as ginastas são submetidas a diferentes técnicas e
tipos de treinamento que desenvolvem a flexibilidade, por ser esta uma das
principais capacidades físicas utilizadas no treinamento físico e técnico da GR. E,
ainda por ser esta a fase mais propícia para o desenvolvimento desta capacidade.
No entanto, a busca pelo desenvolvimento saudável da flexibilidade deve ser
constante para que os níveis de exigência da modalidade não prejudiquem as
13
praticantes futuramente.
Partindo do pressuposto que como em qualquer outro esporte, na
GR não são todas as meninas que alcançam o alto nível competitivo, os cuidados
com o treinamento devem levar em consideração os objetivos em cada faixa etária,
os estudos e discussões científicas. Pois, independente de participar de
competições, com certeza todas as meninas praticantes de GR deverão alcançar, no
mínimo bons níveis de flexibilidade para contribuir positivamente em suas práticas
de atividade física saudável ao longo da vida.
O trabalho de desenvolvimento e acompanhamento da flexibilidade
deve ser elaborado e aplicado de maneira responsável e saudável desde seus
primeiros anos. A prática bem orientada de exercícios físicos na infância ou
adolescência aumenta as condições para que a flexibilidade se mantenha em bons
níveis na fase adulta.5 Pois, além do desempenho atlético deve-se ter uma
preocupação e atenção maior com o desenvolvimento de tal capacidade física para
a vida além treinamento esportivo, ou seja, a manutenção de um estilo de vida ativo
e saudável. Afinal, educar para a saúde e para o bem-estar é um processo
construído ao longo de toda a vida pelo profissional de Educação Física.5
Por ser a flexibilidade uma das principais capacidades físicas
desenvolvida neste esporte a elaboração de estudos que relacionem as duas
temáticas se tornam fundamentos importantes para a qualificação das propostas de
treinamentos. No entanto, o que se percebe a partir dos levantamentos
bibliográficos, é a necessidade de mais produções científicas publicadas e
apresentadas em periódicos científicos no âmbito nacional e internacional que
retratam o tema. Principlamente quando o foco se roporta ao acaompanahmento, a
avaliaçao e ao desenvolvimento da flexibilidade.
A necessidade de um aporte teórico mais fundamentado para os
profissionais envolvidos com a GR, está fortemente presente na aplicabilidade
prática das sessões de treinamentos deste desporto. A estreita relação dos
conhecimentos oriundos da prática com os conhecimentos científicos é uma
necessidade para o avanço da modalidade.
É possível observar a variedade de métodos utilizados tanto para
desenvolver a flexibilidade quanto para avaliá-la. A literatura mostra que não se tem
uma preocupação efetiva com a relação entre desenvolvimento e avaliação da
flexibilidade com a faixa etária ou a categoria em que a ginasta se encontra.
14
Portanto, o objetivo deste estudo foi elaborar um manual sobre
flexibilidade, apresentando métodos de desenvolvimento, três instrumentos de
avaliação desta capacidade física a partir dos seus procedimentos de aplicação
prática, as relações com a GR e faixa etária adequada para sua utilização, bem
como, um caminho pedagógico para a aprendizagem de elementos corporais
fundamentais específicos da modalidade.
O “Manual de procedimentos e acompanhamento da flexibilidade na
ginástica rítmica”i, foi então organizado em quatro capítulos. O capítulo 1 aborda a
GR, suas características, formas de praticar e a importância da flexibilidade para a
modalidade; o capítulo 2 versa exclusivamente da flexibilidade, conceitos e
definições, fatores que influenciam o desenvolvimento da mesma, importância e
indicações para o treinamento na GR; o capítulo 3 trata de avaliação da flexibilidade,
por quê, para quê e como avaliar, trazendo à baila três instrumentos de avaliação da
flexibilidade (teste de sentar e alcançar, o flexiteste e o goniômetro), apontando os
objetivos destes testes, as pesquisas cientificas que abordaram os mesmos, os
procedimentos de aplicação prática, bem como sua relação com a GR, apresenta
valores de referência para a modalidade, e um modelo de ficha de avaliação
específico; o capítulo 4 traz os elementos corporais de base (o grand écart frontal, o
grand écart lateral, a ponte, o pé na cabeça e a vela de peito) e os elementos
fundamentais presentes no código de pontuação de GR que devem ser ensinados
na iniciação ( o colchée, o equilíbrio em apoio no peito, a onda total, a onda total
descendente - descida de dedinhos, a onda em espiral, o grand écart lateral com
rotação, o panchée, o equilíbrio dinâmico com rotação para frente e o equilíbrio
dinâmico com rotação para trás). Para cada exercício foram apresentadas
sequências de cinco passos (movimentos a serem realizados) como facilitadores do
processo ensino aprendizagem contribuindo com que a ginasta execute
corretamente o elemento corporal em questão.
Reflexões acerca da flexibilidade na GR e os cuidados com a
qualidade de vida e os aspectos relacionados à saúde dos indivíduos finalizam o
manual.
Para tal, as experiências como ex-atleta da modalidade e atualmente
como professora de iniciação em uma escola de GR, foram facilitadores para o
i O Manual de procedimentos e acompanhamento da flexibilidade na Ginástica Rítmica está apresentado no apêndice C.
15
entendimento e organização dos conteúdos apresentados nesta produção técnica. A
elaboração deste estudo se estruturou a partir de um levantamento bibliográfico e da
realização de três pesquisas de campo: duas envolveram treinadoras de GR em
âmbito nacional e uma com ginastas que compõem as turmas do projeto de
extensão permanente da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR): “Escola de
Iniciação em GR da UNOPAR – da iniciação ao alto rendimento”. A aprovação para
realização da produção técnica está vinculada ao parecer nº 1.168.025 do projeto de
pesquisa intitulado “Avaliação da flexibilidade na ginástica rítmica: da iniciação ao
alto nível” aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Norte do
Paraná.
Ainda como resultado das pesquisas foi elaborado um artigo
intitulado “Métodos de desenvolvimento e instrumentos de avaliação da flexibilidade:
uma relação entre teoria e prática”. Este estudo buscou identificar quais os métodos
e testes que as treinadoras de GR em nível nacional estão utilizando para avaliar e
desenvolver a flexibilidade de suas ginastas, bem como averiguar na literatura como
os estudos na área da GR discutem estes e outros métodos de avaliação e
desenvolvimento da flexibilidade. Para que a partir destas análises as informações
pudessem ser cruzadas promovendo assim, uma relação entre teoria, produções
científicas identificadas na literatura, e prática, informações relatadas pelas
treinadoras participantes desta pesquisa.
Com isso, justifica-se esta produção técnica por sua importância nos
âmbitos escolar, esportivo e social, pois irá colaborar diretamente com os
profissionais que atuam no esporte, ofertando informações para o desenvolvimento
da flexibilidade de forma pedagógica.
Buscou-se contribuir com todo e qualquer profissional na área da
educação física, desde os leigos até os mais experiêntes, que queiram trabalhar com
a modalidade, seja na escola como atividade física durante as aulas, no clube na
iniciação ou no treinamento esportivo. O trabalho de desenvolvimento e
acompanhamento da flexibilidade deve ser executado de forma correta desde suas
primeiras aulas/sessões de treino para que o desenvolvimento do aluno/atleta se dê
a partir de exercícios e movimentos coerentes com sua idade e nível de experiência.
Estes cuidados com os indivíduos desde seus primeiros anos na
vida esportiva auxiliarão em seu crescimento e desenvolvimento saudável, bem
como na formação de ginastas com bons níveis de execução dos elementos próprios
16
da modalidade. A expectativa é que este material possa contribuir com o bom
desenvolvimento da GR no Brasil ao ser editado e distribuído em todo o país.
17
2. REVISÃO DE LITERATURA – CONTEXTUALIZAÇÃO
Nesta contextualização serão apresentados os conteúdos que
compõem a produção técnica apresentada neste relatório. O “Manual de
procedimentos e acompanhamento da flexibilidade na Ginástica Rítmica” foi dividido
em quatro capítulos denominados: 1. Ginástica Rítmica; 2. Flexibilidade; 3. Avaliação
da flexibilidade; 4. Elementos corporais. Os capítulos serão apresentados a seguir
de acordo com o conteúdo descrito em cada um deles.
2.1 GINÁSTICA RÍTMICA
A Ginástica Rítmica (GR) é uma modalidade esportiva relativamente
nova6, que destaca-se enquanto uma atividade física que permite ao corpo
expressar-se por meio da arte, da criatividade7 e das capacidades físicas.
Caracterizando-se como uma manifestação gímnica que estabelece um enlace
corpo-aparelho-música permitindo diferentes formas de expressão corporal com
movimentos dinâmicos e criativos.
Neste capítulo foram descritos os conteúdos que envolvem a GR,
apresentamos um breve histórico, o que é a modalidade, suas características, como
é praticada, por que destacar a flexibilidade, qual sua importância na execução dos
elementos corporais, na seguinte ordem dos tópicos descritos:
“O que é?”;
“Como é praticada?”;
“Quais as principais característica?”;
“Por que destacar a flexibilidade?”.
Os conteúdos apresentados foram extraídos da literatura
referenciando, principalmente, estudiosos na área da ginástica rítmica (Hernánde;
Bouza, 1982; Bodo-Schmid, 1985; Róbeva; Rankélova, 1991; Gaio, 1997; Laffranchi,
2001; Ayoub, 2003; Lourenço, 2003; Mendes; Braciak, 2003; Pires, 2003; Barbosa-
Rinaldi, 2009; Laffranchi; Lourenço, 2010; Oliveira; Porpino, 2010; Santos; Lourenço;
Gaio, 2010; FIG, 2013-2016; Gaio, 2013; Agostini; Novikova, 2015; FIG, 2015).
18
2.2 FLEXIBILIDADE
A flexibilidade é uma capacidade física que propicia ao indivíduo a
obtenção de determinado grau de amplitude para a execução dos movimentos.8 É
fundamental para bons níveis de aptidão física relacionada a saúde ou ao
desempenho atlético, sendo tão importante para atletas quanto para indivíduos
sedentários.9,10
Com isso, o capítulo 2 contém os conteúdos relacionados com a
capacidade física, em destaque, a flexibilidade. São apresentados conceitos sobre o
que é a flexibilidade, formas de classificação, fatores que influenciam em seu
desenvolvimento. Ainda apresentamos alguns métodos utilizados para desenvolver
esta capacidade física, bem como algumas indicações para o treinamento e
aspectos importantes do treinamento da flexibilidade.
Segue a ordem dos tópicos descritos neste capítulo:
“O que é?”;
“Quais fatores influenciam a flexibilidade?”;
“Como desenvolver?”;
“Indicações para o treinamento de flexibilidade”;
“Importância do treinamento de flexibilidade”.
Utilizamos bibliografias específicas desta capacidade física (Dantas,
1999; Farinatti, 2000; Almeida; Jabur, 2007; Achour Júnior, 2009; Alter, 2010; Rubini,
2010), da área do treinamento desportivo (Zakharov, 1992; Barbanti, 1997; Tubino,
2003) e da ginástica rítmica (Laffranchi, 2001; Karloh et al., 2010; Agostini; Novikova,
2015).
2.3 AVALIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE
Avaliar é uma tarefa importante em qualquer área do conhecimento,
neste caso específico, ao tratar do tema avaliação é possível ofertar ao profissional
da área da GR mais um estudo sobre os níveis de flexibilidade de seu aluno/atleta. A
avaliação é um procedimento capaz de apresentar de fato, em uma perspectiva
realista, em que nível de desenvolvimento o indivíduo encontra-se.11
O capítulo 3 apresenta alguns aspectos fundamentais para o
processo de entendimento da importância de avaliar a flexibilidade, bem como,
19
indica instrumentos de avaliação desta capacidade física relacionando-os com a GR.
Este capítulo está subdividido em tópicos que tratam do por quê e para quê avaliar,
como avaliar, cuidados ao avaliar e os procedimentos de utilização prática de três
instrumentos de avaliação.
Segue a ordem dos tópicos descritos neste capítulo:
“Por que e para que avaliar?”;
“Como avaliar?”;
“Cuidados ao avaliar”;
“Por que os três instrumentos?”;
“Valores de referência?”; “Teste de sentar e alcançar
(Características gerais; Relação com a GR; Procedimentos de
aplicação; Valores de referência; Modelo de ficha de
avaliação)”;
“Flexiteste (Características gerais; Relação com a GR;
Procedimentos de aplicação; Valores de referência; Modelo
de ficha de avaliação)”;
“Goniômetro (Características gerais; Relação com a GR;
Procedimentos de aplicação; Valores de referência; Modelo
de ficha de avaliação)”.
Para este capítulo as referências utilizadas como suporte teórico
foram materiais que tratam da flexibilidade e de como avaliá-la (Dantas, 1999;
Morrow et al., 2003; Achour Júnior, 2004; 2009; Araújo, 2005; Guedes; Guedes,
2006; Rubini, 2010; Heyward, 2013; Marques, 2014), específicos da ginástica rítmica
(Laffranchi, 2001; Laffranchi; Lourenço, 2010; FIG, 2013-2016; Lourenço, 2015),e de
pesquisas científicas desenvolvidas a partir da utilização dos instrumentos
apresentados (Araújo, 2000; Lanardo; Böhme, 2001; Guedes et al., 2002; Mendes;
Nunes, 2003; Miletic et al., 2004; Cunha et al., 2005; Soares et al., 2005; Aubaut et
al., 2006; Menezes; Fernandes Filho, 2006; Carneiro Júnior, 2007; Silva; Badaró,
2007; Araújo, 2008; Camargo; Ferreira, 2008; Castro et al., 2008; Silva; Bonorino,
2008; Silava et al., 2008; Martins et al., 2009; Czkalski et al., 2010; Karloh et al.,
2010; Gomes et al., 2011; Ré, 2011; Gaya, 2012; Menezes et al., 2012; Perin et al.,
2012; Siqueira et al., 2013; Cezar; Cezar, 2014; Goulart et al., 2014; Gaya et al.,
2015; Santos et al., 2015).
20
2.4 ELEMENTOS CORPORAIS
Os elementos corporais característicos da GR são aqueles descritos
no Código de Pontuação da modalidade, divididos em três grupos fundamentais, os
saltos, os equilíbrios e as rotações. Para alcançar a execução desejada e de acordo
com o nível de amplitude que se pretende, se faz necessário uma aprendizagem
pautada nas exigências específicas da modalidade, baseada no produto final que é
o próprio elemento corporal previsto no Código de Pontuação.
No entanto, para que se consiga alcançar a execução correta destes
elementos é fundamental que o processo de aprendizagem de uma ginasta inicie
pelo aprendizado dos elementos técnicos de base da modalidade.
Sendo assim, no capítulo 4 apresentamos os cinco elementos
técnicos de base: 1. Grand écart frontal; 2. Grand écart lateral; 3. Ponte; 4. Pé na
cabeça; 5. Vela de peito e os nove elementos corporais fundamentais presentes no
código de pontuação da GR que necessitam ser ensinados na iniciação: 1. Colchée;
2. Equilíbrio em apoio no peito; 3. Onda total; 4. Onda total descendente; 5. Onda
em espiral; 6. Grand écart lateral com rotação; 7. Panchée; 8. Equilíbrio dinâmico
com rotação para frente; 9. Equilíbrio dinâmico com rotação para trás.
Para cada um destes exercícios foi apresentada uma sequencia de
cinco passos (movimentos a serem realizados) como facilitadores do processo
ensino aprendizagem contribuindo com que a ginasta execute corretamente o
elemento corporal em questão.
Segue a ordem dos tópicos descritos neste capítulo:
“Elementos de base”;
“Elementos corporais”.
Os elementos técnicos de base foram selecionados a partir de
referências bibliográficas específicas da modalidade (Róbeva; Rankélova, 1991;
Nedialcova; Barros, 1999; Laffranchi, 2001; Lebre; Araújo, 2006; FIG, 2013-2016;
Agostini; Nedialkova, 2015), bem como, das experiências das autoras enquanto
profissionais da área. Para a escolha destes movimentos levamos em consideração
a importância do aprendizado destes movimentos básicos como suporte para a
aprendizagem da execução correta dos elementos corporais fundamentais da
modalidade na iniciação.
21
Já os elementos corporais fundamentais da modalidade foram
selecionados de acordo com a pesquisa realizada com as treinadoras participantes
do Campeonato Brasileiro Pré-Infantil e Infantil, já que estas são consideradas as
categorias de iniciação (ou base) da modalidade. É nas categorias iniciais que as
ginastas começam a incorporar os aspectos competitivos em seu processo de
formação enquanto atleta.
22
3. DESENVOLVIMENTO
No processo de elaboração e confecção do produto técnico seguimos um
caminho metodológico, dividido em cinco etapas, com intuito de dar embasamento
aos conteúdos prezando pela qualidade final do material. Para um melhor
entendimento apresentamos a seguir as etapas distintas deste processo.
3.1 PRIMEIRA ETAPA
Em um primeiro momento foi realizado um levantamento
bibliográfico em artigos científicos, livros e materiais bibliográficos sobre a proposta
apresentada, para que se tivesse conhecimento e assim se tornasse possível a
elaboração de um aporte teórico com os aspectos necessários para a construção do
produto técnico final.
3.2 SEGUNDA ETAPA
Foi elaborada uma revisão sistemáticaii com o intuito de conhecer e
identificar na literatura quais os métodos de desenvolvimento e instrumentos de
avaliação estão sendo utilizados especificamente para a GR. Para tal, pesquisamos
artigos, dissertações e teses a partir dos descritores “ginástica rítmica”,
“flexibilidade”, “avaliação”, “teste” e “ginasta”, nos bancos de dados: Portal Capes,
Bireme, Ebsco e Google Acadêmico. Esta pesquisa deu suporte à construção de um
artigo de revisão sistemática sobre a flexibilidade e seus métodos de avaliação na
modalidade.
Foram consideradas as produções científicas publicadas entre os
anos de 1980 e 2014, mesmo sabendo que a década de maior expressão das
pesquisas científicas em atividade física e Educação Física foi a de 1990,
antecipamos em uma década para contemplar todas as pesquisas desde seu início.
A partir da busca, foram selecionados 32 estudos que apresentaram
no título ou nas palavras-chave pelo menos um dos descritores utilizados para esta
pesquisa, iniciando neste momento a segunda etapa do estudo. Porém, após a
ii Os resultados da pesquisa estão apresentados no anexo A.
23
análise constatamos que apenas 15 responderam aos questionamentos utilizados
como critérios de inclusão: A pesquisa foi realizada com ginastas praticantes de
ginástica rítmica? Apresenta algum método para avaliação da flexibilidade? Foi
mensurada ou avaliada a flexibilidade dos sujeitos participantes da pesquisa? O
teste de avaliação da flexibilidade utilizado na pesquisa era fidedigno e validado?
3.3 TERCEIRA ETAPA
Esta etapa consistiu de três pesquisas de campo. A primeira e a
terceira foram realizadas envolvendo treinadoras de GR, e a segunda foi composta
pela avaliação da flexibilidade de ginastas da modalidade. A seguir serão descritas
cada uma delas:
3.3.1 Primeira Pesquisa – Jogos Escolares da Juventude Brasileirosiii
Com o intuito de fornecer informações sobre os tipos e periodicidade
de avaliação da flexibilidade, além de métodos utilizados na ginástica rítmica
aplicou-se um questionário sobre estes aspectos com as técnicas participantes dos
Jogos Escolares da Juventude Brasileiros que realizados entre os dias 4 a 13 de
setembro de 2014 na cidade de Londrina-PR. O questionário composto por questões
abertas e fechadas buscou identificar os métodos utilizados pelas pesquisadas para
desenvolver a flexibilidade de suas alunas, além de apresentar os testes utilizados
para a avaliação desta capacidade física.
3.3.2 Segunda Pesquisa – Avaliação da flexibilidade de ginastasiv
Avaliou-se em média 100 crianças do sexo feminino, com idade
entre 05 e 16 anos que compõem as turmas do projeto de extensão permanente da
Universidade do Norte do Paraná (UNOPAR): “Escola de Iniciação em GR da
UNOPAR – da iniciação ao alto rendimento”. As participantes desta pesquisa foram
ginastas que compõem as turmas de iniciação à GR divididas em iniciantes, mirim e
iii O termo de consentimento livre e esclarecido, instrumento de coleta de dados e resultados da
pesquisa estão apresentados no anexo B. iv O termo de consentimento livre e esclarecido, instrumento de coleta de dados e resultados da
pesquisa estão apresentados no anexo C.
24
pré-equipe e ginastas que compõem as equipes de competição da instituição
subdividida em categorias pré-infantil, infantil e juvenil.
Foram utilizados para a coleta de dados três instrumentos diferentes,
classificados de acordo com a forma de apresentação dos seus resultados,
conforme já apresentado na fundamentação teórica deste relatório técnico, sendo
eles: o teste de sentar e alcançar, o goniômetro e o flexiteste.
A coleta de dados foi realizada após autorização da instituição e
contato com as professoras responsáveis de cada uma das turmas e equipes do
projeto, posteriormente entregamos o termo de consentimento livre e esclarecido
aos participantes para que estes autorizassem a coleta de dados. Após estes
procedimentos foram agendados os dias de avaliação da flexibilidade de cada uma
das participantes que entregarem o termo com a autorização dos pais.
A avaliação da flexibilidade foi realizada individualmente, isto é uma
ginasta de cada vez, por um avaliador que foi auxiliado por uma equipe de trabalho.
As articulações avaliadas devido às características destes elementos corporais na
GR e o grau de exigência de flexibilidade na execução foram: ombro (direito e
esquerdo), tronco (flexão e extensão), perna (direita, esquerda e frontal) e pés
(direito e esquerdo).
3.3.3 Terceira Pesquisa – Campeonato Brasileiro de Ginástica Rítmica das
categorias pré-infantil e infantilv
A terceira fase das pesquisas de campo teve como intuito identificar
quais os elementos corporais fundamentais estão sendo ensinados por treinadoras
de todo o país na iniciação a modalidade.
Os sujeitos desta pesquisa foram treinadoras participantes do
Campeonato Brasileiro de GR das categorias pré-infantil e infantil realizado entre os
dias 01 e 05 de julho de 2015 na cidade de Osasco-SP. A escolha desta competição
para a pesquisa se deu pelo fato de que são nestas categorias que as ginastas são
inseridas em eventos competitivos, dando início a busca pelo alto rendimento
esportivo.
v O termo de consentimento livre e esclarecido, instrumento de coleta de dados e resultados da
pesquisa estão apresentados no anexo D.
25
O instrumento utilizado foi um questionário com questões fechadas,
sendo que as participantes só responderam ao questionário após assinarem o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Todas as pesquisas estão vinculadas ao parecer nº 1.168.025 do
projeto de pesquisa intitulado “Avaliação da flexibilidade na ginástica rítmica: da
iniciação ao alto nível” aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Norte do Paraná.vi
3.4 QUARTA ETAPA
A quarta e última etapa desta caminhada metodológica consiste nos
procedimentos de viabilização do produto apresentado neste relatório: O “Manual de
procedimentos e acompanhamento da flexibilidade na Ginástica Rítmica”. Este
processo perpassa desde a elaboração da escrita dos textos até o contato com a
gráfica para produção do material.
Elencamos a seguir todas as fases deta etapa:
Escrita dos textos dos diferentes capítulos em formato de
diagramação;
Contato com o profissional específico para a elaboração dos
desenhos;
Produção das fotos dos elementos corporais que serviram
como modelo para elaboração dos desenhos;
Acompanhamento direto da elebaoração dos desenhos;
Organização final do manual unindo os textos, os desenhos e
a diagramação final;
Contato com uma editora, que demonstrou interesse na
publicação do material;
E por fim, contato com a gráfica para estruturação do
material, “miolo”, escolha da capa e encaderção em formato
de livro. Tudo com o acompanhamento direto das
responsáveis pelo estudo.
vi O parecer nº 1.168.025 do projeto de pesquisa intitulado “Avaliação da flexibilidade na ginástica
rítmica: da iniciação ao alto nível” aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Norte do Paraná está apresentado no anexo E.
26
4. CONCLUSÃO
Durante todo o caminho metodológico percorrido para a elaboração
da produção técnica apresentada neste relatório evidenciamos a importância e a
forte presença da flexibilidade na GR que, enquanto modalidade esportiva, com
diversas finalidades e diferentes locais de prática, necessita de bons níveis desta
capacidade física para o alcance da execução correta dos movimentos específicos
deste esporte.
A flexibilidade é uma das características principais da GR por estar
presente na execução das dificuldades corporais, mas também por facilitar esta
execução e consequentemente transmitir ao expectador a sensação de facilidade,
leveza e graciosidade durante a realização dos exercícios próprios da modalidade.
Vale destacar a importância de um trabalho adequado e coerente
para o desenvolvimento desta capacidade física, em especial por se tratar de uma
modalidade que tem sua iniciação desde muito cedo, na qual as rotinas de
treinamento para desenvolvimento e acompanhamento da flexibilidade também são
incorporadas desde os primeiros passos de uma ginasta.
Buscar o desenvolvimento desta capacidade com qualidade deve
ser um processo constante no dia a dia de treinamento, respeitar a faixa etária das
ginastas, bem como, o crescimento físico, a maturação e as individualidades
biológicas vão potencializar os resultados e acarretar consequências positivas para
este indivíduo. O sucesso se dá tanto em relação ao desempenho esportivo, como
na qualidade de vida, minimizando o risco de futuras lesões agudas ou crônicas.
No entanto, ao empreender o treinamento da flexibilidade é preciso
avaliá-la constantemente, para que se tenha uma noção real do que está
acontecendo com a ginasta submetida a este processo, além de possibilitar o
conhecimento da evolução positiva ou negativa dos níveis de flexibilidade deste
indivíduo. Neste caso, uma evolução negativa, permitiria ao profissional rever a
rotina de treinamento desenvolvida, e assim corrigi-la. Para tal sugerimos como
instrumentos de avaliação da flexibilidade adequados para a GR o teste de sentar e
alcançar, o flexiteste e o goniômetro, juntamente com seus objetivos, pesquisas
cientificas comprovando sua eficácia, procedimentos de aplicação prática, bem como
27
sua relação com a GR, valores de referência para a modalidade e um modelo de
ficha de avaliação específico.
O “Manual de procedimentos e acompanhamento da flexibilidade na
ginástica rítmica” apresenta cinco passos como facilitadores no processo de ensino
aprendizagem de cada elemento técnico de base da GR, considerados por esta
autora como fundamentais a serem ensinados na iniciação, e dos elementos
corporais fundamentais com a expectativa de abranger os profissionais da área da
ginástica em geral, mas colaborando em especial com o trabalho de iniciação
esportiva da GR.
Desta forma, entendemos que os conteúdos apresentados neste
manual contribuirão na realização de trabalhos de desenvolvimento, avaliação e de
aprendizagem da execução dos elementos corporais com qualidade. O bom nível de
desempenho atlético na modalidade é um contexto de discussão do manual, porém
não deixamos de tratar e refletir sobre os cuidados com a qualidade de vida e os
aspectos relacionados à saúde dos indivíduos.
28
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34
APÊNDICE A – TRABALHOS APRESENTADOS EM EVENTOS CIENTÍFICOS
Trabalho 1:
Paz B, Lourenço MRA. Avaliação da flexibilidade na ginástica rítmica: um panorama
dos testes utilizados no cenário nacional. I Encontro Nacional de Esportes e Fitness:
Avanços Técnicos e Científicos. Londrina. 2014. p.55-65.
46
Trabalho 2: Paz B, Lourenço MRA. Desenvolvimento e avaliação da flexibilidade na Ginástica Rítmica. VI Congresso Internacional de Pedagogia do Esporte (CIPE). Maringá. 2015.
49
Trabalho 3: Paz B, Lourenço MRA. Métodos de desenvolvimento e instrumento de avaliação da flexibilidade na Ginástica Rítmica. IV Seminário Internacional de Ginástica Artística e Rítmica de Competição (SIGARC). São Paulo. 2015. p.076.
50
APÊNDICE B – ARTIGO CIENTÍFICO
Artigo à ser encaminhado para a Revista Brasileira de Ciências do Esporte
MÉTODOS DE DESENVOLVIMENTO E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA
FLEXIBILIDADE NA GINÁSTICA RÍTMICA: UMA RELAÇÃO ENTRE TEORIA E
PRÁTICA
Resumo
O objetivo do presente estudo foi promover uma inter-relação entre teoria e prática sobre os
métodos de desenvolvimento e avaliação da flexibilidade na GR. Elaboramos uma revisão
sistemática e uma pesquisa com 22 treinadoras de GR. As participantes responderam a um
questionário com questões abertas e fechadas sobre quais métodos utilizam para desenvolver
e avaliar a flexibilidade de suas ginastas. Os estudos selecionados e as treinadoras pesquisadas
apresentaram em comum apenas os métodos ativo e passivo. O teste de Ilia Vankov, o
flexiteste e a fotogrametria foram indicados em ambos os segmentos, revisão e treinadoras.
Evidenciamos um falta de valorização com a avaliação da flexibilidade, em contrapartida há
um entendimento de que ela é fundamental para um bom e saudável andamento do trabalho
prático desta modalidade.
Palavras-chave: Ginástica rítmica; Flexibilidade; Avaliação; Testes.
DEVELOPMENT METHODS AND FLEXIBILITY ASSESSMENT INSTRUMENT IN
RHYTHMIC GYMNASTICS: A LINK BETWEEN THEORY AND PRACTICE
Abstract
The aim of this study was to promote an interrelationship between theory and practice on the
development of methods and evaluation of flexibility in GR. We developed a systematic
review and a survey of 22 coaches of GR. The participants answered a questionnaire with
open and closed questions about which methods used to develop and evaluate the flexibility
of their gymnasts. The studies selected and surveyed coaches had in common only the active
and passive methods. The test Ilia Vankov, the flexitest and photogrammetry were nominated
in both segments, review and coaches. We observed a lack of appreciation by evaluating the
51
flexibility, on the other hand there is an understanding that it is fundamental for a good and
healthy progress of the practical work of this type.
Keywords: Rhythmic gymnastics; Flexibility; Evaluation; Tests.
MÉTODOS DE DESARROLLO Y EVALUACIÓN DE INSTRUMENTOS
FLEXIBILIDAD EN GIMNASIA RÍTMICA: UN ENLACE ENTRE TEORÍA Y
PRÁCTICA
Resumen
El objetivo de este estudio fue promover una interrelación entre la teoría y la práctica en el
desarrollo de métodos y la evaluación de la flexibilidad en GR. Desarrollamos una revisión
sistemática y un estudio de 22 entrenadores de GR. Los participantes respondieron un
cuestionario con preguntas abiertas y cerradas sobre los métodos utilizados para desarrollar y
evaluar la flexibilidad de sus gimnastas. Los estudios seleccionados y entrenadores
encuestados tenía sólo en los métodos activos y pasivos comunes. La prueba Ilia Vankov,
flexitest y fotogrametría fueron nominados en dos segmentos, revisión y entrenadores. Se ha
observado una falta de aprecio por la evaluación de la flexibilidad, en el otro lado hay un
entendimiento de que es fundamental para un progreso bueno y sano del trabajo práctico de
este tipo.
Palavras clave: Gimnasia rítmica; Flexibilidad; Evaluación; Pruebas.
Introdução
A Ginástica Rítmica (GR) é um desporto que se destaca enquanto uma modalidade
esportiva que permite ao corpo o uso da arte, da criatividade e de suas capacidades físicas.
Promove, também, aos seus praticantes o desenvolvimento global relacionando os aspectos
motor, cognitivo, afetivo e social. Sua estrutura trifásica, envolvendo acompanhamento
musical, manejo de aparelho e elementos corporais que contribuem para tal desenvolvimento
(Pires, 2003).
Esta modalidade, tem sua iniciação nos primeiros anos da infância, quando facilita a
obtenção do alto nível de desempenho, a ginasta deve-se submeter as cargas elevadas de
treinamento, por meio de um trabalho disciplinado em que a prática do esporte passa a fazer
parte do seu estilo de vida (Laffranchi, 2001).
52
A flexibilidade juntamente com a coordenação motora são capacidades nas quais a GR
é extremamente dependente para o nível de desempenho atlético (Mendes; Braciak, 2003). No
entanto, a flexibilidade é o componente principal exigido em uma gama de elementos
corporais próprios da modalidade, sendo evidente a sua utilização em elevado grau de
execução nos elementos corporais obrigatórios da modalidade, fazendo com que seja
imprescindível o treinamento desta capacidade (Federação Internacional de Ginástica, 2013-
2016; Mendes; Braciak, 2003).
A flexibilidade é definida como “qualidade física responsável pela execução
voluntária de um movimento de amplitude angular máxima, por uma articulação ou conjunto
de articulações” (Dantas, 1999, p. 57). Sua importância vai além do desempenho esportivo,
seu desenvolvimento, aprimoramento e avaliação são fundamentais para aptidão física de
qualquer indivíduo relacionada à saúde (Achour Júnior, 2004).
Entendemos que um bom desenvolvimento desta capacidade física, desde os primeiros
anos de vida do indivíduo, auxiliará o mesmo em um estilo de vida mais saudável. Um adulto
estimulado a prática de exercícios que desenvolvam esta capacidade física desde sua infância,
manterá ao longo do tempo a flexibilidade necessária para amenizar as tensões musculares, e
para utilizar na preparação das práticas esportivas de lazer (Achour Júnior, 2004).
A flexibilidade torna-se fundamental para a GR na execução dos elementos corporais e
no pré-acrobáticos. A execução dos movimentos das articulações dos ombros, quadris e
coluna, devem ser amplos para que a atleta desta modalidade alcance um ótimo desempenho
atlético. Sendo assim, os valores de referências desta capacidade física, necessários para uma
ginasta estão muito acima dos valores padrões de indivíduos que não praticam a GR (Bott,
1986).
No entanto, os cuidados com os métodos de desenvolvimento e avaliação desta
capacidade física devem ser levados em consideração para que um bom trabalho prático seja
desenvolvido durante todas as faixas etárias (Achour Júnior, 2004). É essencial que o
profissional tenha conhecimento de todos os cuidados a serem tomados durante a realização
de um trabalho de flexibilidade, para que problemas futuros sejam evitados.
A flexibilidade é uma das principais características da GR, por isso a contextualização
sobre os estudos se apoiem em propostas que reflitam sua avaliação e acompanhamento
durante os treinos, se tornam eficazes aliados de técnicas em suas rotinas de treinamentos.
Neste sentido, o presente estudo se pauta em um levantamento na bibliografia sobre como o
tema em questão vem sendo apresentado nas pesquisas que tematizam a flexibilidade a partir
de suas especificidades com a GR.
53
Com isso, devido a grande influência e necessidade desta capacidade física para o
desenvolvimento e execução dos movimentos obrigatórios da modalidade aqui apresentada,
buscamos neste estudo identificar quais os métodos e testes que as treinadoras de GR em nível
nacional estão utilizando para avaliar e desenvolver a flexibilidade de suas ginastas, bem
como averiguar na literatura como os estudos na área da GR discutem estes e outros métodos
de avaliação e desenvolvimento da flexibilidade. A partir destas análises as informações
foram cruzadas promovendo assim, uma inter-relação entre teoria, produções científicas
identificadas na literatura, e prática, informações relatadas pelas treinadoras participantes
desta pesquisa.
Materiais e métodos
Ao tratar do tema flexibilidade na GR, este artigo, caracterizou-se como uma
descritiva exploratória de caráter qualitativo, já que forneceu informações detalhadas sobre
um indivíduo, instituição, fenômeno ou comunidade. E, teve como objetivo determinar
características singulares de um sujeito ou de uma condição (Thomas et al., 2007).
A estrutura de realização do artigo se concretizou em fases distintas. Sendo a primeira
fase uma revisão sistemática dividida em três etapas (busca nas bases de dados, análise dos
estudos, apresentação dos principais resultados), a segunda fase a aplicação de questionários
com treinadoras participantes da 1ª etapa dos Jogos Escolares da Juventude Brasileiros (para
atletas com idade entre 12 e 14 anos), e a terceira fase que objetivou o cruzamento dos dados
coletados na revisão e nos questionários.
A revisão sistemática constituiu-se na busca de estudos indexados nos bancos de
dados: Portal Capes, Bireme, Ebsco e Google Acadêmico, por meio dos descritores:
“ginástica rítmica”, “flexibilidade”, “avaliação” e “teste”. Foram consideradas as produções
científicas publicadas entre os anos de 1980 e 2014, já que, entendeu-se que a década de
maior expressão das pesquisas científicas em atividade física e educação física aconteceram
em 1990.
Inicialmente foram selecionados 32 estudos que apresentaram no título ou nas
palavras-chave pelo menos um dos descritores utilizados para esta pesquisa. A segunda etapa
foi composta pela análise do conteúdo descrito nestas pesquisas para seleção das mais
relevantes e coerentes com a temática. Os critérios de exclusão foram: artigos não publicados,
artigos de revisão e artigos que não contemplavam a temática estudada, como por exemplo,
produções referentes a distúrbios alimentares, avaliações posturais, níveis de motivação pré-
competitiva.
54
Dos 32 estudos selecionados, 15 respondiam aos questionamentos utilizados como
critérios de inclusão, os seguintes questionamentos: A pesquisa foi realizada com ginastas
praticantes de Ginástica Rítmica? Apresenta algum método para desenvolvimento ou
avaliação da flexibilidade? Foi mensurada ou avaliada a flexibilidade dos sujeitos
participantes da pesquisa? O teste de avaliação da flexibilidade utilizado na pesquisa era
fidedigno e validado?
Na fase de conclusão, da revisão sistemática, foi desenvolvida a partir das produções
científicas selecionadas com a elaboração de um quadro com informações relevantes de cada
uma das pesquisas para melhor apresentação e entendimento dos resultados. A construção do
mesmo ocorreu por meio das seguintes categorias: tipo do estudo, autores, métodos para
desenvolver a flexibilidade e instrumentos de avaliação da flexibilidade.
Com esta fase concluída, iniciou-se a aplicação de um questionário com questões
abertas e fechadas, aplicado para 22 treinadoras oficialmente inscritas como representantes
dos estados brasileiros na 1ª etapa dos Jogos Escolares da Juventude Brasileiros (para atletas
com idade entre 12 e 14 anos), realizados entre os dias 4 e 7 de setembro de 2014, na cidade
de Londrina-PR.
O questionário propôs identificar a formação acadêmica, o tempo de atuação como
treinadora, as faixas etárias nas quais trabalha atualmente e os testes utilizados para avaliar a
flexibilidade de suas ginastas. Todas as participantes foram informadas sobre os
procedimentos da pesquisa e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido antes de
responderem ao questionário. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva,
para que os mesmos pudessem ser apresentados de maneira clara e coerente.
Por fim, foi realizado o cruzamento dos dados obtidos pela revisão e pelo questionário.
Através deste cruzamento foi possível estabelecer categorias de análise que subsidiaram a
apresentação e discussão dos resultados. As categorias evidenciadas se constituíram em: a)
métodos de desenvolvimento e instrumentos de avaliação da flexibilidade referendados pela
revisão e utilizado pelas treinadoras; b) instrumentos de avaliação da flexibilidade para a GR,
apontados pelos estudos extraídos da revisão sistemática; c) métodos e instrumentos somente
evidenciados pelas treinadoras.
Neste movimento as análises subsidiaram reflexões sobre a realidade, as limitações e
as perspectivas para o trabalho mais eficiente e qualificado do treinamento das ginastas da
GR. A fundamentação estabelecida pela realidade apontada pelas treinadoras, hoje
representantes da GR de cada estado do país, indica que há muito que se discutir sobre o tema.
No entanto, de forma mais específica, a qualificação dos processos de formação tanto de
55
atletas como treinadoras, passa por estudos concretos sobre os diferentes aspectos que
envolvem o esporte de alto nível, as técnicas, os treinamentos desportivos, a psicologia, as
relações entre atletas e treinadores, entre outros.
Resultados e discussão
Para apresentar os resultados, primeiramente identificamos os estudos que deram
suporte há uma análise comparativa das respostas das treinadoras. Desta forma, a organização
destes dados é relatada, em focos específicos, e posteriormente através a interlocução entre
eles.
Foram encontradas na literatura 15 produções científicas, que tratavam a Flexibilidade
na GR, sendo que oito são artigos publicados em periódicos indexados (Menezes; Fernandes
Filho, 2006; Miletic et al., 2006; Martins et al., 2009; Silva et al., 2008; Karloh et al., 2010;
Menezes et al., 2012; Perin et al., 2012; Goulart et al., 2014), dois trabalhos completos
publicados em um caderno de evento (Mendes; Nunes, 2003; Mendes; Braciak, 2003), um
publicado nos anais de outro evento (Soares, 2007) e quatro dissertações de mestrado
(Rodrigues, 1987; Monteiro, 2000; Botti, 2008; Santos, 2011).
A flexibilidade aparece como fator essencial para a prática da GR em todos os estudos.
Contudo, ficou evidenciado que apenas uma produção (Mendes; Braciak, 2003) trata sobre
como desenvolver a flexibilidade de ginastas na GR. Foi evidenciado neste estudo que são
três os métodos apontados pela amostra, ativo, passivo e estático, com tempo de permanência
na posição de mais de um minuto. Sobre esta relação Alter (2010) afirma que manter uma
posição de alongamento por mais de 30 segundos com o objetivo de aumentar a amplitude do
movimento muitas vezes não se tem um ganho significativo, sugerindo-se assim, que a
permanência em cada posição seja de 10 a 30 segundos.
Dentre os estudos encontrados, 13 discutiram os instrumentos de avaliação
(Rodrigues, 1987; Monteiro, 2000; Mendes; Nunes, 2003; Menezes; Fernandes Filho, 2006;
Miletic et al., 2006; Soares, 2007; Botti, 2008; Silva et al., 2008; Martins et al., 2009; Santos,
2011; Menezes et al., 2012; Perin et al., 2012; Goulart et al., 2014), aqui foi possível perceber
que os instrumentos variam de uma pesquisa para outra, conforme o entendimento dos autores
em relação aos objetivos estabelecidos para a construção de cada estudo.
Destaca-se ainda um estudo Karloh et al, (2010) que fez uma comparação da utilização
de dois métodos para desenvolvimento, o alongamento estático e o conceito Mulligan,
quantificando a flexibilidade a partir de um instrumento de avaliação (fotogrametria). O artigo
divide seus participantes em dois grupos, sendo que cada um dos grupos foi submetido a um
56
método de desenvolvimento da flexibilidade durante 11 semanas em seguida foi mensurado o
aumento do grau de amplitude de cada uma das ginastas participantes.
Na leitura dos trabalhos, ainda, foi possível identificar os métodos de avaliação da
flexibilidade mais frequente utilizados em ginastas praticantes de GR sendo eles: a)
classificado como método linear, o teste de sentar e alcançar (Rodrigues, 1987; Miletic et al.,
2004; Perin et al., 2012); b) como método adimensional, o flexiteste (Mendes; Nunes, 2003),
a bateria de teste Ilia Vankov (Soares, 2007) e uma bateria de testes construída pelo próprio
autor (Rodrigues, 1987; Monteiro, 2000; Santos, 2011); c) como métodos angulares, o
goniômetro (Menezes; Fernandes Filho, 2006; Silva et al., 2008; Martins et al., 2009;
Menezes et al., 2012; Goulart et al., 2014) a fotogrametria (Karloh et al., 2010; Perin et al.,
2012) e o flexímetro (Botti, 2008), conforme informações do quadro 1.
57
Quadro1: Métodos de desenvolvimento e instrumentos de avaliação da flexibilidade.
Fonte: Arquivos das autoras.
Nesta primeira análise, foi possível evidenciar que ao tratar da flexibilidade como
habilidade fundamental da GR os estudos estabelecem a importância de discutir os métodos
de desenvolvimento, bem como os instrumentos de avaliação da flexibilidade das ginastas.
Contudo, ampliamos a análise proposta para este artigo, com o mapeamento de como
estas questões são tratadas na realidade concreta dos treinamentos das equipes de GR de
diferentes estados do Brasil. Neste movimento de análise compreendemos os limites e
perspectivas do trabalho da GR e os processos de treinamentos das técnicas envolvidas.
Inicialmente é importante ressaltar que todas as treinadoras pesquisadas afirmam
serem formadas em Educação Física, o que já era esperado, pois o registro profissional no
Sistema CREFs/CONFEF é obrigatório para a participação no evento. Quanto às 16 pós-
graduadas Lato Sensu, constatamos que 11 possuem o título de especialistas em Ginástica
Rítmica, as demais em Treinamento Desportivo, Fisiologia do Exercício, Gestão e Esporte
Escolar, Metodologia do Ensino Superior e Motricidade Infantil. Já as pós-graduadas Stricto
Sensu, três são mestres em Educação Física e uma em Saúde e Comportamento.
A grande característica de um bom treinador é o entendimento de que as diversas
competências profissionais são fundamentais no exercício de suas atividades e verificar que
mais de 50% das técnicas são especialistas exatamente em ginástica rítmica demonstra
maturidade entre os profissionais desta modalidade (Egerland et al., 2009).
Ao questionarmos sobre o tempo de atuação como treinadoras de ginástica rítmica
apenas uma das treinadoras afirmou que trabalhava anteriormente com a modalidade de
voleibol e recentemente decidiu investir na GR, há 2 anos, com o intuito de fazer com que seu
estado cresça nesta modalidade esportiva no cenário nacional, as demais atuam há mais de 5
anos.
No estudo de Egerland et al. (2009) ao considerar a formação acadêmica dos
treinadores, constataram que os treinadores pós-graduados atribuíram maior importância às
58
competências profissionais do que os treinadores somente graduados. Relacionada com a
formação acadêmica está o tempo de prática, dois fatores importantes e que interferem na
atuação prática de um treinador.
O questionário, também, identificou as faixas etárias apresentadas como opções para
os sujeitos foram categorizadas em iniciação (cinco a oito anos) (Laffranchi; Lourenço, 2010)
e as competitivas pré-infantil (nove e 10 anos), infantil (11 e 12 anos), juvenil (13 a 15 anos) e
adulto (acima de 16 anos) (CBG, 2015). Fatos sintetizados na tabela 1:
Tabela 1 – Características profissionais dos sujeitos participantes da pesquisa.
FORMAÇÃO
ACADÊMICA GRADUAÇÃO
PÓS-GRADUAÇÃO
LATO SENSU
PÓS-GRADUAÇÃO
STRICTO SENSU
PARTICIPANTES 2 16 4
TEMPO DE
ATUAÇÃO 2 ANOS MAIS DE 5 ANOS
PARTICIPANTES 1 21
FAIXA ETÁRIA
TRABALHA
ATUALMENTE
TODAS AS
CATEGORIAS
4
CATEGORIAS
3
CATEGORIAS
2
CATEGORIAS
1
CATEGORIAS
PARTICIPANTES 9 6 4 2 1
Fonte: Arquivos das autoras.
Com a realização da revisão sistemática e a aplicação dos questionários foi possível
estabelecer a relação das informações apontadas nas duas etapas de coleta das informações.
Ficou comprovado que a flexibilidade para a GR, se constitui como elemento essencial na
construção das coreografias e na execução dos diferentes elementos corporais. O elevado
nível de amplitude destes movimentos é uma das principais características desta modalidade,
alguns elementos como o equilíbrio Panché (equilíbrio com flexão do tronco à frente com a
elevação para trás de uma das pernas atingindo um ângulo de 180º ou mais) ou salto Jeté en
tournant (salto com afastamento ântero-posterior atingindo um ângulo de 180º ou mais com
giro), são exemplos dos elementos corporais descritos no Código de Pontuação (Federação
Internacional de Ginástica, 2013-2016).
No cruzamento dos dados da revisão e dos questionários, a primeira categoria
analisada foi a identificação dos métodos de desenvolvimento e instrumentos de avaliação
utilizados pelas treinadoras e também discutidos nos artigos pesquisados. Nesta categoria
constatamos que todas as treinadoras se utilizam dos métodos ativo e passivo ou apenas do
passivo. Ao mesmo tempo em que 11 treinadoras mencionaram utilizar além destes dois
métodos o método 3S (uma das técnicas do FNP).
59
Importante ressaltar que o método ativo busca forçar amplitudes maiores do que as
normais por conta da atividade dos próprios grupos musculares do indivíduo assegurado por
um determinado movimento (Dantas, 1999; Zakharov, 2003). Já o método passivo provoca
um relaxamento da musculatura que está sendo trabalhada, buscando atingir o maior arco de
amplitude do movimento. Este método pode ser feito também com ajuda de aparelhos, como
pesos, step, entre outros, além dos exercícios poderem ser executados com o auxilio de um
parceiro (Dantas, 1999; Zakharov, 2003; Achour Júnior, 2004).
Dentro deste grupo de treinadoras, o 3S apresentou-se em duas situações diferentes de
objetivos e utilização pelas técnicas. A primeira apontada por 11 treinadoras que afirmaram
que o utilizam como método de desenvolvimento, e a segunda por uma treinadora que o
utiliza como instrumento de avaliação.
Destacamos que o 3S faz parte do método de facilitação neuromuscular
proprioceptiva (FNP) que é apresentado por Achour Júnior (2004) como uma técnica de
alongamento realizada com contração e relaxamento da musculatura envolvida, por meio da
facilitação neuro-proprioceptiva. Este método é composto por quatro métodos diferentes,
sendo eles, o método Scientific Stretching for Sport (3S), utilizado pelas treinadoras
pesquisadas, método da sustentação – relaxamento, método de contração – relaxação
antagonista e o método da reversão lenta (Dantas, 1999).
Na GR o “método ativo é muito utilizado durante a preparação física específica, na
preparação física geral realiza-se o trabalho através dos outros dois métodos de treinamento
da flexibilidade” (Laffranchi, 2001, p. 69).
Segundo o estudo de Mendes e Braciak (2003) encontrado na revisão sistemática, os
métodos, ativo, passivo e estático foram apresentados como utilizados por treinadoras de GR
para desenvolver a flexibilidade durante as sessões de treinamento. Os resultados deste estudo
se constituíram a partir de um questionário, com perguntas do tipo: a idade com que é iniciado
o treinamento de flexibilidade; quantas vezes por semana é destinado ao treinamento de
flexibilidade; em que momento do treino é trabalhado a flexibilidade; quais os métodos
utilizados para desenvolver a flexibilidade e segundo as treinadoras até que idade elas
acreditam conseguir desenvolver a flexibilidade em suas ginastas.
Mendes e Braciak (2003) ainda evidenciam que, segundo as treinadoras pesquisadas o
treinamento de flexibilidade é realizado em média três vezes por semana e após o
alongamento inicial, que serve como preparação para que musculatura e articulações estejam
prontas para sobrecarga do trabalho de flexibilidade. A idade que a maioria das técnicas
consideram ideal para o início deste trabalho é aos seis anos com a possibilidade de
60
desenvolver esta capacidade física até os 12 anos de idade.
No estudo de Karloh et al. (2010) foi utilizado o alongamento estático também
juntamente com o conceito Mulligan como uma proposta viável para auxiliar no
desenvolvimento da flexibilidade de ginastas.
Esses métodos, também, foram tratados em uma comparação entre os dois
(alongamento estático e conceito Mulligan). Neste artigo os sujeitos envolvidos foram
divididos em dois grupos, para que um trabalhasse durante 11 semanas com exercícios de
alongamento estático (Grupo 2) e o outro com o conceito Mulligan (Grupo 1). Os resultados
obtidos após o período de intervenção foram semelhantes com um aumento da flexibilidade
em ambos os grupos. No entanto, ficou evidenciado também que o Grupo 1 obteve um
aumento no grau de amplitude mais significativo comparado com o Grupo 2 (Karloh et al.,
2010).
Outro questionamento estabelecido no questionário foi possível identificar as formas
utilizadas pelas treinadoras envolvidas para avaliar a flexibilidade de suas ginastas. As
respostas indicaram como testes de avaliação uma bateria de teste búlgaro de Ilia Vankov,
uma bateria de teste alemão, o método 3S, avaliação por outro profissional e observação dos
treinos.
Ao desenvolver a flexibilidade é necessário avaliar sua evolução, para que se tenha
certeza do trabalho que está sendo aplicado, bem como, visualizar as respostas de cada um
dos indivíduos submetidos a este treinamento.
Podemos perceber que há uma preocupação das treinadoras com o acompanhamento
da flexibilidade, pois entendem que para evoluir cada vez mais dentro da modalidade esta é
uma capacidade fundamental para este avanço, ao mesmo tempo percebemos uma fragilidade
na hora de responder sobre o instrumento utilizado, pois a maioria delas não utilizam
instrumentos de avaliação, mas consideram a observação dos treinos como uma forma
eficiente de mensurar esta capacidade física.
Salientamos que faz parte da conduta de um profissional avaliar antes de desenvolver
esta ou qualquer outra capacidade física. É fundamental que os dados sejam colhidos e
documentados para que se possa avaliar o nível de flexibilidade atual comparando com o
anterior, monitorar mudanças, estabelecer e traças os objetivos para o programa de
desenvolvimento, além de servir como uma ferramenta de motivação e prevenção de lesões
(Rubini, 2010).
A escolha do instrumento de avaliação passa por três aspectos fundamentais a
confiabilidade, fidedignidade e acessibilidade, é imprescindível que o avaliador conheça com
61
precisão o instrumento a fim de garantir a qualidade dos resultados e interpretação dos dados
determinados pelo teste (Rubini, 2010).
Uma das classificações dos métodos de avaliação da flexibilidade é por meio da
descrição dos resultados, sendo eles divididos em métodos lineares onde, a medida de
amplitude do movimento é quantificada em centímetros, métodos angulares, que apresentam
os dados finais em graus e os métodos adimensionais, que são aqueles onde não empregam
uma unidade métrica ou angular, utilizam-se de mapas de ilustração para comparar o avaliado
com o desenho e a partir disso estabelecer o valor já pré-determinado pelo teste (Araújo,
2005).
Assim, quando se questionou sobre a avaliação da flexibilidade 16 treinadoras
responderam que avaliam a flexibilidade de suas ginastas e as outras seis afirmaram que não
avaliam.
Ao serem questionadas sobre quais os testes de avaliação eram utilizados as respostas
apontaram uma bateria de teste búlgaro de Ilia Vankov, uma bateria de teste alemão, o método
3S, avaliação por outro profissional e observação dos treinos. Conforme explicitado na tabela
2.
Tabela 2 – Testes utilizados pelas treinadoras para avaliar a flexibilidade de suas ginastas.
AVALIAÇÃO DA
FLEXIBILIDADE
TESTE
BÚLGARO
TESTE
ALEMÃO 3S
OUTRO
PROFISSIONAL
DO CLUBE
OBSERVAÇÃO
DOS TREINOS
PARTICIPANTES 5 1 1 3 6
Fonte: Arquivos das autoras.
Cinco treinadoras afirmaram utilizar uma bateria de teste da Bulgária desenvolvido em
1983 por Ilia Vankov. Sendo que uma destas pesquisadas afirmou também utilizar uma vez
por ano o Flexiteste. Quanto a bateria de teste alemão, a treinadora respondeu utilizá-lo,
porém, não soube informar o nome ou autor de referência tornando inviável a apresentação
dos mesmo neste estudo.
O método 3S foi apontado como sendo o instrumento de avaliação da flexibilidade
utilizado por uma das treinadoras. Outras três treinadoras afirmaram que a flexibilidade de
suas ginastas é quantificada por meio de instrumentos de avaliação aplicados por outros
profissionais que atuam em seus clubes. No entanto, apenas uma afirmou que o instrumento
utilizado é a fotogrametria. E, ainda a maioria das treinadoras afirmaram que sua avaliação é
62
feita a partir de suas observações nos treinos, levando em consideração a evolução e
desenvolvimento de suas ginastas.
A GR exige muitas vezes de suas praticantes um alto nível de flexibilidade, tornando-a
uma capacidade física fundamental para a modalidade. Ao mesmo tempo, sempre que se
desenvolve uma capacidade física é preciso avaliar, mensurar sua evolução para que se tenha
o conhecimento dos benefícios e se o trabalho que desenvolvimento está ou não caminhando
em uma direção correta (Achour Júnior, 2004; Rubini, 2010).
A bateria de teste de Ilia Vankov, classificada como um método adimensional, para
mensurar a flexibilidade de suas ginastas. A bateria de testes de Ilia Vankov é apresentado por
Nedialkova et al. (2006) como uma bateria de testes com o objetivo principal de constatar as
possibilidades básicas da criança para a prática da GR, a fim de selecionar futuros talentos.
Este teste é divido em 3 etapas, sendo a primeira a avaliação do perfil antropométrico,
a segunda das capacidades físicas de base, entre elas a flexibilidade e por fim as capacidades
fisicoperceptivopsicomotoras (Nedialkova et al., 2006).
Esta mesma bateria de testes foi encontrada no artigo de Soares (2007) que avaliou
117 ginastas da Vila Olímpica de Manaus e de clubes de Manaus com idade entre nove e 19
anos divididas em três grupos conforme a faixa etária. Os grupos investigados forma
identificados como grupo A, ginastas de sete a 10 anos, B de 11 a 14 anos e C acima de 15
anos. Segundo os resultados encontrados na pesquisa as ginastas dos grupos A e B obtiveram
valores insuficientes, ou seja, não apresentaram os níveis de flexibilidade exigidos para
prática da ginástica rítmica competitiva (Soares, 2007). Já o grupo C apresentou uma boa
flexibilidade de quadril, correspondendo as exigências da modalidade.
Uma das treinadoras que se utilizam da bateria de teste de Ilia Vankov, ainda faz o uso
do Flexiteste como um instrumento de avaliação para complementar a bateria de testes citada
acima. O flexiteste é um teste adimensional, pois seu resultado não se expressa nem em graus
ou unidade de medida, ele consiste na medida e avaliação de 20 movimentos articulares
corporais, englobando os principais movimentos das articulações do tornozelo, joelho,
quadril, tronco, punho, cotovelo e ombro (Dantas, 1999; Araújo, 2005; Rubini, 2010).
Sobre o flexiteste a revisão apontou o estudo de Mendes e Nunes (2003) que procurou
avaliar a flexibilidade de membros inferiores de 20 meninas praticantes de ginástica rítmica
utilizou como instrumento de coleta o flexiteste, por meio do método passivo a partir de 20
movimentos articulares (ou 36 se considerados os bilaterais), sendo atribuídos valores de 0 a 4
como critérios de avaliação. Os resultados encontrados foram bastante satisfatórios para esta
população, especialmente nos movimentos de flexão.
63
Outro fato importante de ser mencionado é que três treinadoras informaram que a
flexibilidade de suas ginastas é mensurada por testes aplicados por outro profissional atuante
em seus clubes, no entanto, apenas uma soube informar o instrumento utilizado com suas
atletas, a fotogrametria. Na revisão sistemática elabora foi identificado o estudo de Karloh et
al. (2010) que aponta este instrumento com um teste que se utiliza de fotografias do ângulo
articular que está sendo avaliado, para que o mesmo possa ser analisado e quantificado por
meio de um software específico.
Classificado como um método angular, a fotogrametria, foi utilizada em duas
produções científicas encontradas na literatura. No estudo de Karloh et al. (2010)
a
fotogrametria foi utilizada para análise dos efeitos agudos e comparação da utilização de 11
semanas de treinamento de alongamento estático (grupo 2) e do conceito Mulligan (grupo 1),
ficando comprovado que ambos os grupos obtiveram aumento da amplitude de movimento de
extensão da articulação coxofemoral, porém os ganho do grupo 1 foram estatisticamente
superior aos do grupo 2.
Outro estudo, analisado (Perin et al., 2012) teve como objetivo comparar dois
instrumentos de avaliação da flexibilidade em 60 meninas praticantes de ginástica rítmica. Os
métodos utilizados foram a fotogrametria e o teste de sentar e alcançar e os resultados
encontrados pelo estudo foram que a fotogrametria apresenta dados mais confiáveis em
relação ao teste de sentar e alcançar, sendo que a utilização conjunta de ambos os teste pode
proporcionar dados ainda mais fidedignos para a avaliação da flexibilidade.
O teste de sentar e alcançar, também foi citado nos estudos de (Rodrigues, 1987;
Miletic et al., 2004). No estudo de Miletic et al. (2004) este teste foi utilizado com o intuito de
avaliar a flexibilidade de 50 meninas praticantes de ginástica rítmica com média de idade de
7.1 ± 0,3 anos para determinar o impacto desta entre outras capacidades físicas sobre o
desenvolvimento das habilidades motoras específicas da modalidade. Os autores contataram
que devido a presença marcante da flexibilidade nos elementos corporais específicos da
modalidade o “fator flexibilidade tem um valor significativo na realização dos elementos
corporais básicos e nos movimentos de grande amplitude” (Miletic et al. 2004, p. 734).
Com algumas modificações, o teste de sentar e alcançar, foi utilizado no estudo de
Rodrigues (1987) que buscou construir uma bateria de testes para predizer a performance de
ginastas de ginástica rítmica, no entanto, segundo o estudo o mesmo não foi considerado
como um dos teste necessários para determinar o desempenho de uma atleta de ginástica
rítmica.
64
Segundo alguns autores o teste de sentar e alcançar é bastante aceito quando
relacionado com a medição de exercícios físicos voltados para a saúde (Dantas, 1999; Achour
Júnior, 2004). Sendo um teste que necessita de pouco espaço físico, de baixo custo, de fácil
uso e transporte, podendo ser facilmente aplicado em escolas, clubes ou academias. (Achour
Júnior, 2004)
Assim, ao sintetizar a primeira categoria podemos evidenciar que todas as treinadoras
buscam desenvolver a flexibilidade de suas ginastas, por meio de exercícios individuais, em
duplas ou com o auxilio de materiais, preocupando-se com o avanço desta capacidade física.
Porém, apresentam limitações no processo de avaliação da flexibilidade, pois um número
expressivo de participantes utilizam apenas as observações dos treinamentos para identificar a
evolução de suas ginastas. No entanto, percebemos que a maioria dos estudos selecionados na
revisão estão voltados para os instrumentos de avaliação da flexibilidade na GR.
A segunda categoria de análise discutiu os instrumentos que foram evidenciados
somente na literatura e que não são utilizados pelas treinadoras, sendo eles os testes (sentar e
alcançar, construção de baterias de testes pelos próprios autores, goniometria e flexímetro).
Isto é, a elaboração da revisão nos possibilitou identificar que há outros fundamentos teóricos
sobre a flexibilidade para o trabalho da GR e que ainda não foram acessados pelo grupo de
técnicas envolvidas no artigo.
Não cabe aqui, a identificação dos porquês desta não utilização. No entanto, nos
aproveitamos deste artigo para relatar os benefícios de utilização e objetivos dos estudos já
utilizados em outras experiências.
Três produções científicas (Rodrigues, 1987; Monteiro, 2000; Santos, 2011) utilizaram
uma bateria de teste definida pelo próprio autor do estudo, classificadas como adimensionais.
Santos (2011) ao verificar os níveis de flexibilidade e força explosiva de atletas de ginástica
rítmica juniores de Portugal utilizou uma bateria de testes com os métodos passivo e ativo. O
autor identificou a execução dos exercícios sempre com ambos os lados: elevação de perna a
frente com e sem auxilio da própria ginasta, elevação de perna lateral com e sem auxilio da
própria ginasta, puxada da perna atrás da cabeça, elevação da perna na posição do panché,
espacato com elevação das duas pernas, escorregar as mão para trás no solo até a máxima
amplitude dos ombros, flexão dorsal da coluna e flexão de tronco na posição sentada. Foi
considerado para cada um dos exercícios valores de 0 a 4 como critérios de avaliação da
flexibilidade.
Os resultados encontrados neste estudo, evidenciam que para o lado dominante as
ginastas obtiveram sempre o valor 2, como mínimo. E, pelo menos uma das ginastas
65
apresentou o valor máximo (4) dos critérios. Já para o lado não dominante, pelo menos uma
das ginastas apresentou o número 1 como menor valor, e para o valor máximo, o resultado
ficou igual ao lado dominante, onde pelo menos uma das ginastas apresentou o valor máximo
(4).
Rodrigues (1987) buscou construir uma bateria de testes para predizer a performance
de ginastas de ginástica rítmica, apresentou o teste de subir na ponte, o afastamento ântero-
posterior e lateral de pernas como instrumentos de avaliação da flexibilidade.
A construção de uma bateria de testes também foi identificado no estudo de Monteiro
(2000) foi realizada uma bateria de testes físicos da Federação Espanhola de Ginástica, onde
uma das capacidades físicas avaliadas foi a flexibilidade e seus exercícios também podem ser
classificados como adimensionais. Neste estudo foram avaliadas oito atletas de ginástica
rítmica pertencentes a Seleção Sênior (adulta) de Portugal com o intuito apresentar uma
quantificação e aplicação de cargas de treino na preparação desta população para o
Campeonato do Mundo de Osaka em 1999.
A avaliação da flexibilidade foi realizada a partir dos seguintes exercícios para
membros inferiores, espacato ântero-posterior com ambas as pernas e com o apoio da perna
da frente em plano elevado e posteriormente com a perna de trás, afastamento lateral com o
apoio elevado de uma das pernas de cada vez. Para o trabalho de flexibilidade escapulo-
humeral foi solicitado às ginastas que fizessem uma circundução completa dos braços para
frente e para trás com o auxilio ou não de uma corda. O trabalho de pés foi executado a partir
de cinco percursos de 12 metros caminhando com os pés apoiados no dorso, apenas nos
calcanhares, com o lado externo, com o lado interno e na meia ponta. Por fim, o trabalho de
coluna foi realizado na posição de espacato e as ginastas deveriam pegar a perna de trás e
estendê-la na direção do solo, realizando assim uma hiperextensão da coluna, exercício
realizado com ambas as pernas.
As treinadoras também não mencionaram outros dois métodos, o goniômetro e o
fleximetro, que foram identificados em cinco produções científicas (Menezes; Fernandes
Filho, 2006; Botti, 2008; Silva et al., 2008; Martins et al., 2009; Menezes et al., 2012; Goulart
et al., 2014). Menezes et al. (2012) avaliou a flexibilidade de perna e tronco das 125 atletas de
ginástica rítmica, sendo oito de nível internacional, dez de nível nacional, sete de nível
estadual e 100 praticantes de uma escolinha da cidade do Rio de Janeiro. Pode-se observar
que na goniometria de perna as ginastas de nível internacional obtiveram resultados
significativamente mais elevados em comparação as demais ginastas. Já para a goniometria de
tronco as ginastas de nível internacional obtiveram resultados maiores significativos apenas
66
em relação as meninas praticantes de ginástica rítmica, não havendo diferença significativa
entre os grupos competitivos (internacional, nacional e estadual).
Silva et al. (2008) também utilizou o goniômetro com o intuito de avaliar a
flexibilidade e analisar a postura de 19 atletas de ginástica rítmica. os valores encontrados
para esta população no grau de amplitude para a extensão de ombro, rotação externa de
ombro, abdução do quadril, inversão e eversão de tornozelo, foram acima do padrão em
crianças e adolescentes não atletas, sendo que alguns movimentos (extensão de ombro e
abdução do quadril) apresentaram mais que o dobro dos valores normais esperados para a
amplitude destes movimentos.
No estudo de Martins et al. (2009) a goniometria foi utilizada para avaliar a amplitude
de movimento de flexão da articulação do quadril de 52 atletas federadas que praticam
ginástica rítmica na cidade de Natal/RN, das categorias mirim, infantil e juvenil. Ficou
evidenciado que existe diferença entre os membros inferiores das atletas.
Também ao utilizar a goniometria como instrumento de avaliação da flexibilidade,
Menezes e Fernandes Filho (2006) buscaram identificar e comparar as características
dermatoglíficas, somatotípicas e qualidades físicas básicas de 24 ginastas, sendo sete da
Seleção Brasileira, 10 participantes do Campeonato Brasileiro Adulto de 2003 e sete
participantes do Campeonato Estadual do Rio de Janeiro. Segundo os autores, com o resultado
dos dados coletados não foi encontrada diferença significativa entre os grupos nesta variável.
Goulart et al. (2014) utilizaram a goniometria para avaliar e comparar a amplitude de
movimento de flexão dorsal de atletas e não atletas de GR. Os autores encontraram uma
diferença significativa entre os dois grupos, constatando uma maior amplitude de movimento
das meninas que não praticam GR. Apresentam que devido a maior parte dos movimentos
característicos da modalidade serem executados com flexão plantar.
O flexímetro, outro teste angular que não foi citado pelas treinadoras pesquisadas, foi
utilizado por Botti (2008) como um instrumento de coleta no estudo com 17 atletas de
ginástica rítmica da categoria infantil para avaliar o grau máximo de amplitude alcançado nas
articulações de quadril, tronco e perna. Utilizando os seguintes exercícios: flexão e extensão
de quadril, flexão e extensão do tronco e abdução da perna direita e esquerda. Deste estudo os
resultados foram apresentados com relação aos impactos no processo de ensino-
apresndizagem-treinamento no desenvolvimento das capacidades físicas (coordenação
motora, flexibilidade e habilidades motoras) a partir do suporte da teoria ecológica.
67
Desta forma, podemos constatar que há na literatura trabalhos científicos que tratam de
instrumentos de avaliação da flexibilidade na GR e que não foram destacados por nenhuma
das treinadoras pesquisadas.
A terceira categoria de análise é fundamentada nas limitações apresentadas pelas
treinadoras quando questionadas sobre os instrumentos de avaliação utilizados nas rotinas de
treinamento desenvolvidas para suas ginastas.
Uma das treinadoras de GR, afirmou, que a flexibilidade de suas ginastas é avaliada
por meio do método 3S. No entanto, segundo a literatura é uma das técnicas do método de
Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) utilizado para desenvolver esta capacidade
física (Dantas, 1999). Portanto, entende-se que o processo utilizado para avaliar a
flexibilidade das ginastas desta participante é ocorrido por meio de uma observação conforme
os estágios de evolução da aplicação deste método.
Esta situação corrobora com a afirmação de um grupo de seis treinadoras que também
responderam que avaliam a flexibilidade de suas ginastas, porém, quando questionadas sobre
como esta avaliação acontece afirmaram não utilizar testes ou instrumentos. Para estas
técnicas a medição por meio de observação das atletas durante as sessões de treinamento, com
intuito de perceber a evolução na execução das dificuldades corporais obrigatórias da GR ou
simplesmente de um exercício proposto, sem quantificar qualquer atividade relacionada a esta
capacidade física.
Para a situação apresentada, as treinadoras justificaram que não avaliam suas ginastas,
no entanto, diariamente observam a evolução de suas ginastas durante todas as sessões de
treinamento.
Avaliar a flexibilidade é uma forma de conhecer seu estado e predizê-la numa
perspectiva mais realista (Achour Júnior, 2009). Após medir e avaliar é necessário planejar
um programa de treinamento para desenvolver a flexibilidade, pois é neste momento que o
profissional consegue identificar quais os grupos musculares necessitam de mais trabalho e
atenção (Achour Júnior, 2009; Rubini, 2010).
Além disso, monitorar a flexibilidade realizando testes periodicamente é necessário
para que se tenha um diagnóstico sobre a evolução desta capacidade física, auxiliando o
profissional na escolha dos métodos de desenvolvimento tornando o treinamento mais
específico e individualizado (Achour Júnior, 2009; Rubini, 2010).
68
Conclusão
Os estudos selecionados na revisão sistemática apresentaram os métodos ativo,
passivo, estático e o conceito Mulligan como técnicas de desenvolvimento da flexibilidade de
ginastas praticantes de GR, enquanto as treinadoras participantes deste estudo indicaram
apenas os métodos ativo e passivo mais a técnica do 3S que compõe o método de Facilitação
Neuromuscular Proprioceptiva.
Já em relação aos instrumentos de avaliação a variedade apontada pelos estudos
indicados na revisão foi bem maior que os citados pelas treinadoras. O teste de Ilia Vankov, o
flexiteste e a fotogrametria foram indicados em ambos os segmentos, teoria e prática. Ainda o
teste de sentar e alcançar, a construção de uma bateria de teste pelo próprio autor, o
goniômetro e o flexímetro foram descritos e utilizados apenas nas produções científicas
selecionadas.
Uma situação pertinente a ser discutida, e até mesmo alertada, é o fato de que muitas
treinadoras apontaram a observação dos treinos como instrumento de avaliação e
quantificação da flexibilidade, e outras treinadoras, ainda, afirmaram não avaliar a
flexibilidade de suas ginastas. A contradição posta esta no entendimento de que a
flexibilidade é característica essencial da GR, é descrita na literatura como capacidade física
prioritária para a modalidade e mesmo assim não evidenciamos a valorização desta nos
trabalhos das treinadoras envolvidas.
É evidente a importância desta capacidade física na GR, tornando o seu
desenvolvimento imprescindível em todas as sessões de treinamento. No entanto, podemos
perceber que existe um descuido com o fato de que a avaliação é fato fundamental para um
bom e saudável andamento do trabalho prático desta modalidade.
A necessidade de um aporte teórico mais fundamentado para os profissionais
envolvidos com esta modalidade está fortemente presente na aplicabilidade prática das
sessões de treinamentos deste desporto. Tornar os conhecimentos empíricos ou deixá-los de
lado em prol dos conhecimentos científicos é uma necessidade para o avanço deste esporte.
A partir disso, entendemos como prioritário o desenvolvimento de trabalhos futuros
com o intuito de apresentar com embasamento teórico e propiciar para os profissionais
atuantes na GR, subsídios pertinentes com uma aplicabilidade prática possível no esporte. A
flexibilidade é uma das principais características de uma atleta de GR e torna a modalidade
ainda mais encantadora para o público. No entanto, é necessário que esta seja desenvolvida e
aprimorada desde cedo com responsabilidade, para que possamos minimizar traumas e
problemas futuros e ainda garantir o sucesso nos treinamentos e rotinas.
69
Referências
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Zakharov A, Gomes AC. Ciência do treinamento desportivo. 2. ed. Rio de Janeiro: Grupo
Palestra Sport; 2003.
72
ANEXO A - REVISÃO SISTEMÁTICA
RESULTADOS
Foram encontradas na literatura 15 produções científicas, que
tratavam a Flexibilidade na GR, sendo que oito são artigos publicados em periódicos
indexados (Menezes; Fernandes Filho, 2006; Miletic et al., 2006; Martins et al., 2009;
Silva et al., 2008; Karloh et al., 2010; Menezes et al., 2012; Perin et al., 2012;
Goulart et al., 2014), dois trabalhos completos publicados em um caderno de evento
(Mendes; Nunes, 2003; Mendes; Braciak, 2003), um publicado nos anais de outro
evento (Soares, 2007) e quatro dissertações de mestrado (Rodrigues, 1987;
Monteiro, 2000; Botti, 2008; Santos, 2011).
A flexibilidade aparece como fator importantíssimo para a prática da
GR em todos os estudos. No entanto, ficou evidenciado que apenas uma produção
(Mendes; Braciak, 2003) trata sobre como desenvolver a flexibilidade de ginastas na
GR. Segundo este estudo são três os métodos apontados pela amostra, ativo,
passivo e estático, com tempo de permanência na posição de mais de um minuto.
Segundo Alter (2010) manter uma posição de alongamento por mais de 30
segundos com o objetivo de aumentar a amplitude do movimento muitas vezes não
se tem um ganho significativo, sugerindo-se assim, que a permanência em cada
posição seja de 10 a 30 segundos.
Dentre os estudos encontrados, 13 discutiram os instrumentos de
avaliação (Rodrigues, 1987; Monteiro, 2000; Mendes; Nunes, 2003; Menezes;
Fernandes Filho, 2006; Miletic et al., 2006; Soares, 2007; Botti, 2008; Silva et al.,
2008; Martins et al., 2009; Santos, 2011; Menezes et al., 2012; Perin et al., 2012;
Goulart et al., 2014), aqui foi possível perceber que os instrumentos variam de uma
pesquisa para outra conforme o entendimento dos autores em relação aos objetivos
estabelecidos para a construção de cada pesquisa.
Destaca-se ainda um estudo (Karloh et al, 2010) que fez uma
comparação da utilização de dois métodos para desenvolvimento (alongamento
estático e o conceito Mulligan), quantificando a flexibilidade a partir de um
instrumento de avaliação (fotogrametria). O artigo divide seus participantes em dois
grupos, sendo que cada um dos grupos foi submetido a um método de
desenvolvimento da flexibilidade durante 11 semanas em seguida foi mensurado o
73
aumento do grau de amplitude de cada uma das ginastas participantes.
Na leitura dos trabalhos, ainda, foi possível identificar os métodos de
avaliação da flexibilidade mais frequente utilizados em ginastas praticantes de GR
sendo eles: a) classificado como método linear, o teste de sentar e alcançar
(Rodrigues, 1987; Miletic et al., 2004; Perin et al., 2012); b) como método
adimensional, o flexiteste (Mendes; Nunes, 2003), a bateria de teste Ilia Vankov
(Soares, 2007) e uma bateria de testes construída pelo próprio autor (Rodrigues,
1987; Monteiro, 2000; Santos, 2011); c) como métodos angulares, o goniômetro
(Menezes; Fernandes Filho, 2006; Silva et al., 2008; Martins et al., 2009; Menezes et
al., 2012; Goulart et al., 2014) a fotogrametria (Karloh et al., 2010; Perin et al., 2012)
e o flexímetro (Botti, 2008). Conforme informações do quadro 1.
Quadro1: Métodos de desenvolvimento e instrumentos de avaliação da flexibilidade.
75
ANEXO B - PESQUISA DE CAMPO NOS JOGOS ESCOLARES DA JUVENTUDE
BRASILEIROS – 12 A 14 ANOS
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Título da pesquisa:
“AVALIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE NA GINÁSTICA RÍTMICA: da iniciação ao alto nível”
Prezado(a) Senhor(a):
Gostaríamos de convidá-la a participar da pesquisa intitulada
“AVALIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE NA GINÁSTICA RÍTMICA: da iniciação ao
alto nível” que faz parte do curso de Mestrado em Exercício Física na Promoção da
Saúde da Universidade do Norte do Paraná, e é orientada pela Profª. Ms. Márcia R.
Aversani Lourenço. Um dos objetivos desta pesquisa é realizar um levantamento
sobre os métodos para desenvolver e avaliar a flexibilidade de atletas de Ginástica
Rítmica utilizados pelas próprias técnicas da modalidade a nível nacional. Para isto
sua participação é muito importante, e ela se dará a partir de um questionário rápido
e de fácil entendimento. As informações serão utilizadas somente para os fins desta
pesquisa e serão tratadas com sigilo e confidencialidade, de modo a preservar a
identidade dos envolvidos. Esclarecemos que sua participação é totalmente
voluntária, podendo recusar-se a participar sem que isso acarrete qualquer ônus ou
prejuízo à você.
Londrina, 04 de setembro de 2014.
Profª. Ms. Márcia R. Aversani Lourenço Bruna Paz
Professora Orientadora Responsável Mestranda do Programa de Pós-graduação
da UNOPAR
Eu, _________________________________________ (nome por extenso) tendo sido
devidamente esclarecido(a) sobre os procedimentos da pesquisa, concordo em participar
voluntariamente da pesquisa intitulada: AVALIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE NA GINÁSTICA
RÍTMICA: da iniciação ao alto nível.
Assinatura: ____________________________
Data: ___ / ____ / ______.
76
QUESTIONÁRIO
1 – Qual a sua formação acadêmica?
( ) GRADUAÇÃO – Curso: ____________________________________________
( ) ESPECIALIZAÇÃO – Curso : ________________________________________
( ) MESTRADO – Curso: ______________________________________________
( ) DOUTORADO – Curso: _____________________________________________
2 – Há quantos anos atua como técnica de Ginástica Rítmica?
( ) 1 ano ou menos
( ) 2 anos
( ) 3 anos
( ) 4 anos
( ) 5 anos ou mais
3 – Com quais faixas etárias você atua?
( ) 5 a 8 anos – Iniciação
( ) 9 a 10 anos – Pré-infantil
( ) 11 a 12 anos – Infantil
( ) 13 a15 anos – Juvenil
( ) acima de 16 anos – Adulto
Obs.: Pode ser assinalada mais de uma opção.
4 – Você avalia a flexibilidade de suas ginastas?
( ) SIM
( ) NÃO
5 – Se você avalia a flexibilidade de suas ginastas, quais os testes que utiliza?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
6 – Qual ou quais método(s) você utiliza para desenvolver a flexibilidade de suas
ginastas?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
77
RESULTADOS
A tabela 1 apresenta as características profissionais das 22
treinadoras do sexo feminino que estavam representando nos Jogos Escolares da
Juventude Brasileiros, juntamente com suas ginastas, o estado onde desenvolvem
atividades relacionadas à ginástica rítmica.
Tabela 1 – Características profissionais dos sujeitos participantes da pesquisa.
FORMAÇÃO
ACADÊMICA GRADUAÇÃO
PÓS-GRADUAÇÃO
LATO SENSU PÓS-GRADUAÇÃO
STRICTO SENSU
Nº DE
PARTICIPANTES 2 16 4
TEMPO DE
ATUAÇÃO 2 ANOS MAIS DE 5 ANOS
Nº DE
PARTICIPANTES 1 21
FAIXA ETÁRIA
TRABALHA
ATUALMENTE
TODAS AS
CATEGORIAS
4
CATEGORIAS
3
CATEGORIAS
2
CATEGORIAS
1
CATEGORIAS
Nº DE
PARTICIPANTES 9 6 4 2 1
Todas as treinadoras pesquisadas disseram possuir graduação em
Educação Física, o que já era esperado, pois o registro profissional no Sistema
CREFs/CONFEF é obrigatório para a participação no evento. Quanto às 16 pós-
graduadas Lato Sensu, constatamos que 11 possuem o título de especialistas em
Ginástica Rítmica, as demais em Treinamento Desportivo, Fisiologia do Exercício,
Gestão e Esporte Escolar, Metodologia do Ensino Superior e Motricidade Infantil. Já
as pós-graduadas Stricto Sensu, três são mestres em Educação Física e uma em
Saúde e Comportamento. A grande característica de um bom treinador é o
entendimento de que as diversas competências profissionais são fundamentais no
exercício de suas atividades15 e verificar que mais de 50% das técnicas são
especialistas exatamente em ginástica rítmica demonstra maturidade entre os
profissionais desta modalidade.
Ao questionarmos sobre o tempo de atuação como treinadoras de
ginástica rítmica apenas uma das treinadoras afirmou que trabalhava anteriormente
com a modalidade de voleibol e recentemente decidiu investir na GR, há 2 anos,
com o intuito de fazer com que seu estado cresça nesta modalidade esportiva no
cenário nacional, as demais atuam há mais de 5 anos.
No estudo de Egerland, Nascimento e Both (2009) ao considerar a
formação acadêmica dos treinadores, constataram que os treinadores pós-
78
graduados atribuíram maior importância às competências profissionais do que os
treinadores somente graduados. Relacionada com a formação acadêmica está o
tempo de prática, dois fatores importantes e que interferem na atuação prática de um
treinador.15
No instrumento de coleta aplicado nesta pesquisa, as faixas etárias
apresentadas como opções para os sujeitos foram categorizadas em iniciação (cinco
a oito anos)13 e as competitivas pré-infantil (nove e 10 anos), infantil (11 e 12 anos),
juvenil (13 a 15 anos) e adulto (acima de 16 anos).16
Especificamente sobre a flexibilidade, primeiramente questionamos
sobre a avaliação desta capacidade física. As treinadoras deveriam responder se
avaliam ou não a flexibilidade de suas ginastas, assinalando “SIM” ou “NÃO”. O
resultado obtido foi que das 22 treinadoras, 16 responderam que avaliam a
flexibilidade de suas ginastas e as outras seis disseram que não avaliam.
A partir da resposta anterior, na próxima questão as participantes
que afirmaram avaliar a flexibilidade de suas ginastas foram indagadas sobre qual o
teste de avaliação utilizado. A tabela 2 mostra os testes citados na pesquisa.
Tabela 2 – Testes utilizados pelas treinadoras para avaliar a flexibilidade de suas ginastas.
TESTES PARA
AVALIAR A
FLEXIBILIDADE
TESTE
BÚLGARO TESTE
ALEMÃO 3S
OUTRO
PROFISSIONAL
DO CLUBE
OBSERVAÇÃO
DOS TREINOS
Nº DE
PARTICIPANTES 5 1 1 3 6
Cinco treinadoras afirmaram utilizar uma bateria de teste da
Bulgária desenvolvido em 1983 por Ilia Vankov. Sendo que uma destas pesquisadas
afirmou também utilizar uma vez por ano o Flexiteste. Considerado um teste
adimensional, pois seu resultado não se expressa nem em graus ou unidade de
medida, este método consiste na medida e avaliação de 20 movimentos articulares
corporais, englobando os principais movimentos das articulações do tornozelo,
joelho, quadril, tronco, punho, cotovelo e ombro.8,10,17
O teste de Ilia Vankov é apresentado por Nedialkova, Soares e
Barros (2006), consiste em uma bateria de testes com o objetivo principal de
contatar as possibilidades básicas da criança para a prática da GR, a fim de
selecionar futuros talentos.18 Este teste é divido em 3 etapas, sendo a primeira a
79
avaliação do perfil antropométrico, a segunda das capacidades físicas de base,
entre elas a flexibilidade e por fim as capacidades fisicoperceptivopsicomotoras.18
Quanto a bateria de teste alemão, a treinadora respondeu utilizá-
lo, porém, não soube informar o nome ou autor de referência tornando inviável a
apresentação dos mesmo neste estudo.
O método 3S citado como um instrumento de avaliação da
flexibilidade segundo a literatura é uma das técnicas do método de Facilitação
Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) utilizado para desenvolver esta capacidade
física.8 Portanto, entende-se que o processo utilizado para avaliar a flexibilidade das
ginastas desta participante é ocorrido por meio de uma observação conforme os
estágios de evolução da aplicação deste método.
Das três treinadoras que afirmaram que a flexibilidade de suas
atletas é avaliada por outro profissional dentro da própria instituição onde trabalham,
duas não souberam responder qual o instrumento eles utilizam e uma afirmou
estarem iniciando um trabalho com um fisiologista por meio de um teste de
fotogrametria. A fotogrametria é um teste que se utiliza de fotografias do ângulo
articular que está sendo avaliado, para que o mesmo possa ser analisado e
quantificado por meio de um software específico.19
Um grupo de seis treinadoras que também responderam que
avaliam a flexibilidade de suas ginastas, quando questionadas sobre como esta
avaliação acontece afirmaram não utilizar testes ou instrumentos. Disseram fazer
esta medição por meio de observação das atletas durante as sessões de
treinamento, percebendo a evolução na execução das dificuldades corporais
obrigatórias da GR ou simplesmente de um exercício proposto, sem quantificar
qualquer atividade relacionada a esta capacidade física.
Esta afirmação estabelece uma relação com a explicação que as
seis treinadoras que afirmaram não avaliar a flexibilidade de suas atletas nos deram.
As mesmas justificaram que não avaliam, no entanto, diariamente observam a
evolução de suas ginastas durante todas as sessões de treinamento.
Avaliar a flexibilidade é uma forma de conhecer seu estado e
predizê-la numa perspectiva mais realista.20 Após medir e avaliar é necessário
planejar um programa de treinamento para desenvolver a flexibilidade, pois é neste
momento que o profissional consegue identificar quais os grupos musculares
necessitam de mais trabalho e atenção.10,20
80
Além disso, monitorar a flexibilidade realizando testes
periodicamente é necessário para que se tenha um diagnóstico sobre a evolução
desta capacidade física, auxiliando o profissional na escolha dos métodos de
desenvolvimento tornando o treinamento mais específico e individualizado.10,20
81
ANEXO C - AVALIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE DE GINASTAS
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Título da pesquisa:
“AVALIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE NA GINÁSTICA RÍTMICA: da iniciação ao alto nível”
Prezado(a) Senhor(a):
Solicitamos autorização de V. Sa. para a participação de sua filha
em nossa pesquisa intitulada “AVALIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE NA GINÁSTICA
RÍTMICA: da iniciação ao alto nível” que faz parte do curso de Mestrado em
Exercício Física na Promoção da Saúde da Universidade do Norte do Paraná, e é
orientada pela Profª. Ms. Márcia R. Aversani Loureço. O objetivo da pesquisa é
avaliar a flexibilidade de meninas praticantes de ginástica rítmica, da iniciação ao
alto nível. Para isto a participação de sua filha é muito importante, e ela se dará a
partir da medição da flexibilidade da ginasta, por meio do teste de sentar e alcançar,
do instrumento denominado goniômetro, e do flexiteste. As informações serão
utilizadas somente para os fins desta pesquisa e serão tratadas com sigilo e
confidencialidade, de modo a preservar a identidade dos envolvidos. Esclarecemos
que a participação é totalmente voluntária, podendo recusar-se a participar, ou
mesmo desistir a qualquer momento sem que isso acarrete qualquer ônus ou
prejuízo à ginasta.
Londrina, 08 de setembro de 2014.
Profª. Ms. Márcia R. Aversani Lourenço Bruna Paz
Professora Orientadora Responsável Mestranda do Programa de Pós-graduação
da UNOPAR
Eu, _____________________________________ (nome por extenso do responsável), autorizo minha filha, ____________________________ (nome da ginasta) a participar voluntariamente da pesquisa intitulada: AVALIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE NA GINÁSTICA
RÍTMICA: da iniciação ao alto nível.
____________________________ Assinatura do responsável
Data: ____ / ____ / _______.
82
RESULTADOS
TESTE DE SENTAR E ALCANÇAR
O quadro 2 apresenta, por meio de média e desvio padrão, os
resultados obtidos na aplicação do teste de sentar e alcançar com ginastas de cinco
a 15 anos e valores de referência para o mesmo teste de acordo com os Manuais de
instruções dos anos de 2012 e 2015 do Projeto Esporte Brasil (PROESP) e com os
autores Morrow et al. (2003) e Heyward (2013).
Quadro 2. Resultados do teste de sentar e alcançar para atletas de ginástica rítmica de 5 a 15 anos.
Idade Média ±
desvio padrão PROESP
(2012)23* PROESP
(2015)24**
Morrow et al. (2003)25***
Heyward (2013)26****
5 36,4 ± 6,1 23 - 28 ---------------
-
6 36,4 ± 5,0 23 - 28 40,5
7 38,0 ± 4,2 23 - 28 40,5
18
a 2
5 a
no
s
Excelente >61
8 41,0 ± 3,6 23 - 28 39,5 Boa 53-61
9 41,0 ± 4,0 23 - 28 35,0 Média + 51-52 1
5 a
19
an
os
Excelente ≥40
10 38,6 ± 5,6 23 - 28 36,5 Média 46-50 Muito bom 35-39
11 43,0 ± 2,5 23 - 28 34,5 Média - 43-45 Bom 31-34
12 44,2 ± 6,5 23 - 28 39,5 Pequena 35-42 Regular 26-30
13 - 15 47,5 ± 3,8 23 - 28 38,5 Muito
pequena <34
Precisa melhorar
≤25
*Valores normais para o teste de sentar e alcançar para o sexo feminino com o banco de Wells, segundo o Manual de instruções do Projeto Esporte Brasil (2012). **Valores normais para o teste de sentar e alcançar para o sexo feminino sem o banco de Wells, segundo o Manual de instruções do Projeto Esporte Brasil (2015). ***Valores normais para o teste de sentar e alcançar para o sexo feminino de 18 a 25 anos, segundo Morrow et al. (2003). ****Valores normais para o teste de sentar e alcançar para o sexo feminino de 15 a 19 anos, segundo Heyward (2013).
Ao analisar os dados encontrados é possível observar que a
flexibilidade das ginastas pesquisadas aumenta conforme a idade, exceto na faixa
etária dos nove para os 10 anos. Ao mesmo tempo ficam evidentes que os valores
obtidos pelas atletas de GR são maiores que os indicados no manual do PROESP
de 2012.23
83
O PROESP é um projeto que visa traçar o perfil dos hábitos de vida
e dos fatores de aptidão motora de crianças e adolescentes de sete a 17 anos, com
o intuito de organizar indicadores para contribuir com as políticas de educação física
e esporte para crianças e jovens no Brasil.23
Recentemente os valores indicados pelo projeto foram atualizados,
bem como o teste indicado para avaliar os níveis de flexibilidade dos jovens
brasileiros. O manual de 201524 indica a utilização do teste de sentar e alcançar sem
banco, tendo os valores referenciados para meninas de seis e sete anos maiores
dos que os encontrados em nossa pesquisa com as ginastas. No entanto, a partir
dos oito anos de idade as atletas de GR apresentaram níveis de flexibilidade
superiores aos indicados pelo projeto.
Na comparação das ginastas de cinco a 15 anos com os valores
apresentados por Marrow et al. (2012)25 para mulheres de 18 a 25 anos foi possível
constatar que as atletas encontram-se entre as categorias de “pequena” a “média” o
que naturalmente torna-se normal devido a diferença de faixa etária.
Porém, ao compararmos os resultados obtidos pelas atletas com os
sugeridos por Heyward (2003)26 para mulheres de 15 a 19 anos identificamos que as
ginastas apresentam valores entre as categorias “muito bom” e “excelente”, isto é,
valores elevados de flexibilidade.
Em uma análise mais ampla dos resultados podemos indicar que os
níveis de flexibilidade de atletas de GR são superiores aos níveis para indivíduos
não atletas, o que comprova a forte presença desta capacidade física na
modalidade.
Com os dados coletados e as análises realizadas possivelmente
pode-se indicar que os valores expostos como normais para uma população de não
atleta, não são os ideias para a prática da modalidade de alto rendimento. Buscar
alcançar valores superiores a estes é um primeiro passo para o processo de
aprendizagem dos elementos corporais da modalidade, sem esquecer que esta
busca deve constante e respeitosa com os limites e fatores que envolvem cada faixa
etária.
84
FLEXITESTE
A interpretação da pontuação dos dados individuais para
determinado movimento e indivíduo, de acordo com o Araújo (2005)3 é mais eficiente
se realizada por meio de um flexograma, sendo este, uma representação gráfica de
cada um dos movimentos, conforme o padrão esperado para um indivíduo da
mesma fixa etária e gênero de uma população maior.
Com isso, apresentamos a seguir nas figuras 15 e 16 a frequência
cumulativa para os movimentos avaliados do lado direito de ginastas de cinco a nove
anos e 10 a 15 anos, respectivamente. Justificamos a apresentação dos resultados
para o lado direito, por ser este o lado dominante em boa parte da população. Ainda
em ambas as figuras apresentamos as comparações dos valores do flexograma
construído pelo autor do teste, a partir da avaliação de indivíduos do sexo feminino
não atletas da mesma faixa etária.
Figura 15 – Flexograma para os movimentos avaliados com ginastas de 5-9 anos.
Fonte: Acervo da autora.
Ao interpretar os dados apresentados na figura 15 para os
movimentos que envolvem a articulação do tornozelo, flexão dorsal e plantar, é
85
possível observar que as ginastas apresentam uma frequência maior dos valores
mais baixos que meninas não atleta.
O mesmo ocorreu nos movimentos de extensão e adução do quadril,
enquanto no movimento de abdução observa-se uma frequência oposta, pois as
ginastas apresentaram níveis de flexibilidade “3” e “4” da escala de avaliação.
Em relação aos movimentos de tronco as ginastas apresentaram
para o movimento de flexão uma frequência igual ao flexograma do movimento para
não atletas do maior valor da escala e maior frequência para o movimento de
extensão dos valores “3” e “4” da escala de avaliação.
Para articulação de ombro foram avaliados três movimentos, XVI
(adução posterior a partir da abdução 180º) onde as ginastas apresentaram
melhores índices de flexibilidade, XVII (adução posterior) que observamos uma
frequência igual dos valores máximos entre o grupo das ginastas e o apresentado na
referência do teste e XVIII (extensão posterior) que as ginastas demostraram
frequência mais baixa dos valores máximos.
O comparativo das frequências apresentadas pelas ginastas de 10-
15 anos e indivíduos do sexo feminino não atletas será apresentado na figura 16.
Figura 16 – Flexograma para os movimentos avaliados com ginastas de 10-15 anos.
Fonte: Acervo da autora.
86
No flexograma construído para visualizar os dados encontrados para
as ginastas de 10-15 anos observamos que estas atletas apresentam na maior parte
dos movimentos mais vezes o número máximo de amplitude de acordo com o mapa
de ilustrações do teste.
A flexão plantar, todos os movimentos que envolvem a articulação
do quadril e tronco e a adução posterior a partir da abdução de 180º do ombro as
ginastas demostraram possuir uma flexibilidade máxima em relação aos valores
registrados para não atletas.
No entanto, os demais movimentos, flexão dorsal, adução posterior
do ombro e extensão posterior do ombro, a escala “4” apareceu de forma
semelhante para as ginastas e na referencia do teste para os indivíduos do sexo
feminino não atletas.
Pode-se perceber que ao analisar ambas as figuras 15 e 16 e
relacioná-las com o flexigrama construído pelo autor, as ginastas iniciantes
apresentam em quase todos os movimentos frequência igual ou menor para o
número “4” da escala do teste. Porém, ao mesmo tempo, observamos que com o
aumento da faixa etária este cenário sobre uma alteração, transformando-se em
uma realidade oposta.
Isso é, as ginastas mais experientes apresentam um nível de
flexibilidade maior que os indivíduos não atleta, tendo uma maior frequência de
aparição dos valores máximos.
Logo, indica-se que nivelar a flexibilidade de ginastas iniciantes com
os valores entendidos como normais para os indivíduos não atleta pode ser algo
exclusivamente inicial no processo de formação de uma atleta. Porém, para dar
continuidade à esta caminhada é necessário que esta capacidade física seja
desenvolvida a ponto de que a ginastas alcance valores superiores da população
não atleta, pois assim, as chances de se formar uma atleta mais completa para a
modalidade se tornam maiores.
87
GONIÔMETRO
O quadro 7 apresenta, por meio de média e desvio padrão, os
resultados obtidos na avaliação goniométrica realizada com ginastas de cinco a 15
anos, valores de referência para o mesmo teste de acordo com o Manual de
Goniometria (Marques, 2014)6 e os resultados apresentados por Silva (2008)38 em
um estudo com ginastas de nove a 18 anos.
Quadro 7. Resultados em graus da avaliação goniométrica para atletas de ginástica rítmica de 5 a 16 anos.
Movimento
Média ± desvio padrão Silva et al. (2008)
38* Marques
(2014)6** 5-6 7-8 9-10 11-12 13-16 9 a 18
D E D E D E D E D E D E
Tornozelo
Flexão Dorsal
19,9 ±6,2
20,4 ±7,3
21,6 ±7,0
20,4 ±7,0
20,3 ±6,0
20,7 ±7,4
19,8 ±4,7
22,4 ±3,8
13,1 ±4,5
15,6 ±4,4
23,4 ±10,5
22,1 ±11,3
20
Flexão Plantar
90,5 ±7,1
90,0 ±5,2
85,7 ±14,3
87,5 ±9,3
90,3 ±6,6
89,6 ±6,4
98,5 ±9,6
91,5 ±10,3
98,9 ±5,4
93,7 ±5,2
65,2 ±8,8
67,1 ±8,0
45
Quadril
Flexão 145,9 ±7,2
147,2 ±7,4
149,4 ±8,3
150,4 ±7,5
153,2 ±6,4
153,5 ±6,0
157,3 ±5,3
156,3 ±5,8
157,9 ±7,0
152,1 ±8,1
135,5 ±11,5
138,4 ±13,3
125
Extensão 30,5 ±6,8
30,2 ±7,3
33,0 ±15,0
31,7 ±10,7
35,3 ±9,9
35,6 ±8,9
41,3 ±6,4
42,9 ±7,2
42,0 ±13,4
43,6 ±9,4
24,8 ±8,1
26,1 ±5,6
10
Abdução 148,4 ±17,3
146,7 ±15,3
151,2 ±25,7
150,0 ±28,2
166,0 ±13,7
161,1 ±15,0
179,4 ±1,8
176,5 ±4,9
180,0 ±0,0
177,1 ±5,7
128,9 ±15,3
126,8 ±13,4
45
Tronco
Flexão 108,6 ± 11,1 113,8 ± 13,8 112,9 ± 12,8 125,9 ± 11,3 130,3 ± 10,9 ------------------ 95
Extensão 45,2 ± 9,5 54,7 ± 32,8 45,7 ± 10,7 58,6 ± 9,8 52,1 ± 12,2 ------------------ 35
Ombro
Flexão 194,1 ±31,4
204,7 ±11,5
203,2 ±33,2
203,7 ±28,7
213,3 ±13,3
213,2 ±12,4
220,9 ±10,9
228,8 ±14,8
217,1 ±5,7
219,6 ±6,7
197,2 ±17,2
198,7 ±17,2
180
Extensão 121,1 ±28,8
110,2 ±16,3
117,8 ±15,4
115,4 ±15,6
117,2 ±16,8
116,0 ±16,1
140,1 ±14,8
133,8 ±14,2
121,3 ±26,8
127,0 ±26,3
71,3 ±11,7
73,0 ±9,7
45
88
Abdução 205,7 ±12,0
202,8 ±12,4
209,0 ±13,7
209,7 ±15,7
220,6 ±15,3
217,2 ±12,8
236,1 ±10,6
228,9 ±7,8
231,7 ±7,9
223,6 ±6,9
189,1 ±10,6
185,4 ±12,0
180
*Valores encontrados na pesquisa de Silva et al. (2008) para ginastas de nove a 18 anos. **Valores normais segundo o Manual de Goniometria de Marques (2015).
Na avaliação goniométrica dos movimentos envolvidos na pesquisa
com as ginastas do Projeto de Extensão da UNOPAR, foi possível evidenciar que a
flexibilidade aumentou de acordo com a idade na maioria dos movimentos. Exceto
nos movimentos de flexão dorsal e nos de articulação do ombro que os valores
oscilaram em todas as idades em ambos os lados, os valores da flexão plantar que
das ginastas de 7-8 anos foram menores que os obtidos pelas ginastas de 5-6 anos.
E, na extensão de tronco os valores das ginastas de 9-10 anos foram inferiores aos
das de 7-8 anos.
No movimento de tornozelo, observamos que os valores
encontrados na presente pesquisa ficam abaixo dos apresentados por Silva
(2008)38. Em outra comparação, os valores encontrados na aplicação do instrumento
com as ginastas são iguais aos apresentados pelo manual de goniometria, exceto
para as ginastas de 13-15 anos que estão abaixo dos valores normais.6 Enquanto
para o movimento de flexão plantar todas as idades obtiveram números superiores
aos valores normais para população não atleta, segundo o manual.6
Os resultados obtidos para os movimentos de articulação do quadril
ficaram acima em todas as idades em relação aos números encontrados por Silva
(2008)38 e os apresentados como valores normais no manual de goniometria6. O
mesmo ocorreu com os movimentos avaliados para articulação do ombro.
Na avaliação goniométrica de flexão e extensão de tronco foram
encontrados para todas as ginastas valores acima dos apresentados como valores
normais pelo manual de goniometria.6
Analisando os dados de forma geral a partir dos valores obtidos
tanto na presente pesquisa quanto na pesquisa de Silva (2008)38 é possível indicar
que o nível de flexibilidade de ginastas são maiores do que o de um indivíduo não
atleta, o que justifica a importância de avaliar esta capacidade física.
Percebemos que uma ginasta ao iniciar sua caminhada na
modalidade deve apresentar no mínimo, níveis de flexibilidade equivalentes aos
estabelecidos como normais para indivíduos não atletas. Sendo este um possível
89
primeiro indício de que esta ginasta poderá desenvolver ainda mais esta capacidade
física.
No entanto, com o passar do tempo e com um bom trabalho para
desenvolvimento da flexibilidade sendo aplicado, ela deverá aumentar estes níveis
necessitando alcançar valores maiores para a execução dos elementos próprios da
modalidade.
90
ANEXO D - PESQUISA NO CAMPEONATO BRASILEIRO DE GINÁSTICA
RÍTMICA DAS CATEGORIAS PRÉ-INFANTIL E INFANTIL
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título da pesquisa:
Manual de procedimentos práticos de instrumentos para avaliação e exercícios
de desenvolvimento da flexibilidade na ginástica rítmica
Prezado(a) Senhor(a):
Gostaríamos de convidá-la a participar da pesquisa intitulada “Manual de
procedimentos práticos de instrumentos para avaliação e exercícios de
desenvolvimento da flexibilidade na ginástica rítmica” que faz parte do curso de
Mestrado em Exercício Física na Promoção da Saúde da Universidade do Norte do
Paraná, e é orientada pela Profª. Dra. Márcia R. Aversani Lourenço. Um dos
objetivos desta pesquisa é realizar um levantamento sobre os elementos corporais
fundamentais que são trabalhados na iniciação a ginástica rítmica. Para isso, sua
participação é muito importante, e ela se dará a partir de um questionário rápido e
de fácil entendimento. As informações serão utilizadas somente para os fins desta
pesquisa e serão tratadas com sigilo e confidencialidade, de modo a preservar a
identidade dos envolvidos. Esclarecemos que sua participação é totalmente
voluntária, podendo recusar-se a participar sem que isso acarrete qualquer ônus ou
prejuízo à você.
Londrina, 01 de julho de 2015.
Profª. Dra. Márcia R. Aversani Lourenço Bruna Paz
Professora Orientadora Responsável Mestranda do Programa de Pós-graduação
da UNOPAR
Eu, _________________________________________ (nome por extenso) tendo sido
devidamente esclarecido(a) sobre os procedimentos da pesquisa, concordo em participar
voluntariamente da pesquisa intitulada: Manual de procedimentos práticos para avaliação e
exercícios de desenvolvimento da flexibilidade na ginástica rítmica.
Assinatura: ____________________________
Data: ___ / ____ / ______.
91
QUESTIONÁRIO
1 – Quais desses elementos corporais fundamentais que se encontram na tabela
abaixo você desenvolve nas aulas de iniciação em Ginástica Rítmica (GR),
entendendo que estas aulas são dinamizadas para crianças que ainda não
chegaram na primeira categoria de competição de GR, pré-infantil (nove e 10 anos)?
IMPORTANTE:
A tabela é composta por elementos corporais dos grupos fundamentais
equilíbrio (T) e rotação ( ), presentes no Código de Pontuação da Federação
Internacional de Ginástica (FIG) 2013-2016. Apresenta-se na tabela apenas os
elementos de valor 0,10, 0,20 e 0,30 realizados em diferentes partes do corpo
excluindo aqueles executados na ½ ponta de um pé.
ELEMENTO CORPORAL
( ) SIM ( ) NÃO
( ) SIM ( ) NÃO
( ) SIM ( ) NÃO
( ) SIM ( ) NÃO
( ) SIM ( ) NÃO
( ) SIM ( ) NÃO
( ) SIM ( ) NÃO
( ) SIM ( ) NÃO
( ) SIM ( ) NÃO
( ) SIM ( ) NÃO
( ) SIM ( ) NÃO
( ) SIM ( ) NÃO
( ) SIM ( ) NÃO
( ) SIM ( ) NÃO
( ) SIM ( ) NÃO
92
RESULTADOS
A tabela 1 apresenta o número de treinadoras que responderam
“sim”, quando ensinam o elemento na iniciação ou “não”, quando o mesmo não é
ensinado, para cada um dos elementos corporais apresentados no questionário
utilizado como instrumentos desta pesquisa.
Tabela 1 – Número de treinadoras que responderam se ensinam ou não cada um dos elementos na iniciação.
ELEMENTO CORPORAL SIM NÃO
20 3
4 19
2 21
* 4 18
16 7
19 4
21 2
9 14
10 13
7 16
1 22
23 0
22 1
* 3 19
1 22
*Uma treinadora não respondeu
É possível observar que os elementos de colchée (20), equilíbrio em
apoio no peito (16), onda total (19), onda total descendente (21), onda em espiral
(23) e grand écart lateral com rotação (22), são os elementos corporais
fundamentais ensinados pelas treinadoras nas categorias de iniciação.
93
Com isso, utilizaremos os mesmo para a elaboração do capítulo 4 do
manual, onde iremos elaborar cinco passos (movimentos a serem realizados) para
que se atinja a execução correta destes elementos.