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Ciência Rural, Santa Maria, v.32, n.6, p.977-981, 2002ISSN 0103-8478

Recebido para publicação em 30.04.01. Aprovado em 30.02.02

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CARACTERIZAÇÃO DOS ACIDENTES COM TRATORESAGRÍCOLAS

CHARACTERIZATION OF THE ACCIDENTS INVOLVINGAGRICULTURAL TRACTORS

José Fernando Schlosser1 Henrique Debiasi2

Geovano Parcianello3 Lisandro Rambo3

1Professor Titular, Doutor, Engenheiro Agrônomo, Departamento de Engenharia Rural, Centro de Ciências Rurais (CCR), UniversidadeFederal de Santa Maria (UFSM), Campus Universitário, Camobi, 97105-900, Santa Maria, RS. E-mail: [email protected]. Autorpara correspondência.

2Professor Substituto, Engenheiro Agrônomo, Departamento de Engenharia Rural, CCR, UFSM.3Engenheiro Agrônomo, Mestrando do Programa de Pós-graduação em Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

RESUMO

Em despeito à sua importância, poucas pesquisas vêmsendo executadas com o intuito de caracterizar os acidentes detrabalho com tratores agrícolas, identificando sua natureza (tipo)bem como suas causas. O objetivo deste trabalho foi caracterizaros acidentes envolvendo tratores agrícolas ocorridos na região daDepressão Central do Rio Grande do Sul e, a partir disto, delinearestratégias eficientes na sua prevenção. Para o levantamento dosdados, foi aplicado um questionário aos operadores de tratoresagrícolas da região da Depressão Central do Rio Grande do Sul.Os dados demonstraram que 39% dos trabalhadores ruraisentrevistados já sofreram algum tipo de acidente de trabalho comtratores agrícolas. Dentre os tipos de acidentes com tratoresagrícolas detectados na pesquisa, destacam-se o capotamento, quecorrespondeu a 51,71% do total de acidentes graves, e osescorregões, que corresponderam a 40,82% dos acidentes leves. Asprincipais causas dos acidentes relatados foram a falta deconhecimento a respeito das medidas de segurança na operação detratores (32,77%), a falta de atenção (32,22%) para a tarefaexecutada e o equipamento inadequado (22,22%). Os acidentesgraves tiveram causas diferentes comparativamente aos leves.Operadores sem treinamento adequado, a não observação deregras básicas de segurança e a longa jornada de trabalho sãotendências observadas neste trabalho que ampliam os riscos deocorrência de acidentes. A inclusão de dispositivos que tornem amáquina mais segura e confortável, bem como o treinamento dosoperadores de tratores agrícolas são práticas de importânciafundamental para a prevenção dos acidentes com tratoresagrícolas.

Palavras-chave: tipos de acidentes, causas dos acidentes,prevenção.

SUMMARY

Despite its importance, few researches have beencarried out characterizing work accidents involving agriculturaltractors. The objective of this work was to characterize theaccidents with agricultural tractors, to determine more efficientways to prevent them. A questionnaire was applied to an ample ofagricultural tractor operators from the Central Region of RioGrande do Sul State. Results showed that 39% of the agriculturaltractor operators analyzed had already suffered some kind ofaccident. The most frequent type of serious accidents was tractoroverturning which occurred in 51.71% of the cases. Slips werethe most important slight accident. The most important causes ofaccidents were lack of knowledge about safety procedures ontractor operation (32.77%), lack of attention (32.22%) to the taskcarried out and inadequate equipment (22.22%). There weregreat differences between the causes of serious and slightaccidents. Operators without adequate training, no observation ofsome important safety procedures and very long working daywere reported in this research, collaborating to increase theoccurrence of accidents. Finally, it is necessary to incorporateconfort and security devices, as well as training the agriculturaltractor operators, to prevent future accidents.

Key words: kind of accidents, causes of accidents, prevention.

INTRODUÇÃO

Uma das principais conseqüências damodernização da agricultura brasileira foi asubstituição progressiva do trabalho manual pelotrabalho mecanizado. A introdução de instrumentos

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e insumos modernos nas tarefas agrícolas ampliousignificativamente os tipos de acidentes de trabalhoa que estão sujeitos os trabalhadores rurais(RODRIGUES & DA SILVA, 1986). Se antes osacidentes de trabalho no meio rural estavam restritosbasicamente a quedas, ferimentos com ferramentasde trabalho (enxada, facão) e envenenamentoscausados por animais peçonhentos, a manipulaçãode agrotóxicos e a utilização intensa de máquinasagrícolas ampliou consideravelmente os riscos a queestão sujeitos os trabalhadores rurais em seu trabalhodiário.

Segundo o artigo 131 do Decreto no

2.172, de 05 de março de 1997, acidente de trabalhono meio rural é o que ocorre na realização dotrabalho rural, a serviço do empregador, provocandolesão corporal, perturbação funcional ou doença quecause a morte ou redução permanente ou temporáriada capacidade para o trabalho. De uma maneirageral, conforme expõem ZÓCCHIO (1971) eUNESP (1994), o acidente de trabalho no meio ruralpode ser considerado como sendo todo oacontecimento que não esteja programado e queinterrompa, por pouco ou muito tempo, a realizaçãode um serviço, provocando perda de tempo, danosmateriais e/ou lesão corporal. Neste sentido, oacidente é considerado grave quando resulta noafastamento do trabalhador rural de sua atividadeprodutiva por um período igual ou superior a 15 dias(UNESP, 1994).

Dentre todos os acidentes de trabalho queocorrem no meio rural, merecem destaque os queenvolvem tratores agrícolas. Segundo MÁRQUEZ(1986), na Espanha e nos demais países europeus,aproximadamente 40% do total de acidentesocorridos no setor agrário envolvem máquinasagrícolas e, destes, metade são devido ao uso dotrator agrícola. Em uma pesquisa de caracterizaçãodos acidentes graves no trabalho rural, realizada noEstado de São Paulo, SILVA & FURLANI NETO(1999) concluíram que o trator, a motosserra, asmáquinas e os equipamentos agrícolas não definidosencontram-se envolvidos na maior parte dosacidentes graves ocorridos.

Os prejuízos econômicos e sociaisadvindos dos acidentes com tratores agrícolastambém são bastante elevados. Estes ocorrem tantoem termos de danos físicos ao operador como emtermos financeiros, para o Estado, sociedade emgeral e para o próprio acidentado.

No que se refere aos danos físicos aostrabalhadores, MÁRQUEZ (1986) explica que maisde 60% das mortes ocorridas em acidentes detrabalho no setor agrário são conseqüência damecanização agrícola. A gravidade dos acidentes

com tratores agrícolas é confirmada por FIELD(2000), que, em trabalho realizado no Estado deIndiana, nos Estados Unidos da América, encontroudados que demonstram que, entre 500 e 600 pessoasmorrem a cada ano naquele país em função deacidentes com tratores agrícolas e que a cada pessoamorta, outras 40, no mínimo, são feridas.

Em relação aos custos financeiros dosacidentes, MONK et al. (1986) expõem que osgastos anuais com os acidentes de trabalho naagricultura para a economia britânica chegam à cifrade 94 milhões de dólares por ano. Os dados obtidospor MÁRQUEZ (1990) reforçam a magnitude doscustos dos acidentes. Segundo o referido autor, oônus dos acidentes na Europa chega aaproximadamente 5 bilhões de dólares.

A caracterização dos acidentes comtratores agrícolas reveste-se de grande importância,porque diferentes tipos de acidentes (capotamento,quedas a distinto nível, atropelamentos, entre outros)possuem causas e conseqüências específicas(MÁRQUEZ, 1986). Portanto, acidentes dediferentes tipos exigem práticas, na maioria dasvezes, específicas para a efetiva minimização de seunível de ocorrência e gravidade. No que se refere àscausas, ZÓCCHIO (1971), ALONÇO (1999) eCARDELLA (1999) definem dois grandes grupos decausas de acidentes de trabalho: atitudes inseguras econdições inseguras. O primeiro grupo relaciona-sediretamente às falhas humanas, enquanto o segundoengloba as limitações inerentes à maquina. Nestesentido, MÁRQUEZ (1990) indica que, na Espanha,84% dos acidentes com tratores agrícolas sãocausados por atitudes inseguras.

Assim, o objetivo deste trabalho foicaracterizar os acidentes envolvendo tratoresagrícolas na região da Depressão Central do RioGrande do Sul, através da determinação de seustipos e causas predominantes, a fim de se obtersubsídios para delinear estratégias eficientes na suaprevenção.

MATERIAL E MÉTODOS

O levantamento dos dados referentes aeste trabalho abrangeu uma amostra de 123operadores de tratores agrícolas pertencentes àregião da Depressão Central do Estado do RioGrande do Sul. A amostragem foi do tipo aleatóriasimples (SCHEAFFER et al., 1996). A determinaçãodo tamanho da amostra seguiu a metodologiaexposta por STORCK et al. (2000), através daexecução de um levantamento piloto, que, no casodesta pesquisa, englobou 20 operadores. Atravésdeste levantamento piloto, foi obtido coeficiente de

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variação (CV %) para cada variável, o qual foi usadopara o cálculo do tamanho da amostra:

N = tα/22 x CV2 (1)

d2

onde:N = Número de elementos a serem amostrados;t∝/2 = valor tabelado da distribuição de t, com ∝probabilidade de erro (5%) e GL = n-1 graus deliberdade, sendo n o número de elementosamostrados no levantamento piloto; CV =Coeficiente de variação, em %; d = Margem de erroem relação à média (10%).

Posteriormente, foi escolhido o maiortamanho de amostra entre os calculados para cadavariável. Assim, determinou-se que o tamanhomínimo da amostra deveria ser de 110 operadores.

A cada operador foi aplicado umquestionário englobando perguntas que visavam àdetecção do envolvimento ou não do operador emalgum acidente com trator agrícola e, em caso deresposta afirmativa, à caracterização do acidentesofrido. As características dos acidentes avaliadasforam o tipo e as causas. Cabe destacar que o tipo deacidente corresponde à forma como este ocorreu, aopasso que as causas constituem-se em atos econdições inseguras que propiciam a ocorrência deacidentes (ZÓCCHIO, 1971; ALONÇO 1999 eCARDELLA 1999). Ainda, os acidentes foramseparados em graves ou leves, usando como critérioo tempo de afastamento do operador. O acidente foiconsiderado grave quando o tempo de afastamentodo trabalho foi superior a 15 dias.

Além de dados a respeito dos acidentescom tratores agrícolas, foram reportadas, através domesmo questionário, algumas característicasreferentes ao operador entrevistado, as quais influemna ocorrência dos acidentes de trabalho com estetipo de máquina: participação em cursos detreinamento na operação de tratores agrícolas,adoção de procedimentos seguros (uso do cinto eproibição de caroneiros junto ao trator) e duração dajornada de trabalho, nas épocas de maior demandade trabalho, haja visto a sazonalidade das atividadeagrícolas.

Os questionários foram elaborados comalternativas previamente definidas de resposta(questionário fechado). A opção por este tipo dequestionário justifica-se pela maior facilidade naorganização e tabulação dos dados,comparativamente aos questionários com perguntas“abertas” (sem alternativas previamente definidas).

A análise dos dados obtidos neste trabalhofoi efetuada através da aplicação dos recursos daestatística descritiva. Os dados reportados pelosquestionários foram organizados e tabulados e,posteriormente, as freqüências absolutas foramtransformadas em freqüências relativas (%) edispostas em gráficos para a apresentação dosresultados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A primeira análise refere-se ao grau deincidência dos acidentes com tratores agrícolas.Segundo os dados obtidos neste trabalho, 39% dosoperadores entrevistados já haviam sofrido algumtipo de acidente, leve ou grave, com tratoresagrícolas. Estes dados reforçam as conclusõesobtidas por MÁRQUEZ (1986) e SILVA &FURLANI NETO (1999), que em seus trabalhosindicaram o trator agrícola como sendo a máquinaresponsável por cerca de 20% acidentes de trabalhona agricultura.

Conforme é apresentado na figura 1, naregião da Depressão Central do Rio Grande do Sul,o acidente grave de maior ocorrência foi ocapotamento do trator, englobando 51,71% doscasos relatados. Já no que se refere aos acidentesleves (Figura 2), o tipo mais freqüente foram osescorregões, correspondendo a mais de 40% dosacidentes reportados. Verifica-se também que osacidentes leves e graves diferiram entre si no que serefere ao tipo. Apenas o contato com partes ativas damáquina foi relatado tanto para os acidentes graves

Figura 1 – Principais tipos de acidentes graves envolvendo trato-res agrícolas.

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quanto para os leves. Assim, pode-se inferir que osacidentes leves e graves ocorrem de maneiradiferente e, portanto, exigem medidas de prevençãoespecíficas.

A determinação dos principais tipos deacidente graves e leves, conforme expostoanteriormente, torna possível a detecção das causasdos mesmos. Conhecendo-se as causas, pode-seatuar no sentido de eliminá-las, de forma a prevenireficientemente os acidentes com tratores agrícolas.As principais causas dos acidentes de trabalhoenvolvendo tratores agrícolas relatados pelosentrevistados são apresentadas na figura 3.

É possível agrupar as causas (Figura 3)segundo os dois grandes grupos de condicionantesde acidentes, ou seja, em atos inseguros e condiçõesinseguras (ZÓCCHIO, 1971; ALONÇO 1999 eCARDELLA 1999). Assim, verifica-se que a maiorparte dos acidentes (78,78%) são ocasionados poratos inseguros, o que é obtido pela soma dasporcentagens das causas específicas falta de atenção,

cansaço, falta de conhecimento, pressa eembriaguez. Dados semelhantes foram obtidos porMÁRQUEZ (1990). Por outro lado, apenas 22,22%dos acidentes relatados na pesquisa são creditados alimitações relacionadas ao equipamento (trator).Entretanto, é imprescindível ter em mente ainteração entre as causas dos acidentes. ConformeWITNEY (1988), a falta de atenção e o cansaço, queresultam em atos inseguros, têm sua gênese tambémexplicada pela ação indireta do trator que, devido aproblemas em suas características ergonômicas(conforto), pode resultar no aumento da fadiga dooperador.

A falta de conhecimento, apontada comouma das principais causas dos acidentes, pode serexplicada pelo fato de a maior parte dos operadores(60,74%) não terem freqüentado algum curso deoperação de tratores agrícolas, que desse ênfase,além dos aspectos de produtividade do trabalho, àsegurança. Um exemplo típico da falta deconhecimento em relação à prevenção dos acidentescom tratores agrícolas é a elevada porcentagem(66,34%) de operadores que permitem que pessoasandem de “carona” no trator. Esta atitude poderesultar em quedas de pessoas com o trator emmovimento, um dos principais tipos de acidentesgraves, conforme foi explicado anteriormente.

Outro produto da falta de conhecimento e,também, da falta de condições de segurança nostratores agrícolas atualmente em uso no Brasilrefere-se ao cinto de segurança. Os dados obtidosapontam que 61,11% dos tratores em uso na regiãode abrangência desta pesquisa não possuem cinto desegurança. Com relação aos tratores que possuemcinto de segurança, em cerca de 69% dos casos osoperadores não o usam. Cabe salientar que apresença e uso do cinto de segurança é requisitoobrigatório para o tráfego dos tratores agrícolas emrodovias, segundo o Capítulo IX, Seção I, artigo 96do Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503, de 23de setembro de 1997). Além disso, os dados obtidosmostram que, muitas vezes, os tratores sãoequipados com estruturas de proteção contracapotamento, mas o operador não usa o cinto, deforma que sua eficiência praticamente é anulada.

A falta de atenção é outra importantecausa dos acidentes com tratores agrícolas. Esta têmsua origem em função, dentre outros fatores, daoperação de tratores ergonomicamente malprojetados e de aspectos ligados à jornada detrabalho, que podem aumentar de maneirasubstancial o nível de fadiga ao qual o operadorencontra-se submetido. Isto resulta numa diminuiçãode sua capacidade de concentração, o que poderesultar em acidentes (WITNEY, 1988). Pôde-se

Figura 2 – Principais tipos de acidentes leves envolvendo tratoresagrícolas.

Figura 3 – Principais causas dos acidentes com tratores agrícolas.

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observar que 67,65% dos operadores entrevistadostêm uma jornada de trabalho superior a 8 horasdurante os períodos de maior demanda de trabalho,que correspondem, normalmente, às épocas depreparo do solo, semeadura ou colheita. Portanto, alonga jornada de trabalho em determinados períodospode explicar, em grande parte, o elevado número deacidentes observados na região.

Na figura 3 são apresentadas as principaiscausas dos acidentes em geral, ou seja, considerandoconjuntamente os acidentes graves e leves. Porém,verifica-se que os acidentes graves e leves diferementre si com relação às suas causas. O equipamentoinadequado, segundo os dados obtidos na região daDepressão Central, parece ser a principal causa diretados acidentes leves, sendo responsável por 54% dosreferidos acidentes, conforme é demonstrado na tabela1. Isto é justificado em função de que os acidentesleves, via de regra, ocorrem devido a detalhesinadequados das máquinas, como por exemplo, apresença de superfícies contundentes e a inexistênciade superfícies antiderrapantes. Já no que se refere aosacidentes graves, a principal causa direta apontada foi afalta de atenção, sendo responsável poraproximadamente 40% dos acidentes. Entretanto, nocaso dos acidentes graves, o equipamento inadequadoinfluiu indiretamente, pois máquinas ergonomicamentemal projetadas colaboram para um aumento do cansaçodo operador e, em conseqüência, diminuem acapacidade de concentração. A segunda principalcausa, para ambos os acidentes, é a falta deconhecimento, embora este item seja mais importanteno caso dos acidentes graves. Assim, pode-se deduzirque a prevenção dos acidentes com tratores agrícolasdeve-se centrar, basicamente, no oferecimento decursos de treinamento aos operadores, bem como noprojeto de máquinas ergonomicamente corretas eseguras, o que poderá resultar numa drástica redução daocorrência de acidentes, tanto leves quanto graves.

CONCLUSÃO

Os acidentes com tratores agrícolasgraves e leves diferiram entre si no que se refere aotipo e as causas. Para os mais graves, o tipo maisfreqüente é o capotamento, sendo causadosnormalmente pela falta de conhecimento em relaçãoàs regras de segurança e pela falta de atenção natarefa que está sendo executada. Para os acidentesleves, o tipo mais comum foram os escorregões,sendo causados na maioria das vezes por limitaçõesinerentes ao equipamento.

A inclusão de dispositivos que tornem otrator mais confortável e seguro, o treinamento dosoperadores e a redução da jornada de trabalho sãoestratégias necessárias à redução da incidência deacidentes com este tipo de máquina.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Tabela 1 – Causa dos acidentes graves e leves com tratoresagrícolas (valores em portagem).

Tipo de acidenteCausas

Graves Leves

Falta de atenção 40,80 12,10Pressa 14,80 06,60Cansaço 00,00 9,10Equipamento inadequado 14,80 54,00Falta de conhecimento 18,50 15,20Embriaguez 03,70 00,00Outros 07,40 03,00

Total 100,0 100,0


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