AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR PARA A MODALIDADE DE
BASQUETEBOL
Katia Alves Dias[1
]
Evandra Hein Mendes [2]
RESUMO
Os conteúdos da Educação Física são desenvolvidos na sua maioria a partir de aulas práticas, sendo assim a preocupação em avaliar centra-se em instrumentos, já
que os esportes, entre eles o basquetebol fazem parte da maioria das aulas. Assim, esse estudo tem como objetivo implementar um teste de desempenho motor técnico voltado a avaliação da aprendizagem da modalidade de basquetebol, verificando os aspectos favoráveis e desfavoráveis da utilização do instrumento, na percepção dos
professores e dos alunos de Educação Física. Para tanto, aplicou-se um instrumento que trata-se de uma planilha de avaliação do desempenho motor do basquetebol elaborado por Restelato (2009). Participaram da avaliação os alunos da 8ª série A do
Colégio Estadual Paulo Freire no município de Foz do Iguaçu. A coleta de dados foi realizada no mês de agosto de 2011, no período vespertino durante as aulas de Educação Física, a após permissão do diretor e do professor da disciplina. Além
disso, foi aplicado um questionário aos alunos para identificar a percepção dos mesmos em relação à aplicação do teste. Após a coleta de dados, os resultados apontaram que a avaliação realizada a partir do uso de uma planilha planejada pode
motivar o alunos em relação à prática dos conteúdos que são desenvolvidos, estabelecendo uma prática de avaliação contínua e produtiva no processo de aprendizagem em Educação Física.
Palavras-chave: Avaliação. Basquetebol. Aprendizagem escolar.
INTRODUÇÃO
Este estudo tem como temática a avaliação na Educação Física escolar
tomando como campo de análise o cotidiano das aulas cuja modalidade é o
basquetebol. A análise da avaliação escolar parte da premissa de que os
professores de Educação Física em geral se deparam com inúmeros dilemas ao
1Professor PDE 2011, Colégio Estadual Paulo Freire, Foz do Iguaçu, PR
2Mestre em Educação Física, professora de Educação Física da Universidade Estadual do Oeste do
Paraná – UNIOESTE.
avaliar os conteúdos desenvolvidos nas aulas, entre eles o instrumento a ser
utilizado, o número de avaliações e assim por diante.
Considera-se que na disciplina de Educação Física, avalia-se através do
conhecimento que se constrói pela apropriação de técnicas corporais e pela criação
de movimentos nas aulas práticas, o que dificulta a tarefa para o professor, pois não
há um sistema único contribuindo para o surgimento de dúvidas sobre o conteúdo a
ser avaliado e os instrumentos a serem utilizados para realizá-la.
Para se realizar a avaliação nas aulas de Educação Física é necessário
considerar a observação, análise e conceituação de elementos que compõem a
conduta humana e que se expressam no desenvolvimento das atividades,
configurando a avaliação atitudinal. Além disso, existe também a avaliação teórica
representada por uma pesquisa, que analisa o conhecimento desenvolvido pelo
aluno nas aulas de Educação Física apenas no prisma teórico, excluindo o amplo
repertório de atividades vivenciadas e experienciadas nas aulas práticas a partir dos
conteúdos estruturantes da área.
Para Luckesi (2002) apud Santos e Varela (2007, p. 02): “Avaliação
diferencia-se da verificação, pois nesta há apenas uma coleta da informação, e na
avaliação além da coleta de dados existe uma tomada de decisão, para direcionar o
objeto da avaliação”.
Outra forma de avaliação bastante comum e que também vem sendo
questionada é aquela que usa como critério único o comparecimento do estudante e
sua participação nas aulas. Tomando como pressuposto a afirmação de Barbosa
(2008, p,01) que afirma: “A avaliação é uma reflexão sobre o nível de qualidade do
trabalho escolar tanto do professor como dos alunos”, uma avaliação que considera
apenas a presença do aluno não pode ser considerada real.
Pestana (1998, p. 67) reflete sobre o que avaliar declarando que o
desempenho do aluno é evidentemente bastante abrangente, e não existe um
instrumento totalmente eficaz para quantificar e qualificar as atitudes, aspectos
afetivos e valores, que fazem parte do agir educacional, objetivo da escola. Mas o
desempenho do aluno, em termos de aprendizagem de conteúdos e de aquisição de
habilidades e competências, é passível de medição.
De fato, os conteúdos da Educação Física são desenvolvidos na sua maioria
a partir de aulas práticas, sendo assim a preocupação em avaliar centra-se em
instrumentos, já que os esportes fazem parte da maioria das aulas, entre eles o
basquetebol.
Desta forma, o problema investigado neste estudo buscou responder à
questão de como avaliar os conhecimentos referentes ao basquetebol e os
instrumentos mais adequados para realizar esse processo de maneira eficiente.
Assim, os objetivos definidos para a realização dessa investigação foram:
implementar teste de desempenho motor técnico voltado a aprendizagem da
modalidade de basquetebol; aplicar um instrumento de avaliação do conteúdo
basquetebol; verificar aspectos favoráveis e desfavoráveis da utilização do
instrumento de avaliação do conteúdo basquetebol; identificar a percepção dos
alunos em relação à aplicação do instrumento de avaliação do conteúdo
basquetebol.
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
O conceito de avaliação de Luckesi deixa claro que avaliar é um processo e
não um ato isolado, segundo ele avaliar é :“[...] um processo dinâmico, que implica a
‘decisão do que fazer” (Luckesi, 2005, p.46). Também não paira dúvidas de que
avaliar é um ponto de partida para o professor ressignificar ou redirecionar sua
prática e seu planejamento.
Outro conceito que segue o mesmo princípio é o de Libâneo, segundo ele
avaliar é: uma “[...] reflexão sobre o nível de qualidade do trabalho escolar, tanto do
professor quanto dos alunos” (Libâneo, 1994, p.195) Para tanto é preciso responder
algumas perguntas: 1- O que avaliar? 2- Como avaliar? 3- Por que avaliar?
De acordo com Santos e Varela ( apud Ferreira, 2009,p.3):
O ato de avaliar implica na coleta, análise e síntese dos dados que configuram o objeto da avaliação, acrescido de uma atribuição de valor ou de qualidade que se processa a partir da comparação da configuração do projeto avaliado com um determinado padrão de qualidade previamente estabelecido para aquele tipo de objeto. A avaliação diferencia-se da verificação, pois nesta acontece apenas uma colete da informação, e na avaliação alem da coleta de dados existe um tomada de decisão para direcionar o objeto da avaliação.
Segundo Salvia e Ysseldyke (1991, p. 13) referem-se ao ato de avaliar como
“um processo de coleta de dados com dois propósitos: (1) especificação e
verificação de problemas e (2) tomada de decisões sobre e pelos alunos”, podemos
perceber que, nessas definições, a relação conceito-objetivo está estabelecida na
compreensão e assunção de uma realidade, que se compõe da visão de mundo do
avaliador e da concepção política de um projeto pedagógico. Dentro dessa
perspectiva pode - se discutir a avaliação a partir da função que ela alcança, ou seja,
uma concepção avaliativa com a função de informar, esclarecer e orientar o
processo educativo.
Kiss (1987, p. 3) faz uma adaptação de um modelo de avaliação proposto por
Turra em 1975, no qual, por meio de um desenho com formato de círculo,
subscreve: objetivos, critérios, avaliação e reformulação de objetivos, clareando,
ainda, que “a avaliação constitui uma fase específica e distinta dentro de um ciclo
dinâmico”. Nessa visão ele enfoca e justifica a ação de avaliar na sua definição de
função. Esse sistema de avaliação atrela a prática aos objetivos a que essa ação se
propõe, e talvez seja por esse motivo que muitos autores vêem na avaliação um
objetivo único, o de detectar e, geralmente, classificar.
Bloom et. al. (1971, p.271) consideram três tipos de avaliação: a diagnóstica,
a formativa e a somativa. A diagnóstica refere-se, segundo os autores, à
identificação de capacidades e/ou ao déficit que o indivíduo apresenta no início do
processo. Com relação à formativa, a pretensão é dar indícios sobre o
posicionamento do aluno face de uma aprendizagem e propor soluções a partir da
identificação de alguma dificuldade, a fim de alcançar determinado objetivo. Por fim,
a somativa instala-se com o objetivo de observar o resultado alcançado depois de
uma intervenção. Esse tipo de avaliação geralmente se presta à classificação, com
função de categorizar e/ou quantificar. É sua função atribuir valores, notas etc.,
enfim, eleger uma posição numa hierarquia.
Ainda se tratando de avaliação, sabe- se que a educação é um processo
contínuo que não se restringe apenas ao ambiente escolar, podendo ocorrer por
qualquer outro meio, quer seja formal ou informal. E a avaliação não deve se
restringir em atribuir notas para classificar os discentes, ela tem o papel de auxiliar
tanto o docente quanto o discente no processo ensino-aprendizagem. Através da
avaliação coleta-se e se processam dados necessários à melhoria da aprendizagem
e do ensino.
AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
A Educação Física, no decorrer de sua história, sofreu influência de várias
tendências e estas interferiram na ação pedagógica dos profissionais dessa área e,
consequentemente, as práticas avaliativas também evoluíram com as mudanças de
paradigmas ao longo desses anos.
Betti e Zullian (2004, p. 78) menciona Lüdke & Mediano na afirmação de que
a avaliação em Educação Física tem características e dificuldades comuns aos
demais componentes curriculares, mas também apresenta peculiaridades. Em
primeiro lugar, a avaliação deve servir para problematizar a ação pedagógica, e não
apenas para atribuir um conceito ao aluno. Estudiosos do assunto consideram que a
avaliação implica as categorias: 1) totalidade – o processo de avaliação não deve
ser isolado dos outros processos educativos; 2) mediação – existe um processo
mediador entre a conduta observada do aluno e o conceito que lhe é atribuído; e 3)
contradição – os processos de avaliação disponíveis são ainda pobres com relação
às abordagens metodológicas mais atuais.
Ainda se referindo ao processo de avaliar em Educação Física, Bratifische
apud Ferreira, (2009, p.4), afirma que a Educação Física hoje, almeja que as aulas
possibilitem ao aluno vivenciar as habilidades físicas por meio de conhecimentos
que enfatizam o corpo, esportes, lutas, danças e ginástica, visando enriquecer seu
vocabulário motor.
Já no que diz respeito à avaliação escolar a autora afirma que tem se
modificado no decorrer dos anos, em consequência das mudanças estruturais nas
sociedades, das alterações no comportamento humano, dos avanços tecnológicos
entre outros fatores. Dessa forma, avaliar em Educação Física consiste em
reconhecer, diagnosticar, desenvolver e valorizar a expressão individual, a cultura
própria e a manifestação de afetividade, viabilizando a aprendizagem e a formação
integral do educando.
Nessa perspectiva, torna-se necessário que se defina claramente os
objetivos, determinando o foco e delimitando o campo de observação, ou seja, onde
efetuar as observações e a quem observar, tornando o instrumento o mais objetivo
possível, que não dependa apenas do ponto de vista e da análise do próprio
professor.
Percebemos que existe uma intercambialidade na terminologia avaliação, podendo encontrar os termos testagem, mensuração e diagnóstico. Porém o que nos parece claro é que, mesmo considerando todos esses termos, o que está em foco é uma tomada de decisão em que, segundo critérios definidos, torna-se público o gatilho da fundamentação da decisão a ser precedida (SALVIA e YSSELDYKE, 1991).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais indicam três focos principais de
avaliação na Educação Física:
Realização das práticas É preciso observar primeiro se o estudante respeita o companheiro, como lida com as próprias limitações (e as dos colegas) e como participa dentro do grupo. Em segundo lugar vem o saber fazer, o desempenho propriamente dito do aluno tanto nas atividades quanto na organização das mesmas. O professor deve estar atento para a realização correta de uma atividade e também como um aluno e o grupo formam equipes , montam um projeto e agem cooperativamente durante a aula. Valorização da cultura corporal de movimento É importante avaliar não só se o educando valoriza e participa de jogos esportivos. Relevante também é seu interesse e sua participação em danças, brincadeiras, excursões e outras formas de atividade física que compõem a nossa cultura dentro e fora da escola. Relação da Educação Física com saúde e qualidade de vida É necessário verificar como crianças e jovens relacionam elementos da cultura corporal aprendidos em atividades físicas com um conceito mais amplo, de qualidade de vida. (SEED, 2008).
Analisando as orientações estabelecidas pelas Diretrizes Curriculares na
Educação Física, vemos que assim como em todas as outras áreas, para avaliar
bem é preciso definir os objetivos, pois eles determinam o conteúdo a ser trabalhado
e os critérios para observar a evolução da aprendizagem.
As primeiras aulas funcionam como referência, para que o professor faça a
análise inicial da turma, observando e registrando as características de cada
estudante. Independentemente de o grupo conhecer ou não a atividade, é preciso
explicar, desde o início, os motivos pelos quais ela faz parte do programa, quais os
movimentos, as capacidades e as habilidades que serão trabalhados e que aspectos
serão avaliados, coletiva e individualmente. Para que a avaliação seja eficaz e
alcance os objetivos propostos é preciso que o estudante saiba quando e como será
avaliado.
Uma nova concepção de Educação Física, baseada no conceito de cultura
corporal de movimento, exige, contudo, uma melhoria de qualidade dos
procedimentos de avaliação. Isso inclui a avaliação da dimensão cognitiva, pouco
considerada até aqui pela Educação Física, e uma explicitação e diferenciação dos
aspectos a serem considerados para a atribuição de conceitos aos alunos, e dos
que serão úteis para a auto avaliação do professor e do próprio ensino.
Segundo Betti e Zullian (2004) na atribuição de conceitos aos alunos,
recomenda-se:
• A avaliação deve ser contínua, compreendendo as fases que se convencionou denominar diagnóstica ou inicial, formativa e somativa. • A avaliação deve englobar os domínios cognitivo, afetivo ou emocional, Social e motor • A avaliação deve referir-se às habilidades motoras básicas, ao jogo, esporte, dança, ginásticas e práticas de aptidão física. • A avaliação deve referir-se à qualidade dos movimentos apresentados pelo aluno, e aos conhecimentos a ele relacionados. • A avaliação deve referir-se aos conhecimentos científicos relacionados à prática das atividades corporais de movimento. • A avaliação deve levar em conta os objetivos específicos propostos pelo programa de ensino. • A avaliação deve operacionalizar-se na aferição da capacidade do aluno expressar-se, pela linguagem escrita e falada, sobre a sistematização dos conhecimentos relativos à cultura corporal de movimento, e da sua capacidade de movimentar-se nas formas elaboradas por essa cultura( BETTI e ZULLIAN, 2004, p.79)
Segundo Luckesi (1986) e Enguita (1989), a avaliação tem duas funções
básicas: diagnóstica, para detectar o estágio de desenvolvimento e aprendizagem
do aluno a fim de extrair consequências para o próprio processo de ensino e,
portanto, avaliá-lo; e classificatória, para hierarquizar os alunos, e servir também
como um dos critérios de promoção. Contudo, Gimeno (1988) comenta que é
preciso atentar para que essas funções não escondam pura e simplesmente uma
intenção de controle sobre os alunos.
Portanto, a avaliação sempre deve ser realizada, na medida em que serve
para problematizar a ação pedagógica, reorientar o processo de ensino e facilitar a
autoavaliação do professor. Da mesma maneira, a atribuição de conceito ao aluno é
útil para situá-lo em relação aos seus progressos e às exigências institucionais e
culturais. A avaliação, assim concebida, não se vincula necessariamente à promoção
do aluno para a série subsequente, embora possa servir para tal fim.
ANÁLISE DESCRITIVA E RESULTADOS DAS ATIVIDADES REALIZADAS
A implementação aconteceu no Colégio Estadual Paulo Freire, situado no
Conjunto C, município de Foz do Iguaçu, com alunos de 8ª série ‘D’ do Ensino
Fundamental no turno vespertino e teve como objetivo desenvolver a avaliação em
basquetebol a partir da utilização de uma planilha (apêndice A) elaborada para este
fim por Restelato (2009) que permitiu analisar a aprendizagem dos alunos e
identificar a necessidade de reorganizar o planejamento pedagógico para esta
modalidade.
Desta forma, o ato de avaliar pode ser repensado promovendo a possibilidade
de implementar novas atividades e ampliar o desenvolvimento ef iciente da
aprendizagem.
Para realizar e fundamentar o estudo foi desenvolvido entre 1 a 15 de outubro
palestras sobre a importância da prática de esportes no ambiente escolar, além de
também realizar uma palestra com um ortopedista e fisioterapeuta. Outra atividade
realizada foi a apresentação de um filme sobre a origem do basquetebol.
Nos dias entre 17 a 30 de outubro desenvolveram-se aulas sobre os
fundamentos e regras do basquetebol.
Entre os dias 1 a 10 de novembro foram aplicadas as planilhas de avaliação e
questionário de sondagem, sendo que os dados e resultados foram analisados entre
os dias 10 a 20 de novembro.
O grupo analisado era composto por 40 alunos, sendo 28 alunos de gênero
feminino e 12 alunos do gênero masculino, com idade entre 14 a 16 anos, vários
alunos praticam esportes ou artes marciais fora do horário escolar, outros preferem
caminhar e alguns não fazem atividades por permanecer em casa auxiliando nas
atividades domésticas.
Os conteúdos passíveis de avaliação elencados na planilha são:
familiarização com a bola, empunhadura da bola, drible alto/baixo, passe de peito,
passe quicado/picado, passe de ombro, peito com as duas mãos, cobrança com
uma das mãos, duas mãos sobre a cabeça, bandeja mão esquerda. A soma das
avaliações de cada conteúdo resulta na nota total do basquetebol enquanto
conteúdo da disciplina de Educação Física.
As avaliações eram realizadas à medida em que cada conteúdo, como tipos
de passe ou arremesso eram desenvolvidos, possibilitando aos alunos perceberem
rapidamente tanto suas ações corretas quanto às incorretas.
Após a aplicação da avaliação prática utilizando-se da planilha para o
basquetebol, solicitou-se aos alunos que respondessem um questionário sobre suas
percepções desse tipo de avaliação. Os resultados podem ser melhor visualizados
no quadro 01.
Atividades/Dificuldade FÁCIL %
MÉDIA %
DIFÍCIL %
Posicionamento básico e equilíbrio 25% 40% 35%
Empunhadura de bola 40% 20% 40%
Drible 20% 50% 30%
Passe 10% 60% 30%
Arremesso 30% 55% 15%
Quadro 1. Percepções dos alunos do grau de dificuldade da avaliação prática
Foi possível identificar que na percepção dos alunos a atividade considerada
de menor dificuldade foi a empunhadura da bola, apesar de o mesmo percentual
(40%) também tê-la percebido de alta dificuldade, demonstrando a divergência de
percepções sobre a mesma atividade. Esse fato pode ser compreendido pelas
diferenças nas condições individuais de aprendizagem, que leva os alunos a
percepção sobre as atividades com nível maior ou menor de dificuldade.
Em contrapartida, as atividades consideradas de dificuldade média pela
maioria dos alunos, foram as atividades de posicionamento básico e equilíbrio
(40%), o drible (50%), o passe (60%) e o arremesso (55%).
Além disso, alguns alunos (20%), declararam que a dificuldade consiste em
realizar o drible para depois realizar um passe, ou seja, para esses alunos a
dificuldade era de habilidade pessoal coma bola. Outro fato a ser considerado era
que a maioria da turma era formada por meninas que não tinham familiaridade com
o basquetebol, o que consiste numa dificuldade a mais.
Verificou-se ainda que nenhuma atividade foi considerada pela maioria dos
alunos de nível difícil, já que a maioria declarou que não achou difícil a avaliação e
que compreendeu as regras melhor após a avaliação por conteúdos, passando a se
identificar mais com a modalidade
Após identificar o nível de dificuldade de cada atividade realizada, questionou-
se os alunos sobre o instrumento avaliativo em geral. Sendo assim, solicitou-se a
opinião sobre a aplicação de testes práticos como o de basquetebol para avaliar
outras modalidades esportivas.
Sobre isso, a maioria (80%) dos alunos declararam que é válido utilizar
instrumentos de avaliação em outras modalidades esportivas, pois ao mesmo tempo
que avalia indica os caminhos a serem feitos para se atingir a melhoria no
desempenho esportivo e na aulas, que pode ser melhor visualizado no gráfico
abaixo.
Gráfico 1 – Opiniões sobre a aplicação de testes em outros conteúdos esportivos
Verificou-se que alguns alunos (52%) consideram que a avaliação realizada
contribuiu para melhorar a aprendizagem de basquetebol, (35%) declararam que foi
muito bom ser avaliados em cada atividade e que isso serviu de estímulo para
melhorar a sua atuação, (8%) acreditam ser válido em parte como instrumento de
avaliação e (5%) afirmaram que não consideram o método válido para a avaliação
do conteúdo.
Por tudo o que se apresentou durante a realização do projeto de avaliação em
basquetebol e pelos resultados satisfatórios apresentados, percebe-se que a
5% 8%
52%
35%
Percepção dos alunos a respeito da avaliação
Insuficiente Regular Boa Ótima
avaliação necessita ser um instrumento de promoção do aluno em relação à
aprendizagem e que da maneira como foi planejada pode ser executada também em
outras modalidades contribuindo para que a aprendizagem seja atingida pelos
alunos a partir do conhecimento e da consciência desenvolvida durante a avaliação
das atividades propostas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposta de avaliação através de uma planilha é muito significativa
enquanto instrumento para o professor, pois se apresenta como uma ferramenta
eficiente, além de também ser um instrumento formador do alunos, pois lhes permite
estar ciente de seu aproveitamento durante a realização do conteúdo previsto. No
entanto há que se desenvolver a planilha de acordo com o planejamento do
conteúdo previsto pelo professor e pela proposta da escola, adequando esse tipo de
avaliação à realidade da instituição, podendo mesmo chegar a ser uma planilha
eletrônica desde que devidamente adaptada para este fim.
Através da planilha o aluno fica ciente do valor de cada atividade proposta
tornando-se conhecedor do peso que cada uma delas possui no contexto de
avaliação do conteúdo em geral. Isto significa que conhecendo a proposta ele pode
adequar seu empenho, sua participação e saber onde pode melhorar para obter um
aproveitamento melhor em cada conteúdo proposto. Percebe-se que o aluno
necessita conhecer como está sendo avaliado, passando a valorizar mais as suas
próprias atividades uma vez que não sai da aula sem um retorno de sua
aprendizagem efetiva.
Ao explicar aos alunos como seria realizada a avaliação do conteúdo de
basquetebol houve um interesse maior deles em participar das atividades propostas,
sendo que no final de cada aula eles demonstravam o desejo de conhecer como fora
seu aproveitamento.
No entanto, toda mudança por mais adequada que seja possui entraves que a
tornam inviável em determinadas circunstâncias, não se pode burocratizar a
avaliação em Educação Física, mas permitir que ela aconteça de forma organizada
e eficiente, para isto basta que as planilhas sejam planejadas juntamente com os
conteúdos a serem desenvolvidos, pois sem planejamento prévio não poderá
funcionar bem, como tudo na escola, pois o número de alunos por turma é alto e na
educação não se pode admitir improviso.
A avaliação por desempenho anotado em planilhas contribui para evitar que
alunos sejam discriminados, pois permite-lhes refazer o conteúdo quantas vezes
forem necessárias para se atingir o objetivo e, neste caso, o que conta é a
aprendizagem e não a nota que o aluno vai alcançar. Por isto não importa se são
alunos com capacidades diferentes, incluídos, de gêneros diferentes, se são
esportistas ou não, o que é avaliado é o desempenho do aluno naquele conteúdo,
não se trata de compará-lo com outro aluno, mas de incentivá-lo a melhorar
individualmente.
É importante perceber que este instrumento pode ser adaptado à realidade de
cada escola e de cada professor, pois tanto pode ser desenvolvido em planilhas
impressas quanto podem ser digitalizadas e exploradas pelo professor como preferir,
uma vez que permite ao professor avaliar continuamente e durante a execução das
atividades práticas e até mesmo nas atividades teóricas em qualquer conteúdo de
qualquer modalidade.
A aplicação desse tipo de avaliação torna mais claro para os alunos a
responsabilidade de cada componente ou jogador para o jogo despertando para a
consciência individual que se deve ter em relação à autoavaliação de cada um
dentro de uma modalidade esportiva.
Desta forma, a prática pedagógica de Educação Física pode ser melhorada
por meio do desenvolvimento deste tipo de avaliação por permitir ao aluno participar
do processo, além disso, pode democratizar as ações desenvolvidas junto aos
alunos e facilitar a avaliação de modo geral, uma vez que esta se desenvolve
continuamente e motiva a participação de todos no processo.
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PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação
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Tradução Doris Sanches. 4. ed. São Paulo: Manole, 1991. SANTOS, J. F. S. Avaliação no ensino de Educação Física: uma proposta
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SANTOS, M.R; VARELA, S. A avaliação como um instrumento diagnóstico da
construção do conhecimento nas séries iniciais do ensino fundamental .
Revista Eletrônica de Educação Ano I, p.02, ago. / dez. 2007.
APÊNDICE A – BASQUETEBOL- INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO PRÁTICA – 8ª
SÉRIE
APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO DE SONDAGEM NA AVALIAÇÃO DE
BAQUETEBOL
1-Dados Gerais
Série:________ Sexo: ( ) Masc ( ) Fem
Idade: ____ anos
Pratica algum esporte nas horas livres ( ) Sim ( ) Não
2 - Qual ____________________
3- Quanto à aplicação da avaliação você considerou:
Fácil Dificuldade Média
Difícil
a) A atividade de posicionamento básico e equilíbrio
b) A atividade de empunhadura de bola
c) A atividade de drible
d) A atividade de passe
e) A atividade de arremesso
4- Quais as dificuldades encontradas ao realizar os testes?
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
5- Em sua opinião seria importante os professores utilizar testes para avaliar as demais modalidades esportivas?
_________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________________________________