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Page 1: Caderno Bairros - 04/05/2011 - JORNAL SEMANÁRIO

Quarta-feira, 4 de maio de 2011

páginas 4 e 5

A VOZ DOS BAIRROS

Rachas na Rua Isidoro Cavedon, no bairro Ouro Verde

Bairros

Por trás das gradesMoradores de diversos bairros da cidade estão com medo. Uma onda de assaltos e furtos vem ocorrendo frequentemente, trazendo preocupação aos habitantes da terra da uva e vinho

página 3

SocialProjeto transforma a vida de moradores do Fenavinho

página 3

FOTOS BETTINA SCHÜNKE

FlamengoA memória do clube do bairro São Roque

página 7

ARQUIVO

TradiçãoA história da benzedeira do Licorsul

página 6

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Editorial

2 Quarta-feira, 4 de maio de 2011 Bairros

Autoestima infantilARTIGO

Edição: Bettina Schünke [email protected]ção: Noemir LeitãoRevisão: Juliana [email protected]ção: Maiara [email protected] Gráfico: Maiara Alvarez

Caderno

Este caderno faz parte da edição 2717, de quarta-feira, 4 de maio de 2011, do Jornal Semanário

BairrosDireção: Henrique Alfredo [email protected] A. Antonini, 451Bairro Fenavinho Bento Gonçalves, RSFone: 54 3455-4500

“Segura não é. É regular. Não é um dos lugares mais seguros do estado, mas também não está entre os piores”José Cézar Bielak, 46 anosVila Nova

Enquete: Você considera Bento Gonçalves uma cidade segura?

“Eu considero uma cidade segura. Tem bandidos sim, mas você consegue caminhar à noite tranquilamente” Márcio Balestrini, 38 anosCidade Alta

“Não é. Pelo menos é isso que mostra nos jornais e na televisão: assaltos e roubos todos os dias” Teresinha Causa, 49 anosSão Francisco

FOTOS BETTINA SCHÜNKE

Autoestima é um sentimento que permite à criança dar importância e va-lor a ela própria. Os pais desempenham um papel fundamental na construção desse sentimento nos seus filhos. Todo este processo inicia na infância. Por isso é importante ensinar à criança que ela tem a capacidade de realizar suas atividades muito bem e que em outros momentos poderá ter dificuldades, mas sempre se espera que faça o melhor que puder. Também cabe aos pais permitir que tenham a livre expressão dos seus sentimentos, mesmos quando forem negativos, com a devida orientação e respeito do seu espaço e limites.

Durante os primeiros meses e durante a infância, é necessário opor-tunizar ações que tornem a criança mais confiante em suas atividades, para que consigam assumir desafios, e que desenvolvam a segurança para acreditar na sua própria capacidade, sabendo aceitar as frustrações das expectativas que porventura não se realizaram.

É fundamental que pais ou respon-sáveis preservem algum tempo do seu dia para se dedicarem à criança, sem se preocuparem com os afazeres, a fim de fortalecer os vínculos afetivos com ela desde bem cedo. É nesta interação afetiva que construímos sentimentos positivos ou negativos e sua autoima-gem.

Toda criança precisa de cuidados diários, com as expressões que proferi-

Foi-se o tempo em que cidades menores ou do interior eram consideradas mais seguras que as grandes metrópoles. Nos dias atuais, a criminalidade está presente nas grandes e pequenas cidades do país.

Segundo dados estatísticos, a cada 24 horas 2,6 assaltos ou furtos ocorrem nas ruas de Bento Gonçalves. Se formos nos referenciar pelo número de habitantes, que já passa dos 100 mil, relativamente é um número muito baixo, comparado a outras cidades com menos moradores e um índice maior de criminalidade.

Mas a sensação de insegurança e de medo, que toma conta de estabelecimentos comerciais e residências espalhadas pelos mais de 40 bairros da cidade, é visível. Moradores e comerciantes estão se trancando, literalmente. Não há grade, alarme ou cachorro que transmita a sensação de segurança, e caminhar pelas ruas tranquilamente já não é mais possível.

A segurança pública é uma das garantias fundamentais e está incluída na Constituição Brasileira. É uma atividade pertinente aos órgãos públicos com o propósito de proteger os cidadãos e controlar as manifestações de criminalidade e da violência.

Os bento-gonçalvenses precisam se sentir seguros para transmitir segurança aos nossos visitantes. Não é só em épocas de grandes feiras que os brigadianos devem circulam pelos bairros, como acontece no bairro Fenavinho. Isso deve ocorrer sempre. Segurança nunca é demais.

mos a ela. Os elogios sem exageros, dedicação e atenção são fatores de mo-tivação para continuar superando seus limites e construir sua autoestima. Por isso essas ações devem ter fundamento, ser sinceras e especiais. O elogio deve partir do coração para motivar a criança que está recebendo. Devemos entender que palavras de carinho e amor são construtivas, motivadoras e podem até mudar a vida das pessoas.

Cabe aos pais procurar entender as necessidades e possibilidades da criança como sendo a melhor forma para terem uma vida saudável. Portando devem estabelecer metas de acordo com a realidade e sua faixa etária, ofe-recendo oportunidades de desenvolvi-mento sem superproteger, ridicularizar, pressionar ou compará-la. Assim ela formará um conceito positivo de si mesma. Os limites são necessários e de-terminantes para um crescimento sadio. Educar para a autoestima é saber que limites são vitais para um crescimento harmonioso e saudável, tornando--se parte integrante no processo do crescimento humano. Todas as ações realizadas pela criança necessitam de diálogo, reflexão e muito amor.

Daiane Ieda Nunes Supervisora escolar

E.E.E.F. General Amaro Bittencourt

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3Quarta-feira, 4 de maio de 2011Bairros

A VOZ DOS BAIRROSNoemir Leitã[email protected]

[email protected]

SolidariedadeOs retalhos que viram esperança e rendaProjeto resgata a dignidade de moradores com a confecção de panos de limpeza

Um projeto no bairro Fe-navinho tem trazido es-

perança e motivação para os moradores da região. Há 15 anos o Projeto Esperança en-sina a homens e mulheres uma profissão.

Fundado por Orandina Amianti, 69 anos, a propos-ta trabalha na recuperação de famílias carentes através do trabalho. “Proporcionamos às famílias de baixa renda a opor-tunidade de aprender uma ati-vidade, com o intuito de desen-volver o amor pelo trabalho, e beneficiando financeiramente. Ao mesmo tempo, queremos proporcionar a valorização hu-mana dessas pessoas perante a sociedade”, explica Dina, como gosta de ser chamada.

Dina conta que ensina os in-teressados a fazer reformas de roupas, confecção de panos de limpeza e também a reali-zar trabalhos com estofaria. “Quando as pessoas nos pro-curam pedindo ajuda, nós rea-lizamos uma visita social para ver as condições em que a fa-mília se encontra e ajudamos como podemos. Nosso foco hoje é ensinar a costurar pani-nhos de limpeza”, disse.

Com o lema “Somos anjos de uma asa só e para podermos voar temos que nos abraçar uns aos outros”, a entidade foi cria-da com o objetivo de mudar a vida dos moradores do bairro e arredores. “Eu trabalhava na secretaria de ação social e eu

Bettina Schünke

Orandina Amianti ensina uma profissão a homens e mulheres

Lurdes Borges recebe o auxílio da ONG para costurar e vender panos

via muitas famílias irem pedir ajuda. Achei isso muito triste e resolvi fazer alguma coisa para mudar a vida deles e mostrar que eles têm condições de fa-zer alguma coisa por eles mes-mos”, relata dona Dina.

Atualmente, cerca de 20 fa-mílias contam com o apoio de Dina e suas cinco voluntárias. Além de ensinar, o projeto empresta máquinas de costura para as famílias e oferece todos os recursos para a confecção dos panos, como retalhos e li-nhas. “Não temos verbas. Con-tamos, exclusivamente, com a ajuda e colaboração de empre-sas parceiras e da comunidade, que doam os materiais e tam-bém roupas e alimentos, que entregamos para as famílias”, completa Dina.

Sustento

A família de dona Lurdes Borges, 63 anos, é uma das que recebem o auxilio e o apoio do

projeto Esperança. Moradora da Vila dos Eucaliptos, Lurdes procurou a ajuda da entidade quando ela surgiu, em 1995. “Elas me ensinaram a costurar e me emprestaram uma máqui-na. Hoje ainda faço os paninhos de limpeza, que vendo para firmas e oficinas mecânicas”, disse Lurdes. Com a venda dos panos, a dona de casa consegue pagar a Previdência Social, para garantir a aposentadoria, a luz e ajuda com outras despesas da casa. “Esse trabalho nos ajuda bastante. Não dá para parar de fazer”, finaliza.

Reconhecimento

No mês de abril, Orandina Amianti foi homenageada pelo Lions Clube Bento Gonçalves Fêmina Integração pela atua-ção comunitária e pela contri-buição ao desenvolvimento do município. “É muito gratifican-te receber um prêmio como esse. Fico muito feliz de ter o projeto reconhecido pelas en-tidades da cidade”, orgulha-se Dina. O prêmio é uma forma de reconhecimento da entidade para homenagear os cidadãos do município que praticam o dom de servir para ajudar aos necessitados. Este é o quarto prêmio que dona Dina recebe em reconhecimento ao tra-balho do projeto Esperança. A entidade aceita a doação de retalhos de malhas e também fraldas. Informações pelo tele-fone 3454.2418.

MUNICIPAL

Certificados são entregues às alunas

No dia 20 de abril, aconteceu o encerramento das oficinas de Inclusão Produtiva, realiza-das pela Secretaria Municipal de Habitação e Assistência So-cial, no bairro Municipal.

Cerca de 20 alunas receberam os certificados das oficinas de artesanato, pintura em tecido e pintura em tela realizadas de novembro de 2010 a abril deste ano. As oficinas foram direcio-nadas para as famílias benefi-ciárias do Programa Bolsa Fa-mília e referenciadas no Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), localizado no bairro Cidade Alta.

O objetivo do projeto é oportunizar alternativas para a geração de renda para as famílias, na busca pela auto-nomia e superação da vulne-rabilidade social. Este projeto também faz parte das ações intersetoriais do Programa de Prevenção à Violência (PPV) que, desde 2010, promove ações que contemplam o bair-ro Municipal.

Uma nova turma foi forma-da e ainda há vagas. As aulas iniciaram dia 27 de abril e te-rão sequência até o mês de ju-lho. Informações pelo telefo-ne 3055.7347.

Cerca de 20 mulheres participaram das oficinas de artesanato

DIVULGAÇÃO

FOTOS BETTINA SCHÜNKE

No bairro Santa Rita, o trevo de acesso à cidade, que fica na Rua Antonio Michelon, precisa de melhorias urgentes. O mato toma conta dos canteiros centrais e a camada asfáltica está totalmente esburacada, principalmente na entrada do bairro. O acesso fica na RSC 470 e muitos veículos, entre eles, caminhões e ônibus, usam esse trecho para evitar o transtorno do trânsito nas vias mais movimentadas da cida-de. Por enquanto, nada foi feito neste local.

Na rua Isidoro Cavedon, no bairro Ouro Verde, há uma reclamação com relação aos tradicionais rachas feitos por veículos durante as madrugadas nos finais de semana. Ago-ra, esses rachas se espalharam para o bairro Panorâmico, onde as ruas são asfaltadas e favorecem este tipo de atitude dos motoristas. Acidentes podem ocorrer pela imprudência dos motoristas. Eles querem que a Brigada Militar patrulhe frequentemente estes dois bairros para prevenir os riscos e transtornos.

Elas voltaram. As famosas camisinhas estão novamen-te jogadas na avenida Costa e Silva, próximo ao estabeleci-mento escolar. Este problema não é somente uma questão de educação ambiental pública, já que os preservativos de-veriam ser jogados no lixo, mas, principalmente, é o caso de incentivo exagerado ao sexo, que demandaria ações efetivas.

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4 Quarta-feira, 4 de maio de 2011 Bairros

Quando o medo vira rotina

Entre os principais proble-mas das grandes capitais

estão a violência e a insegu-rança. Mas não é apenas nas metrópoles que isso acontece. Em Bento Gonçalves a situa-ção não é diferente, apesar dos índices mostrarem uma queda de 50% nos últimos dois anos, de um crime típico, o furto. Mesmo assim, a população dos bairros está com medo. As-saltos e pequenos furtos vêm ocorrendo com frequência em diversos pontos da cidade.

A população do bairro Fe-navinho clama por segurança. Vários estabelecimentos comer-ciais e residências da localidade

foram assaltados ou sofreram com furtos nos últimos meses. A dona de um comércio locali-zado na rua Sete de Setembro – principal via de acesso ao par-que de eventos da cidade – con-ta que já foi furtada três vezes.

Na última vez, os ladrões che-garam até o local na madrugada de domingo, dia 10 de abril, por volta das 3h30 da madrugada. “Eles entraram pela pequena ja-nela que tem no banheiro e que dá acesso à área dos fundos da loja”, disse a proprietária. O comércio tem alarme e monito-ramento, que foi acionado com a presença dos ladrões, mas como isso ocorreu nos fundos da loja, ninguém viu nada. “O bairro está precisando de mais

policiamento, não só em épo-ca de feiras e eventos. Precisa de policiamento constante”, pede a proprietária.

O mesmo vem acontecendo no bairro São Roque. Um co-mércio do ramo de alimentos, lo-calizado na principal avenida da região, sofreu quatro roubos em apenas 60 dias. Três deles foram assaltos à mão armada e tiveram clientes e funcionários rendidos.

O último ocorreu na madruga-da do dia 24 de abril quando la-drões quebraram o vidro da por-ta e entraram no estabelecimento. O local possui sistema de alarme, mas os fios que ligam a sirene foram cortados. Segundo expli-ca o proprietário, que não quer se identificar, os ladrões levaram

o dinheiro do caixa, que soma-va apenas R$ 14. Mas no total, o prejuízo foi maior. “Entre todos os assaltos, o valor já chega a 4

mil reais”, disse. Todas as ações foram todas filmadas com a câ-mera de segurança, que ajudará os policias na investigação.

Moradores relatam os momentos de terror sofridos durante assaltos em suas residências. Segurança é preocupação constante

Bettina Schünke

FOTOS BETTINA SCHÜNKE

Alarme, grade e cão de guarda não impediram a ação dos bandidos

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5Quarta-feira, 4 de maio de 2011Bairros

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O alvo dos furtos

Mas não são apenas lojas e comércios as vítimas dos la-drões. Residências, escolas e até o carro que vende cachorro--quente foram alvo de assaltos no bairro São Roque.

Alarmes, grades, câmera de segurança e o cão de guarda não impediram que a casa de Cassiano Camerin, de 32 anos, fosse assaltada. Camerin conta que ladrões invadiram, há cerca de 20 dias, a sua casa, localizada na rua Noé Poncelli. “Foi em uma madrugada. Eles entraram

pela casa dos vizinhos, nos fun-dos. Roubaram dois botijões de gás, uma extensão e latas de tin-tas”, disse.

No bairro Progresso, na rua Geraldo Fasolo, reside a família Carini. A dona de casa Idalina Carini, 57, relata que seu ma-rido sofreu um assalto dentro de casa no mês de março. Os assaltantes o amarraram e leva-ram diversos pertences da fa-mília como joias, dinheiro, bol-sas e roupas. “Eu não estava em casa, mas quando cheguei meu marido estava amordaçado, ele ficou apavorado. Os indivíduos

tinham carregado boa parte de nossas coisas. Parecia um filme de terror”, salienta Idalina.

A aposentada Iracema Bré-via, 71, que reside na rua Adol-pho Brum, no bairro Humaitá, também teve um drama seme-lhante. Ela não sofreu agressão, mas os bandidos levaram di-nheiro além de outros objetos de valor de sua casa, e tudo sem deixar qualquer rastro. “Foi tudo bem rápido, eles entraram na casa pela porta da frente e pareciam que estavam num su-permercado comprando. E fi-zeram isso também em outras residências do nosso bairro”, conta Iracema.

Segurança

Apesar dos inúmeros casos de assaltos e furtos, segundo dados da Secretaria de Segu-rança Pública do Estado do Rio Grande do Sul, no mês de fevereiro Bento Gonçalves sofreu 143 furtos, 21 furtos de veículo e 30 roubos. Para o comandante do 1º Pelotão do 3º Batalhão de Áreas Turísticas da Brigada Militar, capitão Reni Zdruikoski, responsável pelo patrulhamento nos bairros, os roubos na cidade vêm caindo. “Temos uma média de cerca de 80 furtos por mês. Isso dá 2,6 furtos a cada 24h horas. Esse

número, se levarmos em conta que Bento possui mais de 100 mil habitantes, é baixo”, explica o capitão.

Essa média é feita com base nos registros de assaltos e rou-bos da Brigada Militar. Um dos grandes problemas enfrentados pela BM é a falta de informa-ção, pois a maioria dos mora-dores que sofreu com assaltos ou roubos não vão registrar ocorrência. “O engano da po-pulação é não registrar. Nós sa-bemos que os pequenos furtos têm se acentuado, mas nós te-mos poucos registros disso. É importante fazer um trabalho voltado para o real. Não nos preocupa aquilo que sabemos, preocupa aquilo que não sabe-mos”, disse Zdruikoski.

Conforme explica o capitão, o policiamento nos bairros é feito com base nas estatísticas. “A gente planeja o policiamen-to com base no nosso banco de registro. Lá eu vejo qual bairro está sendo mais assaltado, o horário dos furtos, o tipo de assalto. E é através disso que eu traço um perfil e vejo a melhor forma de reforçar o policia-mento nessas regiões. Mas para isso precisamos da colaboração dos moradores”, explica.

O policiamento nos bairros da cidade é feito por 60 poli-ciais que se dividem nos três

Policiais e viaturas se revezam para garantir a segurança dos moradores

A residência de Iracema Brévia, localizada no bairro Humaitá, também foi alvo de assaltantes

No bairro Fenavinho, ladrões entraram pela janela do banheiro

NOEMIR LEITÃO

turnos. A madrugada é o ho-rário preferido para os assaltos, por isso o patrulhamento está sendo reforçado nesse horário em bairros como São Roque, Licorsul e Vila Nova. A vigilân-cia só não é maior, pois faltam veículos para auxiliar a ronda noturna. Cerca de 70% da frota está parada por problemas me-cânicos e falta de verba.

Outra medida que está sen-do tomada para reforçar a segurança nos bairros é o po-liciamento comunitário, que aos poucos está voltando para Bento Gonçalves. Utilizando mecanismos de aproximação entre moradores e policiais, o sistema não era mais aplicado na cidade há alguns anos. O primeiro bairro a contar com o serviço é o bairro São Ro-que. Com um sistema diferen-te do que era feito anos antes, o novo policiamento comu-nitário é feito por dois poli-ciais, que diferente dos outros locais, não residem na região. “Antes, os policiais moravam na região e tínhamos a ajuda do bairro. Nós modificamos o sistema porque esse vínculo era perigoso. A comunidade se sentia dona dos policiais. Nós fazemos segurança pública, não privada”, afirma o capitão.

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6 Quarta-feira, 4 de maio de 2011 Bairros

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A vocação de ser benzedeira

Anônimos

Tão remotos quanto a origem do homem, os rituais de benzimento fazem parte da tradição popular e sobrevivem aos avanços da modernidade

Símbolos sagrados, rezas, ro-sários, sal, velas, pedra, cor-

dão e nomes de santos povoam a atmosfera sagrada da casa das benzedeiras. Elas fazem parte da cultura popular e a maioria é de uma generosidade incrível. Por mais antiga que seja a tra-dição, a cultura das benzedeiras está mais viva do que nunca. Basta ter vocação, fé e vontade de ajudar o próximo.

Para encontrá-las não há en-dereço. É preciso perguntar nas ruas que logo aparece alguém que conhece ou já ouviu falar de alguma. Na maioria, são se-nhoras de idade avançada e vida simples. É olhando para o rosto e contando suas rugas que des-

cobrimos a sua idade.No bairro Licorsul, em Bento

Gonçalves, vive a benzedeira Te-rezinha Bertamoni, 79 anos. Viú-va e mãe de quatro filhos, Terezi-nha conquista pelos olhos claros e pela voz calma, que transmitem bem-estar. Benzedeira assumida e com muito orgulho, Terezinha realiza os ritos há 50 anos.

Os ensinamentos foram re-passados pelo seu marido, que aprendeu a prática quando jo-vem em uma cidade do interior do Estado. “Meu marido ficou doente e foi a partir daí que ele me ensinou, para que eu pudesse ajudá-lo e também às outras pes-soas”, disse Terezinha.

Com a fala mansa, ela conta que no começo não acreditava muito nessa cultura, mas com o passar

A benzedeira Terezinha Bertamoni benze Florêncio Amaral contra anemia

Bettina Schünke

BETTINA SCHÜNKE

do tempo passou a ter confiança e fé no trabalho que realiza.

A fé que cura

Quem acredita em benzedeiras jura que elas fazem milagres. Mui-tos criticam, outros pensam que é pura bobagem. Mesmo com a medicina avançada, muitas pesso-as recorrem a elas para os diver-sos tipos de cura. Elas têm as res-postas para muitas das perguntas feitas pela medicina.

Com os benzimentos, Terezi-nha encontra a cura para muitos males. “Benzo para dor de cabe-ça, picada de inseto, anemia e ou-tras doenças. Para cada doença é um tipo de benzimento”, explica.

Tecendo um pedaço de fio do tamanho do quadril do “pacien-te”, Terezinha tenta ajudar as do-

res de Florêncio Amaral, 45 anos. Morador do bairro Vila Nova. É a quarta vez que Amaral procu-ra a benzedeira. “Minha mãe era benzedeira. Me criei no campo e lá não havia médico, então as doenças eram curadas à base de benzimento”, confessa ele.

Mas a cura para os males não está apenas nas mãos de dona Terezinha. “A cura está ligada à crença da pessoa. A pessoa tem que ter fé e acreditar que aqui-lo vai mesmo ajudá-la. Para a pessoa que não acredita, as ve-zes, demora para fazer efeito e ela tem que voltar várias vezes até dar resultado”, explica Tere-zinha. A receita para a cura da

anemia de Florêncio é simples: cinco rezas todos os dias duran-te duas semanas.

E Terezinha não cobra pelo benzimento. “Deus nunca co-brou para fazer o bem. Eu curo e quando a pessoa é curada, ela fica feliz e me dá um presente”.

Mesmo assim, dona Terezinha reconhece a relevância da me-dicina tradicional. “Eu sempre aconselho a pessoa a procurar um médico, fazer o tratamento certo com o uso de remédios. Sei da importância da medicina e não podemos descuidar quan-do se trata de saúde”, destaca.

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7Quarta-feira, 4 de maio de 2011Bairros ESPORTES

Memória Esportiva

O todo poderoso FlamengoTime do bairro São Roque, que foi campeão na década de 1970 e conquistou muitos fãs, relembra os tempos de glória

Uma equipe imbatível. Era assim que todos conheciam o Flamengo Atlético Clube, ou mais carinhosamente conhecido como Flamenguinho, do bairro São Roque. Ele foi fundado em 2 de novembro de 1956 e teve como primeiro presidente o desportista Arcino Gugel (fa-lecido). O Flamengo sempre teve dois quadros futebolísti-cos e atuava em diversos locais da região da Serra, disputando campeonatos municipais, or-ganizado pela Liga de Futebol Amador da cidade.

Em 1977 o time rubro-ne-gro gaúcho ficou com o título numa campanha invejável, ten-do bons jogadores que davam inveja a clubes de outras cida-des e da região.

O clube realizou um jogo amis-toso diante de uma seleção que

Um dos times de veteranos que venceu muitos jogos amistosos

era formada por jogadores da S.E.R. Caxias, Juventude e outros atletas conhecidos no estado.

Time campeão

O Flamengo tinha um bom elenco, tanto no quadro de aspi-rantes como no principal, além dos veteranos, que se mantêm até os dias atuais. O time cam-peão de 1977/78 tinha Sanches, Nico, Aver, Nenê e Marquete, Cabide, Jandir, Ratão e Ivan, Renato Camacho, e Moacir. Era uma equipe muito aguerrida e de boa técnica.

O atual presidente do Fla-mengo do bairro São Roque é Raul Camerini, mais conhecido como Cabide. Ele conta que sempre tinha orgulho de atuar no time do Flamengo, pois to-dos eram muito unidos e havia jogadores de muita categoria. “Sem dúvida, o Flamengo dei-xou boas lembranças, principal-

mente aqueles jogadores que até hoje jogam na categoria ve-teranos em outras equipes, mas nossa história ficou marcada no cenário esportivo da cidade, já que sempre tínhamos muito respeito como clube e agremia-ção”, disse.

Cabide ressalta que já fazem 25 anos que a equipe, agora com os veteranos, joga no campo da associação dos motoristas, na Linha Garibaldina. Mas ele também destaca com proprie-dade que o posto de gasolina mais conhecido como posto do Zambon era uma espécie de sede social do clube, onde ocor-ria a busca pelos jogadores e as discussões para os jogos dos finais de semana. “Para nós o que ficou foi a boa lembrança de uma equipe de alto nível e de muitos amigos que até hoje conservamos. Sem falar naque-les que ainda jogam nos vetera-

Noemir Letião

[email protected]

ARQUIVO

nos do Flamengo”, concluiu.A diretoria do Flamengo

hoje conta com, além de Raul Camerini como seu presidente, outros membros que o acom-panham, como Pedro Navarini, Renato Bolesina, Janir Roman. Além disso, o time de vetera-nos joga nos finais de semana,

variando entre sábados à tarde ou domingos pela manhã, sem-pre em ritmo de confraterniza-ção, mas com muitos amigos que fizeram a história do glo-rioso Flamengo Atlético Clube do bairro São Roque.

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8 Quarta-feira, 4 de maio de 2011 Bairros

Sociais ConfraternizaçãoJantar realizado no mês de abril pelo Grupo de Idosos Prazer de Viver, do bairro Vila Nova, reuniu pessoas de todas as idades.

O patrão do CTG Presilha da Serra, Cézar PicoliA segunda prenda do CTG Presilha da Serra, Nicole de Mattos, 10 anos

FOTOS BETTINA SCHÜNKE

O casal Jõao Pedro dos Santos, 53 anos, e Rosa dos Santos, 62

José Menezes, Lenice, Raíssa e Leonardo Oliveira


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