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7° Congresso de Pesquisa & Desenvolvimento em Design

Breve Reflexão sobre o Design de Interação

Brief Reflection about The Interaction Design

Ferreira, Patrícia Castro; Mestranda; Pontifícia Universidade Católica do Rio de [email protected]

Couto, Rita Maria de Souza; Doutora; Pontifícia Universidade Católica do Rio de [email protected]

Resumo

O Design de Interação está presente no âmbito da tecnologia computacional há algum tempo, mas seu campo de aplicação é mais abrangente. Novas questões apresentam-se aos estudiosos como, por exemplo, o papel da interatividade no desenvolvimento das relações humanas mediadas por computador, a potencialidade da interface como meio de sociabilização virtual e a ampliação do campo do Design de Interação para além das relações Humano-Computador.

Palavras Chave: Design, interatividade, Design de Interação.

Abstract

Interaction Design is usually located in the field of computational technology, but its application appears to be more extensive. New questions have drown the attention of the researchers like, for example, the hole of interactivity in the development of human relationships intermediated by the computer, the potentiality of the interface virtual sociabilization tool and the enlargement of the Interaction Design field beyond the Human-Computer interactions.

Keywords: Design, Interactivity, Interaction Design

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Introdução

O Design é um componente da produção moderna e sua história deve propiciar o questionamento de seu papel no desenvolvimento social, uma vez que os aspectos sociais não podem ser separados dos demais aspectos da vida humana (Margolin, 2005; Seeger apud Jonas, 1993). Visão diferente desta é encontrada, contudo, na maioria das vezes que a história do Design é abordada, pois são revisitados com mais ênfase os períodos marcados pela industrialização. Este entendimento constitui-se alvo de muitas discussões entre os profissionais da área.

Compreender o Design de uma forma ampla e em um nível mais elevado pode contribuir para ampliar o entendimento de que ele possui grande potencial interdisciplinar, pois é uma disciplina notavelmente flexível, passível de interpretações radicalmente diferentes na teoria assim como na prática. Como afirma Couto (1999), com esta vocação pode-se afirmar que o Design vem se construindo e reconstruindo em um processo permanente de ampliação dos seus limites através da sua relação de troca com outras áreas do conhecimento e em função de exigências de nossa época. Porém, essa flexibilidade freqüentemente conduz a uma inadequada interpretação de sua natureza.

Tendo, então, como ponto de partida o questionamento do papel do Design no desenvolvimento social, pode-se, como Heskett (2001), entender sua história como uma ferramenta essencial para a compreensão não apenas de seu passado, mas como uma aliada para conhecimento de seu presente. Para tal, Heskett diz que se faz necessária uma mudança na compreensão do Design, ampliando o conceito de uma habilidade prática particular para definí-lo em termos de uma capacidade geral humana de formar e fazer objetos, sistemas e comunicações que supram as necessidades utilitárias e proporcionem significados simbólicos à vida. Estas interfaces têm o papel de mediar a relação dos seres humanos com o mundo.

Por seu turno, Bonsiepe (1997, p. 144) chama a atenção para ofato de que a interface é uma categoria central do Design e deve ser entendida em um caráter mais amplo, desde sua ação instrumental, relacionada ao desenvolvimento de produtos até sua ação comunicativa, pelo uso de signos e informações.

Em uma visão tradicional da interface, a interação acontece entre duas entidades: a pessoa e a máquina, e sobre o espaço que é sustentado entre elas. Entretanto, este espaço é aberto e habitado por outras pessoas e outros dispositivos, formando uma rede complexa de interações que não se sustenta simplesmente na criação da melhor ferramenta de trabalho dentro de um mundo pré-existente, mas na criação de novos mundos onde os indivíduos sejam capazes de perceber, agir e responder às experiências (Winograd, 1997).

A partir desta perspectiva, este artigo traz uma breve reflexão sobre alguns aspectos que constituem o campo do Design de Interação, com destaque para a interatividade nas relações de sociabilidade e a potencialidade da interface como meio para sociabilidade virtual.

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Apresenta, também, a ampliação do campo de Design de Interação para além da interação humano-computador como uma tendência em fase de consolidação.

Design de Interação

Há uma longa tradição no campo do Design pela investigação de novas técnicas e novas tecnologias, como afirma Svanæs (2000, p. 234). Segundo este autor, a Bauhaus, em sua primeira fase, já encorajava seus estudantes a experimentar diferentes materiais e técnicas para aprender sobre sua essência natural. Este mesmo conceito pode ser trazido para o cenário atual, em que as novas tecnologias invadem nosso cotidiano. Neste contexto, Wilson afirma que designers têm “cultivado sensibilidades e capacidades expressivas que lhes permite antecipar e interpretar padrões culturais” (Wilson, 1997 apud Spitz, 1999, p. 122) Desse modo, Spitz (op. cit) afirma que o designer “assume um papel de elemento de intermediação entre o ser humano, sua cultura e sua tecnologia”. Este mesmo enfoque é ressaltado por Moura (2003, p. 121) ao definir o campo do Design:

Projetar, produzir e criar no campo do Design é, principalmente, atuar com a interface – relação do usuário com o objeto – através da cultura material, da interdisciplinaridade, da produção da linguagem. Enfim, fazer design é produzir cultura e escrever através de produtos visuais, utilitários e/ou informacionais, a história de nossa época (Moura, op. cit.).

A tecnologia desenvolveu-se-se como um “processo que envolve novas relações do homem com os meios”, com diz Moura (op. cit),. Assim, a formação do designer deve ser voltada para estudos que desenvolvam o senso crítico com o objetivo de projetar a qualidade interativa dos objetos ou sistemas (Svanæs, 2000, p. 245-246), ou seja, a consciência do designer deve ser orientada ou treinada para desenvolver a habilidade de interpretar a experiência interativa de outros. Neste contexto, surge a figura do usuário trazendo consigo um conjunto de necessidades cognitivas, físicas e emocionais para interagir com estes espaços (Lupton, 2005).

Com a expansão das redes de telecomunicações e profusão das tecnologias para a Internet foram abertas novas possibilidades de acesso à informação, novos estilos de pensar e novas formas de interação. Em paralelo, surge uma intensa disseminação de novos dispositivos tecnológicos e novos sistemas multimídias, cada vez mais integrados, para dar suporte a esta evolução. Entretanto, Helfrand (1997) destaca uma excessiva valorização da idéia da velocidade como meta de eficiência nestas comunicações, em detrimento do valor da interação humana e do potencial para o Design mediar esta interação.

Por sua vez, Santaella & Nöth (1999, p.36-39) propõem que estas mídias não devem ser consideradas de modo isolado. Elas devem ser contextualizadas, pois quaisquer meios de comunicação são inseparáveis das formas de socialização e cultura que são capazes de criar. Entende-se que mesmo no campo do ciberespaço, deve existir um equilíbrio entre fator humano, o contexto no qual ele se insere e a tecnologia.

O Design de interação é descrito por Winograd (1997) (apud Preece,

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2005, p. 90) como “o projeto de espaços para comunicação e interação humana”, entendendo como espaços, produtos interativos que fornecem suporte às atividades cotidiana das pessoas.

[...] o design de interação [...] dispõe de um elemento temporal dialógico, isto é, de um diálogo humano não no sentido de utilizar a linguagem comum, mas no de pensar sobre a seqüência e o fluxo da interação. Portanto, penso que o design de interação diz respeito a projetar o espaço para as pessoas, e este espaço tem que ter um fluxo temporal. Tem que haver um diálogo com a pessoa (Preece et al, op. cit).

Esse campo de estudo desenvolveu-se com maior intensidade em universidades americanas, tais como Carnegie-Mellon University, MIT, Savannah college of art and design, Instituto Ivrea de Design de Interação, Universidade de Nova Iorque e o Royal College of Art, entre outras.

Com a expansão das tecnologias da comunicação e informação, o século XXI esta diante da era da informação, na qual os sistemas interativos, tais como computadores pessoais, laptops, aparelhos celulares, palmtops e outros dispositivos estão interconectados pela Rede Mundial de Computadores. Esta condição proporcionou uma nova visão para a interação do usuário com o computador. A relação passou da interface computacional para uma interação do indivíduo com um ou mais indivíduos, uma interação mediada pelo computador e vivenciada em um espaço virtual. Nesta perspectiva, Lemos (2002, p. 114) afirma que “conexões generalizadas e práticas sociais potencializam-se umas as outras”, ou seja, conexões proporcionam interações que levam às relações sociais e relações sociais levam às novas interações.

Assim o para o Design de Interação são fundamentais questões relacionadas à capacidade de comunicação desses meios, ou seja, como estão sendo criadas as relações comunicativas entre os indivíduos. A interface não deve ser vista apenas como uma ferramenta, mas como um meio para desenvolvimento dessas relações, o que está diretamente associado à capacidade interativa desses meios.

Interatividade na sociedade da informação

As novas tecnologias de comunicação e os avanços na tecnologia de transportes diminuíram distâncias promovendo a visão de “aldeia global” preconizada por Marshall McLuhan (Meggs, 1994). Esta condição promove uma evolução para uma cultura plural e internacional, em que a tecnologia é uma força impulsionadora que continuamente define como as relações são criadas, desenvolvidas e sentidas.

A crescente popularização e disseminação destas tecnologias têm criado amplas possibilidades para o desenvolvimento de novas formas de

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cooperação, organização e interação. Segundo Nicolaci-da-Costa (2002), estamos diante de uma revolução singular, em que as novas tecnologias digitais, em especial a Internet, muito mais que alterar hábitos, podem proporcionar transformações subjetivas que levam às novas formas de organização social e aos novos espaços de relacionamento.

Se as possibilidades abertas por estas tecnologias serão ou não utilizadas, dependerá em grande parte da qualidade da interface que pode facilitar ou frustrar sua aplicação, revelar informações ou deixá-las confusas, permitindo ou eliminando sua ação efetiva.

Segundo Moura (2003), faz-se necessário acompanhar as mudanças relacionadas à linguagem que são produzidas pelo surgimento e disseminação destas tecnologias. Assim, estudos no campo do Design vêm como uma possibilidade de configurar uma nova linguagem para a interface desses novos meios, tendo como desafio, integrar todos seus elementos na definição dos novos cenários na busca de estabelecer uma interatividade eficaz.

Questões relacionadas à interatividade têm sido remetidas diretamente ao campo da informática, principalmente por causa da popularização dos computadores. E, neste contexto, muitas vezes é restrita à ação-reação, ou seja, um sistema que permita ao indivíduo a seleção através do apontar e clicar já seria considerado interativo.

Primo & Casso (2003) fazem uma profunda reflexão crítica sobre a amplitude do conceito de interação propondo nova abordagem desta percepção. Para tanto, relatam o conceito de interatividade aplicado às novas tecnologias da comunicação, sob a ótica de diversos autores:

Para André Lemos (1997), interatividade é uma nova forma de interação técnica, de característica eletrônico-digital. [...] Propõe que interatividade se situa em 3 níveis de interação: analógico-mecânico; técnico eletrônico-digital e social.[...] Steuer (1993) propõe interatividade como a extensão em que os usuários podem participar modificando a forma e o conteúdo do ambiente mediado em tempo real. Por assim dizer, interatividade se diferencia de termos como engajamento e envolvimento. Para o autor, interatividade é uma variável direcionada pelo estímulo e determinada pela estrutura tecnológica do meio.[...] Já segundo Andrew Lippman, pode-se definir interatividade como uma atividade mútua e simultânea da parte de dois participantes, normalmente trabalhando em direção de um mesmo objetivo.[...] Sims (1995), interatividade exige a compreensão da amplitude de níveis e demandas, incluindo o entendimento do usuário, uma apreciação das capacidades de engenharia de software, a importância da produção rigorosa de contextos instrucionais e a aplicação de interface gráfica adequada (Primo & Casso, op.cit).

Diante desses conceitos Primo & Casso (op. cit.) argumentam que grande parte dos estudos de interação relacionados ao computador tem enfatizado apenas a capacidade da máquina, colocando os seres humanos e as relações sociais como coadjuvantes. Em contrapartida os autores valorizam o processo que acontece “entre” os interagentes, direcionando o estudo para a “qualidade que emerge da relação da ação entre eles”.

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Segundo Guarisco (2002, p. 59), “o processo de interação é um momento de encontro realizado diretamente, face a face, ou indiretamente, à distância”. A interação depende do estabelecimento prévio de meios eficazes para a interatividade. Para tanto, faz-se necessária a conscientização da relação que se desenvolve a partir desta mediação. A interação deve possibilitar, e até promover, momentos de encontro onde os interlocutores possam efetivamente articular interioridades.

A interatividade não é uma opção, assim defende Niederhelman (2001), ao enfatizar a responsabilidade própria do designer com o desenvolvimento de meios interativos. Nestes projetos devem ser considerados os aspectos tecnológicos, sociais, culturais e econômicos, bem como previstas as possibilidades de ampla habilidade de controle sobre a interface, alternativas para estímulo e motivação ao tipo de atividade a que se propõem.

A interface como um meio para sociabilidade virtual

“A Internet, mais que constituir-se em um artefato tecnológico inovador, estabeleceu um novo espaço e tempo de interação social, dentro dos quais emergem formas novas e diferenciadas de sociabilidade”. Com este enfoque, dado por Guimarães (1997), direciona-se esta discussão no sentido das interações sociais proporcionadas pelos meios virtuais.

Dornelles (2004) imprime a idéia de que estes novos espaços geram formas próprias de sociabilidade apresentando características peculiares do meio virtual. Propõe, então, o termo ‘sociabilidade virtual’ para descrever as relações que emergem da Internet.

As diferentes formas de comunicação possíveis, através desses ambientes, podem proporcionar aos usuários um envolvimento de forma a intensificar suas relações sociais, bem como promover um engajamento na realização de atividades colaborativas, tais como participação em chats, fóruns de discussão, blogs, fotologs, entre outros.

Um dos traços mais marcantes da Internet que serve, entre outros, para assinalar sua diferença com outras mídias, é a interatividade. A Internet proporciona diversas formas de comunicação associadas diretamente a diferentes ferramentas de comunicação, que resultam formas distintas de interações sociais, ou seja, que possibilitam a construção de relações sociais em diversos níveis. É apropriado considerar que na Internet, a comunicação é de muitos com muitos, o que ressalta novamente o caráter de rede de relações. O Design de Interação vem como uma possibilidade de melhorar a comunicação nestes espaços, promovendo um conjunto de estratégias a fim de articular as discussões e sustentar a interação, como defende Guimarães (op. cit).

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O Design de Interação com uma nova cultura de Design

Definir a área de atuação do Design pode ser considerado um desafio, na medida em que novas relações com outras áreas do saber vão sendo criadas a todo tempo. Traçar os contornos do Design pressupõe ir além das interpretações tradicionais que utilizam conceitos tais como ‘forma’, ‘função’ e ‘estilo, como pontua Bonsiepe (1997). Para ele, romper com esta caracterização tradicional requer uma re-interpretação do Design, que pode se manifestar em qualquer área do conhecimento. Para Bonsiepe, a prática do Design é orientada ao futuro e relacionada à inovação, orientada à interação entre usuário e artefato (cujo domínio é a interface) e visa à ação efetiva, considerando o campo de atuação e os padrões de valores da sociedade. A mesma visão é compartilhada por Couto (1999, p. 9) quando diz que:

Descobrir como fazer para que tudo o que fazemos e pensamos se relacione com tudo o que sentimos e sabemos é a grande chave para o desenvolvimento de outras dimensões do campo do Design. O Design deve ser entendido não apenas como uma atividade de dar forma a objetos, mas como um tecido que enreda o designer, o usuário, o desejo, a forma, o modo de ser e estar no mundo de cada um de nós (Couto, op. cit.).

Neste sentido, Buchanan (2004) discute o desenvolvimento de novas áreas para a prática do Design, enfocando o Design de Interação (Interaction Design) como sendo a primeira área a alcançar concisão através do desenvolvimento de computadores, sendo freqüentemente associada à cultura digital em geral. Entretanto, o autor entende que esta é uma subcompreensão do termo, pois, o Design de interação é um novo enfoque do Design que tem aplicação em muitas áreas. É proeminente em projetar a interação entre o homem e o computador, mas é também relevante em novos enfoques para a mídia tradicional e problemas tradicionais de Design. É importante para o design de informação, área de serviços, comunicações visuais, desenvolvimento de novos produtos, identidade corporativa, design industrial, design organizacional e design de sistemas, bem como, para as novas formas de proporcionar a comunicação entre as pessoas.

O Design de interação diz respeito às relações entre as pessoas, tendo seu foco centrado no ser humano. Como lembra Winograd (1997), um Design de interação efetivo deve trocar o enfoque da máquina para as pessoas que as usam.

A interação homem-computador-homem, ou simplesmente homem-homem deve enfocar as facilidades de comunicação entre pessoas através de um sistema computacional, no qual o aparato computacional deve ser visto apenas como um veículo do processo, defende Silveira (1998).

O Design de interação tem trazido os profissionais do Design para uma nova cultura de Design centrado no homem. Deste modo, o Design de interação se dá sobre as relações entre as pessoas, particularmente como as relações humanas são mediadas por todas as formas de produtos.

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No que se refere aos ambientes virtuais, surgem questões sobre como essas relações são desenvolvidas e facilitadas pela interface. O excesso de informação disponível na interface, bem como a forma de como lidar com ele são fundamentais para perceber que nem tudo se resume à questão do acesso às novas tecnologias de comunicação e informação. Assim, para além da destreza na utilização dos ambientes, estratégias para o desenvolvimento das relações sociais são essenciais para uma verdadeira proposta de interação, a partir de uma sociedade em rede.

Considerações finais

O Design de interação é uma área que ficou evidente com a evolução da tecnologia computacional. Entretanto, sua aplicação é multidisciplinar, uma vez que diz respeito às relações entre os seres humanos.

O Design de interação promove a retomada de um conceito mais abrangente para o Design, sem especificações pré-determinadas, como poe exemplo: design gráfico, design industrial, comunicações visuais, design de informações, design de produto, webdesign etc. Estas denominações são, antes de tudo, Design, pois o caminho para o desenvolvimento de projetos é o mesmo, ou seja, mediar a relação dos seres humanos com o mundo.

Com as novas tecnologias digitais surgiram novos usuários, novos espaços, novos ambientes, novos comportamentos e novas formas de relacionamento. Com estes, outras necessidades. Este cenário proporcionou uma ampliação no campo de atuação o Design, bem como um maior entendimento do seu caráter interdisciplinar.

O Design busca o equilíbrio entre a funcionalidade e os valores culturais, emocionais e estéticos, trabalhando em uma linguagem própria e integrando diferentes aspectos.

Design é interação, em toda a extensão possível deste termo.

AgradecimentosAgradecemos o apoio dado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Maranhão – FAPEMA e pela Capes.

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