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Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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Avaliação de riscos............................................................................................................................... 1 Critérios de avaliação de riscos de trabalho ..................................................................................... 4 - Natureza e perigosidade ................................................................................................................... 4 - Localização dos riscos de trabalho .................................................................................................. 5 - Trabalhadores afectados ................................................................................................................... 5 - Tempo de exposição .......................................................................................................................... 6 - Intensidade.......................................................................................................................................... 7 Métodos de avaliação de riscos .......................................................................................................... 8 Métodos semi-quantitativos ............................................................................................................. 10 Método qualitativo simples .............................................................................................................. 14 Método simplificado quantitativo de Avaliação de Riscos de Acidentes de Trabalho (MARAT) ............................................................................................................................................. 29 Métodos de análise pró activos e reactivos..................................................................................... 37 Métodos de análise “a posteriori”...................................................................................................... 38 Métodos de análise “a priori” ............................................................................................................ 42 Métodos de segurança de sistemas.................................................................................................. 49 Instrumentos de suporte à análise de riscos................................................................................... 71

Avaliação de riscos

A avaliação de riscos do trabalho traduz-se numa análise da importância dos riscos

que são identificados, no contexto de trabalho em que foram detectados. Estes

deverão avaliar-se com o propósito de se tomarem decisões para hierarquizar as

acções de prevenção a desencadear.

A Avaliação de Riscos consiste no exame sistemático de uma instalação (em

projecto ou laboração) de modo a identificarem-se os riscos presentes no sistema e

concluir sobre ocorrências potencialmente perigosas e das suas possíveis

consequências. O principal objectivo é promover métodos capazes de fornecer

elementos concretos que fundamentem um processo de decisão sobre a redução de

riscos e perdas de uma determinada instalação industrial, seja esta decisão de

carácter interno ou externo à empresa.

De um modo geral, a Análise de Riscos tem por objectivo responder a uma ou mais

das seguintes perguntas, relativas a uma determinada instalação:

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Para responder à primeira questão, são utilizados diversos métodos qualitativos e

quantitativos para a identificação dos eventos indesejáveis.

Para a segunda questão, as taxas de falhas de equipamentos e erros humanos

(poucos são os dados disponíveis sobre as probabilidades de falha humana),

determinadas técnicas de Fiabilidade com base em bancos de dados de falhas e

acidentes, são combinadas com a utilização de distribuições de probabilidades para

fornecerem a frequência global de ocorrência do evento indesejável.

A terceira questão é satisfeita pela utilização de modelos matemáticos para estimar

as consequências de acidentes.

Por último as técnicas de controlo de riscos respondem à última questão.

Portanto, analisar um risco é identificar, discutir e avaliar as possibilidades de

ocorrência de acidentes, na tentativa de se evitar que estes aconteçam e, caso

ocorram, identificar as alternativas que minimizem os danos subsequentes a estes

acontecimentos.

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Prevenir, prever falhas e acidentes, minimizar consequências, auxiliar na elaboração

de planos de emergência, estes são alguns dos objectivos da execução de Análises

de Riscos em instalações industriais. No entanto, a consagração destes resultados

requer a adopção de uma metodologia sistemática e estruturada de identificação e

avaliação de riscos, facto este que não se verifica através da utilização das técnicas

de análise de acidentes com danos à propriedade, ao ambiente, financeiros e ao

trabalhador. Os métodos de Análise de Riscos permitem abranger todas as

possíveis causas de riscos.

Permite identificar a origem, natureza e efeitos dos riscos presentes. Com esta

avaliação poderão conceber-se:

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Critérios de avaliação de riscos de trabalho

A avaliação dos riscos de trabalho deve ser efectuada considerando 5 critérios:

- Natureza e perigosidade

Procede-se à caracterização dos riscos relativamente à sua qualidade ligando-os ao

grau de perigo que representam para os trabalhadores ou para a comunidade.

Exemplo:

Num Sistema de Trabalho foi identificado um risco ligado a uma das entradas. O

homem do Sistema levanta uma peça de 60 Kg que está a uma altura de 0,3 m do

solo e coloca-a em cima de uma bancada com uma altura de 1 m e que se encontra

a uma distância de 2 m, do local onde estava anteriormente.

Este risco identifica-se como do tipo Sobrecarga Muscular (o peso da carga é

excessiva e a postura adoptada é incorrecta).

A avaliação deste risco faz-se da seguinte forma:

Trabalhadores afectados

Natureza e perigosidade

Localização

Tempo de exposição

Intensidade

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A sobrecarga muscular pode provocar rupturas nos vários músculos que são

chamados a actuar (mãos, braços, pernas, dorsais, abdominais, etc).

O grau de perigosidade estabelece-se da seguinte forma:

Pode-se, independentemente de eventuais escalas de referência (por exemplo: de 1

a 5; de 1 a 10; de 1 a 20; de 1 a 100; etc), definir qualitativamente o seu grau de

perigosidade como muito perigoso, ao ponto de provocar lesões irreversíveis

(por exemplo: hérnia discal).

- Localização dos riscos de trabalho

Localizar o risco de trabalho consiste na determinação da amplitude do risco em

termos de espaço físico.

No exemplo anterior, o risco de sobrecarga muscular estava limitado a um posto de

trabalho, mas podem identificar-se riscos que cobrem a quase totalidade do

ambiente de trabalho.

Vejamos o exemplo seguinte:

Um guindaste utilizado na construção de um prédio, ocasiona vários riscos do tipo

Factores de Insegurança (impacto, esmagamento, etc), ao movimentar vários tipos

de carga, que abrangem toda a área coberta pelo seu braço.

- Trabalhadores afectados

Neste critério de avaliação dos riscos determina-se com exactidão o tipo e número

de trabalhadores e outras pessoas, sujeitos a cada risco identificado.

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Assim e utilizando os dois exemplos anteriores, no primeiro caso, tínhamos um único

trabalhador, enquanto que no segundo, encontram-se afectados todos os

trabalhadores e outros que operam ou se movimentam no espaço em que se localiza

o risco.

Vejamos outro exemplo:

Na tarefa de pulverizar uma vinha com pesticidas, um dos vários riscos identificados

foi um do tipo Contaminantes Químicos.

Os trabalhadores submetidos a este risco, são aqueles que operam com os

pulverizadores, e aqueles que durante esta operação, trabalham noutras tarefas num

raio variável de dispersão do químico, uma vez que é influenciado pelo vento,

temperatura e características específicas dos pesticidas aplicados.

- Tempo de exposição

Este critério de avaliação determina o tempo durante o qual o trabalhador, ou

trabalhadores, estão expostos a cada risco previamente identificado.

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No exemplo apresentado, o tempo de exposição corresponde àquele despendido

pelo trabalhador, em esforço muscular, para o transporte da peça até à bancada,

multiplicado pelo número de vezes que realiza esse esforço em cada jornada de

trabalho.

No exemplo apresentado em seguida, o tempo de exposição dos trabalhadores ao

risco identificado é composto pelo somatório dos tempos de operação da grua

durante o dia de trabalho.

No terceiro exemplo, consideram-se outros factores como o tempo de permanência

das partículas de pesticida em suspensão no ar. Neste caso, pode afirmar-se que o

risco persiste para além do termo da tarefa, podendo permanecer por várias horas,

ou mesmo dias, após a sua conclusão.

Num ponto extremo temos os riscos de contaminação física do ambiente por

produtos radioactivos, cuja duração pode ultrapassar séculos ou mesmo milénios.

- Intensidade

O último dos 5 critérios de avaliação dos riscos de trabalho consiste na

determinação, cálculo ou medição, do nível de intensidade com que cada risco

ocorre.

Voltamos a olhar para os exemplos já apresentados:

No exemplo 1, a intensidade do risco corresponde ao peso (60 kg) da peça a

suportar;

No exemplo 2, a intensidade dos riscos de impacto ou de esmagamento pela

movimentação de cargas pela grua corresponde à capacidade disponível da grua em

termos de peso das cargas movimentáveis;

No exemplo 3, a intensidade corresponde à densidade mais elevada que o pesticida

pode apresentar em suspensão no ar, isto é, logo após a sua aplicação;

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Vejamos outros exemplos:

A intensidade do ruído em determinado local é medida com aparelhos designados

por sonómetros, a intensidade da luz por luxímetros, a temperatura por termómetros,

a humidade por higrómetros.

Métodos de avaliação de riscos

Existem vários métodos para fazer avaliação de riscos. Uma das classificações

possíveis resulta de uma primeira divisão em duas grandes categorias: métodos

quantitativos e métodos qualitativos.

Os primeiros têm como objectivo obter uma resposta numérica à estimativa de

magnitude do risco e têm utilidade quando existe a necessidade de aprofundar o

estudo para se justificar o custo ou dificuldade em aceitar algumas acções

preventivas.

A avaliação quantitativa de riscos apresenta algumas desvantagens:

- Onerosa;

- Necessidade de existência de bases de dados experimentais ou históricos fiáveis e

com representatividade;

- Dificuldade da avaliação do peso do contributo da falha humana, das falhas

interactivas ou das falhas múltiplas ocasionadas no mesmo facto;

- A mera determinação numérica, especialmente quando expressa em pequenas

quantidades ou unidades de medida pouco familiares, pode não reunir clareza para

as pessoas;

- Subjectividade dos erros de decisão, falhas de comunicação, predisposição

organizacional, etc.

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A aplicação dos métodos qualitativos, permite identificar os perigos e estimar os

riscos e logo, adoptar medidas preventivas através das boas práticas, especificações

e normas.

Os métodos qualitativos mais utilizados são:

- Análise preliminar de riscos (Preliminar Hazard Analysis, APR);

- O que ocorreria se? (What if?);

- Listas de verificação (check list);

- Análise de perigos e operabilidade (Hazard Operability Analysis, HAZOP);

- Análise de modos de falhas e efeitos (AMFE) (Failure, Mode And Effects Analysis,

AMFE);

- Análise de modos de falhas, efeitos e criticidade (AMFEC) (failure, mode, effects

and criticity analysis, FMECA).

Em certas ocasiões os métodos de AMFE e AMFEC também podem ser utilizados

para estimativas quantitativas dos eventos que iniciam um possível acidente.

Podem existir perigos que conduzam a acidentes maiores e por conseguinte, cujo

estudo interesse aprofundar para adoptar certas soluções ou facilitar a selecção das

medidas preventivas que pelo seu custo e/ou dificuldade necessitam de uma maior

justificação e suporte. Nestes casos recorre-se aos métodos quantitativos.

Por seu turno a avaliação qualitativa de riscos também apresenta algumas

desvantagens:

- Algumas observações por terem um elevado factor humano (analisador), são

condicionadas pelas percepções deste e poderão conduzir a desvios.

- Algumas ferramentas utilizadas, como as listas de verificação e a observação

directa, poderão não contemplar todos os factores de risco.

A expressão numérica da magnitude do risco pode ser também obtida recorrendo a

métodos simplificados.

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De seguida apresentamos um método simplificado semi-quantitativo, qualitativo e

quantitativo.

Métodos semi-quantitativos

Nesta óptica a importância relativa dos riscos identificados pode ser encontrada

multiplicando os respectivos factores de frequência e de gravidade (RxG) a partir da

chamada matriz de escalonamento, onde se consegue uma amplitude hierarquizável

de 1 a 36.

Frequência Gravidade

Improvável 1 Trivial 1

Possível 2 Menor 2

Ocasional 3 1 lesão grave 3

Frequente 4 2 ou mais lesões graves

4

Regular 5 1 morte 5

Comum 6 2 ou mais mortes 6

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Sempre que se verifique a exposição ao perigo de mais de uma pessoa, multiplica-

se aquele número pelo número de pessoas expostas, resultando uma hierarquização

a partir da seguinte equação:

Risco = Frequência x Gravidade x Extensão das pessoas expostas

A esta hierarquização deve ser associada a valorização respectiva, ou seja a

configuração dos riscos susceptíveis de serem considerados aceitáveis, intoleráveis,

momentos e tipo de acção de controlo a executar, reavaliações, etc.

Exemplo:

Aplicação no caso de inspecções de segurança

Pretende-se fazer uma hierarquização de riscos detectados através de inspecções

de segurança, de seguida estabelecer uma lista de prioridades para as medidas de

controlo que vá servir de suporte para a gestão da afectação de recursos.

Para este efeito os riscos prioritários (PR) são abordados através de uma fórmula

que considera a frequência (F), o potencial máximo de perda (PMP) e a

probabilidade (P), considerando que a frequência é o número de vezes que um risco

foi identificado na inspecção de segurança:

Prioridade de Risco = Frequência x (PMP + Probabilidade)

Recorremos às escalas graduadas de 1 a 50 que permitem realizar a estimativa do

potencial máximo de perda e da probabilidade1

Escala de potencial máximo de perda e probabilidade

Escala de potencial máximo de perda

1 Bamber, in Ridley e Channing, 1999:24-25)

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Mortes múltiplas 50

Morte singular 45

Incapacidade total 40

Perda de um olho 35

Amputação de braço ou perna 30

Amputação de mão ou pé 25

Perda de audição 20

Fractura de membro 15

Laceração profunda 10

Queimadura 5

Arranhão 1

Escala de probabilidades Iminente 50

Horária 35

Diária 25

Semanal 15

Mensal 10

Anual 5

Quinquenal 1

Por exemplo:

Uma situação de risco que pode conduzir à perda de audição e que foi detectado

como possível de acontecer uma vez por hora, de acordo com a fórmula:

PR = Fx (PMP + P)

PR = 1 x (20 + 35) = 55

Significa uma prioridade de risco de 55.

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Esta prioridade deve ser comparada com uma escala de urgências para acção de

controlo de riscos, onde os critérios de valorização foram considerados com base

num acordo prévio.

Cronograma da acção de controlo

Prioridade de Risco Urgência do controlo

Mais de 100 Imediato

80 – 100 Hoje

60 – 79 Prazo de 2 dias

40 – 59 Prazo de 4 dias

20 – 39 Prazo de 1 semana

10 – 19 Prazo de 1 mês

0 – 9 Prazo de 3 meses

A utilidade de aplicação de escalas de graduação deste tipo depende das suas

adaptações à realidade do trabalho e do risco de cada organização, da frequência e

âmbito das inspecções de segurança desenvolvidas e dos recursos existentes para

o controlo.

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Deve dar-se especial atenção à subjectividade do método e à sua regulação de

forma mecânica, que na ausência de um ambiente de participação e consulta podem

por em causa a sua escolha.

A identificação do perigo e a estimativa da magnitude – a gravidade (o potencial da

severidade do dano) e a probabilidade da ocorrência – podem ser efectuadas numa

base qualitativa. De seguida mostramos um método qualitativo simples e bastante

usado na avaliação de riscos.

Método qualitativo simples

Os passos básicos para avaliação do risco podem ser:

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a) Classificar as actividades de trabalho – preparar uma lista de actividades de

trabalho;

b) Identificar os perigos – identificar todos os perigos significativos relacionados

com cada actividade de trabalho. Considerar quem pode ser prejudicado e

como;

c) Determinar o risco – fazer uma estimativa subjectiva do risco associado a

cada perigo;

d) Decidir se o risco é tolerável;

e) Preparar o plano de acção para controlar o risco (caso necessário) –

preparar um plano de acção de controlo dos riscos; preparar um plano para lidar

com quaisquer assuntos encontrados pela avaliação que requeiram atenção. As

organizações devem assegurar que os novos controlos são eficazes;

f) Proceder à revisão do plano de acção – reavaliar os riscos com base nos

controlos e verificar se os riscos são toleráveis (foram reduzidos ao nível mais

baixo razoavelmente praticável;

Para estas acções serem levadas a cabo existem alguns requisitos que as

organizações terão que cumprir para a avaliação de riscos e que passamos a

descrever:

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Normalmente não é necessário fazerem-se cálculos numéricos exactos do risco.

Estes métodos para quantificar riscos, são exigidos sobretudo quando as

consequências ou falhas podem ser catastróficas.

Vamos descrever os factores que uma organização deve considerar quando planeia

a avaliação do risco.

O processo de avaliação de risco que vamos descrever cobre todos os perigos de

SST. É melhor integrar as avaliações para todos os perigos e não efectuar

avaliações separadas para os perigos para a saúde, manuseio, perigo nas

máquinas, etc.

No caso das avaliações serem executadas separadamente, recorrendo a métodos

diferentes, a hierarquização das prioridades do controlo de riscos torna-se mais

difícil. As avaliações feitas em separado poderão conduzir à duplicação de

informação desnecessária.

Logo no início devem considerar-se os seguintes aspectos da avaliação de riscos:

1) A concepção de um formulário de avaliação de risco simples:

As organizações devem preparar um formulário simples que possa ser utilizado para

registar as conclusões de uma avaliação, contemplando no mínimo:

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As organizações devem desenvolver o procedimento global de avaliação de risco e

podem necessitar de realizar experiências e de rever continuamente o sistema.

2) Os critérios para classificar as actividades de trabalho e as informações

necessárias para cada actividade de trabalho.

Classificação das actividades de trabalho

As actividades de trabalho podem ser colocadas numa lista, agrupadas de forma

racional e de seguida obterem-se as informações necessárias sobre elas. É

igualmente importante incluir as tarefas de rotina e aquelas desenvolvidas

esporadicamente.

Os modos possíveis de classificar as actividades de trabalho podem ser:

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Nesta fase pode ser construída uma lista de verificação, para facilitar a definição das

actividades de trabalho, devendo contemplar as necessidades específicas da

organização.

Informações necessárias para cada actividade de trabalho

As informações requeridas para cada actividade de trabalho podem incluir pontos

como por exemplo:

- Tarefas executadas, duração e frequência;

- Locais onde o trabalho é executado;

- Quem normalmente ou ocasionalmente executa as tarefas;

- Outros que possam ser afectados (visitantes, empreiteiros, público, etc.);

- A formação que as pessoas receberam sobre os riscos;

- Procedimentos de autorizações de trabalho;

- As plantas e máquinas que possam ser utilizadas;

- Ferramentas que possam ser utilizadas;

- Instruções de fabricantes ou fornecedores para a operação e manutenção de

plantas, máquinas e outros;

- Tamanho, forma, característica superficial e peso dos materiais manipulados;

- Distâncias e alturas a que os equipamentos são movidos manualmente;

- Substâncias presentes ou manuseadas no desempenho do trabalho;

- Estado físico das substâncias utilizadas ou encontradas (fumos, gases, vapores,

líquidos poeiras, etc.);

- As recomendações em folhas de dados sobre perigos relacionados com as

substâncias usadas;

- Requisitos de actos relevantes, regulamentos e normas importantes para o

trabalho;

- Medidas de controlo que já estão disponíveis;

- Dados de monitorização: a experiência sobre acidentes, incidentes e problemas de

saúde, em associação com o trabalho feito, equipamentos e substâncias utilizadas,

adquiridas como resultado das informações oriundas de dentro e de fora da

organização;

- As conclusões de quaisquer avaliações existentes relacionadas com as actividades

de trabalho.

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b) Identificar os perigos

Existem 3 perguntas que devem ser respondidas para se identificarem perigos:

Quem ou o quê pode (m)

ser afectado (s)?

Existem várias formas de identificar perigos ou riscos. Passamos a identificar duas

delas:

- Categorização de perigos ou riscos em categorias gerais, como por exemplo:

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- Criação de uma lista de verificação de questões, por exemplo:

-Durante as actividades de trabalho podem existir os seguintes perigos?

- Perigos associados ao manuseio ou levantamento manual de ferramentas,

materiais, etc.

- Perigos relacionados com a manutenção de máquinas

- Substâncias que podem ser inaladas

- etc.

Note-se que as organizações devem desenvolver a sua lista de referência à sua

medida, tendo em conta obviamente as características das suas actividades e os

locais onde o trabalho é executado.

c) Determinar o risco

O risco proveniente do perigo pode ser determinado pela estimativa da gravidade

potencial do perigo e da probabilidade de que este venha a ocorrer.

Esta análise pode ser quantitativa. O que é importante é que neste processo de

julgamento seja comparável o nível de riscos dos diferentes perigos. Para isso é

necessário que cada organização defina antecipadamente os critérios e valores a

atribuir a cada um dos parâmetros (severidade do dano e probabilidade da

ocorrência do dano)

Gravidade potencial do perigo

Quando se estabelece o potencial de severidade do dano (ligeiramente prejudicial,

prejudicial e extremamente prejudicial) deve considerar-se a informação relevante da

actividade de trabalho, em conjunto com:

- As partes do corpo que podem ser afectadas;

- A natureza do dano.

A escala pode variar de ligeiros a muito graves.

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Quadro: Categorias de consequências

Qualitativa Caracterização

Ligeiramente

danoso

Pequenos cortes, irritação dos olhos, dor de cabeça,

desconforto.

Danoso Lacerações, queimaduras, fracturas menores, surdez,

dermatoses, asma, lesões músculo-esqueléticas.

Extremamente

danoso

Amputações, fracturas maiores, intoxicações, lesões múltiplas,

cancro e doenças crónicas, morte.

A ponderação da frequência deve ter em consideração um outro conjunto de

factores que podem influenciar, positiva ou negativamente a probabilidade de

emergência do perigo, como sejam:

- Número de pessoas expostas;

- Frequência e duração da exposição ao perigo;

- Falhas nos serviços (por exemplo electricidade e água);

- Falha no lay-out e componentes de maquinaria e dispositivos de segurança;

- Protecção proporcionada pelos EPIs e taxa de utilização do referido equipamento;

- Actos inseguros (erros não intencionais ou violação intencional de procedimentos)

das pessoas que possam por exemplo:

Não conhecerem quais são os riscos;

Não ter especialização, capacidade física ou habilidade para o

trabalho;

Subestimar os riscos a que estão expostos;

Fazer “atalhos” para completar a tarefa.

A probabilidade da ocorrência do dano

Nesta fase procura-se estabelecer a probabilidade de ocorrência do dano (baixa,

média, alta) a adequação das medidas de controlo já implementadas e que atendem

às necessidades precisam ser consideradas. Neste ponto, os requisitos legais, os

códigos de prática ou os guias dos fabricantes/fornecedores, podem ser uma ajuda

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na interpretação dos resultados, assim como a informação relativa ao número de

incidentes/acidentes, ocorridos no passado.

No quadro seguinte estima os níveis de risco de acordo com a sua probabilidade.

Qualitativa Caracterização

Baixa Espera-se que possa ocorrer raramente.

Média Espera-se que venha a ocorrer com facilidade relativa.

Alta Espera-se que venha a ocorrer com muita facilidade.

d) Decidir se o risco é tolerável

Os quadros abaixo mostram um método simples de estimar os níveis de risco e de

decidir se os riscos são toleráveis. Os riscos são classificados segundo as suas

probabilidades estimadas e a gravidade potencial de dano. Algumas organizações

poderão desejar desenvolver abordagens mais sofisticadas, mas este método é um

ponto de partida razoável. Poderão ser utilizados números para descrever tarefas,

em vez de “risco” moderado”, “risco tolerável”, etc.

Assim, para mais facilmente hierarquizar os riscos, deverão ser atribuídos valores

(escala) à probabilidade de ocorrência e à severidade do dano, conseguindo-se

assim, desta forma quantificar os riscos.

Quadro : Categorias de consequências

Gravidade dos danos - Ligeiramente danoso - Danoso - Extremamente danoso

Probabilidade dos danos - Baixa - Média - Alta

Classificação - Trivial - Aceitável - Moderado - Importante - Intolerável

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Quadro com a classificação dos riscos

Consequências Tabela de classificação de

riscos R = f (CxP) Ligeiramente

danoso

Danoso Extremamente

danoso

Baixa Trivial

Aceitável

Moderado

Média Aceitável

Moderado Importante

Probabilidade

dos danos

Alta

Moderado Importante Intolerável

Fonte: determinação do nível do risco (Norma BS 8800:1996)

Os níveis de risco das figuras acima constituem a base para decidir se são

requeridas melhorias nos controlos de risco existentes, ou se, se deve implementar

novos controlos, assim como a temporização das acções (plano de acção).

e) Preparar o plano de acção para controlar o risco

As categorias de risco apresentadas nos quadros anteriores, constituem a base para

decidir se será necessário aperfeiçoar controlos (serão objecto de detalhe no módulo

de controlo de riscos profissionais) e o cronograma para agir.

O objectivo é produzir um plano de acções, por ordem de prioridades. Desta forma a

tabela seguinte sugere um método como ponto de partida para a tomada de decisão

indicando também os esforços necessários para o controlo de riscos e a urgência

com que se devem adoptar as medidas de controlo, que devem ser proporcionais ao

risco.

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Risco Acção e Temporização Trivial Não requer medidas específicas Aceitável Não são necessários controlos adicionais. Devem ser equacionadas

soluções com o melhor custo/benefício. Recorrer a verificações periódicas, de forma a assegurar que se mantém o controlo.

Moderado Devem ser implantadas medidas de redução do risco num período determinado.

Importante A actividade não deve ser iniciada se se proceder à redução do risco. Quando o risco envolve tarefas em execução, as medidas a tomar devem ser executadas com a máxima urgência.

Intolerável O trabalho não deve ser iniciado, ou deverá ser interrompido, até serem tomadas medidas de redução do risco.

Fonte: Plano de acção (Norma BS 8800:1996)

O passo seguinte consiste em determinar os controlos necessários a implementar no

local de trabalho para os riscos estimados.

De seguida, apresenta-se uma ficha de análise de risco para determinada função,

tendo por base a metodologia apresentada.

Exemplo:

Ficha de análise de risco

Função: técnico de máquinas especiais

Actividade 1 – executar trabalhos com máquinas ferramentas

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a. Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 28

Antes de se implementarem as novas medidas de controlo é necessário reverem-se

as consequências das acções propostas.

Assim devem voltar-se a avaliar essas novas medidas para verificar a sua

adequabilidade e assegurar que, com a implementação de novas medidas, não

estão a ser criados novos riscos.

f) Revisão da adequação do plano de acção

Depois de se implementarem as medidas necessárias dever-se-á reavaliar o plano

de acção.

Esta reavaliação deverá considerar o seguinte:

- Se os novos sistemas de controlo de riscos conduziram a níveis de risco toleráveis;

- Se foram criados novos perigos;

- Se foi escolhida a solução mais económica;

- Qual a opinião das pessoas sobre as novas medidas.

A avaliação de riscos deve ser vista como um processo contínuo. Assim a

adequabilidade de medidas de controlo devem ser submetidas a uma revisão

contínua. Analogamente, caso as condições mudem levando a que os perigos e

riscos sejam significativamente afectados, as avaliações de risco devem ser também

revistas.

Page 15: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 29

Método simplificado quantitativo de Avaliação de Riscos de Acidentes de Trabalho (MARAT) Este método permite quantificar a magnitude dos riscos existentes e, como

consequência, hierarquizar de modo racional a prioridade da sua eliminação ou

correcção.

A informação resultante deste método é apenas orientativa.

Os conceitos chave da avaliação são:

Recapitulando, o risco é em termos gerais, o resultado do produto da probabilidade

pela severidade.

Tendo em atenção que estamos no campo dos acidentes laborais, a probabilidade

traduz a medida de desencadeamento do acontecimento inicial. Integra em si a

duração da exposição das pessoas ao perigo e as medidas preventivas existentes.

Assim sendo, podemos afirmar que a probabilidade é função do nível de exposição e

do conjunto das deficiências (que é o oposto das medidas preventivas existentes

para os factores em análise) que contribuem para o desencadear de um

determinado acontecimento não desejável.

No desenvolvimento do método não se utilizarão valores absolutos mas antes

intervalos discretos pelo que se utilizará o conceito de nível.

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 30

Assim o nível de risco (NR) será função do nível de probabilidade (NP) e do nível de

consequências (NC).

Este método pode ser esquematizado pelo fluxograma que se segue:

Nível de Deficiência (ND)

Designa-se por nível de deficiência (ND), ou nível de ausência de medidas

preventivas, a magnitude esperada entre o conjunto de factores de risco

considerados e a sua relação causal directa com o acidente.

Deve ser determinado baseado numa lista de verificação que analise os possíveis

factores de risco de cada situação, do tipo da que consta no Anexo.

Page 16: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 31

A tabela abaixo enquadra-nos a avaliação num determinado nível de deficiência.

Nível de Deficiência

ND Significado

Aceitável

(A) 1 Não foram detectadas anomalias. O perigo está

controlado.

Insuficiente

(I) 2

Foram detectados factores de risco de menor importância. É de admitir que o dano possa ocorrer algumas vezes.

Deficiente

(D) 6

Foram detectados alguns factores de risco significativos. O conjunto de medidas preventivas existentes tem a sua eficácia reduzida de forma significativa

Muito Deficiente

(MD)

10 Foram detectados factores de risco significativos. As medidas preventivas existentes são ineficazes. O dano ocorrerá na maior parte das circunstâncias.

Deficiência Total

(DT)

14 Medidas preventivas inexistentes ou desadequadas. São esperados danos na maior parte das situações.

Nível de Exposição (NE)

O nível de exposição é uma medida que traduz a frequência com que se está

exposto ao risco. Para um risco concreto, o nível de exposição pode ser estimado

em função dos tempos de permanência nas áreas de trabalho, operações com a

máquina, procedimentos, ambientes de trabalho, etc.

A tabela que se segue enquadra-nos a avaliação num determinado nível de

exposição.

Nível de Exposição

NE Significado

Esporádica 1 Uma vez por ano ou menos e por pouco tempo (minutos)

Pouco Frequente 2 Algumas vezes por ano e por período de tempo determinado

Ocasional 3 Algumas vezes por mês

Frequente 4 Várias vezes durante o período laboral, ainda que com tempos curtos – várias vezes por semana ou diário

Continuada

Rotina 5

Várias vezes por dia com tempo prolongado ou continuamente

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 32

Nível de Probabilidade (NP)

O nível de probabilidade é função das medidas preventivas existentes e do nível de

exposição ao risco. Pode ser expresso num produto de ambos os termos

apresentado na tabela abaixo.

Nível de Exposição

Esp

orád

ica

P

ouco

F

requ

ente

Oca

sion

al

Fre

quen

te

Con

tínua

1 2 3 4 5 Aceitável 1 1 2 3 4 5 Insuficiente 2 2 4 6 8 10 Deficiente 6 6 12 18 24 30 Muito Deficiente 10 10 20 30 40 50 N

ível

de

Def

iciê

nci

a

Deficiência Total 14 14 28 42 56 70

Nível de Probabilidade

NP Significado

Muito Baixa [1;3] Não é de esperar que a situação perigosa se materialize, ainda que possa ser concebida.

Baixa [4;6] A materialização da situação perigosa pode ocorrer.

Média [8;20] A materialização da situação perigosa é possível de ocorrer pelo menos uma vez com danos.

Alta [24;30] A materialização da situação perigosa pode ocorrer várias vezes durante o período de trabalho.

Muito Alta [40;70] Normalmente a materialização da situação perigosa ocorre com frequência.

Nível de Severidade (NS)

Foram considerados cinco níveis de consequências em que se categorizaram os

danos físicos causados às pessoas e os danos materiais. Ambas as categorias

Page 17: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 33

devem ser consideradas independentemente, tendo sempre mais peso os danos nas

pessoas que os danos materiais. Quando os danos em pessoas forem desprezíveis

ou inexistentes devermos considerar os danos materiais no estabelecimento das

prioridades.

Os acidentes com baixa deverão ser integrados no nível de consequências grave ou

superior.

Há que ter em conta que, quando nos referimos às consequências dos acidentes,

apenas se consideram os que forem normalmente esperados em caso de

materialização do risco. O nível de severidade do dano refere-se ao dano mais

grave que é razoável esperar de um incidente envolvendo o perigo avaliado.

Significado Níveis de Severidade

NS Danos Pessoais Danos Materiais

Insignificante 10 Não há danos pessoais Pequenas perdas materiais

Leve 25 Pequenas lesões que não requerem hospitalização. Apenas primeiros socorros

Reparação sem paragem do processo

Moderado 60 Lesões com incapacidade laboral transitória. Requer tratamento médico

Requer a paragem do processo para efectuar a reparação

Grave 90 Lesões graves que podem ser irreparáveis

Destruição parcial do sistema (reparação complexa e onerosa)

Mortal ou catastrófico

155 Um morto ou mais

Incapacidade total ou permanente

Destruição de um ou mais sistemas (difícil renovação / reparação)

Nível de Risco (NR)

O nível de risco será o resultado do produto do nível de probabilidade pelo nível das

consequências

NR=NPxNS

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 34

Podendo ser apresentado na tabela seguinte:

Não

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NP 40 a 70

Pessoas Material NS

1 a 3 4 a 6 8 a 18 24 a 30

Não há danos pessoais

Pequenas perdas de material

10 10 30 40 60 80 180 240 300 400 700

Pequenas lesões que não requerem hospitalização

Reparação sem necessidade de paragem do processo

25 25 75 100 150 200 450 600 750 1000 1750

Lesões com incapacidade de trabalho temporária

Requer paragem do processo para executar a reparação

60 60 180 240 360 480 1080 1440 1800 2400 4200

Lesões graves que podem ser irreparáveis

Destruição parcial do siste-ma (reparação complexa e onerosa)

90 90 270 360 540 720 1620 2160 2700 3600 6300

Um morto ou mais

Incapacidade total ou permanente

Destruição total do sistema (difícil recu-peração)

155 155 465 620 930 1240 2790 3720 4650 6200 10850

Da análise da matriz de níveis de risco caracterizam-se diferentes níveis de

intervenção ou de controlo (NC).

Page 18: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 35

Nível de Controlo (NC)

O nível de controlo pretende dar uma orientação para implementar programas de

eliminação ou redução de riscos atendendo à avaliação do custo - eficácia.

Nível de Controlo NC Significado

I 3600

a 10850

- Situação Critica. Intervenção Imediata. Eventual paragem imediata. Isolar o perigo até serem adoptadas medidas de controlo permanentes

II 1240

a 3100

- Situação a Corrigir. Adoptar medidas de controlo enquanto a situação perigosa não for eliminada ou reduzida

III 360 a

1080

- Situação a Melhorar. Deverão ser elaborados planos ou programas documentados de intervenção

IV 90 a

300 - Melhorar se possível justificando a intervenção

V 10 a 80

- Intervir apenas se uma analise mais pormenorizada o justificar

No caso dos valores não constantes nos intervalos deverá considerar-se o cenário a

medida mais rigorosa.

No quadro abaixo poderemos ver uma lista de perigos e de situações perigosas que

poderão servir de orientação.

LISTA DE PERIGOS E SITUAÇÕES PERIGOSAS

PERIGOS E SITUAÇÕES PERIGOSAS Perigos Bio-Mecânicos e de Postura

P.1.1 Movimentos repetitivos do corpo por mais de 1 hora de cada vez

P.1.2 Alcançar acima do ombro ou abaixo do meio da coxa

P.1.3 Alcançar a mais de 30 cm de distância do corpo

P.1.4 Torção ou flexão do corpo no manuseio de materiais

P.1.5 Transporte ou elevação desequilibrada ou desigual

P.1.6 Postura do corpo constrangida ou confinada

P.1.7 Dificuldade em segurar os objectos manuseados (formato especiais, materiais macios ou escorregadios)

P.1.8 Necessidade de esforço excessivo (por exemplo, levantamento de objectos com peso superior a 4,5 kg enquanto sentado ou 16-20 kg enquanto de pé)

P.1.9 Postos de Trabalho mal concebidos, incluindo os assentos

Ambiente Físico e Concepção do Local de Trabalho

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 36

PERIGOS E SITUAÇÕES PERIGOSAS P.1.10 Locais desarrumados, derrames não limpos, lixo não removido

P.1.11 Superfícies irregulares ou escorregadias

P.1.12 Obstáculos nas vias de circulação, equipamento próximo, risco de colisão com objectos estáticos, etc.

P.1.13 Plataformas de trabalho inadequadas, escadas, escadotes, guarda-costas, arneses e outro equipamento para trabalho em altura

P.1.14 Aberturas e folgas não protegidas nas vias de circulação e plataformas

P.1.15 Iluminação deficiente

P.1.16 Exposição a níveis de ruído perigosos

P.1.17 Máquinas, mobiliário, componentes ou materiais localizados ou armazenados em locais em que possam causar colisão de pessoas

P.1.18 Etiquetagem ou marcação dos controlos inadequada ou confusa

P.1.19 Inadequação da instalação, local de trabalho, actividade ou tarefa e as características físicas do trabalhador (altura, robustez, velocidade, mobilidade, aptidão física, etc.)

P.1.20 Partes do corpo que entrem em contacto com componentes quentes durante operações de teste, inspecção, operação, manutenção, limpeza ou reparação

P.1.21 Exposição a fogo e elementos quentes provenientes de fogo (por exemplo, material em fusão)

P.1.22 Queda ou colapso do pavimento, materiais, instalações, estruturas, etc.

P.1.23 Exposição a materiais ou componentes extremamente frios (por exemplo gelo seco ou gases criogénicos)

P.1.24 Exposição a radiação (ionizante, não ionizante, laser)

P.1.25 Entrada em compartimentos frios

P.1.26 Exposição a vibrações mecânicas

Perigos Mecânicos

P.1.27 Cabelo, roupa, jóias, adornos, etc. que possam ser agarrados por componentes em movimento

P.1.28 Movimentos inesperados ou não controlados de máquinas, componentes, peças, veículos ou cargas

P.1.29 Inabilidade para reduzir a velocidade, parar ou imobilizar máquinas, veículos, etc.

P.1.30 Partes do corpo que entrem em contacto com componentes em movimento, contundentes, afiados, quentes ou sob tensão durante operações de teste, inspecção, operação, manutenção, limpeza ou reparação

P.1.31 Possibilidade de acidente com veículos

P.1.32 Pessoas ou partes do corpo aprisionadas ou “ameaçadas” entre componentes móveis e elementos estruturais ou materiais fixos

P.1.33 Máquinas, componentes ou materiais desintegráveis ou quebradiços

P.1.34 Pessoas feridas por equipamento danificado, mal mantido ou não devidamente protegido (incluindo equipamentos eléctricos)

P.1.35 Ejecção de componentes, peças, fluidos, etc.

Perigos Eléctricos

P.1.36 Contacto com componentes sob tensão durante operações de teste, inspecção, operação, manutenção, limpeza ou reparação

P.1.37 Contacto com linhas de energia acima da cabeça

P.1.38 Contacto com linhas de energia enterradas

P.1.39 Explosão ou ignição de componentes eléctricos

P.1.40 Acesso não autorizado a Postos de Transformação, Subestações, Postos de Seccionamento, Quadros, controlos, etc.

Perigos Químicos e Toxicológicos

P.1.41 Explosão ou ignição de gases, vapores, poeiras, etc.

P.1.42 Exposição a concentrações tóxicas de produtos químicos (pele, inalação, ingestão, etc.)

P.1.43 Exposição a atmosferas deficientes em oxigénio

P.1.44 Danos em tubagens de gás, reservatórios de gases comprimidos, contentores de produtos químicos, etc.

Page 19: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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PERIGOS E SITUAÇÕES PERIGOSAS Perigos Biológicos e Humanos

P.1.45 Exposição a animais venenosos ou perigosos

P.1.46 Exposição a substâncias tóxicas naturais (plantas, cogumelos, gases, etc.)

P.1.47 Exposição a substâncias potencialmente infecciosas

P.1.48 Colisão acidental com outra pessoa

P.1.49 Assalto por outra pessoa

Perigos Organizacionais

P.1.50 Material de Primeiros Socorros e Pessoal habilitado insuficientes

P.1.51 Planeamento da evacuação, de resposta a emergência e de busca e salvamento insuficiente

P.1.52 Condições e meios de evacuação, de resposta a emergência e de busca e salvamento insuficientes

P.1.53 Acesso a equipamento perigoso por pessoal não autorizado ou não habilitado

P.1.54 Deficiente organização do trabalho, incluindo a rotação por postos de trabalho e os intervalos para descanso

P.1.55 Equipamento de protecção individual, inadequado, insuficiente ou deficientemente mantido

Perigos Psicossociais e de Concepção das Tarefas

P.1.56 Atenção dada à probabilidade de erros humanos e suas consequências insuficiente

P.1.57 Desajuste entre as exigências das tarefas e as capacidades ou comportamentos das pessoas e trabalhadores

P.1.58 Pouca atenção dada à consulta dos trabalhadores antes de efectuar alterações nos locais de trabalho

Falámos sobre a distinção dos métodos entre qualitativos e quantitativos. Demos o

exemplo de três métodos simplificados de avaliação de riscos.

Também pode ser feita a distinção considerando a cronologia em que esses

métodos são aplicados: pró activos e reactivos, ou a priori e a posteriori

respectivamente.

Métodos de análise pró activos e reactivos

Como já referimos além da classificação em métodos qualitativos e quantitativos

ainda podemos estabelecer uma divisão em métodos pró-activos, ou “a priori” e os

métodos reactivos ou “a posteriori”.

No diagrama abaixo poderemos distinguir as principais características.

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 38

Os métodos pró-activos pretendem uma acção preventiva, antes de acontecer o

acidente, enquanto que os métodos reactivos são utilizados após a ocorrência o

acidente.

Métodos de análise “a posteriori”

Estatística da sinistralidade laboral na empresa

Consiste na recolha, tratamento de dados da sinistralidade do trabalho e

comunicação dos seus resultados.

A nível da empresa o âmbito da recolha de dados deve ser o mais alargado

possível, para se obter uma amostra representativa.

Page 20: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 39

Devem recolher-se dados relativamente a:

É importante que estes dados sejam comunicados aos trabalhadores da empresa e

aqueles independentes, ou trabalhadores de outras empresas, que exerçam

actividade nas instalações geridas por esta.

Investigação de acidentes e método da árvore de causas

Para investigação de acidentes e incidentes apela-se a um método baseado na

Teoria de Sistemas, o qual aborda o acidente de trabalho como sendo um fenómeno

complexo, pluricausal e revelador de disfunção numa empresa, considerada como

um sistema sócio-técnico aberto. A sua aplicação exige a reconstrução detalhada e

com a maior precisão possível da história do acidente, procedendo-se apenas ao

registo de factos do acidente, sem emissão de juízos de valor e sem interpretações,

para, retrospectivamente, a partir da lesão sofrida pelo acidentado, identificar a rede

de factores que culminou no acidente de trabalho (Cuny & Krawsky, 1970; Monteau,

1980; Monteau, 1983).

O método utiliza o conceito de variação, entendida como a mudança ocorrida em

relação ao funcionamento habitual do sistema (indústria, oficina etc.), considerada

indispensável à ocorrência do acidente. Utiliza também o conceito de actividade,

constituída por quatro componentes: indivíduo (I), considerado nos seus aspectos

físicos e psico-fisiológicos; tarefa (T), entendida como a sequência de operações

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 40

executadas pelo indivíduo e passível de observação; material (M), representado por

máquinas, instrumentos, ferramentas, matérias-primas necessários ao

desenvolvimento do trabalho; meio de trabalho (MT), entendido tanto nos aspectos

físicos como nas suas relações sociais.

No diagrama ainda se observa:

О – Variação do facto;

- Facto habitual.

Identificados os factores de acidente, variações e factos habituais do modo mais

exaustivo possível, a construção da árvore não é senão o estabelecimento das

ligações lógicas existentes entre esses, realizado retroactivamente a partir da lesão.

Esse processo permite ampliar consideravelmente os conhecimentos a respeito dos

factores que participaram na ocorrência do acidente, pois obriga a pesquisa “das

causas das causas”, interrompida quando certos factos, cronologicamente muito

anteriores à lesão, foram esquecidos ou quando o investigador considera que já

dispõe de um quadro suficientemente coerente e completo do acidente.

Trata então de responder às perguntas:

- Qual o antecedente lógico que implicou este facto? O que teve que ocorrer para

que este facto acontecesse?

- Este antecedente é necessário à produção deste facto?

- Este antecedente foi suficiente? Não existem outros antecedentes?

A resposta a estas perguntas pode ser estruturada de acordo com três tipos de

fundamentação lógica:

Relação de encadeamento O facto (x) tem como antecedente somente o facto (y) e não se produziria que este ultimo não tivesse ocorrido em primeiro lugar. Exemplo: uma pessoa cai (facto (x)), porque escorregou (facto

Page 21: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 41

(y)) e não foram encontrados outros factos concorrentes para a queda.2

Relação de disjunção Vários factos (x1), (x2) que não têm relação entre si, apenas são explicáveis através de um único antecedente (y) e qualquer deles não se produziria se o facto (y) não tivesse acontecido previamente. Exemplo: Queda de um andaime (facto (x1)) e dos respectivos toldos de protecção que foram arrancados (facto (x2)), em ambos os casos por causa do vento.3

Relação de conjunção O facto (x) não aconteceria se não tivesse ocorrido previamente o facto (y). Contudo, o facto (y) por si só, não desencadearia o facto (x). Para que tal tivesse acontecido foi necessária a ocorrência do facto (z). Os factos (y) e (z) são independentes entre si. Exemplo: um camião que embateu num muro por não poder parar a tempo (facto (x) porque, simultaneamente, descia uma rua com um declive muito acentuado (facto (y)) e os travões estavam desafinados (facto (z)). 4

O diagrama de árvore de causas considera-se terminado quando são identificados

os eventos primários que são a origem dos acidentes e não necessitam de uma

situação anterior para serem explicados, ou quando se desconhecem os

antecedentes.

Exemplo:

Um camionista transporta material num canteiro de obras num itinerário não habitual

com a rampa muito inclinada. Ao pretender parar, tenta travar, mas os travões não

respondem. O camião de reserva que está a utilizar (uma vez que o camião habitual

estava avariado) está sobrecarregado, bate no muro e o motorista sofre uma

contusão na cabeça.

Abaixo poderemos observar a árvore de causas correspondente.

2 Roxo, M. Avaliação e Controlo de Riscos. 3 Roxo, M. Avaliação e Controlo de Riscos. 4 Roxo, M. Avaliação e Controlo de Riscos.

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 42

Métodos de análise “a priori”

São os métodos de prevenção por excelência.

Controlos e verificações

Tem como objectivo, reconhecer as falhas e anomalias ou as insuficiências

respeitantes aos dispositivos técnicos, instalações ou aos modos operatórios.

Estes métodos desenvolvem-se através de visitas de inspecção planeadas de

acordo com o seu objectivo de análise, seja um sector de actividade, uma empresa

ou estabelecimento, um serviço, um departamento, etc.

Esta inspecção é feita recorrendo a listas de verificação, que possibilitam a

comparação da conformidade dos atributos com padrões predefinidos. Deste modo

identificam-se os desvios aos padrões constantes da lista.

Normalmente estabelecem-se com base na lei ou normas e também em outras

técnicas de análise.

Page 22: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 43

Em anexo poderemos observar o exemplo de uma lista de verificação.

Para se utilizar métodos de controlo e verificação tem que se considerar vários

passos. No diagrama abaixo poderemos seguir os passos desenvolvidos para gerir o

risco com base em inspecções.

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 44

Métodos de análise de postos

Pressupõem decompor todo o processo de trabalho de forma a obter um conjunto de

tarefas mais simplificadas.

Assim pretende-se analisar com o máximo de objectividade o trabalho humano de

forma a tirar conclusões que permitam melhorar a produção, diminuir a fadiga e os

acidentes. Isto pode conseguir-se actuando sobre:

O acto sem segurança é visto, à luz deste método, como um sintoma de

inadequação na relação homem/máquina, numa determinada envolvente,

incompatível com os objectivos da segurança e da produtividade.

Note-se que estes métodos apresentam algumas limitações, pois contemplam

fundamentalmente os postos fixos, ou geograficamente limitados, ou onde a

actividade do operador é marcada quer pela repetitividade, quer pela estabilidade.

Vamos descrever o mais importante por ser também o mais comummente utilizado.

Estudo de identificação de perigos e de operabilidade (HAZOP)

O HAZOP – Hazard (perigo) + Operability (operabilidade) – consiste no estudo de

comprovação sistemática e crítica, de todas as falhas, erros ou desvios previsíveis,

Page 23: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 45

devido a relação com padrões estabelecidos como normais de acordo com uma

determinada concepção de uma instalação de processo, contínuo ou descontínuo,

de forma a estimar o potencial de perigo e os seus efeitos.

É um método de análise qualitativo desenvolvido com o objectivo de examinar as

linhas de processo, identificando perigos e prevenindo problemas. Porém,

actualmente, também é aplicado para equipamentos do processo e até para

sistemas.

É indicado principalmente quando se faz implantação de novos processos na fase

de projecto ou na modificação de processos já existentes. O ideal na realização do

HAZOP é que o estudo seja desenvolvido antes mesmo da fase de detalhe e

construção do projecto, evitando com isso que modificações tenham que ser feitas,

quer no detalhe ou ainda nas instalações, quando o resultado do HAZOP for

conhecido.

O HAZOP pode ser aplicado em projectos e modificações de qualquer dimensão.

Note-se que muitos acidentes acontecem porque são subestimados os efeitos

secundários de pequenos detalhes ou modificações, que à primeira vista parecem

insignificantes e é impossível, antes de se fazer uma análise completa, conhecer se

existem efeitos secundários graves e difíceis de prever.

Além disso, o carácter de trabalho em equipa que o HAZOP apresenta, onde as

pessoas de funções diferentes dentro da organização trabalham em conjunto, faz

com que a criatividade individual seja estimulada, os esquecimentos evitados e a

compreensão dos problemas das diferentes áreas e interfaces do sistema seja

atingida. Uma pessoa, mesmo competente, trabalhando sozinha, frequentemente

está sujeita a erros por desconhecer os aspectos alheios a sua área de trabalho.

Assim, o desenvolvimento do HAZOP alia a experiência e a competência individuais

Às vantagens indiscutíveis do trabalho em equipa.

O processo de execução de um HAZOP é estruturado e sistemático, como tal, é

necessária a compreensão de alguns termos:

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 46

• Nós-de-estudo – São os pontos do processo, localizados através dos

fluxogramas da instalação, que serão analisados nos casos em que ocorram

desvios;

• Intenção de Operação – define os parâmetros de funcionamento normal da

instalação, na ausência de desvios, nos nós-de-estudo;

• Desvios – são afastamentos das intenções de operação, evidenciados pela

aplicação sistemática das palavras-chave aos nós de estudo (ex: mais

pressão, menos caudal, etc) ou seja, são distúrbios provocados no equilíbrio

do sistema;

• Causas – São os motivos pelos quais os desvios ocorrem. A partir do

momento em que um desvio tenha demonstrado possuir uma causa aceitável,

ele pode ser tratado como uma ocorrência significativa a ser devidamente

analisada. As causas dos desvios podem resultar de falhas no sistema, erro

humano, um estado de operação do processo não previsto (ex: mudança na

composição de um gás) distúrbios externos (ex.: perda de potência devido à

queda de tensão da linha de energia eléctrica) etc;

• Consequências – As consequências são os resultados decorrentes de um

desvio da intenção de operação num determinado nó de estudo (ex.:

libertação de material tóxico para o ambiente de trabalho);

• Parâmetros de processo – São os factores ou componentes da intenção de

operação, isto é, são as variáveis físicas do processo (ex.: caudal, pressão,

temperatura) e os procedimentos operativos (ex.: operação, transfega);

• Palavras-chave – são palavras simples utilizadas para qualificar os desvios

da intenção de operação e para guiar e estimular o grupo de estudo no

brainstorming. As palavras-chave são aplicadas aos parâmetros de processo

que permanecem dentro dos padrões estabelecidos pela intenção de

operação. Aplicando as palavras-chave aos parâmetros de processo, em

cada nó-de-estudo da instalação em análise, procura-se descobrir os desvios

passíveis de ocorrência na intenção de operação do sistema. Assim as

Page 24: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 47

palavras-chave são utilizadas para levantar questões como: “O que ocorreria

se houvesse mais? ” ou “O que aconteceria se ocorresse um fluxo

inverso?”.

Este método permite que as pessoas libertem a sua imaginação, pensando em

todos os modos pelos quais um acontecimento indesejável ou problema de

operação possa ocorrer. Para evitar que algum detalhe seja omitido, a reflexão deve

ser executada de maneira sistemática, analisando cada circuito, linha por linha, para

cada tipo de desvio passível de ocorrer nos parâmetros de funcionamento. Para

cada linha analisada são aplicadas a série de palavras-chave, identificando os

desvios que podem ocorrer caso a condição proposta pela palavra-chave ocorra.

O quadro, apresentamos uma série de palavras-chave utilizadas e os possíveis

desvios gerados.

Palavras-chave Significado Exemplos

Nenhum Negação, ausência de especificações

Nenhum fluxo (falha da bomba, válvula fechada, obstrução, etc.)

Mais, menos Aumento ou diminuição quantitativa (caudais, pressão, temperatura, viscosidade ou actividades: reacção, aquecimento, etc)

Mais fluxo (válvula avariada aberta, leitura do fluxómetro incorrecta, etc)

Maior do que, assim como Aumento qualitativo (junto à função desejada realiza-se uma actividade adicional)

Mais temperatura (falha de regulação de temperatura)

Parte de Diminuição qualitativa (realiza-se apenas uma parte da função desejada

Presença de impurezas (entrada de contaminantes, corrosão, isolamento)

Reverso Oposição à função desejada (fluxo de retrocesso, inversão da reacção química)

Fluxo de retorno (bomba invertida, falha da bomba, da válvula anti-retorno)

De outra forma Substituição completa da função desejada (sucede algo diferente das finalidades originais)

Outras actividades diferentes da operação normal (arranques e paragens, falhas de energia, incompatibilidades)

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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Identificadas as palavras-chave e os desvios respectivos, pode-se proceder à

elaboração das alternativas possíveis para evitar que o problema ocorra ou que seja

mínimo.

Convém, no entanto, analisar as alternativas quanto ao seu custo e

operacionalidade. O quadro abaixo mostra um exemplo de relatório de um estudo

HAZOP aplicado ao sistema de arrefecimento por água de um reactor.

No HAZOP a operacionalidade assume a mesma importância da identificação de

perigos.

Geralmente neste tipo de estudo são detectados mais problemas operacionais do

que identificados perigos. Este não é um ponto negativo, muito pelo contrário,

aumenta a sua importância, pois a diminuição dos riscos está muito ligada à

eliminação de problemas operacionais. A eliminação dos problemas operacionais

recai numa consequente diminuição do erro humano, reduzindo assim o nível de

risco. É porém impossível eliminar qualquer perigo que seja, sem antes tomar

conhecimento do mesmo, o que pode ser feito com este método.

Estudo do sistema de arrefecimento por água de um reactor.

PALAVRA-

CHAVE

DESVIO CAUSAS

POSSÍVEIS

CONSEQUÊNCIAS ACÇÔES

REQUERIDAS

NENHUM

CAUDAL

Ausência de

caudal

- Falha de

abastecimento;

- Bomba

avariada;

- Falta de

energia;

Aumento da

temperatura

- Aumento do

volume do

reservatório de

água;

- Manutenção

da bomba;

- Alimentação

alternativa:

AUMENTO DE

PRESSÂO

Elevação de

pressão

- Avaria no

sistema de

controlo de

Perigo de

- Inspecções

periódicas do

Page 25: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 49

caudal;

- Válvula

avariada;

- Avaria no

sensor de

pressão;

rebentamento equipamento

de medição e

controlo.

REDUÇÃO DE

TEMPERATURA

Temperatura

demasiado

baixa

- Avaria no

sensor de

temperatura;

- Caudal a

mais;

Perda de produto

- Inspecções

periódicas do

equipamento

de medição e

controlo.

Passemos agora a um conjunto de métodos originalmente destinados a melhoria

contínua de instrumentos de análise e que já se encontram fora da classificação

anterior (a priori ou a posteriori).

Métodos de segurança de sistemas

A segurança de sistemas, surgiu progressivamente a partir dos anos 60 do Século

XX, como segmento da engenharia de sistemas, enquanto disciplina detentora de

uma lógica própria de concepção e melhoria contínua.

Existem uma série de métodos que pertencem a esta linha de acção e que

passaremos a descrever de seguida.

Análise preliminar de riscos (APR)

Consiste no estudo, durante a fase de concepção ou desenvolvimento prematuro de

um novo sistema, dos riscos que poderão estar presentes na sua fase operacional.

A APR é, portanto, uma análise inicial qualitativa, desenvolvida na fase de projecto e

de desenvolvimento de qualquer processo, produto ou sistema, possuindo especial

importância na investigação de sistemas novos e/ou pouco conhecidos, ou seja,

quando a experiência em riscos na sua operação é nula ou deficiente. Apesar das

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 50

características básicas de uma análise inicial, é muito útil como ferramenta de

revisão geral de segurança em sistemas já em operação, revelando aspectos que às

vezes passam despercebidos.

A APR teve o seu desenvolvimento na área militar, sendo aplicada primeiramente na

revisão dos novos sistemas de mísseis. A necessidade, devia-se ao facto desses

sistemas possuírem características de alto risco, uma vez que os mísseis foram

desenvolvidos para operarem com combustíveis líquidos perigosos.

Este método foi aplicado para encontrar soluções no que concerne à não utilização

de materiais e procedimentos de alto risco ou, no caso desses materiais e

procedimentos não poderem ser substituídos, serem adoptadas medidas

preventivas.

Este método não é um método aprofundado de análise de análise de riscos e

geralmente precede outros métodos mais detalhados de análise, uma vez que o seu

objectivo é determinar os riscos e as medidas preventivas antes da fase operacional.

Os princípios e metodologias da APR podem ser observados no quadro onde é

efectuada uma análise preliminar de perigos associados à actividade de corte e

carregamento de troncos de árvores.

Consiste essencialmente em proceder a uma revisão geral dos aspectos de

segurança, de forma padronizada, fazendo-se a descrição de todos os riscos e

fazendo a sua classificação por categorias (I,II,III,IV). A partir da descrição dos riscos

são identificadas as causas (agentes) e efeitos (consequências) dos mesmos, o que

permitirá a procura e a elaboração de acções e medidas preventivas ou correctivas

das possíveis falhas detectadas.

Page 26: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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No quadro abaixo encontramos um exemplo de uma análise preliminar de riscos

ZONA

FUNÇÃO OU

TAREFA

CAUSAS

EFEITOS

CATEGORIA

DO RISCO (I,

II, III OU IV)

MEDIDAS

PREVENTIVAS/

CORRECTIVAS

Zona de corte

de árvores

Objecto em

altura;

Objecto em

voo;

Partes móveis

de máquinas;

Vibrações e

ruído;

Esmagamento

por queda de

árvores;

Projecção de

partículas de

madeira para

os olhos;

Cortes nos

membros;

Na operação

com serra

eléctrica;

IV

III

IV

III

- Formação do

operador.

Utilização de

EPI’S

(Capacete e

botas);

-Aviso sonoro

da queda de

árvores;

Limitar o acesso

de pessoas à

zona;

- Utilização de

EPI’s (Máscara

com viseira);

- Utilização de

EPI’s;

(Luvas e

vestuário de

protecção);

-Utilização de

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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Arestas vivas.

Corte com

serra manual e

farpas de

madeira.

IV

EPI’s

(auriculares);

- Utilização de

EPI’s (Luvas e

vestuário de

protecção).

Análise dos modos de falhas e efeitos (AMFE)

Tem por objectivo analisar as consequências das falhas que podem afectar um

equipamento, os seus componentes (válvulas, transmissões, bombas, etc), um

sistema, bem como, identificar possíveis avarias, etc.

A AMFE foi desenvolvida por engenheiros de fiabilidade para permitir aos mesmos,

determinar a fiabilidade de produtos complexos. Para isto é necessário o

estabelecimento de como e quão frequentemente os componentes do produto

podem falhar, sendo então a análise estendida para avaliar os efeitos de tais falhas.

Apesar da sua utilização ser geral, a AMFE é mais aplicável nas indústrias de

processo, principalmente quando o sistema em estudo possui instrumentos de

controlo, levantando necessidades adicionais e defeitos de projecto, definindo

configurações seguras para os mesmos quando ocorrerem falhas de componentes

críticos ou fornecimentos. Auxilia ainda na determinação e encadeamento dos

procedimentos para contingências operacionais, quando o sistema é colocado em

risco e a probabilidade de erro devido a acções não estruturada é alta, dependendo

da acção correcta dos operadores.

A AMFE é realizada primeiramente de forma qualitativa, quer na revisão sistemática

dos modos de falha do componente, na determinação dos seus efeitos noutros

componentes e ainda na determinação dos componentes cujas falhas têm efeito

crítico na operação do sistema, procurando sempre garantir danos mínimos no

sistema como um todo. Posteriormente, pode-se proceder à análise quantitativa para

estabelecer a fiabilidade ou probabilidade de falhas de montagens, subsistemas e

Page 27: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 53

sistemas, a partir das probabilidades individuais de falha dos seus componentes,

bem como na determinação de como poderiam ser reduzidas estas probabilidades,

inclusive pela implementação de redundâncias de projecto.

Para proceder ao desenvolvimento da AMFE, é fundamental que se conheça e

compreenda o sistema em que se está a actuar e qual a função e os objectivos do

mesmo, as restrições sob as quais irá operar, além dos limites que podem

representar sucesso ou falha.

O quadro mostra um exemplo de aplicação da AMFE a uma válvula de corte (de

segurança) do tipo gaveta que opera hidraulicamente.

Componente Modo de

Falha

Causa de

Falha

Efeitos nos

Componentes

e No Sistema

Categoria

de risco

Métodos de

Detecção

Mola Força

insuficiente

;

Demasiad

a força;

Mola

deteriorada;

Mola

inadequada;

Falha a fechar;

Fecho

indesejado;

IV

III

Por testes

Cilindro Fuga de

óleo;

Desgaste ou

fenda;

Contaminação

com óleo;

Fecho

indesejado;

I

III

Inspecção –

Se a válvula

fecha

Pistão Falha a

fechar;

Falha a

abrir;

Bloqueio;

Bloqueio;

Falha a fechar;

Falha a abrir;

IV

III

Inspecção ou

operação

Vedação Fuga de

óleo

Desgaste ou

partículas

estranhas;

I

Inspecção

Comporta Falha a Bloqueio; Falha a fechar IV

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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fechar;

Falha a

abrir;

Bloqueio;

III

O procedimento proposto para o preenchimento das várias colunas é o

seguinte:

I - Falha em operar no instante prescrito;

II - Falha em parar a operação no instante prescrito;

III - Operação prematura;

IV - Falha na operação;

Page 28: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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Conforme descrito, a AMFE analisa de forma geral os modos de falha de um

produto. Contudo podem existir num produto certos componentes que sejam

especificamente críticos para a missão a que se destina ou para a segurança do

operador. Portanto, a estes componentes críticos deve ser dada uma atenção

especial. A análise, similar à AMFE, que se preocupa com a análise detalhada

destes componentes críticos é conhecida como Análise da Criticalidade e Modos de

Falha (Failures Modes and Critically Analysis – FMECA).

Tanto a AMFE com a FMECA são bastante eficientes quando aplicadas a sistemas

mais simples e de falhas mais evidentes, mas, quando a complexidade é maior,

torna-se necessária a utilização de outros métodos , como por exemplo a análise de

Árvores de falhas.

A AMFE envolve essencialmente o estudo detalhado e sistemático das falhas de

componentes e/ou sistemas mecânicos. Nesta análise, os modos de falhas de cada

componente do sistema são identificados e os efeitos destas falhas no sistema são

avaliados, sendo propostas medidas de eliminação, redução ou controlo das causas

e consequências destas falhas.

Este tipo de análise debruça-se essencialmente com componentes mecânicos de

um sistema, por isso caso seja necessário analisar problemas relacionados com

processos químicos que envolvam substâncias químicas reactivas, por exemplo,

podem ser negligenciados, logo não devem ser apenas analisados pela AMFE.

Análise por árvore de falhas e de eventos

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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A Análise de Árvore de Falhas – AAF foi concebida por H. A. Watson dos

Laboratórios Bell Telephone em 1961, a pedido da Força Área Americana para

avaliação do sistema de controlo do Míssil Balístico Minuteman.

A AAF é um método excelente para o estudo dos factores que poderiam causar um

acontecimento indesejável (falha) e aplica-se no estudo de situações complexas.

Determina as frequências de acontecimentos indesejáveis (topo) a partir da

combinação lógica das falhas dos diversos componentes do sistema.

O principal conceito na AAF é a transformação de um sistema físico num diagrama

lógico estruturado (a árvore de falhas), onde são especificadas as causas que

conduzem à ocorrência de um dado acontecimento indesejável de interesse,

designado por acontecimento de topo.

O acontecimento indesejável recebe o nome de acontecimento de topo porque na

concepção da árvore de falhas este é colocado no nível mais alto. A partir deste

nível o sistema é dissecado de cima para baixo, enumerando todas as causas ou

combinações delas que levam ao evento indesejável. Os acontecimentos do nível

inferior recebem o nome de acontecimentos básicos ou primários, pois são eles que

dão origem a todos os acontecimentos de nível mais alto.

A AAF parte de um facto, a ocorrência de um evento não desejado, e tem como

objectivo encontrar as causas possíveis e o estabelecer o encadeamento dos

acontecimentos.

Normalmente os acidentes ocorrem como consequência da conjugação de falhas

dos componentes de um sistema e da sua interligação.

O Analista começa por um Acidente ou Evento Indesejado e que necessita ser

evitado e identifica as suas Causas imediatas (Falhas).

Cada uma dessas Causas Imediatas deverá ser analisada de forma que sejam

identificadas todas as Causas básicas de cada Falha.

Page 29: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

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A Análise é concluída quando atingimos um nível de acontecimentos básicos que

não são passíveis de decomposição.

Os acontecimentos básicos descrevem as Falhas dos elementos do sistema como;

Erros humanos na operação de componentes, Fugas, Incêndios, Colisões,

Derrames, Etc.

A Análise apoia-se na representação Gráfica das relações entre os vários

componentes utilizando uma Simbologia Lógica Booleana , e o diagrama lógico

obtido pela ligação dos chamados acontecimentos básicos é designado por “Arvore

de Falhas” .

Os dois Operadores fundamentais são “E” e “OU”

● “E” = liga os acontecimentos que são necessários para ocorrer uma falha ou

avaria do funcionamento do componente.

● “OU” = liga todos os acontecimentos que, por si só, possam conduzir à

manifestação da Falha do componente.

Os símbolos utilizados para a construção da árvore de falhas são os seguintes:

● Portas “E”

● Operação lógica que requer a ocorrência de TODOS os eventos

de entrada para produzir o evento de saída.

● Portas “OU”

● Operação lógica que requer a ocorrência de UM OU MAIS

EVENTOS DE ENTRADA para produzir o evento de saída.

● Eventos

● Resultam da interacção de outros eventos, que se articulam

mediante portas lógicas.

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 58

● Eventos básicos

● Constituem a base da raiz da árvore. Não necessitam de

desenvolvimento de outros eventos.

● Eventos não desenvolvidos

● Não são eventos básicos e, poderiam desenvolver-se mais, mas

tal não é necessário ou não existem dados para isso.

● Condição externa

● Utiliza-se para indicar uma condição ou um evento que existe

como parte do cenário em que se desenvolve a árvore de

falhas.

● Transferências

● Utilizam-se para continuar o desenvolvimento da árvore de

falhas noutro local

A AAF pode ser executada em quatro etapas básicas:

Embora tenha sido desenvolvida com o principal objectivo de determinar

probabilidades como técnica quantitativa, é muito usada também pelo seu aspecto

qualitativo porque, desta forma e de maneira sistemática, os vários factores, em

qualquer situação a serem investigados, podem ser visualizados. Os resultados da

Page 30: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 59

análise quantitativa são desejáveis para muitas utilizações, contudo, para proceder à

análise quantitativa, deve ser realizada primeiramente a análise qualitativa, sendo

que muitos analistas crêem que deste modo, obter resultados quantitativos não

requer muitos esforços adicionais.

Figura – Estrutura básica de construção de uma árvore de falhas (AAF)

Assim, a avaliação qualitativa pode ser usada para analisar e determinar que

combinações de falhas de componentes, erros operacionais ou outros defeitos

podem causar o acontecimento de topo. Já a avaliação quantitativa é utilizada para

determinar a probabilidade de falha no sistema pelo conhecimento das

probabilidades de ocorrência de cada acontecimento em particular.

Desta forma, o método AAF pode ser desenvolvido através das seguintes

etapas:

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 60

a) Selecção do evento indesejável ou falha, cuja probabilidade de ocorrência

deve ser determinada;

b) Revisão dos factores intervenientes: ambiente, dados do projecto, exigências

do sistema, etc., determinando as condições, acontecimentos particulares ou

falhas que possam vir a contribuir para a ocorrência do evento de topo

seleccionado;

c) Montagem, através da construção sistemática do diagrama, dos

acontecimentos contribuintes e falhas levantados na etapa anterior,

mostrando o interrelacionamento entre estes acontecimentos e falhas, em

relação ao acontecimento de topo. O processo inicia com os acontecimentos

que poderiam, directamente, causar tal facto, formando o primeiro nível – o

nível básico. À medida que se retrocede, passo a passo, até ao evento de

topo, são adicionadas as combinações de acontecimentos e falhas

contribuintes. Desenhada a árvore de falhas, o relacionamento entre os

acontecimentos é feito através das portas lógicas;

d) Através de Álgebra Booleana são desenvolvidas as expressões matemáticas

adequadas, que representam as entradas da árvore de falhas. Cada porta

lógica tem implícita uma operação matemática, podendo ser traduzidas, em

última análise, por acções de adição ou de multiplicação lógicas;

e) A determinação da probabilidade de falha de cada componente, ou seja, a

probabilidade de ocorrência de acontecimento de topo será investigada pela

combinação das probabilidades de ocorrência dos acontecimentos que lhe

deram origem.

Para proceder ao estudo quantitativo da AAF, é necessário conhecer algumas

definições da Álgebra de Boole. As suas regras e expressões permitem simplificar

problemas complexos, sendo principalmente usada nas operações de cálculo dos

computadores e montagem com automatismos, bem como, em análise de

probabilidades, em estudos que envolvem decisões e mais recentemente, em

segurança de sistemas.

Exemplo de árvore de falhas

Page 31: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

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Exemplo:

Um estudante de Engenharia Química resolve ir de férias durante 6 semanas.

Instala um sistema de rega automático para conservas as plantas vivas durante a

sua ausência.

Como medida de precaução pede a um vizinho que semanalmente verifique o

sistema de rega.

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Procedeu à verificação do projecto (reserva de água, altura do depósito, cálculo da

restrição, etc.) e do funcionamento do sistema de rega (verificação da temporização,

etc.)

Resolveu então aplicar uma metodologia AAF para o evento “as plantas secam por

falta de rega”.

Exercício:

Vamos proceder à elaboração de uma árvore de falhas para suporte do processo de

averiguação de um acidente fatal.

O acontecimento consistiu na queda de um colaborador de uma plataforma colocada

a 14 m de altura, quando efectuava trabalhos de manutenção.

Após o sucedido foi criada uma equipa de investigação para averiguar as causas do

acidente e propor medidas correctivas e preventivas para as falhas detectadas.

Começou por analisar as sequências de causas possíveis e verificar quais as que

tinha contribuído para o acidente.

A árvore de falhas consta a seguir.

As causas a Vermelho foram as que se verificou terem intervenção no acidente.

Page 32: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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Como pudemos verificar a Análise de Árvore de Falhas (AAF) parte de um evento

culminante e procura causas.

A Análise da Árvore de Eventos (AAE) parte de um evento inicial e avalia as

consequências e evoluções. Nas aplicações de análise de risco, o evento inicial da

árvore de eventos é, em geral, a falha de um componente ou subsistema, sendo os

eventos subsequentes determinados pelas características do sistema.

O principal objectivo de uma AAE é o calcular a probabilidade de ocorrências do

acontecimento final da árvore de evento (topo), isto é, a falha do sistema, com base

na probabilidade de ocorrência dos acontecimentos básicos ou intermédios. Este

procedimento é aplicado de forma análoga sobre os diagramas de fiabilidade, sendo

neste caso determinada a probabilidade de funcionamento de um sistema com base

na probabilidade de funcionamento dos seus componentes (blocos).

A AAE não precisa necessariamente de ser levada até a análise quantitativa,

entretanto, mesmo ao aplicar-se o procedimento de simples construção do diagrama

da árvore, é possível a obtenção de um grande número de informações e

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 64

conhecimento muito mais completo do sistema ou situação em estudo, propiciando

uma visão bastante clara da questão e das possibilidades imediatas de acção no

que se refere à correcção e prevenção de condições indesejáveis.

O uso da árvore de eventos pode trazer, ainda, outras vantagens e facilidades, como

sejam: a determinação da sequência nunca crítica ou provável de acontecimentos,

de entre os ramos da árvore, que levam ao acontecimento de topo; a identificação

de falhas singulares ou localizadas que assumam maior importância no processo; a

descoberta de elementos sensores (alternativas de solução) cujo desenvolvimento

possa reduzir a probabilidade de falha em estudo. Geralmente, existem certas

sequências de acontecimentos centenas de vezes mais prováveis na ocorrência do

evento topo do que outras e portanto, é relativamente fácil encontrar a principal

combinação ou combinações de acontecimentos que precisam de ser prevenidos,

para que a probabilidade de ocorrência do acontecimento de topo diminua.

A árvore de eventos traça-se seguindo as seguintes etapas:

Page 33: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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Exemplo:

Veja-se o caso de um descarrilamento de um comboio:

O diagrama da árvore começa na esquerda (onde se dá o

evento iniciador) para a direita (sequência acidental). Na

parte superior, seguindo uma ordem cronológica indicam-se

os elementos de controlo existentes, o comportamento

humano esperado e as várias possibilidades de evolução do

evento iniciador onde é possível intervir para que o dano

seja circunscrito.

Logo no início considera-se que, a existir um defeito, existe a probabilidade de 0,999

de não ser um defeito severo e a probabilidade de 0,001 de ser um defeito severo.

Continuando a interpretação, seguindo o trilho do não ser defeito severo, verifica-se

que existe a probabilidade de 0,001 em se tratar de falha do equipamento e 0,999

em não ser falha do equipamento. O mesmo raciocínio é feito ao longo das restantes

hipóteses colocadas na árvore.

O cálculo das probabilidades faz-se seguindo a seguinte metodologia:

Multiplicam-se as probabilidades de cada hipótese, como mostramos no exemplo

assinalado com uma elipse azul.

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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0,999 x 0,999 x 0,200 = 0,199 que por arredondamento fica em 0,200

O mesmo raciocínio é seguido nas restantes hipóteses.

Técnicas dos incidentes críticos (incident recall – IR)

A Técnica dos Incidentes Críticos, é uma análise operacional, qualitativa, de

aplicação na fase operacional dos sistemas, cujos procedimentos envolvem o factor

humano em qualquer grau.

É um método para identificar erros e condições inseguras que contribuem para a

ocorrência de acidentes com lesões reais e potenciais, recorrendo-se a uma amostra

aleatória estratificada de Observadores-Participantes, seleccionados numa

população.

A IR possui grande utilidade principalmente naquelas situações em que se pretende

identificar perigos sem a utilização de técnicas mais sofisticadas e ainda, quando o

tempo é limitado. Tem como objectivo a detecção de incidentes críticos e o

tratamento dos riscos que os mesmos representam.

Os observadores-participantes são seleccionados nos principais departamentos

da empresa, procurando representar as diversas operações dentro das diferentes

categorias de risco. Um entrevistador interroga-os e incita-os a recordar e descrever

os incidentes críticos, ou seja, os actos inseguros que tenham cometido ou

observado, e ainda condições inseguras que lhes tenham chamado a atenção. Os

obsevadores-participantes devem ser estimulados a descrever tantos incidentes

críticos quantos possam recordar, sendo necessário para tal colocar a pessoa à

vontade procurando, entretanto, controlar as divagações. A existência de um sector

de apoio psicológico é de grande utilidade durante a aplicação técnicas.

Os incidentes pertinentes, descritos pelos entrevistados, devem ser transcritos e

classificados em categorias de riscos, definindo-se a partir daí as áreas-problema,

bem como a priorização das acções para posterior distribuição dos recursos

disponíveis, tanto para a correcção das situações existentes como para a prevenção

de problemas futuros.

Page 34: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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O método deve ser aplicado periodicamente, reciclando os observadores-

participantes para detectar novas áreas-problema, e ainda para aferir a eficiência

das medidas já implementadas.

A IR detecta factores causais, em termos de erros e condições inseguras, que

conduzem tanto a incidentes com lesão como a acidentes com lesão e, identifica

ainda as origens de acidentes potencialmente com lesão.

Assim sendo, a técnica descrita, por analisar os incidentes críticos, permite a

identificação e exame dos possíveis problemas de acidentes antes de ocorrerem,

tanto em termos das consequências com danos à propriedade como na produção de

lesões.

O que ocorreria se? (What if?)

Este método pode ser utilizado em fábricas com processos pouco complicados para

rever o processo completo, começando na matéria-prima e terminando nos produtos

acabados. Em cada etapa, seja de projecto, construção, alterações, colocação em

funcionamento e operação, formulam-se as perguntas: “o que ocorreria se?” nas

diferentes secções em que se pode decompor o processo, por exemplo:

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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A técnica WI é uma técnica de análise geral, qualitativa, cuja aplicação é bastante

simples e útil para uma abordagem em primeira instância na detecção exaustiva de

riscos, tanto na fase do processo, projecto ou pré-operacional, não sendo a sua

utilização unicamente limitada às empresas de processos.

A finalidade da WI é testar possíveis omissões em projectos, procedimentos e

normas e ainda aferir comportamentos, capacidades pessoais, etc., nos ambientes

de trabalho, com o objectivo de proceder à identificação e controlo de riscos.

A técnica desenvolve-se através de reuniões de perguntas entre duas equipas. As

perguntas englobam procedimentos, instalações, processo da situação analisada. A

equipa que pergunta deve ser conhecedora e familiarizada com o sistema a ser

analisado, devendo formular uma série de questões com antecedência, com a

simples finalidade de guiar a discussão. Para aplicação da What If utiliza-se uma

metodologia técnico-administrativa que inclui princípios de dinâmica de grupo,

devendo ser utilizada periodicamente. A utilização cíclica dos procedimentos é o que

garante o bom resultado da revisão de riscos do processo.

Da aplicação da What If resulta uma revisão de um largo espectro de riscos, bem

como a concepção de possíveis soluções para os problemas levantados, além disso,

estabelece um consenso entre as áreas de actuação como a produção, o processo e

a segurança quanto à forma mais segura de operacionalizar a instalação. O relatório

do procedimento fornece também material de fácil entendimento que serve como

fonte de formação e base para revisões futuras.

Nas culturas empresariais mais eficientes quanto ao controlo de riscos, os

procedimentos dos departamentos técnicos e as equipas de análise produzem

revisões rápidas e eficientes.

A sua aplicação necessita do desenvolvimento dos seguintes passos:

• Formação da comissão de revisão – das equipas e dos seus elementos;

• Planeamento prévio – planeamento das actividades e pontos a serem

abordados na aplicação da técnica;

Page 35: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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• Reunião organizacional - com a finalidade de discutir procedimentos,

programação de novas reuniões, definição de metas para as tarefas e

informação aos elementos sobre o funcionamento do sistema em análise;

• Reunião de revisão de processo – para os elementos ainda não

familiarizados com o sistema em estudo;

• Reunião de formulação de questões – formulação de questões “O

QUE…SE…”, começando do início do processo e continuando ao longo do

mesmo, passo a passo, até ao produto acabado e colocado nas instalações

do cliente;

• Reunião de respostas às questões (formulação consensual) – como

consequência da reunião de formulação das questões, segue-se a

responsabilidade individual para o desenvolvimento de respostas escritas às

questões. As respostas serão analisadas durante a reunião de respostas às

questões, sendo cada resposta classificada em:

o Resposta aceite pelo grupo tal como foi submetida;

o Resposta aceite após discussão e/ou modificação;

o Aceitação posterior, dependente de investigação adicional;

• Relatório de revisão dos riscos do processo – o objectivo é documentar os

riscos, identificar na revisão, bem como registar as acções recomendas para

a sua eliminação ou controlo.

Exemplo de perguntas “Que aconteceria se?”

II. Falha de equipamentos, materiais e instrumentos

1. Que aconteceria se uma peça do equipamento dinâmico deixasse de

funcionar?

2. Que aconteceria se uma válvula de controlo falhasse ? Se se coloca em

posição de falha? Se não se coloca em posição de falha? Se se abre ou

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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fecha completamente?

3. Que aconteceria se um tubo do bypass perdesse o produto?

4. Que aconteceria se um tubo de uma caldeira falhasse?

5. Que aconteceria se um sistema informático falhasse?

III. Falhas de serviço

1. Que aconteceria se existisse uma falha de corrente eléctrica?

2. Que aconteceria se tivesse lugar uma falha da água de refrigeração?

3. Que aconteceria se existisse uma falha no vapor?

4. Que aconteceria se existisse uma falha de ar a um instrumento?

5. Que aconteceria se falhasse o fornecimento de combustível?

III. Falha de carga de alimentação

1. Que aconteceria se falhasse o caudal de carga?

2. Que aconteceria se existisse um excesso de carga?

3. Que aconteceria se fosse impossível eliminar um produto?

4. Que aconteceria se existisse o retrocesso de uma carga na unidade?

5. Que aconteceria se a composição da carga fosse mais densa?

IV. Sucessos especiais ou não usuais

1. Que aconteceria se se produzisse espuma?

2. Que aconteceria se a velocidade de corrosão fosse superior?

3. Que aconteceria se existissem ventos fortes, temperaturas excessivamente

altas ou baixas, excesso de chuvas?

4. Que aconteceria se acontecesse um terramoto?

5. Que aconteceria se se produzisse fuligem?

V. Plano de emergência

1. Que aconteceria se escapasse um material inflamável ou tóxico?

2. Que aconteceria se existisse uma explosão?

3. Que aconteceria se existisse um incêndio?

4. Que aconteceria se existisse pessoal ferido?

5. Que aconteceria se a equipa de segurança não estivesse em lugar

acessível?

Page 36: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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Instrumentos de suporte à análise de riscos

Além dos métodos de Análise de Riscos apresentados existem diversos

instrumentos de suporte, que auxiliam na sua aplicação, cobrindo principalmente os

seguintes itens:

Apesar de cada método de análise reunir características, distintas, a escolha

daquele que será utilizado num procedimento de Análise de Riscos pode ser difícil,

sendo que a decisão raramente é única. De facto a selecção normalmente envolve a

escolha de vários métodos de análise, os quais se complementam, para analisar

diferentes partes do processo ou diferentes tipos de riscos associados ao sistema.

Esta escolha baseia-se no grau de especificidade que se pretende atingir com o

desenvolvimento da Análise de Riscos, de tal forma que questões como os

objectivos da análise, a gravidade dos riscos, complexidade do processo, a natureza

dos sistemas envolvidos, as condições do processo, as informações e os dados

necessários, o custo e o tempo gasto com a análise e também, os pontos favoráveis

de cada metodologia de análise devem ser consideradas antes da escolha dos

métodos.

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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Deverá começar-se, pelo desenvolvimento de uma Análise de Riscos Qualitativa,

devido aos métodos qualitativos apresentarem uma relativa facilidade de execução e

não necessitarem da utilização de recursos adicionais como programas informáticos

e cálculos matemáticos. Posteriormente, os métodos quantitativos complementam e

aprofundam a análise qualitativa.

A maioria das vezes, um método de análise detalhado e bem estruturado, como o

HAZOP ou o AMFE, pode ser usado como método básico para o desenvolvimento

de uma Análise de Riscos de um processo. Em subsistemas do processo menos

complexos ou onde os riscos sejam menores, deve fazer-se uso de métodos como o

WI, enquanto que em subsistemas mais complexos e com riscos mais severos deve-

se desenvolver uma análise mais detalhada e portanto, métodos como a AAE devem

ser utilizados nestes casos. O ponto crítico é a selecção do métodos que melhor se

adapte às exigências da análise, utilizando um método como base e

complementando as suas limitações com outros métodos de análise de maneira a

que se desenvolva um estudo eficiente mas que não se trabalhe exageradamente o

problema.

Quadro comparativo dos Métodos de Avaliação de Riscos

Método Objectivo Aplicação Informação necessária

Pessoas Resultados

Controlo e verificações

Identificação de perigos comuns e assegurar cumprimento de especificações e standards

Em todas as etapas de um projecto. Instalações existentes

Listas de verificação. Especificações e standards. Documentação completa da etapa seleccionada.

1/2 Lista de não conformidades e pontos com informação básica deficiente.

Análise de postos

Identificação dos perigos na realização dos trabalhos e elaboração de procedimentos ou práticas

Operações Informação completa da instalação

1/2 Lista de tarefas críticas. Lista de perigos com avaliação qualitativa do risco e recomendações.

HAZOP Identificação de perigos e problemas de operação. Possível consideração do factor humano.

Projectos de engenharia de especialidade. Instalações

Informação completa da instalação

Equipa de 4/7 Listas de perigos e recomendações para alterações do projecto ou

Page 37: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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existentes. da organização. Aplicável para a avaliação qualitativa do risco.

APR Identificação antecipada de perigos para poupar custo e tempo

Anteprojectos Diagrama de fluxo preliminar e projectos de equipamentos principais

1/2 Experimentadas

Lista de perigos aplicável e avaliação qualitativa de riscos

AMFE Identificação dos perigos dos modos de falha dos equipamentos/sistemas e erros de operação com os efeitos que produzem.

Projectos de engenharia de especialidade. Instalações existentes.

Informação completa da instalação.

2/3 Listas de perigos e recomendações para alterações do projecto ou da organização, com uma ordem qualitativa de risco.

AAF Identificação dos sucessos iniciais que pela combinação de diferentes falhas os equipamentos e erros humanos conduzem a acidentes.

Projectos de engenharia de especialidade. Instalações existentes

Informação completa da instalação. Conhecimento das falhas de equipamentos ou sistemas que provocam acidentes

2/3 Conjunto de falhas do operador ou equipamentos com sequência até ao acidente.

AAE Projectos de engenharia de especialidade. Instalações existentes

Informação completa da instalação. Conhecimento das falhas de equipamentos ou sistemas que provocam acidentes

2/3 Conjunto de falhas que se podem desenvolver a partir de um evento iniciador e cálculos de probabilidade de ocorrência das consequências.

IR Identificação dos erros e condições inseguras que contribuem para a ocorrência de acidentes com lesões reais e potenciais

Projectos de engenharia de especialidade. Instalações existentes

Informação completa da instalação. Conhecimento das falhas de equipamentos ou sistemas que provocam acidentes

Equipa de 4/7 um entrevistador

Análise operacional, qualitativa, do conjunto de falhas do operador.

WI Identificação de perigos através da sequência de sucessos incluindo o factor humano.

Colocação em acção de projectos. Instalações existentes.

Informação completa das instalações.

2/3 com experiência

Lista de perigos aplicável e avaliação qualitativa de riscos.

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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2. GLOSSÁRIO DE TERMOS EQUIVALENTES EM INGLÊS E FRANCÊS

A Segurança e Saúde no Trabalho, é uma disciplina global. Seguindo essa lógica

identificamos alguns conceitos na língua inglesa e francesa.

Português Inglês Francês

Trabalho Work Travail

Saúde Health Santé

Perigo Hazard Danger

Risco Risk Risque

Acidente Accident Accident

Acidente grave Major accident Accident grave

Incidente Incident Incident

Doença Disease Maladie

Doença profissional Occupational disease Maladie profissionelle

Doença relacionada com

o trabalho

Work related disease Maladie originée au

travail

Condições de trabalho Work conditions Conditions du travail

Sistema de trabalho Work system Sistéme du travail

Prevenção Prevention Prévention

Prevenção integrada Integrated prevention Prévention intégrée

Protecção Protection Protection

Avaliação dos riscos Risk assessment Évaluation des risques

Controlo dos riscos Risk control Contrôle des risques

Page 38: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

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Anexo - Listas de Verificação

Organização do Trabalho – Trabalho por Turnos

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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Empresa: _________________________________________________________________________ Posto de Trabalho: ____________________________________ Nº Pessoas Afectadas: ________ Data: _______________________ Próxima actualização: ______________________ Responsável:_______________________________________

Avaliação

1 – O trabalho realizado contempla a realização de turnos?

SIM NÃO Passar a outro questionário.

2 – O calendário de turnos é planeado e comunicado aos trabalhadores com antecedência?

SIM

NÃO

Os trabalhadores sujeitos a trabalhar por turnos devem ser informados com antecedência de forma a conseguirem organizar as actividades extra laborais sem causar grande transtorno no âmbito da sua vida familiar e social.

3 – É pedida a colaboração dos trabalhadores na constituição das equipas de trabalho?

SIM

NÃO

As equipas de trabalho devem ser constituídas tendo em conta as necessidades dos trabalhadores. A sua participação na constituição das mesmas ajudará a melhorar o clima de trabalho e a motivação individual de cada um.

4 – Os elementos de cada equipa de trabalho são estáveis?

SIM

NÃO

Procurar que os elementos de cada equipa de trabalho sejam sempre os mesmos. São as equipas que devem rodar e não os trabalhadores de forma individual.

5 – Durante os turnos é fornecida comida quente e equilibrada aos trabalhadores?

SIM

NÃO

Possibilitar refeições quentes aos trabalhadores, em local adequado e com tempo suficiente para comer.

6 – São realizados exames médicos aos trabalhadores antes da sua incorporação no sistema de trabalho por turnos? Esses exames são realizados periodicamente?

SIM

NÃO

A avaliação do estado de saúde dos trabalhadores deve ser um elemento fulcral na selecção dos mesmos para um trabalho desta natureza.

7 – O trabalho implica a realização de turnos nocturnos?

SIM

NÃO

Passar a outro questionário.

8 – O ciclo do sono/vigilia é respeitado?

SIM

NÃO

A mudança de turnos deve ser realizada entre as 6 h e as 7 h a.m., as 14 h e as 15 h p.m. e por volta das 23 h.

Page 39: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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9 – Na organização dos turnos procura-se que as noites de trabalho consecutivas sejam as mínimas possíveis?

SIM

NÃO

O sono da noite é sempre o mais reparador, por isso a organização dos turnos deve sempre que possível, contemplar o maior número de noites em que o trabalhador possa descansar.

10 – A duração do turno da noite é inferior a duas semanas?

SIM

NÃO

O trabalho em turnos nocturnos não deve ultrapassar as duas semanas seguidas.

11 – Os trabalhadores sujeitos a turnos têm a mesma possibilidade de aceder aos serviços de saúde que os que trabalham de dia?

SIM

NÃO

O acesso aos serviços de saúde deve ser facilitado a estes trabalhadores.

12 – A carga de trabalho, a que os trabalhadores estão sujeitos, é inferior no turno da noite?

SIM

NÃO

Sempre que possível, a carga de trabalho nos turnos nocturnos deve ser menor. No entanto, o trabalho não deve ser monótono nem repetitivo.

13 – O trabalho por turnos é evitado em trabalhadores que apresentem problemas de saúde relacionados com os mesmos?

SIM

NÃO

Os exames médicos devem avaliar quais os trabalhadores com problemas de saúde relacionados com o trabalho por turnos, aos quais deve ser dada a possibilidade de trabalhar em horário fixo diurno.

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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Medidas a Tomar para Corrigir as Deficiências Detectadas

1. Planear o trabalho e informar os trabalhadores com antecedência do horário e calendarização dos turnos.

Sector Alteração Proposta Prazo de

Execução Cumprido?

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

2. Respeitar o ciclo do sono na determinação dos turnos.

Critérios de Avaliação

Condições Muito Insuficientes Condições Insuficientes Condições a Melhorar Resposta negativa a:

Mais de três questões Resposta negativa às questões:

6, 8, 11 e 13 Resposta Negativa a:

2, 3, 4, 5, 9, 10 e 12 Resultados da Avaliação

Muito Insuficiente Insuficiente A melhorar Correcta Objectiva

Subjectiva

Page 40: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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Sector Alteração Proposta Prazo de Execução

Cumprido?

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

3. Aumentar o número de períodos em que se possa dormir de noite.

Sector

Alteração Proposta Prazo de Execução

Cumprido?

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

4. Fornecer comida quente e equilibrada durante os turnos

Sector Alteração Proposta Prazo de Execução

Cumprido?

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

5. Reduzir a carga de trabalho no turno da noite.

Sector Alteração Proposta Prazo de Execução

Cumprido?

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

6. Manter os mesmos elementos nos grupos de trabalho.

Sector Alteração Proposta Prazo de Execução

Cumprido?

Page 41: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

7. Realizar exames médicos que detecte eventuais problemas na realização de trabalho por turnos.

Sector Alteração Proposta Prazo de Execução

Cumprido?

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Sim Não

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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Não Cumprimento de Prazos

1. Planear o trabalho e informar os trabalhadores com antecedência do horário e calendarização dos turnos. Razão:

Inviável Viável Prazo Cumprido?

Nova Proposta:

Sim Não

2. Respeitar o ciclo do sono na determinação dos turnos. Razão:

Inviável Viável Prazo Cumprido?

Nova Proposta:

Sim Não

3. Aumentar o número de períodos em que se possa dormir de noite. Razão:

Inviável Viável Prazo Cumprido?

Nova Proposta:

Sim Não

Page 42: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

Não é permitida a reprodução sem referir o autor 83

4. Fornecer comida quente e equilibrada durante os turnos. Razão:

Inviável Viável Prazo Cumprido?

Nova Proposta:

Sim Não

5. Reduzir a carga de trabalho no turno da noite. Razão:

Inviável Viável Prazo Cumprido?

Nova Proposta:

Sim Não

6. Manter os mesmos elementos nos grupos de trabalho . Razão:

Inviável Viável Prazo Cumprido?

Nova Proposta:

Sim Não

7. Realizar exames médicos que detecte eventuais problemas na realização de trabalho por turnos. Razão:

Cristina Pacheco Amador Avaliação de Riscos

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Inviável Viável Prazo Cumprido?

Nova Proposta:

Sim Não

Lista de verificação

Questões SIM NÃO OBSERVAÇÕES

1. A postura é a mais adequada para a realização do trabalho a realizar?

2. Os locais de trabalho apresentam as condições físicas e salubridade necessárias?

3. As ferramentas têm as protecções necessárias e estão ajustadas ou adequadas ás tarefas e à envolvente?

4. Está controlada a possibilidade de exposição ou contacto com componentes eléctricos em tensão que não estão devidamente protegidos?

5. Está controlada a possibilidade de exposição ou contacto com produtos químicos?

6. Está controlada a possibilidade de exposição ou contacto com substâncias infecciosas?

7. Existem as medidas preventivas ajustadas e adequadas? (Dar mais relevância às medidas colectivas)

8. São observados hábitos e condutas de trabalho correctas?

9. O trabalho permite combinar a posição de pé/ sentado?

10. Os trabalhadores tem a informação e formação ajustada e adequadas às funções e tarefas a realizar?

Page 43: Avaliação de Riscos_Cristina Pacheco Amador

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Fichas de controlo de riscos ou de prevenção

Riscos por funções Riscos por equipamentos

Riscos por actividade


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