Download - Cartilha Jardins Agroflorestais
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
1/43
JardinsAgro orestais
CURSODE
CAPACITAO
Princpios, Implantao e Manejo
GUIA PRTICO
Braslia DF | 2014
Realizao Patrocnio
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
2/43
com grande prazer que o IPOEMA recebeseus alunos para mais um curso.
Esperamos que seja para todos um momentode intenso aprendizado, de momentosprazerosos e de descobertas entusiasmantespara um mundo melhor.
Sejaresponsvel pe lasuaprpria
existncia.
JardinsAgroorestaisPrincpios, Implantao e Manejo
GUIA PRTICO
Realizao Patrocnio
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
3/43
IPOEMA Instituto de Permacultura: Organizao, Ecovilas e Meio Ambiente
www.ipoema.org.br
Pesquisa e texto Eduardo J. P. Lyra [email protected]
Colaboradores Srgio Pamplona [email protected]
Cludio Jacintho [email protected]
Luiza Padoa [email protected]
Fernanda Rachid [email protected]
Capa e projeto grco Wagner Soares [email protected]
Fotos Centro de Permacultura Asa Branca, So Semente,Daniel Lavenere, Luiza Padoa, Wagner Soares, www.freeimages.com
Ilustraes Luiza Padoa, Darci Seles
Ficha Catalogrca
ROCHA, E. J. P. L.Jardins Agroorestais: Princpios, Implantao e Manejo. IPOEMA Instuto de Permacultura:Organizao, Ecovilas e Meio Ambiente. (2014). Braslia
1. Educao. Ecologia. Permacultura. Agrooresta. IPOEMA Instuto de Permacultura.
O contedo desta carlha de inteira responsabilidade do IPOEMA. permida a cpia, reproduo e distribuiodessa, desde que seja citada a fonte.
APRESENTAO, 7Educao para a sustentabilidade, 8Jovens Empreendedores, 9
IPOEMA, 11
O QUE PERMACULTURA?, 13
CURSOS DE CAPACITAO, 19Curso Jardins Agroflorestais, 20Ementa do curso,20
Programao, 21
DE ONDE VEM SUA COMIDA?, 23Porque podemos afirmar que estamos vivendo
uma crise socioambiental na produo dealimentos?,23Porque chegamos a esta crise?, 23Qual o papel do ser humano na natureza?, 24Permacultura, 25
POSSVEL PRODUZIR ALIMENTOS DE FORMAECOLGICA?, 27Agroecologia, 27
Sistemas Agroflorestais, 29Histrico, 30
Agroecologia, 30Agroflorestas, 31
Agroflorestas Sucessionais, 32Princpios, 33
Alta diversidade, 33Sucesso natural, 35
Estgios, 37Evoluo das Espcies, 40Estratos, 41Lista de espcies Agroflorestais, 43Aprofundando conhecimentos, 44
Sementes, 44Classificao, 44
Coleta, 46Beneficiamento, 46
Armazenamento, 46
Sementes Do Cerrado, 47Cosmologia, 48Plantio, 48
Manejo, 49Signos Do Zodaco, 49
COMO FAZER UM SISTEMA AGROFLORESTAL?, 51Observando a natureza, 51
Conhecendo o cerrado, 52Planejamento, 54
Quais so os nossos objetivos?, 54Onde implantar uma agroflroesta e qual o
tamanho da rea para iniciar o trabalho?, 54Quais espcies escolher?, 55
As Trs Irms, 56Insumos necessrios: plantas e adubos, 57Preparo dos canteiros para o plantio, 58
Plantio agroflorestal, 60Manejo, 65
Capina seletiva, 65Otimizando a sucesso natural por meio das
podas, 65Cobertura do solo, 66Manejo de borda, 67
QUAIS OS BENEFCIOS DO SISTEMAAGROFLORESTAL?, 69
Vantagens sociais, 69VAntagens ambientais, 70
Vantagens socioeconmicas, 71
E AGORA, O QUE EU POSSO FAZER NO MEU DIA-A-DIA?, 73
O CERRADO, 75Naturalmente rico, 76Ocupao, 76
Riscos, 77
GLOSSRIO, 79
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA, 81
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
4/43
Curso de Capacitao| Jardins Agroorestais 7
Apresentao
Para recuperar essas reas e fomentar
o uso sustentvel da gua, o Ipoema est
desenvolvendo o Projeto guas do Cerrado
O Futuro em Nossas Mos, patrocinado
pela Petrobras. O trabalho envolve aes de
revegetao de reas degradadas associadas
a cursos d`gua e a promoo do uso racional
dos recursos hdricos em escolas pblicas
e comunidades rurais, implementando,
replicando e difundindo tecnologias sociais de
permacultura.
A ideia consolidar a conscincia ambiental,
estimulando o protagonismo de jovens e
gerando oportunidades de trabalho e renda
com servios socioambientais. Com isso,
formam-se redes de relacionamento e trabalho
que promovem um modelo de governana
social e de preservao dos recursos hdricos
do Cerrado. Ao mesmo tempo, amplia-se a
capacidade de debate sobre as polticas pblicas
ligadas s tecnologias sociais de melhorias na
gesto social do uso da gua na regio.
A ideia consolidar aconscinciaambiental,estimulando oprotagonismo dejovens e gerandooportunidades detrabalho e rendacom serviossocioambientais."
As duas principais fontes de gua para a populao do DistritoFederal, as bacias do Lago Parano e do Rio So Bartolomeu,esto ameaadas pelo acelerado processo de urbanizao e peladegradao dos crregos que alimentam seus reservatrios.
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
5/43
Curso de Capacitao | Jardins AgroforestaisCurso de Capacitao | Jardins Agroforestais 9
EDUCAO PARA A SUSTENTABILIDADE
O Projeto guas do Cerrado planejou
diversas atividades que sero oferecidas
para as escolas pblicas selecionadas.
O programa dividido em uma srie de
etapas que incluem envolvimento da
comunidade, eventos, capacitaes e
construo de tecnologias sociais para
a sustentabilidade. Conhea, agora, o
programa completo do projeto:
Aulas de sensibilizao ao ar livre
A Estao Escola Asa Branca ir receberos estudantes para proporcionar vivncias
com o uso de tecnologias simples para
produo de alimentos e construo de
habitaes para famlias, tudo com custo
e impacto ambiental baixos.
Encontro guas do Cerrado
Um encontro acontecer em cada uma
das escolas, buscando a participao
de toda a comunidade escolar. Nesses
eventos, o projeto ser apresentado e a
comunidade convidada a integrar um
grupo local para a definio dos critrios
de seleo de alunos que iro atuar
como empreendedores socioambientais.Esse grupo local tambm eleger os
parmetros de escolha dos futuros
bolsistas no projeto.
Cursos de capacitaoUma vez despertado o interesse, as
comunidades recebero as informaes
tericas e prticas para implementao
das solues conhecidas e vivenciadas,
por meio de trs cursos especficos:
Introduo Permacultura (40h);
Jardins Agroflorestais (24h);
Manejo Sustentvel de gua (24h).
Tecnologias sociais
Durante os cursos de capacitao,
o Ipoema equipar as escolas com as
seguintes instalaes:
Tecnologia Social gua Sustentvel:
Gesto Domstica de Recursos Hdricos
com os elementos:
Sistema de captao de gua dachuva;
Tanque de 50.000 L para
armazenamento da gua coletada; e
Sistema de ecossaneamento
(Tratamento Ecolgico de Esgoto)
por meio da implantao de bacia
vapotranspiradora para 300 L/dia.
Viveiro de 60 m para produo de
aproximadamente 4.000 mudas de
nativas e frutferas que sero
utilizadas para a implantao dopaisagismo produtivo e do plantio de
rvores na escola, bem como aes de
reflorestamento comunitrio;
Jardim agroflorestal de
aproximadamente 100 m;
Minhocrio educativo para aproveitamento
dos resduos orgnicos de 4 m.
JOVENS EMPREENDEDORES
O grupo de empreendedores
socioambientais contemplar 30 alunos
que recebero os cursos de:
Empreendedorismo Socioambiental;
Viveirismo.
Esse grupo ainda passar por um processo
de seleo, resultando num total de 10
alunos que sero efetivamente contratados
pelo Projeto como estagirios bolsistas.
Saiba mais:
www.ipoema.org.br/aguas
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
6/43
Curso de Capacitao| Jardins Agroorestais 11
IPOEMA
Essa prtica envolve o planejamento
de ambientes sustentveis,
bioconstrues, uso racional da
gua, energias renovveis, sistemas
agroflorestais, produo alimentar
ecolgica e organizao social
participativa.
Em 2011, uma de suas tecnologias
sociais, a experincia gua Sustentvel:
Gesto Domstica de Recursos
Hdricos, foi certificada e premiada pela
Fundao Banco do Brasil como uma
das trs finalistas na categoria Gesto
de Recursos Hdricos no Prmio de
Tecnologias Sociais desta Fundao.
Com o Projeto guas do Cerrado:
O FUTURO EM NOSSAS MOS, que
ter durao de dois anos, o Ipoema
pretende seguir cumprindo sua misso
de construir uma sociedade melhor, com
mais justia social e equilbrio ambiental,
em prol das geraes futuras.
O Ipoema, Instituto de Permacultura, fundado em2005 com sede em Braslia, tem como misso ampliar aparticipao da sociedade civil na construo do modelode sustentabilidade proposto pela Permacultura.
Saiba mais:
www.ipoema.org.br
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
7/43
Curso de Capacitao| Jardins Agroorestais 13
HISTRICO
O termo foi criado em 1978 pelo
naturalista Bill Mollison, a partir do
trabalho desenvolvido por ele e o
estudante David Holmgren paralelamente
a um curso pioneiro de Design Ecolgico
na Tasmnia, Austrlia.
Tratava-se inicialmente da contrao em
ingls de permanent com agriculture,
ou seja, agricultura permanente. Os
dois visionrios enxergaram, h mais
de 30 anos, que sem uma base agrcola
permanente, no seria possvel haver
uma sociedade permanente (hoje
diramos sustentvel). difcil dizer queeles estavam errados, diante do cenrio
atual de destruio da biocapacidade do
planeta para nos sustentar.
Por essa base agrcola permanente,
eles se referiam a um modo de produzir
alimentos (alm de fibras, materiais
de construo e combustvel) que no
fosse destruidor e impactante dos
ecossistemas, mas sim harmnico com eles.
OQUEPERMACULTURA?
... sem uma base agrcola
permanente, no seriapossvel haver umasociedade sustentvel. difcil dizer que elesestavam errados,diante do cenrioatual de destruio dabiocapacidade do planetapara nos sustentar."
Srgio Pamplona
Ns nos propomos, neste espao, a tentar esclarecer um poucodo significado de Permacultura, adiantando que algo fascinante
e que costuma mudar vises de mundo e vidas. Vamos l.
Argo publicado na Revista ECObraslia,
Braslia, Ano 1 N1, julho/agosto 2013
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
8/43
Curso de Capacitao | Jardins AgroforestaisCurso de Capacitao | Jardins Agroforestais 15
Seria, portanto, um modo de suprir as
necessidades humanas locais por meio de
um planejamento integrador dos humanos
paisagem. Essa proposta pioneira surgiu
(junto com o termo) no livro seminal
chamado Permacultura Um, que
chegou a ser publicado no Brasil pela
Editora Ground.
O sucesso foi imediato, e logo
apareceram simpatizantes e ativistas
para botar aquelas ideias em prtica. Da
Austrlia para o mundo no demoroumuito e os permacultores se multiplicaram
rapidamente planeta afora, aplicando,
semeando e disseminando a novidade
que trazia paradoxalmente um profundorespeito pelas vises de mundo, sabedoria
e tcnicas ancestrais e locais.
S que nem s de po vive o homem,
e assim o conceito de permacultura logo
evoluiu para se referir grande mudana
cultural e civilizacional que o ser humano
deve empreender se quiser permanecer
sobre a espaonave Terra, ou, de modo
mais potico, sobre Gaia, o planeta vivo
do qual fazemos parte.
DEFINIESO termo passou a significar literalmente
a Cultura Permanente que devemos
efetivamente construir. Mas tambm
significa uma srie de coisas, todas
entrelaadas entre si e apontando para a
construo dessa nova cultura. Vamos a elas:
uma filosofia, uma tica e uma prtica
voltadas para a criao de abundncia e
qualidade de vida sem dano ambiental
nem explorao social. Aqui enfocamos
os valores da permacultura, aquilo em
que ela (e todos os que buscam inseri-la
em suas vidas) se ancora para construir
a Cultura Permanente.
um sistema de planejamento, projeto
e design de propriedades (rurais ou
urbanas) e de comunidades ( bairros,
vilas, cidades) sustentveis e produtivas.
Essa a sua definio na tica do
planejamento que ela prope para dar
base material Cultura Permanente. aqui que ela estabelece as estratgias
e caminhos para implantar os sistemas
agrcolas saudveis integrados s
moradias e produo de energia das
comunidades, a fim de garantir sua
sustentabilidade tempo afora. Aqui nos
defrontamos com o fato assustador de
que at hoje, nesse ponto da jornada
humana, no tnhamos um manual
de instrues para a sobrevivncia
da nossa raa. A permacultura veio
preencher essa lacuna, esperamos que
em tempo.
o pensamento sistmico e holstico
que somos levados a desenvolver
para a implantao e readaptaodos nossos sistemas (residncias,
propriedades, cidades, biorregies)
na direo da Cultura Permanente.
Quando mergulhamos no estudo
... e assim o conceitode permacultura logoevoluiu para se referir grande mudana
cultural e civilizacionalque o ser humanodeve empreender sequiser permanecersobre a espaonaveTerra, ou, de modomais potico, sobreGaia, o planeta vivo doqual fazemos parte."
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
9/43
Curso de Capacitao | Jardins Agroforestais 17Curso de Capacitao| Jardins Agroorestais
e, principalmente, na prtica dapermacultura, passamos a ter uma
mudana na percepo das coisas,
do mundo que nos rodeia e da
subsequente e necessria ao sobre
ele. Diz Bill Mollison: Ela traz uma
mudana do aprendizado passivo para
algo ativo. como dizer que em vez
de os fsicos ensinarem fsica, eles
deveriam ir para casa e ver como a fsicase aplica ao seu lar.
um conjunto de tcnicas para a
produo de alimentos orgnicos e
saudveis, usando a natureza como
modelo, onde o objetivo criar uma
ecologia cultivada, dentro da qual o ser
humano est inserido de modo positivo.
Muitos acham que a permacultura
apenas mais uma tcnica de agricultura,
como a biodinmica ou os sistemas
agroflorestais. Na verdade, para construir
a Cultura Permanente, a permacultura
lana mo do que houver de mais
apropriado entre todas as correntes de
produo ecolgica de alimentos, sem
preconceitos nem dogmas.
um poderoso movimento de
empoderamento local, ativismo
prtico e renovao planetria,
baseado em respeito, cooperao e
na sustentabilidade das comunidades
em geral. Aqui falamos na mobilizao
que veio a ocorrer a partir do
seu crescimento avassalador. Os
permacultores e permacultoras formam
uma rede sem hierarquias ou donos,
... um poderoso
movimento deempoderamento local,ativismo prtico erenovao planetria,baseado em respeito,cooperao e nasustentabilidade dascomunidades em geral."
que cresce rapidamente em todos os
continentes.
Ou seja, permacultura algo vasto, fcil de
sentir, fcil de compreender como um todo,
fcil de identificar com um monte de desejos
pessoais profundos. Por isso ela encanta e
envolve tanta gente. Porm, como vimos,
muito difcil de definir. O prprio Bill
Mollison diz: voc pode compar-la com
um guarda-roupa milagroso, no qual voc
pendura roupas de qualquer cincia ou arte,
e v que elas esto sempre em harmoniacom as que j estavam penduradas l.
uma estrutura que nunca para de se
mover, e aceita informao de qualquer
lugar. difcil defini-la, eu no consigo. Ela
multidimensional est inevitavelmente
envolvida na teoria do caos desde o
princpio.
Sendo assim, no seremos ns a botar
um ponto final nessa definio. Fica aqui
o convite para o amigo leitor (ou leitora)
juntar-se a ns no trabalho em prol dessa
Cultura Permanente, absolutamente
necessria para a construo do MundoSustentvel que tanto queremos.
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
10/43
Curso de Capacitao| Jardins Agroorestais 19
Curs osdeCapacitao
Luiza Pdoa
O guas do Cerrado realizar capacitaes terico-prticas em Introduo Permacultura, ManejoSustentvel da gua e Jardins Agroflorestais.
A formaodos jovens serconsiderada umaao estruturante,percebida comoum espao deconstruo deconhecimento...
Apesar da correlao temtica, esses pontos ou conceitos
foram estruturados para serem aplicados de forma
independente. O pblico-alvo dos cursos so alunos,
professores e funcionrios das escolas envolvidas com o
projeto.
A formao dos jovens ser considerada uma ao
estruturante, percebida como um espao de construo
de conhecimento, quando sero contextualizadas as
justificativas e estratgias de aplicao de Tecnologias
Sociais e solues ecoeficientes.
A principal caracterstica da abordagem a ser dada aos
contedos ser a possibilidade real de disseminao de
aes prticas no dia-a-dia do indivduo, como por exemplo:
Que aes efetivas de reduo de desperdcio de gua
e energia podem ser adotadas?
Como gerenciar de forma adequada o lixo produzido? Como produzir alimentos saudveis em casa?
Argumentos socioambientais e econmicos tambm
sero utilizados de forma a motivar os indivduos para a
sua implicao nos processos de mudana esperados.
Os cursos sero realizados com base na metodologia
da Aprendizagem Ativa, na qual os estudantes alm
de receberem a base conceitual e terica do tema em
questo, imergem na vivncia e convivncia com os
professores permacultores, que integram aulas tericas
com prticas monitoradas e atividades ldicas.
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
11/43
Curso de Capacitao| Jardins Agro orestais 21Curso de Capacitao| Jardins Agro orestaisCurso de Capacitao| Jardins Agro orestais 21
O Curso Jardins Agroflorestais traz como eixo norteador a crise socioambiental
na agricultura e a relao do ser humano com a natureza a partir da tica da
permacultura. Para tanto, faz um paralelo entre a agricultura convencional e a
agroecologia apresentando as vantagens e desvantagens socioambientais de ambas
as prticas. Ou seja, neste curso, os estudantes sero capazes de refletir sobre o
contexto e a realidade atual da produo, distribuio e consumo dos alimentos,
conhecer e aplicar uma tcnica permacultural e buscar solues ecoeficientes para
incorporarem em suas prticas dirias.
PROGRAMAOCurso "Jardins Agroflorestais"
Problematizao da agricultura convencional e Agroecologia;
Permacultura e a relao homem natureza;
Princpios de sistemas naturais;
Sucesso natural;
Agroflorestas sucessionais;
Canteiros agroflorestais;
Plantio;
Preparo do Solo;
Sementes.
EMENTA DO CURSO
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
12/43
Curso de Capacitao | Jardins Agroforestais 23Curso de Capacitao| Jardins Agroorestais 23
Deondevemsuacomi da?
A degradao ambiental temuma relao direta com ocrescimento populacionaldesenfreado, com os modosde produo poluentes,o consumismo... "
Nunca na histria da humanidade houve tanto poderdestrutivo, frente ao meio ambiente, como atualmente.
A degradao ambiental tem uma relao
direta com o crescimento populacional
desenfreado, com os modos de produo
poluentes, o consumismo, bem como com
o uso e explorao dos recursos naturais.
Esse comportamento levou a humanidade
a viver o que atualmente denominado de
crise socioambiental. E a origem do nosso
alimento est intimamente ligado com
essa crise.
Porque podemos afirmar queestamos vivendo uma crisesocioambiental na produo dealimentos?
Vrios sintomas da nossa sociedade
nos permitem dizer que estamos vivendo
uma crise na produo de alimentos:
a baixa qualidade nutricional; o uso
indiscriminado de produtos qumicos;
o esgotamento dos solos; a pouca
diversidade de alimentos (incluindo
variedades de uma mesma espcie); a
contaminao da gua, entre outros que
voc mesmo pode listar ao conversar com
seus colegas de curso.
Porque chegamos a esta crise?
Um conjunto de fatores esto na origem
desta crise socioambiental global na produo
de alimentos. Dentre eles, podemos destacar
a revoluo industrial e a revoluo verde que
buscaram o aumento da produo com vistas
ao lucro financeiro por meio da mecanizao,
uniformizao da produo em larga escala,
utilizao de compostos qumicos e da
centralizao da produo em poucas e
gigantes empresas, objetivando abastecer
a indstria com produtos primrios e no
exatamente para a alimentao nutritiva da
civilizao humana.
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
13/43
Curso de Capacitao| Jardins Agro orestaisCurso de Capacitao| Jardins Agro orestais
Qual o papel do ser humano na relao com a natureza?Um exemplo prtico dessa relao a
nossa alimentao. Voc sabe de ondevem a sua comida? Se a resposta for sim,
timo! Porm, dificilmente sabemos
responder essa questo, por conta da
complexidade de fatores que envolve a
produo alimentar das ltimas dcadas.
A chamada Revoluo Verde, ocorrida
a partir da dcada de 60, aps a Segunda
Guerra Mundial, alavancou uma nova
forma de produo de alimentos,
sobretudo nos pases em desenvolvimento
que at ento era realizada em pequena
escala. Deu-se incio, portanto, a uma
produo em larga escala com uso abusivo
de agrotxicos, intensa mecanizao e
dependncia de insumos qumicos, aliados
aos melhoramentos genticos
das espcies.
Atualmente, a base de produo da nossa
alimentao resultado de processos demonocultivos, ou seja, a produo em larga
escala de apenas um tipo de alimento.
Esse tipo de produo o que chamamos
de agricultura convencional, aquela que
objetiva a maximizao da produo e do
lucro.
As consequncias desse tipo de produo
devastadora, causando a destruio dos
recursos naturais, ocupao inapropriada
dos espaos, baixa fertilidade dos solos,
uso de agrotxicos e proliferao de
pragas.
Hoje, a comida que dispomos para o
consumo , muitas vezes, produzida em
diversos locais do mundo. Ou seja, os
alimentos circulam entre continentes
muitas vezes em curto espao de tempo,
aumentando os custos, causando mais
impacto ambiental e comprometendo a
sua qualidade.
Alm disso, com esse tipo de produo
e distribuio, a populao dos pases
em desenvolvimento e pobres sofrem
com a fome. Inacreditavelmente, apesar
da quantidade de alimentos produzidos,
muitas pessoas no mundo morrem
de fome, pois a distribuio no
igualitria e h muito desperdcio.Outro grave problema a qualidade dos
alimentos que ingerimos. sabido que o
uso cada vez mais intenso de agrotxicos e
de alimentos modificados geneticamente,
os transgnicos, podem vir a afetar
diretamente a sade da populao.
PermaculturaMediante a situao do planeta, fica
evidente a necessidade de novas prticas
de uso da terra e uma relao mais
harmnica do homem com a natureza. E a
permacultura se prope a fazer isso!
Da juno das palavras PERMANENTE
+ CULTURA, surgiu o nome dessanova cincia. Cultura se refere s
relaes sociais e do homem com o
meio e Permanente se refere algo
que no temporrio, de forma que
possamos habitar um mesmo espao
ao longo de vrias geraes. Nesse
sentido, trs princpios regem a tica na
permacultura: o cuidado com a terra, o
cuidado com as pessoas e o cuidado na
distribuio dos recursos.
Atravs de uma nova forma de se
relacionar com a natureza, o homem pode
exercer uma atividade benfica para o
planeta, assim como pode se beneficiar ele
prprio de sua atividade sem ter que deixar
o local onde mora e comear de novo.
Em termos de agricultura, a tecnologia dos
Sistemas Agroflorestais permite posicionar o
ser humano em uma relao completamente
nova com a natureza, assumindo o papel
de semeador, plantador e intensificador de
processos naturais geradores de vida.Ao invs de se perguntar o quanto o ser
humano pode retirar da natureza para
atender suas necessidades, a pergunta
passa a ser o quanto ele poder colaborar
com ela para produzir mais abundncia
e vida. Ao colocar-se como um elemento
inserido na teia da vida, torna-se lgico
beneficiar no apenas os seres humanos
mas tambm pssaros, macacos, minhocas,
insetos e todas formas de vida. Assim,
samos da lgica da escassez para a lgica da
abundncia.
Em vez de se perguntar oquanto o ser humano poderetirar da natureza [...]a pergunta passa a ser oquanto ele poder colaborarcom ela para produzir maisabundncia e vida.
25
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
14/43
deformaecolgica?
Curso de Capacitao| Jardins Agroorestais 27Curso de Capacitao| Jardins Agroorestais Curso de Capacitao| Jardins Agroorestais 27
possvel prod uzirali mentos
Ao trabalhar com altadiversidade de espcies,pode-se garantir a soberaniaalimentar e promovem oflorescimento da culturapopular e das tradiescomunitrias."
Dentro da tica da permacultura, os sistemas agroflorestaissurgem como uma tcnica excelente para a produo dealimentos de forma sustentvel nos trpicos.
Essa forma de produo alimentar
confere poder s pessoas, ao trabalhar
com sistemas de produo local, menos
mecanizados, diversos e autnomos, que
no dependem de insumos qumicos e
txicos para a produo. Ao trabalhar com
a alta diversidade de espcies, pode-se
garantir a soberania alimentar e promover
o florescimento da cultura popular e das
tradies comunitrias.
AGROECOLOGIA
AGRO= Campo +ECOLOGIA= Cincia/Estudo (Logos) da
Casa/Habitat (Ecos), ou seja, cincia queestuda as interaes entre os organismos
e seu ambiente.
A agroecologia a cincia que oferece
os conceitos e os princpios para o
desenvolvimento de uma agricultura
sustentvel. Uma agricultura que tenha
alm de objetivos econmicos, objetivos
sociais. A agroecologia surge como um
novo conjunto de tecnologias, um modelo
que no usa os recursos naturais de forma
predatria e apropriada para pequenos
produtores e agricultores familiares.
A agroecologia surgiu quando prticas
agrcolas tradicionais comearam a ser
organizadas e sistematizadas. Durante sculos,
pequenos agricultores tm desenvolvido
sistemas de cultivos sustentveis, que
os tem ajudado em suas necessidades
de subsistncia, mesmo em condies
ambientais adversas, sem depender de
mquinas, fertilizantes e pesticidas qumicos.
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
15/43
Curso de Capacitao | Jardins Agroforestais Curso de Capacitao| Jardins Agroorestais 29
O conhecimento tradicional de agricultores
deve ser justamente a base para a construo
de modelos de produo agroecolgica.
Ao desenvolvermos qualquer sistema
produtivo, seja ele na forma de hortas,
pomares, jardins medicinais ou
agroflorestas, podemos ter um enfoque
nos princpios da agroecologia. Nossas
prticas agrcolas tambm devem buscar
ser prticas ecolgicas.
SISTEMAS AGROFLORESTAIS
As AGROFLORESTAS ou SISTEMAS
AGROFLORESTAIS so uma mistura ou
consrcio de plantas em um sistema
produtivo. O termo vem da unio de:
AGRO= Plantas agrcolas (hortalias,
milho, feijo, mamo, banana, etc) +FLORESTA= rvores (frutferas,
produo de madeira, espcies
nativas, etc)
Conceito
Sistemas Agroflorestais so uma
mistura de culturas anuais, rvores
perenes e frutferas, leguminosas,
criao de animais, a prpria famlia
e outros, reunidos numa mesma rea
ou lote (PESACRE, 2004). A partir
da mistura de uma planta alimentar
com uma florestal, pode-se dizer
que uma agrofloresta. No entanto,
existem diversos tipos de agroflorestas,
com maior ou menor semelhana
a uma floresta, num gradiente de
complexificao e aplicao dos
princpios ecolgicos.
Agrofloresta um sistema ancestral
de uso da terra que vem sendo
praticado por milhares de anos por
agricultores de todo o mundo. No
entanto, nos anos mais recentes,
tambm tem sido desenvolvida como
uma cincia que se compromete a
ajudar agricultores a incrementar
produtividade, rentabilidade e
sustentabilidade da produo em sua
terra (McDICKEN e VERGARA, 1990).
SAF Sucessional
A agrofloresta que vamos trabalhar
um sistema de produo que imita
o que a natureza faz normalmente,
com o solo sempre coberto pela
vegetao, muitos tipos de plantas
juntas, umas ajudando as outras,
sem problemas com pragas ou
doenas, dispensando o uso de
venenos (CENTRO SABI, 2000).
O principal objetivo no desenho
e implantao de um SAF a
intensificao dos mecanismos
ecolgicos das florestas e, no caso
dos trpicos midos, os ecossistemas
sucessionais parecem ser o modelo
mais apropriado na tomada de
decises com relao s agroflorestas
(FARREL; ALTIERI; 2002).
As agroflorestas sucessionais
so sistemas com alta diversidade
de espcies que agem de acordo
com a sucesso natural e com os
demais princpios ecolgicos dos
ecossistemas. So desenhadas
na forma de consrcio de plantas
anuais, leguminosas e espcies
perenes (rvores), onde as taxas de
crescimento e evoluo sucessional
so maximizadas pelas atividades de
manejo.
Neste curso, trabalharemos na
tica dos Sistemas Agroflorestais
Sucessionais, muito baseadas no
trabalho de Ernst Gtsch.
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
16/43
Curso de Capacitao | Jardins AgroforestaisCurso de Capacitao | Jardins Agroforestais 31
Acima vemos uma agrofloresta de cerca de 10 anos, j estabelecida e produzinho. Note que
as rvores e outras plantas de diferentes tamanhos (angicos, ings, guapuruvus, laranjas,
pupunhas, cafs e plantas ornamentais) convivem saudveis e com uma boa produo.
HISTRICO
Agroecologia
A palavra agroecologia foi utilizada pela
primeira vez em 1928, com a publicao do
termo pelo agrnomo russo Basil Bensin.
O entendimento da agroecologia
enquanto cincia coincidiu com a maior
preocupao pela preservao dos
recursos naturais nos anos 60 e anos
70. Os critrios de sustentabilidade
nortearam as discusses sobre uma
agricultura sustentvel, que garantisse
a preservao do solo, dos recursos
hdricos, da vida silvestre e dos
ecossistemas naturais, e ao mesmo
tempo assegurasse a segurana alimentar.
Porm, s depois de 1970, quando
agrnomos passam a enxergar o valor
da ecologia nos sistemas agrcolas, que o
termo comea a ser mais aceito.
A agroecologia passa a ser entendida
como campo de produo cientfica e
como cincia integradora, preocupada
com a aplicao direta de seus princpios
na agricultura, na organizao social e
no estabelecimento de novas formas de
relao entre sociedade e natureza.
A agroecologia ainda uma cincia
e uma prtica em franca expanso.
A partir dos anos 80, as organizaes no
governamentais foram fundamentais na
promoo e divulgao da agroecologia
em todo o mundo e especialmente no
Brasil. Nos ltimos anos nota-se uma
preocupao constante de universidades,
centros de pesquisa e projetos de
extenso em trabalhar aspectos e
caractersticas tcnico-cientficas,
bem como os impactos sociais
provenientes da prtica agroecolgica.
Costa-Rica: cacau, caf, banana, cana, eucalipto,
macadmia, pupunha, fruta-po, frutas ctricas,
cedro, coco e pimenta;
Brasil: cacau, erva-mate, guaran, cupuau, caf,
pimenta-do-reino, banana, castanha-do-par,
bracatinga, pinus, ip;
Equador: caf e cacau com ing, goiaba, jambo;
Mxico: caf, cacau, banana, leucena, Samama, cana
com caj;
Peru: caf, cacau, ctrico, ing.
Agroflorestas
importante lembrar que as
Agroflorestas no so algo novo,
esses sistemas vem sendo utilizados
por agricultores em todo o mundo h
milhares de anos. Produtores rurais e
indgenas, principalmente dos pases
tropicais, vem plantando sistemas
Agroflorestais, observando a
natureza e buscando imitar a
floresta. A seguir, seguem alguns
consrcios praticados em alguns
pases da Amrica Latina.
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
17/43
Curso de Capacitao | Jardins Agroforestais 33
AGROFLORESTASSUCESSIONAIS
Curso de Capacitao| Jardins Agroorestais
A principal referncia quando se fala
em Agroflorestas, em especial quelas
que seguem os princpios da alta
diversidade e da sucesso natural, o
agricultor e pesquisador Ernst Gtsch
ou simplesmente Ernesto. Agricultor
de origem, Ernst, suo, mas vive no
Brasil h mais de 30 anos observando,
pesquisando e inovando a forma de
produo de alimentos de forma
harmoniosa com a natureza. Ao longo
dos anos de trabalho e ensino, ele
desenvolveu profundo conhecimento das
culturas tropicais.
Depois de anos pesquisando e observandoo funcionamento da natureza em toda
Amrica Latina, ele iniciou seu trabalho no
Brasil, implantando reas experimentais de
Sistemas Agroflorestais Sucessionais em sua
fazenda na zona cacaueira da Bahia. Numa
terra considerada totalmente improdutiva
ele transformou essa rea numa das terras
mais produtivas de toda a Mata Atlntica.
Conseguiu reflorestar mais de 300 ha de
reas degradadas em florestas altamente
produtivas, sem utilizar adubos qumicos ou
agrotxicos, levando ao ressurgimento de
17 nascentes.
Ernst Gtsch tem uma viso pioneira
da evoluo e funo das espcies,
bem como dos princpios que regem os
sistemas naturais. Seu conhecimento
aplicvel em qualquer ecossistema e
constitui uma referncia internacional
no desenvolvimento de SistemasAgroflorestais. uma referncia no assunto
e realiza cursos e consultorias no Brasil e no
exterior formando muitos profissionais.
Para Ernst, a sucesso natural o pulso
da vida. Isto , significa o aumento de
recursos que ocorre na natureza, onde
as mudanas dos ecossistemas naturais
caminham, de acordo com a sucesso,
sempre para o aumento da qualidade e
quantidade de vida consolidada. Para ele,
essas mudanas se do numa via dupla.
Por um lado, os seres vivos modificam o
ambiente e, por outro, o ambiente atua
sobre os seres vivos.
"(...) para cada passo que ando e para
tudo em que intervenho, previamente
me pergunto: o que posso fazer para
que, como resultado da minha presena
e das minhas intervenes nasa(m), se
desenvolva(m) um sistema (sistemas)
mais prspero(s), mais vida com toda
sua abundncia e mais complexidade
em todos os seus aspectos no Planeta
Terra, do qual somos parte, e no mais
importantes do que todas as outras
espcies." (GTSCH, 1998).
O agricultor e pesquisador Ernst Gtsch
PRINCPIOS
Alta Diversidade
A alta diversidade biolgica uma das
caractersticas mais importantes em
uma Agrofloresta, ou seja, diversidade
de tudo aquilo que vivo: plantas
nativas e cultivadas, fungos, insetos,
animais pequenos e de grande porte.
Quanto maior for esta diversidade no
sistema produtivo, maior o nmero de
interaes ecolgicas, isso quer dizer que,
maior o nmero de relaes entres os
diferentes seres vivos que ali habitam e se
reproduzem.
Quando utilizamos a alta diversidade em
nossos sistemas produtivos, caminhamos
com segurana rumo sustentabilidade.
Primeiro, porque estamos garantindo
um ambiente produtivo e saudvel. Com
solos frteis e cheios de minhocas, gua
disponvel e limpa, animais polinizadores
e plantas nativas convivendo com nossas
plantas cultivadas.
Segundo, porque quanto maior a
variedade de cultivares, menor o risco
de perda de safra causado por fatores
climticos ou de mercado. O investimento
em frutas e madeiras, que so culturas
perenes tambm tem se mostrado cada
vez mais vantajoso no Brasil.No modelo de agrofloresta abaixo,
podemos encontrar vrias espcies
diferentes, cada uma delas com uma
funo especfica dentro do sistema,
sendo que todas contribuem para o
aumento da diversidade biolgica e
diversificao da produo.
Figura 01 Observe um desenho de uma Agrofloresta: veja que cada planta diferente da outra, por isso podemos
cultiv-las juntas e obter uma maior diversidade de produtos para a famlia e para o mercado. Veja a lista das
espcies com o nmero correspondente neste modelo de Agrofloresta.
1. Mamo | 2. Mandioca | 3. Copaba | 4. Milho | 5. Banana | 6. Abacaxi
Fonte: http://www2.turmadoleleco.com.br/secoes/destaque/cultivar-sem-derrubar/
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
18/43
Curso de Capacitao | Jardins AgroforestaisCurso de Capacitao | Jardins Agroforestais 35
Lembrando que cada espcie possui
uma funo diferente no sistema
produtivo e ir oferecer um determinado
tipo de produto.
O mogno, a andiroba e a copaba so
espcies florestais que fornecem madeira
para a construo de casas e mveis,
sementes para a recomposio da floresta
e, no caso da copaba e da andiroba, leo
para a produo de cosmticos. O leo
da andiroba e do neem servem como
biopesticida, pois capaz de repelir insetos.As espcies frutferas, como banana,
Um sistema produtivo familiar que inclui
pelo menos quatro tipos de plantas:
rvores, bananeiras, milho e cebolinhaem canteiros de horta.
mamo, aa, pupunha e abacaxi, servem
de alimento para o ser humano e algumas
espcies da fauna silvestre, como aves
e mamferos. Tambm podem ser
comercializadas, como o caf, o feijo
e a mandioca, aumentando a renda do
produtor.
Assim, cada espcie tem sua
importncia no ambiente e, juntas,
formam um sistema sustentvel para
a manuteno da diversidade biolgica
alm de fornecer alimento e diversosoutros benefcios ao homem.
Perceba que, na foto acima, o
sistema produtivo possui apenas
cerca de 4 espcies que foram
plantadas juntas e no 12 tipos
de plantas como no desenho da
pgina anterior. Mas isto no
importa, o importante que seja
praticada a diversidade e no a
monocultura. Duas plantas juntas
j melhor do que uma planta
sozinha, trs, melhor que duas e
assim por diante.
Sucesso natural
O nascimento de cada ser vivo, a sua
fora de crescer, de frutificar, de criar
o prximo a seguir, de completar o
processo de amadurecimento tendo
no final a morte, ou melhor dizendo, a
transformao em outras forma de vida
tudo isso faz parte do metabolismo
do macroorganismo Me Terra. (...) A
sucesso natural das espcies o pulso da
vida, o veculo em que a vida atravessa o
espao e o tempo (GTSCH, 1997).Alm do princpio da alta diversidade,
as Agroflorestas tem como importante
caracterstica o que chamamos de
sucesso natural. A sucesso natural
quando uma grande diversidade de
plantas ocupa uma determinada rea de
forma sucessiva, ou seja, algumas plantas
surgem primeiro para depois dar lugar
para outras.
Isto ocorre, por exemplo, quando uma
grande rvore cai na floresta e forma
o que chamamos de "clareira". Neste
lugar, que antes era muito sombreado e
com diversas outras rvores, arbustos,
cips e etc., o sol passa a entrar e todas
as plantas que caem no solo viram
matria orgnica, fertilizando o lugar.
Nestas condies, sementes que estavam
armazenadas no solo, alm de outras
sementes trazidas pelo vento, gua
da chuva e etc, comeam a germinar.
Se inicia ento todo um processo de
sucesso natural de plantas para que afloresta volte ao que era.
Observando esta dinmica das
clareiras e seguindo o princpio de
sucesso natural, foram desenvolvidas as
Agroflorestas Sucessionais. Neste modelo
de Agrofloresta, princpios simples so
utilizados, tais como:
a alta diversidade de plantas;
a cobertura permanente do solo com
matria orgnica;
a sucesso natural de plantas, aplicadas,
neste caso, para frutferas, espcies
produtoras de madeira, espcies
agrcolas e etc.O desenho abaixo mostra osdiferentes tipos de planta que vo
ocupando uma clareira ao longo
dos anos. Representa o processo
de sucesso que tem incio em
geral com os capins e gramneas
em geral, passando por plantas
rasteiras e arbustos, at chegar
em rvores de grande porte.
Fonte: http://cienciasdecampo.webnode.pt/cn-8-%C2%BAano/
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
19/43
Curso de Capacitao | Jardins AgroforestaisCurso de Capacitao | Jardins Agroforestais 37
A partir do entendimento da dinmica
do processo sucessional so identificados
alguns grupos de espcies que servem
para montar os consrcios das
Agroflorestas ao longo do tempo.
Todos os estgios (etapas da sucesso)
devem ser cumpridos, bem como os
estratos (andares da floresta) precisam
estar completos. A partir de agora iremos
definir melhor esses dois conceitos:
estgios e estratos.
Estgios
Os estgios de uma Agrofloresta esto relacionados ao fator tempo, ou seja, ao ciclo de
vida de cada consrcio de plantas que escolhemos. Os estgios representam o conjunto
de espcies que predominam ao longo dos anos nas Agroflorestas. So eles:
NOME DO ESTGIO CICLO DE VIDA
Placenta 1 de 0 6 meses
Placenta 2 de 6 meses 1 ano/ 1 ano e meio
Secundria 1 de 1,5 ano 5 anos
Secundria 2 de 5 anos 15 anos
Secundria 3 de 15 anos 50 anos
Primria de 50 anos 80 anos
Transicional + que 80 anos
O Tringulo da Vida proposto
por Ernst Gtsch representa o
avano da sucesso natural e da
complexidade das agroflorestas.
Lembrando que as Agroflorestais so sistemas de produo perenes, ou seja, so
permanentes. Devemos, portanto, plantar todas as espcies, de todos os estgios, no
mesmo dia, no dia da implantao da Agrofloresta.
A seguir um srie de figuras e fotos que representam as Agroflorestas em alguns
estgios de crescimento.
PLACENTA 1 E 2
Ciclo de vida curto: at 1 ano e meio
4 meses
Podemos observar na foto
ao lado uma agrofloresta
no estgio de Placenta, comaproximadamente 6 meses de
crescimento. possvel identificar
espcies como a cenoura, o
inhame, a banana comeando a
aparecer e as mudas frutferas
crescendo juntas.
Ipoema/Local:StioSemente
Ipoema / Local: Stio Semente
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
20/43
Curso de Capacitao | Jardins AgroforestaisCurso de Capacitao | Jardins Agroforestais 39
O termo Placenta se refere a um local que precisa ser agradvel e nutritivo para o
nascimento de um novo ser. No caso de nossa Agrofloresta, precisamos recobrir o solo
com matria orgnica no incio do sistema e plantar espcies que se desenvolvem bem
e rpido a pleno sol.
So estas plantas quer iro criar um local vivel para que espcies mais exigentes
cresam ali. As plantas de ciclo de vida curto que utilizamos so geralmente as
hortalias e culturas anuais (milho, feijo, arroz, etc).
SECUNDRIAS 1 E 2
Ciclo de vida: at 15 anos
Para os primeiros 15 anos de nosso
sistema devemos escolher espcies de
rpido crescimento e que aceitem bem as
podas. Nos primeiros anos do sistema fundamental aumentar a quantidade de
matria orgnica no solo, principalmente
com madeira de poda de espcies como a
mutamba e o angico, por exemplo.
5 anos
18 anos
Podemos observar na foto ao lado uma
Agrofloresta no Estgio de Secundria, com
aproximadamente 5 anos de crescimento.
possvel identificar espcies como a
banana, o neem, o caf, o mogno e as
pupunhas em crescimento incial.
Ipoema/Local:EmbrapaVitrine
SECUNDRIA 3
Ciclo de vida: at 50 anos
PRIMRIAS E TRANSICIONAIS
Ciclo de vida: alm do 80 anos
Durante esse tempo j podemos
planejar a colheita de algumas madeiras,
como a do pau-de-balsa e a do eucalipto.
Algumas frutferas tambm j teroiniciada a sua produo, como por
exemplo a banana, a laranja de enxerto
e o caf. Alm disso madeiras, como o
eucalipto, j podem ser colhidas. Quando uma Agrofloresta j estestabelecida, isto , aps os 10 ou
15 primeiros anos de implantao,
praticamente todas as plantas j
produziram ou estaro produzindo.
Frutferas, resinas e palmitos j
estaro sendo colhidos. Diversas
madeiras para diferentes usos
estaro nossa disposio.
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
21/43
Curso de Capacitao | Jardins AgroforestaisCurso de Capacitao | Jardins Agroforestais 41
Espcies pioneiras (placenta 1 e 2)
Espcies do futuro como o mogno,
o caj, o cedro e o jatob so
fundamentais para as Agroflorestas.
So elas que iro ocupar o sistema
no Estgio de Primrias. Alm de
muitas outras.
Teremos portanto, um sistema
sustentvel, o trabalho durante
todos esses anos ser a realizao
de podas e a colheita de tudo aquilo
que investimos no comeo de nosso
Sistema Agroflorestal, quando eleainda estava em sua Placenta.
Evoluo das espcies
No resta dvidas que as
Agroflorestas so planejadas para o
futuro. So florestas de alimentos,
que sero boas para a natureza e
para as geraes futuras. Se formos
capazes de unir agricultura com
floresta, plantas de ciclo de vida
curto e longo, teremos lugares com
abundncia de vida e de alimentos.
Lembrando que, todas as espcies,
de todos os estgios so plantadas
no primeiro dia de vida de nossa
Agrofloresta. O esquema abaixo
representa a evoluo das espcies
dentro do sistema. Note que todas
esto presentes desde o incio.
Estratos
Um dos muitos nomes que as Agroflorestas recebem o de Floresta de Andares.
Justamente porque considera as alturas de cada planta durante os diferentes estgios
de uma Agrofloresta. Estas alturas, estes andares, so chamados de estratos.
Em uma floresta podemos observar 5 estratos bem diferentes entre si: Emergente,
Alto, Mdio, Baixo e Rasteiro.
A ocupao de cada estrato pela vegetao influencia diretamente a quantidade de
radiao do sol que chega ao solo, e assim o crescimento das plantas nos diferentes
estratos. Temos dois extremos possveis, como ilustrado abaixo, que permitem maior
ou menor radiao solar:
BAIXA RADIAO SOLARCHEGANDO AO SOLO
Espcies secundrias I, II e III
Espcies transicionais
ALTA RADIAO SOLARCHEGANDO AO SOLO
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
22/43
Curso de Capacitao | Jardins AgroforestaisCurso de Capacitao | Jardins Agroforestais 43
Ao plantar nossas Agroflorestas,
buscamos reproduzir o padro
observado para os trpicos, que
permite a entrada de luz e um
adensamento da vegetao conforme
mais prximo ao solo. A ocupao
das plantas diminui a medida que
subimos os andares, ou seja, nos
andares rasteiro e baixo teremos muitas
plantas, enquanto que nos andares alto
e emergente, poucas plantas. Abaixo
segue a ocupao de cada estrato
conforme as florestas tropicais e que
usamos de referncia nas Agroflorestas.
A seguir, uma tabela com algumas espcies que podemos utilizar em nossa Agrofloresta.
Nela podemos observar a classificao de cada planta conforme o estgio da sucesso
(tempo de vida) e o estrato (andar) que ocupa, alm de instrues para plantio e o tempo
de colheita.
Lista de espcies Agroflorestais
Tempo de Vida Espcie
(Nome comum)Espaamento deplantio (metros)
Tempo de colheita Estrato
At 3 meses
Melancia 2,0 x 1,0 100 dias Rasteiro
Abbora 3,0 x 2,0 5 meses Baixo
Feijo 0,5 x 0,2 70 dias Baixo
Couve flor 0,6 x 0,8 100 dias MdioPimento 0,5 x 0,5 150 dias Mdio
At 6 meses
Pepino 2,0 x 1,0 80 dias Mdio
Tomate 1,0 x 0,5 80 dias Alto
Quiabo 1,0 x 0,5 80 dias Alto
Milho 1,0 x 1,0 4 meses Emergente
Inhame 1,2 x 0,7 3 meses Baixo
At 3 anos
Abacaxi 1,0 x 0,4 24 meses Baixo
Mandioca 1,0 x 1,0 18 meses Alto
Chuchu 5,0 x 5,0 4 meses Alto
Banana da
terra
3,0 x 3,0 14 meses Alto
At 10 anos
Banana prata 3,0 x 3,0 14 meses Alto
Banana ma 3,0 x 2,0 10 meses Alto
Laranja 6,0 x 3,0 3 anos Alto
Abacate 8,0 x 9,0 3 anos Alto
Lima 7,0 x 4,0 3 anos Baixo
At 50 anos
Tangerina 6,0 x 4,0 4 anos Mdio
Carambola 4,0 x 4,0 5 anos Mdio
Pupunha 6,0 x 6,0 4 anos Emergente
Caf 2,0 x 1,0 3 anos Baixo
Juara 2,0 x 1,0 12 anos Alto
Mais que
50 anos
Manga 10,0 x 8,0 3 anos Alto
Jaca 10,0 x 8,0 6 anos Alto
Caj 10,0 x 8,0 2 anos Emergente
Cco 9,0 x 9,0 3 anos Emergente
Tamarindo 10,0 x 10,0 12 anos AltoFonte: Cartilha Liberdade e Vida com Agrofloresta, 2008
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
23/43
Curso de Capacitao | Jardins AgroforestaisCurso de Capacitao | Jardins Agroforestais 45
APROFUNDANDOCONHECIMENTOS
Para implantar um Sistema Agroflorestal
(SAF), mltiplos outros conhecimentos
so necessrios. Selecionamos alguns que
consideramos importantes e valiosos para
um bom agrofloresteiro.
As sementes so extremamente
importantes, pois guardam a capacidade
de gerar vida, e, por meio delas,
poderemos plantar uma enorme
diversidade de plantas. Saber como
coletar, armazenar e beneficiar as
sementes fundamental para criar
agrofloresta com alta diversidade e bom
desenvolvimento.
A observao de ciclos maiores da
natureza, com os ciclos do sol e da lua, e
dos demais planetas no sistema solar ao
longo de milhares de anos, possibilitaram
ao homem um conhecimento emprico
sobre os melhores momentos de plantar,
de podar e de colher. Uma pequena
compilao dessas informaes tambm
apresentada a seguir.
SEMENTES
A semente o embrio da planta,
composto por um eixo embrionrio mais
os cotildones, que garantem a nutrio da
planta durante o perodo de germinao
e crescimento inicial, podendo ser envolta
ou no por um fruto. As sementes tambm
possuem estruturas de disperso que so
essenciais para a reproduo e diversidade
gentica das espcies. O conhecimento das
sementes e de seus processos de disperso,
coleta, beneficiamento e germinao soessenciais para o sucesso na produo de
mudas e plantio de agroflorestas.
ClassificaoAs sementes so classificadas em
basicamente duas categorias, em funo
do tipo de cpsula que a protegem: as
ortodoxas e as recalcitrantes.
Sementes OrtodoxasSo aquelas envoltas em cpsulas secas.
Toleram ambientes mais secos e menores
temperaturas (menos de 0), ou seja, podem
ser armazenadas em geladeira por um longo
perodo, permitindo o plantio a longo prazo.
Sementes RecalcitrantesSo aquelas envoltas em
cpsulas carnosas. No toleram
o armazenamento em baixas
temperaturas e devem ser plantadas
logo aps sua disperso e seu
beneficiamento.
Existe outra classificao que pode
ser observada que faz a distino entre
frutos deiscentes e indeiscentes. Os
deiscentes, como o caso do barbatimo
(Stryphnodendron adstringens), no seabrem ao amadurecer, mas podem ser
abertos manualmente. Os indeiscentes
explodem e suas sementes so
expelidas para fora.
Classificao pelo modo de dispersoSEMENTES
Dispersopor animais
Dispersopela gua
Dispersopelo vento
Disperso pelaprpria planta
Disperso de sementes
Os mecanismos de disperso permitem a regenerao de florestas e
podem ser classificados em: chuva de sementes (sementes recentemente
dispersadas), banco de sementes (sementes dormentes no solo), banco de
plntulas (pequenas mudas inibidas pela sombra da floresta) e rebrota.
Os tipos de disperso de sementes variam de acordo com cada espcie e
so classificados em zoocoria, hidrocoria, anemocoria e autocoria. Confira a
ilustrao abaixo:
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
24/43
Curso de Capacitao | Jardins AgroforestaisCurso de Capacitao | Jardins Agroforestais 47
Beneficiamento
Os frutos podem ser classificado em secos
e carnosos. De modo geral, os secos abrem
sozinhos (deiscentes) e os carnosos necessitam
de despolpamento para obteno da semente,
nesse caso a polpa de algumas espcies pode ser
aproveitada para diversos fins alimentcios.
Os mtodos mais comuns de despolpamento
so a raspagem e a fermentao, que consiste no
amolecimento da polpa, no caso de polpas mais
aderidas s sementes, colocando-as na gua ou no solo.
No caso de frutos indeiscentes, que explodem
e suas sementes podem ser perdidas, nesse caso,
devem ser coletados ainda fechados, mas maduros
fisiologicamente, antes que isso ocorra e colocados
em lonas a meia-sombra para que abram e suas
sementes sejam aproveitadas.
Armazenamento
No caso de sementes que podem ser guardadas
importante fazer um armazenamento adequado para
garantir a viabilidade longo prazo. Fatores externos
como a umidade do ar, a temperatura ambiente
e a presena de fitopatgenos, so os principais
fatores a serem observados. De modo geral as salas
de armazenamento devem ser bem ventiladas,
sombreadas e as prateleiras bem espaadas. Podem
ser utilizados sacos de papel ou de plstico, garrafas
ou potes de vidro ou at mesmo garrafas pet para
guardar as sementes.
Sementes do cerrado
LEGENDA
Beneficiamento:
desp: despolpamento;
esc: escarificao;
extr: extrao da casca
Nome Cientfico NomePopular
Beneficiamento
%germinao
Coletadesementes
Utilizao
Alim Mad Orn M el M ed R es F orr Fau Ar t
Ancardium humile Caju - > 80 out-nov x x x x
Anadenanthera falcata Angico - > 70 ago-set x x x x
Annona crassifolia Aracum* esc > 70 fev-abr x x x
Caryocar brasiliense Pequi desp < 5 dez-jan x x x
Cedrela odorata Cedro - 70 jul-ago x x x
Copaifera langsdori Copaba esc > 80 mai-out x x x x x
Dypterix alata Bar extr 30-50 set-out x x x x x
Eugenia dysenterica Cagaita desp 85 set-dez x x x x x
Inga alba Ing - > 90 nov-fev x x x
Mauria exuosa Buri desp 60 abr-jun x x x x
Pterodon emarginatus Sucupira extr 30-45 jun-jul x x x x
Qualea grandioraPau-terra extr < 30 ago-out x x x x x
Hymenaeaesgnocarpa
Jatobextresc
70 set-out x x x x x
Stryphnodendronadstringens Barbamo esc 70 jul-set x x x x
Tabebuia aurea Ip-amarelo - >80 set x x x
Utilizao:
Alim: Alimentar;
Mad: Madeirvel;
Orn: Ornamental;
Mel: Melfera;
Med: Medicinal;
Res: Resinfera;
Forr: Forrageira;
Fau: Alimentar para a fauna;
Art: Artesanal
Coleta
A coleta de sementes
nativas pode ser feita pelo
prprio produtor rural ou
agrofloresteiro, uma vez que no
existe um mercado consolidado
para isso. importante conhecer
a poca de maturao de cada
espcie para uma coleta mais
eficiente. No caso do cerrado
a maioria das sementes esto
viveis entre julho e novembro,ou seja, da metade ao final do
perodo de seca.
Para obter uma produo de
maior diversidade gentica
importante fazer a coleta de
diversas rvores matrizes. Para
a escolha dessas rvores deve-
se levar em considerao suas
caractersticas tais como altura,
vigor, sanidade e produo de
sementes, bem como a finalidade
do plantio.
Caso se queira produzir
madeira a matriz escolhida
deve ter um fuste reto e livre
de doenas, caso o objetivo
seja a produo de frutos,
deve-se avaliar a qualidade
e a produtividade. No caso
de recuperao de reas ou
plantios florestais o ideal
a coleta de uma grande
variabilidade de indivduos,
com isso possvel obter
mudas com diferentes
capacidades adaptativas.
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
25/43
Curso de Capacitao | Jardins AgroforestaisCurso de Capacitao | Jardins Agroforestais 49
PlantioCada ciclo lunar favorece uma
atividade especfica na atividade
ecofisiolgica das plantas. Durante
a fase que vai da lua nova para a
cheia, a seiva das plantas permanece
na parte area, o crescimento se
d mais nessas do que nas razes,
quando a expirao predomina. Por
exemplo, quando se quer plantar
folhagens (alface, rcula, couve, etc.)
devem ser semeadas ou replantadas
na fase crescente. Durante a fase
que vai da lua cheia para nova, a
seiva desce raiz, o solo recebe
e, portanto, inspira. Por exemplo,
quando ser quer plantar razes
(cenoura, nabo, inhame, beterraba,
etc.) devem ser semeadas ou
replantadas na fase minguante.
COSMOLOGIA
Quem tem contato com agricultores que realmente vivem h geraes na terra
sempre ouve relatos sobre as relaes da Lua com a poca de plantio, poda, etc..
mas principalmente, sobre as fases da Lua, que o ritmo mais visvel deste astro. Em
culturas ancestrais indgenas, ainda encontramos observaes mais apuradas do cu. A
observao destes ciclos e a utilizao deles como orientador dos melhores momentos
de cada atividade pode aumentar a produo.
Os ciclos da lua, bem como os signos do zodaco, exercem influencia em todos os seresvivos em diferentes dimenses. As fases da lua, por exemplo, representam ciclos de
inspirao e expirao para os seres vivos, sendo que esses ciclos so complementares
entre plantas e animais. Dessa forma, dentro de um consrcio agroflorestal regido pela
sucesso, tambm tem sua fase de rpido e vigoroso crescimento, de inspirao, e
depois da maturidade, vem a senescncia do consrcio, ou sua inspirao.
ManejoAs podas e as colheitas tambm
devem seguir as fases lunares, bem
como as estaes. Podas geralmente
so feitas na primavera e durante a
fase que vai da lua cheia para a nova,
pois assim se estimula o crescimento
e evitam-se as perdas. As colheitas
obviamente seguem o ciclo de
produo de cada planta. No caso de
madeira e bambus para construo,
por exemplo, devem se coletadosna fase minguante, pois o acmulo
de seiva na parte rea ser menor.
A colheita de frutos e verduras se
da forma contrria, feita na fase
crescente, pois se deseja o acmulo de
seiva, bem como nutrientes, na parte
area da planta.
Signos do zodacoPodemos favorecer diferentes partes
da planta de acordo com a posio da
lua nos elementos referentes a cada
signo do zodaco, que, geralmente,
permanece de dois a trs dias em cada
constelao.
Frutos devem ser plantados
em dia de fogo Verduras de folhagem em dias
de gua
Razes em dias de terra
Flores e a maioria das ervas em
dias de ar.
Para saber mais sobre este tema,
indicamos a consulta a um Calendrio
astronmico/agrcola disponibilizado
no Brasil pela Associao Biodinmica.
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
26/43
Curso de Capacitao | Jardins Agroforestais 51
Agroflorestal ?
Curso de Capacitao| Jardins Agroorestais 51
Comofaze r um Sistema
As espcies e o tipo devegetao nativa queformam a paisagem ouo ecossistema naturalem que vivemos so abase de conhecimentopara inicialmenteplanejarmos asAgroflorestas.
Convivendo com agricultores nativos da Costa Rica, ErnstGtsch desenvolveu uma forma de plantar Agroflorestasque busca imitar a dinmica das clareiras. Observando anatureza e organizando as plantas de interesse alimentarou de mercado, dentro do processo de sucesso natural.
OBSERVANDO A NATUREZA
Ao decidirmos implantar uma
Agrofloresta, algumas perguntas podem
nos ajudar a tomar as decises corretas.
Refletir e buscar as respostas para essas
perguntas um bom caminho para a
implantao de Agroflorestas Sucessionais.
Dessa forma, a primeira pergunta a ser
feita :
Em qual paisagem vamosimplantar a agrofloresta?
As espcies e o tipo de vegetaonativa que formam a paisagem ou o
ecossistema natural em que vivemos so
a base de conhecimento para inicialmente
planejarmos as Agroflorestas.
Os ecossistemas naturais definem as
condies do clima, do solo, da vegetao
e das relaes das pessoas com esses
ambientes. Essas condies originais no
orientam nas prticas agrcolas e florestais.
Portanto, importante que sejam
escolhidas muitas espcies nativas ou bem
adaptadas ao ecossistema natural em que
vivemos para compor uma Agrofloresta.
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
27/43
Curso de Capacitao | Jardins AgroforestaisCurso de Capacitao | Jardins Agroforestais 53
Nome Popular Coletadesementes
Utilizao
Alimento Madeira Ornamental Mel Medicinal Forrageira Artesanato
Caju Out-Nov X X X
Angico Ago-Set X X X
Aracum Fev-Abr X X X
Pequi Dez-Jan X X X
Cedro Jul-Ago X X X
Copaba Mai-Out X X X X
Bar Set-Out X X X X
Cagaita Set-Dez X X X X X
Ing Nov-Fev X X X
Buri Abr-Jun X X X X
Sucupira Jun-Jul X X X X
Pau-terra Ago-Out X X X X X
Jatob Set-Out X X X X
Barbamo Jul-Set X X X X
Ip-amarelo Set X X X
O Cerrado o segundo maior bioma da
Amrica do Sul, abrange cerca de 22%
do territrio nacional. O bioma abriga
10.400 espcies de plantas, das quais
50 so endmicas, ou seja, s ocorrem
nesta regio. A fauna tambm apresenta
uma importante diversidade, incluindo
180 espcies de rpteis, 113 espcies de
CONHECENDOOCERRADO
A seguir uma primeira ideia de algumas
espcies que podemos utilizar em
Agroflorestas no bioma Cerrado. Segue na
anfbios, 837 de pssaros e 195 espcies
de mamferos.
Apesar da extensa rea de abrangncia
o bioma brasileiro que mais sofre
alteraes com a ocupao humana,
sobretudo em relao abertura de
novas reas para construo de cidades e
produo alimentcia.
QUE TIPO DE PLANTAS EXISTEM NO AMBIENTE QUE VIVEMOS?
tabela algumas informaes importantes
sobre cada uma delas, inclusive os diferentes
produtos que cada uma pode nos oferecer
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
28/43
Curso de Capacitao | Jardins AgroforestaisCurso de Capacitao | Jardins Agroforestais 55
Quais so os nossos objetivos?
Ao implantar Agroflorestas podemos
dar preferncia as espcies que produzam
alimentos e outros bens de interesse para
nossa famlia, comunidade e ao mercado.
Como j foi dito, as espcies nativas
sempre so uma boa opo. Porm,
para termos mais possibilidades decomercializao no mercado, podemos
escolher para plantar espcies frutferas,
oleaginosas, madeiras de lei, plantas com
resinas, medicinais e ornamentais.
Alguns objetivos gerais podem nos
ajudar quando desejamos implantar uma
Agrofloresta:
1. Cobrir rapidamente o solo com
matria orgnica, dando prioridade a
galhos e troncos de rvores do local de
implantao;
2. Combinar espcies de rpido
crescimento com espcies que iro
demorar mais para se crescer e
produzir;
3. Plantar o maior nmero de plantas
diferentes logo na implantao;
4. Escolher espcies com boa capacidade
de regenerao, para que possamos
trabalhar com as podas;
5. Plantar em grande quantidade para
se ter excesso de alimentos para toda
a nossa famlia, para comercializar
e tambm para os animais e
microorganismos;
6. Manter a vegetao nativa.
Onde implantar umaagrofloresta e qual o tamanhoda rea para iniciar o trabalho?
Primeiro devemos decidir em qual
rea da propriedade os objetivos que
escolhemos tero mais chance de ter
sucesso. A escolha da rea tambm deve
partir da realidade do agricultor, de seus
cultivos tradicionais e dos costumes de
lida com a terra.
O tamanho da rea escolhida para se
iniciar o trabalho com Agroflorestas no
deve ser muito grande inicialmente,
pois devemos lembrar que tudo comea
pequeno e depois cresce.
Com o passar do tempo, podemos
reproduzir a Agrofloresta de acordo com
o aprendizado que tivemos com o plantio
de cada consrcio. Alm disso, o tempo
permite que cada agricultor se adapte s
prticas de manejo Agroflorestal.
PLANEJAMENTO Quais espcies escolher?Uma Agrofloresta composta por
espcies que possuem diferentes
caractersticas. Essencilamente, 3 fatores
devem ser levadas em conta na hora de
escolher as espcies do sistema que ser
implantado e como posicion-las:
1. Estgios: se refere ao ciclo de vida das
plantas;
2. Estratos: a altura que cada planta ocupa;
3. Caractersticas especficas de cada planta.
Alm da durao do ciclo de vida e o
estrato que um planta ocupa, cada planta
nica e tem caractersticas prprias
relativas :
Necessidades nutricionais
Necessidades hdricas
Necessidades fsicas (cilma, solo)
Necessidade luminosa
Produo de metablitos
Interelaes com plantas, animais,
fungos e bactrias
Arquitetura das raizes
Arquitetura da folhagem
Fenologia
Ao planejar o Sistema Agroflorestal,
a escolha das espcies de extrema
importncia, e para se chegar a
melhor combinao entre todas estas
caractersticas devem ser consideradas.
Existem historicamente alguns consrcios
que foram criados ao longo dos
milhares de ano de desenvolvimento da
agricultura, como as trs irms dos
povos pr-colombianos: o milho, o feijoe a abbora.
Quando pretende-se implantar um
sistema agroflorestal sucessional leva-
se em conta as necessidades de luz, o
porte, forma do sistema radicular de
cada espcie e seu comportamento no
tipo de clima e solo local. Alm disso,
considerado o efeito de cada espcie
no crescimento e produo das demais
espcies do sistema ao longo do tempo e
do espao disponvel.
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
29/43
Curso de Capacitao| Jardins Agro orestais 57
ASTRSIRMSH aproximadamente 5.000 anos o
milho, abboras e feijes so cultivados
pelos povos nativos que os semearam.
Quando os povos faziam suas colheitas,
no deixavam seus campos; construam
vilas e deixavam de ser nmades.
A abundncia de milho, feijo e abbora
livrou povos das caas contnuas, deram
o recolhimento e os possibilitou a
construrem repousos melhores, fazerem a
cermica, tecerem o pano, criarem arte e
desenvolverem cerimnias religiosas. Milho,
feijes e abboras podiam ser secados e
armazenados por perodos longos, aliviando
o ciclo anual do inverno. Os nascimentos
aumentaram e a vida se prolongou.
Os americanos nativos das florestas
orientais usam o termo "trs irms" para
se referirem ao milho, feijes e abbora.
Estas trs irms do uma lio na
cooperao ambiental que os americanos
nativos sentem que todos os seres
humanos devem praticar hoje.
Plantadas juntas, o milho fornece a haste
para os feijes escalarem; os feijes fornecem
o nitrognio ao solo para nutrir o milho; e a
abbora sai da terra para fora, impedindoa competio da vegetao no desejada e
protegendo as razes rasas do milho.
Esse princpio praticado e preservado
atualmente no mundo atravs da tcnica
da "permacultura". Como a parte do
crculo da vida, estas colheitas confiam em
si para a sobrevivncia. So, no somente
ricas em simbolismo espiritual, mas na
cultura e historia botnica e tambm na
nutrio. O milho, feijes e abboras,
complementam-se: milho para os gros
e o hidrato de carbono, os feijes para a
protena e a abboras para a vitamina A.
O milho era preparado de muitas
maneiras. Cozido, assado, como farinha, a
imaginao era o limite. A abbora podia ser
cozida ou podia ser secada e armazenada
para o uso durante todo o inverno. Os feijes
novos frescos foram includos nos cozidos, e
os feijes mais maduros eram secados para
o inverno . Os feijes forneceram uma fonte
de protena durante o inverno.
Existem muitas tradies, histrias
e cerimnias dos nativos americanos
ligadas milho, a histria das Trs Irms,
a mais conhecida. Uma delas diz que o
milho chegou atravs de uma entidade
associada ao corvo. Na regio dos Grandes
Lagos eram feitos rituais e cerimnias
de agradecimento para plantar e colher.
Quase todos os americanos nativos incluem
alguma histria de sua cultura, referente as
"Trs Irms": milho, feijo, e abbora.
Uma vez selecionadas as espcies, que
iro compor a Agrofloresta, temos que
providenciar as sementes,
mudas, ramas etc, necessrias
para o plantio. O interessante
que, com um baixo investimento
financeiro, podemos obter
plantas de qualidade que iro
nos trazer retornos econmicos e
ambientais por muito tempo.
As sementes de hortalias e gros
so encontradas facilmente em
casas agropecurias. Ramas de
mandioca e cana; bulbos de
batata doce e inhames; mudas
de abacaxi e banana podem
ser obtidos com agricultores
familiares. Sementes de espcies
nativas podem ser coletadas e as
mudas produzidas no prprio local de
plantio.
Com o passar do tempo, teremos nossa
prpria fonte de material para plantios
futuros. Todos os insumos necessrios para
a "criao" de uma Agrofloresta so recursos
que aumentam com o uso, ou seja, quanto
mais produzimos com diversidade, maisdiversidade de fonte de insumos teremos.
Outro recurso que aumenta com
o uso o solo frtil. Ao contrrio da
agricultura convencional, que necessita
constantemente de adubos qumicos e
venenos, nas Agroflorestas, produziremos
nosso prprio adubo.
Porm, na implantao de um novo
sistema Agroflorestal ser necessrio
investir em alguns adubos comprados,
uma vez que a maioria dos locais est
degradado e sem fertilidade.
Recomenda-se o uso de estercos bemcurtidos (gado ou galinha) ou compostos
orgnicos j prontos (adubo da compoteira,
hmus de minhoca, etc.). Tambm deve-
se utilizar adubos de fonte mineral como
calcrio ou outros tipos de p de rocha
para uso agrcola. Os estercos j curtidos
so encontrados em fazendas ou pequenos
criadores de animais. Os adubos minerais
so vendidos em casas agropecurias.
INSUMOS NECESSRIOS: PLANTAS E ADUBOS
Curso de Capacitao| Jardins Agro orestais
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
30/43
Curso de Capacitao | Jardins AgroforestaisCurso de Capacitao | Jardins Agroforestais 59
PREPARO DOS CANTEIROSPARA O PLANTIO
A. Escolha da rea
Primeiro, devemos decidir em qual
rea da propriedade os objetivos que
escolhemos tero mais chance de ter
sucesso. As plantas que j existem no
local e a experincia com os cultivos
tradicionais, permitem antecipar de certa
forma os resultados.
O tamanho da rea escolhidainicialmente no deve ser muito grande,
podendo-se depois reproduzi-las de
acordo com o sucesso, ou no, de cada
consrcio. Alm disso, o tempo permite
que o agricultor se adapte s prticas
de manejo Agroflorestal. Trataremos de
manejo logo em seguida.
Para isso, necessrio observar o
terreno, a inclinao, a orientao do sol,
a presena de outras plantas que faam
sombra ou influenciem quimicamente as
que vamos plantar, alm de considerar
as necessidades operacionais: acessos,
transporte, ergonomia, caminhos
internos, passagem de mquinas etc.
B. Desenho da Agrofloresta -Canteiros Agroflorestais
Com os insumos adquiridos e a
localizao da Agrofloresta definida,
devemos definir de que forma iremos
plantar, ou seja, qual o desenho do
sistema que ser plantado. No existe
forma pr definida ou receita de
sucesso, se os princpios j descritos
forem seguidos, possvel plantar uma
Agrofloresta em diferentes formatos,
como por exemplo em canteiros, crculos
ou as plantas de forma aleatria.
Os Canteiros Agroflorestais tem se
mostrado um bom modelo por sua
praticidade de implantao e manejo.
So feitos de forma linear, o que facilita
o manejo com matria orgnica junto
s plantas e a instalao de sistemas de
irrigao que gastam menos gua.
C. Preparo do CanteirosAgroflorestais
A implantao de uma Agrofloresta
inicia-se pelo preparo da rea.
Geralmente necessria a limpeza do
terreno pela roagem e capina. Todas as
gramneas, arbustos e outras plantas que
no sero parte do sistema agroflorestal
devem ser retirados pela raiz do local.
No momento da capina importante
o armazenamento de toda a matria
capinada, para que possa posteriormente
ser depositada como cobertura do solo daAgrofloresta implantada.
Aps a limpeza do terreno, os beros
para os plantios das mudas aberto, com
a profundidade adequada pra cada tipo
de planta. Beros de banana devem ter
no mnimo 0,50x0,50x0,50m, enquanto
que beros de mudas podem ter
0,25x0,25x0,30m.
O solo entre os beros das mudas deve
ser afofado e em seguida adubado. O
canteiro levantado, aumentando a
quantidade de terra para cima do solo,
e promovendo a arquitetura do canteiro
de forma a dinamizar os processos de
desenvolvimento ao armazenar nutrientes
e gua no seu interior.
Canteiros Agroflorestais em diferentes estgios de crescimento. Na primeira foto, vemos o dia de implantao de
um sistema de: 3 canteiros de 6 metros de comprimento, com corredores de 3 metros. Na segunda, um canteiro no
estgio de placenta 2: o milho ocupando o estrato emergente; o feijo, o alto; e a abbora, o rasteiro. Veja que no
existem espaos vazios no canteiro. Na foto seguinte, um canteiro em estgio secundrio, com bananas e abacaxis
iniciando a produo e o feijo guand protegendo as mudas em crescimento.
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
31/43
Curso de Capacitao | Jardins AgroforestaisCurso de Capacitao | Jardins Agroforestais 61
Canteiros agroflorestais com detalhes muito importantes. Na foto esquerda possvel perceber o formato cncavo
do topo do canteiro e o alinhamento perfeito entre os beros de mudas. Na foto da direita, Ernst Gtsh nos mostra a
altura que deve ficar o canteiro pronto e como este deve ser completamente coberto com matria orgnica.
PLANTIO AGROFLORESTAL
Com os canteiros preparados, inclusive
j cobertos com matria orgnica,
possvel dar incio ao plantio das
sementes, mudas e ramas que j haviam
sido selecionadas.
Utilizando as informaes contidas na
tabela da pgina 43 (Lista de espcies
Agroflorestais Estgios (tempo de
vida), Estrato (andar) e Espaamento
recomendado), faremos a distribuio das
plantas no Canteiro Agroflorestal.
A. Quantidade de plantas
A quantidade de plantas (mudas,sementes e ramas) por espcie
a ser introduzida calculada de
acordo com o espaamento utilizado
convencionalmente para cada espcie.
No caso do feijo, por exemplo, quando
temos o espaamento de 0,5x02m,
significa 0,5m entre linhas e 0,2m entre
sementes. Se tivermos uma rea de
100m2 (10,0x10,0m), com 21 canteiros
de 10 metros de comprimento, iremos
precisar de 5 sementes por metro linear,
ou seja distribudos em linha ao longo do
canteiro, o que nos d um total de 1050
sementes.
Outro exemplo, a banana ma possui
um espaamento recomendado de
3,0 x 2,0m, ou seja, 3,0m entre linhas
de plantio e 2,0m entre mudas. Se
tivermos uma mesma rea de 100m2
e considerando que cada maaroca
ou toicera de bananeira ocupar cercade 6m2, teremos portanto, 16 mudas
plantadas nesta rea.
B. Coquetel de sementes
Um dos princpios mais difundidos por
Ernst Gotsch para as Agroflorestas, a
tentativa de se assemelhar ao ambiente
natural no seu processo de sucesso.
Para isso, as sementes so fundamentais.
Alm das mudas dispostas de acordo
com seus espaamentos, podemos
investir no plantio de rvores, plantando
diretamente as sementes no canteiro
agroflorestal. As sementes so misturadas
e plantadas juntas em alguns locais
especficos de nosso canteiro, misturaessa que se convencionou chamar
Coquetel de Sementes.
Ao longo do tempo, Ernst vem nos
ensinando que possvel ter, para nosso
ambiente de Cerrado, 8 espcies de rvores
a cada metro quadrado. Portanto, se temos
aquela mesma rea de 100m2 e vamos
plantar apenas com sementes, devemos
plantar cerca de 800 sementes nesta
rea. Se usarmos um espaamento para o
coquetel de sementes de 3,0x2,0m, teremos
17 locais onde ser plantado o coquetel e
em cada local teremos que plantar cerca de
47 sementes de espcies variadas.
Para espcies que possuem sementes
pequenas ou com baixa taxa de
germinao usamos muitas sementes
em cada local e para sementes maiores
e com boa germinao podemos utilizar
poucas sementes. aconselhvel que
as sementes grandes no entrem nocoquetel e sejam plantadas com a ponta
do faco na borda das linhas de rvores.
Cada espcie possui um espaamento
recomendado, mas devemos sempre
aumentar o uso deste recurso ao mximo
e nos valer de muitas sementes em
nosso plantio, utilizando assim a mesma
estratgia da natureza.
C. Distribuio das plantasnos canteiros
A orientao das plantas, bem como
dos canteiros no terreno, deve ser feita
de acordo com a movimentao do sol,
o melhor que as linhas de canteiros
estejam na direo leste-oeste. Masoutros fatores tambm so importantes,
tais como declividade do terreno, direo
dos ventos e outros fatores especficos de
cada realidade.
No existe uma receita de como
distribuir as plantas em uma Agrofloresta,
tudo varia de acordo com os objetivos
e com as espcies selecionadas. Como
j visto existem os espaamentos
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
32/43
Curso de Capacitao | Jardins AgroforestaisCurso de Capacitao | Jardins Agroforestais 63
recomendados para cada planta, mas,
como costuma dizer o Ernst: "o limite a
criatividade". Com isto, cada Agrofloresta
ser nica.
O importante lembrar que todas as
espcies de todas as fases do sistema
devem ser plantadas ao mesmo tempo
para que seja garantida a sucesso natural
e a sincronia do sistema.
Seguir experincias de sucesso e
as orientaes de pessoas com mais
experincia uma boa forma de se fazer
as primeiras Agroflorestas. A seguir, uma
representao grfica de um canteiro
Agroflorestal de apenas 9 metros de
comprimento, para que possamos ter
uma ideia de como as plantas podem ser
distribudas.
Abaixo, exemplos de sistemas de frutferas.
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
33/43
Curso de Capacitao | Jardins AgroforestaisCurso de Capacitao | Jardins Agroforestais 65
Faa aqui o seu desenho representando as espcies que voc plantou e como elas
estavam distribudas no canteiro: MANEJO
A regra geral para o manejo ou manuteno
de uma Agrofloresta Sucessional seguir as
indicaes da natureza, que demonstram
como criar mais variedade e produzir melhor
aquilo que necessitamos.
A capina seletiva, as podas nas rvores,
a cobertura do solo com matria orgnica,
o replantio e, claro, a colheita so as
principais atividades de manejo de uma
Agrofloresta.
Capina Seletiva
Ao invs de limpar toda a rea do plantio
com a enxada ou com veneno, como
de costume na agricultura convencional,
na Agrofloresta fazemos uma capina
de forma seletiva. Primeiro iremos
identificar aquelas plantas que surgiram
de forma espontnea no plantio, capins,
arbustos, ervas rasteiras e etc. Uma vez
identificadas, essas plantas devem ser
arrancadas pela raiz de forma manual.
As plantas jovens que desejamos
ou da regenerao natural devem ser
marcadas com estacas para que no
sejam pisoteadas. Todo o material
capinado deve ser incorporado ao solo
para ser reciclado como matria orgnica.
Essa prtica muito importante, pois
sincroniza o plantio e cobre o solo commatria orgnica.
Otimizando a sucesso naturalpor meio das podas
Uma das formas de sabermos quando
intervir na Agrofloresta observar o
amadurecimento das plantas. Quando
percebermos que uma planta j madura
comea a envelhecer podemos acelerar a
sucesso e retir-la do sistema.
Em muitas rvores tambm podemos
perceber quando algum inseto ataca as
folhas ou quando as pontas comeam a
secar, quando galhos ou plantas inteiras
esto doentes ou mortas. Nestes casos
podemos cortar as partes afetadas ou as
plantas inteiras.
As podas tm uma funo muito
importante para sincronizar o sistema
e otimizar a sucesso natural. Tal
manejo acelera o fluxo de circulao dematria orgnica, alm disso, permite
que as plantas mais jovens tenham
mais condies para se desenvolverem
no consrcio. Sincronizar o sistema
significa fazer com que todas as plantas
da Agrofloresta cresam juntas e se
desenvolvam ao mesmo tempo
importante lembrar que a poda uma
atividade que sempre deve ser realizada
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
34/43
Curso de Capacitao| Jardins Agro orestaisCurso de Capacitao| Jardins Agro orestais 67
CICLODAMATRIA ORGNICAcom ferramentas apropriadas e bem
amoladas, como a tesoura de poda, o
faco, o serrote e etc. Tambm devemos
ter cuidado para no ferir muito a planta,
o que pode aumentar os risco de doenas.
A direo do corte tambm deve ser
observada. A poda sempre feita de
As podas ajudam a sincronizar o sistema e fazer com que as plantas cresam juntas.
Cobertura do solo
Um importante processo que
acontece nos ecossistemas naturais
a presena de folhas e galhos que
ficam depositados no solo. Todo esse
material que faz parte de qualquer
ecossistema natural chamado de
matria orgnica ou biomassa. Nas
Agroflorestas , portanto, essencial
que esse material tambm seja
mantido e sempre incorporado
no solo. Ao ser realizada a capina
seletiva e a poda, fundamental
garantir a cobertura do solo com a
matria orgnica produzida a partir
deste trabalho.
forma inclinada para que a gua no
acumule na parte podada e a rea
de regenerao seja maior. Outra
estratgia e realizar as podas durante
a lua minguante, pois o acmulo
de seiva nos galhos e folhas ser
menor, nesse momento ela estar
concentrada nas razes.
A seguir, podemos observar o que acontece com a matria
orgnica e os nutrientes no solo de uma floresta e que,
portanto, desejamos que acontea em nossa Agrofloresta.
1. Na floresta h sempre a queda de
folhas e galhos que ficam no solo;
2. Insetos, formigas e minhocasprocessam essa biomassa e a
misturam com a parte mineral
do solo, criando, assim, melhores
condies para a atividade de fungos
e bactrias;
3. Aos poucos se inicia um processo de
decomposio da matria orgnica
e atravs dos fungos e bactrias
se cria condies favorveis para a
microfauna e microflora no solo;
4. Com a atividade de animais no solo
h uma melhor permeabilidade da
terra, o que facilita a penetrao de
razes e a infiltrao de ar e de gua.
5. Com a decomposio da biomassa,
os nutrientes se tornam novamentedisponveis para as plantas;
6. A terra vegetal funciona como um
filtro de nutrientes, que no permite
que a gua da chuva os leve morroabaixo e para os rios.
Manejo de borda
A vegetao que se encontra prxima,
ou seja, na borda de um plantio
agroflorestal influi consideravelmente
sobre o mesmo. A influncia de uma
vegetao j formada ou rvores antigas
na borda de uma novo plantio, pode
inibir o crescimento deste. Estas bordas
devem ser, portanto, podadas e a matria
orgnica produzida utilizada no novo
sistema agroflorestal impantado.
-
7/21/2019 Cartilha Jardins Agroflorestais
35/43
SistemaAgroflorestal?
Curso de Capacitao| Jardins Agro orestais 69
Quaisosbenefciosdo
Agroflorestas so capazes de minimizar os desafiossocioambientais do mundo atual,