Do alto de seus 81 anos, o gaitista e gui-tarrista norte-americano Lazy Lester faz jus ao nome – Preguiçoso Lester, na tra-dução – ao tentar descrever seu ingresso no mundo no blues:
– É uma história muito longa. Para resumir, a música era o que estava des-tinado para ser a minha vida.
Brincadeiras à parte, entende-se per-feitamente que ele queira abreviar um pouco a trajetória. Afinal, a coisa toda começou há muito tempo, em meados dos anos 1950, na Louisiana. Reza a len-da que Lester entrou numa banda para substituir ninguém menos que Buddy Guy, depois que o lendário guitarrista re-solveu deixar a terra natal para se aven-turar em Chicago. O destino também fez sua parte e, pouco tempo depois, jogou Lester no mesmo ônibus onde o guitarrista Lightning Slim viajava. Com o sumiço repentino do gaitista de Slim, Lester se ofereceu para gravar ao lado do novo amigo. Foi ali, no estúdio do produ-tor Jay Miller, que o artista Lazy Lester nasceu.
– O apelido Lazy quem me colocou foi o Jay Miller, ele colocava apelidos em todos os artistas, como o Whispering Smith, por exemplo, que falava como se estivesse sussurrando. Para mim, ele perguntava se eu era preguiçoso, mas eu contestava dizendo que somente não es-tava apressado (risos). Mas eu não fui o único Lazy, tinham vários outros, como Lazy John, Lazy Joe – contou o músico de fala arrastada, ao Pioneiro.
Atração da abertura do Mississip-pi Delta Blues Bar nesta quinta-feira, o norte-americano é um dos representan-tes mais antigos do blues da Louisiana, tanto que viu a expressão swamp blues (ou blues dos pântanos) nascer.
– Estávamos no estúdio de Jay Miller e perguntaram a ele por que outros es-tilos, como Chicago Blues, Texas Blues, Mississippi Delta Blues, tinham nome e o nosso não. Então o Mike Leadbitter (jornalista britânico) disse “bom, deve-riam chamar de blues de pântanos, por-que na Louisiana tem muitos pântanos” – narrou o músico sobre a origem do es-tilo caracterizado pela presença da gui-tarra elétrica e da harmônica, difundido por meio de artistas como Slim Harpo.
Assim, Lazy Lester passou a ser tam-bém um propagador do swamp blues, e é a possibilidade de continuar mostrando o que saber fazer em cima do palco que o mantém na estrada, apesar da idade avançada. A animação para tocar em Ca-xias é grande, principalmente pelo que já ouviu falar através do grande amigo e pupilo Larry McCray, que já tocou na cidade e é atração do festival no sábado.
– Larry sempre diz a todos que eu lhe dei a primeira oportunidade de tocar profissionalmente. Eu o levei ao Festival de Blues de Chicago, em 1987. Ele sem-pre me disse que essa experiência o mo-tivou a ser um músico profissional, e ele é muito agradecido por isso. Somos muito amigos e sempre nos divertimos muito. Quero me encontrar com ele, tocar junto, para recordar esses bons momentos.
SILIANE [email protected]
BLUESsem pressa
PLAY THE BLUESNo player especial do Mississippi Delta Blues Festival no pioneiro.com, escute quatro músicas de Lazy Lester: Blues Stop Knockin’, They Call me Lazy, I’m Your Breadmaker, Baby e I’m a Lover Not a Fighter.
Dia 20, às 23h40, no Front
Porch Stage
Lazy Lester traz o estilo dos pântanos da Louisiana a Caxias
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