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CONFIANÇA NO COMÉRCIO
ELETRÔNICO E A BOA-FÉ
OBJETIVA
DENISE ANDRADE GOMES
www.gomesadvogados.com.br
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SOCIEDADE OCIDENTAL CONTEMPORÂNEA
período de profundas transformações tecnológicas, econômicas e
sociais
Revolução Agrícola – compreendida como a primeira revolução
tecnológica da humanidade (do nomadismo à sociedade agrícola)
Séculos XV e XVI - novo processo de transformações econômico-
sociais caracterizando fenômeno histórico denominado mercantilismo
ou a etapa de surgimento do capitalismo comercial
Segunda metade do século XVIII - nova revolução tecnológica, que
iria promover intensas alterações econômicas, sociais e
políticas, inicialmente, na Europa e, em continuação, em todo o resto
do mundo - Revolução Industrial - em meados do século XIX - o
avanço das tecnologias de comunicação, com a expansão das redes
telegráficas e o surgimento do telefone
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Séc. XX - substituição da sociedade industrial pela denominada
sociedade da informação ou do conhecimento ou, ainda, sociedade
digital
Historicamente, a Revolução Informacional tem início na II Guerra
Mundial, quando ocorreram invenções tecnológicas na área da
microeletrônica – como o chip, o microprocessador e o software –
, que possibilitaram a criação e o desenvolvimento dos primeiros
computadores pessoais, mais conhecidos como PC (personal
computers).
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INTERNET – meio revolucionário de comunicação
1969 – sistema de defesa americano – projeto militar (guerra fria)
Internet – meados da década de 80 nos EUA
Brasil – 1988 – universidades e centros de pesquisa
1995 – provedores de acesso – pessoas físicas e jurídicas
(Ministério das Comunicações publicou a Norma n.
4, que regula o uso de meios de rede pública de
telecomunicações para o provimento e utilização
de serviços de conexão à Internet)
Atividade bastante recente. Mais recente que o Código de Defesa do
Consumidor (Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990).
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COMÉRCIO ELETRÔNICO
Telefone
Fax
Televisão
Internet
Para conceituar o que venha a ser comércio eletrônicoencontramos certa dificuldade, já que nos dias atuais emalgum momento as transações comerciais passarão poralgum meio eletrônico.
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Ampliação do conceito de produtos e serviços:
E-book
Serviços acessados, produtos virtuais
MP3
Novas indagações:
a oferta e a publicidade eletrônica;
os contratos eletrônicos;
a proteção do consumidor.
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REQUISITOS DO E-COMMERCE
Informação - (corolário da boa-fé)
Transparência - Dados da empresa que opera virtualmente;Informações sobre produtos e serviços; Lei e ordenamento aque está submetido o contrato de compra e venda; Clausula dearbitragem ou Foro específico.
Assinatura eletrônica – com verificação simultânea do ID(Identidade Digital – código do IP, e-mail e CPF)
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PARTICIPANTES VIRTUAIS NÃO SÃO LIMITADOS PELA
TERRITORIALIDADE
Os direitos dos consumidores virtuais são os mesmos que no
mundo real – no Brasil a legislação aplicável é a mesma.
Qual seria a legislação aplicável nas relações comerciais entre
fornecedor e consumidor de nacionalidades distintas?
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Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro
Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se
constituírem.
§ 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma
essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira
quanto aos requisitos extrínsecos do ato.
§ 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que
residir o proponente.
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações
de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a
ordem pública e os bons costumes.
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No Brasil, o Código de Processo Civil oportuniza, através do disposto no
Art. 88 e Art. 90, que ação seja proposta no Brasil ou perante um Tribunal
estrangeiro. A competência dos tribunais brasileiros é reforçada pelo
disposto no Art. 101, I do Código de Defesa do Consumidor, que autoriza
o consumidor brasileiro a acionar, em território nacional, o fornecedor
estrangeiro.
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Constituição Federal
Art. 5º (...)
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
Portanto a defesa do consumidor pertence a categoria de direitos
constitucionais fundamentais e, além disso, o art. 170, V, da CF, erige a
defesa do consumidor à condição de princípio da ordem econômica.
Porém:
Ar. 1º da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, em seu § 1º estipula
que: “nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando
admitida...”. Trata-se de uma questão de validade e eficácia extraterritorial da
lei brasileira.
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Na prática, mesmo que o fornecedor estrangeiro seja condenado pela
Justiça brasileira a indenizar um consumidor brasileiro, a sentença só
produzirá efeitos no país estrangeiro depois de observados os requisitos
previstos na legislação estrangeira para sua internalização. Há que se
observar que o juiz brasileiro não pode, por exemplo, determinar a
penhora de bens sem que haja autorização do país estrangeiro.
Assim, as demandas contra fornecedores estrangeiros, além de
dispendiosas, carecem, muitas vezes, de efetividade.
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TRIBUTAÇÃO PELA RECEITA FEDERAL
Regime de tributação simplificada (RTS)
• valor máximo dos bens a serem importados neste regime é de US$ 3,000.00(três mil dólares americanos);
• 60% (sessenta por cento) sobre o valor dos bens constante da faturacomercial;
Isenções
• Remessas no valor total de até US$ 50.00 (cinqüenta dólares americanos)estão isentas dos impostos , desde que sejam transportadas pelo serviçopostal, e que o remetente e o destinatário sejam pessoas físicas;
• Medicamentos, desde que transportados pelo serviço postal, e destinados apessoa física, sendo que no momento da liberação do medicamento, oMinistério da Saúde exige a apresentação da receita médica.
• livros, jornais e periódicos impressos em papel não pagam impostos (art.150, VI, "d", da Constituição Federal);
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INICIATIVAS REGULATÓRIAS
LEI MODELO UNCITRAL - 1996
A UNCITRAL (United Nations Commission on International TradeLaw), comissão especial da ONU – serve de diretriz para todos ospaíses a fim de que regulamentem o comércio eletrônico. AUncitral determina que o uso da tecnologia de encriptação confereao documento eletrônico o mesmo grau de segurança dosdocumentos escritos e, portanto, com o mesmo tratamento notocante ao valor probatório. Vários ordenamentos já adotaram omodelo, como o americano, o alemão, o francês, o argentino e ocolombiano.
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LEGISLAÇÃO NA AMÉRICA LATINA
A Colômbia foi o primeiro país a regular a matéria expedindo a Lei n.527 de 18 de agosto de 1999, por meio da qual define e regulamenta oacesso e o uso da transmissão de dados, do comércio eletrônico eassinaturas digitais, estabelecendo as entidades de certificação e, ainda,dá outras disposições.
Peru – 28 de março de 2000 (Lei n. 27269);
Uruguai – 29 de junho de 2000 (Lei n. 17.243)
Venezuela – 28 de fevereiro de 2001 (Lei n. 1204);
Panamá – 31 de julho de 2001 (Lei n. 43);
Argentina – 14 de novembro de 2001 (Lei n. 25.506);
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Equador – 27 de fevereiro de 2002 (Lei n. 67 );
Chile – 25 de março de 2002 (Lei n. 19799 );
Costa Rica – 30 de agosto de 2005 (Lei n. n. 8.454);
Bolívia – agosto de 2007
Há alguns países que ainda não possuem regulamentação específica em
matéria de comércio eletrônico, e atualmente contam apenas com
projetos de leis, como no caso do Brasil (em 11 de junho de 2010 o
Comitê Gestor da Internet aprovou o texto da Carta de Princípios do
Comercio Eletrônico) e Paraguai.
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A Europa, através do direito comunitário, já possui algumas
regulamentações, como a Diretiva 2000/31 ou Diretiva do Comércio
Eletrônico. O Brasil já sugeriu ao Comitê Jurídico Internacional da
Organização dos Estados Americanos (OEA) a inclusão do tema
“Proteção ao consumidor no comércio eletrônico” no âmbito de uma
Convenção Interamericana de Direito Internacional Privado (CIDIP - VII),
mas a proposta ainda vem sendo debatida pelos estados membros.
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PRINCÍPIO DA BOA-FÉ
Direito Romano - advém da fides e da bona fides;
Séc. XIX - a obrigatoriedade dos contratos que abrigava a máxima pacta
sunt servanda restringiu o princípio da boa-fé ao aspecto subjetivo;
Código Civil de 1916 - boa-fé subjetiva;
Constituição Federal de 1988 - bases na justiça social e na dignidade
humana, embora silente quanto à boa-fé objetiva, esta emana dos
princípios da livre iniciativa e da solidariedade;
Código de Defesa do Consumidor, principalmente em seus arts. 4º,
inc. III e 51, inc. IV, ficou insculpida a boa-fé como cláusula geral;
Código Civil de 2002 – art. 113: “ Os negócios jurídicos devem ser
interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração”
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Contratual
CDC, art. 4º, III Extracontratual
Boa-fé objetiva
Pré-contratual
A boa-fé objetiva deixa de ser um conceito meramente
ético, transmudando-se em conceito jurídico e econômico, graças à
função social do contrato, à livre iniciativa e aos direitos do consumidor.
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Despersonalização
Comércio eletrônico Desmaterialização
Comércio tradicional Desterritorialização
Ausência de regulamentação legal própria para a
defesa dos consumidores
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Boa–fé Objetiva
significado de uma determinada cláusula;
ambiguidade entre duas ou mais regras
constantes de um instrumento contratual;
papel limitador da atuação da vontade das partes
contratantes;
Art. 187 do CC – função de controle;
Art. 422 do CC – função integrativa da boa-fé
objetiva
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PRINCÍPIO DA CONFIANÇA NO COMÉRCIO
ELETRÔNICO
Confiar é acreditar (credere), é manter, com fé (fides) e fidelidade, a
conduta, as escolhas e o meio; confiança é aparência, informação,
transparência, diligência e ética no exteriorizar vontades negociais.
Novo paradigma para o comércio eletrônico;
É preciso confiar em todos os processos e procedimentos decorrentes
do meio eletrônico;
Meta na realização das expectativas legítimas do consumidor também
no negócio jurídico do comércio eletrônico
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Adequação, qualidade e segurança razoável dos produtos e
serviços, de forma a evitar danos à saúde e prejuízos econômicos
para o consumidor e terceiros vítimas;
Melhorar a qualidade de vida, melhorando a qualidade dos produtos e
dos serviços que são colocados à disposição do consumidor.
EM SÍNTESE
Em conformidade com o princípio da inalteralibilidade do Direito existente
sobre obrigações contratuais, a legislação sobre comércio eletrônico não
implica uma modificação substancial do atual direito das obrigações e
contratos.
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O comércio eletrônico se difere do comércio tradicional porque nesse há
a despersonalização, desmaterialização, desterritorialização e
atemporalidade dos contratos, porém, os requisitos de validade dos
contratos eletrônicos são os mesmos para os contratos tradicionais,
quais sejam: duas ou mais pessoas, a vontade livre de contratar
manifestada e a capacidade civil para o ato.
O princípio da boa-fé objetiva deve nortear as relações comerciais, pois,
como dito anteriormente é um princípio geral de caráter universal,
independentemente do meio utilizado para a concretização comercial,
assim como o princípio da proteção à confiança é espécie do gênero
boa-fé objetiva, transmudando-se em sede de direito do consumidor, na
proteção à legítima expectativa do mesmo.
![Page 25: Boa fé objetiva e comércio eletrônico](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022060201/559a64791a28ab24698b4757/html5/thumbnails/25.jpg)
Por fim, cumpre ressaltar que os mesmos princípios adotados no
Código de Defesa do Consumidor vale para qualquer tipo de
comércio, notadamente o princípio da boa-fé objetiva e da
proteção à confiança por serem considerados princípios
universais.
![Page 26: Boa fé objetiva e comércio eletrônico](https://reader033.vdocuments.com.br/reader033/viewer/2022060201/559a64791a28ab24698b4757/html5/thumbnails/26.jpg)
CONFIANÇA NO COMÉRCIO
ELETRÔNICO E A BOA-FÉ
OBJETIVA
DENISE ANDRADE GOMES
www.gomesadvogados.com.br