Download - Cais Interior

Transcript

Alexandre Guerra

Cais Interior

Alexandre Guerra

Cais Interior

são paulo - 2009

Catalogação na Fonte. SNEL – Sindicato Nacional dos Editores de Livros.Rio de Janeiro, RJ

Ao adquirir um livro você está remunerando o trabalho de escritores, diagramadores, ilustradores, revisores, livreiros e mais uma série de profissionais responsáveis por transformar boas idéias em

realidade e trazê-las até você.Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser copiada ou reproduzida por qualquer meio impresso, eletrônico ou que venha a ser criado, sem o prévio e expresso consentimento dos editores.

Impresso no Brasil. Printed in Brazil.

CapaZeca Martins

RevisãoLuciana V. Cameira

Esta obra é uma publicação da

Editora Livronovo Ltda.CNPJ 10.519.646/0001-33www.livronovo.com.br© 2009. São Paulo, SP

Projeto gráficoFabio Aguiar

DiagramaçãoEquipe livronovo

Editores-responsáveisFabio AguiarZeca Martins

G963c

Guerra, Alexandre

Cais Interior / Alexandre Guerra. – São Paulo : Livronovo, 2009.

128 p.

ISBN: 978-85-62426-30-8

1. Poesia descritiva. I. Título.

CDD – 869.9106

Apresentação

Obter sonoridades ricas com instrumentos musicais é tarefa dos músicos de primeira linha; Alexandre Guerra o é. Quem o conhece sabe disso muito bem.

Mas extrair musicalidade exuberante do papel e da tinta é coisa dos poetas de verdade; mais uma vez Alexandre demonstra sua sensibilidade e talento únicos.

A elegância do estilo, a riqueza de vocabulário (de repente, uma palavra in-crivelmente bem colocada nos surpreenderá), a estética refinada, enfim, fazem deste livro um trabalho encantador.

Muito me honra publicá-lo e haver sido chamado à tarefa de apresentá-lo a você. Este não é um livro de poesias, é uma ode ao bom gosto literário.

Cara leitora, caro leitor, navegue tranquilamente pelas páginas a seguir.

Deixe-se levar. O mar está calmo. Há aves no céu. A paisagem é perfeita.

O Cais Interior é um porto seguro.

Zeca Martins, editor

Agradecimentos

Meu pai plantou em mim logo cedo a semente da poesia, lembro do seu en-tusiasmo incomum quando adquiriu as obras completas de Fernando Pessoa , ocasião em ouvi pela primeira vez o poema “O menino de sua mãe”. Naqueles tempos, eu en-tão com 11 anos, a poesia soava ainda distante da minha compreensão, mas sua mu-sicalidade era irresistível e despertei. Pouco tempo depois, já arriscava meus primeiros passos poéticos, sempre acompanhado pelo olhar atento de meu pai, e assim segui, com sua aprovação para me tornar poeta, caminho que ele próprio já havia trilhado.

Minha mãe menos familiar com a poesia mas , na torcida por mim, imbatível!

Meus amigos escritores: Roberto Angerosa, Toni Cunha, Guilherme Tensol e Flora Figueiredo.

Meus amigos torcedores: Hugo Armelim, Carlos Carvalho, Ricardo “Ale-mão”, Rafael Benvenuti, Mário Di Poi...

Meu parceiríssimo “revisor-conselheiro” Guilherme Tensol que com dedica-ção e amizade ofereceu seu tempo e entusiasmo à minha poesia.

A todos que me inspiraram, e minha inspiração diária: Luciana Moura e Leonardo.

Aos apoiadores Zeca Martins e meu querido padrinho José Geraldo: fã de primeira fila, sempre !

Obrigado!

Sumário

Inquietações Solitárias – 15

O Farol – 17Preposição – 18Quintal – 19Fragilidade – 20Novos Ventos – 21Boletim do tempo – 22O menino que fugiu com o circo – 23Os meios – 24Gente na Noite – 25Boneca de pano – 26Ventilador de teto – 27Numa Esquina – 28Amor Clandestino – 29Raridade – 30Maturidade – 31Chuva –32

Sobre o Simples – 35

Mirante – 37A Capelinha – 38Pés descalços – 39Além – 40João de Barro – 41Interiorano – 42Decreto de paz – 43Gamboa – 44Afinado – 45Doméstico – 46Singular – 47O Colecionador – 48O Invento – 49À Espera – 50

Contemplações e Outras Estações – 53

Liberdade de Expressão – 55Chuva de inverno – 56Janela – 57Descampado – 58Neve noturna – 59Descaminhos – 60Solidão – 61Noite – 62Sol de Inverno – 63Neve – 64Eterno Outono – 65Girassol – 66Todos os dias – 67Ventania – 68A Noite – 69

Pontuado – 71

Pontuado – 73Pureza – 74Ser – 75Excessos – 76Abismo – 77Pequenos Valores – 78Errata – 79Porta – 80Confidencial – 81Retrato-falado – 82Novo Rumo – 83Tempo-Mãe – 84Parto 69 – 85Infantil – 86Pé-de-meia – 87Pisca-pisca – 88

Contemporâneo Navegante – 91

Nova Palavra – 93Contemporâneo – 94Xadrez – 95Noturno – 96Náufragos do Asfalto – 97A Cura – 98A jogada – 99Precisão – 100O momento real – 101Atitude – 102Trem Noturno – 103

Cais Interior – 105

Cais – 107Caiçara – 108Imigrante Português – 109Meu Avô – 111Carma – 113Cicatrizes – 114Identidade – 115Ausência – 116

Coda – 119

A mulher casual – 121Nascente – 122

Inquietações Solitárias

15

17

Ale

xand

re G

uerr

a

C

ais

Inte

rior

O Farol

e sussurra na maresiao norte a quem não viu.Lá fora onde venta maiso peito toma fôlegoe a alma tremula.Navegante a quem cabe o rumosegue,a quem não serveé desrumoque é rumo também.Perdido ou achadosó a paisagem se reveza.

Solidão é nossa herançamais democrática.

Posto,rígido e simétrico.

Na ponta ergue a chamaque é do conjunto

o essencial.E dela o olhar se lançavarrendo os caminhos,

vai alcançar na distânciaa distância que em si há.

Luz guia que corta o horizonteno sentido do inavegável,

onde há rochedose o risco de estar vivo.Em meio ao nevoeiro

seu sinal é vivo, intermitente

18

Ale

xand

re G

uerr

a

C

ais

Inte

rior Na soltura

soltoNa quietude

a salvoNo momento

instantâneoNo gritopartido

Na partidameio

Na ameaça de ventoum rumo

Na metade do tempoa pressa

No meio-fioo riscoNo riscoa libertaçãoe livreo pensamento cabe mais leveNo compartimentocompartilhadoNa parceriaparcialNas voltasoutras tantasVida sem voltaapós a partida.

Preposição

19

Ale

xand

re G

uerr

a

C

ais

Inte

riorMinhas pipas nunca voaram,

fosse pela estrutura pesadaou a cola em excesso,nunca alçaram voo

além do meu desejo.Não faltaram pernas

a amparar-lhes a decolagem,ainda assim, a linha que sobrava nas mãos

faltava no céu.

Nos olhos, sobrava desapontamento.

Nunca entendi essa fórmula secreta de voar –

o instante do desprendimentoque nos livra inteiramente da gravidade.

Como ser leves,em uma leveza emprestada.

Quintal

Tanto tempo perdina escolha das cores,na envergadura certa.

Mas nada disso tem que ver com voar.

Soubesse eu conhecer os ventos(coisa que menino de cidade não sabe...)talvez assim, voasse!Conhecer a naturezavalia menos do que combinar cores...

Mas assim me fiz,de voos terrenos e sonhos espaciais.Até hoje, quando as pernas cansam,insisto na linha da fantasia até o nó.

20

Ale

xand

re G

uerr

a

C

ais

Inte

rior


Top Related