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Cadeias de Valor GlobaisBreve Caracterização
João Amador
Banco de Portugal e Nova School of Business and Economics
Single Market Forum 2016-2017- Comissão Europeia, CIP e AIDA
Aveiro, 24 de Janeiro de 2017
As opiniões expressas são da responsabilidade do autor e não coincidemnecessariamente com as do Banco de Portugal.
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O que são as cadeias de valor globais?
I A natureza do comércio internacional mudoudramaticamente a partir dos anos 80. A fragmentação dacadeia de produção tornou-se no novo paradigma.
I As partes e components dos bens são produzidas emdiferentes localizações e montadas sequencialmente ounuma localização final.
I Esta realidade extende-se aos serviços.
I As cadeias de valor globais devem ser estudadas ao nívelda empresa (criar valor com conhecimento específico daempresa, combinando com inputs externos). As “velhas”vantagens comparativas setoriais fazem hoje menossentido.
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Tipos de cadeias de valor: Serpentes, Aranhas e Centopeias
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Tipos de cadeias de valor: No mundo real as ligações são muitocomplexas
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Como evoluíram?I Até ao final do séc. XIX, as actividades de produção e
consumo coincidiam tem termos de localização.I A primeira separação (unbundling) ocorre na sequência da
revolução do vapor que permitiu o transporte demercadorias a longa distância com menor custo. Aprodução passa a estar distante do consumo.
I A partir da segunda metade dos anos 80, a segundaseparação constituiu um alteração estrutural igualmenteimportante pois as etapas da produção foramfragmentadas e realizadas em diferentes localizações.
I Determinantes: Redução nos custos de transporte e decomunicação; redução nas barreiras ao comércio e IDE;progresso tecnológico que torna possível acompatibilização de peças e componentes complexas.
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Quais as suas consequências económicas?
I Os choques propagam-se mais rapidamente e com maiorintensidade. A resiliência passou a ser uma questãocentral.
I A flexibilidade e a inovação (permanente) passaram a seruma necessidade.
I Os indicadores clássicos de comércio em termos brutos(e.g. crescimento das exportações, grau de abertura. . . )fazem bastante menos sentido.
I O posicionamento nas cadeias de valor globais influenciao produto (PIB)
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Fuxos de valor acrescentadoI O valor acrescentado nacional incorporado nas
exportações é menor do que o valor bruto das mesmas.
I A medida mais comum de participação nas cadeias devalor globais é o peso do valor acrescentado externoincorporado nas exportações nacionais.
Economia interna Parceiros comerciais
Importações devalor
acrescentadopara as
exportações =Bi (VAEnE) +Ci
(RVANnE)
Exportações brutas
Valor acrescentadonacional nasexportações
(VANnE) = A-Bi Valoracrescentado
nacionalincorporado
nasimportações(VANnI) = Ci
(intermédios)+Cf (finais)
Valoracrescentado
externoincorporado
nasimportações(VAEnI) = Bi
(intermédios)+Bf (finais)
Importaçõesde valor
acrescentadopara consumofinal = Bf+Cf
Exportações devalor acrescentado
nacional
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Curva SmileyI O valor acrescentado em cada etapa do processo
produtivo é diferenciado.I As etapas a montante a juzante (eixo horizontal) são as
que acrescentam maior valor (eixo vertical).Page 1 of 1
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As cadeias de valor globais como redes
I As cadeias de valor globais são intrinsecamentecomplexas pois existem múltiplas relações entrefornecedores e utilizadores de valor acrescentado.
I Os gráficos de rede permitem destacar aspetos relevantesde dados complexos, nomeadamente os principaisintervenientes e as suas interconexões.
I Exemplo: Assinalar ligação se o valor acrescentadooriundo de um país representar mais de 1 por cento dovalor total das exportações de outro.
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Representação de uma rede em 1995 e 2011 (Amador & Cabral,2016)
Nota: O tamanho de cada nó é proporcional ao número total de ligações e acor mais escura indica maior importância como utilizador de valoracrescentado externo.
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Resultados para Portugal 1995-2011 (Amador & Stehrer, 2015)
I O grande colapso do comércio em 2008-2009 afetou asmedidas de participação nas cadeias de valor globais.
I As medidas são: valor acrescentado externo nasexportações (VAE); valor acrescentado nacional nasimportações (VAN); re-exportação de valor acrescentadonacional nas exportações (RXVAN).
VAE VAN RXVAN% export % import % export
Total Intra Extra Agricult. Manuf. Serv.
1995 27.6 37.9 11.3 11.3 31.2 15.4 0.17 0.162000 30.0 43.0 12.6 14.2 34.7 15.4 0.21 0.222007 31.4 44.5 14.9 17.1 37.3 17.1 0.31 0.282009 27.5 37.5 13.2 16.2 32.3 16.4 0.24 0.292011 27.9 40.1 13.7 17.0 33.0 16.5 0.26 0.25
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Valor acrescentado externo nas exportaçõesI Ano = 2011, área do euro 17.I Portugal está numa posição intermédia; existe larga
margem de crescimento.
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VAN e RXVANI Ano = 2011, área do euro 17I Portugal apresenta valores reduzidos, indicando baixa
participação nas fases iniciais e finais da cadeia produtiva,onde é criada a maior parte do valor acrescentado.
1,2
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2,4
3,0
3,6
4,2
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DVAiM
RDVAiX
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Origem do valor acrescentado externo nas exportações (VAE)I A área do euro é dominante.I As cadeias de valor têm uma natureza regional, mas em
alargamento.
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1995 2000 2007 2009 2011
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Euro17 Other EUUK, Denmark and Sweden AsiaChina USARest of the world
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Origem do valor acrescentado externo nas exportações (VAE)I Espanha e Alemanha (em queda)
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1995 2000 2007 2009 2011
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Germany SpainFrance ItalyBelgium NetherlandsOther EA17
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Sector 1995 2000 2007 2009 2011AtB Agriculture 10,6 14,0 17,6 16,6 17,6C Mining 12,3 15,5 16,4 15,2 15,515t16 Food 21,6 23,0 25,5 24,0 25,517t18 Textiles 26,8 29,5 25,8 22,1 22,919 Footwear 28,0 29,5 28,7 24,4 26,8
20 Wood 22,6 27,0 25,1 20,7 21,421t22 Pulp & Paper 18,9 22,5 24,6 21,9 22,623 Coke & Petroleum 75,9 83,6 77,5 72,7 73,924 Chemicals 28,1 32,9 35,4 32,3 34,825 Rubber & Plastics 30,1 35,0 36,3 33,0 35,426 Oth Non-Metallic Min 17,2 19,3 21,8 19,4 20,027t28 Basic Metals 31,4 36,8 43,0 35,4 35,929 Machinery, Nec 31,1 33,5 35,4 31,8 33,330t33 Electric & Optical 39,3 42,9 47,2 40,0 37,334t35 Transport Equip. 43,6 43,2 46,0 42,2 42,936t37 Manuf Nec 25,7 30,5 30,4 26,0 26,9E Electricity 12,8 19,5 23,1 21,0 21,2F Construction 18,2 20,5 21,0 18,6 19,150 Sale Vehicles 12,2 14,3 12,4 11,7 11,951 Wholesale 12,4 13,1 12,5 11,5 11,652 Retail & Repair 9,4 9,8 9,1 8,5 8,6H Hotels and Rest 14,4 14,6 13,4 12,8 13,760 Inland Transport 12,2 16,5 19,5 18,4 18,661 Water Transport 16,7 19,1 24,7 24,1 24,262 Air Transport 28,3 26,6 26,8 27,0 27,263 Oth Transp Act 6,2 10,6 13,1 12,8 12,964 Telecommunications 9,5 12,6 15,3 13,8 13,0J Financial Interm. 5,8 7,2 6,2 5,9 5,970 Real Estate 4 6 4 4 3 7 3 5 3 570 Real Estate 4,6 4,4 3,7 3,5 3,571t74 Oth Business Act 12,8 12,0 12,8 12,0 12,0L Public Admin 6,0 7,1 7,9 7,5 7,6M Education 3,5 3,7 3,3 3,1 3,2N Health 13,5 14,3 14,0 12,9 13,6O Social Services 17,1 16,3 16,1 15,2 15,4
Total 27,6 30,0 31,4 27,3 27,9
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Uma realidade incontornável para as empresas
I As cadeias de valor globais colocam desafios de gestão.
I É vital gerir eficazmente a cadeia de fornecedores eclientes.
I A certificação surge como elemento importante(sinalizando capacidade para cumprir prazos de entrega,homogeneidade do produto, etc).
I Garantir flexibilidade e privilegiar o capital humano.
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Em síntese
I As cadeias de valor globais vieram para ficar.
I Portugal apresenta uma participação limitada, com baixare-exportação e não é central na rede (network) decomércio de valor acrescentado.
I O maior desafio para as empresas é o posicionamentonos segmentos da cadeia onde mais valor é acrescentado(upstream e downstream) e gerir rede de clientes efornecedores.
I O tema é importante pois as exportações configuram-secomo o motor do crescimento económico português.
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