Cadernos de Resumos III Seminário Nacional de Dramaturgia e Teatro
13 a 15 de setembro de 2017 - UNIOESTE - Cascavel - ISSN: 2358-405X
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Caderno de Resumos
III Seminário Nacional de
Dramaturgia e Teatro
Cascavel - 2017
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COORDENAÇÃO GERAL
Lourdes Kaminski Alves
Célia Arns de Miranda
CONSELHO CIENTÍFICO
Antonio Donizeti da Cruz
André Luis Gomes
Alexandre Villibor Flory
Alai Garcia Diniz
Anna Stegh Camati
Carmen Luna Sellés
Célia Arns de Miranda
Diógenes Maciel
Encarnación Medina Arjona
Esther Marinho Santana
Lourdes Kaminski Alves
Martha Ribeiro
Maricélia Nunes dos Santos
Nelson Marques
Rosemari Bendlin Calzavara
Priscila Matsunaga
Pedro Leites Junior
Sonia Aparecida Vido Pascolati
COMISSÃO ORGANIZADORA
Antonio Donizeti da Cruz
Alexandre Villibor Flory
Beatriz Helena Dal Molin
Célia Arns de Miranda
Kaline Cavalheiro da Silva
Lourdes Kaminski Alves
Maricélia Nunes dos Santos
Sonia Aparecida Vido Pascolati
EQUIPE DE APOIO
Sandra Vanessa Versa Kleinhans da Silva
Kaline Cavalheiro da Silva
Cleonice Alves Lopes-Flois
Camylla Galante
Paulo Henrique dos Santos
Job Lopes
Carmen Elisabete de Oliveira
Patricia Virginia Cuevas Estivil
Ana Maria Klock
Vanderlei Kroin
Josué Ferreira de Oliveira Júnior
Diego do Carmo
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Sumário
Mesa I - Dramaturgia e a Cena Contemporânea - Gertrude Stein em Teatro, Ópera e Dança . 7
Síntese, fluxo, repetição, retradução: a obra "teatral" de fronteira de Gertrude Stein.......... 7 Fábio Fonseca de Melo
Gertrude Stein e a peça-paisagem: a emoção no tempo da ação ............................................... 7 Vanessa Geronimo (UFSC)
Gertrud Stein e Robert Wilson: o espetáculo teatral e o teatro de imagens ............................. 7 Célia Arns de Miranda (UFPR)
Gertrude Stein e Dança Contemporânea ..................................................................................... 8 Daniella Aguiar (UFU)
Mesa II - Dramaturgia e a Cena Contemporânea II ...................................................................... 8
Viúvas – performance sobre a ausência (2011): notas sobre o ritual épico da trupe de
atuadores Ói nóis aqui traveiz ....................................................................................................... 8 Alexandre Villibor Flory (UEM)
Antropofagia em cena: Zé Celso canibaliza Brecht no Oficina ................................................. 9 Anna Stegh Camati (UNIANDRADE)
Um presente da tia Marcolina ....................................................................................................... 9 Priscila Matsunaga (UFRJ)
Mesa III - Teatro e Ensino: Práticas Educativas ............................................................................ 9
Quartas Dramáticas: Experiência Cênica Literária ................................................................... 9 André Luís Gomes (UnB)
Reflexões sobre a leitura dramática na sala de aula ................................................................. 10 Rosemari Bendlin Calzavara (UNOPAR)
Gracielle Cristina Selicani Barbosa (UNOPAR) Rodolfo Barroso (UNOPAR)
Jogos dramáticos e a prática docente no Ensino Fundamental ............................................... 10 Tailan Pozzebon (EAWM)
Poesia na Carne da periferia: uma experiência com a dramaturgia breve ............................ 11 Alai Diniz (UNIOESTE) Marco Pezão (dramaturgo e poeta)
Mesa IV - Teatro e Reflexões Teórico-Críticas ............................................................................. 11
Experimentações da dramaturgia e da cena contemporâneas em BR-Trans ......................... 11 Sonia Pascolati (UEl)
A dramaturgia-teatro de Lourdes Ramalho na década de 1970 .............................................. 12 Diógenes Maciel (UEPB)
Corpos impróprios e corpos reais: da crueldade ao doce extermínio da cena da ilusão ....... 12 Martha Ribeiro (UFF)
Por uma estética teatral híbrida: o teatro do “pensamento selvagem” de Francisco Carlos 12 Lourdes Kaminski Alves (UNIOESTE)
Teorias do Teatro e da Performatividade ...................................................................................... 13
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O que o “Hamlet dos trópicos” tem a nos dizer? Análise da montagem teatral brasileira de
Hamlet, dirigida por Aderbal Freire-Filho ................................................................................ 13 Camila Paula Camilotti (UTFPR)
Microutopias do texto e da cena: discurso e performance relacionais contemporâneos em
PROJETO BRASIL ..................................................................................................................... 14 Cauê Krüger (UFRJ/PUC-PR)
O trabalho do tradutor-dramaturgo: um estudo pavisiano da tradução ............................... 14 Braz Pinto Junior (UFGD)
Revisitando Arena conta Zumbi: A montagem de João das Neves........................................... 14 Ana Maria Lange Gomes (UNESP-Assis)
O Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare e sua presença na cena contemporânea
brasileira........................................................................................................................................ 15 Angélica Tomiello (UEM)
A Ofélia de Shakespeare recriada por Marcelo Marchioro ..................................................... 15 Assiria Maria Linhares Masetti (UNIANDRADE) Orientadora: Anna Stegh Camati (UNIANDRADE)
Ói Nóis na Rua: O Amargo Santo da Purificação encenado pelo grupo Ói Nóis Aqui Traveiz
........................................................................................................................................................ 15 Hadassa Nascimento Welzel (UEM)
Retratos e Paisagens em Gertrude Stein – O Processo Criativo do Laboratório de Criação e
Investigação da Cena Contemporâneo em uma abordagem autoetnográfica ........................ 16 Lucas Rodrigues de Souza (UFF)
Camadas de ativismo político em performance site specific. do coletivo Salmonela Urbana
Cia Performática .......................................................................................................................... 16 Lúcia Helena Martins (UNESPAR)
Recriando a tragédia shakespeariana: Macbeth de Villela ...................................................... 17 Rebeca Pinheiro Queluz (UFPR)
Rútilo nada de Hilda Hilst: da escrita performativa à performatividade da cena ................ 17 Eliza Pratavieira (UNIANDRADE)
História, crítica e cultura ................................................................................................................. 17
Os ingleses e a comédia de costumes de Martins Pena e França Júnior: o mundo das
negociatas e dos favores ............................................................................................................... 17 Andresa de Angeli Viotti (UEM)
Visniec, o dialogador do Absurdo ............................................................................................... 18 Camylla Galante (UNIOESTE)
Os espectros De Heiner Müller ................................................................................................... 18 Danilo Riva de Moraes (UNIRIO)
A dramaturgia curitibana hoje em diálogo com suas raízes .................................................... 18 Helena Cecilia Carnieri Staehler (UFPR)
O Túnel, de Dias Gomes: uma leitura alegórica do contexto histórico brasileiro pós-64 ...... 19 Marcio da Silva Oliveira (UEM)
Perfeitas, Sublimes e Brutas: A cartografia do humano sob a perspectiva dramática de
Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez .................................................................................... 19 Nelson Marques (UERJ)
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A Poética Marginal de amor, paixão e desencanto na obra de Roberto Parra, no teatro
popular, La Negra Ester .............................................................................................................. 20 Patricia V. Cuevas Estivil (UNIOESTE)
A metateatralidade da autoficção cênica .................................................................................... 20 Ricardo Augusto de Lima (UEL/UEM)
Entre sujeito e objeto: representações femininas em Ibsen ...................................................... 20 Vicentônio Regis do Nascimento Silva (UEL)
O Testamento do Cangaceiro, de Chico de Assis: uma peça da construção do projeto de
cultura popular do teatro brasileiro da década de 1960 ........................................................... 21 Beatriz Yoshida Protazio (UEM)
Dramaturgia em diálogos: Mecanismos intertextuais entre Cato a tragedy in five acts, de
Joseph Addison, e Catão, de Almeida Garrett .......................................................................... 21 Carolina Filipaki de Carvalho (UNICENTRO) Orientador: Edson Santos Silva (UNICENTRO)
Uma longa jornada e uma pausa para o café: Eugene O´Neill entre o luto e o perdão ......... 22 Claudiana Soerensen (UFPR) Célia Arns (UFPR)
Peripécias na alcova de Sade ....................................................................................................... 22 Edson Santos Silva (UNICENTRO)
Metaforizando a experiência: imagens da vida e da memória em I am my own wife, de Doug
Wright, e em Finir en Beauté, de Mohamed El Khatib ............................................................ 22 Felipe Valentim (UERJ)
O teatro paraibano pede passagem: linguagem e representação cultural em Lourdes
Ramalho ........................................................................................................................................ 23 Fernanda Félix da Costa Batista (UEPB)
Quem são estas vozes: algumas questões sobre a identidade ficcional na cena britânica
recente............................................................................................................................................ 23 Márcio Luiz Mattana (UNESPAR)
As escritas de si na dramaturgia contemporânea: a consolidação do monólogo como forma
dramática ...................................................................................................................................... 24 Marina Stuchi (UEL)
Discussão sobre o trágico moderno em “os mal-amados”, de Lourdes Ramalho .................. 24 Monalisa Barboza Santos (UEPB)
A adequação da ideologia com a forma de Die Hamletmaschine, de Heiner Müller ............. 24 Renata Morales Diaz (UFPR)
Expressionismo social como estratégia interpretativa da obra de Jorge Andrade ................ 25 Devalcir Leonardo (UEM)
A recepção inicial de Edward Albee no Brasil........................................................................... 25 Esther Marinho Santana (UNICAMP)
Propulsores do trágico em Anjo negro de Nelson Rodrigues e Combate de negro e de cães
de Bernard-Marie Koltès: reflexões acerca da dramaturgia contemporânea ........................ 25 Lucas Ribeiro Galho (UFPel)
O surrealismo e a escrita dramatúrgica contemporânea: uma aproximação desejante ....... 26 Marcos Savae (UEL)
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Combate de negro e de cães: a representação da mulher e do negro na peça de Bernard-
Marie Koltès .................................................................................................................................. 26 Fernanda Vieira Fernandes (UFPel)
A pesquisa em literatura dramática contemporânea: breve análise da peça Música para
cortar os pulsos, de Rafael Gomes .............................................................................................. 27 Mario Celso Pereira Junior (UFPel)
Orientadora: Fernanda Vieira Fernandes (UFPel)
Estudos de Intermidialidades .......................................................................................................... 27
Distanciamento épico e gestus social: do palco ao romance ..................................................... 27 Sandra Vanessa Versa Kleinhans da Silva (UNIOESTE) Orientadora: Lourdes Kaminski Alves (UNIOESTE)
Teatro e memória em Gabriel García Márquez ........................................................................ 28 Kaline Cavalheiro (UNIOESTE)
As tramas rapsódicas de Maria Bethânia no teatro contemporâneo brasileiro ..................... 28 Renato Forin Jr. (UEL)
O corpo cênico contemporâneo: Um estudo sobre a conscientização dos gestos.................... 28 Thiago Piquet (UFF)
Chão de Estrelas, sátira e ditadura – o encontro de (quase) opostos em Tatuagem .............. 29 Anna Catharina Izoton Alves Mariano (UNM)
Imagens sensíveis e ficcionalização de si – perspectivas intermidiais na dramaturgia
contemporânea.............................................................................................................................. 29 Gabriela Lirio Gurgel Monteiro (UFRJ)
Práticas educativas ........................................................................................................................... 29
A prática da leitura dramática na formação docente em Teatro e sua repercussão no estágio
do ensino médio da UFPel............................................................................................................ 30 Juliana Caroline da Silva (UFPel)
Orientadora: Fernanda Vieira Fernandes (UFPel)
O teatro e a literatura como artefatos da cultura surda ........................................................... 30 Carmen Elisabete de Oliveira (UNIOESTE)
Teatro de ação: a estética do oprimido no convívio escolar no município de Corbélia ......... 30 Gislaine Gomes (UNIOESTE)
De uma noite de festa: Caminhos do teatro de Joaquim Cardozo pela sala de aula ............. 31 Paulo Henrique dos Santos (PIBIC/FA/CAPES/UNIOESTE) Orientadora: Lourdes Kaminski Alves (UNIOESTE)
Do sentido do teatro para o público: Vinegar Tom (1976), de Caryl Churchill ..................... 31 Cleonice Alves Lopes-Flois (UNIOESTE)
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Mesa I - Dramaturgia e a Cena Contemporânea - Gertrude Stein em Teatro,
Ópera e Dança
Síntese, fluxo, repetição, retradução: a obra "teatral" de fronteira de Gertrude Stein
Fábio Fonseca de Melo
(Ator formado pela ECA-USP, tradutor e professor na Geronymus)
Resumo: Gertrude Stein denominou plays ou librettos alguns de seus textos. Embora tais termos
nos remetam rapidamente à ideia de teatro ou opereta, sua abordagem é, antes, um exercício de
desconstrução da linguagem e, mais especificamente, de desconstrução da própria categoria do
"drama" e da escritura da "literatura dramática". Em sua "peça" Doctor Faustus Lights the Lights,
analisaremos certos procedimentos linguísticos e seus efeitos, aspectos da oralidade e da
teatralidade e sua interlocução mefistofélica com temas do cânone fáustico, mas, sobretudo, da
modernidade europeia de sua época. Tais operações resultam numa "retradução" sintética desses
temas e põem em vertigem a própria escritura da peça, produzindo o que chamei de "prosa teatral",
num embaralhando das categorias literárias. Stein permanece visionária nessa desconstrução, sendo
pós-dramática avant la lettre. Notam-se influências de seu modus operandi em sucessivas gerações
de "desconstrutores", como em Einstein on the Beach (Robert Wilson) e no procedimento de
criação dramatúrgica de Richard Foreman. Para percebermos as múltiplas dimensões de
interpretação que sua escrita possibilita, assistiremos a alguns trechos das montagens brasileiras de
Doutor Faustus liga a luz: com o Grupo Ka (1999-2000), dirigido por Renato Cohen; e com a
Companhia Nova de Teatro (2009), dirigida por Lenerson Polonini.
Palavras-chave: Gertrude Stein, teatro pós-dramático, montagens brasileiras, Grupo Ka,
Companhia Nova de Teatro.
Gertrude Stein e a peça-paisagem: a emoção no tempo da ação
Vanessa Geronimo (UFSC)
Resumo: Esta pesquisa tem por finalidade apresentar conceitos referentes ao teatro da autora norte-
americana Gertrude Stein (1874-1946), seu estilo, estética e reinvenção da linguagem. Alguns
fragmentos de sua peça Four Sants in Three Acts, escrita em 1927, serão utilizados como exemplos
para explicar a nova maneira de fazer teatro, criada por Stein, a qual descreveu suas peças como
paisagens. Desse modo, serão apresentados os conceitos de peça-paisagem e de emoção, definidos
pela autora. O referencial teórico que apoia essa discussão traz, principalmente, teorias de Bowers
(2002), definindo as peças de Stein como paisagens de palavras; considerações de Perloff (2008),
exemplificando a utilização de uma nova gramática no teatro da autora; e traz, também, teorias de
Ryan (1980) referentes ao tempo do teatro steiniano, o presente.
Palavras-chave: Gertrude Stein; peça-paisagem; teatro.
Gertrud Stein e Robert Wilson: o espetáculo teatral e o teatro de imagens
Célia Arns de Miranda (UFPR)
Resumo: A escrita dramatúrgica de Gertrude Stein enquadra-se dentro das perspectivas do novo
teatro que escapa da concepção convencional gerada pelo teatro dramático. Quando avaliados a
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partir da tradição do teatro dramático, os textos de Stein foram e continuam sendo considerados
impossíveis de serem representados. Conforme Lehmann, foi apenas com Robert Wilson que os
seus textos encontraram uma estética teatral coerente, sendo que o próprio Wilson declarou que a
leitura de Stein lhe deu a convicção de que ele poderia fazer teatro. Inserida em um contexto fértil
para experimentações com a linguagem, o teatro de Stein é um espetáculo verbal onde as palavras
tornam-se objetos autônomos, muito mais do que simplesmente a expressão de um conteúdo. O
objetivo desta comunicação é evidenciar como a escrita dramatúrgica transgressora steiniana,
marcada por uma proposta estética de absoluta liberdade, encontra no teatro de imagens de Robert
Wilson a sua verdadeira projeção. Até que ponto é possível estabelecer uma correspondência entre
essas duas estéticas?
Palavras-chave: Gertrude Stein; Robert Wilson; espetáculo verbal; teatro de imagens.
Gertrude Stein e Dança Contemporânea
Daniella Aguiar (UFU)
O foco deste trabalho é a relação entre a prosa-poética da escritora norte-americana Gertrude Stein e
traduções intersemióticas para dança contemporânea. O corpus analítico articula os retratos “Orta or
One Dancing”, “If I Told Him: A Completed Portrait of Picasso”, “A Valentine to Sherwood
Anderson” de Gertrude Stein e os espetáculos de dança [5.sobre.o.mesmo], Shutters Shut, Always
Now Slowly, ,e[dez episódios sobre a prosa topovisual de gertrude stein]. A abordagem baseia-se
em Estudos de Intermidialidade e na noção de transcriação de Haroldo de Campos. Nestas obras de
dança contemporânea, diferentes estratégias de criação foram usadas para explorar as propriedades
sintáticas e temporais de Stein, principalmente relacionadas ao uso regular da insistência e repetição
em diversas camadas de organização, tais como: sequências de movimento, composição espacial,
objetos sonoros, iluminação, figurino, entre outras. Aqui analiso algumas dessas estratégias, explico
como estão relacionadas ao trabalho de Stein e comparo diferentes traduções coreográficas. As
traduções para dança são aqui consideradas modos de interpretação e leitura dos textos literários,
bem como formas radicais de crítica de arte ou literária.
Palavras-chave: Gertrude Stein; dança contemporânea; tradução intersemiótica
Mesa II - Dramaturgia e a Cena Contemporânea II
Viúvas – performance sobre a ausência (2011): notas sobre o ritual épico da trupe de
atuadores Ói nóis aqui traveiz
Alexandre Villibor Flory (UEM)
Resumo: O Ói nóis aqui traveiz é um dos grupos de teatro político mais longevos do Brasil:
fundada em 1978, na ditadura militar, desde o início se abriu à experimentações estéticas as mais
variadas para expressar (como arte) e agir (como espaço político) sobre a vida social brasileira. Isso
ocorre pelos seus espetáculos, por um processo de criação coletivo e aberto, pela articulação com
movimentos sociais, pela publicação da revista Cavalo Louco, por um curso gratuito de formação
teatral etc. Embora com enorme liberdade teórica e prática, seu teatro dialoga intensamente com
Artaud e com o teatro épico brechtiano, tanto em suas produções para a rua como para a Terreira da
Tribo, sendo a perspectiva nitidamente anticapitalista. Como o teatro de Artaud é uma das bases
para um teatro lírico, ritual, e daí íntimo e a remissão a Brecht aponte para um teatro que crie
estranhamentos e dissenções, que exponha contradições com distância para poder instaurar o
pensamento crítico, é comum as duas perspectivas serem tomadas como autoexcludentes. No
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entanto, o trabalho do Ói nóis se configura como uma maneira de colocá-los em confronto dialético.
Como se trata de um grupo com 39 anos de atuação, irei focar nesta comunicação em Viúvas –
performance sobre a ausência, de 2011, que discute a necessidade da revisitação da história e da
memória – individual e coletiva.
Palavras-chave: Ói nóis aqui traveiz; Viúvas: performance sobre a ausência; Artaud; teatro épico;
teatro e sociedade.
Antropofagia em cena: Zé Celso canibaliza Brecht no Oficina
Anna Stegh Camati (UNIANDRADE)
Resumo: A dramaturgia de Brecht proliferou em vários momentos históricos de tensão
sóciopolítica no Brasil, nos quais o dramaturgo alemão foi revisitado, atualizado, canibalizado e
carnavalizado. Em 1968, Zé Celso adaptou A vida de Galileu (1937-1938) e, em 1969, criou uma
variante antropófoga de Na selva das cidades (1921-1923). Na encenação de 1969, extremamente
violenta, a situação caótica da República de Weimar foi transposta para a realidade brasileira
vitimada pelo autoritarismo da ditadura militar, retratando a crise que o país e a equipe artística do
Teatro Oficina atravessavam naquele momento histórico. Apesar de que Brecht sempre continuou
sendo a referência ideológica mais próxima da formação política de Zé Celso, o encenador levou
mais de trinta anos para revisitar a dramaturgia brechtiana no espaço do Teatro Oficina. No
espetáculo musical Acordes (2012), uma versão canibalizada do texto A peça didática de Baden-
Baden sobre o acordo (1929), o encenador transforma os questionamentos brechtianos sobre as
raízes do capitalismo em uma metáfora da atual crise capitalista, unindo recursos épicos e
intermidiáticos ao ritual dionisíaco preconizado por Artaud e à carnavalização bakhtiniana.
Palavras-chave: teatro político; intermidialidade; antropofagia; ritual dionisíaco; carnavalização.
Um presente da tia Marcolina
Priscila Matsunaga (UFRJ)
Resumo: A comunicação abordará aspectos da cena e dramaturgia de Leite derramado, do Club
Noir, estreada em 2016. Segundo o diretor Roberto Alvim, trata-se de uma “tradução cênica” do
romance de Chico Buarque. A reflexão sobre a montagem comenta aspectos da recepção crítica do
romance em Roberto Schwarz (Cetim laranja sobre fundo escuro) e Paulo Arantes (Um prólogo) e
da peça através de considerações críticas de Welington Andrade (Leite derramado, mise en abyme
do desvairio), que atuou como crítico interno durante os ensaios da companhia. A comunicação
pretende abordar conexões entre o projeto estético da companhia paulistana e o contexto sócio-
político.
Palavras-chave: teatro; política; crítica; Leite Derramado.
Mesa III - Teatro e Ensino: Práticas Educativas
Quartas Dramáticas: Experiência Cênica Literária
André Luís Gomes (UnB)
Resumo: Desde 2010, realizamos, na Universidade de Brasília, o Quartas Dramáticas e, quando
criamos o projeto, nosso objetivo era apenas divulgar textos teatrais. Nas primeiras edições, já
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apresentávamos leituras cênicas, ou seja, diferente da leitura dramática, as apresentações já tinham
certa movimentação, cenário, figurino e sonoplastia, mas o papel impresso era ainda um “ruído”
cênico do ponto de vista material e limitador da atuação dos alunos-atores/alunas-atrizes. Comecei
a oferecer a disciplina “Literatura Brasileira e Teatro”, os grupos eram formados e uma das
atividades avaliativas era a construção de uma leitura que fosse apresentada no Quartas. Enquanto
práxis da disciplina, os grupos começaram a criar estratégias de como lidar com o papel impresso e
soluções variadas foram surgindo. Inspirado pelo texto “Escrever a leitura” de Barthes e pelos
resultados de algumas leituras, comecei a observar que começamos a “encenar a leitura” e, assim,
iniciamos uma pesquisa sobre esse procedimento cênico-literário em que o papel impresso passou a
ser incorporado à cena de forma criativa e orgânica. Além disso, comecei a investigar esse
procedimento como exercício para a atuação teatral, uma vez que os “leiatores”/”leiatrizes”
interpretavam seus papeis, construindo partituras textuais, entregando-se emocionalmente à
construção de suas personagens, mas, ao mesmo tempo, atentos ao texto ainda não decorado. E,
assim, técnicas e estratégias foram e estão, a cada edição do Quartas, sendo desenvolvidas e
aprimoradas. Nosso objetivo é relatar um pouco desta experiência cênica-literária e discutir o que é
e como se constrói uma "encenação de leitura".
Palavras-chave: Quartas Dramáticas; experiência cênica literária, encenação, leitura.
Reflexões sobre a leitura dramática na sala de aula
Rosemari Bendlin Calzavara (UNOPAR)
Gracielle Cristina Selicani Barbosa (UNOPAR)
Rodolfo Barroso (UNOPAR)
Resumo: A obra dramatúrgica de Jorge Andrade dentro da sua pluralidade nos aponta discussões
teóricas da construção do drama moderno de base brechtiana bem como reflexões sobre a tragédia
moderna. O presente estudo tem como objetivo principal colaborar com a formação do jovem leitor
das literaturas de Língua Portuguesa, que muitas vezes distancia-se da leitura por não compreender
o universo composicional cultural de uma obra literária. A metodologia dessa proposta baseia-se em
atividades de leitura e estudo crítico-reflexivo dos textos literários do dramaturgo brasileiro Jorge
Andrade, bem como propor leituras literárias nos seus mais variados gêneros. Corroborando estas
leituras a proposta visa a interação com o mundo do adolescente na transposição para uma
montagem e representação cênica do texto lido. Dessa forma, desenvolver a análise e estudo da
forma dramática como uma expressão de comunicação e linguagem dentro dos gêneros literários na
sala de aula é extremamente pertinente tendo em vista os estudos mais recentes da teoria das letras e
mais particularmente as propostas didático-pedagógicas para o ensino da literatura.
Palavras-chave: letramento literário; teatro; ensino; Jorge Andrade.
Jogos dramáticos e a prática docente no Ensino Fundamental
Tailan Pozzebon (EAWM)
Resumo: A Lei 13.278 de 2016 inclui o ensino de teatro nos currículos dos diversos níveis da
Educação Básica. Os jogos dramáticos são importantes elementos do ensino de teatro. O trabalho
pedagógico em sala de aula com jogos dramáticos pode desencadear processos de aprendizagens
que contribuem para a formação de sujeitos autônomos comprometidos com uma cidadania crítica e
ativa. Nesse processo de formação, os alunos podem compor uma cena sem preparo ou com breve
combinação prévia, experimentam a fantasia e expõem os seus desejos (Rosseto, 2012). Desdobra-
se assim, no contexto atual brasileiro, uma demanda formativa para o ensino de teatro, o que deverá
gerar propostas didáticas, bem como formação e preparação de professores para ensinar conceitos
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da linguagem teatral nas escolas. Com o foco nos saberes docentes e na base de conhecimento para
o ensino (Shulman, 1987; Mizukami, 2002). Este trabalho analisou o que sabem e como ensinam os
professores do ensino fundamental sobre os jogos dramáticos, quais práticas pedagógicas
promovem e como realizam este processo nas escolas. Utilizamos questionários abertos, numa
abordagem qualitativa da pesquisa educacional (Ludke e André, 1986). Os resultados esperados
pretendem dar respostas ao pouco que se sabe sobre o ensino de teatro nas escolas e as práticas
docentes com objetivo de poder subsidiar propostas pedagógicas.
Palavras-chave: jogos dramáticos; prática docente; ensino fundamental.
Poesia na Carne da periferia: uma experiência com a dramaturgia breve
Alai Diniz (UNIOESTE-Cascavel/Fundação Araucária)
Marco Pezão (dramaturgo e poeta)
Resumo: A articulação entre o campo da arte e a arte no campo vem a ser uma das bases que o
coletivo I Love laje faz de sua experiência na literatura periférica. Uma atuação que envolve uma
discussão mais ampla entre Arte e Política que se vincula à concepção de Paul Rancière sobre a
partilha do sensível e uma proposta concreta e dinâmica de despertar a subjetividade emergente em
bairros de vulnerabilidade social para repertórios poéticos e dramatúrgicos. A pesquisa em
dramaturgia de cenas breves como parte do projeto acima, encontra-se em pleno desenvolvimento.
A intenção será a de apresentar uma peça breve POESIA NA CARNE, escrita a quatro mãos pelos
autores acima, a ser apresentada no bairro de Campo Limpo em diferentes espaços, incluindo um
Centro Desportivo Comunitário que têm no campo de futebol de várzea o núcleo central e, que,
historicamente, vem a ser um dos únicos espaços abertos, em geral, arborizados, na periferia de São
Paulo. A apresentação a ser realizada no evento envolverá três eixos: a criação da peça (textual
cênica), registro da performance e comentário sobre sua recepção. A proposta é que POESIA NA
CARNE seja parte do evento a fim de colher os comentários do público interessado.
Palavras-chave: dramaturgia; política; peça breve; literatura periférica; Poesia na Carne.
Mesa IV - Teatro e Reflexões Teórico-Críticas
Experimentações da dramaturgia e da cena contemporâneas em BR-Trans
Sonia Pascolati (UEL)
Resumo: Dramaturgia e cena contemporâneas têm se constituído como espaço de trânsitos entre
formas e gêneros, caso de Silvero Pereira com BR-Trans, texto-espetáculo no qual
experimentalismos trazem como resultado uma teia em que, rapsodicamente, se interligam textos
(intertexto) de cunho narrativo (épico) mas que revelam subjetividades (lírico) mergulhadas em
contexto social excludente (elemento político), tudo reunido numa cena performática
(questionamento das fronteiras entre performance e espetáculo) para a qual concorrem outras mídias
(música, projeção de notícias de jornal) e tudo é orquestrado metateatralmente. A riqueza de
procedimentos e a especificidade do processo de criação, resultado de pesquisa teórico-documental,
convencem-me de que a obra do ator cearense ilustra as grandes linhas de força do teatro
contemporâneo, razão pela qual o tomo como objeto de reflexão e análise.
Palavras-chave: cena contemporânea; hibridismos; BR-Trans.
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A dramaturgia-teatro de Lourdes Ramalho na década de 1970
Diógenes Maciel (UEPB)
Resumo: Pretende-se expor aspectos concernentes à análise da atividade teatral desenvolvida em
meados da década de 1970, em Campina Grande-PB, focalizando suas relações produtivas com a
dramaturgia de Maria de Lourdes Nunes Ramalho. Esta aproximação tem por objetivo pôr sob nova
luz, um contexto do teatro nacional, e, verticalmente, do campinense, compreendendo-o como um
tópico a ser considerado para a tessitura da história do teatro brasileiro, apontando para um modo
produtivo de ler o teatro da região Nordeste, quando da irrupção de suas faces modernas-
contemporâneas. Tal empresa se torna possível pelo exercício de leitura e interpretação crítica de
fontes constantes em arquivos para a contextualização de um cenário que demanda uma necessária
revisão historiográfica, capaz de viabilizar a identificação dos pilares da poética fundante do fato
teatral moderno-contemporâneo naquela cidade nordestina (enfaticamente as peças de temática
regional), em meio a um mercado teatral incipiente e atrelado ao, assim chamado, teatro amador.
Palavras-chave: dramaturgia nordestina; teatro amador; autoria feminina.
Corpos impróprios e corpos reais: da crueldade ao doce extermínio da cena da ilusão
Martha Ribeiro (UFF)
Resumo: O artigo reflete sobre a cena teatral contemporânea que não se quer representativa, mas
infinitamente real. A desorganização do sistema de representação em sua tripla regulagem do ver,
do saber e do fazer - conforme analisado por Rancière, - arruinou toda proporção, toda forma fixa,
toda conveniência, toda economia, anunciando assim um novo corpo, que em sua radical
contestação da ilusão se quis transparente. Eliminando todo segredo, todo mistério, eliminou-se
também nosso invólucro corporal, o que estava dentro, passa a ser visível. Nossos órgãos, por meio
de dispositivos midiáticos, tornam-se matéria para o jogo de cena, como nos prova o diretor italiano
Romeo Castellucci em seus espetáculos. Antonin Artaud em um de seus últimos textos “Aliéner
l’acteur” (1947) utilizou a expressão “anatomia furtiva” para evocar mais uma vez um “novo corpo
humano” que o teatro da crueldade faria nascer. Um corpo que não pode se fixar em uma forma, um
corpo inadequado, impróprio, que refuta toda anatomia, todo contorno. Um corpo eternamente vivo,
poroso, corpo-devir. A questão que se impõe aqui é se esse “corpo impróprio”, em sua plasticidade
infinitamente deformável, poderia desafiar o imperativo dos “corpos reais”, em sua meticulosa
tarefa de extermínio da ilusão cênica.
Palavras-chave: corpo sem órgãos; anatomia furtiva; desaparecimento do real.
Por uma estética teatral híbrida: o teatro do “pensamento selvagem” de Francisco Carlos
Lourdes Kaminski Alves (UNIOESTE)
Resumo: Este texto apresenta uma reflexão sobre a estética teatral híbrida do diretor e dramaturgo
amazonense Francisco Carlos, cuja obra tem forte conexão com a proposta da devoração crítica
proposta por Oswald de Andrade, sobretudo, as peças do “Pensamento Selvagem”. A tetralogia
Jaguar cibernético (1993) é composta das peças autônomas: “Banquete Tupinambá”, “Aborígene
em Metrópolis”, “Xamanismo the Connection” e “Floresta de Carbono – De Volta ao Paraíso
Perdido”. Os textos de Francisco Carlos propõem o deslocamento, a desautomatização do olhar do
leitor/platéia, suas montagens, em geral, discutem etnografia, colonização, história, humanidades,
reunindo referências filosóficas, antropológicas, sociais. Em sua arte o dramaturgo propõe: A)
Aprofundar os debates (temas e linguagens artísticas) especificamente o “canibalismo tupinambá”
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que envolveram a montagem do projeto da tetralogia canibal “Jaguar Cibernético”. B) Aprofundar
estudos sobre canibalismo tupinambá mergulhando na obra de Florestan Fernandes A função social
na sociedade tupinambá, crônicas do século XVI e XVII e debater os campos da história e
etnografia, sobre o papel central e fundamental – status e prestígio – da mulher tupinambá, nas
sociedades tupis dos séculos XVI e XVII. C) Discutir a proposta antropofágica de Oswald de
Andrade – os modos como explorou e deixou em aberto às teorias da fonte tupi. Em entrevista,
concedida aos jornalistas Valmir Santos e Pollyana Diniz para o Teatrojornal, 2011, Francisco
Carlos, reflete que nos anos 1980 e 1990, construiu a fase do “Pensamento Selvagem”, a partir de
estudos embasados em Claude Lévi-Strauss, observando o lado antropológico de Antonin Artaud
em relação às peças dos índios mexicanos [os tarahumaras]. Para o autor, “a ideia de arte
contemporânea fragmentária, híbrida e plural tem por base a arte primitiva africana e ameríndia”.
As peças propõem uma reflexão sobre o do canibalismo no pensamento ocidental e seus
antecedentes antropológicos, filosóficos e históricos; uma leitura dos desdobramentos
psicanalíticos, filosóficos e artísticos da Antropofagia o que nos faz pensar sobre a amplitude da
proposição de Oswald de Andrade contida no Manifesto e seu potencial de significação na
contemporaneidade.
Palavras-chave: Estética teatral híbrida; Francisco Carlos; tetralogia Jaguar cibernético.
Teorias do Teatro e da Performatividade
O que o “Hamlet dos trópicos” tem a nos dizer? Análise da montagem teatral brasileira de
Hamlet, dirigida por Aderbal Freire-Filho
Camila Paula Camilotti (UTFPR)
Resumo: É notório que o teatro, como um poderoso instrumento de contextualização, coloca em
evidência a atemporalidade de textos e de autores clássicos que compõem o cânone literário
universal. A encenação de textos, de modo geral, e a encenação dos textos de William Shakespeare,
em particular, constroem sentido que culmina na reflexão e na transformação do público que o
recebe por meio de um universo audiovisual, em determinado tempo e espaço. Assim, o texto,
escrito em outra época e em outro espaço, faz sentido a um novo público quando, no momento da
misè-en-scéne, é enunciado pelos atores junto aos elementos não verbais do espetáculo teatral, tais
como figurino, cenário, música e luzes. A magia do teatro, mais especificamente, da encenação,
permite que autores e obras estejam sempre atuais em qualquer época, em qualquer sociedade, em
qualquer espaço. Dessa forma, com base nessa perspectiva, o presente trabalho busca analisar o
processo de transição da obra Hamlet, do célebre Shakespeare para o palco brasileiro do século
XXI. Mais especificamente, trata-se do espetáculo teatral homônimo dirigido por Aderbal Freire
Filho e encenado, pela primeira vez, no teatro FAAP, na cidade de São Paulo, no ano de 2008. A
análise do espetáculo, especialmente em seus momentos de concepção e de recepção, será feita com
base nos princípios teóricos de Patrice Pavis (2008, 2010), Allan Dessen (2002), Susan Bennet
(1994) e Marco de Marinis (1993) e buscará respostas para a seguinte pergunta: o que o “Hamlet
dos trópicos” tem a nos dizer, em pleno século XXI?
Palavras-chave: Hamlet; contextualização; encenação; espetáculo teatral.
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Microutopias do texto e da cena: discurso e performance relacionais contemporâneos em
PROJETO BRASIL
Cauê Krüger (UFRJ/PUC-PR)
Resumo: O presente artigo tem por objetivo relacionar a estrutura de sentimento (Williams, 2002)
da dramaturgia contemporânea (Ryngaert, 2013; Sarrazac, 2012; Pais, 2016; Danan, 2010;
Fernandes, 2013; Da Costa, 2009; Neto, 2016; Baumgartel, 2012), com o acompanhamento
etnográfico da concepção do espetáculo PROJETO bRASIL realizado pela companhia brasileira de
teatro. A montagem, que contou com o patrocínio da Petrobrás, obedeceu um processo de criação
muito singular, composto pela realização de seminários e investigação acadêmica formal; circulação
das peças de repertório; oferta de oficinas e pesquisa de campo (através de viagens, entrevistas,
encontros com artistas, público e registro de imagens) em capitais das cinco regiões nacionais.
Tendo como foco “o momento ascendente e contraditório que vivemos hoje no nosso país” (CBT,
2017), tanto o processo de construção quanto o próprio espetáculo resultante evidenciam uma
instigante problematização da autoria, do discurso, da representação da alteridade e da nação,
características da cena contemporânea. Além de apontar para os desafios da peça em relação à
trajetória da equipe, o presente artigo se propõe a interpretar a dramaturgia concebida enquanto
formas de exploração das microutopias do texto, da retórica e da cena a partir da estética relacional
de Bourriaud (2009) e do antagonismo relacional de Bishop (2004).
Palavras-chave: dramaturgia contemporânea; performance; representação; discurso; antagonismo
relacional.
O trabalho do tradutor-dramaturgo: um estudo pavisiano da tradução
Braz Pinto Junior (UFGD)
Resumo: A especificidade da tradução teatral defendida por PAVIS (2007) em O Teatro no
Cruzamento de Culturas é foco desse estudo que procura traçar um paralelo entre o trabalho do
tradutor e o do dramaturgo. A partir de uma reflexão sobre o processo de tradução do texto
dramático e de suas características procuramos considerar o gênero dramático e sua concretização
cênica transcendendo a relação sugerida pelo senso comum de causa e efeito. Nessa perspectiva em
que o texto dramático não é entendido apenas como base para uma encenação futura, mas como um
processo de criação em diversos níveis, buscamos entender também o processo de tradução literária
como uma espécie de adaptação dramatúrgica em que é possível conceber elementos comuns ao
trabalho do dramaturgo, o que resulta na adoção do conceito híbrido de tradutor-dramaturgo.
Palavras-chave: dramaturgia; tradução teatral; Patrice Pavis; tradutor-dramaturgo.
Revisitando Arena conta Zumbi: A montagem de João das Neves
Ana Maria Lange Gomes (UNESP-Assis)
Resumo: Cinquenta anos após a montagem inaugural paulista de Arena conta Zumbi de 1965, o
diretor João das Neves traz aos palcos a sua versão da peça, contando para tal pela primeira vez,
com um elenco exclusivamente de atores negros. A proposta desta comunicação é tecer algumas
observações com relação a esta montagem, considerando as relações que conserva ou modifica com
a primeira montagem de 1965, tendo por pano de fundo o contexto histórico e social de inserção dos
espetáculos. Como material de análise serão considerados os paratextos publicitários, os materiais
de divulgação, fotografias, texto da peça, entrevista dos artistas, críticas e os registros de áudio e
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vídeo. A partir dessas considerações, espera-se evidenciar, contrariando críticas da época, o caráter
imperecível do texto dramatúrgico em questão.
Palavras-chave: teatro; Arena conta Zumbi; musical brasileiro; João das Neves.
O Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare e sua presença na cena contemporânea brasileira
Angélica Tomiello (UEM)
Resumo: A presença de Shakespeare em encenações é recorrente em diferentes épocas e países,
não por sua universalidade, mas pela qualidade de sua obra. Desde os primeiros registros de sua
presença no teatro brasileiro, do século XIX ao século XX, feitos por Celuta Moreira Gomes
(1959), percebe-se que, mesmo que com as traduções francesas, tão problemáticas para alguns
devido ao caráter romântico dado às peças shakespearianas, o dramaturgo elisabetano se fez
presente. Na cena contemporânea tal presença não deixou de ser relevante através do trabalho de
grupos de teatro popular, como o Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare, que desde sua fundação
em 1993 com a encenação de Sonhos de uma noite de verão, traz o bardo para os palcos. É um
grupo que mantém o caráter colaborativo de produção, um contínuo de estudos sobre a presença
cênica do ator, sempre com a técnica clown presente em sua estética de criação. O objetivo do
presente trabalho é, portanto, apresentar o trabalho desse grupo da cena nordestina, que, de certa
forma, atualiza os sentidos da obra shakespeariana, retomando o caráter popular de sua obra a partir
da inserção, enquanto grupo teatral brasileiro, na cena contemporânea.
Palavras-chave: Shakespeare; cena contemporânea; teatro brasileiro; clowns de Shakespeare.
A Ofélia de Shakespeare recriada por Marcelo Marchioro
Assiria Maria Linhares Masetti (UNIANDRADE)
Orientadora: Anna Stegh Camati (UNIANDRADE)
Resumo: Em 1992, como parte do projeto Shakespeare no Parque, desenvolvido em Curitiba, o
encenador paranaense Marcelo Marchioro dirigiu Hamlet (1601), de William Shakespeare, situando
a ação num Brasil em época de impeachment, envolvido num mar de lama. A personagem Ofélia,
que talvez seja a heroína mais cultuada do dramaturgo, tem sido caracterizada no palco com o
emprego de estratégias que variaram de acordo com cada época e cada cultura. Neste trabalho,
serão discutidos alguns recursos utilizados pelo encenador para desenvolver sua personagem,
fazendo com que ela, de filha submissa no início do drama passe a ser o sujeito de suas ações a
ponto de tomar decisões que subvertem os códigos morais e sociais de sua época. Entre esses
recursos, destaca-se a criação de um duplo cênico para caracterizar a donzela, de forma a revelar a
cisão de sua personalidade: a Obediente, filha submissa às orientações do pai e aos ditames das
normas sociais; a Rebelde, que encarna no palco os desejos inconscientes da heroína. Para embasar
a análise, serão utilizados os postulados teóricos de Linda Hutcheon, Patrice Pavis e Bertolt Brecht.
Palavras-chave: Ofélia; recriação; face e máscara; estranhamento.
Ói Nóis na Rua: O Amargo Santo da Purificação encenado pelo grupo Ói Nóis Aqui Traveiz
Hadassa Nascimento Welzel (UEM)
Resumo: O objetivo da comunicação é proporcionar um olhar atento à dramaturgia do grupo Ói
Nóis Aqui Traveiz, que teve seu início no ano de 1978 e tem um papel importante no âmbito do
teatro brasileiro, mais especificamente entre os coletivos de teatro que têm uma preocupação em
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fazer teatro político. O recorte escolhido foi a encenação da peça de 2008, O amargo santo da
purificação, cujo assunto é a ditadura brasileira tendo como fio condutor poemas de Carlos
Marighella, que na peça são musicados. Para tanto, utilizaremos tanto conceitos do teatro épico
elucidados por autores como Iná Camargo Costa e Anatol Rosenfeld quanto a gravação da
encenação da peça.
Palavras-chave: Ói Nóis Aqui Traveiz; teatro; sociedade.
Retratos e Paisagens em Gertrude Stein – O Processo Criativo do Laboratório de Criação e
Investigação da Cena Contemporâneo em uma abordagem autoetnográfica
Lucas Rodrigues de Souza (UFF)
Resumo: O presente trabalho pretende debruçar-se sobre os treinamentos e processos criativos dos
performers residentes do Laboratório de Criação e Investigação da Cena Contemporânea da
Universidade Federal Fluminense, coordenado pela professora e diretora teatral Martha Ribeiro.
Valendo-se da descrição autoetnográfica para tanto, o trabalho pretende esmiuçar, de certa forma, o
processo laboratorial do projeto de pesquisa “Retratos e Paisagens em Gertrude Stein”, que se
desdobra no espetáculo “Eu Sou Eu Porque Meu Cachorrinho Me Conhece”, com trechos dos textos
da escritora modernista Gertrude Stein, com dramaturgia e direção da coordenadora. O trabalho
pretende abordar conceitos-chave elaborados pela diretora, tais como “objeto”, “repetição” e
“fluxos”, que se desenvolvem na produção criativa dos residentes. Também pretende perpassar as
relações e vínculos criados entre os performers residentes, suas experiências cênicas e as anotações
de seus cadernos de artista.
Palavras-chave: teatro performativo; etnografia; processos criativos; objetos; caderno de campo.
Camadas de ativismo político em performance site specific. do coletivo Salmonela Urbana Cia
Performática
Lúcia Helena Martins (UNESPAR)
Resumo: A característica de ativismo político está implícita em performances realizadas em
espaços urbanos, pois são práticas de ações transformadoras, que reagem e resistem às pressões do
ambiente. O presente trabalho visa analisar questões ativistas relacionadas ao processo da
performance site specific “Coração das Trevas: uma jornada mítica civilizada pelo centro cívico”,
realizada em 2016 e desenvolvida a partir do projeto de extensão “Processos criativos na prática de
performances e intervenções em espaços diversos”, na UNESPAR/Curitiba-Campus 2, em parceria
com o Coletivo Salmonela Urbana Cia Performática de Curitiba. A performance surgiu de
investigações-ações realizadas no Centro Cívico, onde se localizam várias instâncias de poder na
cidade. Por meio da experiência sensível no espaço e da observação de posturas dos outros e de si
mesmos, os transeuntes foram atores e espectadores do processo realizado nessa performance que
buscou denunciar as realidades pós-coloniais veladas do local. Foi possível observar diversas
camadas de ativismo político, na medida em que o trabalho aconteceu na rua, da rua e para a rua. A
performance ampliou possibilidades para estados de encontros fortuitos nos locais específicos,
tornando o público/transeunte produtor de presença e sentido. Estas questões serão discutidas à luz
de Nicolas Bourriaud, Augusto Boal, Michel de Certeau.
Palavras-chave: Salmonela Urbana Cia Performática; performance; ativismo político.
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Recriando a tragédia shakespeariana: Macbeth de Villela
Rebeca Pinheiro Queluz (UFPR)
Resumo: Esta comunicação tenciona refletir sobre o espetáculo Macbeth, de Gabriel Villela,
encenado pela primeira vez em 2012 no Teatro Vivo, em São Paulo. Contou com Marcelo Antony e
Claudio Fontana nos papéis do protagonista Macbeth e de sua esposa e cúmplice Lady Macbeth,
respectivamente. Para nossa análise, foram utilizados uma gravação em formato de DVD, a
tradução de Marcos Daud e o texto do espetáculo fornecidos pela produção. Nossa pesquisa
compartilha os pressupostos teóricos de Linda Hutcheon, Patrice Pavis, Barbara Heliodora, José
Roberto O'Shea. Em Macbeth, Villela propõe uma reflexão em torno dos binômios vida e arte,
realidade e ficção, entre aquilo que é ou não é, entre a aparência e a essência. Ele concretiza essa
proposta, principalmente, através da introdução de elementos épicos e metateatrais. Os artifícios da
construção dramática confrontam o espectador a todo momento, levando-o a manter uma atitude de
distanciamento crítico. A encenação incorpora esses questionamentos existenciais, materializados
no trabalho coletivo de produtores, cenotécnicos, coreógrafos, maquiadores, figurinistas,
sonoplastas, contrarregras, figurantes e atores.
Palavras-chave: adaptação; Shakespeare; Macbeth; teatro brasileiro; Gabriel Villela.
Rútilo nada de Hilda Hilst: da escrita performativa à performatividade da cena
Eliza Pratavieira (UNIANDRADE)
Resumo: Na primeira década do século XXI, a literatura de Hilda Hilst passa por um processo de
canonização por meio diversas instâncias, e neste movimento as adaptações para a cena tem um
papel importante. O fenômeno das encenações criadas a partir das literaturas são uma forma de
ressignificar a função da palavra na cena e contribuem para o processo de circulação da obra
literária. Esta tendência se intensifica na virada do século e cria espaços para vozes descentradas
tanto no campo da literatura como das artes cênicas. Durante o século XX, os preceitos modernos
são questionados e isso amplia os pontos de emissão, os modos de composição e as formas de
recepção da produção simbólica, recuperando procedimentos pré-modernos e abrindo espaço para
outros modos de dizer. A partir destas questões, proponho como material de pesquisa Rútilo nada,
uma ficção homoerótica, publicada em 1993, e a sua encenação, um espetáculo de dança produzido
em 2010 pelo Núcleo EntreTanto. A partir das ideias de reescritura (Blanchot, Barthes e
Compagnon); intermidialidade (Hutcheon e Rajewsky); e performance (Cohen, Pavis e Lehmann)
proponho uma leitura possível dos modos de pensar a escrita ficcional de Hilda Hilst e a sua
presença na cena.
Palavras-chave: textualidades híbridas; escrita; adaptação; performance; encenação; dança.
História, crítica e cultura
Os ingleses e a comédia de costumes de Martins Pena e França Júnior: o mundo das
negociatas e dos favores
Andresa de Angeli Viotti (UEM)
Resumo: A presente comunicação tem por objetivo discorrer sobre os costumes da sociedade
fluminense do século XIX. Estes estão representados nas peças Os Dous ou o Inglês Maquinista, do
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comediógrafo Martins Pena e Caiu o Ministério!, de França Júnior, sendo possível demonstrar e
analisar como ocorre a dialética entre as obras e o seu contexto histórico. Considerando que a
primeira peça é de 1842 e a segunda de 1883, pode-se verificar como os negociantes estrangeiros
são representados por meio dos personagens ingleses Mr. Gainer em Os Dous ou o Inglês
Maquinista e Mr. James em Caiu o Ministério!. Para tanto, é preciso passar em revista as
características da Comédia de Costumes, gênero brasileiro, inaugurado por Martins Pena, a fim de
compreender o comprometimento social do teatro. Utilizaremos os estudos realizados por Iná
Camargo Costa (1998) e Sábato Magaldi (2004), como base teórica para discutir como ambos
comediógrafos utilizam o recurso cômico para tecer críticas e instaurar reflexões através da arte.
Palavras-chave: comédia de costumes; Martins Pena; França Junior.
Visniec, o dialogador do Absurdo
Camylla Galante (UNIOESTE)
Resumo: Uma das características mais marcantes da obra de Matei Visniec é o diálogo recorrente
entre o autor e outros dramaturgos e ensaiadores já consagrados na Literatura Dramática, como
Beckett, Meierhold, Tchekov e Ionesco. Estes se transformam em personagens nos dramas de
Visniec e não raro contracenam com suas próprias criações. Algumas vezes, porém, há apenas a
menção aos dramaturgos e o uso do contexto histórico destes como uma forma de reflexão sobre o
teatro e a escrita como um ato político, principalmente nos países europeus que passaram por
guerras e ditaduras no século XX. A presente comunicação visa demonstrar como o dramaturgo
romeno, por meio da paródia, do pastiche e da intertextualidade dialoga com esses autores e como,
a partir disso, pensa no papel do teatro nestes períodos de conflito como forma de denúncia e
resistência.
Palavras-chave: teatro do absurdo; pastiche; paródia; intertextualidade.
Os espectros De Heiner Müller
Danilo Riva de Moraes (UNIRIO)
Resumo: O presente artigo se constitui em uma tentativa de apresentar, resumidamente, a
dissertação de mestrado defendida em dezembro de 2016, no Programa de Pós-Graduação em Artes
Cênicas da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (PPGAC – UNIRIO), com orientação
da Profª Drª Angela Materno de Carvalho. O estudo realizado teve como principal eixo de
abordagem a análise de alguns dos confrontos artísticos e históricos que o dramaturgo estabelece
com escritas teatrais anteriores, configurando o que ele mesmo denomina como “diálogo com os
mortos”. Tendo também eixos norteadores deste estudo as noções de tempo e de história, o presente
texto se desenvolve por meio da abordagem de determinados temas, figuras e noções relevantes
para esta análise, tais como: fantasma, profecia, revolução, violência, coro, coletivo e homem-
máquina.
Palavras-chave: dramaturgia; Heiner Müller; história; tempo.
A dramaturgia curitibana hoje em diálogo com suas raízes
Helena Cecilia Carnieri Staehler (UFPR)
Resumo: Este trabalho propõe um panorama sobre a dramaturgia criada em Curitiba hoje, herdeira
de inúmeras influências recebidas ao longo dos últimos 50 anos. Como marco importante, o Teatro
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de Comédias do Paraná (TCP) do Teatro Guaíra perdurou de 1962 a 2006. Nos anos 1970, entre
outros exemplos, o Grupo Margem inovou com a criação de peças com texto próprio e inventivo, a
partir dos experimentos com a escrita de Manoel Carlos Karam. De 2009 a 20015 existiu um
relevante propulsor: o Núcleo de Dramaturgia do Sesi/PR. Por ali passaram cerca de 200 alunos,
todos tendo no mínimo uma peça escrita, no que representou um incentivo sem precedentes à
autoria na cidade. Um questionamento que se levanta é de que forma a academia pode contribuir
para não apenas documentar a “nova onda”, mas caminhar a seu lado de modo a incentivar a
formação continuada dos autores. O artigo irá trazer referências de pesquisas anteriores como a de
Marta Morais da Costa e Ignácio Dotto Neto (2000) e Selma Suely Teixeira (1992).
Palavras-chave: dramaturgia curitibana; formação continuada; diálogo.
O Túnel, de Dias Gomes: uma leitura alegórica do contexto histórico brasileiro pós-64
Marcio da Silva Oliveira (UEM)
Resumo: O presente trabalho apresenta um recorte da nossa pesquisa que analisa a peça O Túnel,
de Dias Gomes, publicada em 1967, buscando demonstrar como ele formaliza esteticamente,
utilizando-se da alegoria, o momento histórico brasileiro imediatamente posterior à instauração da
ditadura militar. Além disso, destacamos o modo como ele dialoga com grupos teatrais e
dramaturgos para alcançar um resultado estético formal que aproxima arte e sociedade, mostrando,
pela literatura, o perigo social da naturalização dos atos e da alienação aos fatos. A peça mergulha o
imaginário do leitor/espectador no inóspito mundo de um engarrafamento, cujas regras são ditadas
abstratamente, por figuras invisíveis, para suscitar um debate produtivo acerca de conceitos como
estagnação, desconforto, asfixia, encarceramento e naturalização diante de uma realidade autoritária
que desponta no cenário nacional. Através dela se comprova o modo como Dias Gomes se insere
nas propostas de teatro social no período, sob influência de grupos como o Teatro de Arena e o
Teatro Opinião e em diálogo produtivo com autores como Gianfrancesco Guarnieri, Chico Buarque
e Augusto Boal.
Palavras-chave: Dias Gomes; literatura e sociedade; teatro moderno brasileiro.
Perfeitas, Sublimes e Brutas: A cartografia do humano sob a perspectiva dramática de Ivam
Cabral e Rodolfo García Vázquez
Nelson Marques (UERJ)
Resumo: Ao longo de uma série de pesquisas com anônimos que circulam diariamente pela cidade
de São Paulo, Ivam Cabral e Rodolfo García Vásquez construíram uma trilogia que tem como ponto
de partida o olhar do homem comum sobre a vida. Este trabalho tem como objetivo analisar o que
há por trás da multiplicidade colocada em cena pela dupla de dramaturgos e como ela nos ajuda a
mapear o cotidiano daqueles que perambulam em meio às ilusões e desilusões do dia a dia. A
referida multiplicidade, segundo o pensamento de Deleuze-Guattari, coloca as personagens em
questão sendo transpassadas por meridianos que as levam constantemente para todas as direções. A
dramaturgia de Cabral e Vázquez, desse modo, torna-se capaz de cartografar a humanidade das
pessoas perfeitas, sublimes e brutas colocadas em cena num jogo que amalgama realidade (os
depoimentos) e irrealidade (a criação cênica).
Palavras-chave: multiplicidade; Ivam Cabral; Rodolfo García Vázquez; cartografias.
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A Poética Marginal de amor, paixão e desencanto na obra de Roberto Parra, no teatro
popular, La Negra Ester
Patricia V. Cuevas Estivil (UNIOESTE)
Resumo: Este artigo propõe uma releitura da peça teatral, cume da cultura popular contemporânea
chilena, a partir da obra em décimas, do cantor, compositor e poeta popular Roberto Parra
Sandoval. La Negra Ester (1971). Nesta obra, o autor relata em versos autobiográficos, uma etapa
que começa em setembro de 1958, quando é contratado como guitarrista da orquestra Luces del
Puerto, no cabaré Río de Janeiro. Ali conhece a Negra Ester, meretriz do porto muito famosa e
desejada, que o introduz na marginalidade do vício, brigas e mortes por tomar posse do corpo
desejado. Propõe-se analisar a presença simultânea de estéticas culturais diferentes que operam uma
dessacralização do culto em meio à explosão de uma poética marginal. A palavra suja, o gesto
obsceno, estabelecem vínculos entre a poesia popular e a poética do teatro moderno contemporâneo.
A peça revela a dor, paixão e desencanto, da vida nos prostíbulos, a mercê de outra marginalidade
muito mais poderosa, oculta nas convenções sociais estabelecidas pela burguesia chilena. A
linguagem coloquial revestida de sarcasmo, ironia, humor, gírias e palavrões, se transforma em
material de riqueza e complexidade por onde transita o submundo chileno, numa sociedade marcada
pela dupla moral.
Palavras-chave: teatro popular chileno; poética marginal; dessacralização; Roberto Parra.
A metateatralidade da autoficção cênica
Ricardo Augusto de Lima (UEL/UEM)
Resumo: Esta comunicação visa apontar alguns resultados obtidos durante minha pesquisa de
doutorado finalizada em agosto de 2017, na qual levanto a hipótese de que, uma vez incorporada à
cena contemporânea, a autoficção alcança efeitos metateatrais ao mesclar em um único discurso
autobiografia e ficção. Partindo da impossibilidade do teatro autobiográfico, a autoficção cênica é a
mais recente manifestação de um eu no texto dramático que surge ainda no século XIX com a
dramaturgia do eu de August Strindberg. Entretanto, diferente do proposto pelo teatro íntimo e por
outras formas dramáticas (como o biodrama e o teatro documentário), a autoficção cênica se
sustenta em um discurso ambíguo, intensificado na cena pela presença do ator, pela possibilidade de
desdobramento dos personagens e pela própria ficcionalidade do espaço cênico. Desta forma,
estamos diante de desdobramentos e rupturas de uma forma tradicional de se fazer teatro que
origina uma cena metateatral cíclica, na qual a presença de uma voz que diz “eu” ecoa colossal no
meio de heróis cotidianos. Para tanto, utilizo-me de cinco textos-espetáculos para ilustrar as
variedades desse mecanismo, a saber: Luís Antônio-Gabriela, de Nelson Baskerville e Verônica
Gentilin (2011); Conversas com meu pai, de Alexandre Dal Farra e Janaína Leite (2013); Óstia
(2012) e Tebas Land (2013), ambas de Sérgio Blanco, e BR-Trans (2016), de Silvero Pereira.
Palavras-chave: autoficção cênica; ambiguidade; metateatro; teatro contemporâneo.
Entre sujeito e objeto: representações femininas em Ibsen
Vicentônio Regis do Nascimento Silva (UEL)
Resumo: Henrik Ibsen (1828-1906) dedicou boa parte de sua obra a explicitar os problemas da
família burguesa, concedendo destaque à mulher, que não usufruía da liberdade, nem dos benefícios
capitalistas destinados ao homem. Fruto de quatro anos de doutorado, nossa comunicação tem por
objetivo apresentar os resultados de nossa tese: as personagens femininas do dramaturgo norueguês
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são, em sua maioria, sujeitos (históricos e de direito). A constituição do sujeito histórico erige-se na
comparação das práticas e representações da mulher do século XIX, geralmente delineada como
mulher-objeto, às das mulheres ibsenianas, construídas como mulher-sujeito cujas ações ainda
seriam consideradas ousadas até mesmo após o início da Guerra Fria. Diante das obras analisadas –
Casa de bonecas (1879), Um inimigo do povo (1882), O pato selvagem (1884), A dama do mar
(1888), Hedda Gabler (1890), Solness, o construtor (1892), John Gabriel Borkman (1896) –
independente da condição de protagonista ou de personagem secundária, os modelos femininos têm
voz (recorrem ao discurso, ferramenta de libertação), vez (instauram espaços) e liberdade (sexual e
afetiva, aplicando suas escolhas ao casamento, à família, à maternidade e ao corpo).
Palavras-chave: dramaturgia moderna; Ibsen; representações do feminino.
O Testamento do Cangaceiro, de Chico de Assis: uma peça da construção do projeto de
cultura popular do teatro brasileiro da década de 1960
Beatriz Yoshida Protazio (UEM)
Resumo: Este trabalho pretende estudar, a partir do conceito de teatro épico-dialético, a peça O
Testamento do Cangaceiro, de Chico de Assis e o projeto de cultura que ela – entendida dentro de
uma trilogia de peças de teatro de cordel do autor – desvela. O enredo desenvolve-se a partir da
morte dos pais de um jovem sertanejo, que será o herói da peça, Cearim. A personagem se envolve
em uma série de confusões e armadilhas em busca de uma “melhora de vida”. Nesse sentido, a
partir de sua forma estética, buscar-se-á ver como ela responde às necessidades impostas por seu
tempo histórico e refletir sobre seus acertos e limites, desde o ponto de vista das relações entre arte
e sociedade e o projeto mais geral no qual ela se insere.
Palavras-chave: teatro brasileiro; cordel; Chico de Assis; literatura e sociedade.
Dramaturgia em diálogos: Mecanismos intertextuais entre Cato a tragedy in five acts, de
Joseph Addison, e Catão, de Almeida Garrett
Carolina Filipaki de Carvalho (UNICENTRO)
Orientador: Edson Santos Silva (UNICENTRO)
Resumo: Esta pesquisa analisa os mecanismos e efeitos de intertextualidade entre duas peças
homônimas: Catão. A primeira tragédia foi publicada em 1713 e é de autoria do inglês Joseph
Addison (1672-1719). A segunda data de 1822 e foi escrita pelo português Almeida Garrett (1799-
1854), quem, no prefácio das duas primeiras edições de Catão, afirma ter se inspirado na tragédia de
Addison para escrevê-la. A partir das leituras dos prefácios garrettianos, a metodologia de pesquisa
segmenta-se entre a revisão bibliográfica acerca do tema e a apresentação de perspectivas de
leituras intertextuais de versos, cenas e didascálias no Catão de Garrett, que remetem ao texto de
Addison. O referencial teórico encontra respaldo em Julia Kristeva, Bakhtin (1895-1975), Affonso
Romano de Sant’Anna e Linda Hutcheon, dentre outros teóricos que investigam a intertextualidade
e a literatura comparada. A análise indica que a obra garrettiana fixa-se no entremeio da estilização
e da paródia, uma vez que a reescrita da obra visa à superação do texto-fonte.
Palavras-chave: dramaturgia; intertextualidade; estilização; paródia; literatura comparada.
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Uma longa jornada e uma pausa para o café: Eugene O´Neill entre o luto e o perdão
Claudiana Soerensen (UFPR)
Célia Arns (UFPR)
Resumo: O luto é uma forma de elaborarmos as perdas sofridas na decorrência da vida. Apoiado
em Paul Ricoeur, o trajeto de análise é perceber o percurso das narrativas autobiográfica e ficcional
de Eugene O´Neill enfatizando a busca empreendida para o perdão de si e para o outro, presentes
nas obras Longa jornada noite adentro e Antes do café. A tradição filosófica aproxima a
representação do passado – memória – da imaginação. Ricoeur, porém, promove a dissociação do
parentesco ao mostrar duas intencionalidades: “a da memória, voltada para o fantástico, a ficção, o
irreal, o possível, o utópico; a outra, a da história, voltada para a realidade anterior, a anterioridade
que constitui a marca temporal da ‘coisa lembrada’.” (Ricoeur, 2008, p. 26). É justamente esse
“deslocamento” de intencionalidade entre a imaginação e a memória, que geraria a diferença entre
narrativa de ficção, narrativa histórica e a autobiografia. A partir de tais reflexões teóricas-críticas,
pretende-se analisar as duas obras dramatúrgicas percorrendo a memória, a história, o luto e o
perdão (se é que há?!).
Palavras-chave: Eugene O´Neill; Longa jornada noite adentro; Antes do café; Paul Ricoeur; Luto e
perdão.
Peripécias na alcova de Sade
Edson Santos Silva (UNICENTRO)
Resumo: Filosofia na alcova não é apenas um clássico da literatura erótica. É o próprio manual dos
libertinos. Tem como protagonista a jovem Eugénie (15 anos), “filha de um certo Mistival, um dos
mais ricos arrecadadores da capital” descrita como uma virgem de brancura deslumbrante, de olhos
negros de ébano e de longos cabelos castanhos. Seu irmão incestuoso (Cavaleiro de Mirvel) entrega
a garota à Madame de Saint-Ange, encarregada da “educação” erótica da jovem. A formação de
Eugénie consistirá basicamente de discussões filosóficas e práticas sexuais que objetivavam libertá-
la das virtudes quiméricas e religiosas. Ou, para ser mais direto, a educação da jovem baseia-se “un
peu de parole, un peu de foutre”, tudo em perfeita sintonia. Durante os momentos de “pausa”, entre
a prática da sodomia ou outras penetrações, os protagonistas abordam diversos temas: Deus,
política, castidade, crime, incesto, liberdade, casamento, pudor, ateísmo, laicidade do Estado,
prostituição, assassinato, moralidade, etc.
Palavras-chave: erotismo; deseducação; dramaturgia.
Metaforizando a experiência: imagens da vida e da memória em I am my own wife, de Doug
Wright, e em Finir en Beauté, de Mohamed El Khatib
Felipe Valentim (UERJ)
Resumo: A proposta de comunicação está centrada na construção dramatúrgica que explora o
diálogo a partir da noção de fragmento nas peças I am my own wife, do estadunidense Doug
Wright, e Finir en Beauté, do franco-marroquino Mohamed El Khatib. Ambas as peças são
originadas a partir de entrevistas, marcadas por uma relação de afeto entre entrevistado e
entrevistador. Em Wright, o dramaturgo se incumbe da tarefa de resgatar a história de um travesti
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que sobreviveu ao nazismo e ao comunismo na Alemanha Oriental; ao editar o material coletado, os
limites entre entrevistado e entrevistador são borrados. Em El Khatib, o entrevistador reconstrói a
história do luto de sua mãe que falece durante um processo em que ela cedia entrevistas ao próprio
filho para projeto de "escrita do íntimo", sobre o qual ele estava engajado e que tinha por escopo
examinar modos de traduzir a sua língua materna, o árabe, para uma linguagem teatral. As peças
são narrativas construídas a partir de documentos: páginas de diários, cartas, mensagens eletrônicas
e virtuais, reportagens; fragmentos que evidenciam relações afetivas, narrativas autobiográficas,
trechos da língua materna, além de demarcar o espaço cênico como um espaço da memória.
Palavras-chave: corpo; cena documental; autobiografia; dramaturgia; encenação.
O teatro paraibano pede passagem: linguagem e representação cultural em Lourdes Ramalho
Fernanda Félix da Costa Batista (UEPB)
Resumo: O teatro brasileiro foi, por muito tempo, reduzido à cena do eixo Rio-São Paulo, deixando
de fora as produções cênicas que aconteciam, principalmente, no Nordeste. Este trabalho trata de
uma discussão em torno do teatro campinense, a partir da análise-interpretação da produção de
Lourdes Ramalho. A pesquisa resultante é caracterizada como documental, uma vez que utiliza
fontes de jornais e outros documentos impressos para tecer as considerações sobre a peça “A feira”,
encenada em 1976, tomada enquanto um documento histórico aberto às interpretações que dialogam
com o contexto de produção-recepção. Tem-se como objetivo compreender a importância de
Lourdes Ramalho para o teatro e atentar para a linguagem utilizada pela dramaturga, quase sempre
tida como destaque na obra, capaz de representar de maneira enfática o povo do contexto retratado.
Diante da análise empreendida é possível perceber um constante diálogo entre o texto ramalhiano e
o cenário histórico-cultural vivido no Brasil entre os anos 1965-1985, bem como o uso de
linguagem que se quer representativa da realidade cultural representada pela dramaturga
campinense, bem como para o cenário nacional.
Palavras-chave: história do teatro; teatro paraibano; dramaturgia; Lourdes Ramalho.
Quem são estas vozes: algumas questões sobre a identidade ficcional na cena britânica recente
Márcio Luiz Mattana (UNESPAR)
Resumo: O presente estudo discute questões relativas à identidade ficcional em alguns textos da
chamada “nova escrita” britânica, de Caryl Churchill, Martin Crimp, Mark Ravenhill e Sarah Kane.
Partindo de uma ideia de Jean-Pierre Ryngaert acerca do apagamento dos traços das personagens na
dramaturgia contemporânea, a pesquisa se concentrou em peças nas quais as falas das personagens
são distribuídas por siglas (letras ou números) e em peças cuja interlocução é marcada apenas por
travessões ou quebras de linha, deixando para a montagem a atribuição das falas. Ao analisar estes
experimentos, o estudo avalia quais traços de identidade se apagam e discute qual é o conceito de
personagem que sobrevive em cada caso. O estudo é um dos resultados do projeto de pesquisa
“Voz, ator, personagem: questões de identidade no teatro britânico recente”, vinculado ao Grupo de
Pesquisa Poéticas da Cena da UNESPAR – Universidade Estadual do Paraná.
Palavras-chave: personagem; identidade; dramaturgias contemporâneas.
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As escritas de si na dramaturgia contemporânea: a consolidação do monólogo como forma
dramática
Marina Stuchi (UEL)
Resumo: A presente comunicação pretende apresentar aspectos do projeto de doutorado, ainda em
fase inicial, com o intuito de promover o debate acerca de algumas questões relativas à dramaturgia
contemporânea. Como questão inicial a pesquisa busca investigar como se configuram formalmente
as escritas de si na dramaturgia contemporânea e quais são as implicações dessa temática nas
categorias estruturantes do drama. Um dos pressupostos é a de que o monólogo se transforma de
elemento pertencente ao drama em forma dramática em textos teatrais contemporâneos que têm
como mote de criação dramatúrgica a utilização de relatos autobiográficos. Partindo dessa primeira
constatação outras questões se abrem: qual é o papel do personagem em uma dramaturgia na qual o
dramaturgo pretende falar de si; como se configura o diálogo em uma forma teatral com apenas um
intérprete em cena; quais são as implicações causadas pela fricção entre realidade e ficção nessa
dramaturgia. Pretende-se problematizar como a escrita de si na forma dramática do monólogo
favorece o testemunho direto e a narrativa íntima, mas também tem a potência de se constituir como
discurso de vozes sociais, despertando a reflexão e o engajamento do espectador.
Palavras-chave: dramaturgia contemporânea; escrita de si; monólogo; personagem dramático;
monólogo polifônico.
Discussão sobre o trágico moderno em “os mal-amados”, de Lourdes Ramalho
Monalisa Barboza Santos (UEPB)
Resumo: Ao declarar que “Os mal-amados é uma tragédia”, a dramaturga Lourdes Ramalho gerou
uma série de questionamentos sobre esta peça, notadamente ao se considerar a formalização de um
conflito indissolúvel, anunciado desde os primeiros acontecimentos, como possibilidade de leitura
do enredo. Porém, deve-se questionar: quais os critérios para a classificação de um texto como
tragédia? Como se aciona o trágico na modernidade? Por meio desses questionamentos, buscou-se
discutir aspectos como a forma da Tragédia, a filosofia do trágico e suas relações com a
modernidade/contemporaneidade, a partir da análise-interpretação da peça ramalhiana: “Os mal-
amados” (1976-7). Toma-se as discussões realizadas por Sarrasac (2013), Szondi (2011), Lesky
(2008) e Maciel (2016). Esta pesquisa explicita a importância em torno do preenchimento dos
pontos obscuros sobre a historiografia do teatro de Campina Grande-PB, tomando as contribuições
ramalhianas e seu empreendimento sobre as formas de pensar e fazer teatro em nossa região.
Palavras-chave: dramaturgia moderna; trágico moderno; filosofia do trágico.
A adequação da ideologia com a forma de Die Hamletmaschine, de Heiner Müller
Renata Morales Diaz (UFPR)
Resumo: O seguinte trabalho propõe o estudo da adequação da forma do texto teatral Die
Hamletmaschine, de Heiner Müller, à ideologia transmitida pelo autor. A partir da análise do texto,
especialmente no momento de monólogo do ator, vemos uma invasão do Hamlet-ator no espaço dos
entes ficcionais, fato que determina a característica dominante da obra. Além disso, verifica-se a
importância da ilustração da intertextualidade presente na obra e da evocação do passado, um
diálogo entre os mortos. Lê-se também a característica de Brecht de Kopien, aprimorada por Müller
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e sua aparição em Die Hamletmaschine. A partir dos conceitos referidos acima, esse trabalho
relaciona a substância social à animação da obra, ou seja, analisa a influência do meio social nas
escolhas de escrita do poeta dramático.
Palavras-chave: Die Hamletmaschine; Kopien; ideologia; Müller; intertextualidade.
Expressionismo social como estratégia interpretativa da obra de Jorge Andrade
Devalcir Leonardo (UEM)
Resumo: O expressionismo alemão representou uma diversidade de formas artísticas e filosóficas
no início do século XX. Ernst Toller (1883-1939), dramaturgo e militante político, experimentou
uma dialética visceral entre vida social e elaboração estética, constituindo em uma nova síntese que
o aproximou de um expressionismo social. Diante disso, o objetivo desta comunicação é aplicar os
conceitos de “expressionismo subjetivista” e “expressionismo social” definido por Raymond
Williams nas obras Vestido de Noiva (2004) de Nelson Rodrigues e A Moratória (1970) de Jorge
Andrade. O referencial teórico que embasa esta pesquisa é a crítica materialista, portanto, reflexões
como de WILLIAMS (2011) demarcando o teatro como fórum político e COSTA (2001) sobre a
modernidade tardia do teatro brasileiro serão fundamentais. Os resultados desta pesquisa apontam
como fator relevante a aproximação entre o expressionismo social de Toller como novas
possibilidades de leitura da obra de Jorge Andrade.
Palavras-chave: expressionismo social; teatro moderno; Jorge Andrade; Ernst Toller.
A recepção inicial de Edward Albee no Brasil
Esther Marinho Santana (UNICAMP)
Resumo: The Zoo Story, de Edward Albee, estreou na Off-Broadway em 1960. Em 1961, foi
encenada em São Paulo pela New York Repertory Company, e no ano seguinte recebeu sua
primeira produção brasileira, na Escola de Arte Dramática. Em 1965, foi dirigida por Emílio
Fontana, no Teatro Oficina, de onde seguiria para outros palcos, e comporia um programa duplo
com Dois perdidos numa noite suja, de Plínio Marcos, em 1967. Em sua resenha para as estreias
paulistas e cariocas de 1969, Anatol Rosenfeld defende que, naquela temporada, dramaturgos
estreantes, ou quase estreantes, como Leilah Assumpção, Consuelo de Castro, José Vicente e
Antônio Bivar, inspiraram-se na peça albeeana, sobretudo em termos formais. Ainda, suas temáticas
aparentadas alinham-se à significativa parcela da fortuna crítica brasileira para The Zoo Story, que a
interpreta em tons pessimistas, análogos às considerações de Martin Esslin, que a depositaram no
Teatro do Absurdo. Interessa-nos, pois, resgatar e analisar como o primeiro trabalho albeeano foi
compreendido pela crítica dramática brasileira na década de 1960, uma vez que a reescritura de tal
texto, em 2004, não apenas o deposita em um polo oposto às formulações do Absurdo, como parece
responder aos apontamentos que o julgavam como uma exposição de descrenças.
Palavras-chave: Edward Albee; teatro do absurdo; recepção crítica; teatro brasileiro; anos 1960.
Propulsores do trágico em Anjo negro de Nelson Rodrigues e Combate de negro e de cães de
Bernard-Marie Koltès: reflexões acerca da dramaturgia contemporânea
Lucas Ribeiro Galho (UFPel)
Resumo: O presente artigo tem por objetivo analisar alguns dos elementos propulsores do trágico
nos textos Anjo negro (1946), de Nelson Rodrigues, e Combate de negro e de cães (1979), de
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Bernard-Marie Koltès. A pesquisa parte do trabalho de conclusão realizado em 2015 pelo autor no
curso de Teatro-Licenciatura da Universidade Federal de Pelotas. Apesar de a tragédia como
conhecida em seu auge na Grécia do século V a.C. não mais existir, a sua essência atravessou o
tempo, adaptando-se e transformando-se, de maneira que seus resquícios constituintes podem ser
observados na dramaturgia moderna e contemporânea. Inicialmente, serão investigados elementos
da tragédia clássica presentes nas referidas peças, bem como componentes dramáticos que conferem
tragicidade às mesmas. O artigo buscará então verificar como os temas mencionados anteriormente
se estabelecem como motores trágicos na contemporaneidade. Por fim, tendo como principal
referencial teórico o estudioso inglês Raymond Williams, refletir-se-á sobre as obras enquanto
retrato da nossa sociedade, expondo, através da lente da tragédia, alguns de seus problemas e
necessidades mais urgentes.
Palavras-chave: dramaturgia; tragédia; Nelson Rodrigues; Bernard-Marie Koltès.
O surrealismo e a escrita dramatúrgica contemporânea: uma aproximação desejante
Marcos Savae (UEL)
Resumo: O presente trabalho parte do princípio que certas dramaturgias contemporâneas propõem
um regime de sentido (construção de um dado conhecimento a partir da experiência de linguagem)
para além do representativo, em que a fábula, como um de seus principais componentes
constitutivos, sofre um processo de problematização. Se na tradição, a mimese da ação tem força
formal de construção da forma dramática como fenômeno estético pautado pelo procedimento
lógico-causal, escritas contemporâneas sugerem, ao utilizar ostensivamente a linguagem, com foco,
na cena e na presença, a necessidade de aproximação entre os conceitos de teatralidade e
performatividade como forma de compreensão da tessitura do drama contemporâneo, de viés
sensorial. O problema teórico principal é que no pós-dramático (LEHMANN, 2007) se instaura a
morte do drama (do texto) e tem-se enfoque total para cena, enquanto que, no teatro rapsódico
(SARRAZAC, 2002) há uma tentativa de resgatar a importância da fábula (do drama, da escrita)
como uma das múltiplas maneiras de se fazer teatro. Identifica-se no Surrealismo, com seu viés
materialista e de justaposição de opostos, potencial para tornar imanente uma aproximação entre
esses campos interpretativos divergentes, como estratégia de compreensão de escritas dramáticas
contemporâneas que propõe uma leitura do drama para além da representação.
Palavras-chave: fábula; teoria do drama; dramaturgia contemporânea; surrealismo.
Combate de negro e de cães: a representação da mulher e do negro na peça de Bernard-Marie
Koltès
Fernanda Vieira Fernandes (UFPel)
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo principal analisar como o dramaturgo Bernard-
Marie Koltès insere e caracteriza a personagem feminina Léone e o personagem negro Alboury na
peça Combate de negro e de cães (1979). A proposta dialoga com a tese de doutorado em Letras da
autora defendida em 2014 na UFRGS. Tendo como ponto central as relações estabelecidas entre
dois homens brancos franceses e os personagens em estudo neste artigo, a obra koltesiana apresenta
aspectos importantes no que se refere à opressão racial e de gênero. Inicialmente, serão fornecidas
breves informações sobre o autor e a peça. Na sequência, o artigo debruçar-se-á na análise dos
referidos personagens, verificando suas características gerais, a maneira como são construídos por
Koltès, como se comportam na trama e, em especial, como são vistos e tratados pelos demais. Logo
após, lançar-se-ão ideias de aproximação entre a figura da mulher e a do negro por conta da situação
em que se encontram no enredo, bem como pontos de afastamento entre ambos em suas
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peculiaridades de opressão. À guisa de conclusão, o trabalho refletirá sobre a importância de temas
como o racismo e o machismo na dramaturgia contemporânea ocidental.
Palavras-chave: Bernard-Marie Koltès; Combate de negro e de cães; personagem; machismo;
racismo.
A pesquisa em literatura dramática contemporânea: breve análise da peça Música para
cortar os pulsos, de Rafael Gomes
Mario Celso Pereira Junior (UFPel)
Orientadora: Fernanda Vieira Fernandes (UFPel)
Resumo: Este trabalho tem como objeto de estudo a peça Música para cortar os pulsos: Monólogos
sentimentais para corações juvenis (2010), do dramaturgo brasileiro Rafael Gomes. O texto
apresenta os universos particulares de três jovens personagens e a ciranda de relações amorosas
vividas por elas. O interesse pela referida obra despontou a partir da participação do autor deste
artigo como colaborador no projeto de pesquisa “Leituras do drama contemporâneo”, da
Universidade Federal de Pelotas, coordenado pela Prof.ª Dra. Fernanda Vieira Fernandes, vinculado
ao “Grupo de Estudos em Teatro: Histórias e Dramaturgias” (CNPq). Em 2016, o grupo analisou
aspectos do texto de Gomes e propôs uma leitura dramática do mesmo. O artigo visa apresentar
uma breve análise da peça, a partir dos seguintes pontos: estrutura geral; tempo/espaço;
personagens; conflito e linha de ação. No primeiro momento, serão fornecidas informações sobre o
projeto desenvolvido na UFPel, o dramaturgo e a obra. Na sequência, o trabalho dedicar-se-á ao
estudo dramatúrgico da peça utilizando como principais referenciais Jean-Pierre Ryngaert, Renata
Pallottini, Massaud Moisés e Anne Ubersfeld. Por fim, lançar-se-á uma reflexão inicial a partir da
investigação realizada na pesquisa sobre os aspectos da escrita dramática contemporânea
verificados em Música para cortar os pulsos.
Palavraschave: literatura dramática; dramaturgia contemporânea; análise dramatúrgica; Rafael
Gomes; Música para cortar os pulsos.
Estudos de Intermidialidades
Distanciamento épico e gestus social: do palco ao romance
Sandra Vanessa Versa Kleinhans da Silva (UNIOESTE)
Orientadora: Lourdes Kaminski Alves (UNIOESTE)
Resumo: As obras de Brecht revelam o esforço em refletir dialeticamente as relações entre a
própria obra e a sociedade, as quais são intensificadas pelo efeito de distanciamento proposto por
ele em seu teatro épico, teatro no qual Brecht acredita ser necessário mostrar, não somente as
relações inter-humanas no palco, mas também as determinantes sociais de tais relações. Neste
estudo, objetiva-se refletir sobre as potencialidades estéticas do efeito de distanciamento e do gestus
social em duas obras distintas de Brecht: a Ópera dos Três Vinténs (1928) e o Romance dos Três
Vinténs (1934). Vale salientar que estes textos, resguardadas as diferenças de gêneros literários,
temporalidades e contextos históricos, operam na constituição de uma `consciência de minoria`, em
que o personagem funciona como um veículo de comunicação e impulsiona a reflexão crítica do
leitor/público/plateia. Embasam a reflexão crítica, os próprios estudos de Brecht sobre o teatro e
sobre a literatura, estudos de Anatol Rosenfeld (1985), Gerd Alberto Bornheim (1992), Gilles
Deleuze e Félix Guattari (1996; 2010), Peter Szondi (2001), entre outros.
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Palavras-chave: Brecht; teatro; romance; distanciamento épico; gestus.
Teatro e memória em Gabriel García Márquez
Kaline Cavalheiro (UNIOESTE)
Resumo: Diatriba De Amor Contra Un Hombre Sentado é a única obra teatral construída por
Gabriel García Márquez, nesta construção o autor nos apresenta o monologo de uma personagem
frustrada que expõe sua vida, anseios e arrependimentos. Nesta obra temos García Márquez
refletindo sobre o perfil da personagem, contexto social, histórico e cultural demonstrado por meio
da voz da personagem que reflete sobre sua existência e contrasta com o silencio do marido. Em
conjunto com este texto temos as obras Cheiro de Goiaba e Viver Para Contar, um texto de
entrevista e outro autobiográfico que expressam o modo como a construção de García Márquez é
uma reflexão de seu real na obra ficcional. Neste contexto o presente artigo tem como objetivo a
análise da construção desta obra no diálogo com os elementos autobiográficos de García Márquez,
em especial como o autor utiliza as vozes de sua Vó, Mãe e Esposa na construção de personagens
como a Graciela de Diatriba De Amor Contra Un Hombre Sentado.
Palavra-chave: autobiografia; construção de personagens; monólogos.
As tramas rapsódicas de Maria Bethânia no teatro contemporâneo brasileiro
Renato Forin Jr. (UEL)
Resumo: Esta comunicação apresenta o resultado da pesquisa de doutorado sobre a obra de Maria
Bethânia pelo viés do teatro. A tese conceitua, sistematiza e situa historicamente o “espetáculo de
música teatralizado”, forma que a intérprete concebeu junto do diretor Fauzi Arap entre os anos
1960-1970 e refinou ao longo de cinco décadas de trajetória artística, com diferentes encenadores.
O roteiro destes shows é pensado a partir da minuciosa organização intertextual de fragmentos
literários e canções, compondo uma dramaturgia feita de quadros sucessivos, que dialoga com
signos cênicos. Após comprovar a essência teatral das montagens, propomos sua análise à luz da
teoria do drama. Utilizamos como referencial o francês Jean-Pierre Sarrazac, para quem a
“rapsódia” regressa da ancestralidade grega na forma de uma “pulsão” para se transformar em uma
das qualidades peculiares do teatro moderno e contemporâneo. Assim, o texto teatral torna-se um
jogo de construção a partir de colagens e montagens, e o autor é uma espécie de engenheiro que
organiza esses elementos. Concluímos que o espetáculo de música teatralizado de Maria Bethânia
anuncia no Brasil características e procedimentos da cena contemporânea, que se tornariam
paradigmáticas nos palcos a partir dos anos 1980.
Palavras-chave: Maria Bethânia; rapsódia; teatro contemporâneo; canção; musical.
O corpo cênico contemporâneo: Um estudo sobre a conscientização dos gestos
Thiago Piquet (UFF)
Resumo: O estudo crítico sobre o CORPO constata que as transformações artísticas vêm propondo
que este deva assumir uma maior centralidade nas obras de artes, principalmente a partir dos anos
60 e 70, com o surgimento dos happenings e da body-art. A partir de então, observamos haver uma
forte tendência em se (con)fundir, numa mesma ação, diferentes vertentes artísticas, e cada vez mais
surgirem indagações mais densas sobre o conceito de corpo. Com enfoque na questão dos gestos e
movimentos para se construir um corpo cênico contemporâneo, atrelado ao conceito de “corpo sem
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órgãos” proposto por ARTAUD no início do século XX, e do “corpo paradoxal” proposto por JOSÉ
GIL nos anos 2000, este estudo mergulhará no livro “A Dança” escrito por KLAUSS VIANNA nos
anos 90, em busca de conceitos que nos leve a uma percepção total do corpo e à conscientização
dos gestos.
Palavras-chave: corpo; cena; dança; movimentos; gestos.
Chão de Estrelas, sátira e ditadura – o encontro de (quase) opostos em Tatuagem
Anna Catharina Izoton Alves Mariano (UNM)
Resumo: o presente trabalho analisa as apresentações teatrais apresentadas no Chão de Estrelas, no
filme Tatuagem (2013). Os espetáculos são altamente poéticos e subversivos, desafiando os limites
da censura artística existente no Brasil de 1978. Em Tatuagem acontece uma justaposição e a
intercalação de teatro e vida real no filme, e inúmeras cenas teatrais são mostradas quase em sua
totalidade, denotando que elas têm muita importância no filme. Sendo assim, nós como
espectadores do filme somos espectadores duplamente nas cenas em que o teatro está sendo
encenado. Um dos objetivos deste trabalho é entender como a justaposição de gênero artístico
maximiza os sentidos produzidos pela peça teatral, afinal grande parte do filme são cenas da peça
criada pelo grupo teatral que o filme apresenta. Além disso, Tatuagem mostra diversos opostos que
se encontram e precisam dialogar, como os protagonistas Arlindo, chamado de Fininha - um
soldado - e Clécio - o diretor e líder do Chão de Estrelas. Diferentemente da maior parte dos artigos
sobre esse filme, que focam na questão da sexualidade, vou defender a ideia de que as subversivas e
queer performances do grupo questionam o governo militar e contribuem para deslegitima-lo. Para
tal serão utilizadas as teorias de performance de Richard Schechner (1985) e as teorias de
performance política de Augusto Boal (1975) e de Diana Taylor (2014).
Palavras-chave: performance; teatro; filme; Tatuagem; ditadura militar.
Imagens sensíveis e ficcionalização de si – perspectivas intermidiais na dramaturgia
contemporânea
Gabriela Lirio Gurgel Monteiro (UFRJ)
Resumo: A comunicação aborda a problemática da sensibilidade da imagem a partir da análise da
relação entre o ator e seu duplo refletido na cena contemporânea. Com o advento das tecnologias
digitais, o teatro contemporâneo investe nos relatos autobiográficos e na interface entre ator e
imagens – criadas e/ou pré-registradas e projetadas na cena, muitas das quais provenientes de
arquivo pessoal. Nessa análise, examino como a utilização de dispositivos digitais colabora para
criar uma tensão entre o real e o virtual, entre o passado e o presente, na construção de uma
dramaturgia a partir de lembranças ficcionalizadas em cena. O espetáculo solo « MDLSX », da
companhia italiana Motus, que apresenta a historia de vida da atriz Silvia Calderoni é o objeto de
análise escolhido. A atriz que durante sua infância foi classificada como hermafrodita, questiona as
fronteiras de sua sexualidade e a representação sóciopolítica de seu corpo, fazendo uso de imagens
de arquivo familiar. Calderoni atesta sua transformação por meio da via de « trangressão » criando
« estratégias para agredir os hábitos perceptivos » (CALDERONI, 2016). Palavras-chave: Autobiografia; corpo; tecnologias digitais.
Práticas educativas
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A prática da leitura dramática na formação docente em Teatro e sua repercussão no estágio
do ensino médio da UFPel
Juliana Caroline da Silva (UFPel)
Orientadora: Fernanda Vieira Fernandes (UFPel)
Resumo: Este trabalho tem como objetivo relacionar a pesquisa com leitura dramática realizada no
projeto “Leituras do Drama Contemporâneo”, coordenado pela Prof.ª Dra. Fernanda Vieira
Fernandes, na Universidade Federal de Pelotas, à atuação no estágio de ensino médio da aluna do
curso de Teatro-Licenciatura Juliana Caroline da Silva, colaboradora do projeto. O artigo parte do
percurso e relato de experiência da discente, projetando uma escrita reflexiva que busca
fundamentar a importância da prática com leitura dramática na formação docente e do quanto a
mesma repercutiu diretamente na execução do estágio na Escola Estadual de Ensino Médio Nossa
Senhora de Lourdes (Pelotas/RS). Este, que teve como objetivo geral familiarizar os alunos com
alguns conceitos do teatro, ampliou, através do recurso das leituras, as possibilidades e concepções
da linguagem cênica viáveis dentro da escola pública. A prática, portanto, agregou conhecimentos
específicos do teatro, tais como dramaturgia, ação falada e expressão vocal. Inicialmente, o projeto
será contextualizado, tendo como referenciais Fernandes, Ryngaert e Pavis, para evidenciar o modo
como este se refletiu no estágio. Na sequência, o artigo dedicar-se-á ao relato da experiência
propriamente dita, dentro da escola. Por fim, o estudo prevê uma breve reflexão, abordando a
dimensão que a pesquisa com literatura e leitura dramática possui na formação da artista,
pesquisadora de iniciação científica e futura docente.
Palavraschave: projeto de pesquisa; literatura dramática; leitura dramática; estágio; formação
docente.
O teatro e a literatura como artefatos da cultura surda
Carmen Elisabete de Oliveira (UNIOESTE)
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo apresentar o projeto desenvolvido com crianças
surdas de classe especial de uma escola de Erechim/RS, sobre a fábula da Cigarra e a Formiga. No
desenvolvimento do trabalho fomos questionadas pela forma de comunicação dos personagens por
não conversarem em língua de sinais. Diante disso, embasado em Estudos Culturais (LOPES;
STROBEL; PERLIN) adaptamos a história para a Literatura Surda, na qual uma das personagens é
surda e utiliza Libras. A partir disso construímos com as crianças o livro “A Cigarra Surda e as
Formigas” que é trilíngue – Libras/ Signwriting /Língua Portuguesa e foi publicado posteriormente.
Assim como a Literatura Surda, o Teatro também é um Artefato Cultural dos Surdos. É por eles e
pela expressão facial e corporal da língua de sinais que nos mostram as novas formas de “olhar” e
interpretar seu mundo, por isso a história virou peça de teatro, foi encenada em Libras pelas
crianças e traduzida simultaneamente em língua portuguesa para o público ouvinte. Este trabalho
pretende contribuir com as discussões e estudos referentes às contribuições da literatura para a arte
surda.
Palavras-chave: literatura; teatro; surdos; artefatos culturais.
Teatro de ação: a estética do oprimido no convívio escolar no município de Corbélia
Gislaine Gomes (UNIOESTE)
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Resumo: O presente artigo consiste na apresentação de trabalhos realizados no Colégio Estadual
Amâncio Moro – EFMNP, no município de Corbélia – PR tendo como base principal o Teatro do
Oprimido de Augusto Boal e sua proposta de teatro como ferramenta de ruptura e transformação. A
prática teatral desenvolvida na escola em questão pode (e deve) ser instrumento de educação e
libertação, como reflete Boal (1991, p. 43) “teatro é transformação, movimento, e não simples
apresentação do que existe. É tornar-se e não ser.” é necessário que os alunos deixem de ser e
tornem-se sujeitos ativos no âmbito escolar, e não há melhor e mais prazeroso artifício para realizar
esta tarefa a não ser através da dramaturgia. No decorrer deste artigo será possível acompanhar as
experiências vivenciadas durante a oficina Luz, Teatro...Ação!, projeto desenvolvido com alunos do
ensino fundamental e médio na busca de experiências e aprendizado novos e renovadores por meio
de jogos teatrais, leituras dinâmicas e performances dentro e fora da sala de aula, e ainda, os
reflexos que puderam ser observados na comunidade escolar através destes trabalhos.
Palavras-chave: teatro do oprimido; jogos teatrais; teatro de ação.
De uma noite de festa: Caminhos do teatro de Joaquim Cardozo pela sala de aula
Paulo Henrique dos Santos (PIBIC/FA/CAPES/UNIOESTE)
Orientadora: Lourdes Kaminski Alves (UNIOESTE)
Resumo: O presente artigo visa apresentar reflexões referentes ao projeto de pesquisa de Iniciação
Científica, intitulado “Práticas teatrais e sala de aula: o artifício da palavra em Joaquim Cardozo”. O
referido projeto partiu do interesse de pensar sobre a experiência da arte enquanto atividade
cognitiva, capaz de estimular o pensamento e a atuação de artistas e educadores. Nesta perspectiva,
focou-se no estudo da peça teatral De uma noite de festa (1971), do poeta, ensaísta, crítico e
dramaturgo brasileiro Joaquim Cardozo, com especial atenção para a temática das festas populares
do nordeste. Destaca-se a originalidade da peça que busca reorganizar o bumba-meu-boi no ato de
sua origem. O estudo resultou na proposição de uma unidade pedagógica para subsidiar o trabalho
com o texto dramatúrgico na sala de aula, no contexto da Educação Básica. A justificativa de
escolha de Joaquim Cardozo está na elaboração de uma linguagem literária que valoriza a cultura
popular no que esta tem de ambivalente, no próprio sentido posto por M. Bakhtin (1996). O estudo
desenvolveu-se com base nos pressupostos de Augusto Boal (1988), Flávio Desgranges (2011),
Olga Reverbel (1989) e Ingird Dormien Koudela (1984), entre outros.
Palavras-chave: Joaquim Cardozo; festas populares; teatro e sala de aula.
Do sentido do teatro para o público: Vinegar Tom (1976), de Caryl Churchill
Cleonice Alves Lopes-Flois (UNIOESTE)
Resumo: Neste texto pretende-se analisar, à luz das teorias do teatro épico de Brecht, a peça
Vinegar Tom (1976), de Caryl Churchill. A dramaturga apresenta, sob a ótica do feminino, a
história da caça às bruxas no século XVII, na Inglaterra, abordando a falta de possibilidade das
mulheres nas decisões acerca do próprio corpo numa subordinação existente ao longo da história, a
partir de um contexto em que problemáticas individuais se inserem na esfera social. Utiliza-se de
canções para estabelecer relações entre passado e presente entremeando as cenas de forma a falar ao
espectador de hoje sobre temáticas caras e relevantes às mulheres. Esse recurso cênico musical nas
obras de Brecht servem para tecer comentários sobre os textos tomando posição perante ele e
agregando-lhe novas perspectivas. A autora assimila criticamente estratégias do teatro político
abordando temáticas tratadas por meio do distanciamento da plateia em relação ao que ocorre no
palco, de forma que o espectador tenha um olhar crítico sobre os acontecimentos, afastando-se da
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ideia do espetáculo apenas como um recorte da história. Suas peças repercutem um sentimento
crescente de ousadia teatral contribuindo significativamente com a dramaturgia contemporânea.
Palavras-chave: dramaturgia inglesa; cena contemporânea; teatro épico.