Download - Cariri Ocidental - PB
Território do Cariri Oriental
RESUMO EXECUTIVO
PLANO TERRITORIAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL – PTDRS
TERRITÓRIO DO CARIRI ORIENTAL - PB
2010
1
RESUMO EXECUTIVO
2010 – 2020
PLANO TERRITORIAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL – PTDRS
TERRITÓRIO DO CARIRI ORIENTAL - PB
______________________
Paraíba - 2010
2
3
PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
Luís Inácio Lula da Silva
MINISTRO DE ESTADO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO
Guilherme Cassel
SECRETÁRIO DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL
Humberto Oliveira
DELEGADO FEDERAL DO MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO
AGRÁRIO NA PARAÍBA
Ranyfábio Cavalcante Macêdo
COOPERATIVA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO EM DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL - VÍNCULUS
Severino Ramos do Nascimento
INSTITUTO DE ASSESSORIA A CIDADANIA E AO DESENVOLVIMENTO
LOCAL SUSTENTÁVEL – IDS
Valter de Carvalho
EQUIPE TÉCNICA
COORDENAÇÃO GERAL
Carleuza Andrade da Silva
Carlos Humberto Osório Castro
Nalfra Maria Sátiro Queiroz Batista
Antônio Junio da Silva
CONSULTORIA TÉCNICA ESTADUAL
Oneide Nery da Câmara
REVISÃO TÉCNICA ESTADUAL
Carlos Gonçalo de Oliveira
Simone Ana Olimpio
ASSESSOR TERRITORIAL
José Batista Filho
CONSULTOR
Maria Auxiliadora Barros
COLABORAÇÃO
Maria José
Mirian
Eduardo
Vivian Meireles
Acácia Barros Fernandes Dutra
GEOPROCESSAMENTO
Vívian Julyanna de Meireles Monteiro
4
5
APRESENTAÇÃO 7
I. Caracterização Geral 10
1.1 Aspectos Físicos, Geográficos e Ambientais 10
1.2 Aspectos Demográficos e Indicadores Socioeconômicos 18
II. Enfoque Dimensional 22
2.1 Dimensão Sociocultural Educacional 23
2.2 Dimensão Ambiental 30
2.3 Dimensão Socioeconômica 36
2.4 Dimensão Político – Institucional 47
III. Visão de Futuro 58
IV. Eixos, Programas e Projetos 60
V. Gestão 66
VI. Referências Bibliográficas 68
Sumário
6
7
ste documento foi formulado de modo a estabelecer estratégias prioritárias de atuação, e subsidiar o processo de discussão,
articulação de políticas e programas para a realização de acordos territoriais que resultem na construção de um instrumento que
favoreça a Gestão Social do Território e de um Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável, onde a participação efetiva
dos/as atores e atrizes locais tem fundamental importância na reflexão e construção dessa proposta assim como na definição e
implementação das políticas territoriais, enquanto sujeitos e protagonistas de seu desenvolvimento.
Para sua sistematização foram utilizadas informações secundárias, relatórios das Oficinas Territoriais, dados do Estudo Propositivo, dados
primários e secundários, do Auto-diagnóstico e outros documentos que estão sendo elaborados no Território pelos/as atores e atrizes sociais que
participam do Fórum de Desenvolvimento Sustentável do Território do Cariri Oriental, como parte da estratégia da Secretaria de
Desenvolvimento Territorial – SDT, do Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA, que adota o conceito de território como “um espaço
físico, geograficamente definido, geralmente contínuo, compreendendo a cidade e o campo, caracterizado por critérios multidimensionais, tais
como o ambiente, a economia, a sociedade, a cultura, a política e as instituições, e uma população com grupos sociais relativamente distintos, que
se relacionam interna e externamente por meio de processos específicos, onde se pode distinguir um ou mais elementos que indicam identidade e
coesão social, cultural e territorial.
Este documento considerado RESUMO EXECUTIVO tem como finalidade sintetizar o PTDRS, destacando as principais ações estratégicas que
nortearão o desenvolvimento sustentável nos territórios do Estado da Paraíba
E
Apresentação
8
9
10
1.1 ASPECTOS FÍSICOS, GEOGRÁFICOS E AMBIENTAIS
Território do Cariri Oridental encontra-se na porção
centro-sul do Estado, entre as coordenadas de 7º e 8º
30` latitude sul e 36° e 37° 30’ de longitude oeste,
com altitude para níveis de 400 a 600 metros, em direção ao
entalhamento do rio Paraíba, que forma uma rasa depressão
intermontana, situada em cotas altimétricas de 300 metros, em vale
encaixado e estreito. No sentido leste/oeste esse planalto se estende,
desde a retaguarda da frente oriental escarpada até o limite das suas
encostas ocidentais, com o Pediplano Sertanejo. Interrompe-se ao
norte, no vale tectônico do Curimataú, e ao sul, prolonga-se até a
fronteira com Pernambuco, onde encontra os alinhamentos de cristas
que se elevam a mais de 800m, como as serras das Umburanas, Serra
de Acaí, Serra do Jabitacá. Pela sua localização, no espaço central do
Estado situado mais ao sul, na divisa com Pernambuco, uma área
significativa do território sofre muita influência de cidades
pernambucanas, sobretudo daquelas que estão na zona de influência
de Santa Cruz, situadas na porção ao norte do Território sofre
influência econômica do município de Campina Grande.
O Quadro 01: Municípios e Área (em km2) – Território Cariri
Oriental
Municípios Área
( Km² )
Alcantil 3.241
Barra de Santana 369,3
Barra de São Miguel 595,2
Boa Vista 476,5
Boqueirão 424,6
Cabaceiras 400,2
Caraúbas 445,6
Caturité 118,1
Gurjão 343,2
Riacho de Santo Antônio 91,3
Santo André 225,2
São Domingo do Cariri 222,1
São João do Cariri 701,9
Soledade 560,0
Total do Território 8.214
Fonte: IBGE, 2007
I. Caracterização Geral
11
Hidrografia
A principal bacia hidrográfica do Território do Cariri Oriental é a do
Rio Paraíba, e a sub-bacia do Rio Taperoá. O açude do Boqueirão
represa as águas do Rio Paraíba abastecendo vários municípios do
Território do Cariri.
Após os longos períodos de estiagens que comprometeram os
volumes de água acumulada nos açudes do Território, os invernos
abundantes de 2008 e 2009 regularizaram os níveis da maioria dos
reservatórios localizados nesse espaço, caso do açude Boqueirão que
atingiu 87,7% de sua capacidade. Em consequência disso, devolveu
à população renovada esperanças com reflexos altamente positivos
para o desenvolvimento social e econômico do Território.
Segundo dados da Agência Executiva de Gestão das Águas do
Estado da Paraíba – AESA, o volume de acumulação dos
reservatórios localizados no Território do Cariri Oriental encontra-se
dispostos no Quadro 02.
Quadro 02: Resevatórios, Capacidade e Volume (m3)
Município Açude
Capacidade
máxima
(m3)
Volume atual
(m3)
Volu
me
total
%
Barra de São
Miguel Bichinho 4.574.375 1.624.956 35,5
Boqueirão Epitácio
Pessoa 411.686.287 361.231.338 87,7
Caraúbas Campos 6.594.392 4.213.131 63,9
Caraúbas Curimatã 4.277.080 332.327 7,8
Gurjão Gurjão 3.683.875 1.623.160 44,1
Riacho de Santo
Antônio
Riacho de
Santo
Antônio
6.834.000 1.084.519 15,9
São Domingos
do Cariri
São
Domingos 7.340.440 6.466.698 88,1
Soledade Soledade 27.058.000 19.620.560 72,5
Fonte: AESA, 2009 (aesa.pb.gov.br)
12
13
Características Climáticas e Vegetação
Clima
O Território do Cariri Oriental, inserido na Mesorregião da
Borborema, apresenta, segundo a classificação de Koopen, tipo
climático Bsh - semiárido quente, correspondendo à área mais seca
do Estado com precipitações médias anuais muito baixas (média de
500 mm) e uma estação seca que pode atingir onze meses. O
município de Cabaceiras apresenta índices pluviométricos inferiores
a 300 mm. As médias de temperatura são superiores a 24º C e a
umidade relativa do ar inferior a 75%.
Apresenta os mais baixos índices pluviométricos do Estado. A esta
limitação climática, associam-se fortes limitações edáficas (solos
salinos, rasos e pedregosos) que influenciam substancialmente a
atividade agrícola com repercussões na ocupação do espaço regional.
Vegetação
A vegetação típica da região é a Caatinga, classificada pela
SUDENE em dois tipos: hiper e hipoxerófila. A ocorrência de um ou
outro tipo depende das condições climáticas e edáficas.
Primitivamente, ocorria em grande parte, uma formação arbustiva-
arbórea, destacando-se a caatingueira, o pereiro, a jurema.
Os desmatamentos indiscriminados verificados no Território
contribuem para o desaparecimento das diversas espécies vegetais
encontradas no Bioma Caatinga, repercutindo negativamente sobre a
fauna local.
Foto 1: Açúde Epitácio Pessoa – Boqueirão.
14
A caatinga arbustiva-herbácea é a formação vegetal mais comum no
Território Cariri Oriental, encontrando-se espécies arbóreas com
porte reduzido. Dentre as espécies encontradas destacam-se a
jurema, o facheiro e a macambira. A camada herbácea é muito
reduzida, com plantas baixas representadas por gramíneas,
malváceas, amarantáceas, entre outras. As espécies são na maioria,
caducifólias, espinhosas e de folhas pequenas.
O planalto dos Cariris apresenta-se semi-colinoso, caracterizado
pelos afloramentos graníticos que são extensos apresentando-se em
amplas superfícies tipo lajedos, ocorrendo também inúmeros
matacões de dimensões e formatos variados.
Um desses afloramentos constitui o sítio do Pai Mateus, em
Cabaceiras, com aproximadamente 5km² de extensão. Há
predominância do processo mecânico, com quebramento das rochas
que se descascam em placas, fragmentando-se ao longo do tempo.
Merece destaque outra forma de afloramento, alinhado e
descontínuo, conhecido como a “Muralha do meio do Mundo”,
cortando o município de São João do Cariri. Corresponde a
instruções de rochas de características graníticas que se salientam em
relevo ondulado.
A região apresenta características de relevo acentuado
principalmente nas proximidades do Rio Paraíba e seu afluente
denominado de Taperoá, onde existe um sistema de falhas e fraturas
que atingem as rochas locais.
Solos
Os solos em geral, são rasos e pedregosos, predominando os Bruno
Não Cálcicos e os Litólicos. Os Neossolos Litólicos são em geral
rasos, com espessura inferior a 50 cm, possuindo em geral, uma
estreita camada de material terroso sobre a rocha, ocorrendo mais
Foto 2: Vegetação
15
freqüentemente, em áreas de relevo acidentado. São classificados
como solos com grande potencial para aproveitamento hidroagrícola,
embora necessitem de um manejo eficiente devido sua tendência à
salinização e à sodificação.
Os solos do tipo argiloso encontram-se muito sulcados por processos
erosivos como o escoamento pluvial. Estes solos ficam encharcados
no período das chuvas, mas, tão logo chegue a estiagem endurecem,
não favorecendo à utilização agrícola.
O solo descoberto é resultado da prolongada estiagem que afeta o
Território, bem como do sobrepastoreio que contribui para deixá-lo
mais exposto ao processo de carreamento do material pelas águas
das chuvas, favorecendo à evolução das ravinas e intensificando o
processo de desertificação.
Embora o clima semiárido predomine no Território, a aridez é
algumas vezes, acentuada por situações topográficas localizadas.
Estes solos apresentam os maiores níveis de degradação. Quando
ficam descobertos por causa da diminuição e do rebaixamento da
cobertura vegetal, apresentam fortes sinais de erosão.
Recursos Minerais
O Território do Cariri Oriental apresenta uma diversidade de
minérios que favorecem a instalação de vários empreendimentos
neste espaço. Se explorados de forma sustentável podem garantir a
geração de emprego e renda para milhares de pessoas. No entanto a
extração desses recursos, atualmente vem se dando de forma
desordenada, provocando sérios problemas de ordem social e
ambiental, o que ao longo dos anos vem comprometendo a qualidade
de vida da população. Dessa forma, a exploração dos recursos
minerais existentes na região, vem ocorrendo por meio da instalação
de empresas estrangeiras, que absorvem parte da mão-de-obra local
pagando baixos salários. A maioria desses empreendimentos,
instaladas no Território visam apenas à reprodução do capital,
considerando os recursos existentes nesse espaço como bens
infinitos, não havendo assim a mínima preocupação com o meio
ambiente nem muito menos com o bem estar social.
16
17
18
1.2 ASPECTOS DEMOGRÁFICOS E INDICADORES
SOCIOECONÔMICOS
População
O Território do Cariri Oriental - PB apresentava em 2007, uma
população total de 80.851 habitantes distribuídos em uma área de
8.214 Km², sendo que 40.527 habitantes residiam nas áreas urbanas
e 40.324 nas áreas rurais. Sua densidade demográfica estava em
torno de 9,84 habitantes por quilômetro quadrado e a taxa de
urbanização verificado no mesmo período era de 50,1%, como pode
ser constatado no Quadro 03 e 04.
Dos 14 municípios que compõem o Território, oito apresentavam
contingentes populacional rural maior que os registrados para a zona
urbana, com destaque para o município de Barra de Santana que no
ano de 2007, apresentava um contingente populacional rural dez
vezes maior do que o número de habitantes residente na área urbana.
Quadro 03: População, Área, Densidade e Índice de Urbanização
Municípios População
2007
Área
(km2)
Densidade
(hab./km2
)
Índice de
Urbanizaçã
o (%)
Alcantil 5.068 3.241 1,6 0,1
Barra de Santana 8.619 369,3 23,3 8,6
Barra de São
Miguel 5.435 595,2 9,1 41,8
Caraúbas 3.824 476,5 8,0 36,0
Caturité 4.467 424,6 10,5 22,1
Gurjão 2.985 400,2 7,5 63,8
Riacho de Santo
Antônio 1.524 445,6 3,4 66,5
Santo André 2.641 118,1 22,4 28,4
São Domingos do
Cariri 2.265 343,2 6,6 48,5
São João do Cariri 4.438 91,3 48,6 49,3
Cabaceiras 4.907 225,2 21,8 42,8
Boqueirão 15.877 222,1 71,5 71,5
Boa Vista 5.673 701,9 8,1 56,8
Soledade 13.128 560,0 23,4 72,5
Total 80.851 8.214,2 9,84 50,1
Fonte: Contagem Populacional - IBGE, 2007
19
Numa análise em que se consideram os dois principais segmentos
populacionais, constata-se nos dados da Contagem Populacional
realizada pelo IBGE em 2007, que 29.849 pessoas constituíam o
segmento a população dependente, ou seja, a parcela de 0 a 14 anos
acrescida dos idosos com idade acima dos 65 anos. A população em
idade ativa do Território do Cariri Oriental – PB era constituída por
50.508 pessoas cujas idades variam entre 15 e 64 anos de idade.
Indicadores Socioeconômicos
Índice de Desenvolvimento Humano
Segundo a classificação do PNUD em 2000, todos os municípios que
compõem o Território do Cariri Oriental - PB encontravam um
estágio de “médio desenvolvimento humano” (aqueles cujo IDH-M
situa-se entre 0,500 e 0,800).
Vale ressaltar que apenas 2 municípios do Território do Cariri
Oriental - PB apresentavam IDH-M muito próximos do limite
inferior do intervalo de médio desenvolvimento (0,500), são eles
Barra de Santana (0,575) e Caraúbas (0,589). No entanto, no âmbito
estadual, 11 dos 14 municípios (79%) situavam-se dentre os 100
(cem) municípios paraibanos com maiores IDH-M, com destaque
para os municípios de Boa Vista e Cabaceiras que ocupavam a 7ª e a
9ª posições no ranking estadual. Chama atenção o fato de Monteiro,
que embora ocupando um papel de sede regional, figura apenas na
85ª posição no ranking estadual.
Quadbro 04 : Características Demográficas
População ( Hab.)
Total 80.851
Urbana 40.527
Rural 40.324
População por Segmento
Etário (Hab.)
População
Economicamente
Dependente
29.824
População em
Idade Ativa 50.508
Razão de Dependência
(%) Território 36,97
Área (Km2) Território 8.214
Densidade Demográfica
(Hab./Km2)
Território 9,8
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2007 e Anuário
Estatístico do Estado da Paraíba, 2008
20
Outro indicador considerado na análise é o índice de Gini, que mede
o nível de concentração de renda, cujo valor varia entre 0 e 1, quanto
mais próximo de 1, maior o nível de concentração.
Em 2000, dentre os municípios que compõem o Território do Cariri
Oriental do Estado da Paraíba, o município que apresentava o
melhor nível deste indicador de renda era Boqueirão, cujo índice
situava-se num patamar de 0,48. Já município que apresentava a pior
situação, ou seja, o maior nível de concentração de renda era São
João do Cariri, com um índice de 0,58.
Quadro 05: Índice de Desenvolvimento Humano
Índice de
Desenvolvimento
Humano
Municipal
(IDH-M)
Índice de esperança
de vida
(IDHM-L)
Índice de
educação
(IDHM-E)
Índice de PIB
(IDHM-R)
Máximo 0,68 Boa Vista 0,75 São Domingos
do Cariri 0,82 Cabaceiras 0,56
Boa
Vista
Mínimo 0,57 Barra de
Santana 0,59
Boqueirão,B.S.
Miguel,Riacho
de S. Antonio
0,64 Barra de
Santana 0,46
Barra de
Santana
Fonte: PNUD, 2000
Gráfico 01: População Rural e Urbana - 2007
Fonte: Contagem Populacional, 2007
21
Produto Interno Bruto
No que diz respeito ao Produto Interno Bruto – PIB do Território do
Cariri Oriental do Estado da Paraíba no ano de 2007 este indicador
econômico alcançou o nível de 269.618 Milhões de Reais que em
termos percentuais correspondeu a 1,6% do PIB Estadual.
Quadro 06: Produto Interno Bruto Per Capita
Municípios
2006 2007
PIB Per Capita
(R$)
PIB Per Capita
(R$)
Alcantil 3.090 3.498
Barra de Santana 2.836 2.887
Barra de São Miguel 3.185 3.201
Boa Vista 10.804 10.985
Boqueirão 4.327 4.606
Cabaceiras 3.638 3.628
Caraúbas 3.417 3.604
Caturité 5.434 6.256
Gurjão 4.196 3.987
Riacho de Santo Antônio 5.561 5.425
Santo André 3.212 2.641
São Domingo do Cariri 3.525 3.530
São João do Cariri 3.459 3.833
Soledade 3.186 3.570
Total 59.870 61.651
Fonte: IBGE, 2007
Em termos de PIB Per Capita, indicador que mede a produção
gerada durante o ano e dividida pela população total do município,
comparando-se os valores entre os anos de 2006 e 2007 constata-se
que ocorreram reduções em 4 dos 14 municípios que compõem o
Território. Por outro lado o município que registrou o maior aumento
no PIB, neste mesmo período foi Caturité que elevou sua renda per
capita em 15%.
Gráfico 02: Produto Interno Bruto Total - 2007
Fonte: IBGE, 2007
22
situação enfrentada pela população do Território do Cariri Oriental do Estado da Paraíba, nas dimensões Sociocultural Educacional,
Ambiental, Socioeconômica e Político-Institucional se apresenta, via de regra, bastante similar do que se verifica para a grande
maioria da população brasileira, que convive com limitações, notadamente no que diz respeito à oferta de serviços básicos.
Por outro lado, na década atual, as políticas públicas passaram a ser desenvolvidas com o objetivo de amenizar os mais graves problemas
enfrentados pelas populações, principalmente os segmentos mais carentes da sociedade brasileira. No entanto, observa-se a necessidade de
políticas específicas orientadas para a Educação, Saúde Pública, geração de Emprego e Renda, além de Segurança Pública, em todo o município
especialmente na zona rural e nas áreas periféricas.
Outro aspecto a se destacar é a necessidade de valorização do potencial ecológico, preservação das fontes de água e saneamento ambiental. No
que se refere a atual estrutura de comercialização que se apresenta de forma desfavorável para os pequenos produtores, estes não dispõem de
recursos e apoio técnico. É necessário que sejam postas em prática políticas de crédito e de preço mínimo que possam viabilizar à produção
agrícola, principalmente aquela desenvolvida com base familiar.
A
II. Enfoque Dimensional
23
2.1 DIMENSÃO SOCIOCULTURAL EDUCACIONAL
Situação da Educação
No Território do Cariri Oriental existem diversos programas e ações
voltadas para que os municípios desenvolvam políticas educacionais
capazes de garantir educação básica de qualidade para todos.
Ensino Fundamental
No Território do Cariri Oriental no que se refere à educação básica
tem-se que, além das séries regulares, há também turmas especiais,
voltadas para a educação de jovens e adultos desenvolvida através
do EJA, atendendo às políticas de inclusão na educação. No ano de
2009, segundo os dados do IDEME, foram registradas, no Ensino
Fundamental, 15.983 matriculas no ensino regular sendo oferecidas
vagas em todos os municípios que compõem o Território. Por outro
lado, no EJA, foram realizadas 1916 matriculas, dentre 11 dos 14
municípios que compõem o Território.
São muito conhecidos os indicadores que permitem avaliar a
qualidade do ensino: indicadores de aprovação, defasagem idade-
série, número de alunos por turma, salas multisseriadas, formação do
corpo docente etc. Um bom diagnóstico, feito pelos próprios
profissionais de ensino, permite avaliar com facilidade as causas da
má qualidade da educação. A melhoria da qualidade do ensino passa
necessariamente por uma adequação das instalações para cada nível
escolar. Outro elemento importante que se apresenta é promover um
melhor acesso às unidades escolares, além da capacitação e
motivação dos professores, bem como a limitação do número de
alunos por turma e o desenvolvimento de uma política de eliminação
da multisseriação, onde alunos de séries diferentes ocupam um
mesmo espaço.
ENSINO FUNDAMENTAL REGULAR
Total de 15.983 alunos matriculados
Total de 30.815 alunos matriculados na zona urbana
Fonte: IDEME, 2009
Figura 1: Número de Alunos Matriculados no Ensino Fundamental
24
Programa Brasil Alfabetizado
O MEC realiza, desde 2003, o Programa Brasil Alfabetizado,
voltado para a alfabetização de jovens, adultos e idosos. Esse
Programa é desenvolvido em todo o território nacional, com o
atendimento prioritário a 1.928 municípios que apresentam taxa de
analfabetismo igual ou superior a 25%. Desse total, 90% localizam-
se na região Nordeste. Esses municípios recebem apoio técnico na
implementação das ações desse Programa, visando garantir a
continuidade dos estudos aos alfabetizados.
Alfabetização de adultos
A população fora da idade escolar, ou seja a população acima de 15
anos, registra uma taxa de analfabetismo elevada, da ordem de
29,6%, que limita inclusive as atividades econômicas a que
poderiam se dedicar.
Ensino Médio
O Ensino Médio regular no Território do Cariri Oriental é ofertado
em todos os municípios do Território, com um total de 3.330
matrícula, segundo dados do Anuário Estatístico do Estado da
Paraíba, IDEME – 2008.
No que se refere à modalidade de Educação para Jovens e Adultos,
voltada à Escolaridade de nível Médio, é oferecida apenas em 8 dos
14 municípios do Território do Cariri Oriental, registrando um total
de 599 matriculas, no ano de 2009.
Foto 3: Educação
25
A melhoria da qualidade do ensino ainda é um desafio na educação
como um todo e particularmente na zona rural, onde se enfrenta
dificuldades na interação entre educadores e comunidades, e onde é
mais urgente a construção de um projeto político-pedagógico que
valorize o saber do campo, que possibilite que os conteúdos
programáticos sejam uma atenda exigência das realidades locais
sem, contudo, deixar de abordar e integrar o aluno ao contexto
global.
Ensino Técnico Profissionalizantes e Ensino Superior
No momento atual os municípios do Território dispõem de algumas
iniciativas que garantem a inclusão da população nos diversos
espaços educativos voltados para as diferentes faixas etárias
notadamente, as modalidades de ensino técnico profissionalizante e
de nível Superior. Considerando a proximidade dos municípios do
Território com a cidade de Campina Grande, importante pólo de
educação do Estado da Paraíba, as prefeituras de vários municípios
que compõem o Território garantem transportes e condições,
viabilizando o acesso de estudantes que pretendem realizar estudos
em níveis técnico profissionalizantes e/ou de nível superior. Além
disso os alguns municípios do Território oferecem cursinhos
preparatórios para vestibular, Centros de Pesquisa de Extensão
Universitária da Universidade Federal da Paraíba – UFPB, além da
modalidade de ensino através de Universidade à distância (aberta),
que ocorre em convênio com a UFPB.
ENSINO MÉDIO REGULAR
Total de 3.330 alunos matriculados na zona urbana
Figura 2: Número de Alunos Matriculados – Ensino Médio Regular
Fonte: IDEME, 2008
26
Situação da Saúde
De acordo com o dados do Instituto de Desenvolvimento Municipal
e Estadual - IDEME, o Território do Cariri Oriental do Estado da
Paraíba contava no ano de 2009 com 71 estabelecimentos de saúde,
dos quais 66 eram públicos e 5 particulares, destacando-se os
municípios de Boqueirão, com 12 unidades de saúde e município de
Soledade, com 11 estabelecimentos.
O Território contava com 72 leitos hospitalares, sendo todos do
Sistema Único de Saúde-SUS. De acordo com o padrão estabelecido
pela Organização Mundial de Saúde - OMS (relação: 2 leitos para
cada 1.000 habitantes), o Território do Cariri Oriental deveria contar
com 162 leitos hospitalares. Vale ressaltar que o Território dispõe de
72 leitos apresentando um déficit de 90 leitos.
Essa realidade assim se configura pelo fato de que 10 dos 14
municípios que compõem o Território do Cariri Oriental não
possuem registro de leitos tanto da rede pública como na rede
privada, o que resulta, por conseguinte, numa situação de
vulnerabilidade no que diz respeito ao item saúde, notadamente no
que se refere aos serviços hospitalares.
Nas avaliações do auto-diagnóstico do Território, importante
destacar que os atores e atrizes sociais envolvidos no processo
chamam atenção para o fato de que, ainda existem municípios que
dispõem de apenas uma única equipe do Programa Estratégia Saúde
da Família- ESF localizada na sede municipal, deixando a zona rural
completamente desprovida de serviços de saúde.
Foto 4: Saúde
27
Profissionais de Saúde
Em termos de profissionais que atuam na área da saúde, dados do
Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil- CNES
demonstram que em 2007, o Território do Cariri Oriental contava
com 770 profissionais atuando em 14 municípios, sendo o maior
número desses profissionais registrados nos municípios de
Boqueirão (157), Barra Santana (92) e Gurjão (93).
Cultura
As manifestações culturais e as possibilidades de lazer no Território
do Cariri Oriental, apresentam-se de forma bastante diversificada. O
potencial artístico e cultural da região se pauta em manifestações
religiosas, nas festas ligadas ao ciclo produtivo (como festas juninas
e vaquejadas), na literatura, com destaque para a literatura de cordel,
no artesanato, nas danças folclóricas e populares, na culinária e em
outros aspectos da vida cotidiana da população local.
Outra manifestação cultural que apresenta destacado papel na região
é o cinema visto que, o município de Cabaceiras é nacionalmente
reconhecido com o título de “Roliúde Nordestina”, devido ao fato de
Quadro 07: Situação da Saúde – Território Cariri Oriental
Leitos 72
Profissionais de Saúde 770
Taxa de Mortalidade Infantil 43 para cada grupo de
1.000 nascidos vivos (*)
Fonte: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil – CNES e
Anuário Estatístico da Paraíba/IDEME (*)
Gráfico 03: Número de Estabelecimentos de Saúde
Fonte: Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil –
CNES
28
já ter sido cenário de várias produções do cinema nacional, sendo as
mais conhecidas “O Auto da Compadecida”, “Cinema, Aspirinas e
Urubus” e “Romance”.
A avaliação do auto-diagnóstico no que se refere ao item cultura
destaca, dentre outros itens, os seguintes elementos:
desenvolvimento de projetos voltados para apoio histórico-cultural e
memorialístico dos municípios através de museus e expressões
teatrais; o desenvolvimento de projetos pedagógicos culturais
envolvendo as áreas de educação e cultura; uma maior divulgação
dos atrativos culturais dos municípios do Território, com destaque
para as festas e eventos culturais, a exemplo das vaquejadas,
cavalgadas e mostras de cultura e arte; fortalecimento do pacto
cultural firmado entre os municípios e o Instituto Histórico,
Geográfico e Cultural do Cariri - IHGC.
As festas religiosas, em todas as localidades do território, são
elementos de identificação cultural e de agregação social. O
catolicismo foi, historicamente, a base cultural e o ambiente dessas
manifestações. Por essa razão, as festividades dos santos padroeiros,
além de seu aspecto religioso, inclui também o aspecto cultural com
realização de shows e outros eventos em áreas públicas.
As festas juninas tradicionais se caracterizam pelas danças, músicas,
comidas típicas, fogos de artifício, fogueiras, adivinhações e
permanecem valorizadas no cotidiano e imaginário da população do
Território, sendo reproduzidas anualmente com um crescente nível
de organização. Estes eventos atraem um público muito grande e
fazem parte dos roteiros turísticos da região.
Foto 5: Literatura de Cordel
29
30
2.2 DIMENSÃO AMBIENTAL
Características Geoambientais
No Território do Cariri Oriental a questão hídrica é importante pois
afeta a vida das populações e suas atividades nas comunidades..
Para tanto, deve-se realizar um estudo criterioso que possibilite
avaliar a hidrografia do Território, isso significa que os açudes
raramente estarão cheios, o que deverá ser levado em consideração
no planejamento do uso da água. De posse dessa avaliação, articular
e negociar entre os diferentes atores para definir os usos da água
(abastecimento humano, abastecimento animal, irrigação, lazer e
turismo).
O Território do Cariri Oriental, tem sido alvo de estudos e pesquisas
ambientais que tem avaliado através de indicadores, a incidência
acentuada do processo de desertificação. Esses indicadores revelam
as diversas causas e efeitos e suas consequências para o Território.
Segundo o "Mapa da Susceptibilidade à Desertificação", produzido
em 1992, pelo Núcleo Desert/IBAMA, o Cariri, em particular, o
Oriental faz parte das regiões onde a susceptibilidade à
desertificação é alta e a ocorrência de desertificação é qualificada
como “muito grave”.
As áreas do semiárido localizadas no Território do Cariri Oriental,
com uma população de 170 mil pessoas, segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE-2000, apresentam algum
nível de desertificação. Em cerca de 50%, apresenta índices de
desertificação.
Foto 6: Açude Boqueirão
31
Segundo o professor de Geociências da Universidade Federal da
Paraíba(UFPB), Bartolomeu Israel de Souza, a desertificação
continua avançando. A degradação ambiental, de acordo com o
estudioso, se revela mais preocupante nos vales dos rios Taperoá e
Paraíba.
As imagens de satélite mostraram que no período de 17 anos, houve
um aumento de 14,6% no processo de desertificação. Para se ter uma
idéia, em 1989, a área atingida era de 5.980,8 quilômetros
quadrados, o equivalente a 63,6%. Em 2006, saltou para 78,3%.
Desertificação é entendida aqui, como um processo de degradação
dos recursos naturais (água, solo, vegetação e biodiversidade) que
inclui várias alterações climáticas, ecológicas e geomoforlógicas que
diminui a produtividade biológica de uma área tornando-a
improdutiva provoca uma redução da qualidade de vida das
populações afetadas e pode dificultar ou impossibilitar sua
permanência.
O crescimento populacional na região, aliado a forte concentração
fundiária, levou à degradação dos recursos naturais, prejudicando o
potencial produtivo da região. A degradação é fruto da
superexploração dos recursos naturais para compensar a perda de
renda das lavouras. O desmatamento desordenado, a retirada
indiscriminada da lenha para fins comerciais e o uso inadequado das
terras não são as únicas causas da desertificação no território.
A criação caprina está contribuindo de forma significativa para a
destruição da vegetação. A questão está na forma como a
caprinocultura está sendo desenvolvida. Os produtores não têm o
hábito de produzir o alimento dos animais e, por isso, ficam na
dependência da caatinga nativa. A falta de informação técnica eficaz
e permanente faz com que pensem que a vegetação é infinitamente
renovável.
Com a implementação do Programa do Governo Federal e Estadual,
de fortalecimento à caprinocultura, elevou o número, em média, para
300 mil cabeças, portanto o maior rebanho do Estado o que é muito
bom para o desenvolvimento do Território. “O problema é que não
existe vegetação suficiente para tantos animais e isso só está
acelerando o processo de desertificação”, explicou o professor. Se
por um lado, a economia se fortaleceu com o incentivo à
caprinovinocultura, por outro, o problema ambiental se agravou.
32
Características Antrópicas
A ocupação do homem desenvolvendo atividades (antropização),
que afetam as áreas de caatinga, onde havia ainda uma cobertura
florestal, transforma a vegetação numa caatinga aberta, baixa, com
arbustos esparsos e poucas árvores, que predominam a vegetação
rasteira, essencialmente as gramíneas e os cactos, e tende a
apresentar um número de espécies reduzido.
As conseqüências em relação ao solo não são menos agravante, os
solos que apresentam maiores níveis de degradação são os Brunos
Não Cálcicos e os Litólicos, solos estes, predominantes no Cariri,
sem cobertura, por causa da diminuição e do rebaixamento da
cobertura vegetal, surgem fortes sinais de erosão.
Uma conseqüência visível da erosão é o assoreamento do açude
Boqueirão. Embora sua capacidade original seja de 536 milhões de
m3, hoje o volume máximo armazenável é de apenas 450 milhões de
m3, o que representa uma perda de praticamente 0,5% da sua
capacidade por ano.
Esse conjunto de problemas presentes no Cariri, mais que resultante
de uma natureza agressiva, é em grande parte fruto da falta de
conhecimento integrado sobre os limites e potencialidades da região
e principalmente da ausência quase total de propósitos
verdadeiramente comprometidos com os valores ambientais e
sócioeconômicos dominantes nas Políticas Públicas desenvolvidas
ao longo do processo de ocupação dessas terras.
Ações de proteção e recuperação ambiental
A situação ambiental do Território do Cariri Oriental, é preocupante,
requer uma atenção especial. Em alguns municípios, o quadro de
desertificação é tão grave que ameaça as atividades produtivas e,
conseqüentemente a própria permanência do homem no local. Essa
situação tem obviamente causas naturais e históricas. O mais
preocupante, entretanto, é a permanência de elementos que impedem
uma recuperação do ecossistema, como o desmatamento e o
superpastoreio.
A questão ambiental é importante em todo planejamento territorial e
deve ser integrada como um tema transversal dentro de todos os
33
programas de desenvolvimento econômico e social. Entretanto, no
caso do Cariri Oriental, por causa da gravidade da situação, a
proteção e recuperação do meio ambiente deve ser considerada como
uma ação prioritária de longo prazo, motivo pelo qual foi
desenvolvida dentro de um tópico especial.
Para o professor Bartolomeu, a solução está na conscientização da
população, que precisa ser educada para ajudar a combater o
problema. Explica ainda, que uma área danificada leva de 15 a 20
anos para se recuperar. Isso, se ela não for usada nesse período.
“Sabemos que isso é impossível, mas o que se pode fazer é começar
a modificar o manejo do solo e incentivar os produtores a plantarem
forragem para alimentar a criação”, disse.
Para isso, é preciso que o Território seja assistido de forma contínua
e adequada pela assistência técnica oficial e por organizações não
governamentais.
Foto 7: Desmatamento
34
35
36
2.3 DIMENSÃO SOCIOECONÔMICA
O núcleo da economia das zonas semiáridas é a agricultura familiar,
visto que, essa atividade está calcada nos saberes e técnicas
populares, contribuindo decisivamente para a reprodução de
expressiva parcela da população local. Como, no entanto, ao
proprietário da terra interessa dispor do máximo de mão-de-obra nas
atividades voltadas para o mercado (a pecuária e a agricultura
comercial), sua tendência é fragmentar as áreas aptas à produção de
alimentos através da prática do arrendamento, fato que contribui
para piorar as condições de vida dos segmentos populacionais
envolvidos.
Estrutura Fundiária
Segundo informações do Censo Agropecuário -IBGE, no ano de
2006 havia, no Território do Cariri Oriental, o total de 3.898
estabelecimentos rurais, ocupando uma área de 355.050 hectares.
Dados do perfil da estrutura fundiária do Território , demonstram
que os imóveis com até dez hectares correspondiam a 31,9% dos
estabelecimentos, ocupando uma área equivalente a 1,4% da área
total do Território.
No outro extremo, os imóveis com mais de duzentos hectares
representavam cerca de 10,1% dos estabelecimentos, concentrando
uma área da ordem de 68, 2% da área total do Território em análise,
o que remete ao Território a característica de possuir uma grande
concentração de terras.
Embora observada numa perspectiva um pouco diferenciada, a
realidade da concentração fundiária no Território do Cariri Oriental
permanece como uma constante estatística que se vincula a um eixo
de manutenção de um modelo socioeconômico vigente, realidade
que, via de regra, se instalou desde o processo de colonização, sendo
um dos fatores que dificultam a implantação de um outro modelo
sustentável e solidário de economia e desenvolvimento.
Na divulgação do Censo Agropecuário de 2006, o IBGE passou a
utilizar, para medir a concentração/distribuição fundiária, o
dispositivo da Lei da Agricultura Familiar nº 11.326, de 24 de julho
de 2006, que conceitua a agricultura familiar como sendo um
37
estabelecimento rural de até 04 módulos fiscais em sua área agrícola
e 06 módulos fiscais em área de pecuária, dirigido por um membro
da família, que utiliza mão-de-obra predominantemente familiar e
cuja renda é composta majoritariamente por meio das atividades
agrícolas.
Nesse sentido, em relação ao Território do Cariri Oriental, os dados
do Censo Agropecuário – IBGE juntamente com dados do
Ministério do Desenvolvimento Agrário e Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária – INCRA demonstravam que, no
ano de 2007, registrava-se no Território um total de 3.627
agricultores que desenvolviam o seu trabalho com base na produção
familiar, sendo as maiores ocorrências registradas nos municípios de
Barra Santana (462), São João do Cariri (356) e Soledade (343).
Assentamentos Rurais
No Território do Cariri Oriental foi criado, no ano 2000, o
Assentamento Serra do Monte, localizado no município de
Cabaceiras. Esse assentamento registra um total de 101 famílias e
encontra-se sob a responsabilidade do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária – INCRA. No município de
Soledade, numa ação do Instituto de Terras e Planejamento Agrícola
da Paraíba-Interpa, no ano de 2003 foi criado o assentamento
Antonio Avelino/Santa Tereza, beneficiando 44 famílias. No
município de Barra de São Miguel existem 186 famílias assentadas
em 03 assentamentos: Fazendas Almas, Assentamento Melancias e
Assentamento Pocinhos, todos esses apoiados pelo INCRA-PB.
Gráfico 04: Número de Estabelecimentos Agropecuários por Área (ha)
Fonte: INCRA, 2007
38
Dessa forma, esses três municípios que integram o Território do
Cariri Oriental apresentavam até setembro de 2010, um total de 331
famílias assentadas que desenvolvem produção agropecuária
tomando por base a agricultura e pecuária familiar, produzindo
gêneros alimentícios destinados à subsistência e abastecimento do
mercado consumidor local.
Assistência Técnica
As atividades de assistência técnica nos municípios que compõem o
Território do Cariri Oriental são prestadas às comunidades através da
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba-
EMATER inseridas no Programa Nacional de Assistência Técnica e
Extensão Rural. No caso dos assentamentos, esse apoio técnico
também é prestado através de empresas privadas, cooperativas de
prestação de serviços e organizações não-governamentais.
Vale destacar a participação de órgãos do Governo Estadual e
Federal que incentivam e fortalecem a infraestrutura produtiva e que
viabilizam aos assentamentos o apoio técnico e financeiro, a
exemplo do que ocorre com o Programa Nacional da Apoio à
Agricultura Familiar – PRONAF.
Além dessas ações, no Território do Cariri Oriental dois importantes
programas dão apoio aos produtores rurais da região. Tratam-se do
Programa Ater e do Programa Ates. O primeiro se configura como
sendo um espaço colaborativo do Ministério do Desenvolvimento
Agrário, caracterizando-se como um Programa de Assistência
Técnica e Extensão Rural diretamente vinculado ao Sistema
Nacional de Descentralização da Assistência Técnica e Extensão
Rural – SIBRATER.
O Programa Ates presta assessoramento técnico, social e ambiental,
apoiando pequenos produtores, notadamente aqueles que
desenvolvem as suas atividades em áreas de assentamento. Esse
programa é desenvolvido de forma a estar diretamente vinculado ao
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA.
39
Principais Atividades Produtivas
Os longos períodos de estiagem em anos seguidos se configuram
como uma das principais dificuldades para produção agrícola no
Território do Cariri Oriental. Apesar disso, a agricultura ainda se
apresenta como sendo uma as principais atividades que compõem o
cenário econômico do Território, com destaque para a produção de
alimentos desenvolvida, em grande parte, pelo sistema de agricultura
familiar.
No ano de 2007, de acordo com dados referentes à Produção
Agrícola Municipal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
– IBGE, o Território do Cariri Oriental apresentava um total de área
colhida de 21.544 hectares, sendo 10.977 hectares relativos à
lavouras temporárias e 10.567 à culturas permanentes.
Gráfico 05: Área Plantada (em hectares) e Quantidade Produzida da
Lavoura Temporária
Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal
Gráfico 06: Área Plantada e Quantidade Produzida da Lavoura
Permanente (ha)
Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal
40
Nas margens dos rios ou açudes da região são cultivados produtos
agrícolas a exemplo do milho, feijão, fava, melancia, goiaba,
jerimum, batata-doce, coco mandioca e palma. Já as lavouras
irrigadas através de sistemas artificiais são responsáveis por produzir
tomate, pimentão, banana, alho, cebola, cenoura, beterraba, coentro,
alface, cebolinha entre outras hortaliças e outros vegetais da
olericultura.
Por outro lado, é válido destacar que a produção agrícola
desenvolvida em área de sequeiro caracteriza-se atualmente pelo fato
de apresentar-se em situação de crise no que se refere a seus
sistemas produtivos tradicionais. A crise das áreas de sequeiro nos
municípios que compõem o Território do Cariri Oriental se constitui
como um fator que vem contribuindo para configurar um processo
crescente de êxodo rural. As atividades agrícolas dessa região estão
restritas às condições de produção de subsistência, não apresentando,
portanto, expressiva dimensão econômica.
As áreas consideradas de sequeiro estão localizadas principalmente
nos municípios de Cabaceiras, São Domingos do Cariri, Riacho de
Santo Antônio, Caraúbas, São João do Cariri e Gurjão. É importante
destacar que, apesar dos melhoramentos que a pesquisa agropecuária
incorporou nessas lavouras, em particular no algodão, não foi
possível estabelecer novos sistemas produtivos de sequeiro que
substituíssem o sistema tradicional.
O algodão colorido (BRS 200marrom) é uma variedade
desenvolvida pela EMBRAPA de Campina Grande-PB, a partir de
um trabalho de melhoramento genético de algodoeiros arbóreos
nativos e pode se constituir numa cultura alternativa a ser implantada
nas regiões de sequeiro do Cariri Oriental após estudos de adaptação
da variedade ao clima e solo da região, como também estudos de
viabilidade econômica.
Essa realidade pode se concretizar na região considerando que o
algodão colorido é uma variedade bem adaptada à seca e pelo fato de
possui valor de mercado 30 a 50% superior às fibras ao algodão
branco normal, o que resulta em diferenciais de renda para o
produtor dessa cultura.
Apesar da crise hora vivenciada pela agricultura de sequeiro no
Território do Cariri Oriental, isso não significa a sua total perda de
41
importância, mas aponta para o fato de que apenas que essa
modalidade de produção agrícola não apresente, por si só, a
capacidade econômica de reter produtores rurais e seus familiares na
região. O que se vislumbra em relação a essa atividade é o fato de
que para alcançar níveis de produção econômica significativa esse
sistema deve ser desenvolvido com base na complementaridade
agricultura-pecuária, atendendo assim a três objetivos: fortalecer o
autoconsumo, propiciar uma renda monetária aos produtores rurais e
aumentar a disponibilidade de forragem para os animais,
notadamente nos períodos de seca.
Fruticultura
A produção de frutas no Território do Cariri Oriental esta centrada
no cultivo da banana, goiaba, melancia, coco e castanha-de-caju.
Esta atividade caracteriza-se pela produção que abastece feiras e
mercados locais, sendo consumidas basicamente na modalidade in
natura.
Um fato que merece registro é o de que parte produção de banana e
goiaba já é desenvolvida dentro de padrões tecnológicos
considerados modernos, permitindo assim uma maior produtividade,
gerando excedentes que são exportados para agroindústrias do
vizinho Estado de Pernambuco, realidade que também se verifica em
relação a produção do tomate destinada a abastecer uma grande
empresa produtora de extrato de tomate e derivados localizada
naquele Estado e que apresenta uma amplitude de mercado que
abrange toda a região Nordeste.
A cultura do caju, desenvolvida especialmente em áreas de sequeiro,
tem contribuído para a economia da região através da produção de
castanha. Esta atividade
apresenta boa perspectiva de
expansão, com áreas que podem
ser ocupadas racionalmente, além
do beneficiamento e da
comercialização que podem ser
intensificados através de maior
participação dos produtores que
precisam de uma organização
que se paute em sistemas de Foto 8: Cultura da Banana
42
cooperativos e associativos de produção e comercialização.
Pecuária
Historicamente, o desenvolvimento da criação bovina norteou a
ocupação e povoamento do Território do Cariri Oriental.
Atualmente, esta atividade vem sendo desenvolvida através da
bovinocultura mista, ou seja, produção destinada ao corte e à
comercialização do leite, caracterizando-se também pela modalidade
intensiva, marcada pela predominância do rebanho bovino e pela
presença marcante de pastagens artificiais.
A comercialização dos animais ocorre em âmbito local. Os
produtores transportam estes animais para a venda em municípios
próximos localizados no próprio Território ou destinam para o abate
nos municípios de origem. Quanto ao leite, a venda é realizada na
modalidade in natura, sendo parte da produção destinada para o
beneficiamento que ocorre em usinas. Nesses locais o leite passa
pelo processo de pasteurização, beneficiamento e produção de
derivados.
No ano de 2008, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística - IBGE, o rebanho bovino do Território do Cariri
Oriental era constituído por 71.873 cabeças, sendo os municípios de
Boqueirão, Barra de Santa Rosa e Soledade os detentores dos
maiores plantéis, totalizando do rebanho bovino do Território.
Em relação à produção de leite, o município de Caturité configura-se
como a mais importante bacia leiteira da região, apresentando um
potencial agro-ecológico diferenciado se comparada a outros
Gráfico 07: Efetivo do Rebanho
Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal, 2008
43
municípios que compõem o Território do Cariri Oriental. Essa
grande produção do município de Caturité apresenta efeitos
positivos, relacionados à produção de forragem irrigada e forragens
desenvolvidas em regime de sequeiro, a exemplo do sorgo e da
palma forrageira, cultivado no município de Boqueirão.
Na região de Gurjão e Santo André existe uma bacia leiteira de
dimensões mais modestas do que a bacia de Caturité, mas que
apresenta potencial de crescimento. Embora não se registre a
presença de unidades agroindústrias nesses dois municípios, parte do
leite produzido na região é transformado em queijo produzido, de
forma artesanal, pelos próprios produtores. Esse laticínio tem como
mercado principal o município de Campina Grande.
É válido destacar que a região apresenta atualmente uma produção
anual média de leite de 850 litros de leite por vaca, bem superior à
média do Cariri que é de 700 litros por vaca anualmente.
A caprinovinocultura é considerada atualmente como uma atividade
econômica estratégica para o desenvolvimento sustentável dos
municípios que integram o Território do Cariri Oriental paraibano,
em particular para o desenvolvimento rural de base familiar,
figurando assim como uma das principais diretrizes de importantes
programas de fomento, a exemplo de programas dessa natureza
desenvolvidos pelo Banco do Nordeste do Brasil - BNB, Fundação
Banco do Brasil e o “Pacto Novo Cariri”, promovido pelo Serviço
Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa - SEBRAE em
articulação com as prefeituras locais, o Governo do Estado da
Paraíba e outras instituições.
De fato, a criação de ovinos e caprinos é uma atividade tradicional
no Cariri, pois esses animais são bastante resistentes e bem
adaptados às condições do ambiente, especialmente no que tange ao
suporte forrageiro e a boa disponibilidade de água do lençol freático
localizado sob o “escudo cristalino”, trazida à superfície através da
perfuração de poços profundos instalados na zona rural de alguns
municípios que compõem o Território.
O rebanho caprino do Território era constituído, no ano de 2008, por
133.568 cabeças, encontrando-se os maiores rebanhos nos
municípios de Gurjão, Cabaceiras, Soledade e Boa Vista, que juntos
44
possuíam um plantel de 54.638 animais, o que corresponde a 45% do
total do rebanho caprino existente no Território.
Quanto ao rebanho ovino, os municípios que concentravam os
maiores plantéis, no ano de 2008, eram Cabaceiras (6.890), Caraúbas
(5.470) e São João do Cariri (5.100).
Criação de peixes e pesca artesanal
Segundo o geólogo piauiense Manoel Bonfim Ribeiro, “a
piscicultura é o setor econômico de maior expansão no mundo das
proteínas animais e um dos ramos mais importantes para a economia
do semiárido brasileiro, região dotada de excelente infraestrutura
hídrica, com milhares de açudes pontilhados por todos os seus
quadrantes.” (2007:57)
O Território do Cariri Oriental com grande potencial para o
desenvolvimento da piscicultura, nos municípios que detém um bom
aporte hídrico, a exemplo de Boqueirão, Soledade, Caraúbas,
Gurjão, São Domingos do Cariri, Riacho de Santo Antonio e Barra
de São Miguel. Nesses locais já existe uma criação de peixes em
pequena escala, numa dimensão capaz de gerar excedente a ser
comercializado nos mercados e feiras livres de âmbito local.
Turismo
O Território do Cariri Oriental está se organizando de forma a
fortalecer a atividade turística na região, fato que se configura num
Foto 9: Caprino
45
potencial de investimento capaz de alavancar a geração de emprego
e renda nos com perfil turístico que compõem o referido território.
Assim, o turismo é considerado como um setor estratégico para o
desenvolvimento sustentável do Cariri Oriental Paraibano,
especialmente nas áreas de turismo rural, turismo religioso, turismo
histórico-cultural, turismo de eventos, turismo de agronegócio e
turismo arqueológico. Nesse sentido, o PROTUR, um programa do
SEBRAE que conta com o apoio de várias entidades, a exemplo do
IPHAEP, PRODETUR, SUDEMA e Banco do Nordeste do Brasil -
BNB, está desenvolvendo uma ação integrada em 8 municípios com
maior potencial turístico e que integram o Território do Cariri
Oriental com o intuito de elaborar inventários e roteiros turísticos
para a região.
O Território do Cariri Oriental apresenta um potencial turístico
interessante. As sedes dos municípios, com suas casas geminadas e
coloridas, são bonitas e geralmente bem cuidadas. Merecem
destaque, em cidades mais antigas, como Cabaceiras, alguns
monumentos históricos (igrejas, cadeias, prefeituras) que possuem
atrativos capazes de cativar o turista. No Cariri, encontram-se
também paisagens exóticas e surpreendentes com a presença de
lajedos, pedras e flora de grande beleza. Além disso, vários
municípios possuem sítios arqueológicos.
Dentre as atrações turísticas de caráter natural do Território destaca-
se o Lajedo de Pai Mateus, situado na zona rural do município de
Cabaceiras. O lajedo é formado por uma elevação rochosa de 1km
quadrado, sobre a qual estão dispostos cerca de 100 imensos blocos
arredondados de granito, formando uma da paisagem dotada de uma
Foto 10: Lajedo de Pai Mateus
46
beleza exótica e natural, raramente encontrada igual em todo o
planeta.
Artesanato
O artesanato desenvolvido nos municípios que integram o Território
do Cariri Oriental é uma atividade que permite uma forte integração
com o turismo e as vertentes culturais encontradas na região.
As peças artesanais produzidas no Território têm por base matérias –
primas abundantes na região, com destaque para as peças de couro
caprino e ovino, argila, pedra, madeira, fios, lã e tecido. O artesanato
é comercializado em todo o Estado da Paraíba, conseguindo espaços
de divulgação e comercialização nas regiões Sul e Sudeste do Brasil
e até mesmo no mercado internacional, a exemplo do que ocorre
com as peças de tecido elaboradas através da técnica do fuxico.
Foto 11: Artesanato em Couro
47
2.4 DIMENSÃO POLÍTICO INSTITUCIONAL
Houve, no final do século XX, uma forte redefinição do papel do
estado e da intervenção públicas em todas suas funções, dentro do
duplo marco da redução do poder do governo federal e da
descentralização. Isso reforçou o papel dos municípios na definição
de políticas de desenvolvimento e levou à implantação de
instrumentos de controle social sobre as ações do poder local,
através principalmente da criação de conselhos paritários e de
direito. Com isso a sociedade retoma de fato o processo
organizativo, diversas organizações e movimentos sociais emergem,
as pessoas percebem, de modo geral, que uma sociedade não tem
condições de sobreviver se não estiver socialmente organizada e
consciente de seus direitos. Sem organização, as pessoas não
conseguiria, exercer sua cidadania. Por outro lado as políticas
públicas são estabelecidas a partir das reivindicações dos direitos
constitucional.
A organização social, que compreende os papéis exercidos pelas
pessoas na sociedade e as açôes decorrentes do desempenho desses
papéis. No território não é diferente, pois a organizaçãosocial
engloba os diverso campos de atuação humana:
econômico(atividadesrodutivas, comercialização, serviços;
político(governo); religioso (líderes espirituais e fiéis). Na
organização social, são importantes as relações de poder que se
estabelecem entre as pessas que a compõem. Mas de que poder
estamos falando? da capacidade de agir, de produzir resultados que
foram predeterminados.Assim,por exemplo,temos poder de
promover o desenvolvimento torritorial do cariri, desde que
disponhamos das condições para isso: comprometimento,
articulação politico-institucional, elaborar e implementar projetos
entre outras ações. Entretanto existem duas limitações para que essa
política de descentralização dê os frutos esperados:
Os municípios do Cariri, com atividades econômicas em
condições precárias, não dispõem de recursos, financeiros entre
outros, suficientes para dar conta das atribuições que lhes foram
repassadas;
A população não tem a organização e não recebeu a
capacitação necessária para desempenhar seu papel de
controle social do poder público.
48
Para reverter essas limitações, necessário se faz, investimentos
econômicos e sociais que contribuam para garantir os meios para
fortalecimento do território. E os atores sociais que participam do
processo (poder público, organizações populares e instituições
privadas) tenham representatividade, legitimidade, conhecimento e
recursos financeiros suficientes para construir coletivamente o
processo de desenvolvimento territorial.
Suporte Técnico
Há diversas entidades/organizações, programas e projetos que atuam
no território na perspectiva de fomentar o desenvolvimento do Cariri
Oriental.
O quadro demonstra por um lado, os inúmeros organismos
institucionais e organizações locais, desenvolvendo ações nas mais
variadas áreas do conhecimento. Por outro lado, as limitações no que
se refere a forma como essas ações estão sendo trabalhadas e se
percebe o quanto há por fazer em direção ao desenvolvimento
sustentável do território.
Primeiro , as ações precisam se integrar, esse coisa de se fazer
apenas o que lhe compete, desarticulada, pontualmente, não combina
com a construção coletiva de um modelo de desenvolvimento
almejado pelos atores sociais do território. É preciso somar esforços,
extrapolar fronteiras e garantir a articulação e integração políticas
públicas.
Para isso , é salutar enfrentar os seguintes desafios:
Garantir a integração de ações nas Secretarias municipais e entre
instituições para implementação de políticas públicas;
Autonomia financeira das Secretarias municipais de agricultura;
Garantir política estatal de assistência Técnica, voltada para o
desenvolvimento territorial; Promover articulação política
institucional das instâncias territoriais;
Ampliar a capilaridade social e, consequentemente, o capital
institucional ex:(assistência técnica privada);
49
Estrutura organizativa do Território
Organizações/instituições da sociedade civil Entidade, Programa e Projeto do Poder Público
Instituições nos Municípios Conselhos, Associações Municipais de agricultores, Fórum dos Assentados, Associações comunitárias AAFMA –Assoc. dos Assent. Alcantil, ASPRA /ASPROL; Associações de Moradores, APRAPRED
Prefeituras, Secretarias Municipais Câmaras de Vereadores, Institutos de previdência
Assistência Técnica Cooperativas de trabalho: COOPAGEL, VINCULOS EMATER, PDHC Pesquisa e Capacitação Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR, Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial -
SENAI EMBRAPA, EMEPA UEPB,UFPB,SEBRAE, DNOCS
ONG’s, PATAC, PRACASA, Coletivo Regional de Educação Solidária, CASACO, Serviço Pastoral dos Migrantes, Associação dos Alunos de Unicampo - AAUC
-
Sindicatos (STR, Transportes(Alternativos), Colônia de Pescadores, Servidor Publico Municipal - Associações de produção e comercialização
(Apicultores, Caprinovinocultores, Avicultores, Artesanato, Produtores de leites Bovino, Comercial), AS CABRITA Boa Vista, ASCA –Soledade ACENOC - Barra São Miguel, ABORTES –Barra São Miguele ARPA ´-Cabaceiras ACCOC – Caraúbas,
-
Fundações e Institutos Educacional, Assistencial, Cultural, Banco do Brasil, Instituto Histórico Geográfico do Cariri( IHGC), Instituto do Patrimônio Histórico Nacional(IPHAN),
-
Cooperativas: produção beneficiamento e comercialização
Caprinocultura,, COPART , Cooperativa de Curtumes Cooperativa dos Curtidores e Artesãos em Couro (ARTEZA) –Cabaceiras COPEAGRO, Cooperativa Agropecuária do Cariri - COAPECAL(leite Cariri) , Caturité; SEBRAL(leite Vita),Caturité
-
Consórcios Públicos Fóruns temáticos (cultura e turismo, meio ambiente, saúde, educação). - Movimentos Sociais Articulação do Semiárido (ASA), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST), Federação dos Trabalhadores da Agricultura (FETAG) Igrejas e CUT -
Fóruns Fórum de Desenvolvimento Territorial do Cariri Oriental - Redes Redes de Jovens – Rede de educação cidadã –RECID;
Constituição da rede dos colegiados para a intervenção das políticas públicas. -
Instituições Financeiras - BNB, BB, BRADESCO, CAIXA ECONÔMICA,
Colônias de pescadores Z30 - Cabaceiras -
Z27 – Soledade - Z8 - Boqueirão -
50
Minimizar a burocracia na implementação de projetos e
ações territoriais;
Fortalecer a articulação política institucional das instâncias
territoriais;
Sensibilizar e comprometer os gestores públicos com o
processo de desenvolvimento territorial;
Promover o controle social no território;
Fortalecer o diálogo entre os saber técnico e o saber popular;
Promover ampla divulgação do Plano Territorial de
Desenvolvimento Rural sustentável – PTDRS;
Ter o Plano como instrumento de política pública;Pautar o
Plano Territorial de Desenvolvimento Rural sustentável –
PTDRS;
Garantir que o Fórum de Desenvolvimento Territorial e suas
instâncias seja espaço de articulação política e controle
social.
Fortalecimento das organizações sociais do território
Paralelamente ao desenvolvimento da capacidade de atuação do
poder municipal, é preciso fortalecer as organizações populares e os
conselhos municipais, de forma a garantir o controle social do poder
público e a gestão compartilhada das políticas públicas. Em regiões
historicamente marcadas pelo coronelismo e pelo clientelismo,
controle social e gestão compartilhada não podem ser vistos como
decorrências naturais da criação de conselhos.
Os dirigentes municipais mudaram, e muitos têm hoje mais um perfil
de gestor da coisa pública do que do coronel de antigamente. Ainda
assim, as práticas clientelistas estão longe de ter desaparecido e são
permanentemente reforçadas pela situação de precariedade material
e financeira da população e de suas organizações.
As propostas para viabilizar o funcionamento dos conselhos passam
pelo fortalecimento das associações e pela capacitação dos
conselheiros.
51
Legitimidade das organizações
É salutar se constituir novas organizações(associações), mas é
fundamental observar porque e para que criar se simplesmente para
resolver necessidades burocráticas ou para ter a ilusão de criar
capital social, valerá a pena. O reconhecimento legal das associações
deve ser uma conseqüência da real organização e acontecer quando o
caráter informal da organização é fator de ineficiência. Muitas vezes,
a estrutura formal da associação, ao entregar o poder a uma diretoria,
facilita a desmobilização dos sócios.
Quando houver necessidade de se criar uma nova organização, essa
deve ser precedida de amplas discussões entre os envolvidos para
avaliar sua relevância e definir seus objetivos e seus estatutos.
Formação do capital social
As organizações devem nascer fortalecidas pela convicção de seus
membros de que elas são a melhor forma de se atingir objetivos
comuns. Mas apenas isso não é suficiente. É preciso que haja uma
capacitação de todos os sócios para a aprendizagem do exercício da
democracia, baseado no princípio dos deveres e direitos de cada um.
Isso não deve ser confundido com a capacitação dos dirigentes da
associação para técnicas de gestão, contabilidade etc., que também é
importante, mas que se acontecer sozinha pode favorecer a
perpetuação das mesmas lideranças na direção das organizações.
Autonomia financeira das associações
As associações devem ter uma autonomia financeira que lhes
permita definir seus objetivos e estratégias independentemente do
poder público. É óbvio que associações que dependem de
financiamentos da prefeitura não têm autonomia para negociar
programas e políticas com o próprio poder municipal. Infelizmente,
as contribuições dos sócios não garantem a autonomia financeira de
suas associações. Mesmo nas associações bem organizadas, onde os
sócios pagam suas contribuições, o montante arrecadado é limitado
pela situação sócio-econômica dos membros. É importante estudar
mecanismos institucionais de apoio financeiro às associações que
garantam ao mesmo tempo seu funcionamento e sua autonomia em
relação ao poder político.
52
Formação permanente dos conselheiros
Além de reforçar as associações, é importante também formar os
conselheiros para o papel que devem desempenhar nos diferentes
conselhos municipais (de saúde, de educação, do Pronaf etc.).
Isso significa não somente explicar o papel dos conselhos, mas
também, principalmente, dar condições aos conselheiros oriundos
das organizações populares para que possam dialogar e negociar
com o poder público. Para tanto, é preciso que os conselheiros sejam
capazes de levantar, analisar e discutir informações, o que demanda
uma capacitação específica para cada uma das áreas representadas
por um conselho em questões legais e técnicas. Precisam também ser
capacitados para avaliar as ações do poder público a fim de exercer
sua função de controle social.
Para conduzir o processo de Desenvolvimento Territorial os atores e
atrizes sociais do território se organizaram da seguinte forma:
Institucionalidade Territorial
Para conduzir o processo de gestão das ações do desenvolvimento do
território, foi discutida e deliberada a criação de um órgão colegiado
denominado, Fórum de Desenvolvimento Sustentável do Território
do Cariri Oriental.
Sua estrutura organizacional está composta por uma Plenária geral,
Coordenação Territorial, Coordenação Territorial, Coordenação
executiva, Núcleo Técnico e câmaras temáticas
O Fórum é o instrumento que o território tem para mobilizar,
articular, os atores sociais e consolidar a Estratégia de
Desenvolvimento Territorial do Cariri Oriental, assim como
deliberar, planejar, direcionar e monitorar as ações de
desenvolvimento, diante disto, ela precisa ser fortalecida, tanto na
sua organicidade, como na sua representatividade.
53
54
COMPOSIÇÃO DO FÓRUM TERRITORIAL DO CARIRI ORIENTAL
PLENÁRIA DO FÓRUM TERRITORIAL
ATRIBUIÇÕES:
Mobilizar, articular os atores/atrizes sociais para consolidar as estratégias de Desenvolvimento Sustentável do Cariri;
Definir/homologar/articular a construção coletiva e implementação do PTDRS;
Definir prioridades e selecionar projetos;
Articular as instituições e parcerias para a elaboração e implementação dos projetos;
Discutir e aprovar o Regimento Interno;
Fortalecer a gestão social envolvendo os principais atores e entidades que atuam no desenvolvimento territorial rural;
Segmento Inst./Org./Entid. Qtd. de
Representantes Identificação
Governo
Prefeituras
Câmaras
14
Alcantil; Barra de Santana; Barra de São Miguel; Boa Vista; Boqueirão; Cabaceiras, Caraúbas;
Caturité; Gurjão, Riacho de Santo Antônio; Santo André; São Domingos do Cariri; São João do
Cariri; Soledade
Instituições
governamentais 24
EMATER,EMAPA,SEDAP,AESA,INTERPA,IDEME UEPB,SUDEMA,PDHC, INCRA, ,
SEBRAE, EMBRAPA,CONAB,SENAR,DNOCS
BNB,BB,CEF,SFA,SEAP,IBAMA,SDT/MDA,UFCG,UFPB
Sociedade
Civil
STR´s 14 Idem das Prefeituras
ONG´s e Cooperativas 05 PATAC,HOLOS,COOPAGEL,AAUC,VINCULUS
Representantes dos
Movimentos Sociais e
Organizações dos/as AF.
Cooperativas de produção
e comercialização da
agricultura familiar e
economia solidária
24
01FETAG,
01 CUT,
01Igreja - Católica
01 Cooperativa de Produção artesanal;
01 COPEAGRO; Fórum de Assentados do Cariri;
01COLETIVO Cariri, Seridó e Curimataú; .
01 ASA-PB;
01CASACO13 CMDRS
02 CONSELHOS Tutelares (Caturité e Barra de Santana);
01 Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba;
01 Conselho de Meio Ambiente;
01Colônia de pescadores;
01 Associação dos Agricultores Familiares de Alcantil; .
01 Associação dos Apicultores do Cariri (AAMCORP/ASCA);
01 Associação dos produtores de leite do Cariri (ASPROL/PROMUCA);
01 Associação dos pequenos produtores rurais e artesãos de pedra dagua;
01 Associação de desenvolvimento rural de badalo e pilões de santo André / lagedo de
Timbauba de Soledade;
01 Associação dos assentados de barra de são miguel/ sSnta Tereza de Soledade; .
CMDRS 14 Idem das Prefeituras
TOTAL 104
55
Instância: COORDENAÇÃO TERRITORIAL
ATRIBUIÇÕES: Coordenar ações do Fórum/ Grupo de Planejamento e NT Articular atores e instituições no processo de DT Realizar e/ou articular ações e estratégias para implementação do PTDRS e decisões do Fórum. Elaborar proposta de Regimento Interno a ser apresentada discutida, analisada e aprovada pelo Fórum.
Segmento Inst./Org./Entid. Qtd. de Representantes Identificação
Governo
Prefeitura Municipal de B. de São Miguel 01 Augusto Correa de Araújo Neto
Prefeitura Municipal de Soledade 01 José Bento Leite Nascimento
Prefeitura Municipal de Alcantil 01 Ana Cristina de Lima
Câmara de Vereadores Boqueirão 01 Paulo da Mata Monteiro
Câmara de Vereadores Cabaceiras 01 Paulo Roberto de Farias
BNB 01 Edlucio Gomes de Sousa
Prefeitura de Cabaceiras 01 Jonicio de Moraes Castanha Neto
EMATER 01 Cícero Romero Callou Bomfim
Sociedade Civil
ASA 01 Maria Célia Araújo – ASA
Sindicato de São Domingos do Cariri 01 Antônio Pereira Diniz
STR Boqueirão 01 Antônio Venâncio de Negreiros
AAUC 01 Franco Wanderley
Coletivo 01 Zilma Rúbia M. Dantas
FETAG 01 Paulo Medeiros Barreto
COOPAGEL 01 Francisco de Assis Queiroga de Albuquerque
CMDRS Caturité 01 José Faustino Neto
TOTAL 16
56
CÂMARAS TEMÁTICAS
01 AGRICULTURA Jose Faustino Neto, Sergio, Julieta Duarte de Farias, Wellington, Francisco de Assis Queiroga de Albuquerque, Jonicio de Moraes Castanha Neto.
02 CRIAÇÃO ANIMAL Edlucio Gomes de Sousa, Anselmo, Manoel Gomes da Silva, José Denys Caluete de Oliveira e Sergio;
03 MEIO AMBIENTE Animadores: Armstrong Souto (Ringo), José de Anchieta Pereira de Souza, Thiago, Tonico,
04 EDUCAÇÃO TURISMO E CULTURA Fátima, Clayton; Edivan Farias de Araújo, Maria Célia Araújo.
05 COMUNICAÇÃO -
06 AVALIAÇÃO, E MONITORAMENTO DE PROJETOS E AÇÕES.
-
Instância: COORDENAÇÃO EXECUTIVA
ATRIBUIÇÕES:
Implementar as ações emanadas da plenária do Fórum;
Articular as parcerias;
Convocar e Coordenar as reuniões ordinárias e extraordinárias;
Monitorar a implementação de projetos;
Segmento Inst./Org./Entid. Qtd. de Representantes Identificação
Governo
PM Soledade 01 José Bento Leite Nascimento
EMATER 01 Cicero Romero Callou Bonfim
Câmara de Vereadores de Cabaceiras 01 Paulo Roberto de Farias
Sociedade Civil
AAUC 01 Franco Wanderley
COOPAGEL 01 Francisco de Assis Queiroga de Albuquerque
Coletivo 01 Zilma Rúbia M. Dantas
TOTAL 06
57
Formação de núcleos por municípios:
Equipe de acompanhamento e monitoramento e núcleos composto
de 18 pessoas ( 9 titulares e 9 suplentes)
01. Núcleo Norte: Santo André, S. J. do Cariri, Boa Vista, Gurjão,
Soledade.
02. Núcleo Central: cabaceiras, Caraúbas, Barra de São Miguel e
São Domingos do Cariri,
03. Núcleo Sul: Alcantil, Barra de Santana, Caturité, Boqueirão e
Riacho de Santo Antônio.
04. Comissões Temáticas propositivas
Agricultura
Pecuária
Apicultura
Comercialização
Esta dimensão reflete como o capital social está estruturado em meio
às estratégias preconizadas no modelo de desenvolvimento. É a
organização e o nível de diálogo entre os diversos sujeitos sociais do
território que dão a dimensão exata de como a sociedade tem se
apropriado dos resultados do desenvolvimento levado a efeito no
Território.
Num mundo em que as inter relações se constituem numa evidência,
não é possível promover o desenvolvimento sustentável sem uma
sólida constituição de parcerias e até mesmo de alianças estratégicas
que envolvam setores do Estado e da sociedade civil. É desse tecido
social que dependem os resultados das ações que sejam levadas a
efeito no quotidiano.
Ainda neste aspecto é interessante frisar o papel que têm as
organizações sociais dos agricultores/as na perspectiva da sua
dimensão econômica, como é o caso das cooperativas e das
associações que têm o foco na produção e na comercialização. Daí
infere-se ser necessário fomentar o associativismo econômico como
forma de se desmistificar a imagem de viés assistencialista que se
criou em torno das organizações econômicas dos agricultores/as.
58
Horizonte temporal 20 anos ( 2010 – 2030)
Todas as crianças a partir de três anos freqüentam a escola;
O analfabetismo está erradicado;
Os educadores e demais profissionais da Educação são
permanentemente qualificados;
Cursos profissionalizantes formam jovens e adultos;
Universidades públicas instaladas no território formam
profissionais que atuam nos municípios, qualificando os
serviços prestados à população;
A Reforma Agrária está consolidada e portanto, todos os
agricultores e agricultoras familiares têm acesso à terra e ao
conjunto de políticas públicas que contribuem para o
fortalecimento dos assentamentos e das comunidades de modo
geral;
Os agricultores familiares dispõem de assessoria técnica
de qualidade, prestada por profissionais competentes;
O território produz grãos, frutas e hortaliças destinadas ao
consumo interno e abastece mercados circunvizinhos;
As tecnologias apropriadas e adaptadas são priorizadas pela
assistência técnicas;
A agricultura orgânica constitui-se uma realidade no território
que tem nas feiras agroecológicas a comprovação desta
realidade;
A gestão participativa dos recursos hídricos é uma evidência;
As nascentes dos rios foram recuperadas/preservadas e a
população participa do processo de gestão ambiental do
território.
Todos os produtos das unidades de laticínios possuem
certificados emitidos pelo S.I.M (Serviço de Inspeção
Municipal), S.I.E. ( Serviço de Inspeção estadual) e pelo
S.I.F(Serviço de Inspeção Federal.
III. Visão de Futuro
59
A malha rodoviária do território integrada e com serviço de
manutenção permanente, garante o escoamento da produção
para os centros consumidores.
As ações de turismo dinamizam a economia valorizando os
sítios históricos, a cultura popular, a gastronomia e o artesanato;
A excelência na prestação de serviço de saúde contribui
significativamente para o aumento do IDH do território.
Todos os municípios elaboram o seu Orçamento Participativo,
Os setores produtivos do território estão organizados em
associações e sobretudo em cooperativas. O cooperativismo de
crédito expande-se a cada dia e estimula a economia de modo
geral.A Economia Solidária intensifica-se.
As ações de desenvolvimento são permanentemente
monitoradas e avaliadas de forma participativa, com ênfase no
protagonismo dos agricultores e agricultoras familiares.
60
DIMENSÃO SÓCIO CULTURAL EDUCACIONAL
EIXO AGLUTINADOR PROGRAMAS PROJETOS
DESENVOLVIMENTO SOCIAL
DO TERRITÓRIO: EDUCAÇÃO,
CULTURA, SAÚDE E MORADIA
Fortalecimento do processo
educativo do território
Promoção da educação
contextualizada
Fortalecimento dos Conselhos
Escolares
Ampliação e reforma das escolas do campo e da cidade, nos municípios
Garantia de transporte escolar entre comunidades rurais
Ampliação de projetos de Alfabetização de Jovens e Adultos no Campo
Garantia de formação continuada e contextualizada de profissionais em educação
Elaboração e aquisições de materiais didáticos, condizente com a realidade local
Implantação das Unidades de Inclusão Digital;
Capacitação para os membros dos conselhos de Educação
Interiorização do ensino superior e profissionalizante no território.
FORTALECIMENTO DA
CULTURA E LAZER NO
TERRITÓRIO
Promoção da cultura local a partir
da valorização das manifestações
culturais do território.
Criação do Departamento de Cultura do Município;
Promoção de eventos culturais e de lazer e às práticas de esportes.
Criação de um sistema de rede de comunicação e mídia territorial: Blog. Site, entre
outros;
Mapeamento avaliativo das atividades culturais;
Criação de espaços de apresentações culturais e integração territorial das
apresentações tradicionais;
Criação do Projeto Turistico-cultural: Roteiro do cariri;
Valorização e apoio a organização dos grupos culturais, (teatro, dança música
popular, bandas filarmônicas, fanfarra, cinema entre outros) do território
PROMOÇÃO À SAÚDE NO
TERRITÓRIO
Melhoria das ações de Saúde na
cidade e no campo
Promoção de controle às doenças endêmicas.
Ampliação de atenção a Saúde das mulheres
Fortalecimento da Educação Sanitária
Ampliação e qualificação do atendimento a Saúde bucal
Aquisição de Unidades móveis de Saúde bucal
Construções e Reformas de unidades hospitalares, postos e laboratórios de saúde
Fortalecimento dos Conselhos Municipais de Saúde;
Implantação das Farmácias Vivas;
Ampliação de unidades do PSF.
Ampliação do consórcio municipal de saúde;
DESENVOLVIMENTO DO
SISTEMA DE MORADIA NO
CAMPO E NA CIDADE
Melhoria habitacional
Garantia de Saneamento Básico
Construção de Casas populares;
Reforma de residências no campo e na cidade
Ampliação do saneamento básico na cidade;
Instalação de saneamento básico no campo.
IV. Eixos, Programas e Projetos
61
DIMENSÃO AMBIENTAL EIXO AGLUTINADOR PROGRAMAS PROJETOS
RECURSOS HÍDRICOS DO
TERRITÓRIO
Uso sustentável dos recursos hídricos
do Cariri Oriental
Gestão participativa dos recursos
hídricos do território
Ampliação da área de captação e acumulação de água para abastecimento
humano e animal;
Apoio a conservação e revitalização das bacias hidrográficas do território;
Expansão da rede de adutoras para o abastecimento humano e aumento das
unidades de tratamento de água;
Apoio a revitalização das margens e leitos dos rios, riachos e lençóis
freáticos;
Implementação de plano de gestão dos recursos hídricos;
EIXO AGLUTINADOR PROGRAMAS PROJETOS
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Enfrentamento ao processo de
Desertificação no território
Implementação de plano de recuperação dos recursos naturais;
Promoção de processo educativo permanente em educação ambiental.
Diagnóstico da situação de destinação de resíduos sólidos e agroindustriais
Aproveitamento e reciclagem do lixo
Apoio a preservação dos animais nativos
e silvestre adaptados do território
Proteção e recomposição de animais nativos e silvestres
Instalação de criatórios para reprodução de espécies ameaçadas de
extinção.
EIXO AGLUTINADOR PROGRAMAS PROJETOS
RECURSOS FLORESTAIS E
FAUNÍSTICOS
Apoio a recuperação da vegetação
nativa e adaptada ao bioma caatinga
do território
Apoio e fomento ao desenvolvimento
do ecoturismo no território
Construção e organização de viveiros de mudas nativas, exóticas e
adaptadas;
Recomposição da cobertura vegetal de áreas degradadas;
Reflorestamento da caatinga priorizando a criação de Reservas particulares
do Patrimônio Natural (RPPN).
Implementação do ecoturismo rural
62
DIMENSÃO SOCIO ECONÔMICA
EIXO AGLUTINADOR PROGRAMAS PROJETOS
DESENVOLVIMENTO
DOS SISTEMAS
PRODUTIVOS:
VEGETAL E ANIMAL
1.Fortalecimento da produção vegetal:
a)Produção de grãos e Sementes
b) Desenvolvimento da organização
produtiva da Fruticultura e
Olericultura/Horticultura
2.Fortalecimento de produção Animal:
a)Desenvolvimento
da caprino/ovino e bovino de forma
integrada e sustentável;
b) Criação para produção de leite e
corte e bovinocultura
Estruturação dos Bancos de sementes e grãos nas comunidades, já existente;
Ampliação de Bancos de Sementes e grãos no território;
Armazenamento da produção de forragens e proteína;
Capacitação e trocas de experiências dentro e fora do território
Produção de mudas de frutas nativas e adaptadas;
Implementação de agroindústrias de frutas (polpa, suco, doces, geléia entre outros);
Aproveitamento dos resíduos das frutas e hortaliças (adequação de alternativas
alimentares);
Produção e beneficiamento de hortaliças e plantas medicinais de base
agroecológica;
Instalação de farmácias vivas;
Formação e capacitação permanente e processual;
Instalação de sistemas de irrigação de sistemas adequados a realidade local;
Aquisição de infra-estrutura e equipamentos para feiras agroecológicas
Fortalecimento da cadeia produtiva da caprinocultura/ovinocultura
Estruturação da segurança alimentar e hídrica para animais de forma compatível
com o bioma caatinga.
Incentivo ao uso sustentável da caatinga para a criação animal;
Ampliação do programa de controle de Zoonoses,
c)Produção de Aves Capoeira e caipira:
Desenvolvimento da avicultura nativas e
adaptadas em base agroecológicas
PRODUÇÃO DE RAÇÃO PARA AVES;
FORMAÇÃO TÉCNICA E GERENCIAL DOS CRIADORES;
ESTRUTURAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA DA AVICULTURA CAPOEIRA.;
d)Produção de pescado:
Fortalecimento e organização do
pescado no território
e)Desenvolvimento e organização da
produção, beneficiamento e
comercialização do mel no território
(Apimeliponicultura)
Produção de ração para aves;
Formação técnica e gerencial dos criadores;
Estruturação da cadeia produtiva da avicultura capoeira.;
63
EIXO AGLUTINADOR PROGRAMAS PROJETOS
INFRAESTRUTURA DE
APOIO A PRODUÇÃO E
REFORMA AGRÁRIA
Implementação da política de Reforma Agrária
Ampliação de acessibilidade ao
CRÉDITO/FINANCIAMENTO
Melhoria e qualificação dos serviços ATER/ATES no
território
Reestruturação de atuais assentamentos;
Ampliação das áreas de assentamento, para inclusão dos agregados
e descendentes dos assentados;
Infra-estrutura sócio-produtiva;
Formação das Famílias Assentadas;
Garantia de espaço de educação contextualizada e de formação
continuada;
Aquisição de terras para a implantação de projetos de
assentamento;
Implementação de processo de formação em educação e gestão
ambiental
Fomento às finanças solidárias e bancos comunitários.
Qualificação da assessoria de ATER e ATES prestada aos
agricultores/as Familiares;
Apoio ao desenvolvimento de tecnologias visando a produção
sustentável;
Realização de um inventário tecnológico;
Implementação de serviço de ATER compatível com a PNATER e
com as demandas dos Agricultores/ras do território;
Desenvolvimento da malha rodoviária do território. Construção/implementação da malha rodoviária do território;
Manutenção e conservação da malha existente
Ampliação e qualificação do sistema de eletrificação
Ampliação do uso das fontes energéticas: solar eólica, elétrica,
biogás e outras;Implantação de energia trifásica no campo;
Implantação de energia trifásica no meio rural
Ampliação do uso das fontes energéticas: solar eólica, elétrica,
biogás e outras;Implantação de energia trifásica no campo;
Implementação de tecnologias energéticas apropriadas para o
território;
64
EIXO AGLUTINADOR PROGRAMAS PROJETOS
ATIVIDADES NÃO-
AGRÍCOLAS E COM
VALOR AGREGADO
Desenvolvimento do Turismo sustentável
no território
Mapeamento dos recursos naturais e culturais do território;
Revitalização dos monumentos históricos e preservação do
patrimônio cultural;
Estruturação de espaços de hospedagens alternativas;
Implementação de processo formativo de:guias, agentes,
atendimento com qualidade e de todo trade;
Construção de Pousadas.
Empreendedores de turismo;
Valorização do patrimônio histórico dos sítios arqueológicos;
Divulgação do turismo territorial em agendas regionais e
nacional;
Adequação das casas antigas transformando-as em hotéis
fazendas e/ ou pousadas rurais;
Garantia da formação de mão-de-obra local voltada para o
turismo
Apoio ao desenvolvimento do Artesanato Local
Levantamento dos grupos e de artesãos e as atividades desenvolvidas;
Promoção de espaço de comercialização de economia solidária;
Disseminação de fundos rotativos solidários no território
Comercialização da produção familiar e de
empreendimentos solidários
Garantia de estrutura de espaço de comercialização de
produtos e serviços da agricultura familiar e economia
solidária;
Ampliação de Feiras agroecológicas no território
Apoio a processo de formação de grupos, associações e cooperativas,em gestão da produção, comercialização e economia solidária;
65
DIMENSÃO SOCIO POLÍTICO INSTITUCIONAL
EIXO AGLUTINADOR PROGRAMAS PROJETOS
BASE INSTITUCIONAL E
ORGANIZAÇÃO SOCIAL
Promoção do desenvolvimento organizacional
e institucional do território;
Desenvolvimento de cultura de integração
entre de poder público, Organizações não
governamentais, instituições governamentais,
e os movimentos sociais.
Fortalecimento dos colegiados, redes e fóruns
territoriais
Modernização da gestão pública municipal;
Articulação entre as instituições públicas e privadas;
Desenvolvimento de Política Pública integradora
Fortalecimento da cultura associativista e cooperativista.
Desenvolvimento de Políticas Públicas integradora
EIXO AGLUTINADOR PROGRAMAS PROJETOS
GÊNERO, GERAÇÃO E ETNIA
Fortalecimento da organização produtiva,
social e política de mulheres, jovens e grupos
étnicos
Garantir à participação social e política das
mulheres e jovens;
Fortalecimento da Rede de Jovens;
Articulação e comunicação entre os diversos
grupos de jovens.
Apoio e fomento a formação e qualificação de mão de obra
das mulheres e jovens
Construção de centro de comercialização da produção de
grupos de mulheres e Jovens
Instalação de espaço de formação e Centro de geração de
renda para mulheres e Jovens
Promoção de grupos diversas modalidades e manifestações
culturais e artísticas para jovens.
Reconhecimento e valorizações dos grupos
étnicos existentes no território.
Valorização e inclusão social dos grupos étnicos nos projetos
e ações territoriais
Reconhecimento e apoio de Organizações dos grupos étnicos
do território
66
s discussões e debates realizadas no ambito do Fórum de desenvolvimento Territorial Sustentável do Cariri Oriental conduziram a
formulação de uma estrategia de gestão do Plano Territorial de desenvolvimento Rural Sustentável Baseado nos seguintes Pilares:
1. Proporcionar a participação e envolvimento dos atores/as Municipais
2. Aumento o controle social das ações de Desenvolvimento Territorial
3. Proporcionar que o PTDRS seja o instrumento de Negociação para implementação de Politicas Públicas no Território
Para a gestão do PTDRS no Território do Cariri será desenvolvida da seguinte forma:
A NIVEL TERRITORIAL:
1. O Fórum de Desenvolvimento Territorial Rural Sustentável do Cariri Oriental Será a Institucionalidade no Território que articulará ,
negociará e formulará as estratégias para implementação do Planejamento contido no Plano
2. Para coordenar a gestão do Plano a coordenação executiva do Fórum de Desenvolvimento Territorial Rural Sustentável do Cariri Oriental
será a instância incumbida para realizar as articulações e negociações com as instituições, organizações, orgãos de governos e da
sociedade civil, espaços, fóruns, comitês, redes, com os Município entre outros para a implementação dos Programas, Projetos e ações
contidas no Plano e fazer a socialização e informação para as demais instâncias do Fórum
3. A coordenação executiva se reunirá Bimestralmente para Planejar, montar as estratégias, avaliar os encaminhamentos realizados
referentes a execução do Plano sempre de acordo com as deliberações da plenária do fórum
A
V. Gestão
67
Comissões Municipais
MODELO DE GESTÃO PTDRS CARIRI ORIENTAL
PTDRS Coordenação
Executiva
Instituições Públicas, Governos Municipais, Movimentos Sociais, Redes, Fóruns, Conselhos
Processo de Articulação, Negociação, Construção dos Arranjos Institucionais para implementação dos Programas projetos e Ações
Planejamento/Coordenação do processo
68
Secretaria de Desenvolvimento Territorial SDT/MDA - Oficina de
Formação de Agentes e Construção da Estratégia de
Desenvolvimento Territorial – Território do Cariri - setembro-2003
Relatório da Oficina
Secretaria de Desenvolvimento Territorial SDT/MDA - Oficina de
Alinhamento Conceitua,l Metodológico e Articulação de Ações
Territoriais do Cariri –junho/ 2004 – PB - Relatório das Oficinas
Secretaria de Desenvolvimento Territorial SDT/MDA - Diagnóstico
da Situação Inicial do Território Rural do Cariri - junho 2004 –
Produto da Consultoria Territorial/PB
Secretaria de Desenvolvimento Territorial SDT/MDA - Modelo de
Gestão do Plano de Desenvolvimento Sustentável do Território
Rural do Cariri- fevereiro / 2005 Produto da Consultoria
Territorial/PB
Secretaria de Desenvolvimento Territorial SDT/MDA - Oficina de
Gestão e Planejamento do Desenvolvimento Territorial do Cariri –
Fase II – setembro/2004 - Relatório da Oficina
Secretaria de Desenvolvimento Territorial SDT/MDA - Oficina
Concepção Básica do Desenvolvimento – Fase II – Território do
Cariri, fevereiro/2004 - Relatório da Oficina
Fórum de Desenvolvimento Sustentável do Território do Cariri –
Autodiagnóstico Territorial - 2004 Registros da versão preliminar
Fórum de Desenvolvimento Sustentável do Território do Cariri -
Perfil do Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável -
Território do - PB – Abril 2005 – Registros da versão preliminar.
Secretaria de Desenvolvimento Territorial SDT/MDA - Estudo
Propositivo para Dinamização Econômica do Território Cariri
(Versão Preliminar) –Julho 2005 -Produto do Técnico Flávio Melo
de Luna.
BRASIL. Constituição (1988). Art. 3º, Brasília, p13, 2006
FARIAS, Paulo Sérgio Cunha. A produção de betonita em Boa
Vista-PB e suas redes de comercialização: um exemplo de fixos e
fluxos geográficos do período histórico atual. 2003. 217 f.
Dissertação (Mestrado em Geografia) – Departamento de Ciências
Geográficas. Universidade Federal de Pernambuco, Recife.
VI. Referências Bibliográficas
69
Fundo setorial de recursos hídricos:
http://www.mct.gov.br/fontes/fundos/cthidro_pg.htm
Fundo Nacional de Meio ambiente – Combate à desertificação:
http://www.mma.gov.br/fnma/apoio/di/doc/ed801.zip
Programa de combate à desertificação:
http://www.iica.org.br/d/index.htm.
Programa Nacional de Florestas Gerência de Reflorestamento e
Recuperação de Áreas Degradadas:
http://www.mma.gov.br/port/sbf/pnf/doc/manual.doc
Lei de águas, de 8 e janeiro de 1997: http://www.cnrh-
srh.gov.br/legisla/BR_Lei_9433_08011997_atualizada26junho2002.
htm
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Coordenação:
Colegiado de Desenvolvimento Territorial do Cariri Oriental - PB
Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA
Secretaria de Desenvolvimento Territorial - SDT
APOIO:
VÍVINCULUS - Cooperativa de Prestação de Serviços em Desenvolvimento Sustentável