Download - bio1
Sejam bem-vindos! Sou o Prof. Ms. Marcos Amaral. Possuo graduação
em Odontologia, pela Universidade Estadual de Londrina, pós-
graduação em Fisiologia Humana, e Mestrado em Controle de
Infecção pela USP - Ribeirão Preto
Princípios de biossegurança na área de saúde e métodos de
controle de microrganismos.
Caros alunos, para realizar o controle dos microrganismos, nós
devemos considerar alguns aspectos de fundamental importância que
são de:
a) realizar a prevenção na transmissão de doenças;
b) monitorizar e prevenir a contaminação ou crescimento de
microrganismos no ambiente de saúde;
c) realizar métodos seguros que não ofereçam danos aos materiais
submetidos aos processos de esterilização.
O conceito já foi estudado anteriormente, sobre esterilização, onde
significa a total destruição ou eliminação de todas as formas de vida
de um objeto ou de um dado material. Já a desinfecção trata-se da
destruição parcial dos
[...] microrganismos patogênicos, empregado para objetos inanimados. Sepsia
significa presença de microrganismos nos tecidos produzindo infecção. O termo
anti-sepsia deriva da prevenção de infecção após atos cirúrgicos. Atualmente
significa a inibição da proliferação ou a destruição de microrganismos por agentes
químicos. Esse termo refere-se geralmente ao uso de substâncias químicas em pele
e mucosas, portanto in vivo (JORGE, 2004, grifo do autor).
O Ministério da Saúde em Manual de Controle de Infecção Hospitalar
(BRASIL, 1994), recomendou a classificação de Spaulding para
objetos inanimados, conforme o risco potencial de transmissão de
infecção que apresentam.
Podemos então realizar uma classificação os materiais ou artigos
como artigos críticos, semi-críticos e não críticos.
Os artigos críticos são os que penetram nos tecidos subepiteliais, no
sistema vascular. Instrumentos que tocam em pele e mucosa não
íntegras, devendo estes artigos obrigatoriamente ser esterilizados
após sua utilizados.
São classificados como artigos semi-críticos todos aqueles que
entram em contato apenas com mucosa íntegra, devendo estes
artigos ser submetidos ao processo de esterilização, entretanto a
desinfecção apenas para àqueles itens que não podem ser
esterilizados por procedimentos físicos.
Todos aqueles que entram em contato com pele íntegra e ainda os
que não entram em contato direto com o paciente são classificados
como Artigos não-críticos e devem ser submetidos ao procedimento
de desinfecção (GRAZIANO; SILVA; BIANCHI, 2000; GUIMARÃES
JÚNIOR, 2001).
As medidas de precauções universais ou medidas padrão
Representam conjunto de medidas de controle de infecção, para
serem adotadas universalmente, com o objetivo de promover a
redução do risco ocupacional e da transmissão de microrganismos
nos serviços de saúde. Estas medidas incluem:
a) obrigatoriedade do uso de equipamentos de proteção individuais,
com a finalidade de impedir que microrganismos provenientes de
pacientes através de sangue, fluidos orgânicos, secreções e
excreções de pacientes contaminem o profissional de saúde e sua
equipe; fazem parte dos EPIs luvas para procedimento, avental
impermeável, gorro, máscara e óculos de proteção;
b) controle e a prevenção da exposição a sangue e fluidos corpóreos;
como também acidentes com instrumentos perfurocortantes; em
acidente ocupacional;
c) a avaliação dos acidentes de trabalho que envolvam a exposição a
sangue e fluidos orgânicos;
d) o gerenciamento dos resíduos gerados, e dos procedimentos de
descontaminação dos ambientes de saúde.
Equipamentos de Proteção Individuais:
Gorros descartáveis deverão ser usados durante todo tempo de
realização dos procedimentos nos pacientes, pois os cabelos
representam importante fonte de infecção.
O uso de máscara é indicado na proteção contra a inalação ou
ingestão dos aerossóis, protegendo as regiões da boca e nariz,
devendo ser descartáveis.
Devem ser utilizados por todos os membros da equipe e pelo paciente
os óculos, com proteções laterais, sendo que após o termino do
atendimento, os óculos contaminados deverão ser lavados com
sabonetes líquidos germicidas ou soluções anti-sépticas, enxaguados
e devidamente secos com uso toalhas de papel.
Os profissionais deverão usar luvas para sua proteção e de seus
pacientes, a todo o momento do manuseio deste. Os membros da
equipe de atendimento deverão utilizar usar luvas previamente ao
manipular artigos críticos na presença de sangue (mesmo coagulado
ou seco), em saliva e em superfícies contaminadas por esses fluidos
corporais.
De maneira alguma a lavagem das mãos antes de calçar as luvas a
lavagem criteriosa preliminar das mãos deverá ser descartada, pois
promove redução da quantidade de bactérias da pele, prevenindo
irritações pelo crescimento de microrganismos
As seguintes normas deverão ser seguidas quanto ao uso das luvas:
a) não desinfetar as luvas quando estiverem sujas de sangue ou
outros fluidos orgânicos; deveremos desprezá-las em recipientes
contendo resíduos contaminados;
b) sempre utilizá-las no durante o atendimento de pacientes;
c) não realizar desinfecção de luvas por imersão em meios químicos;
d) não manusear telefone, abrir portas, gavetas, fumar, etc., usar
uma sobreluva;
e) remover as luvas imediatamente após o término do tratamento;
f) não tocar na face externa das luvas ao removê-las;
j) deveremos lavar as mãos assim que remover as luvas;
e) o uso das luvas não protege contra perfurocortantes, mas elas
podem diminuir a penetração de sangue em até 50% de seu volume;
h) para conferir proteção adicional contra a contaminação uso de dois
pares de luvas é formalmente indicado em procedimentos cirúrgicos
de longa duração ou com sangramento profuso.
O uso de sabões líquidos com anti-sépticos é mais eficiente para
lavagem de mãos. O uso de toalhas de papel como rotina, em todo o
estabelecimento também é recomendado, devendo utilizar toalhas de
papel branco, pois as de papel pardo ou coloridas geralmente são
produzidas com papel de qualidade inferior e que podem acusar
contaminação,
Web Aula 2
Métodos de controle de microrganismos.
Os métodos de controle de microrganismos realizados são:
A) Esterilização por métodos físicos - esterilização em
autoclave – calor úmido.
Trata-se da esterilização realizada através do vapor de água,
empregamos neste método um aparelho conhecido por autoclave o
qual se emprega vapor de água saturado sob pressão e a
esterilização ocorre à temperatura de 121º C por período de 15 a 30
minutos, apresentando uma ótima penetração do vapor, distribuído
por todas as superfícies do instrumento, apresenta tempo de ciclo
curto duração e podendo esterilizar líquidos que contenham água.
Alguns cuidados que devemos tomar para realizar a esterilizado em
autoclave, diz respeito aos materiais que deverão estar
completamente limpos, isto livres de sujidades e também deverão
ser acondicionados em pacotes ou embalados de modo correto para
que permita a total circulação do vapor; os materiais para realização
destas embalagens são o papel manilha ou kraf, podemos também
utilizar tecido de algodão cru ou filme de poliamida (50 a 100 um de
espessura), já o papel alumínio e caixas metálicas fechadas não
podem ser utilizados, pois não permitem a total circulação do vapor
de água impossibilitando a esterilização.
Como precauções:
a) jamais devemos utilizar caixas fechadas;
b) itens plásticos e de borracha; poderão ser danificados.
c) a corrosão de itens metálicos não-inoxidáveis poderá acontecer.
Esterilização em Estufas – calor seco.
Os materiais que não podem ser molhados como algodão,
compressas de gaze, óleos, gorduras, ceras e pós, desde que não se
alterem pelo aquecimento, para materiais ou instrumentais metálicos
e equipamentos de vidro, este método de esterilização deve ser
indicado.
Para realizar este método, devem-se observar as seguintes
recomendações:
a) evitar sobrecarregar a estufa, isto é, colocar o material
devidamente acondicionado.
b) realizar o monitoramento da temperatura que deve ser de 160ºC
por 2 (duas) horas ou 170ºC por 1 (uma) hora por meio de um
termômetro, respeitar a temperatura desejada.
d) após o período de esterilização, não abrir a porta do aparelho
subitamente, pois o calor interno é muito superior ao externo,
podendo danificar os materiais, principalmente os vidros, como
também, pode levar à combustão de papel ou tecidos.
Para a realização do preparo prévio do material a ser esterilizado
devemos seguir as observações abaixo:
a) lavagem de todo o material com escovas, para remoção de
sujidade.
b) os materiais devem ser submetidos a secagem, que poderá ser
realizada através do uso de jatos de ar e manualmente com toalhas
de papel;
c) papel manilha ou kraft também podem ser utilizados, porem o
papel alumínio é o mais recomendado para o acondicionamento ou
embalagem.
Os indicadores de esterilização são úteis para controle do material
que foi ou não submetido ao procedimento de esterilização,
Os principais indicadores de esterilidade são químicos e biológicos. Indicadores
químicos são tiras ou fitas de celulose impregnadas com substâncias químicas
sensíveis a determinadas temperaturas, os esporos bacterianos mais utilizados são
do Bacillus subtilis para esterilização pelo calor seco e o B. stearothermophylus para
calor úmido (JORGE, 2004).
B) Esterilização / Desinfecção por métodos químicos.
Os desinfetantes são classificados de acordo com a eficácia em 3
grupos principais:
a) alto nível: fazem esterilização. Agem contra fungos, bactérias em
forma vegetativa (Gram-positivas e negativas), esporos bacterianos e
vírus;
b) nível intermediário: capazes de destruir todas as formas de
microrganismos, exceto esporos;
c) baixo nível: não agem em vírus da hepatite, poliomielite, esporos e
M. tuberculosis.
A esterilização por métodos químicos líquidos seguem os seguintes
passos:
a) imergir o artigo na solução adequada: utilizar EPI e garantir
ventilação do local. Preencher o interior das tubulações e reentrâncias
com auxílio de seringa, se necessário, evitando a formação de bolhas
de ar;
b) respeitar o tempo de exposição indicado, mantendo o recipiente
tampado;
c) enxaguar os artigos, inclusive reentrâncias com água esterilizada e
técnica asséptica. Recomendam-se múltiplos enxágues para eliminar
resíduos do produto utilizado. Usar todo o conteúdo do recipiente de
água esterilizada de uma só vez. Evitar recipientes de múltiplo uso;
d) secar externamente os artigos, com técnica asséptica e com
compressas estéreis e acondicionar o artigo processado em
recipientes ou invólucros adequados e estéreis.
QUADROS 1 – Principais esterilizantes e ou desinfetantes utilizados
em odontologia, citando suas indicações de uso e recomendações.
Obs.: O desinfetante Glutaraldeído está de uso proibido pelos órgãos competentes.
Desinfetante Indicações de
uso
Artigos Recomendações Observações
GlutaraldeídoEsterilização a frio
de artigos críticos
termossensível
Desinfecção de alto
nível deartigos
termosensíveis (2%
por 30 min)
Artigos não
descartáveis
metálicos
Instrumentais
Artigos de
borracha, silicone,
nylon, teflon, ou
PVC
Manusear
sempre com
EPI
Não misturar
artigos de
metais
diferentes
(corrosão
eletrolítica)
Usar a solução
em recipiente
de vidro ou
plástico com
tampa
Não deixar a
temperaturas
acima de 25 0C
Materiais muito
porosos
como látex podem
reter o
desinfetante, caso
não
haja bom enxague
Os alcalinos ou
neutros
são menos
corrosivos que
os ácidos
FormaldeídoEsterilização a frio
de artigos
críticos
termossensível
Tempo de
esterilização: 18
horas
Tempo de
desinfecção: 30 min
Instrumental
Artigos de
poliestireno e nylon
Peças de acrílico
Manusear
sempre com
EPI
Usar a solução
em recipiente
de vidro ou
plástico com
tampa
Não deixar a
temperaturas
Embora considerado
desinfetante/
esterilizante,
seu uso é limitado
pelos
vapores irritantes,
odor
desagradável e
acima de 25 0C comprovado
potencial
carcinogênicos
ÁlcooisDesinfecção de
nível
intermediário de
artigos e
superfícies
Materiais de vidro
Superfícies
externas de
instrumentos
metálicos
Superfícies de
bancadas
Artigos metálicos
Cadeira
Manusear com
EPI
Imergir ou
friccionar o
produto na
superfície do
artigo; deixar
secar e repetir
3 vezes o
procedimento
Pode ser usado
na desinfecção
concorrente
(entre
pacientes)
Concentração:
770GL ou
70%
Recomendam-se 3
aplicações de 10 min
para
superfícies
Contra-indicado para
acrílico, enrijece
borrachas e tubos
plásticos.
IodoDesinfecção de
nível
intermediário
Álcool iodado (0,5-
1% em álcool 70%)
Iodóforos na
concentração de
Materiais de vidro
Superfícies
externas de
instrumentos
metálicos
Bancadas e demais
superfícies
Manusear com
EPI
Após a
exposição,
removê-lo com
fricção
com álcool,
Acondicionamento
em
frasco fechado,
escuro e
em local arejado
30-50 mg/L de iodo
livre
para evitar os
efeitos
corrosivos em
metais
Fenol SintéticoDesinfecção de
nível
intermediário e
baixo
Descontaminação
de superfícies e
de artigos metálicos
e de vidro
Descontaminação
prévia de
instrumentos
metálicos
Desinfecção de
artigos semicríticos
Manusear com
EPI
Friccionar a
superfície ou
objeto
imergido com
escova, antes
de iniciar a
contagem do
tempo de
exposição
Em superfícies,
passar pano
úmido com
água após
tempo de
exposição
necessário
São absorvidos por
materiais porosos e
o
efeito residual pode
causar irritação
Não são
prontamente
inativados pela
matéria
orgânica
ClorexidinaAnti-séptico bucal e
da pele
Desinfecção de
superfície
Superfícies de
equipamento
Anti-séptiico:
0,12 a 0,7%
Superfícies:
solução de 2 a
Superfícies: técnica
recomendada é a
“spraywipe-
5% de
clorexidine em
álcool 70%
spray”
Hipoclorito
de Sódio
Desinfecção de níve
médio de artigos e
superfícies
Descontaminação
de superfícies:
10 minutos, em 1%
de cloro ativo
Materiais de vidro
Superfícies e
bancadas
Manusear com
EPI
Uso limitado
pela presença
de matéria
orgânica,
capacidade
corrosiva e
descolorante
Estocagem deve ser
em
lugares fechados,
arejados
e escuros (frascos
opacos)
Não utilizar em
metais e
mármore pela ação
corrosiva
Fonte: Jorge (2004).
A Infecção cruzada é a transmissão de agente etiológico, de um
indivíduo para outro susceptível. São quatro as maneiras que
poderão ocorrer infecção cruzada:
a) do paciente para os membros da equipe de atendimento;
b) dos os membros da equipe de atendimento para paciente;
c) de paciente para paciente através; dos os membros da equipe de
atendimento;
d) de paciente para paciente por intermédio de instrumentos,
equipamentos e pisos contaminados.
Varias doenças podem ser contraídas, através de vírus: catapora,
hepatite (B, C e D), conjuntivite herpética, herpes simples, herpes
zoster, mononucleose infecciosa, sarampo, rubéola, caxumba e AIDS,
como também por bactérias: tuberculose, sífilis, pneumonia,
infecções por estafilococos, estreptococos, pseudomonas e klebsielas
Atividades:
1) Defina esterilização e desinfecção.
2) Que são e quais medidas de precauções universais ou medidas
padrão?
3) Descreva os métodos físicos de Esterilização.
4) Descreva os métodos químicos de esterilização.
5) Quais as doenças que podem ser transmitidas pela infecção
cruzada em ambientes de saúde?