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Ano II • nº 8 • dezembro de 2003Publicação do Instituto de Estudos Socioeconômicos - Inesc

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A política socioambientalno governo Lula

Nos primeiros dez meses do Governo Lula, frustaram-se aqueles que acreditaram que o Ministério do MeioAmbiente - MMA - teria um maior protagonismo naelaboração e na implementação das políticas de desen-volvimento social e econômico no Brasil. Esta expectati-va se viu ilusoriamente alimentada quando, na defini-ção da equipe de governo, a então senadora Marina Sil-va foi alçada ao cargo de ministra, trazendo consigo umtime de primeira linha para ocupar os cargos de“tomadores de decisão” dentro do ministério.

Com o passar do tempo, foi se percebendo que ascoisas não seriam bem como se acreditava. Os interessesfinanceiros e as idéias e concepções clássicas do modelode desenvolvimento econômico gestado em meados doséculo passado acabaram predominando significativa-mente nas decisões do executivo federal. O Ministério

Que política é essa?pós o primeiro ano de mandato do gover-no Lula, permanece sem resposta uma per-gunta básica: qual é o projeto de políticasocioambiental para o país? Um dos maio-res programas da área, o Programa Pilotopara Proteção das Florestas Tropicais –PPG7, passou o ano praticamente parado,à espera de definições políticas.O Ministério do Meio Ambiente, longede ser reconhecido por sua importância,foi desconsiderado pelas decisões de go-verno, que privilegiaram os interesses fi-nanceiros e econômicos. Frustrou-se aexpectativa de que a indicação da mi-nistra Marina Silva seria um sinal denovos tempos.O embate sobre os alimentos transgênicosdemonstrou a inabilidade do governo nacondução das políticas de biossegurançae biotecnologia. Os transgênicos foramliberados sem a prévia avaliação dosimpactos ambientais, econômicos, soci-ais e sanitários. Um risco para o país euma vitória da multinacional Monsanto,que poderá plantar e comercializar a sojatransgênica.No campo socioambiental, 2003 entrapara a história também como um perío-do de baixa execução orçamentária peloMinistério do Meio Ambiente e de ex-pectativa quanto ao futuro. Não há dú-vida de que os movimentos sociais e asorganizações não-governamentais têmmuito trabalho pela frente. Entre eles,fortalecer a parceria e o entendimentocom o Ministério do Meio Ambiente.

A

E D I T O R I A L

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O Ministério do MeioAmbiente, como no

período FHC, foiapresentado como

um setor dominadopelas ongs

ambientalistascontrárias aos

interesses e projetosda articulação

desenvolvimentistagovernamental,sendo deixado à

margem de decisõesimportantes

Orçamento & Política Socioambiental: uma publicação trimestral do INESC – Instituto de Estudos Socioeconômicos, em parceria coma Fundação Heinrich Böll. Tiragem: 3 mil exemplares. INESC - End: SCS – Qd, 08, Bl B-50 - Sala 435 Ed. Venâncio 2000 – CEP. 70.333-970 – Brasília/DF – Brasil – Tel: (61) 212 0200 – Fax: (61) 212 0216 – E-mail: [email protected] – Site: www.inesc.org.br - ConselhoDiretor: Jackson Luiz Pires Machado, Ronaldo Coutinho Garcia, Maria Elizabeth Diniz Barros, Gisela Alencar Santos, Nathali Beghin,Gilda Cabral de Araújo, Guacira César de Oliveira, Pe. José Ernani Pinheiro, Paulo Calmon - Colegiado de Gestão: Iara Pietricovsky, JoséAntônio Moroni - Assessoria: Denise Rocha, Edélcio Vigna, Jair Barbosa Júnior, Jussara de Goiás, Luciana Costa, Márcio Pontual, RicardoVerdum, Selene Nunes - Jornalista responsável: Luciana Costa - Diagramação: Data Certa Comunicação - Impressão: Vangraf

do Meio Ambiente, como em muitos momentos doperíodo FHC, foi apresentado como um setor do-minado pelas ongs ambientalistas contrárias aos in-teresses e projetos da articulação desenvolvimentistagovernamental, sendo deixado à margem de deci-sões importantes.

Esta situação implicounum esforço a mais da mi-nistra e sua equipe, esforçoeste muitas vezes inglório, deretirar o MMA do isolamen-to a que vinha sendo subme-tido, por meio de tentativasde articulação bilateral comoutros ministérios, como odas Minas e Energia, daAgricultura, dos Transpor-tes, da Integração Nacionale do Desenvolvimento Agrá-rio, cujas ações e investimen-tos impactam diretamente omeio ambiente.

Nem mesmo os clamores,as articulações e performances de parlamentares,inclusive da chamada base de apoio do Governono Congresso Nacional, foram suficientes parademover o “núcleo duro” dos planos traçados. Noúltimo 4 de junho, véspera do Dia Mundial do MeioAmbiente, ao mesmo tempo em que foi lançada aFrente Parlamentar Mista para o DesenvolvimentoSustentável e Apoio às Agendas 21 Locais, a minis-tra Marina Silva entregou ao presidente da Câma-ra, João Paulo Cunha (PT/SP), uma “agenda posi-tiva” contendo as 11 propostas legislativas conside-radas pelo “setor ambiental” como prioritárias parauma política de desenvolvimento ambientalmente

sustentável. O deputado João Paulo afirmou quelevaria as propostas à reunião de líderes, esperandopara breve que se constituam as “condições políti-cas” para apreciação das matérias.

O momento mais, digamos, dramático deste es-tranho processo foi entre o final de setembro e a

primeira quinzena de outubro, quando, em meioaos boatos de que a ministra Marina poderia aban-donar o cargo a qualquer momento, o deputadoFernando Gabeira se desliga do PT. O discursodo deputado Gabeira foi tomado por amplos se-tores do movimento socioambiental brasileirocomo representativo do “estado de espírito” domovimento naquele momento.

No âmbito da política nacional em 2003, otema central das tensões no campo socioambientalfoi, sem sombra de dúvida, o dos “organismos ge-neticamente modificados” - OGMs outransgênicos, ao qual se vieram somar a liberaçãoda importação de pneus usados; a inoperância eas dificuldades do governo em chegar a uma defi-nição das ações necessárias a curto e médio prazospara o controle do processo de desmatamento e

queimada das áreas de floresta e cerrado; a divulga-ção do pacote de obras e empreendimentos de infra-estrutura, principalmente na Amazônia e no Nor-deste; e a continuidade do projeto nuclear brasilei-ro -Angra III, entre outros.

O que se pode perceber ao longo destes dez me-ses é que dúvidas e interrogações sobre os objetivose rumos da política socioambiental do governo fe-deral não foram um privilégio de ongsambientalistas e socioambientalistas, e de organiza-ções e movimentos de trabalhadores rurais, de agri-cultores familiares, de sem-terras, de seringueiros,de extrativistas e indígenas. Nos corredores e salas

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Em relação aosrecursos financeiros,

não se pode deixarde reconhecer que o

montante investidopelo Ministério do

Meio Ambiente nosseus programas eações nestes dez

primeiros meses degestão foi

insignificante

de trabalho do MMA, ainda hoje persistem dúvi-das sobre, por exemplo, o quanto serão aproveita-das as experiências, os aprendizados, as articulaçõessociais e políticas com os movimentos sociais, e ocapital humano e social aí construído e acumuladoao longo da última década.

O Programa Piloto para Proteção das FlorestasTropicais -PPG7, um dos maiores, senão o maiorprograma na área socioambiental, respeitado naci-onal e internacionalmente pelos benefícios políti-cos, institucionais,ambientais, econômicos esociais, em especial os seuscomponentes “demons-trativos”, que trabalha-ram fortemente noempoderamento das co-munidades locais naAmazônia e Mata Atlân-tica, foi um exemplo dis-to. Esteve praticamenteparalisado ao longo de2003, aguardando as de-finições e os arranjos po-líticos entre o governo fe-deral, os governos estaduais e o setor privado, comvistas à elaboração de uma nova política de “desen-volvimento sustentável para a Amazônia”.

As expectativas são de que seja apresentado algumproduto do Grupo de Trabalho Interministerial cons-tituído com a finalidade de elaborar o denominadoPrograma Amazônia Sustentável - PAS. Os progra-mas atualmente elencados no Plano Plurianual 2004/2007 apontam para possibilidades interessantes,embora os recursos sejam escassos, o que acarretarálimitações nos resultados esperados.

Além das incertezas, conflitos e tensões mais ge-rais da política governamental, uma série de outrosfatores influíram na micropolítica interna do MMAnestes dez meses: os compreensíveis problemas namontagem das equipes de trabalho; o tempo neces-sário para conhecer e avaliar a estrutura e os recursos

humanos disponíveis; as limitações impostas pelocontingenciamento de recursos financeiros; as resis-tências internas naturais às mudanças; as disputas porprojetos e cargos; as dificuldades de estabelecer umdiálogo amistoso com a diversidade de interesses evisões da sociedade civil organizada e dos agentes demercado, que pressionam seja pela continuidade, sejapela mudança nas políticas do órgão. Além disso,pesou significativamente no ânimo de trabalho dasvelhas e novas equipes a incerteza sobre o própriofuturo, decorrente do fim da forma de contrato derecursos humanos via agências de “cooperação in-ternacional”, e a necessidade de todos assim contra-tados concorrerem num processo seletivo aberto.Com todos os riscos que isso implica.

Em relação aos recursos financeiros, não se podedeixar de reconhecer que o montante investido peloMMA nos seus programas e ações nestes dez pri-meiros meses de gestão foi insignificante, mesmose considerarmos o que efetivamente foi disponi-bilizado ao ministério com os contingenciamentos.Do orçamento da União, foram investidos nos pro-gramas finalísticos pouco mais que R$ 91,74 mi-lhões, o equivalente a 6,39% do autorizado e a9,48% do efetivamente disponibilizado com oscontingenciamentos.

Hoje, o socioambientalismo governamental vemcolocando suas fichas principalmente nos resultadosda Conferência Nacional do Meio Ambiente -CNMA, realizada em Brasília, de 28 a 30 de no-vembro. Talvez mais no MMA do que nos movimen-tos socioambientais haja uma grande expectativa emrelação à mobilização social gerada pela ConferênciaNacional e pelas pré-conferências estaduais e regio-nais. O que não se sabe é se esta Conferência geraráas condições necessárias para se caminhar no sentidodo tão decantado “desenvolvimento sustentável”, oque implicaria em mudanças na forma como estãosendo tomadas as decisões no governo federal, ou setudo acabará em mais uma “pirotecnia ambiental”.1

À semelhança da política indigenista, onde a es-perada articulação intersetorial ainda está por ser

1 As 27 pré-conferências estaduais e do Distrito Federal envolveram mais de 34 mil pessoas, de onde saíram 912 delegados entre representantes governamentais(33.44%), dos movimentos sociais (18.64%), das ongs (13.60%), das universidades (10,24%), do setor empresarial (7.13%), indígenas (4.17%), juventude(3.18%), Conselhos profissionais (2.74%), quilombolas (0.44%) e outras categorias (6.25%).

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realizada, a anunciada “transversalidade” tambémé uma idéia e uma prática a serem incorporadas defato pelo governo, especialmente entre os setoresmais preocupados com o desempenho industrial,comercial e financeiro do país. Para que isto acon-teça, não bastam “ícones” conhecidos e respeitadosno meio socioambiental, por mais que eles estejamimbuídos de boa vontade, premissas morais e dis-cursos politicamente adequados e espirituosos.

A nova prática política vai depender substanci-almente da capacidade dos setores socioambientais,hoje governamentais, não se deixarem contaminarpela atitude conservadora e de “bom senso” que tra-dicionalmente, no Brasil, acaba tomando conta dasidéias e práticas dos “revolucionários” de ontemquando assentados em postos de poder. Nos referi-mos especialmente aos setores comprometidos coma construção de uma agenda de trabalho orientadapelos princípios da qualidade e da justiçasocioambiental. Que eles assumam de fato seus com-promissos originários, gestando paritariamente - esem medo de perder seus postos de poder - os me-canismos e as capacidades necessárias para uma efe-tiva participação social dos movimentos e organiza-ções socioambientais na política setorial do MMAe para além do espaço restrito deste órgão governa-mental. O processo de avaliação e revisão anual doPlano Plurianual - PPA, que se iniciará em 2004,será uma importante ocasião para demonstrar estadisposição e exercitar esta relação.

A querela dos transgênicosA atual conjuntura na qual os produtos agríco-

las transgênicos se inserem resulta de erros conse-cutivos na condução das políticas públicas parabiotecnologia e biossegurança. A construção polí-tica e legal para o adequado tratamento dos orga-nismos geneticamente modificados foi substituídapor tomadas de decisões paliativas e inconseqüen-tes. Em outras palavras, o processo foi invertido: oGoverno não foi capaz de regulamentar as regrasdo jogo; ao contrário, foi atropelado pelos aconte-cimentos, se tornando refém dos infortúnios do“fato consumado”.

No início do Governo Lula, existiam duas op-ções de condução de políticas públicas para a agri-cultura e a biotecnologia. Uma, condizente com oprograma de Governo, seria retomar o controle dasituação e fazer valer a legislação vigente, respeitan-do os interesses sociais da maioria. Outra opção se-ria simplesmente se deixar levar pelos acontecimen-tos, permitindo que o jogo de forças e interesses deminorias prevalecesse.

A primeira ação do Governo foi a edição da Me-dida Provisória 113, em abril passado, que libera-va a comercialização da safra de soja transgênica2002/2003, mantendo a proibição do seu plan-tio. O impacto negativo dessa MP junto à socie-dade foi minimizado frente à credibilidade, aindaforte, do novo Governo. O argumento de que asituação era “herança do Governo anterior”, masque seria solucionada rapidamente, foi justificati-va aceita, ainda que com desconfianças. O com-promisso firmado era o envio imediato de um pro-jeto de lei ao Congresso, contendo as disposiçõespara um Sistema Nacional de Biossegurança. Comele, esperava-se regulamentar, finalmente, a ques-tão dos transgênicos. Porém, nenhum projeto delei foi proposto e depois de alguns meses, em ou-tubro, o Governo editou uma segunda MedidaProvisória, a MP 131, permitindo o plantio e acomercialização da soja RR - Round Ready, da em-presa multinacional Monsanto, para a safra 2003/2004. A partir daí, ficou evidente o desinteresseou a incapacidade do Governo em tratar de polí-ticas públicas para biotecnologia.

Como pode o Governo expor o país ao risco, li-berando transgênicos sem avaliação prévia de im-pactos ambientais, econômicos, sociais e sanitários?Além dessa incoerência fundamental, a utilizaçãode Medidas Provisórias como instrumentos de deli-beração representa a opção por métodos nada de-mocráticos. Medidas Provisórias atropelam os de-mais Poderes da União e, principalmente, a socie-dade. E esse é o marco do Governo Lula em seusprimeiros meses. Ao invés de formular políticaspúblicas para biotecnologia de forma prospectiva,desrespeitou-se a legislação já existente com a ado-

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A questão dostransgênicos se

tornou um íconerepresentativo dosinteresses sociais.

A correlação deforças está

desequilibrada eatores interessados

na liberação dostransgênicos têmportas abertas no

Palácio do Planalto

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ção de medidas confusas e até inconstitucionais.No Judiciário, tramitam três Ações Diretas de

Inconstitucionalidade – Adin, protocoladas pelaContag, pelo Partido Verde e pelo Procurador Geralda República. Está evidente a divergência entre osPoderes e as perspectivas de constrangimentos au-mentam. No âmbito do Legislativo, há uma rupturadentro do PT. O partido não consegue chegar aoconsenso e estabelecer uma posição. No Congresso,constata-se que não há nenhuma posição de partidofechada sobre o tema. Noentanto, é possível encontrarpredominância de tendênci-as favoráveis à liberalizaçãodos transgênicos no PMDBe PFL, enquanto no PT a mai-oria é contrária. No segundosemestre de 2003, cresceu onúmero de audiências públi-cas, seminários e reuniões so-bre transgênicos, e o temaentrou definitivamente naagenda política da Câmarados Deputados, culminandocom o lançamento da Fren-te Parlamentar Mista em Defesa da Biossegurança epelo Princípio da Precaução, em outubro. Diferenteda Câmara, o Senado ainda não se envolveu com otema e o debate é mínimo.

No Executivo, as divergências não são menores.Os posicionamentos conflitantes do Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa - edo MMA tendem a aumentar com o agravamentodas circunstâncias. Atores fundamentais como osMinistérios do Desenvolvimento Agrário; da Saú-de e da Ciência e Tecnologia evitam anunciar pu-blicamente sua posição, dada a polêmica. Emcontraposição às políticas até então adotadas, a so-ciedade civil organizada tem se articulado para de-fender seus interesses pelo respeito ao princípio daprecaução. A questão dos transgênicos afeta direta-mente consumidores, ambientalistas e agricultorese, por isso, se tornou um ícone representativo dosinteresses sociais. Movimentos sociais e ongs estão

pressionando o Governo a apresentar políticas coe-rentes com as promessas da campanha eleitoral pre-sentes no programa “Vida Digna no Campo”.

A correlação de forças está desequilibrada e ato-res interessados na liberação dos transgênicos têm por-tas abertas no Palácio do Planalto. O estreitamentode relações do Governo Federal com o Rio Grandedo Sul pode ser interpretado como negociaçãopolítica para as eleições de 2004. O risco de oPT perder a Prefeitura de Porto Alegre, um dos

ícones dos movimentos sociais e socioambientaishá mais de dez anos, pode estar estimulando oGoverno Federal a manter uma postura ambí-gua e permissiva.

No momento, do mesmo modo como a libe-ração da soja RR vem sendo resultado de jogospolíticos e correlação de força, a proibição douso pós-emergente do glifosato, uma substânciausada para produzir agrotóxicos, pode virar mo-eda de negociação. O mês de outubro terminacom o Executivo sendo pressionado a usar umamedida provisória para liberar a aplicação doglifosato na parte aérea da planta.

As diretrizes da macropolítica de biotecnologiaestão equivocadas e o debate democrático foi supri-

mido. As visões produtivistas e os interessesmacroeconômicos que colocam em risco a saúde dapopulação e a qualidade do ambiente, em nome dochamado “superávit”, predominam nas decisões finais.A construção de uma regulamentação sólida e coe-rente sobre os organismos geneticamente modificadosexige um processo democrático com amplo debate e,principalmente, respeitando a legislação vigente.

Embora não haja consenso entre as entidades dasociedade civil sobre qual é a melhor solução para oimpasse da transgenia no Brasil, as expectativas deagricultores, ambientalistas, consumidores e pesqui-sadores de diversas áreas é que a situação seja resol-vida o mais breve possível. Para tanto, o Executivoelaborou o Projeto de Lei sobre Biossegurança, quesubstitui a atual legislação (Lei n° 8.947 e MP2.191, de 23.08.01) por novas normas de segurançae mecanismos de fiscalização de atividades que en-volvam os transgênicos. O projeto de lei tramita no

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Enquanto segue aquerela entre

“convencionais” e“transgênicos”,

a monoculturaextensiva e

mecanizada da sojaavança, derrubando

áreas naturais decerrado e floresta

tropical, e colocandoem risco as formasde vida social que

destes biomas erecursos naturais

dependem

Congresso a partir de novembro e muitas modifi-cações no texto original podem ocorrer. Ainda háuma apreensão geral em relação às próximas safras,e é incerto o futuro cenário da agricultura.

Outra vez, a sojaEnquanto segue a que-

rela entre “convencionais” e“transgênicos” - ambos fru-to da primeira e da segun-da “revolução verde” nocampo, a agroquímica e abiotecnológica, respectiva-mente –, a monocultura ex-tensiva e mecanizada da sojaavança e se expande para asregiões Norte e Nordeste,derrubando áreas naturaisde cerrado e floresta tropi-cal, e colocando em risco asformas de vida social e asustentabilidade econômicae alimentar de agricultoresfamiliares, agroextrativistas e comunidades indíge-nas, que destes biomas e recursos naturais depen-dem. Na perspectiva socioambiental, a questão dasoja não se resume ao debate transgênico ou con-vencional.

É no mínimo preocupante a forma como o culti-vo da soja vem se desenvolvendo no Brasil, com efei-tos socioambientais e sanitários presentes e futuros,de todo não percebidos e mensurados, assim como aimportância que o cultivo da soja vem assumindo nacarteira de produtos de exportação nacional – ge-rando divisas para, entre outras coisas, o pagamentodas dívidas interna e externa do Estado brasileiro. Asoja é hoje o principal produto da carteira de expor-tação nacional, e o principal no campo doagribusiness, ao lado da carne bovina, da madeira edo suco de laranja. Já se fala até que é do territóriobrasileiro de onde sai a maior produção nacional desoja no mundo, superando a produção dos EUA.2

Iniciada nas regiões sulinas, onde o clima era maisapropriado e se tornou uma opção de rotação como trigo, a lavoura da soja começou a se expandirmais vigorosamente no Brasil na segunda metadedos anos 1970. Nos anos 1980 e 1990, a soja adentranas zonas de cerrado, inicialmente no centro e nor-te de Mato Grosso do Sul e no sudeste de MatoGrosso, expandindo-se posteriormente pelo oestede Minas Gerais e Triângulo Mineiro, Goiás,Tocantins, sul do Maranhão e oeste da Bahia.

Esta expansão é viabilizada pelas condições naturaisdos cerrados, de áreas planas; pelos investimentos nainfra-estrutura de transporte e pelo desenvolvimentotecnológico no campo do “melhoramento genético”de variedades de soja adaptadas. Isto permitiu seu cul-tivo em um ambiente antes considerado inapropriadoe um transporte facilitado para os principais centrosde beneficiamento e portos de exportação. Nos anosrecentes, a lavoura da soja também se expande para oscerrados do Piauí, sendo atualmente considerada, pelogoverno estadual, um dos principais produtos gera-dores de divisas para o estado.

A produção de soja no Brasil mais que duplicounos últimos dez anos, passando de 25,059 para52,066 milhões de toneladas na safra 2002/2003,segundo dados da Companhia Nacional de Abaste-cimento – Conab - e do Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento. Os três estados com mai-or produção neste período são o Mato Grosso, Paranáe Rio Grande do Sul, sendo que na safra de 1999/2000 o Mato Grosso superou em muito os demais.Na safra de 2002/2003, o Mato Grosso produziuaproximadamente 13,096 milhões de toneladas. Se-gundo Edeon Vaz Ferreira, presidente da Associa-ção dos Produtores de Sementes de Mato Grosso –Aprosmat - e vice-presidente da Associação Brasilei-ra dos Produtores de Sementes - Abrasem, a áreaplantada com soja no estado deve aumentar de 4,3milhões para 4,8 milhões de hectares neste ano.

De outro lado, o levantamento divulgado emjulho passado pelo Instituto Nacional de PesquisasEspaciais – Inpe - indica que o desmatamento na

2 Os principais produtos agrícolas no mercado global de organismos geneticamente modificados são a soja, o milho, o algodão e a canola. Quatro são também ospaíses que cultivam OGMs em grande escala: EUA, Canadá, Argentina e China.

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O eixo rodoviárioCuiabá-Santarém

(BR-163) é, hoje, umdos principaisexemplos davelocidade do

processo deexpansão da soja na

Amazônia e dosarranjos e interesses

em jogo.A obra tem geradodisputas e conflitos

violentos por terras erecursos madeireiros

Amazônia Legal chegou a 25,476 km² entre agos-to de 2001 e agosto de 2002, o segundo maior ín-dice desde o início do monitoramento anual da re-gião, há 15 anos. Este desmatamento ocorreu emmaiores proporções em duas regiões: no sul doAmazonas e na região de Santarém, no Pará. Nabase deste processo está o avanço da agropecuária,especialmente a monocultura da soja e a pecuáriabovina. Infelizmente, nada de concreto foi apresen-tado ainda pelo Grupo deTrabalho Interministerialpara reverter este quadro,que tende a se agravar seconsiderarmos os planos deampliação da rede deinfra-estrutura nos camposenergético e de transportena Amazônia.

O eixo rodoviárioCuiabá-Santarém (BR-163) é, hoje, um dos prin-cipais exemplos da veloci-dade do processo de ex-pansão da soja na Amazô-nia e dos arranjos e interes-ses em jogo. A pavimentação da rodovia 163, inclu-ída no PPA 2004/2007, é ao mesmo tempo causa econseqüência dos interesses convergentes dos setoresdesenvolvimentistas governamentais e dos sojicultoresinstalados ou investindo na região. No PlanoPlurianual -PPA, estão previstos investimentos deaproximadamente R$ 716 milhões na obra, sendo50% originários da parceria entre o setor público eprivado, a PPP. O atual diretor da empresa Amaggi,Blairo Maggi, formou recentemente a “Sociedade dePropósito Específico” com outros sojicultores da re-gião e empreiteiros, para concorrer à privatização daconstrução e manutenção da estrada, compreenden-do um longo trecho de 756km, ligando Guarantãdo Norte (MT) a Miritituba (PA).

Em um levantamento recentemente realizado peloInstituto de Estudos Socioeconômicos – Inesc - sobre

processos legislativos que tramitam no Congresso Na-cional, foram identificados dois projetos de decretolegislativo – o de número 121/99, do então senadorBlairo Maggi; e o de número 145/01, do tambémsenador Jonas Pinheiro – que objetivam autorizar oaproveitamento dos rios das Mortes, Araguaia eTocantins, nos trechos que cortam territórios indíge-nas, para permitir o escoamento da soja e outros grãos.3

A pressão sobre as terras indígenas situadas no nortedo Mato Grosso e sul do Pará é intensa.

Outro dado importante, que certamente terá re-percussões no processo de expansão da soja queocorre na região sul do Pará, é o fato de que hápouco mais de um ano uma das empresas que com-põem o complexo agro-industrial André Maggi Par-ticipações Ltda, a Amaggi, obteve um empréstimode US$ 30 milhões da International FinanceCorporation -IFC, integrante do Grupo BancoMundial, para financiar cerca de 900 outrosplantadores de soja no Mato Grosso.4

Mas a perspectiva de asfaltamento da BR-163não tem atraído somente empreendedores do setorsojicultor e capitais nacionais e internacionais inte-ressados no “desenvolvimento” da região. A obratem gerado também disputas e conflitos violentospor terras e recursos madeireiros, reproduzindo alicenários já vistos em outras regiões de fronteira, ondepredomina a “lei do mais forte” e o “salve-se quempuder”. Segundo relatos de pessoas que vivem naregião, o grau de violência, corrupção, e o descon-trole e descaso dos poderes públicos está chegandoa graus insuportáveis.

Até mesmo no Parque Indígena do Xingu, rela-tivamente intacto em termos ambientais, se consta-tam efeitos na qualidade e na quantidade da águados rios e igarapés, em decorrência dos desmata-mentos no entorno e nas cabeceiras desses cursosd’água; da retirada das matas ciliares dos rios e douso intensivo de agroquímicos nas áreas de cultivoextensivo situadas no entorno. A preservação dasnascentes do rio Xingu e a qualidade dos recursoshídricos é uma prioridade social e ambiental, espe-

3 DUARTE, Y. “Direitos Indígenas: Análise das Principais Propostas que tramitam no Congresso Nacional”, Nota Técnica nº 81, Inesc, Brasíia, agosto de 2003.4 O IFC anuncia como missão “fomentar investimentos sustentáveis do setor privado nos países em desenvolvimento, para ajudar a reduzir a pobreza e melhorar

as condições de vida das pessoas” - cf. www.ifc.org.

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cialmente se considerarmos o programa de obrasde infra-estrutura previsto para a região, e o pro-cesso de ocupação demográfica e econômica quecertamente deverá ocorrer de forma mais acelera-da. Esta questão, porém, parece não preocupar osatuais implementadores das chamadas políticas dedesenvolvimento da Amazônia.

A esta situação, acrescentaríamos o fato de oslicenciamentos ambientais estarem cada vez maissendo descentralizados para os estados e municípi-os, e mais sujeitos às pressões políticas e econômicaslocais e regionais.

Execução orçamentária do Ministério doMeio Ambiente

O MMA executou até o final de outubro cercade 37,45% do seu total autorizado em 2002, cercade R$ 1,43 bilhão. Se levarmos em consideraçãosomente os itens que compõem o “orçamentoambiental” proposto pelo Inesc – os denominadosprogramas finalísticos destinados exclusivamente àpolítica ambiental do governo federal –, verifica-mos que foram gastos apenas 12,22% dos R$ 750,5milhões autorizados.

De outro lado, se considerarmos somente os itensque compõem as despesas com os programas “ApoioAdministrativo” e “Previdência de Inativos e Pensi-onistas da União”, verificamos que o ministério gas-tou aí cerca de 65,12% do que foi inicialmente au-torizado nesta linha de despesas (R$ 684,4 milhões).Em relação ao total liquidado pelo MMA, que foide R$ 537,4 milhões até 31 de outubro, este tipode despesa consumiu 82,93%.

Enquanto na dotação inicialmente autorizadapara o MMA 52,30% dizem respeito ao “orça-mento ambiental” e 47,70% são disponíveis para“outras despesas do MMA”, a realidade do quefoi executado não segue esta mesma tendência,pois, até agora, o percentual executado para o “or-çamento ambiental” é quase cinco vezes menor.Outro detalhe importante é que parte dos recur-sos dos programas incluídos no “orçamentoambiental” cobre também despesas com as cha-madas “equipes base” dos projetos realizados com

a cooperação internacional, como o Programa dasNações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD,e a Organização das Nações Unidas para a Agri-cultura e Alimentação -FAO etc., elevando aindamais as “outras despesas” do ministério. A mudan-ça na forma de contratação de pessoal a partir de2004, não mais via organismos de cooperação in-ternacional, deverá trazer mais transparência e vi-sibilidade sobre os recursos utilizados para as ati-vidades meio e finalísticas.

De acordo com os dados do Sistema Integra-do de Administração Financeira/ Secretaria doTesouro Nacional - Siafi/STN - e do Controle deInformática e Processamento de Dados do Sena-do - Prodasen, ao MMA foram disponibilizadospara execução até o final de outubro cerca deR$ 967 milhões, recursos não contingenciados,o que correspondente a 67,44% do valor orça-mentário autorizado. Os dados indicam que tan-to em relação a este total quanto em relação aototal já liquidado o investimento em atividades-fim (“orçamento ambiental”) é quase cinco vezesmenor que a soma das outras despesas do minis-tério. Considerando o baixo volume empenhadopara o “orçamento ambiental”, é provável que oMMA encerre o ano com uma baixíssima execu-ção orçamentária, e uma grande concentração emdespesas-meio.

O socioambiental no PPA 2004/2007No final de agosto passado, o Ministério do

Planejamento e Orçamento encaminhou ao Con-gresso Nacional, para apreciação e aprovação, oPlano Plurianual 2004/2007 e a proposta demetas, programas, ações e respectivo orçamentopara o ano de 2004. O PPA do Governo Lulacontempla o Ministério do Meio Ambiente com40 programas, sendo dois destinados a cobrir asdespesas com a “Previdência de inativos e pensi-onistas” e as ações de “Apoio administrativo”; eoutros dois para cobrir os custos de duas modali-dades de “Operações especiais”: a de “Cumpri-mento de sentenças jurídicas” e a de “Serviços dadívida externa (juros e amortizações)”.

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dezembro de 2003 9

Para o período de 2004/2007, o documentoencaminhado ao Congresso disponibiliza para osetor “meio ambiente” um valor total de R$ 4,001bilhões. Para o ano de 2004, o Projeto de Lei Or-çamentária Anual prevê para o MMA um mon-tante de R$ 1,476 bilhão, sendo que os quatroprogramas anteriormente mencionados apropri-am-se de aproximadamente 43% deste total. Ou-tro dado interessante do orçamento do MMA serefere à existência de um programa denominado“Reserva de contingência”, que absorve mais34,26% do total de recursos previstos para 2004.Este item é importante porque garante uma cer-ta flexibilidade na atuação do órgão, atendendoações emergenciais – como incêndios florestais,vazamento de resíduos tóxicos em cursos d’água,ações de fiscalização, etc. – e complementandoas ações dos outros programas.

As seis unidades que compõem o Ministériodo Meio Ambiente estão assim contempladas noProjeto de Lei Orçamentária Anual de 2004,apresentado pelo Poder Executivo Federal: Mi-nistério do Meio Ambiente, R$ 699,81 milhões;Ibama, R$ 563,62 milhões; Cia. de Desenvolvi-mento da Barcarena, R$ 1,68 milhão; AgênciaNacional de Águas, R$ 146,94 mil; Jardim Bo-tânico do Rio de Janeiro, R$ 15,66 mil; FundoNacional do Meio Ambiente, R$ 48,27 mil.

O Fundo Nacional de Meio Ambiente -FNMA – aparece em 2004 como um importan-te fomentador de projetos, sendo um dos instru-mentos de implementação em 12 programas.Neste ano, está alocado no FNMA um montantede R$ 21,5 milhões, a serem repassados aos pro-jetos elaborados e realizados por atoresinstitucionais governamentais e não-governamen-tais. O FNMA deverá atuar no apoio de progra-mas como Mudança Climática, Amazônia Sus-tentável, Proambiente, Combate à Desertificação,Nacional de Florestas, entre outros.

Dos 40 programas, 20 são novos e estarão re-cebendo e repassando recursos pela primeira vez.Neste grupo, estão incluídos o Agenda 21, oProambiente, o Comunidades Tradicionais, o

Mudanças Climáticas e Meio Ambiente, oProbacias e o Biotecnologia.

Na perspectiva de definir quais os programasa serem monitorados e avaliados pelo Inesc noperíodo de 2004/2007, identificamos 55. Essesprogramas são desenvolvidos em três modalida-de de arranjo institucional: exclusivamente peloMMA, em parceria com outros ministérios, ouexclusivamente por outros ministérios. Os minis-térios parceiros do MMA são o da Defesa; doTrabalho e Emprego; dos Transportes; da Ciên-cia e Tecnologia; do Desenvolvimento, Indústriae Comércio; da Integração Nacional; da Justiça;do Desenvolvimento Agrário; da Saúde; da Edu-cação; entre outros.

De modo geral, pode-se dizer que há uma in-teressante sintonia entre as visões e propostas doMMA e as dos movimentos socioambientais. Apermanência de alguns programas do PPA ante-rior, assim como a reformulação de outros e acriação de novos – como os de Proteção de Ter-ras Indígenas, Gestão Territorial e Etnodesen-volvimento, Biotecnologia, Agricultura Familiar– Pronaf, Conservação e Uso Sustentável de Re-cursos Genéticos e Probacias -, são exemplos doque significa ou pode significar uma parceria maisestreita entre o governo e as principais redes deongs e movimentos socioambientais.

Fortalecer esta parceria, com base em princí-pios efetivamente democráticos e participativos,nos parece ser a melhor forma de caminhar rumoao cumprimento da missão do MMA, de “pro-mover a adoção dos princípios e estratégias paraa proteção e o uso do meio ambiente e a inserçãodo desenvolvimento sustentável na formulação eimplementação de políticas públicas, de formatransversal, (...) em todos os níveis e instâncias degoverno, e na sociedade”.

Ricardo VerdumAssessor de Política Indígena e Ambiental do Inesc

Karen CopeAssistente da Campanha “Por um Brasil livre dos transgênicos”

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10 dezembro de 2003

2003

Programas/projetos autorizado liquidado %

31/10/2003 31/10/2003 exec.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE 750.555.164 91.747.420 12,22%Amazônia sustentável 131.741.499 6.031.784 4,58%Exp. e consol. do sistema de áreas protegidas 9.421.660 300.000 3,18%Amazônia solidária - Apoio às comunidades extrativistas da Amazônia 22.611.000 3.275.515 14,49%Fomento a projetos de gestão - PPG7 32.983.375 1.410.146 4,28%Proteção às florestas tropicais da Amazônia - PPG7 15.333.500 307.512 2,01%Gestão ambiental em terras indígenas 5.681.485 538.611 9,48%Recuperação de áreas alteradas na Amazônia 1.200.479 0 0,00%Desenvolvimento ambiental urbano 44.510.000 200.000 0,45%Prevenção e combate a desmatamentos 54.361.081 24.914.607 45,83%Prev. queim. incêndios do desmatamento Amazônia - Proarco 9.999.999 1.702.422 17,02%Fiscalização de recursos florestais 17.897.619 9.363.291 52,32%Prevenção de indêndios florestais - Prevfogo 26.463.463 13.848.894 52,33%Combate emergencial a incêndios florestais - - -Turismo verde 20.325.221 0 0,00%Implant de infra-estrutura nos pólos de ecoturismo da Amazônia 16.711.000 0 0,00%Estudos, capacitação e assistencia técnica 3.614.221 0 0,00%Probem da Amazônia 10.454.446 862.156 8,25%Desenvolvimento pelo centro de biotecnologia da Amazônia de 100.000 86.410 86,41%produtos e processos a partir da biodversidadeFomento e implementação de projetos para o uso sustentável 9.752.152 775.746 7,95%Implantação do centro de biotecnologia da Amazônia 602.294 0 0,00%Florestas sustentáveis 31.499.105 7.756.044 24,62%Manejo de rec. naturais em florestas tropicais - PPG7 12.659.275 3.002.138 23,71%Capacitação e apoio às comunidades extrativistas 2.151.014 1.081.439 50,28%Monitoramento dos planos de manejo florestal 13.418.326 1.802.983 13,44%Uso múltiplo - florestas nacionais 3.270.490 1.869.484 57,16%Florestar 33.731.761 1.933.571 5,73%Financiamento ao agricultor familiar para o reflorestamento 900.000 0 0,00%Assistência técnica e financeira aos estados e municípios 1.350.000 0 0,00%para a gestão dos recursos florestaisFomento a projetos de reflorestamento 22.287.959 842.041 3,78%Estudos para o desenvolvimento florestal 2.212.622 248.252 11,22%Reposição florestal 6.981.180 843.278 12,08%Parques do Brasil 70.471.329 11.859.024 16,83%Ampliação do sistema nacional de áreas protegidas 30.616.603 1.016.915 3,32%Regularização fundiária da uc federais 7.051.561 0 0,00%Gestão, manejo e fiscalização uc 25.818.107 10.175.343 39,41%Implantação de infra estrutura econômica de uc 4.280.000 0 0,00%Capacitação e estudos em uc 1.595.060 156.111 9,79%Conservação e manejo do patrimônio espeleológico 1.109.998 510.655 46,01%Biodiversidade e recursos genéticos 39.392.799 5.708.673 14,49%Fomento proj. cons. utiliz. sust. divers. biológica - Pronabio 27.137.396 3.011.720 11,10%Manejo e conservação da fauna/flora 9.256.140 2.574.456 27,81%Conservação biodiversidade - jardim botânico 1.788.651 122.497 6,85%Política biodiversidade - outros 1.210.612 0 0,00%Gestão política ambiental / agenda 21 26.260.071 6.523.063 24,84%Apoio ao gerenciamento descentralizado da política 4.506.717 506.686 11,24%Estudos para desenvolvimento de instrumentos econômicos para gestão ambiental 15.047.658 866.824 5,76%Formulação de políticas de desenv. sustentado 2.938.795 2.316.062 78,81%Elaboração da agenda 21 brasileira 2.035.390 1.657.927 81,46%Construção da sede da ANA 1.731.511 1.175.564 67,89%Zoneamento ecológico-econômico 11.273.714 59.355 0,53%Implementação - zee 8.995.000 0 0,00%Zee - gestão 2.278.714 59.355 2,60%Educação ambiental 11.686.059 2.422.643 20,73%Fomento a projetos integrados de educação ambiental 5.901.217 526.893 8,93%

Orçamento ambiental - 2003T abela 1

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dezembro de 2003 11

2003

Programas/projetos dot. Inicial autorizado liquidado %

2003 04/07/2003 04/07/2003 exec.

Orçamento ambiental - 2003T abela 1 continuação

Informação e capacitação em educação ambiental 5.784.842 1.895.750 32,77%Recursos pesqueiros sustentáveis 13.956.699 5.284.779 37,87%Implantação de gestão e manejo 5.932.031 1.128.635 19,03%Fiscalização e monitoramento 6.624.668 2.808.144 42,39%Licenciamento da pesca amadora 1.400.000 1.348.000 96,29%Pantanal 20.800.376 547.442 2,63%Implantação e melhoria de sistemas de abastecimento 5.226.762 0 0,00%e saneamento na bacia do rio ParaguaiProteção e conservação ambiental 4.028.674 0 0,00%Gerenciamento e manejo de recursos hídricos 757.801 0 0,00%Desenvolvimento econômico na bacia 3.894.231 0 0,00%Ações sócio-econômica ind. com comunidades indígenas 418.264 0 0,00%Assistência técnica produtores rurais 346.003 0 0,00%Gestão do programa Pantanal 4.873.641 547.442 11,23%Estruturação da polícia ambiental e do corpo de bombeiros 800.000 0 0,00%Implantação de unidades de gestão ambiental 455.000 0 0,00%Brasil Joga Limpo 42.234.041 308.112 0,73%Projetos demonstrativos de gestão integrada de resíduos 41.484.041 88.112 0,21%sólidos e saneamento ambientalImplantação de sistemas de informações 750.000 220.000 29,33%e instrumentos para gestão de resíduos sólidosDesenvolvimento ambiental urbano na Amazônia 0 0 0,00%Qualidade ambiental 43.427.163 8.016.768 18,46%Licenciamento ambiental 11.993.053 2.489.493 20,76%Fiscalização e monitoramento da poluição ambiental 12.247.526 4.421.816 36,10%Fomento a projetos de gestão integrada - PNMA II 8.810.379 146.801 1,67%Sistema de informações e estudos para gestão 3.230.240 302.432 9,36%Monit. de acidentes e recuperação de danos causados pela indústria do petróleo 3.461.967 24.661 0,71%Fomento a projetos de melhoria da qualidade do ar e proteção da atmosfera 3.683.998 631.565 17,14%Águas do Brasil 23.355.837 7.792.398 33,36%Implementação do sistema nacional de gerencimanento dos r.h. 3.103.729 0 0,00%Formulação da política de recursos humanos 2.068.129 2.068.122 100,00%Estudos e implementação dos sistema de recursos hídricos 0 0 0,00%Fiscalização e monitoramento de recursos hídricos 183.980 30.778 16,73%Enquadramento de corpos d‘água - - -Outorga do direito do uso - - -Elaboração de planos de r.h. 0 0 0,00%Projetos demonstrativos gestão r.h. - - -Projetos para prevenção de enchentes - - -Recuperação hidroambiental do rio doce 0 0 0,00%Projeto de minimização dos impactos da seca e desertificação - - -Sistemas de informações hidrometereológicas 17.999.999 5.693.498 31,63%Proágua - gestão 40.686.663 1.148.000 2,82%Despoluição de bacias hidrográficas - - -Estudos para reform. do pleno de desenvolvimento do programa Proágua - gestão 2.348.000 0 0,00%Disponibilidade de água no semi-árido - Proágua semi-árido 19.500.000 1.148.000 5,89%Fomenos a projetos de manejo e conservação de recursos hídricos - FNMA 891.019 0 0,00%Proágua - outros 372.643 0 0,00%Construção de cisternas de placas 17.575.001 0 0,00%Nossos rios: São Francisco 8.297.858 73.050 0,88%Recuperação e conservação ambiental da bacia 3.721.631 57.625 1,55%Implantação do sistema de gestão do plano de r.h da bacia 4.576.227 15.425 0,34%Nossos rios: Araguaia/Tocantins 3.173.052 0 0,00%Implantação de gestão e monitoria 3.173.052 0 0,00%Recuperação e conservação ambiental da bacia 0 0 0,00%Implantação de gestão e monitoria 0 0 0,00%Nossos rios: Paraíba do Sul 11.308.270 505.951 4,47%

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12 dezembro de 2003

Recuperação e conservação ambiental 8.644.491 0 0,00%Implantação da gestão e monitoramento da bacia 2.663.779 505.951 18,99%Despoluição de bacias hidrográficas 102.118.120 0 0,00%Remoção de cargas poluidoras de bacias hidrográficas 70.988.120 0 0,00%Recuperação de nascentes e de mananciais em áreas urbanas 31.130.000 0 0,00%Companhas para mobilização e conscientização para limpar os rios 0 0 0,00%MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO 51.576.607 17.349.281 33,64%Conservação de solos na agricultura 8.482.254 4.133.412 48,73%Biotecnologia e recursos genéticos - Genoma 35.936.402 9.974.024 27,75%Águas do Brasil 399.996 380.480 95,12%Parques do Brasil 399.989 350.817 87,71%Florestar 6.357.966 2.510.548 39,49%MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA 68.781.189 15.847.722 23,04%Turismo verde - - -Qualidade ambiental - - -Segurança nuclear 15.986.690 7.758.171 48,53%Biotecnologia e recursos genéticos - Genoma 40.470.003 7.059.349 17,44%Recursos do mar 135.000 0 0,00%Mudanças climáticas 842.501 141.067 16,74%Águas do Brasil - - -Prevenção e combate a desmatamentos 1.146.998 439.090 38,28%Probem da Amazônia 10.199.997 450.045 4,41%MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL 31.375.355 1.432.246 4,56%Recursos pesqueiros sustentáveis 12.000.000 1.432.246 11,94%Biotecnologia e recursos genéticos - Genoma 635.355 0 0,00%Proágua - gestão 17.000.000 0 0,00%Águas do Brasil - - -Florestar - - -Zoneamento ecológico-econômico 1.740.000 0 0,00%Plano agropecuário e florestal de Rondônia - Planafloro. 0 0 0,00%Desenvolvimento agroambiental do estado de Mato Grosso - Prodeagro 0 0 0,00%MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA 7.392.956 589.670 7,98%Águas do Brasil 5.090.002 464.672 9,13%Conservação ambiental de regiões mineradas 2.302.954 124.998 5,43%Ministério da Defesa 1.738.816 449.628 25,86%Recursos pesqueiros sustentáveis 462.500 1.907 0,41%Recursos do mar 1.276.316 447.721 35,08%MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO 87.902.049 73.880.470 84,05%Recursos pesqueiros sustentáveis 87.902.049 73.880.470 84,05%Ministério da saúde 970.000 90.403 9,32%Biotecnologia e recursos genéticos - Genoma 970.000 90.403 9,32%Proágua - Gestão - - -MINISTÉRIO DO ESPORTE E TURISMO - - -Pantanal - - -Turismo verde - - -Ministério do desenvolvimento, indústria e comércio 33.696.000 0 0,00%Mudanças climáticas 25.000.000 0 0,00%Probem da Amazônia 8.600.000 0 0,00%Zoneamento ecológico-econômico 96.000 0 0,00%MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES - - -Qualidade ambiental - - -TOTAL GERAL 1.033.988.136 201.386.840 19,48%Fonte: Siafi/stn - base de dados: Consultoria de orçamento/ cd e prodasenElaboração: InescNotação das colunas:Dotação inicial - recursos aprovados na lei orçamentária, sem considerar os acrescimos e cancelamentos aprovados ao longo do exercício.Liquidado - gastos realizados, incluídos também os recursos classificados como restos a pagar ao final do exercício (ano) fiscal (pagos no exercício seguinte)O valor liquidado pode ser maior do que a dotação inicial, quando forem aprovados acrescimos ao longo do exercício fiscal (créditos adicionais).% Execução - obtido através da divisão da despesa liquidada pela despesa autorizada.

2003

Programas/projetos dot. Inicial autorizado liquidado %

2003 04/07/2003 04/07/2003 exec.

Orçamento ambiental - 2003T abela 1 continuação


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