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Page 1: Caderno Lei Rouanet Pensarte

Contribuições ao debate público da Lei RouanetNova lei de fomento e incentivo em consulta pública

Page 2: Caderno Lei Rouanet Pensarte

Lei Rouanet em debate

Fabio MacielPresidente

Instituto Pensarte é uma organização

cultural de interesse público fundada em

2000 com o objetivo de articular a

sociedade em torno da importância

estratégica da cultura. Protagonizou

neste período o avanço das políticas

culturais, envolvendo-se com

importantes causas, no Brasil e no

exterior. Realiza seminários, fóruns e

discussões sobre o tema, à procura de

proposição e diálogo com todas as

instâncias da sociedade, sobre a

relevância da cultura como elemento

estratégico em busca do

desenvolvimento sustentável.

SOBRE O PENSARTEApós quatro semanas de intensos debates sobre a proposta do MinC de substituição da Lei Rouanet, o Instituto

Pensarte divulga o resultado parcial desses encontros.

Neste documento apresentamos os principais tópicos discutidos por representantes da sociedade civil para que

o debate continue e sirva de parâmetro para o aprimoramento das leis que regem o setor.

A opinião pública é parte importante da construção de uma sociedade democrática, por isso pedimos sua

participação divulgando este documento e apresentando suas propostas, até o dia 6 de maio, para a Casa Civil

[[email protected]]. As discussões continuam no site www.culturaemercado.com.br .

Os textos aqui apresentados, necessariamente, não refletem necessariamente a opinião do Pensarte, mas são

fundamentais para a construção de um debate democrático.

www.pensarte.org.br e www.culturaemercado.com.br

Page 3: Caderno Lei Rouanet Pensarte

Lei Rouanet: formato atual1

Histórico da relação governamental com a Lei Rouanet2

O que muda com o novo projeto?3

Desfazendo mitos4

Conclusão5

Page 4: Caderno Lei Rouanet Pensarte

Lei Rouanet: formato atual1Histórico da relação governamental com a Lei Rouanet2

O que muda com o novo projeto?3

Desfazendo mitos4

Conclusão5

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1991 1993 1997 2000 2001 2002 2003 2005 2006 2007 2008 20092004

Histórico da relação governamental com Leis de Incentivo

Incentivo à criança e adolescente

(Artigo 260 do Estatuto da Criança e do Adolescente, alterado pela Lei 8.242/91)

100% de abatimento de imposto de renda para pessoas juridicas e fisicas

Incentivo à Cultura (Lei Rouanet)

Mecanismo dos artigos 25/26 (abatimento parcial de imposto de renda).

30 ou 40% de abatimento do imposto de renda para pessoas jurídicas e 60

ou 80% de abatimento do imposto de renda para pessoas físicas

Incentivo ao Audiovisual (Lei do Audiovisual, artigo 1)

125% de abatimento do imposto de renda para pessoas jurídicas

e 100% de abatimento do imposto de renda para pessoas físicas

Incentivo à Cultura vai a 100%

Medida Provisória nº 1.589/1997 convertida na Lei

9874/99

100% de abatimento do imposto de renda para

pessoas jurídicas ou físicas para aplicação em

projetos de áreas específicas (artes cênicas; livros de

valor artístico, literário ou humanístico; música erudita

ou instrumental; circulação de exposições de artes

plásticas; doações de acervos para bibliotecas públicas

e para museus). Paras as outras foi mantido o

abatimento de 30 ou 40% de abatimento do imposto

de renda para pessoas jurídicas e 60 ou 80% de

abatimento do imposto de renda para pessoas físicas

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Cria fundo de fomento à indústria cinematográfica (FUNCINE)

para a atividade audiovisual (Medida Provisória 2228/01)

Benefício fiscal parcial regressivo: iniciava em 68% e era reduzido

gradativamente ao longo dos períodos (só permitia pessoa jurídica)Amplia os incentivos à cultura que recebem 100%

(Medida Provisória 2228/01)

Áreas que foram inseridas no 100% (exposições de artes

visuais; doações de acervos para bibliotecas públicas,

museus, arquivos públicos e cinematecas, bem como

treinamento de pessoal e aquisição de equipamentos para

a manutenção desses acervos;produção de obras

cinematográficas e videofonográficas de curta e média

metragem e preservação e difusão do acervo audiovisual;

preservação do patrimônio cultural material e imaterial).

Histórico da relação governamental com Leis de Incentivo

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1991 1993 1997 2000 2001 2002 2003 2005 2006 2007 2008 20092004

Amplia benefícios dos fundos de investimento audiovisual - FUNCINES

Lei 11.437/2006. Entendimento do governo que beneficio precisava ser valorizado para "pegar"

100% de abatimento de imposto de renda para pessoas juridicas e fisicas

Cria incentivos ao esporte, das ações educacionais, participação ao

rendimento (Lei 11.438 de 29 de dezembro de 2006)

100% de abatimento de imposto de renda para pessoas juridicas e fisicas

Cria incentivos ao audiovisual, passando os filmes de longa-metragem

do benefício parcial de abatimento - vindo da Lei Rouanet - para o integral

- Lei do Audiovisual (Artigo 1A) - Lei 11.437/2006

100% de abatimento de imposto de renda para pessoas juridicas e fisicas

Histórico da relação governamental com Leis de Incentivo

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Amplia os incentivos à cultura que recebem 100%

Lei 11.646 de 10 de março de 2008

Áreas que foram inseridas no 100% (construção e manutenção de salas de

cinema e teatro, que poderão funcionar também como centros culturais

comunitários, em Municípios com menos de 100.000 (cem mil)

habitantes).

Histórico da relação governamental com Leis de Incentivo

Page 9: Caderno Lei Rouanet Pensarte

CulturaCriança e AdolescenteEsporte

Distribuição da Renúncia Fiscal entre as Leis de Incentivo

Incentivo ao Audiovisual- Abatimento fiscal: de 100 a 125% (art. 1º e 1ºA - lei 8685/93)

- Outro mecanismo Audiovisual, o FUNCINE também permite,

desde 2006, o abatimento de 100% do IR

Lei do Incentivo ao Esporte- Abatimento fiscal: 100% (Lei 11.438)

- Criado por lei em 2006

- Permite o investimento ou patrocínio

em clubes, associações, confederações e

comitês esportivos

- Desde 2007, foram mais de R$ 415

milhões captados, em 282 projetos*

- SP e RJ respondem por mais de 60% da

soma de valores dos projetos aprovados*

Fundo da Criança e do Adolescente- Abatimento fiscal: 100% (Lei 11.438)

- Criado por lei em 1990, alterado nos anos

subsequentes, mas sempre com 100% de abatimento

Incentivo à cultura (Lei Rouanet)- Abatimento fiscal: 30%, 40% ou 100%

- Criado por lei em 1991, alterado em 1999, a lei

tem dois formatos de abatimento: Em um caso, a

empresa abate parte do IR (30-40%) mais o

lançamento como despesa operacional. No outro,

abate 100% do IR devido

- Os formatos de abatimento são dependentes da

área cultural em que o projeto se enquadra

1%

1%4%

Dos 6% do Imposto de Renda devido que é possível aplicar em Leis de Incentivo, 1% pode ser aplicado

no Esporte, outro 1% pode ser aplicado no Fundo da Criança e do Adolescente, enquanto que os 4%

restantes podem ser aplicados na Lei de Incentivo à cultura que o Financiador escolher.

Page 10: Caderno Lei Rouanet Pensarte

Mecanismos de Financiamento à Cultura

Recursos Públicos Incentivo FiscalIncentivo Fiscal com Investimento Privado Investimento Privado

- Fundo Nacional da Cultura (Lei 8.313/91)

- Subvenções do Poder Público

- Programas Públicos em Geral

- Lei 8.313/91 (artigo 26)

- Lei 8.685/93 (artigo 3º, 3ºA)

- Leis Estaduais (Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio grande do Sul, Bahia, Paraíba, Rio grande do Norte, Pará, Amapá, Roraima, Mato Grosso, Goiás)

- Municipais (São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte, Vitória, Curitiba, Maceió, São José dos Campos, Salvador, Belém, Aracaju, Teresina, Natal, Cuiabá, Florianópolis)

- Lei de Incentivo ao Esporte

Mecenato:

- Lei 8.313/91 (artigo 18)

- Lei 8.685/93 (artigos 1o,1oA, Programa Especial de Fomento)

- MP 2.228/01 (Funcine e Condecine)

-

Fundo da Criança e do Adolescente

- Leis Estaduais de São Paulo, Acre, Santa Catarina, Ceará e Piauí.

- Lei 8.313/91 (FICART)

- Doações a OSCIPs

- Lei nº 10.179/01 (Conversão da Dívida Externa)

- BNDES: Linha de Crédito para a Economia da Cultura

Abatimento de ImpostoRecursos Públicos Recursos Privados

Page 11: Caderno Lei Rouanet Pensarte

Mecanismos de Financiamento à Cultura

Recursos Públicos Incentivo FiscalIncentivo Fiscal com Investimento Privado Investimento Privado

- Fundo Nacional da Cultura (Lei 8.313/91)

- Lei 8.313/91 (artigo 26)

- Lei 8.313/91 (artigo 18)

- Lei 8.313/91 (FICART)

Abatimento de ImpostoRecursos Públicos Recursos Privados

- Subvenções do Poder Público

- Programas Públicos em Geral

- Lei de Incentivo ao Esporte

Mecenato:

- Lei 8.685/93 (artigos 1o,1oA, Programa Especial de Fomento)

- MP 2.228/01 (Funcine e Condecine)

-

Fundo da Criança e do Adolescente

- Leis Estaduais de São Paulo, Acre, Santa Catarina, Ceará e Piauí.

- Lei 8.685/93 (artigo 3º, 3ºA)

- Leis Estaduais (Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio grande do Sul, Bahia, Paraíba, Rio grande do Norte, Pará, Amapá, Roraima, Mato Grosso, Goiás)

- Municipais (São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte, Vitória, Curitiba, Maceió, São José dos Campos, Salvador, Belém, Aracaju, Teresina, Natal, Cuiabá, Florianópolis

- Doações a OSCIPs

- Lei nº 10.179/01 (Conversão da Dívida Externa)

- BNDES: Linha de Crédito para a Economia da Cultura

Page 12: Caderno Lei Rouanet Pensarte

Dinâmica de Funcionamento

3. FINANCIADOR- Empresa brasileira tributada no lucro real (aplicação de IR);- Pessoas físicas.

2. MINISTÉRIOGoverno Federal [MinC / ANCINE], Estadual ou Municipal

1. PROPONENTEEmpresa, Instituição ou Pessoa Física proponente de projeto cultural

Liberdade de seleção de projetos dentre o rol aprovado pelo Ministério da Cultura

Critérios para aprovação de projetos:subjetividade é vedada pela lei atual

Page 13: Caderno Lei Rouanet Pensarte

29,26%Comércio e Serviço

19,8%Indústria

11,93%Trabalho

11,71%Saúde

9,07%Agricultura

5%Assistência social

4,63%Educação

1,46%CULTURA

LEI ROUANET: Áreas que recebem incentivo fiscal, em %

Fonte: Receita Federal

Apesar de ser um dos setores mais importantes da

sociedade, a cultura recebe um aporte de apenas 1,46%

dentre as áreas que recebem incentivo fiscal do Governo.

Page 14: Caderno Lei Rouanet Pensarte

Fonte: MinC, 2008

LEI ROUANET: Número de projetos apresentados em cada Região, 2008

504

5.525

1.332

146

828

Pelo gráfico ao lado percebe-se que a concentração de

recursos no Sudeste está atrelada, além da questão

demográfica, à quantidade de projetos apresentados, estando

bastante relacionada à realidade socioeconômica do País.

Page 15: Caderno Lei Rouanet Pensarte

Fonte: MinC, 2008

LEI ROUANET: Número de projetos aprovados em cada Região, 2008

359

4.630

1.047

108

639

Região Sul 78,60%

Região Sudeste 83,80%

Região Nordeste 77,17%

Região Centro-Oeste 71,23%

Porcentagem de projetos aprovados em

relação à quantidade de projetos apresentados:

Região Norte 73,97%

Page 16: Caderno Lei Rouanet Pensarte

EM MILHÕES DE REAIS

LEI ROUANET: Evolução da Captação Anual

Fonte: MinC, 2000 - 2008

0

125

250

375

500

625

750

875

1.000

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

927981

844

724

510430

344

Neste gráfico, pode-se observar como as leis de

renúncia fiscal vem tendo maior compreensão ao longo

dos anos, gerando, consequentemente maior captação.

Page 17: Caderno Lei Rouanet Pensarte

EM MILHÕES DE REAIS

LEI ROUANET: Evolução da Captação Anual, por Região

Fonte: MinC, 2000 - 2008

0

100

200

300

400

500

600

700

800

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Centro Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul

Page 18: Caderno Lei Rouanet Pensarte

NÚMEROS ABSOLUTOS

MECENATO: Quantitativo de projetos

0

1.750

3.500

5.250

7.000

Artigo 18 Artigo 26

Número de projetos por tipo de captação

Fonte: MinC, SalicNET, Comparativos/Consolidado/Mecenato

O crescimento contínuo do número de projetos

aprovados indica, naturalmente, um crescimento da

compreensão da importância e funcionalidade da lei

por parte dos proponentes.

ApresentadoAprovadoCaptado

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

3.0653.1992.9132.474

2.0401.5421.371

6.7836.3096.587

5.990

4.958

4.0694.218

8.335

9.402

7.763

9.264

5.726

4.8565.405

Page 19: Caderno Lei Rouanet Pensarte

8,1%

20,3%

20,7%14,3%

6,8%

10,1%

19,7%

Artes CênicasArtes IntegradasArtes VisuaisAudiovisualHumanidadesMúsicaPatrimônio Cultural

MECENATO: Quantitativo Projetos Captados - 2008

Fonte: MinC, SalicNET, Comparativos/Quantitativo/Mecenato/Captação de Recursos/Por Ano e Área Cultural - 2008

Page 20: Caderno Lei Rouanet Pensarte

EM MILHÕES (R$)

MECENATO: Incentivos 2002 - 2007

6 principais estatais6 principais privadasoutras

R$ 1.207.101.975,8740,3%

R$ 1.188.954.143,0039,7%

598.651.815,1320%

Fonte: MinC, 2002 - 2007

0

50

100

150

200

250

300

350

400

2002 2003 2004 2005 2006 2007

67,9 71,745,6

76,4

132,3

204,8

119,2145,4

122,9

231,6

307,7

262,2

6 principais estatais 6 principais privadas

É importante observar que apenas as 12 maiores

empresas, estatais e privadas, representam

aproximadamente 60% dos incentivos através

das leis de renúncia fiscal.

Page 21: Caderno Lei Rouanet Pensarte

Lei Rouanet: formato atual1

Histórico da relação governamental com a Lei Rouanet2O que muda com o novo projeto?3

Desfazendo mitos4

Conclusão5

Page 22: Caderno Lei Rouanet Pensarte

1991 1995 1997 1998 1999 2000 2002 2005 2006 2007 2008 20092004

Histórico da relação governamental com a Lei Rouanet

Lei nº 8.313/91 (“Lei Rouanet”)

Estabelece o PRONAC a partir de

três pilares: Fundo Nacional de

Cultura ‒ FNC (fundo público),

Fundos de Investimento Cultural e

Artístico ‒ FICART (fundos privados)

e MECENATO (renúncia fiscal).

Decreto nº 1.494/95

O primeiro Decreto a regulamentar

efetivamente o PRONAC em seu conjunto,

determinando regras para o funcionamento

do FNC, FICART e MECENATO, além de

regras específicas para a eleição dos

membros da Comissão Nacional de

Incentivo à Cultura ‒ CNIC representativos

da sociedade civil, conforme previsões

contidas na Lei Rouanet.

Portaria Conjunta MinC/MF nº 01/1995

Destinada à regulamentação da fruição,

pelas pessoas físicas e jurídicas, dos

incentivos fiscais previstos pela Lei

Rouanet no sistema do MECENATO.

Elaborada em conjunto com o

Ministério da Fazenda, representou

esforço no sentido de controle e

fiscalização quanto à utilização dos

recursos oriundos de renúncia fiscal.

Page 23: Caderno Lei Rouanet Pensarte

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Lei nº 9.532/97

Dentre outras disposições

estabelece o limite de 4% do IR

devido para dedução das doações

feitas por pessoas jurídicas na

modalidade MECENATO (separando

tal limite das doações feitas nos

termos do Programa de Amparo ao

Trabalhador ‒PAT e daquelas feitas

para os Fundos da Criança e do

Adolescente).

Portaria nº 219

Tem por objeto a regulamentação

do uso das marcas de identificação

do apoio concedido pelas

ferramentas de financiamento que

compõem o PRONAC na divulgação

dos projetos apoiados.

Portaria MinC nº 46

Primeiro diploma a estabelecer de forma

minuciosa as regras para aprovação de

projetos culturais e fiscalização pelo MinC

quanto à utilização dos recursos públicos

utilizados tanto no âmbito do FNC quanto

do MECENATO, sobretudo em termos de

prestação de contas (estabelecendo

prazos, regras e formulários específicos

para tais procedimentos);

Histórico da relação governamental com a Lei Rouanet

Page 24: Caderno Lei Rouanet Pensarte

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Histórico da relação governamental com a Lei Rouanet

Lei nº 9.874/99

Alterou diversos dispositivos da Lei Rouanet e criou a possibilidade

de abatimento de 100% dos valores investidos em projetos por

pessoas físicas ou jurídicas, no caso de patrocínio ou doação a

projetos que previssem iniciativas em áreas culturais específicas (p.

ex. artes plásticas ou artes cênicas, música erudita ou instrumental,

produção de obras audiovisuais de curta ou média metragens).

Criou também a possibilidade de que empresas financiem

projetos de instituições culturais sem fins lucrativos por ela

criados.

Lei nº 9.999/00

Aumenta para 3% o percentual da receita

obtida com concursos de prognósticos e

loterias federais a ser repassado ao FNC.

Decreto nº 5.761/2006 - Revogou o Decreto nº 1.494/95 e

modificou as regras relativas à aprovação de projetos na

modalidade MECENATO. A principal alteração ficou por conta da

modificação da competência da CNIC, à qual, no regime do

Decreto nº 1.494/95 competia a aprovação dos projetos na

modalidade MECENATO e que, no regime do Decreto nº 5.761/06,

passou apenas a subsidiar a decisão do Ministério da Cultura.

Page 25: Caderno Lei Rouanet Pensarte

1991 1995 1997 1998 1999 2000 2002 2005 2006 2007 2008 20092004

Portaria nº 09 (06.03.2007) ‒ Passou a exigir que os recursos captados pela modalidade MECENATO fossem

movimentados exclusivamente em instituição financeira oficial (Banco do Brasil). A partir de tal Portaria, cabe ao

MinC a abertura das contas-corrente específicas dos projetos aprovados (tarefa que antes cabia ao Proponente).

Estabeleceu, ainda, a necessidade de abertura de duas contas, uma para captação de recursos e outra para a

movimentação dos recursos captados, aumentando sobremaneira a burocracia envolvida na gestão dos recursos

captados para os projetos culturais.

*** - Critérios da CNIC ‒ em algum momento durante o ano de 2007 (não se pode precisar por se tratar de ato

informal, sequer publicado no Diário Oficial da União), foi publicado no sítio de internet do Ministério da Cultura

ato contendo uma série de critérios norteadores da aprovação de projetos culturais na modalidade MECENATO.

Tais critérios revelavam o objetivo de restringir o acesso aos recursos de renúncia fiscal, estabelecendo limites e

vedações não previstas seja pela própria Lei Rouanet seja pelo Decreto que a regulamenta.

Histórico da relação governamental com a Lei Rouanet

Page 26: Caderno Lei Rouanet Pensarte

1991 1995 1997 1998 1999 2000 2002 2005 2006 2007 2008 20092004

Portaria nº 04 (26.02.2008)

Modifica as regras para apresentação e instrução de projetos

culturais submetidos ao Ministério da Cultura, aumentando

significativamente a exigência de documentos e informações para

ingresso de projetos nas modalidades FNC e MECENATO. Dentre

tais disposições, passou a proibir que os proponentes se fizessem

representar por instrumento de procuração na prática de diversos

atos junto ao Ministério.

Lei nº 11.646

Altera a Lei Rouanet para fazer incluir a possibilidade de utilização

da modalidade MECENATO para a construção de salas de cinema

em municípios com menos de cem mil habitantes.

Portaria nº 54 (04.09.2008)

Diante de reiteradas críticas do setor cultural editou-se esta

Portaria cujo objetivo foi revogar parte das exigências trazidas pela

Portaria nº 04. Em que pese divulgada como um “processo de

desburocratização” para a apresentação de projetos ao MinC, na

realidade apenas minimizava o grande número de exigências feitas

pela Portaria nº 04, editada anteriormente, mantendo-se parte de

tais exigências, inclusive a proibição à representação por

instrumento de procuração.

Histórico da relação governamental com a Lei Rouanet

Page 27: Caderno Lei Rouanet Pensarte

Lei Rouanet: formato atual1

Histórico da relação governamental com a Lei Rouanet2

O que muda com o novo projeto?3Desfazendo mitos4

Conclusão5

Page 28: Caderno Lei Rouanet Pensarte

Apesar de 80% dos investimentos em cultura* utilizarem a Lei Rouanet, na visão do governo, a Lei se tornou incompatível

com as necessidades do país:

“A gestão da cultura pelas empresas se mostrou inadequada...Não queremos o fim da renúncia fiscal para a cultura. O que

não é sustentável é a manutenção da renúncia como seu principal financiador”

Roberto Gomes do Nascimento, secretário de Incentivo e Fomento à cultura do MinC*

“O ponto central é que a lei atual não realizou plenamente as intenções para as quais foi criada... A falta de critérios faz

com que muita coisa que não deveria ser patrocinada acabe sendo”

Juca Ferreira, ministro da Cultura**

*Entrevista a Revista Época (20/04/2009)** Entrevista ao Meio & Mensagem (27/04/2009)

1. Revogação da Lei Rouanet:

Page 29: Caderno Lei Rouanet Pensarte

1. Revogação da Lei Rouanet:

A revogação da Lei Rouanet - atrelada ao projeto de lei de incentivo à cultura apresentado pelo MinC - acarreta na extinção

da Lei Rouanet em cinco anos conforme Lei 11.768/08 ‒ Lei de Diretrizes Orçamentárias (expresso no artigo 19 do projeto do

MinC). Depois desta data, o apoio a área cultural se dará apenas por “fomento”.

Esta situação, de pronto, impede uma discussão do processo e obriga um necessário debate de aprimoramento da “Lei

Rouanet” e não de sua revogação.

“Trata-se de desejo mal dissimulado de escantear o Congresso em decisões importantes, deixando pontos-chave da

política cultural do governo a serem definidos em gabinetes fechados do Poder Executivo, por meio de decretos

presidenciais”*

* Jornal O Globo - Editorial (05/04/09)

O Que Isso Significa?

Page 30: Caderno Lei Rouanet Pensarte

1. Revogação da Lei Rouanet: Referências

Mais informações nos seguintes artigos:

- Jornal O Globo, Rio de Janeiro/RJ, Editorial, Idéia Fixa: “No momento certo, Lula demonstrou sensatez e engavetou a proposta” - 05/04/09

http://www.culturaemercado.com.br/post/ideia-fixa/

- Site Cultura e Mercado, Gui Afif: “Tsunami Cultural” - 18/04/09

http://www.culturaemercado.com.br/post/tsunami-cultural/

- Revista Época, Ed. 570, Celso Masson: “A Demagogia Rouba a Cena” - 20/04/09

http://www.culturaemercado.com.br/post/revista-epoca-governo-quer-revogar-lei-rouanet/

Page 31: Caderno Lei Rouanet Pensarte

2. Dirigismo Governamental

O projeto do MinC deixa algumas das importantes definições da política de financiamento para regulamentação posterior

(artigos 4, 7, 9, 11, 20, 21, 26, 27, 29, 33, 50), pois, segundo o Ministério, estas seriam tomadas após a consulta pública, uma

vez que suas diretrizes devem ser providenciadas a partir da opinião da sociedade civil.

“Não estávamos especificando esses critérios justamente para não engessar o texto, para que, se quisessem modificar

algo mais tarde, não tivessem que mexer na lei toda.”

Juca Ferreira*

* Trecho retirado do debate realizado no Teatro Leblon, Rio de Janeiro/RJ, no dia 14/04/09

Page 32: Caderno Lei Rouanet Pensarte

O Que Isso Significa?

* Trecho retirado do texto “Tsunami Cultural”

2. Dirigismo Governamental

Deixando estas definições em aberto, o projeto passa para as mãos governamentais o poder regulamentar. Da maneira

sugerida, o projeto vira uma proposta de gestão de governo, e não uma política de Estado para financiamento.

Consequentemente, entende-se que o projeto é centralizador, abrindo a porta para inúmeras discussões, uma vez que

os critérios são subjetivos e, intrinsecamente, não estão previstos na lei. Com isso, ganha o dirigismo governamental e

perde a sociedade.

“As medidas propostas gerarão insegurança política, não apenas no âmbito cultural, mas em todo o universo

político-partidário nacional”

Gui Afif *

“A Rouanet precisa ser reformada, mas essa reforma já deveria especificar os critérios que o MinC pretende usar na

escolha dos projetos”

Eduardo Saron, superintendente de atividades culturais do Itaú Cultural**

Page 33: Caderno Lei Rouanet Pensarte

Referências

Mais informações no seguinte artigo:

- Jornal Gazeta Mercantil, São Paulo/SP, Fábio Maciel: “Casa de ferreiro, espeto de pau” - 09/04/09

http://www.culturaemercado.com.br/post/casa-de-ferreiro-espeto-de-pau/

2. Dirigismo Governamental

Page 34: Caderno Lei Rouanet Pensarte

* Entrevista ao jornal O Globo, Segundo Caderno, 11/04/09** Pronunciamento 23/03/09

3. Novas Faixas de Renúncia Fiscal

Ao invés de cada projeto receber 30% ou 100%, como ocorre hoje em dia, haveria mais quatro faixas, de 60%, 70%, 80% e

90% dos valores despendidos. O enquadramento em cada faixa seria feito pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura

(CNIC) por critérios pré-estabelecidos.

“A intenção da renúncia era atrair dinheiro privado, mas, nos últimos 18 anos, os investimentos tiveram 90% de dinheiro

público e só 10% de dinheiro privado. Isso não é da natureza da lei, é uma distorção”

Juca Ferreira, ministro da Cultura*

“Este modelo não é justo, não é política pública, pois a Lei não nos dá instrumentos para realizar uma política de fato

para a Cultura. As empresas é que definem o que vai ser financiado. O que predomina é o critério privado, que é

excludente”

Juca Ferreira, ministro da Cultura**

Page 35: Caderno Lei Rouanet Pensarte

3. Novas Faixas de Renúncia Fiscal

Com essa medida, o volume de benefícios do imposto de renda serão reduzidos. No caso do mecanismo atual, o benefício

varia de 30/64% a 40/73% (artigo 26) a 100% (artigo 18). Segundo o MinC, 90% dos projetos usam 100% de abatimento do IR.

Após a exigência da contrapartida sem uma política gradual de alteração, as empresas tenderão a se afastar do processo.

“No Rio, o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) admite a queda de arrecadação no

último ano, depois que foi revogada uma deliberação permitindo às empresas definir para que projetos doar. (...) Os

recursos do fundo carioca caíram de R$ 1,7 milhão em 2004 para R$ 332,8 mil em 2007. Em São Paulo, onde há doação

vinculada, a arrecadação foi de R$ 4 milhões para R$ 40 milhões no período.”*

* Trecho retirado do texto “Tsunami Cultural”

O Que Isso Significa?

Page 36: Caderno Lei Rouanet Pensarte

3. Novas Faixas de Renúncia Fiscal Referências

Mais informações nos seguintes artigos:

- Site G1, “Produtores criticam proposta de mudanças na Lei Rouanet” - 02/04/09

http://g1.globo.com/Noticias/PopArte/0,,MUL1071275-7084,00-PRODUTORES+CRITICAM+PROPOSTA+DE+MUDANCAS+NA+LEI+ROUANET.html

- Jornal O Estado de S Paulo, São Paulo/SP, Espaço Aberto: “Dirigismo cultural” - 28/03/09

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090328/not_imp346213,0.php

Page 37: Caderno Lei Rouanet Pensarte

O projeto visa criar diversos fundos de fomento dentro do mecanismo do Fundo Nacional de Cultura (FNC), dentre os quais:

Fundo Setorial das Artes, Fundo Setorial da Cidadania, Identidade e Diversidade Cultural, Fundo Setorial da Memória e

Patrimônio Cultural Brasileiro, Fundo Setorial do Livro e Leitura e Fundo Global de Equalização. Segundo o projeto, o objetivo

desta setorização é alcançar uma maior participação social e permitir o acesso igualitário a todos os segmentos artístico-

culturais.

* Pronunciamento 23/03/09

4. Criação de Fundos

Page 38: Caderno Lei Rouanet Pensarte

4. Criação de Fundos

* Jornal O Estado de S. Paulo, Opinião, 28/03/09

O Que Isso Significa?

O texto não consegue explicar claramente de onde sairão os recursos para financiar cada fundo. Como pode ser visto abaixo,

o Ministro Juca Ferreira tem declarado que pretende taxar a atividade cultural para coletar dinheiro para os fundos, o que

contraria o interesse das partes envolvidas. Além disso, as definições dos diferentes fundos criados dão margem a distintas

interpretações.

“Será que os recursos do FNC canalizados para os projetos de ‘cidadania’, ‘identidade’, ‘diversidade cultural’ ou

‘equalização’ (como serão eles?) deixarão alguma sobrinha para financiar algum espetáculo de teatro, de circo, de dança,

algum concerto, alguma ópera ou alguma exposição?”

Mauro Chaves, jornalista*

Page 39: Caderno Lei Rouanet Pensarte

4. Criação de Fundos Referências

Mais informações nos seguintes artigos:

- Site Cultura e Mercado, Carina Teixeira: “Fórum deve aprofundar discussão sobre Democracia Cultural” - 04/04/09

http://www.culturaemercado.com.br/post/forum-deve-aprofundar-discussao-sobre-democracia-cultural/

- Site Cultura e Mercado, Elaine Thomé “A Lei Rouanet 17 anos depois” - 17/04/09

http://www.culturaemercado.com.br/post/a-lei-rouanet-17-anos-depois/

- Site Cultura e Mercado, Gui Afif: “Tsunami Cultural” - 18/04/09

http://www.culturaemercado.com.br/post/tsunami-cultural/

- Jornal O Estado de S Paulo, São Paulo/SP, Espaço Aberto: “Dirigismo cultural” - 28/03/09

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090328/not_imp346213,0.php

Page 40: Caderno Lei Rouanet Pensarte

* Entrevista ao Meio & Mensagem (27/04/2009)

5. Análise de Mérito

O sistema de contemplação dos projetos será reformulado e avaliado a partir de critérios estabelecidos pela CNIC. O texto da

proposta diz que “Os projetos passarão por um sistema de avaliação que contemplará a acessibilidade do público, aspectos

técnicos e orçamentários, baseado em critérios transparentes e que nortearão o processo seletivo (...) Os projetos que

concorrem ao co-patrocínio serão submetidos a sistema de pontuação que indicará seu enquadramento em um dos

percentuais de renúncia fiscal (...)”.

“É evidente que o risco do dirigismo deve ser evitado, mas o projeto prevê que o mecanismo de gestão de renúncia fiscal,

feito pela Cnic, seja trazido para dentro do FNC, que passa a ser o principal mecanismo de financiamento”.

Juca Ferreira, ministro da Cultura*

Page 41: Caderno Lei Rouanet Pensarte

5. Análise de Mérito

* Jornal O Estado de S. Paulo, Espaço Aberto, 27/04/09

O Que Isso Significa?

Contrariando o artigo 22 da Lei Rouanet que decretava que "Os projetos enquadrados nos objetivos desta lei não poderão ser

objeto de apreciação subjetiva quanto ao seu valor artístico ou cultural.", a proposta permite que o governo realize esta

análise subjetiva, possibilitando o desenvolvimento de “critérios transparentes”. Com lacunas, o texto pode deixar que o

governo altere as regras a cada processo seletivo, impedindo o planejamento dos produtores e instituições, além de dar

margem a um dirigismo cultural governamental.

“Na esfera cultural, o governo, sempre tentando o controle total sobre os recursos tomados à sociedade, busca a

ingerência direta no processo de criação artística. Nada leva a crer que a atual investida na revisão da Lei Rouanet tenha

outro objetivo”

Ipojuca Pontes, jornalista*

Page 42: Caderno Lei Rouanet Pensarte

5. Análise de Mérito Referências

Mais informações nos seguintes artigos:

- Site Cultura e Mercado, Felipe Lindoso: “Diagnóstico errado pode matar o doente” - 01/04/09

http://www.culturaemercado.com.br/post/diagnostico-errado-pode-matar-o-doente/

- Jornal O Estado de S. Paulo, São Paulo/SP, Espaço Aberto, Ipojuca Pontes: “Controle Cultural Socialista” - 27/04/09

http://arquivoetc.blogspot.com/2009/04/controle-cultural-socialista-ipojuca.html

- Jornal O Estado de S. Paulo, São Paulo/SP, Espaço Aberto, Mauro Chaves: “Dirigismo Cultural” - 28/03/09

http://www.culturaemercado.com.br/post/dirigismo-cultural/

- Site Cultura e Mercado, Hugo Barreto: “A prática da Lei Rouanet” - 26/04/09

http://www.culturaemercado.com.br/post/a-pratica-da-lei-rouanet/

Page 43: Caderno Lei Rouanet Pensarte

* Folha de S. Paulo, Ilustrada, (02/04/2009)

6. Cessão de Direitos Autorais

O texto da proposta estabelece que após passados um ano e meio da realização de qualquer obra financiada com recurso

público, a “administração pública federal" poderá dispor dela "para fins educacionais". Além disso, passados três anos, o uso

da obra pelo governo para "fins não comerciais e não onerosos" também será permitido.

“Uma vez explorado o processo econômico de um bem cultural financiado com dinheiro público, proibir ou limitar o

seu acesso numa TV pública ou educacional é um contrassenso que a gente busca sanar com essa medida”

Alfredo Manevy, secretário-executivo do Ministério da Cultura*

Page 44: Caderno Lei Rouanet Pensarte

A proposta prevê a suspensão da reserva de direitos autorais dos bens e serviços realizados com benefício da lei (de renúncia

fiscal), em favor do governo. O artigo afronta o art. 5º, XXVII, da CF, bem como os artigos 28 e 29 da Lei de Direitos Autorais

(Lei nº 9610/98), à medida que a CF garante aos autores o direito exclusivo de exploração de sua obra, e a Lei de Direitos

Autorais exige a autorização prévia e expressa do autor para que terceiros possam utilizar a sua obra.

“Nova Lei Rouanet prevê ‘quebra’ de direito autoral ”

Título de matéria da Folha De S. Paulo*

6. Cessão de Direitos Autorais

* Jornal Folha de S. Paulo, Ilustrada (02/04/09)

O Que Isso Significa?

Page 45: Caderno Lei Rouanet Pensarte

6. Cessão de Direitos Autorais Referências

Mais informações nos seguintes artigos:

- Site Cultura e Mercado, Dirceu P. de Santa Rosa: “Comentários sobre mudanças na Lei Rouanet”

http://www.culturaemercado.com.br/post/comentarios-sobre-mudancas-na-lei-rouanet/

- Revista Época, Ed. 570, Celso Masson: “A Demagogia Rouba a Cena” - 20/04/2009

http://www.culturaemercado.com.br/post/revista-epoca-governo-quer-revogar-lei-rouanet/

Page 46: Caderno Lei Rouanet Pensarte

O projeto recria a CNIC ‒ Comissão Nacional de Incentivo à Cultura e Comitês Gestores setoriais (art. 4 do projeto), mas não

define suas composições. Ou seja, a CNIC será responsável por decisões vitais, com a definição da pontuação de cada projeto

e, consequetemente, seu enquadramento nas diferentes faixas de renúncia.

“Estabelecer critério público não pode ser, a priori, chamado de dirigismo. É difícil aceitar a idéia de que recursos podem

ser distribuídos com lisura na esfera pública. Ou a gente desiste da república ou enfrenta esta questão ”.

Yacoff Sarcovas, diertor-geral da Significa e Articultura*

* Debate realizado pela Folha De S. Paulo (02/04/09)

7. Participação da Sociedade Civil

Page 47: Caderno Lei Rouanet Pensarte

Sem a composição exata da CNIC, como havia no texto da Lei Rouanet, o projeto dá ao governo a oportunidade de selecionar

a seu critério o formato de constituição da Comissão. O projeto não restitui, tampouco, os poderes deliberativos às comissões

paritárias, mantendo o controle na mão do Ministério da Cultura.

“Da forma sugerida, ele vira uma proposta de gestão de governo, e não uma política de Estado para a cultura”

Fábio Cesnik, advogado*

“Em mãos erradas, isso pode ser instrumento poderoso do alinhamento político e ideológico, na lógica do torrão de

açúcar”

Paulo Pélico, diretor da APETESP**

7. Participação da Sociedade Civil

* Revista Época, ed. 570 (20/04/09)** Debate realizado pela Folha De S. Paulo (02/04/09)

O Que Isso Significa?

Page 48: Caderno Lei Rouanet Pensarte

7. Participação da Sociedade Civil Referências

Mais informações nos seguintes artigos:

- As mudanças na Lei Rouanet

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090329/not_imp346472,0.php

- A Lei Rouanet 17 anos depois

http://www.culturaemercado.com.br/post/a-lei-rouanet-17-anos-depois/

- Reforma da Lei Rouanet não altera essência do modelo, dizem produtores

http://www.culturaemercado.com.br/post/reforma-da-lei-rouanet-nao-altera-essencia-do-modelo-dizem-produtores/

Page 49: Caderno Lei Rouanet Pensarte

Lei Rouanet: formato atual1

Histórico da relação governamental com a Lei Rouanet2

O que muda com o novo projeto?3

Desfazendo mitos4Conclusão5

Page 50: Caderno Lei Rouanet Pensarte

Com diversas críticas ao sistema de renúncias fiscais atual, o

MinC desenvolveu a proposta de revogação da Lei Rouanet.

Mas, como poderá ser visto a seguir, tais problemas muitas

vezes são causados por ações do próprio ministério e o

novo projeto não necessariamente aborda soluções.

Page 51: Caderno Lei Rouanet Pensarte

1. Anúncio do MinC opinativo sobre os problemas da lei

Principal mecanismo fomentador da cultura brasileira, pode-se avaliar

que “os benefícios da lei superam de longe os seus problemas”*. O MinC,

no anúncio para a reformulação da Rouanet, anúncia, por exemplo, que

3% dos proponentes ficam com mais de metade dos recursos.

Pode-se dizer que esta é uma informação leviana, uma vez que este

índice mistura todos os tipos de atividades culturais, comparando-as

diretamente, Ou seja, não dá olhos a se o projeto é um Centro Cultural

permanente ou, por exemplo, um livro. Uma restauração de um

patrimônio histórico ou um show pontual.

Retomamos aqui a visão da importância da reformulação em alguns

aspectos da lei Rouanet, mas não de sua revogação.

Page 52: Caderno Lei Rouanet Pensarte

2. MinC critica a distribuição geográfica dos incentivos

O incentivo fiscal da Lei Rouanet baseia-se na destinação de um percentual do imposto de renda das empresas tributadas

no lucro real e das pessoas físicas para projetos culturais previamente aprovados pelo MinC. Assim, as pessoas físicas e

jurídicas tendem a aplicar o seu imposto de renda nas ações que aconteçam na sua esfera de atuação estratégica/

geográfica. Neste sentido, não há na lei mecanismos que invoquem uma distribuição regional, obrigando que os

empresários invistam mais num local ou em outro.

Page 53: Caderno Lei Rouanet Pensarte

2. MinC critica a distribuição geográfica dos incentivos

Desta forma, torna-se natural que os recursos sejam

aplicados nas principais capitais do Brasil,onde há

maior contigente populacional e econômico, como

pode ser visto neste gráfico.

Page 54: Caderno Lei Rouanet Pensarte

2. MinC critica a distribuição geográfica dos incentivos

Fonte: MinC, 2002-2007

Além destes fatos, é interessante perceber que o

próprio MinC segmenta de maneira similar seus

investimento em cultura, uma vez que 46% de seus

recursos estão concentrados nos estados de São

Paulo e Rio de Janeiro.

ACALAPAMBACEDFESGOMAMTMSMGPAPBPRPEPIRJRNRSRORRSCSPSETO

0%0%0%0%2%1%2%1%1%0%0%0%11%1%0%3%2%0%

26%0%6%0%0%2%

42%0%0%

0%0%9%0%8%1%3%0%7%0%0%0%5%0%0%2%7%0%

26%0%4%2%1%4%

20%0%0%

UFRouanet

2002/2007FNC

$ captados

Page 55: Caderno Lei Rouanet Pensarte

Na pessoa de Juca Ferreira, o MinC avalia que as empresas tomam as decisões de patrocínio não por questões culturais, mas

sim por fatores que o envolvem o reconhecimento e valorização de sua marca, além de retorno financeiro.

Ora, nada mais natural, uma vez que as maiores empresas desenvolveram departamentos próprios para selecionar projetos e,

nesse período, nada mais fizeram do que escolher quais, dentre os projetos aprovados pelo governo, seriam os mais

adequados à sua política de comunicação/ investimento social privado. Trata-se de uma decisão partilhada com o governo.

Conforme já foi observado, com a revogação da lei, as empresas devem se afastar do investimento através da renúncia fiscal,

por conta da falta de transparência nos critérios estabelecidos, e, consequentemente, o montante destinado ao setor seria

reduzido.

3. MinC critica que a lei é dominada pelos “diretores de marketing”

Page 56: Caderno Lei Rouanet Pensarte

Segundo Juca Ferreira, seria justo que os recursos captados através do mecenato fossem 50% públicos (ou seja, através das

leis de renúncia fiscal) e 50% privados, proveniente das empresas.

As propostas que caminham neste sentido, através das várias faixas de aplicabilidade, são autoritárias e têm seus critérios

definidos de maneira subjetiva. Para isso, a legislação deveria estabelecê-los em sua totalidade - na hipótese de incidência do

incentivo.

Por último, é enorme o investimento privado atrelado ou não a recursos públicos:

- O Cirque du soleil recebe investimentos anuais do Bradesco sem qualquer incentivo fiscal;

- O Tim festival foi realizado, na sua última edição, basicamente com recursos privados diretos da empresa;

- O festival Claro Cine, realizado no Jóquei Clube do Rio em novembro de 2008, utilizou-se de R$ 1,4 milhão captados via artigo 18 da Lei

Rouanet. A Claro aportou mais, pelo menos, a mesma quantia em recursos privados;

- Nenhum dos mega espetáculos de música estrangeira pleiteiam benefícios.

4. MinC critica que 90% dos recursos captados são “públicos”

Page 57: Caderno Lei Rouanet Pensarte

5. MinC critica que a lei é concentrada em poucos proponentes

As críticas do MinC são inconcebíveis, uma vez que é natural que os maiores players do setor tenham maior aporte para

patrocinar eventos culturais. Alguns destes proponentes aprofundaram seu trabalho na área cultural com o uso de

incentivos fiscais e desenvolveram projetos importantes de interesse público como o Museu da Língua Portuguesa, projetos

de teatro, dentre tantos outros.

Outro fator importante é que muitos destes players, além de utlizarem investimentos privados em muitos de seus

patrocínios, realizam editais para produtores independentes, em uma parceria público-privada com o Estado, atendendo ao

interesse público. Toma-se como exemplo o Insituto Itaú Cultural e o Instituto Votorantim.

Outro fator a ser avaliado é que o próprio MinC contribui para esta estatística de concentração. Ao criar a “Associação

Cultural da Funarte”, por exemplo, a gestão criou um subterfúgio do Estado entrar na briga pelos incentivos fiscais, como

pode ser visto no gráfico a seguir:

Page 58: Caderno Lei Rouanet Pensarte

Ao mesmo tempo em que o MinC comunica que as empresas deveriam investir mais dinheiro privado no setor cultural, a

proposta limita este investimento, uma vez que:

(Projeto) Art. 19. (...) II - pessoa jurídica tributada com base no lucro real - dedução de valores despendidos com doações ao FNC nos termos do inciso XVIII do art. 9o, ou em patrocínio ou co-patrocínio de projetos culturais aprovadas pelo Ministério

da Cultura, sendo que o total da dedução, conjuntamente com as deduções previstas na Lei no 8.685, de 6 de setembro de

1993, e na Medida Provisória no 2.228-1, de 20 de julho de 2001, não poderá exceder a 2% do lucro operacional.

Ou seja, este novo limite (2% do lucro operacional) VAI PASSAR A SE APLICAR TAMBÉM A QUALQUER OUTRA OPERAÇÃO DE PATROCÍNIO, MESMO SENDO ESTRITAMENTE PRIVADA (sem incentivos).

6. MinC diz que as empresas precisam colocar mais dinheiro direto na cultura, mas limita esta ação

Page 59: Caderno Lei Rouanet Pensarte

Lei Rouanet: formato atual1

Histórico da relação governamental com a Lei Rouanet2

O que muda com o novo projeto?3

Desfazendo mitos4

Conclusão5

Page 60: Caderno Lei Rouanet Pensarte

Os critérios e medidas adotados na proposta restrigem o investimento no setor por

parte das pessoas jurídicas e físicas que, até hoje já utilizaram mais de R$ 8 bilhões

para fomentar a cultura.

As medidas, além de serem centralizadoras e subjetivas, indicam, ainda que não de

forma direta, um caminho para o fim do investimento através da renúncia fiscal.

Page 61: Caderno Lei Rouanet Pensarte

Segundo Pedro Pires, diretor de teatro e membro da

Companhia do Feijão, os Manifestantes integram o

Movimento 27 de março, e promoveram a ocupação

para firmar sua posição contrária a renúncia fiscal ‒

querem supressão desse mecanismo no Projeto de

Lei que pretende substituir a Lei Rouanet (...)

“E o que o setor levantou é acabar com a

renúncia fiscal e mais recursos para a cultura. Eu

fico com medo até que pensem que a gente

tem alguma coisa com essa invasão, tal é a

semelhança que a demanda deles tem com a

nossa proposta” (Fala do Ministro Juca Ferreira)

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090330/not_imp346993,0.php 30 de Março de 2009

Page 62: Caderno Lei Rouanet Pensarte

Entrevista do ministro Juca Ferreiraao Jornal do Brasil - publicada em 5 de janeiro de 2009

Qual vai ser a vantagem para o investidor no novo modelo?

“Para que submeter o produtor à via-crúcis que é bater na porta do departamento de marketing de empresas com o

pires na mão se a renúncia é de 100%? Quase todo o financiamento de cultura é feito com dinheiro público. Vai

ser mais simples: o empresário vai poder contribuir com o fundo por renúncia fiscal ou

outros modos, sem ter de escolher projetos, o que gera custo e tempo para eles. Deixa

que o ministério seleciona. Outra parte importante é a certificação de responsabilidade social com a cultura

do país. Não avançamos no universo das empresas. Apenas cerca de 7% das empresas brasileiras contribuem. É

muito pouco. O novo modelo dará retorno de marca maior e menos trabalho.”

O cofre da cultura

5 de Janeiro de 2009

Page 63: Caderno Lei Rouanet Pensarte

Créditos

PresidenteFabio Maciel

Vice-presidente ExecutivoPx Silveira

Vice-presidente ExecutivoRicardo Albuquerque

Conselho ConsultivoJorge Mautner

Diretoria de Cooperação InternacionalLala Deheinzelin

Diretoria de Economia CriativaAna Carla Fonseca Reis

Presidente do Conselho FiscalBento Andreato

Direção AdministrativaEunice Medeiros de Sá

CoordenaçãoCris Arenas

Assistência AdministrativaBernardo Baena Benedito


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