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AVALIAÇÃO DE INDICADORES OPERACIONAIS: ESTUDO DE CASO DE UMA
EMPRESA DO SETOR FERROVIÁRIO
Thiago Ferraz Dias
MONOGRAFIA SUBMETIDA À COORDENAÇÃO DE CURSO DE ENGENHARIA
DE PRODUÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A
GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA PRODUÇÃO.
Aprovada por:
________________________________________________
Prof. Rodrigo Martins Brum, Bch.
________________________________________________
Engenheiro Leopoldo Augusto Lobo de Souza, Bch.
________________________________________________
Engenheiro Marcus Vinicius da Silva dos Santos, Bch.
JUIZ DE FORA, MG - BRASIL
DEZEMBRO DE 2008
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DIAS, THIAGO FERRAZ
Avaliação de indicadores operacionais:
Estudo de caso de uma empresa do setor
Ferroviário
[Juiz de Fora] 2008
VIII, 43 p. 29,7 cm (EPD/UFJF, Graduação,
Engenharia de Produção, 2008)
Monografia - Universidade Federal de Juiz de
Fora, Departamento de Engenharia de Produção
1. Indicadores Operacionais
I. EPD/UFJF II. Título (série)
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todas as pessoas que formam fundamentais em minha
formação acadêmica, em especial à minha família, sem a qual nada disso seria possível.
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AGRADECIMENTO
Agradeço a todos que de forma direta e indireta contribuíram para a elaboração
deste trabalho, em especial o Professor Rodrigo Martins Brum, que acreditou no trabalho a
ser realizado e possibilitou o sonho da graduação.
Aos amigos, sou eternamente grato pelo carinho e pela amizade. Muito obrigado
Pedro, Lucas, Bernardo, Douglas, Fajardo, Cristóvão, Danilo, Paloma, Inessa, Aline, Juliana,
Luana, André e demais.
Agradeço à MRS Logística pela oportunidade do trabalho e pelos dados cedidos.
Agradeço aos colegas de trabalho na MRS pelo apoio e aprendizado, em especial,
Leopoldo, Marcus Vinicius, José Dias, Thiago Lima, PC e Diogo, grandes mestres em minha
formação profissional.
Em especial, agradeço à minha família que, sempre me deu afeto, aconselhamento,
amor e suporte em todas as grandes e pequenas decisões de minha vida. Muito abrigado
aos avós, tios e tias, primos e primas, irmãos e, aos meus pais Adilson e Nedir, um grande
beijo em seus corações.
Muito obrigado Nathália e família. Sem você a vida seria totalmente diferente.
Aprendi e ainda aprendo muito ao seu lado. Obrigado pelo amor e dedicação.
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Resumo da monografia apresentada à Coordenação de Curso de Engenharia de Produção
como parte dos requisitos necessários para a graduação em Engenharia Produção.
AVALIAÇÃO DE INDICADORES OPERACIONAIS: ESTUDO DE CASO DE UMA
EMPRESA DO SETOR FERROVIÁRIO
Thiago Ferraz Dias
Novembro/2008
Orientadores: Rodrigo Martins Brum
Curso: Engenharia de Produção
A avaliação do desempenho requer a existência de indicadores operacionais dos mais
diversos possíveis. Estes indicadores são utilizados para medir e avaliar o desempenho da
organização ou de um setor específico. A busca por competitividade, a crescente
concorrência de mercado e as constantes exigências dos clientes ao “pacote de valores”
(qualidade, tempo, flexibilidade, preço, etc.) torna a utilização destas ferramentas de vital
importância para o alcance dos objetivos estratégicos da empresa. Sendo assim, as
estratégias das empresas devem estar alinhadas ao seu planejamento e à execução dos
processos. A metodologia de estudo nos levará a uma discussão à respeito do “Trem Hora
Parado (THP)”; indicador utilizado pela MRS Logística, empresa privada, concessionária da
malha ferroviária da Regional Sudeste do país. A abordagem do tema propõe a formulação
de um plano de ação a fim de agir sobre as principais causas da parada dos trens. Um plano
de ação eficaz revela-se de grande oportunidade e importância, já que o mesmo esta
explicitamente ligado à eficiência produtiva da empresa. A conclusão do tema proposto foi
uma ação mais ágil e eficiente, auxiliando o processo de tomada de decisão e avaliação do
desempenho corporativo.
Palavras-chave: indicadores operacionais, planejamento, operações, tomada de decisão.
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Abstract of Thesis presented to Department of Production Engineering as a partial fulfillment of
the requirements for the undergraduate degree
EVALUATION OF OPERATIONAL INDICATORS: CASE STUDY OF A COMPANY OF RAIL INDUSTRY
Thiago Ferraz Dias
November/2008
Advisors:Rodrigo Martins Brum
Department: Production Engineering
The performance assessment requires the existence of operational indicators of the
widest possible. These indicators are used to measure and evaluate the performance of the
organization or a specific sector. The search for competitiveness, the growing competition of
the market and the constant demands of customers to "bundle of values" (quality, time,
flexibility, price, etc.) Makes use of these tools of vital importance to achieve the strategic
objectives of the company. Thus, the business strategy must be aligned to its planning and
implementation of procedures. The methodology of the study will lead to a discussion
regarding the "Train Time Freeze (THP)"; indicator used by MRS Logistics, a private
company, the rail company's Southeast Regional of the country. The approach of the theme
proposed the formulation of a plan of action to act on the main causes of stopping the trains.
An effective plan of action has proved of great opportunity and importance, as it is explicitly
linked to the productive performance of the company. The completion of the proposed topic
was a more agile and efficient action, helping the decision-making and assessment of
corporate performance.
Keywords: operational indicators, planning, operations, decision-making.
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LISTA DE SIGLAS
BSC: Balanced Scorecard
CCO: Gerência Centro de Controle Operacional.
PATE: Gerência Logística de Pátios e Terminais.
GLE: Gerência Logística de Equipagem.
PCO: Gerência de Planejamento e Controle da Operação.
PCMM: Gerência de Planejamento e Controle da Manutenção (Mecânica).
PCME: Gerência de Planejamento e Controle da Manutenção (Eletro-eletrônica).
PCMV: Gerência de Planejamento e Controle da Manutenção (Via).
THP: Trem Hora Parado.
THT: Trem Hora Total.
RFFSA: Rede Ferroviária Federal S.A.
FCA: Ferrovia Centro-Atlântica.
ALL: América Latina Logística
FTC: Ferrovia Teresa Cristina.
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SUMÁRIO
DEDICATÓRIA........................................................................................................... iii
AGRADECIMENTO................................................................................................... iv
RESUMO ................................................................................................................... v
ABSTRACT ...............................................................................................................vi
LISTA DE SIGLAS ....................................................................................................vii
Capítulo I ................................................................................................................... 1
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 1
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS...............................................................................................1
2. OBJETIVOS ........................................................................................................................ 2
3. JUSTIFICATIVAS ............................................................................................................... 2
4. CONDIÇÕES DE CONTORNO .......................................................................................... 2
5. METODOLOGIA ................................................................................................................. 3
6. DESCRIÇÃO ...................................................................................................................... 4
Capítulo II .................................................................................................................. 5
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................... 5
1. HISTÓRICO ........................................................................................................................ 5
2. PAPEL ESTRATÉGICO E OBJETIVOS DAS ORGANIZAÇÕES ...................................... 6
3. MEDIDAS DE DESEMPENHO ........................................................................................... 8
3.1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 8
3.2. BALANCED SCORECARD .................................................................................. 8
3.3. O QUE É MEDIÇÃO DE DESEMPENHO ...........................................................10
4. INDICADORES ..................................................................................................................10
4.1. CARACTERÍSTICAS ......................................................................................... 11
4.2. CLASSIFICAÇÃO DE INDICADORES .............................................................. 11
5. FERRAMENTAS DA QUALIDADE ...................................................................................10
Capítulo III ............................................................................................................... 14
DESCRIÇÃO DO PROBLEMA..................................................................................14
1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO SETOR FERROVIÁRIO NO BRASIL ...................................16
2. A EMPRESA ..................................................................................................................... 18
3. NOMENCLATURAS ..........................................................................................................20
4. PLANO ESTRATÉGICO .................................................................................................. .20
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Capítulo IV ............................................................................................................... 29
ANÁLISE DE DADOS E PLANO DE AÇÃO............................................................ 29
1. ANÁLISE DE DADOS ....................................................................................................... 29
2. PLANO DE AÇÃO ............................................................................................................ 33
Capítulo V ................................................................................................................ 35
CONCLUSÃO........................................................................................................... 35
REFERÊNCIAS BIBLIOGFICAS ............................................................................. 36
APÊNDICE 1 ............................................................................................................ 37
APÊNDICE 2 ............................................................................................................ 38
APÊNDICE 3 ............................................................................................................ 40
APÊNDICE 4 ............................................................................................................ 41
APÊNDICE 5 ............................................................................................................ 43
1
Capítulo I
INTRODUÇÃO
1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS
No cenário atual, a busca pela competitividade é cada vez mais constante entre as
empresas de todo o mundo. Diferenciar-se da concorrência em termos de qualidade,
serviço, flexibilidade, inovação e respostas rápidas às alterações do mercado tornou-se uma
das características mais importantes da gestão estratégica das empresas. Dentro deste
contexto é de fundamental importância a criação de formas para medir e avaliar o seu
desempenho, possibilitando que as organizações de hoje possam analisar se estão sendo
competitivas e se o planejamento e processos adotados resultam em eficácia e eficiência.
Medição do desempenho pode ser definida como a quantificação da eficiência e da
eficácia de uma organização. A correta medição e avaliação do desempenho dos processos
e do sistema produtivo em geral constituem a única forma de garantir os objetivos
estratégicos da empresa, qualidade, tempo, flexibilidade e custo.
Historicamente podemos entender a evolução das medidas de desempenho da
seguinte forma: ao longo dos tempos, medidas de desempenho vêm sendo usadas para
avaliar o sucesso das organizações. Uma das áreas mais antigas a utilizarem esses
conceitos foi a contabilidade. Com a evolução e mudança das organizações no início do
século XX, medidas para avaliar o “retorno sobre o investimento” começaram a ser usadas
para que os proprietários pudessem avaliar o desempenho de seus gestores (CORRÊA,
2006).
A partir dos anos 80, com o aumento de clientes mais exigentes e mercados mais
competitivos, houve a necessidade de melhoria da eficácia das organizações. Eficácia esta,
atrelada à habilidade das operações das empresas. Embora as medidas de contabilidade
demonstrassem o resultado do desempenho, muitas vezes o como esse desempenho foi
atingido não era fornecido. Surge então a característica de balanceamento das medidas,
muito difundida através da ferramenta Balanced ScoreCard (BSC), de Kaplan e Norton
(1997). Desde então, grandes investimentos são realizados em termos de planejamento
empresarial e avaliação de resultados através de indicadores. É neste contexto que a MRS
Logística vem se estruturando estrategicamente para alcançar a máxima eficiência de
produtividade. Para tal, seria necessário que todo o material rodante (locomotivas e vagões)
da empresa estivesse em circulação contínua. Na prática, este modelo é impossível. Essa
busca pela eficiência de seu sistema faz com que a empresa se modele cada vez mais para
2
atingir seus objetivos. Objetivos que são avaliados por seus indicadores e que representam
uma das vantagens competitivas dentro deste segmento.
2 - OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho é apresentar um plano de ação para o indicador de “Trem
Hora Parado (THP)”, a fim de estabelecer ações sobre as atividades que resultam na parada
do trem, reduzindo seu tempo parado. As ações auxiliarão na aproximação do tempo ótimo
de cada atividade e, conseqüentemente, aproximação da meta do indicador.
3 - JUSTIFICATIVAS
Tendo em vista o contato com a geração e controle de informações gerenciais dentro
da MRS Logística, o autor deste trabalho traduz o desenvolvimento do tema em uma
identificação da necessidade de traçar planos de ação capazes de aumentar a eficiência
produtiva da empresa.
Uma vez que não há uma clara distinção do “porque” da parada dos trens, o autor
motivou-se a analisar cada atividade da operação dos trens. Assim, o mesmo poderá
contrastar os motivos reais da interrupção da circulação de um trem (suas reais justificativas
e responsáveis) e as anomalias do sistema (paradas inesperadas, pátios congestionados,
limitações de circulação na malha, etc.).
Contrastados os dados, o “Plano de Ação“ atua como forma de melhoria do processo
e participação na gestão de operações. Em paralelo, o trabalho possibilita formas de
aprendizado, troca de informações, formas de relacionamento e formas de política,
características importantes e inerentes ao crescimento acadêmico e profissional.
4 - CONDIÇÕES DE CONTORNO
Este trabalho aplica-se à Gestão Operacional da MRS Logística, uma empresa
privada que atua no ramo de transportes ferroviários, possuindo a concessão da malha
ferroviária do sudeste brasileiro.
Através de um estudo de caso, foram fornecidas informações sobre a produtividade
do material rodante, a quantificação do tempo de parada dos trens e quais atividades
representam os maiores atrasos dos fluxos de transporte. Através desses dados foi
realizada uma proposta de um plano de ação a ser estudado pela empresa a fim de reduzir
os problemas existentes no sistema para o alcance das metas
3
5 – METODOLOGIA
O desenvolvimento do trabalho foi realizado mediante uma revisão bibliográfica cujo
objetivo se baseia na fundamentação teórica através de pesquisa em livros, internet, artigos
e estudos de casos. É importante ressaltar que, anteriormente à revisão bibliográfica, outras
etapas pertinentes já foram realizadas como: escolha do tema, escolha do orientador e co-
orientador do trabalho e a formulação da proposta em torno do tema escolhido.
A etapa seguinte requer a coleta de dados pertinentes ao estudo em questão e
posteriormente à coleta de dados, a análise dos mesmos. Esta análise é de grande
importância, pois, remete o autor a correlacionar os dados e assim identificar os problemas
correlatos. Após a análise dos dados serão traçados os objetivos para a execução de um
plano de ação. Este conteve as ações a serem tomadas e suas principais justificativas.
A finalização do trabalho envolveu a elaboração do memorial juntamente com sua
apresentação. Mais a frente à elaboração do relatório final com os devidos ajustes finais
para que o tema seja defendido mediante apresentação final.
O cronograma de atividades segue abaixo:
Tabela 1: Cronograma de atividades
Fonte: Autor
4
6 - DESCRIÇÃO
O objeto de estudo deste trabalho envolve a parte teórica sobre indicadores
operacionais, suas principais ferramentas, a importância de sua utilização, evolução dos
indicadores de desempenho e a contextualização no cenário atual. Posteriormente, o objeto
de estudo voltou-se ao estudo de caso realizado na empresa em questão, cujo objetivo
envolve a apresentação de um Plano de Ação capaz de reduzir as variabilidades
divergentes ao sistema da empresa.
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Capítulo II
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1 – HISTÓRICO
Ao longo dos anos, desde 1950 o pensamento estratégico vem evoluindo de forma a
apresentar diferentes características entre as diversas escolas clássicas. Antes de
abordarmos as diversas escolas do pensamento estratégico, é importante entender o
conceito de estratégia. Para muitos, o termo “estratégia” foi criado pelos gregos e significa
chefe militar. Sendo assim, o conceito de estratégia, inicialmente, foi muito utilizado pelas
organizações militares. Porém, mais do que a figura de um comandante, a estratégia é um
conjunto de ações e decisões que posicionam a empresa em seu ambiente e a auxilia a
atingir os objetivos estratégicos a longo prazo.
A primeira fase da evolução do pensamento estratégico é marcada pela escola do
planejamento financeiro. Difundida nos anos de 1950, esta escola caracterizava pelo
controle do desempenho através da administração do orçamento. O responsável por
determinar as ações desse controle é o alto executivo, considerado com o grande
estrategista de todo o processo. Esta perspectiva é o enfoque top-down (de cima para
baixo) muito difundido por esta escola (LOBATO et al., 2006).
A segunda fase, em meados da década de 1960, surgiu com a escola de
planejamento a longo prazo, que partia da premissa de que o planejamento a longo prazo se
baseia em atividade e ações de melhoria no presente sobre indicadores passados e atuais
(LOBATO et al., 2006). A difusão desta abordagem sustentava-se na construção de
cenários simples regidas por regras bem conhecidas de causa e efeito.
A escola de planejamento estratégico veio caracterizar a terceira fase da evolução do
pensamento estratégico. Considerada com uma das mais importantes escolas, marcou um
salto significante no pensamento estratégico por se um processo deliberado do mesmo.
Segundo Lobato et al. (2006) a técnica mais utilizada é a análise SWOT. Esta técnica
relaciona a análise do ambiente externo da empresa, através da análise de oportunidade,
construção de cenários, análise das ameaças e o ambiente competitivo, com a análise do
ambiente interno, mediante a análise de suas forças e fraquezas, além dos fatores críticos
de sucesso.
No início dos anos 80, a escola da administração estratégica revolucionou a literatura
do pensamento estratégico. Muitas das premissas difundidas anteriormente ainda eram
utilizadas, mas a escola da administração da estratégia mostrou que tão importante quanto
a formulação da estratégia é a implementação da mesma. Segundo Lobato et al. (2006) os
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grandes pensadores dessa escola defendiam o desafio das organizações em analisar a
competitividade e integrar os diversos objetivos estratégicos (ou diretrizes estratégicas) em
uma única direção como forma de um processo sistemático para a tomada de decisão. Foi
nesta época que Porter (2004) desenvolveu o seu modelo de análise estrutural baseado em
cinco forças competitivas que atuam sobre as indústrias: São elas:
• Rivalidade entre concorrentes;
• Surgimento de novos entrantes;
• Ameaça de produtos substitutos;
• Poder de barganha (negociação) dos fornecedores;
• Poder de barganha dos consumidores.
Porter (2004) ainda desenvolveu o conceito de cadeia de valor, no qual uma
organização pode ser dividida em atividades primárias e atividades de suporte.
Essa escola teve uma importante contribuição no pensamento estratégico, cujas
premissas e conceitos ainda são bastante utilizados nos dias atuais para uma melhor visão
sistêmica da organização.
2 - PAPEL ESTRATÉGICO E OBJETIVOS DAS ORGANIZAÇÕES
Para que um setor ou departamento possa entender o seu papel dentro de uma
organização é preciso que esta entenda qual é o seu papel a ser desempenhado dentro de
um mercado ou setor específico, que forneça uma posição estratégica diante dos demais
concorrentes. Segundo Slack et al. (2007) é de vital importância para a operação entender
que papel se espera desempenhar e quais são os objetivos de desempenho almejados pela
empresa.
Sendo assim, é possível observar em cada departamento a contribuição gerada por
estes para atingir o sucesso estratégico. Três papeis importantes se destacam nas
operações como forma de sustentabilização para o alcance dos objetivos de desempenho.
São eles:
• Como implementadora da estratégia empresarial;
• Como apoio para a estratégia empresarial;
• Como impulsionadora da estratégia empresarial (SLACK et al., 2007).
7
Em nível estratégico, a identificação dos stakeholders auxilia a classificação dos
objetivos de desempenho. Os stakeholders são as pessoas ou grupos que possuem
interesses na operação e são capazes de influenciá-la ou ser influenciados por ela. Uma vez
definidos os stakeholders, são traçados os objetivos de desempenho, dentre os quais se
destacam cinco objetivos mais amplos que irão sustentar todo o processo decisório da
operação. Segundo Slack et al. (2007) estes objetivos são:
• Qualidade;
• Rapidez;
• Confiabilidade;
• Flexibilidade;
• Custo.
Um bom desempenho de qualidade não apenas leva à satisfação dos clientes
externos, como também aos clientes internos, alem de acarretar ou garantir diversos
benefícios como a redução de custos e o aumento da confiabilidade.
A rapidez da operação pode ser entendida como a velocidade de resposta aos
consumidores externos. Esta resposta rápida auxilia na rapidez de tomada de decisão, na
movimentação de materiais e informação, reduz estoques e os riscos, uma vez que a
resposta rápida aumenta a precisão de previsão (CORRÊA, 2006).
A confiabilidade dentro de uma operação interna é caracterizada pela confiança entre
os clientes internos dos diversos níveis da operação. A confiabilidade interna aumenta a
eficácia, economiza tempo e dinheiro, mas principalmente, garante a estabilidade da
operação uma vez que as “surpresas” tornam-se mais previsíveis.
Flexibilidade nada mais é do que a capacidade de mudar a operação. A mudança pode
atender a quatro tipos de exigências (SLACK et al., 2007):
• Flexibilidade de produto/serviço;
• Flexibilidade de composto (mix);
• Flexibilidade de volume;
• Flexibilidade de entrega.
O objetivo custo é muito utilizado em modelos de concorrência baseados em preço.
Mas, é importante notar que cada um dos objetivos de desempenho afeta os custos. Assim,
se o objetivo é melhorar o desempenho em custos, de forma análoga pode-se deduzir que a
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melhoria do desempenho dos outros objetivos operacionais irá melhorar o desempenho dos
custos.
3 - MEDIDAS DE DESEMPENHO
Introdução
Nos últimos anos diversos fatores motivaram a crescente força da avaliação de
desempenho no mundo dos negócios. Um desses fatores é a mudança da natureza dos
negócios. Antes dos anos 60 e 70 os custos com mão-de-obra direta excediam 50% ou 60%
dos custos totais nas organizações (CORRÊA, 2006). A partir dos anos 80 novas formas de
custeio como a “contabilidade de ganhos” e o custeio ABC foram desenvolvidos para
amenizar os erros grosseiros da alocação dos custos proporcionalmente ao número de
funcionários.
O aumento da competitividade fez com que as empresas buscassem cada vez mais
diferenciar-se dos concorrentes em termos de seus objetivos estratégicos (qualidade,
rapidez, flexibilidade, confiabilidade e custos). Como forma de alinhar as medidas às
intenções estratégicas, as empresas passaram a necessitar de um maior número de
informações e cada vez mais rápidas. Novas iniciativas de melhoria em operações como a
qualidade total, produção enxuta, Just in Time, manufatura de classe mundial, dentre outros,
surgiram como respostas à competição por mercados (CORRÊA, 2006).
A crescente referência às métricas de avaliação de desempenho não financeiras
tornaram-se comuns em muitas empresas hoje em dia. Esta visão de que as medidas de
desempenho devem ser mais balanceadas entre os diversos aspectos da organização deu
origem ao Balanced Scorecard.
Balanced Scorecard
Criado por Norton e Kaplan (1997) o Balanced Scorecard foi desenvolvido em 1990
como um estudo, patrocinado pelo Instituto Nolan Norton, entre diversas empresas. O
estudo baseava-se em mostrar que a avaliação de desempenho segundo indicadores
contábeis e financeiros está se tornando obsoletos.
No início do estudo foi identificada uma empresa que utilizava um Scorecard
corporativo contendo diversas medidas como prazos de entrega, qualidade, ciclo de
processos da produção e medidas financeiras. Após este fato, o interesse pela métrica do
Scorecard aumentou consideravelmente. Diante dessa nova métrica, Norton e Kaplan
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(1997) criaram o modelo BSC como forma de intercalar a visão de se construir capacidade
competitivas de longo prazo e a visão tradicional de contabilidade financeira. O modelo
propõe a investigação dos objetivos estratégicos sob o “ângulo” de quatro perspectivas:
• Perspectiva financeira;
• Perspectiva dos clientes;
• Perspectiva dos processos internos;
• Perspectiva de aprendizado e crescimento (ou conhecimento).
Figura 1: Relação entre perspectivas e visão estratégica
Fonte: KAPLAN & NORTON (1997)
Segundo Corrêa (2006) o advento do BSC possibilitou a mensuração do valor criado
pela organização dos clientes atuais e futuros e potencial ou as capacidades internas
através de investimentos e melhoria do desempenho futuro. No entanto não existe o BSC se
a empresa não souber onde quer chegar. Assim, a perseguição dos sonhos, a visão da
empresa deve ser definida e bem alinhada aos objetivos estratégicos. Em seguida o Plano
Estratégico da organização deve ser estruturado utilizando o BSC.
10
O que é medição de desempenho
Medição de desempenho é o processo de quantificação e conjunto de métricas
quantificar a eficiência e a eficácia das ações realizadas por uma operação. Este último,
analogamente, é definido como “Sistema de Medição de Desempenho”, cujos propósitos
principais são:
• Considerado como parte integrante do planejamento e controle na gestão de
operações;
• È capaz de estabelecer influência sobre pessoas e sobre os sistemas de
operações a fim de garantir uma maior probabilidade de determinadas ações
acontecerem.
4 – INDICADORES
Indicador é o instrumento que permite mensurar as modificações nas características
de um sistema, ou seja, os indicadores devem estabelecer, para um dado período, uma
medida da sustentabilidade do sistema (DEPONTI, 2002). Sendo assim é uma das
ferramentas básicas utilizada nas empresas no processo de tomada de decisão é os
indicadores, que podem ser usados durante um processo ou no final deste.
Esta ferramenta é definida como uma função estatística composta de valores
dispersos ao longo do tempo pela qual é possível avaliar características ou resultados de
um determinado produto ou serviço.
Os indicadores são compostos de:
• Índice: representa o padrão de medida ou unidade de medida dos indicadores;
• Referencial comparativo: é um índice utilizado como padrão de comparação;
• Meta: é um índice definido como ponto a ser alcançado num futuro previamente
determinado. Este componente se torna uma motivação para o desenvolvimento
da gestão, à medida que os gestores trabalham desenvolvendo métodos para
que as metas sejam alcançadas. As metas são constituídas por três
componentes: objetivo, valor e prazo;
• Fórmula de obtenção do indicador: metodologia utilizada para que o índice seja
apurado.
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Características
Um indicador deve possuir algumas características, como:
1. Significância para avaliação do sistema sendo importantes e abrangentes;
2. Ser válido, objetivo e consistente;
3. Coerência e sensibilidade a mudanças ao longo do tempo (adaptabilidade);
4. Baseado em informações facilmente acessíveis e em aspectos práticos e claros
que podem ser rastreados rapidamente (rastreabilidade);
5. Claro (de fácil entendimento);
6. Facilidade de interação com outros indicadores do sistema;
7. Econômico em sua medição.
Classificação de indicadores
Os indicadores podem ser classificados em:
• Indicadores Estratégicos: determinam a posição da organização quanto a
direção da consecução de sua visão, refletindo assim, o desempenho em
relação aos fatores críticos para o êxito.
• Indicadores de Produtividade (eficiência): São encontrados dentro dos processos
e tratam da utilização dos recursos para a geração de produtos e serviços.
Servem para identificar e prevenir problemas nos processos, estando ligados
intimamente aos indicadores de qualidade.
• Indicadores de Qualidade (eficácia): estão mais ligados às saídas do processo
representando a eficácia com que o processo sob estudo atende às
necessidades de seus clientes indicando a sua satisfação e as características do
produto/serviço.
• Indicadores de Efetividade (impacto): Objetivam medir o grau de modificação da
situação-problema (desafio) que deu origem à ação estratégica.
• Indicadores de capacidade: medem a capacidade de resposta de um processo
através da relação entre as saídas produzidas por unidade de tempo.
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5 – FERRAMENTAS DA QUALIDADE
Definições para qualidade não faltam. Diversos autores conceituam qualidade
baseados em inúmeros fatores que, podem estar relacionados ao produto, ao usuário, a
produção, ao valor, à capacidade de satisfazer os clientes, dentre outros. Ferramentas para
o gerenciamento da qualidade são fundamentais para o planejamento e controle das
variáveis internas e externas ligadas a uma empresa. Sendo assim, o estudo que será
apresentado no decorrer deste trabalho utiliza algumas ferramentas de qualidade que
auxiliam na formulação de métodos e processos para implementação de uma metodologia e
planos de ação.
Brainstorming
O brainstorming (tempestade de idéias) é uma ferramenta na qual, alguns indivíduos
formam um grupo de discussão para lançar idéias livremente, sem críticas, em um
determinado tempo (JUNIOR et al., 2006). Para um melhor efeito da ferramenta, os grupos
devem ser enxutos, contando com a presença de um facilitador para lidar com os
integrantes do grupo e coordenar a discussão.
O intuito do brainstorming é lançar idéias livremente, sem inibição e, após essa etapa
cada idéia é discutida com o objetivo de promover a melhoria contínua, mas, também,
discutir questões que envolvam projetos e ações a serem tomadas.
Estratificação
A estratificação é uma ferramenta utilizada para o desdobramento dos dados. Seu
principal objetivo é auxiliar na análise e na pesquisa para o desenvolvimento de
oportunidades de melhoria, pois, possibilita a visualização da real composição dos dados
estratificados.
Histograma
O histograma é um gráfico de barras onde os dados são distribuídos por classes (ou
categorias). A grande vantagem do histograma é que, o mesmo, mostra uma fotografia da
variável em um determinado instante (JUNIOR et al., 2006). As barras de cada classe são
caracterizadas pela freqüência distribuída em cada uma.
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Figura 2: Exemplo de Histograma
Fonte: autor
Gráfico de Pareto
O Gráfico de Pareto é um gráfico de barras construído a partir de uma coleta de
dados e, é utilizado na priorização de problemas ou causas de determinado tópico. O
principio do Gráfico de Pareto se originou a partir dos estudos de Vilfredo Pareto (um
economista italiano do século XIX), que estudou os princípios de distribuição de renda no
país. Ele verificou que 20% da população detinham 80% da riqueza, e que os outros 80% da
população detinham 20% da riqueza.
Figura 3: Exemplo de Gráfico de Pareto
Fonte: autor
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Capítulo III
DESCRIÇÃO DO PROBLEMA
A MRS Logística é a empresa concessionária que controla, opera e monitora a malha
ferroviária da Região Sudeste do país, interligando os estados de São Paulo, Rio de Janeiro
e Minas Gerais. Beneficiada pela concentração dos maiores complexos industriais a MRS
possui a responsabilidade de transportar e distribuir cargas numa região que concentra 65%
do produto interno bruto.
Com o foco no transporte ferroviário de cargas em geral, a MRS Logística vem
buscando a excelência em operação de logística através de investimentos em equipamentos
modernos, procedimentos operacionais, capacitação de recursos humanos e emprego de
novas tecnologias, a fim de garantir uma logística integrada para uma maior participação no
transporte de cargas pesadas (Heavy Haul) e outros produtos.
Para o alcance dos objetivos estratégicos da MRS, é preciso que todo o processo
operacional possua um suporte em relação à eficiência da gestão corporativa estratégica e
da gestão em operação de logística. Eficiência esta que é verificada pela avaliação do
desempenho operacional através de métricas e métodos com foco em indicadores
operacionais.
Hoje em dia fatores como qualidade, flexibilidade, rapidez e confiabilidade são cada
vez mais exigidos pelos clientes externos e internos de uma organização, aumentando a
demanda pelo pacote de valores. Trabalhar a questão da satisfação dos clientes tornou-se
um dos fatores decisivos para o sucesso da mesma, sendo um dos fatores críticos para
superar a concorrência e aumentar o mercado.
O objetivo da MRS para os próximos anos é alcançar o topo da eficiência
operacional. Diferenciais competitivos, reestruturação de processos existentes para
conquista de novos clientes, investimento em pessoal e ampliação da participação no
mercado de carga em geral estão em pauta para fazer da MRS a melhor operadora logística
ferroviária do país. Foi pensando nesses objetivos que a MRS Logística vem controlando
seus resultados operacionais através de indicadores que mensuram e avaliam o seu
desempenho. Um destes indicadores é o “Trem Hora Parado” (THP), que tem a finalidade
de identificar os motivos (que na MRS são classificados como “atividades”) que ocasionaram
a parada dos trens, mensurando, em fração de horas, o tempo que os trens ficaram parados
em cada atividade. Esse indicador é de fundamental importância para a operação da MRS
Logística uma vez que, a produção da empresa é diretamente ligada à circulação dos trens,
ou seja, a eficiência total de carga e transporte de produtos seria alcançada se o sistema
(operação MRS) funcionasse com capacidade máxima (não existência de parada dos trens).
15
Modelo que é impossível de se alcançar, visto que há paradas obrigatórias. Portanto a
redução do THP mostra-se primordial para a eficiência da operação.
O “Trem Hora Parado” é um indicador vinculado principalmente à circulação dos
trens (transit time) e sua mensuração leva em conta a composição completa (locomotivas +
vagões) e não cada material rodante em questão. As paradas dos trens podem ser
classificadas em obrigatórias e não-obrigatórias. Para cada parada obrigatória foi realizado
um estudo para se determinar os tempos-padrão para cada atividade como, por exemplo,
abastecimento de diesel. O mesmo não é considerado para as paradas não-obrigatórias
uma vez que a meta a ser atingida seria a não ocorrência dessas atividades. Sendo assim, o
THP pode ser entendido como um conjunto de ocorrências e tempo gasto em cada
ocorrência.
Como já foi mencionada acima, uma das metas da companhia é a redução do
indicador de THP. O aumento desse indicador acarreta grandes problemas. Um deles é o
aumento do ciclo de vagões. O ciclo dos vagões, tempo entre a realização de um
carregamento e outro, é calculado como a soma das médias das etapas descritas na tabela
2:
Tabela 2: Descrição das etapas de ciclo
Fonte: MRS Logística
Logo, pela definição do ciclo, este seria calculado da seguinte forma:
16
O aumento do tempo de circulação acarreta em uma grande perda de produtividade,
pois, o número de trens circulando na malha reduz significativamente uma vez que a malha
está congestionada devido à demora na circulação dos trens gerando atrasos de chegadas
nos pontos de carga e descarga de vagões, defasando a programação de produção
semanal, aumentando a ociosidade dos ativos da empresa e aumentando as possíveis
quebras contratuais com os clientes ocasionando perdas financeiras inestimáveis.
Estrategicamente o aumento do THP fará com que o objetivo de produção mensal e,
consequentemente, anual não sejam cumpridos, reduzindo o lucro à organização e
aumentando as perdas pelos mais diversos fatores.
Porém, o maior problema desse indicador refere-se à análise do mesmo, uma vez
que a melhoria do acompanhamento torna-se de grande importância, pois, não se sabe ao
certo quanto que o THP influencia, direta ou indiretamente, nos demais resultados da
operação e no desempenho da organização. Um exemplo seria: quanto (percentual) que as
paradas dos trens representam em perdas de produção para a empresa; quais são as
atividades críticas do processo e porque elas ocorrem com tanta freqüência; qual a
influência do THP na ociosidade dos materiais rodantes; etc.
A estratificação desses dados e posterior análise adequada dos mesmos são de
caráter urgente. O THP por ser um indicador também considerado como “produtividade de
ativos”, pois, pode gerar danos inestimáveis à operação devido ao seu grau de importância.
O objeto de estudo deste trabalho concentra-se em realizar um estudo de caso sobre
o “Trem Hora Parado” e posteriormente formular uma metodologia de análise dos dados em
questão para que possam ser identificadas as principais causas das paradas dos trens e
suas justificativas. Com a definição de uma metodologia adequada será formulado um plano
de ação para avaliação, mensuração, prevenção e correção dos impactos causados pelo
THP nos resultados da operação e em outros indicadores de desempenho. O plano de ação
deverá conter as ações de melhorias propostas pelo autor para que se estabeleça um
padrão de análise dos dados, e posteriormente, relacionar quais são as atividades críticas
do processo, suas justificativas e os locais em que elas ocorrem para que gestores possam
agir corretivamente e preventivamente sobre as principais causas auxiliando o processo de
tomada de decisão.
1 – CONTEXTUALIZAÇÃO DO SETOR FERROVIÁRIO NO BRASIL
A história de ferrovia no Brasil sempre esteve ligada às políticas governamentais
executadas no país. De forma a caracterizar essa relação, a história da ferrovia brasileira
pode ser dividida em algumas fases:
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Fase I (1835 – 1873)
Fase marcada pelo início da implantação ferroviária no Brasil através da sanção do
Decreto 10 pelo regente Feijó, também chamada de Lei Feijó. Esta lei promulgada em 1835
dava concessão, por cartas de privilégios, à empresas essencialmente privadas para a
construção de uma ferrovia unindo o Rio de Janeiro às províncias de Minas Gerais, Bahia e
Rio Grande do Sul.
A primeira ferrovia brasileira foi inaugurada em 1845 por Irineu Evangelista de
Souza, o Barão de Mauá. A Estrada de Ferro Mauá, como era chamada, possuía uma
extensão de 14,5 km e ligando o porto de Mauá até a raiz da Serra de Petrópolis.
Fase II (1873 – 1889)
Diversos fatores políticos e sócio-econômicos atravancaram a expansão ferroviária
no Brasil durante o período da Regência. Porém, durante o Segundo Reinado essa
expansão foi acelerada por empreendedores privados que possuíam a proteção de leis e
decretos.
Fase III (1889 – 1930)
Compreendendo o período da República Velha, foi marcada por muitos
acontecimentos importantes como a ampliação de linhas e a competição com as rodovias,
caracterizando uma expansão acelerada e o surgimento de novas companhias. Entretanto,
esse período também foi marcado pela intervenção do estado sendo obrigado a assumir o
controle de algumas companhias que estavam em dificuldades financeiras.
Fase IV (1930 – 1960)
Como pós-guerra e a era Vargas, esta fase foi marcada pela expansão tímida e pelo
amplo controle estatal empregado. Um exemplo desse controle foi a promulgação da Lei nº
3115 em 1957, constituindo a Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA), resultando na
aglutinação de enumeras ferrovias controladas pelo governo. Passaram a fazer parte da
Rede Ferroviária as seguintes estradas de ferro: Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, Estrada
de Ferro Bragança, Estrada de Ferro São Luiz-Teresina, Estrada de Ferro Central do Piauí,
Rede de Viação Cearense, Estrada de Ferro Mossoró-Souza, Estrada de Ferro Sampaio
Corrêa, Rede Ferroviária do Nordeste, Viação Férrea Federal Leste Brasileiro, Estrada de
Ferro Bahia-Minas, Estrada de Ferro Leopoldina, Estrada de Ferro Central do Brasil, Rede
Mineira de Viação, Estrada de Ferro Goiás, Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, Estrada de
Ferro Noroeste do Brasil, Rede de Viação Paraná-Santa Catarina, Estrada de Ferro Dona
Tereza Cristina. Mais tarde, também foram incorporadas a Estrada de Ferro Santa Catarina
e a Viação Férrea Rio Grande do Sul.
18
Fase V (1960 – 1990)
O Brasil enfrentava o período do Regime Militar. Nessa época pouco se pode
observar com relação a expansão e crescimento da ferrovia brasileira. Projetos de caráter
estratégico como a criação do Fundo Nacional de Desenvolvimento em 1974, e a
inauguração da Estrada de Ferro Carajás (1985), destinada a escoar minério de ferro do
estado do Pará, foram importantes para que o setor ferroviário não sofresse uma completa
estagnação.
Fase VI (1990 – Dias atuais)
Período marcado pela privatização de todo o sistema ferroviário nacional. Em 1996
forma privatizadas as primeiras malhas da RFFSA, sendo elas a malha centro-leste, a malha
sudeste e a malha oeste. As novas concessionárias foram A Ferrovia Centro-Atlântica
(FCA), a MRS Logística e a Ferrovia Novoeste, respectivamente.
Em 1997 foram a vez das malhas sul e Tereza Cristina da RFFSA, e um trecho da
ferrovia do Paraná (Ferroeste), sendo as novas concessionárias a América Latina Logística
(ALL), a Ferrovia Teresa Cristina (FTC) e a Ferrovia Paraná-Ferropar, respectivamente.
Por fim, em 1998, foram privatizadas as malhas nordeste e paulista da RFFSA,
sendo as novas concessionárias a Cia. Ferroviária do Nordeste e a Ferrovia Bandeirantes
(Ferroban), respectivamente.
2 – A EMPRESA
A MRS Logística S.A. é a concessionária pública que opera, controla e monitora a
Malha Sudeste da Rede Ferroviária Federal. Criada em 1996 a empresa é constituída das
antigas superintendências regionais, a SR3 – Juiz de Fora e a SR4 – São Paulo. Com cerca
de 1643 km de malha ferroviária construída interligando os estados do Rio de Janeiro, Minas
Gerais e São Paulo, a região conta com a maior concentração industrial do país, sendo um
grande facilitador em termos de ganho de produtividade e diferencial estratégico pela
companhia.
19
Figura 4: Malha MRS Logística
Fonte: MRS Logística
Uma das grandes vantagens competitivas da empresa é a sua variada carteira de
clientes, abrangendo desde produtos do setor primário ao setor terciário, possibilitando uma
favorável mix de produção. Diferenciais competitivos como custo, eficiência, segurança,
confiabilidade e regularidade, fazem da MRS uma empresa sólida na prestação de serviços
de transporte para atender clientes de diversos segmentos do mercado como: mineração,
siderurgia, metalurgia, construção civil, químico e petroquímico, papel e celulose,
commodities agrícolas, automotivo e contêineres.
O acesso a importantes portos do Brasil acentua sua competitividade nos segmentos
destinados à exportação e importação, sendo uma ligação eficiente entre os portos e os
mercados da região sudeste. Os quatro principais portos a que possui acesso são, os portos
de Santos, de Itaguaí, Guaíba e o porto do Rio de Janeiro. Estes também fazem parte do
componente logístico chamado “intermodalidade”, que é o intercâmbio entre modalidades de
transporte para garantir o pleno atendimento das necessidades logísticas do cliente. Um
exemplo típico é a intermodalidade entre ferrovias e rodovias.
A MRS tem investido maciçamente na recuperação de sua malha, no
desenvolvimento de novas tecnologias e na capacitação de seus colaboradores para obter
20
ganhos em produtividade. O pioneirismo é o grande diferencial que tem feito a companhia
aumentar sua produtividade e sua participação no mercado. Projetos inovadores podem ser
observados ao longo dos anos de existência da empresa.
3 – NOMENCLATURAS
Para uma melhor compreensão deste trabalho é importante ressaltarmos alguma
nomenclatura do setor ferroviário:
PÁTIO: área de terreno em torno das estações, oficinas e depósitos onde se alocam desvios
(conjunto de vias) para a formação de trens, manobra e estacionamento de veículos
ferroviários.
TERMINAL: conjunto de equipamentos e edifícios situados nas pontas das linhas de uma
estrada de ferro (início ou término da linha) ou mesmo em pontos intermediários, ocupados
para o trânsito de passageiros, reagrupamento de cargas, formação e despacho de trens.
VIA FÉRREA: é o conjunto de trilhos e dormentes, constituindo a superfície de rolamento.
MATERIAL RODANTE: constituídos de locomotivas (veículos de tração), carro de
passageiros e vagões.
EQUIPAGEM: pessoal de serviço a bordo das composições.
HEAVY-HAUL: nome denominado aos produtos de grandes massas. Constituído e minério
de ferro (exportação e consumo interno), carvão, coque e bauxita.
CARGA GERAL: todos os outros produtos que não pertencem ao Heavy-Haul.
4 – PLANO ESTRATÉGICO
O desenvolvimento de uma gestão estratégica envolve a avaliação das
competências da organização (LOBATO et al., 2006). Para tal é necessário que cada
organização desenvolva as estratégias a serem utilizadas para a implementação de sua
visão e missão. Segundo Lobato et al.(2006), antes de se estabelecer uma visão de futuro
para a formulação de estratégias, é necessário que as organizações realizem algumas
etapas. Um modelo proposto é, primeiramente, realizar a contextualização da organização,
21
em seguida identificar o negócio da organização, formular diretrizes e realizar uma análise
ambiental através da formulação de cenários favoráveis e desfavoráveis com a análise do
ambiente externo e interno. A formulação de estratégias deve conciliar diversos fatores
organizacionais como marketing, recursos humanos, tecnologia da informação, aspectos
logísticos e financeiros.
Em busca da formulação de um plano estratégico a MRS Logística iniciou um estudo
de competências e fatores ambientais que possibilitasse a formulação de estratégias para o
posicionamento no mercado e para a implementação de um modelo estratégico dentro da
organização.
A MRS é a concessionária pública de transporte ferroviário que interliga os três
principais centros industriais do país, sendo: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A
organização foi constituída pela execução de um leilão para a concessão e arrendamento da
malha sudeste da Rede Ferroviária Federal por um período estipulado. A concessão
conseguida foi o fruto de uma parceria entre grandes empresas brasileiras que compõem
atualmente o corpo de acionistas da organização.
Um planejamento estratégico empresarial começa com a definição de uma
metodologia a ser seguida, com etapas bem definidas, ferramentas a serem utilizadas e
identificação das análises a serem efetuadas. Assim, o projeto de plano estratégico da MRS
é composto das etapas a seguir:
• Definição do Referencial Estratégico;
• Análise Mercadológica;
• Análise do Ambiente externo;
• Análise do Ambiente interno;
• Análise de Risco;
• Posicionamento estratégico;
• Desdobramento de objetivos e metas.
Referencial estratégico
1) Negócio
O negócio da MRS é o transporte de carga com foco na ferrovia. A MRS trabalha
com um processo de atendimento ao cliente, com entregas distintas, que são o Heavy Haul
(HH) e Carga Geral (CG). Apesar da terem um único canal de acesso (geração de
demanda), possuem uma estrutura de atendimento diferenciada, orientada para a
22
estratégia, tendo também uma cultura de serviços, uma visão por processos e foco no
cliente.
2) Missão
A competência e o foco da organização estão no transporte ferroviário de carga,
constituído pelo deslocamento de grandes massas, não pertencendo ao foco o transporte de
passageiros, documentos, encomendas expressas, dentre outros. A MRS busca
desenvolver soluções de transporte multimodais quando necessárias para aumentar o
transporte ferroviário, desde que esteja na ferrovia o maior valor agregado. A operação de
trens pressupõe a movimentação de vários vagões simultaneamente para maximizar o uso
da locomotiva, dos vagões, da equipagem e da via permanente, concentrando origens e
destinos da carga para simplificar a operação ferroviária, reduzindo os custos e, portanto,
maior o valor agregado.
Fruto da concessão e arrendamento a Ferrovia é o principal ativo da companhia, e
deve ser utilizado de forma otimizada para gerar valor ao negócio, por isto é o principal
gerador de resultados da empresa e está diretamente ligado ao seu negócio. O diferencial
competitivo do transporte ferroviário está no preço em relação a outros modais, e na
regularidade (entendida como uma freqüência entre trens que garanta a produção dos
clientes), confiabilidade (entendida como realização do transporte dentro dos prazos
acordados), segurança (integridade da carga) e acertividade de programações (nível de
acerto em relação aos programas de transporte e planos internos).
A MRS é um centro de resultado, tem como necessidade o transporte de grandes
volumes para ser competitiva (diluição de custos fixos), possuindo gestão baseada em valor
e gestão de projetos para conseguir retorno sobre o capital investido e ganhos constantes
de rentabilidade e produtividade para ser eficiente. O principal objetivo operacional é a
busca da excelência, sendo a visão por processos corporativa e dentro da lógica de gestão
da qualidade.
A empresa tem como missão:
"Oferecer transporte de carga com foco na ferrovia, priorizando
fluxos que gerem escala e relações de longo prazo, a preços
competitivos e com previsibilidade, para agregar valor crescente ao
negócio”.
23
3) Valores
São valores da companhia:
• Excelência na prestação dos serviços;
• Pessoas motivadas e comprometidas;
• Prática da transparência e da boa comunicação;
• Inovação, criatividade e superação;
• Responsabilidade com todos os públicos;
• Busca permanente do lucro;
• Utilização adequada da tecnologia;
• "Fazer simples", com eficácia e produtividade;
• Busca permanente da segurança operacional;
• Reconhecimento e celebração de resultados alcançados.
O objetivo da MRS para os próximos anos é alcançar o topo da eficiência
operacional. Diferenciais competitivos, reestruturação de processos existentes para
conquista de novos clientes, investimento em pessoal e ampliação da participação no
mercado de carga geral estão em pauta para fazer da MRS a melhor operadora logística
ferroviária do país.
4) Sonhos
A companhia possui como sonhos:
• Ser a maior transportadora individual de carga do Brasil em volume, até 2008,
com sustentabilidade;
• Ser uma empresa que sempre dê lucro;
• Ser percebida pelos colaboradores como a sua melhor opção de trabalho, até
2010;
• Ser percebida pelos clientes como a sua melhor solução de transporte, até 2010;
• Atingir nível zero de acidentes operacionais, até 2012.
24
Análise Mercadológica
Segundo Basta et al. (2006) a segmentação de mercado e o posicionamento, são
umas das principais ferramentas de marketing que serve de auxilio para a definição das
estratégias de uma organização. Cada cliente possui suas particularidades e necessidades.
Sendo assim, na busca pelo aumento da participação no mercado as empresas acabam
atendendo mal os clientes justamente por querer atender todos de uma vez. Dessa forma, a
segmentação de mercado é uma estratégia que segmenta os clientes com o objetivo de
melhor atendê-los. Analisar as características dos clientes, suas atitudes e seu
comportamento, constituem a base para uma segmentação (BASTA et al., 2006).
A análise de mercado realizada pela MRS permitiu a identificação de possibilidades
de crescimento do market share e da posição relativa da organização, agregando novas
competências na entrega de valor ao cliente e assumindo papéis diferentes na rede de
abastecimento/escoamento.
O posicionamento e segmentação possibilitaram a inserção da companhia nos
mercados de: mineração, siderurgia, produtos agrícolas, papel e celulose, e construção civil.
Análise do ambiente externo e interno
A análise do ambiente externo e interno da companhia foi realizada com a utilização
da ferramenta SWOT, identificando-se as forças e fraquezas (ambiente interno), e as
oportunidades e ameaças (ambiente externo) que circundam a organização.
Foram analisadas as forças e fraquezas em relação ao mercado e posicionamento, a
infra-estrutura, a organização, a estrutura societária, a estrutura financeira e a modelos
tarifários. Abaixo segue um exemplo para cada parâmetro:
Mercado e Posicionamento:
• Forças: Fornece ao Mercado preços competitivos e segurança (vantagens
competitivas e diferencial reconhecido por seus clientes);
• Fraquezas: Diferenças de bitola limitam a possibilidade de aumento da área de
influência, via tráfego mútuo ou direito de passagem (em relação a outras
ferrovias).
Infra-estrutura:
• Forças: Investimentos em tecnologia e ganhos de produtividade têm sido feitos e
são percebidos como fundamentais para o crescimento da companhia;
• Fraquezas: Dar mais foco em produtividade, adequação de frotas.
25
Organização:
• Forças: Acompanhamento periódico de indicadores corporativos e utilização de
BSC;
• Fraquezas: Necessidade de quadro de pessoal em função do crescimento da
companhia.
Estrutura Societária:
• Forças: Acordo de Acionistas bem estruturado;
• Fraquezas: a maior concentração societária pode criar problemas regulatórios e
no Contrato de Concessão.
Estrutura Financeira:
• Forças: Acordo de Acionistas bem estruturado;
• Fraquezas: a maior concentração societária pode criar problemas regulatórios e
no Contrato de Concessão.
Modelo Tarifário:
• Forças: Mudanças adicionais no câmbio e flutuações inesperadas da demanda;
• Fraquezas: As variações relativas nos custos e ganhos de produtividade podem
gerar desequilíbrio para a MRS.
A análise do ambiente externo possibilitou a identificação das oportunidades e
ameaças em relação ao mercado de serviços de transporte, ao posicionamento geográfico,
ao negócio da organização e aos concorrentes. Abaixo seguem alguns exemplos:
Oportunidades:
• A melhoria do nível de serviço é chave para obter sucesso em mercados não
tradicionais onde o fator previsibilidade é mais relevante;
• A MRS pode se posicionar para buscar negócios hoje atendidos pelo setor
rodoviário;
• Grandes volumes, relações de Longo Prazo e economia de escala ajudam na
competitividade e diluição de custos fixos.
Ameaças:
• Novas leis ambientais que possam restringir a circulação dos trens;
26
• As incertezas com relação à situação econômica nacional e internacional
ameaçam o crescimento da MRS.
Posicionamento Estratégico
Entende-se como Posicionamento Estratégico a declaração da intenção estratégica,
com a explicitação da troca vantajosa de valores, estabelecida com cada stakeholder. Um
grupo focado (agentes de mudança) e uma boa agenda com Projetos relevantes e
prioritários é mandatário para a consolidação das competências organizacionais necessárias
ao Posicionamento Estratégico.
Desdobramento de objetivos e metas
Passada as etapas anteriores de análise e contexto de negócios da organização, é
importante definir os objetivos, analisando os desafios atuais e os desafios futuros. Para a
definição dos objetivos a participação da alta diretoria é de fundamental importância para
que a organização encontre menores dificuldades ao alcance dos objetivos e às resistências
internas.
Segundo Lobato et al. (2006) os objetivos podem ser classificados segundo a sua
natureza, prazo e forma. Quanto à natureza os objetivos podem ser específicos ou gerais.
Os objetivos gerais são aqueles ligados à organização como um todo. Os objetivos gerais
são posteriormente desdobrados em objetivos específicos, ligados a setores das
organizações indo desde os níveis intermediários das organizações até os níveis mais
básicos.
Quanto ao prazo, os objetivos podem ser de curto, médio e longo prazo. Quanto à
forma, estes podem ser expressos quantitativamente ou qualitativamente. Objetivos
qualitativos podem ser expressos por medidas de desempenho numéricas, como por
exemplo, resultados em percentagens ou então resultados financeiros. Objetivos qualitativos
utilizam medidas vinculadas a fatores subjetivos e de difícil quantificação e mensuração.
As metas são traduzidas nos resultados esperados da organização para cada
objetivo. Na MRS os objetivos e metas são definidos pela presidência e pela alta diretoria,
adotando uma metodologia top down. Em conjunto com a área de Direcionamento
Estratégico, a presidência e a alta diretoria, utilizando a metodologia do BSC, definiram os
objetivos e metas para cada perspectiva adotada para a organização. As metas foram
definidas com a preocupação de serem coerentes com a missão, valores e sonhos da
organização; claras e de fácil entendimento; desafiantes, porém com os “pés no chão”; e
passíveis de controle.
27
Após as etapas de definição de objetivos e metas o Mapa Estratégico da
organização foi formulado. Uma cópia se encontra no Apêndice 1. O Mapa Estratégico do
BSC é um modelo que mostra como a estratégia liga os ativos tangíveis e intangíveis da
organização (KAPLAN e NORTON, 2004). Basicamente um Mapa Estratégico é formado por
quatro perspectivas, onde são expostos os objetivos da organização. A perspectiva
financeira apresenta as relações de causa e efeito onde ativos intangíveis são convertidos
em valor tangível. A perspectiva clientes demonstra a proposição de valor para o cliente. A
perspectiva dos processos internos relaciona os processos internos de criação de valor. Por
fim, a perspectiva de aprendizado e crescimento determina o grupamento de ativos e
atividades a serem integrados para criar valor.
Para cada objetivo e metas definidas são definidos indicadores responsáveis por
medir o desempenho nas organizações. No Mapa Estratégico da MRS, dentro da
perspectiva dos processos internos há o objetivo “Maximizar os Recursos à Disposição da
Produção”. Para este objetivo obtemos o indicador de “Produtividade de Recursos
(THP/THT)”. A meta para este indicador é de 30%, que será explicada mais tarde.
Planos de ação, com ações objetivas e claras, são formulados para o alcance dos
resultados. Um plano de ação para o indicador apresentado está expresso nos próximos
tópicos.
5 - O INDICADOR TREM HORA PARADO
Com o objetivo de identificar o real motivo das paradas dos trens, uma comissão com
representantes de diversas áreas envolvidas foi criada para revisar as atividades de Trem
Hora Parado. As atividades são os diversos motivos pelos quais os trens realizam paradas.
Os conceitos, responsáveis pela digitação e responsáveis pela gestão da atividade, estão
relacionados em um documento denominado Manual de Atividades de Trens. Atualmente
estão relacionadas no manual oitenta e duas atividades. A relação das atividades e os
respectivos responsáveis pela sua gestão se encontram no Apêndice 2.
A MRS faz intercâmbios com outras duas ferrovias, a FCA e a ALL. Na apuração do
indicador de Trem Hora Parado é considerada a circulação de trens da FCA e da ALL, que
utilizam a malha da MRS para escoar os seus produtos, sendo da mesma forma quando os
trens MRS utilizam a malha de outras ferrovias.
Antes de citar os critérios de apuração do THP, é importante relacionar algumas
siglas e definições para o melhor esclarecimento do indicador.
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Definições
THP (Trem Hora Parado): registro que identifica a realização de atividade por um trem.
Sempre que um trem é liberado e não está circulando, o tempo parado desse é associado a
um evento que caracteriza a realização de atividade ou o motivo da parada.
THT (Trem Hora Total): registro de todo o tempo de um trem, desde sua liberação até o seu
encerramento. É a soma do tempo de circulação e o tempo parado entre a liberação e o
encerramento do trem.
Critérios de Apuração
• Sempre que um trem ficar parado em pátio por tempo superior a 10 minutos, é
OBRIGATÓRIA a digitação da Atividade de THP correspondente;
• Os responsáveis pela digitação de Atividades de THP são o CCO e os Pátios
(PATE);
• THP nos pátios de origem só é contabilizado à partir da LIBERAÇÃO do trem;
• THP nos pátios de destino só é contabilizado até o ENCERRAMENTO do trem;
• Quando a parada do trem ocorrer entre pátios, a Atividade de THP será digitada
no pátio subsequente;
• Nos pátios onde o somatório das Atividades de THP digitadas for inferior ao
tempo de permanência do trem no pátio, essa diferença é considerar como
PARADO À DISPOSIÇÃO DA CIRCULAÇÃO (para pátios cuja digitação seja de
responsabilidade do CCO) ou PARADO À DISPOSIÇÃO DO PÁTIO (para pátios
cuja digitação seja de responsabilidade de pátios);
29
Capítulo IV
ANÁLISE DE DADOS E PLANO DE AÇÃO
1 – ANÁLISE DE DADOS
O Trem Hora Parado é um indicador operacional diretamente ligado à produtividade
dos recursos e ativos da companhia. Durante o ano de 2008 o THP foi um dos indicadores
que mais cresceram em termos de importância e relevância corporativa, sendo meta de
diversos gestores, incluindo a Diretoria de Operações, a principal responsável por maximizar
os recursos tangíveis da companhia. Devido a essa importância, o autor deste trabalho
percebeu uma grande oportunidade de melhorar a gestão de indicadores com o foco em
Trem Hora Parado.
Com o objetivo de apresentar um modelo de análise para o indicador, este trabalho
tem como foco principal criar métodos, utilizando ferramentas de qualidade e metodologias
de planejamento estratégico, que possibilitem a estruturação de uma metodologia adequada
às variabilidades que contornam os motivos pelo qual os trens realizam paradas (interrupção
da circulação). Dessa forma, antes de apresentar a análise dos dados coletados, é
importante apresentar e esclarecer o indicador de “Produtividade dos Recursos (THP/THT)”,
cuja fórmula segue abaixo:
No início do ano de 2008 um estudo estatístico, sobre os resultados de 2007 para o
indicador acima, foi realizado com o intuito de definir a nova meta a ser adotada durante o
ano vigente. Representada em porcentagem, esta meta reuniu a análise de diversos fatores
como: recursos disponíveis, demandas futuras, estratégias de posicionamento no mercado,
dentre outros. Sendo assim, após a apresentação dos resultados do estudo citado, a
Diretoria de Operações estipulou um percentual de 30% como meta a ser alcançada durante
o ano de 2008, sendo esta meta considerando os trens de Heavy Haul e de Carga Geral.
30
Figura 5: Evolução do THP/THT
Fonte: MRS Logística
Para a definição dos dados a serem coletados, considerou-se um período de seis
meses (abril de 2008 a setembro de 2008) para a coleta de dados, considerando apenas os
trens de Heavy-Haul, uma vez que estes são responsáveis pela maior parte da circulação
dos trens na malha e representam cerca de 84% da produção. Além disso, os trens de
Carga Geral possuem algumas particularidades como circulações programadas (respeitando
uma grade de horários pré-estabelecidos) e atividades mais regulares, fornecendo menor
impacto ao indicador de Produtividade de Recursos. O valor agregado aos produtos do
Heavy Haul também constitui justificativa relevante na definição de quais dados seriam
coletados.
Tabela 2: Dados coletados THP/THT
Fonte: Autor
A tabela 2 acima, demonstra que os dados coletados de THP e THT, para os trens
de Heavy Haull, comprovam a sua grande influência em relação à dispersão sobre a meta
de 30%. Uma estratificação dos dados se mostra relevante para identificar e distribuir os
dados segundo as atividades de THP. Esta estratificação se encontra no Apêndice 3.
Posteriormente à estratificação, as atividades foram classificadas em duas
categorias: atividades PADRÃO e atividade NÃO-PADRÃO. Atividades padrão são aquelas
em que é obrigatória a interrupção da circulação por de terminado motivo (atividade), já as
31
atividades não-padrão, não constituem essa obrigatoriedade. A classificação em duas
categorias é devido às particularidades de operação dos trens, uma vez que, manter uma
circulação contínua, sem muitas paradas, é um ponto bastante difícil de alcançar. Algumas
atividades se fazem necessárias para a manutenção da operacionalização das frotas.
Com o intuito de identificar o problema em relação à THP’s altos, foram utilizados
gráficos de Pareto para visualizar os reais motivos das paradas dos trens. Em primeiro plano
um gráfico de Pareto foi desenhado para mostrar os pesos de cada atividade em relação ao
total de THP (Apêndice 3). Em segundo plano as atividades foram separadas em dois
gráficos de Pareto segundo a classificação de PADRÃO e NÃO-PADRÃO (Apêndice 4). A
análise dos gráficos possibilitou a identificação de quais atividades são as maiores
responsáveis pelas variações de THP. Outro dado relevante é a identificação dos pesos
relativos em termos de atividade PADRÃO e NÃO-PADRÃO, sendo este último responsável
por cerca de 62% do total.
Como forma de se estipular uma metodologia, o trabalho apresenta uma análise
mais profunda para apenas uma atividade de cada categoria, porém, esse critério de análise
poderá ser estendido a cada atividade. Dessa forma as atividades “101 – Cruzar” (atividade
padrão) e a atividade “105 – Aguardar – Aguardando cliente” serão os focos de análise nos
próximos parágrafos.
Utilizando ainda o princípio de Pareto, as atividades destacadas anteriormente foram
estratificadas em Supervisões de Pátios e Terminais (denominação designada aos
responsáveis pela gestão das atividades por trecho – conjunto de pátios).
Tabela 3: THP por supervisão atividade 101 (Cruzar)
Fonte: Autor
32
Tabela 4: THP por supervisão atividade 105 (Aguardar – Aguardando Cliente)
Fonte: Autor
O desdobramento dos dados auxilia a identificação de quais trechos da malha estão
apresentando altos valores de trens parados. Os valores acima ilustrados são medidos em
frações de hora, utilizando como unidade de medida valores decimais.
Porém, a visualização dos dados acima apresentados não possibilita a identificação
de alguns parâmetros que possam influenciar negativamente em relação ao desempenho do
indicador. É necessário um aprofundamento da análise dos dados, com o objetivo de
identificar os pontos exatos que impactam para o aumento das paradas dos trens. Fazem
parte de tais parâmetros a identificação dos pátios que estão com valores acima do
esperado e a quantidade de trens que realizaram determinadas atividades contribuindo para
o aumento inesperado. A conceituação de “Tempo Ótimo” se faz necessário nesta etapa da
análise. Tempo ótimo é o tempo, estipulado através de estudos sobre otimização de
operações, considerado necessário para a realização de determinada etapa. Importante
ressaltar que o tempo ótimo é um estudo realizado apenas para as atividades consideradas
PADRÃO, uma vez que a máxima eficiência de circulação seria alcançada se nenhuma
atividade NÃO-PADRÃO fosse realizada (conceitualmente o “tempo ótimo” para estas
atividades seria zero). Neste trabalho iremos considerar como tempo ótimo o valor de trinta
minutos para a atividade “101 – Cruzar”.
As tabelas ilustradas abaixo possibilitam a identificação dos principais pátios com
tempos críticos (verificar localização dos pátios no desenho esquemático do Apêndice 5).
Foram levantados os três maiores valores em pátios para os três maiores valores de
supervisão separados por cada atividade estudada. Esta etapa constitui a finalização das
análises de dados, sendo viável neste momento a criação de planos de ação que viabilizem
a redução das variáveis que atuam sobre o indicador.
33
Tabela 5: Maiores THP’s por pátios (atividade 101)
Fonte: Autor
Tabela 6: Maiores THP’s por pátios (atividade 105)
Fonte: Autor
2 – PLANO DE AÇÃO
A elaboração de um plano de ação tem como objetivo promover a gestão estratégica,
auxiliando na tomada de decisão e no alcance dos objetivos estratégicos da organização.
Um plano de ação envolve diversos aspectos técnicos, administrativos e pedagógicos,
objetivando um equilíbrio entre responsabilidades individuais e compromissos coletivos. Os
planos de ação podem ser repletos de objetivos e estratégias desdobradas na missão da
organização. Sua elaboração é realizada através de formulários, constando as causas dos
problemas, as ações a serem tomadas, os responsáveis por cada, o prazo estipulado para
cada ação e observações, se forem necessárias. Metodologias para a construção de planos
de ação são difundidas, agindo como facilitadores de sua elaboração. Um exemplo muito
utilizado é a metodologia 5W2H, amplamente difundida para ferramentas da qualidade.
Segundo as análises realizadas no tópico anterior, foram identificados os principais
locais onde planos de ação devem ser implementados. A MRS possui um modelo de plano
de ação que segue os princípios do 5W2H. Abaixo está ilustrado um modelo de plano de
ação para as atividades analisadas anteriormente:
34
Figura 6: Modelo de Plano de Ação
Fonte: Autor
35
Capítulo V
CONCLUSÃO
O trabalho desenvolvido cumpriu com seu objetivo estabelecido, apresentando uma
metodologia de análise do indicador de Trem Hora Parado (THP), utilizando ferramentas de
gestão estratégica e ferramentas da qualidade, para a elaboração de um modelo de Plano
de Ação, listando algumas ações prováveis como oportunidade de melhoria.
Dessa forma, a implantação de um sistema que solucione as questões apresentadas
é passível de implantação, devendo ser proposto um estudo específico para essa tarefa,
uma vez que o problema na redução do Trem Hora Parado, com todos os trens e todos os
pátios da malha é de alta complexidade e necessita de um vasto número de informações
que devem ser explicitadas para sua correta introdução na metodologia proposta. Porém
este trabalho mostra que é possível tal implantação e que este é capaz de apresentar
soluções competitivas ao problema.
É interessante citar que o desenvolvimento de estudos desse nível é fundamental
para o aprimoramento do planejamento e controle em empresas dos diferentes ramos de
atuação, pois a análise estruturada permite a confiabilidade na apresentação da resposta
como a melhor possível, diferente da solução encontrada por meio de análises subjetivas
provenientes do raciocínio humano e de critérios subjetivos.
Um problema encontrado no desenvolvimento do estudo apresentado foi a
dificuldade em adequar uma metodologia que fosse abrangente e extensiva a todos os tipos
de produtos transportados pela companhia. Entretanto o estudo apresentado possui alto
potencial de implantação, podendo ser implementado de forma gradativa a todas as
unidades de controle da organização.
Dessa forma, conclui-se que o trabalho desenvolvido cumpriu com o escopo
delineado e proporcionou um aprendizado importante para o autor desse trabalho.
36
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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<http//:www.antf.org.br>. Acesso em: 25 out. 2008.
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Atlas, 2006.
DEPONTI, C. M.; ECKERT, C.; AZAMBUJA, J.L.B de; Estratégia para construção de
indicadores para avaliação da sustentabilidade e monitoramento de sistemas. Agroecologia
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JUNIOR, I. M. et al. Gestão da Qualidade. 8. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. 196 p.
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1997.
KAPLAN, R. S; NORTON, D. P. Mapas Estratégicos: convertendo ativos intangíveis em
resultados tangíveis. 7. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2004.
KAPLAN, R. S; NORTON, D. P. Organização Orientada para a Estratégia: como as
empresas que adotam o balanced scorecard prosperam no novo ambiente de
negócios. 11. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
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PORTER, Michael E. Estratégia Competitiva. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2004.
SLACK, Chambers e Johnston. Administração da Produção. 2. ed. São Paulo: Atlas,
2007.
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APÊNDICE 1 – MAPA ESTRATÉGICO
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APÊNDICE 2 – LISTA DE ATIVIDADES DE THP
RESPONSÁVEIS ATIVIDADES
CCO 101 - CRUZAR
CCO 102 - DAR PASSAGEM
CCO 103 - AGUARDAR - LICENÇA DE OUTRA FERROVIA
PATE 104 - AGUARDAR - PÁTIO CONGESTIONADO - MRS
PATE 105 - AGUARDAR - AGUARDANDO CLIENTE
PATE 106 - PESAR COMPOSICAO
GLE 107 - INSPECIONAR COMPOSIÇÃO
PATE 108 - LIBERAR TREM
PATE 109 - ABASTECER
GLE 110 - REVISTAR LOCOMOTIVAS
PATE 111 - ANEXAR LOCOMOTIVA
PATE 112 - ANEXAR VAGAO
PATE 113 - RETIRAR LOCOMOTIVA
PATE 114 - RETIRAR VAGAO
PATE 116 - CIRCULAR PARA TERMINAL / RETORNAR DO TERMINAL
CCO 118 - AGUARDAR - FAIXA DE OUTRA FERROVIA
PCO 119 - AGUARDAR - LOCO DE FRENTE OU EQUIPAGEM COMPLETA
GLE 120 - AGUARDAR ENLACE LOCOTROL
PATE 122 - ABASTECIMENTO DE AREIA
PATE 123 - ABASTECER - DIESEL
PCMM 124 - INSPEÇÃO PROGRAMADA DE COMPOSIÇÃO DE TREM
PATE 125 - AGUARDAR ACESSO PARA DESCIDA / SUBIDA CREMALHEIRA
PATE 126 - MANOBRA PARA RETIRAR ATIVOS COM DEFEITO/MARCADOS
PATE 127 - PROBLEMAS COM A CARGA NA ORIGEM
PCO 128 - AGUARDAR REFORÇO DE TRAÇÃO
PCO 129 - AGUARDAR PAT FORA DE GRADE
PSP 130 - AGUARDAR EQUIPE SEGURANÇA PATRIMONIAL
PSP 131 - VANDALISMO
PCME 132 - AGUARDAR DETECTOR DE DESCARRILAMENTO ACIONADO
CCO 133 - AGUARDAR CIRCULAÇÃO TREM A FRENTE
PSP 134 - AGUARDAR - OCUPAÇÃO INDEVIDA NA LINHA FERROVIÁRIA
PCME 135 - AGUARDAR - MANUTENÇÃO DA EE COM TEMPO EXCEDIDO
PCO 136 - AGUARDAR - PANE SECA
PCMM 137 - AGUARDAR - ABASTECIMENTO ÓLEO LUBRIFICANTE OU ÁGUA
PCME 138 - AGUARDAR - MANUTENÇÃO CONCEDIDA PARA EE
GLE 139 - AGUARDAR - APLICAÇÃO DE EMERGÊNCIA PELO MAQUINISTA
PCMM 140 - AGUARDAR - PAT MANUTENÇÃO DE VAGÕES MARCADOS
GLE 141 - AGUARDAR - FALTA DE AREIA
OUTRAS FERROVIAS 142 - AGUARDAR - PROBLEMAS COM TRENS DE OUTRAS FERROVIAS NA MRS
PATE 143 - AGUARDAR PARA ABASTECER AREIA
PATE 144 - AGUARDAR PARA ABASTECER DIESEL
PATE 145 - AGUARDAR PARA PESAR COMPOSIÇÃO
OUTRAS FERROVIAS 146 - AGUARDAR PROBLEMAS NA MALHA DE OUTRA FERROVIA
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PATE 147 - REPOSICIONAR VEICULOS NA COMPOSIÇÃO
CCO 148 - TREM ATRASADO AGUARDA PÁTIO
PCMM 149 - AGUARDAR PROBLEMA EM EOT
GLE 199 - OUTROS PROBLEMAS COM A EQUIPAGEM
GLE 200 - EQUIPAGEM NÃO ATENDE RÁDIO
GLE 201 - EQUIPAR / TROCAR EQUIPAGEM
GLE 202 - AGUARDAR - FALTA DE EQUIPAGEM
PATE 203 - AGUARDAR - HORARIO DE GRADE
CCO 204 - AGUARDAR - PRIORIDADE DE CIRCULAÇÃO - CCO
PATE 208 - AGUARDAR - LOTAÇÃO
PATE 209 - AGUARDAR - DOCUMENTAÇÃO / DESPACHO.
PATE 211 - CIRCULAÇÃO NO PÁTIO
PATE 212 - MANOBRA DE OUTRO TREM
PCME 301 - AGUARDAR - FALHA SINALIZAÇÃO
PCME 302 - AGUARDAR - FALHA OU FALTA DE ENERGIA
PCME 303 - AGUARDAR - FALHA DE COMUNICAÇÃO DE RÁDIO
PCME 304 - AGUARDAR - FALHA DO OMNISAT
PCME 305 - AGUARDAR - HOT- BOX / HOT - WHEEL
PCME 306 - OBRAS NA SINALIZAÇÃO-TELECOMUNICAÇÃO-ENERGIA
PCME 307 - DEFEITO SINALIZAÇÃO EM OUTRA FERROVIA
PCMV 401 - AGUARDAR - MANUTENÇÃO CONCEDIDA NA VIA
PCMV 402 - AGUARDAR - MANUTENÇÃO DA VIA COM TEMPO EXCEDIDO
PCMV 403 - AGUARDAR - TRILHO QUEBRADO
PCMV 404 - DIMINUIR VELOCIDADE - RESTRIÇÃO DE VELOCIDADE DA VIA
PCMV 405 - AGUARDAR - OUTROS PROBLEMAS DA VIA
ACDT 501 - AGUARDAR - ACIDENTE COM TRENS
ACDT 502 - AGUARDAR - ABARROAMENTO EM PASSAGEM DE NÍVEL
ACDT 503 - AGUARDAR - ATROPELAMENTO
GLE 504 - AGUARDAR - ACIDENTE COM EMPREGADO
PCMM 601 - AGUARDAR - DEFEITO DE LOCOMOTIVA
PCMM 602 - AGUARDAR - FALTA DE LOCOMOTIVA
CCO 603 - AGUARDAR - AUXILIO DE TRACAO
GLE 604 - ANEXAR AUXÍLIO
PCMM 605 - AGUARDAR - DEFEITO DE LOCO TREM À FRENTE
PCMM 701 - AGUARDAR - DEFEITO DE VAGÃO
PCMM 705 - AGUARDAR - DEFEITO DE VAGÃO TREM À FRENTE
CCO 000 - PARADO A DISPOSIÇÃO DA CIRCULAÇÃO
PATE 000 - PARADO A DISPOSIÇÃO DO PÁTIO
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APÊNDICE 3 – GRÁFICO DE PARETO POR ATIVIDADE
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APÊNDICE 4 – GRÁFICOS DE PARETO: ATIVIDADES PADRÃO E NÃO-PADRÃO
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APÊNDICE 5 – DESENHO ESQUEMÁTICO: MALHA MRS