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Presidente Prudente - SP, 24-26 de julho de 2017 IV Simpósio Brasileiro de Geomática – SBG2017

II Jornadas Lusófonas - Ciências e Tecnologias de Informação Geográfica - CTIG2017 p. 047-053

B. D. Yamanaka; D. B. Gonçalves; F. C. Saula; L. A. S. Nogueira; M. D. M. Miura, J. A. P. Sousa; E. R. N. Lopes;R. W. Lourenço

AVALIAÇÃO DAS NASCENTES DE

UMA SUB BACIA DO RIO PIRAJIBÚ-MIRIM,

SOROCABA, SÃO PAULO

BRUNO DUARTE YAMANAKA

DANIELE CARNEIRO BRAGA GONÇALVES

FRANCIELLY CRISTINE SAULA

LUCAS AUGUSTO SILVA NOGUEIRA

MATEUS DAISUKE DE MORAES MIURA

JOCY ANA PAIXÃO DE SOUSA

ELFANY REIS DO NASCIMENTO LOPES

ROBERTO WAGNER LOURENÇO

Universidade Estadual Paulista - Unesp

Instituto de Ciência e Tecnologia de Sorocaba - ICTS

Departamento de Engenharia Ambiental - SP

[email protected]; [email protected]; [email protected];

[email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected];

[email protected]

RESUMO - Os recentes problemas hídricos de abastecimento populacional incentivaram o

desenvolvimento de manejos de bacias hidrográficas baseado na conservação dos seus atributos

ambientais. Na cidade de Sorocaba, a Bacia Hidrográfica do rio Pirajibú-Mirim contribui com 10% do

abastecimento local, sendo primordial o monitoramento das áreas hídricas de seus limites. Este trabalho

teve por objetivo analisar a ocupação das áreas de preservação permanente das nascentes de uma sub

bacia do rio Pirajibú-Mirim e a qualidade da água de uma nascente local. O mapeamento foi realizado

utilizando ortofotos em formato digital resultante do sobrevoo de 2010/2011, onde se procedeu a

interpretação visual e as faixas marginais de preservação permanente nas nascentes foram determinadas

conforme o Plano Diretor Ambiental de Sorocaba. A qualidade da água foi realizada através dos

aparelhos multiparâmetro, oxímetro e termômetro. O uso do solo e cobertura vegetal apresentou um total

de dez classes, cujas áreas de pastagem, área urbana e matas destacam-se pela presença ao longo de toda a

área. Apesar de não haver regularidade com relação as Áreas de Preservação Permanente (APP’s)

conforme o Plano Diretor exige, a qualidade da água evidenciou-se como boa.

Palavras chave: Qualidade de água, APP’s, Uso do solo, Cobertura Vegetal.

ABSTRACT – The recent water supply problems have encouraged the development of river basin

management based on its environmental attribute conservation. The Hydrographic Basin of the Pirajibú-

Mirim river, in the city of Sorocaba, contributes with 10% of the local supply, being essential the

monitoring of the water areas of its limits. This work’s objective was to analyze the occupation of the

permanent preservation areas of the headwaters of a subbasin of the Pirajibú-Mirim river and the water

quality of a local headwater. The mapping was carried out using orthophotos in a digital format resulting

from the 2010/2011 flyover, where the visual interpretation was proceed and the marginal bands of

permanent preservation at the headwaters were determined according to the Sorocaba’s Environmental

Master Plan. The water quality was performed through the multi-parameter device, oximeter and

thermometer. Soil use and vegetal cover presented ten classes, whose pasture areas, urban areas and

forests stand out for their presence throughout the area. Although there is no regularity regarding the

Permanent Preservation Areas (PPA’s) as required by the Master Plan, the water quality has been shown

to be good.

Keywords: Water Quality, PPA’s, Soil use,Vegetal Coverage

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IV Simpósio Brasileiro de Geomática – SBG2017

II Jornadas Lusófonas - Ciências e Tecnologias de Informação Geográfica - CTIG2017

B. D. Yamanaka; D. B. Gonçalves; F. C. Saula; L. A. S. Nogueira; M. D. M. Miura, J. A. P. Sousa; E. R. N. Lopes;R. W. Lourenço

1 INTRODUÇÃO

As bacias hidrográficas são visualizadas como uma

unidade de organização de recursos hídricos dentro de um

mesmo espaço, agrupadas por semelhança em estrutura

geológica-geomorfológicas e condições climáticas. Tem-

se notado a importância recorrente de considerá-las como

base de planejamento e gestão de recursos hídricos e

ambientais. Associado a esse fator, a preocupação com a

possível falta de água para o abastecimento populacional

e a busca por um ordenamento territorial urbano têm

impulsionado um manejo de águas, sendo tal comandado

pela Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), que

sistematiza o uso e a ocupação de territórios das bacias

(CARVALHO, 2014).

Em termos de gerenciamento de bacias

hidrográficas, o Sistema de Informações Geográficas

(SIG) tem apresentado relevante destaque para

manipulação de dados espaciais e avaliações de

parâmetros (FINOTTI et. al, 2011). Através do SIG, é

possível a manipulação, tratamento e análise de

informações especializadas, garantindo efetivo auxílio na

gestão territorial de áreas, incluindo o monitoramento de

uso ilegal de agrotóxicos, análise de água e a avaliação de

Área de Preservação Permanente (APPs) existentes (SÁ et

al. 2010).

No tocante ao monitoramento de APPs, a análise

de nascentes é crucial para compreender como o curso

inicial dos afluentes e do rio principal de uma bacia

encontram-se. Permite também, uma análise qualitativa de

como os dois corpos d’água têm sido utilizados pela

população local, constatando a evolução do uso do solo

nestes locais (CORRÊA, et al., 2016).

O diagnóstico da situação de APPs de nascentes

proporciona, portanto, um monitoramento e fiscalização

de atos ilegais de uso da área para fins econômicos ou

ocupacionais que vão contra a legislação ambiental

(COUTINHO et al., 2013). De acordo com o Código

Florestal Brasileiro (Lei n° 12.651 de 15 de maio de

2012), essas áreas devem ser submetidas à proteção,

coberta ou não por vegetação nativa, visando preservar os

recursos hídricos, a paisagem, entidades geológicas, a

flora, fauna, o solo e o bem-estar da população humana

(BRASIL, 2012).

Além do Código Florestal, a cidade de Sorocaba,

ainda atribui destaque para a conservação das áreas de

APPs, segundo a Lei Municipal n° 11.002, de 16 de

dezembro de 2014 que institui o Plano Diretor Ambiental

(SOROCABA, 2014). No Plano, há a normativa de

criação das faixas de proteção da vegetação ao longo do

Pirajibu-Mirim, delimitando 60 m de largura no trecho

entre a nascente até a foz com do Rio, excetuando os

trechos entre as coordenadas UTM (Fuso 23S, DATUM

Sirgas 2000): 258.628,331 e 7.398.473,266 (cruzamento

com a rua Maria Augusta Silva) e 256.149,560 e

7.400.918,737 (ponte na rodovia Celso Charuri), pois são

áreas já urbanizadas

(SOROCABA, 2014)

Neste sentido, medidas de investigação ao longo

do rio Pirajibú-Mirim têm se mostrado necessárias, já que

estudos comprovaram que, somente em 2014, o rio

apresentou 538 µS/cm de condutividade e 1,6 ppm de

oxigênio dissolvido, dados que refletem o impacto de

despejo de esgotos domésticos e industrias nestas águas

(SÃO PAULO, 2014).

O estudo objetivou analisar a ocupação das áreas

de preservação permanente das nascentes de uma sub

bacia do rio Pirajibú-Mirim e a qualidade da água de uma

nascente local.

2 METODOLOGIA

2.1 Área de Estudo

A bacia hidrográfica do rio Pirajibú-Mirim

encontra-se localizada no município de Sorocaba, no

Estado de São Paulo, sendo um importante recurso

hídrico para a região, servindo de fonte de abastecimento

de 10% da população da cidade (CORRÊA, et. al., 2016).

A área referente ao estudo corresponde a um

trecho da região leste da bacia do rio Pirajibú Mirim

(Figura 1).

Figura 1 - Localização da área de estudo

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A vegetação local é uma área de Mata Atlântica e

seu clima é caracterizado por chuvas no período do verão

e invernos bem secos (PREFEITURA SOROCABA,

2014).

2.2 Métodos

2.2.1 Base Cartográfica

Para os procedimentos iniciais foi construída

uma base cartográfica derivada da carta topográfica do

município de Sorocaba, originária do Instituto Geográfico

e Cartográfico (IGC). Os dados foram obtidos

gratuitamente em formato digital da infraestrutura de

dados espaciais ambientais do Estado de São Paulo

(DATAGEO) (IGC, 1979; DATAGEO, 2016).

Realizou-se a vetorização no software AutoCad

das informações planimétricas (rodovias, ferrovias,

estradas, hidrografia, lagos) e os vetores foram exportados

para o software ArcGis 10.3.

2.2.2 Mapeamento do uso do solo e da cobertura

vegetal

O mapeamento foi realizado utilizando ortofotos

em formato digital resultantes do sobrevoo de 2010/2011,

onde se procedeu a interpretação visual e a edição manual

de vetores para as diferentes classes identificadas.

A intepretação visual requer que o usuário proceda

a classificação dos usos com base na identificação dos

elementos que compõem a superfície terrestre, feições

através da forma, textura, localização e tonalidade

(PANIZZA; FONSECA, 2011).

A interpretação foi confirmada por atividades de

observações em campo, com auxílio de receptor GPS e

câmera digital, onde se procedeu a checagem dos usos

identificados e dos limites entre as classes de uso, sendo

feitas correções das classes quando necessário.

2.2.3 Delimitação das nascentes e APPs

As nascentes foram identificadas por rotina de

processamento no ArcGis 10.3, utilizando o comando

Feature to vertices. Em seguida, foram realizadas as

faixas marginais de preservação permanente de 60 metros

de todas as nascentes, conforme previsto pelo Plano

Diretor Ambiental de Sorocaba (SOROCABA, 2014).

2.2.4 Delimitação dos usos nas APPs

O uso do solo e cobertura vegetal na nascente

foram delimitados a partir da intersecção entre os vetores

das faixas marginais e o uso do solo e cobertura da área

mapeada.

2.2.5 Avaliação de parâmetros de qualidade da água

Para fins de avaliação in situ, foi delimitada uma

nascente denominada como ponto P1 para analisar os

parâmetros de qualidade de água, cuja coordenada na

projeção plana UTM e DATUM Sirgas 2000 23S está

apresentada na Tabela 1.

Tabela 1 - Coordenada da nascente escolhida.

Nascente (P1) Leste (E) Norte (N)

256204 7403983

Posteriormente, foram avaliados in situ mais dois

pontos, P2 e P3 à jusante, visto que a localização exata

das mesmas teve seu acesso inviabilizado.

Foram coletadas amostras de água através de

béqueres diretamente no local, mensurando os seguintes

parâmetros: qualidade da água à partir da análise de

condutividade elétrica, pH, oxigênio dissolvido e

temperatura. Para os procedimentos utilizou-se um GPS

para deslocamento até o curso d’agua inicial das

nascentes, aparelho condutivímetro, pHmetro e um

oxímetro, tomando-se os resultados indicados pelos

aparelhos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O uso do solo e a cobertura vegetal do trecho

avaliado podem ser observados na Figura 2.

O uso apresentou um total de dez classes, cujas

áreas de pastagem, área urbana e matas destacam-se pelos

maiores percentuais ao longo da área. A alta presença de

pastagem reflete o uso no entorno da bacia do rio

Pirajibú-Mirim para atividade agropastoril, com criação

de animais de médio e grande porte, fato observado ao

longo de todo o trabalho de campo e das áreas adjacentes.

As áreas que compõem as matas apresentam-se

mais evidentes e conservadas ao longo dos cursos d’agua,

o que pode ser reflexo da conscientização da população e

dos proprietários rurais para a conservação dos recursos

hídricos locais.

Foram identificadas 55 nascentes em toda a sub

bacia estudada. O uso do solo e a cobertura vegetal

presentes nestas nascentes estão apresentados na Figura 3.

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Figura 2 – Uso do solo e cobertura vegetal.

Figura 3 – Uso do solo e cobertura vegetal nas APPs das

nascentes.

Observando o mapa, percebe-se a predominância

da pastagem, a área urbana e uma pequena parcela

composta por matas. Vale destacar que ao menos 25

faixas de APPs de nascentes encontram-se

exclusivamente ocupadas com pastagem, reforçando o

estado de degradação que estes locais encontram-se

submetidos, podendo até mesmo extingui-la. Somente 2

áreas de nascentes possuem ocupação total de matas,

sendo estas as mais preservadas ao longo de toda a sub-

bacia analisada.

Na nascente avaliada in situ, seu uso é

caracterizado pela presença de matas, edificações urbanas

e pastagem, sendo esta última a que compõe o maior

percentual de ocupação (60%). A presença de uma

rodovia próxima à nascente estudada pode explicar o

crescimento agrícola e urbano no local.

A mata nativa tende a ser uma parcela cada vez

menor se não houver uma fiscalização por parte do poder

público, visto que a mesma vem sendo suprimida para a

expansão de áreas de pastagem, prática cada vez mais

comum na região e evidenciada também pelo crescimento

do uso para fins agrícolas.

A nascente estudada encontrava-se muito próxima

à propriedade, estando o ponto P1 com um raio de

cobertura vegetal de apenas 5m (Figura 4). Ao longo da

nascente, a vegetação apresentou-se mais densa, como

evidencia o ponto P2, com um raio de 25m de APP

(Figura 5) e o ponto P3 com raio de 45m de APP (Figura

6).

Figura 4 - Ponto P1.

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Figura 5 – Ponto P2.

Figura 6 - Ponto P3.

O local no geral apresentou-se muito úmido. Após

os 25m do ponto P2, na direção norte, o local apresentou

uma voçoroca seguida por uma área agrícola, submetendo

o recurso hídrico a lixiviação e erosão do solo.

A análise dos parâmetros de qualidade de água

pode ser observada na Tabela 2.

Tabela 2 – Análise dos parâmetros nos pontos estudados.

Ponto Cond. (µS/cm) OD

(mg/L) pH Temp. (ºC)

P1 0,148 4,57 6,5 26,5

P2 0,047 5,61 6,9 26,9

P3 0,244 5,69 7,2 27,5

Legenda: Cond. – Condutividade (caráter elétrico de um

material, medido em µS/cm), OD – Oxigênio Dissolvido

(concentração de oxigênio contido na água, medida em

mg/L), pH (indica a acidez ou basicidade de uma solução

aquosa) e Temp – Temperatura (valor estatístico do nível

de agitação das moléculas, medida em ºC).

A Resolução CONAMA 357/2005 dispõe sobre a

classificação dos corpos d’água e diretrizes ambientais

para os seus enquadramentos, estabelecendo condições e

padrões de efluentes, sendo esta utilizada para a

comparação dos resultados obtidos. Sua classificação

baseia-se na destinação que a água poderá ter de acordo

com a sua qualidade (CONAMA, 2005).

As classes estabelecidas na legislação podem variar de

I a IV, sendo que uma água de classe I representa a

melhor qualidade. Por tratar-se de uma nascente, espera-

se valores que a enquadre na classe I, visto que não

deveria ter sofrido alterações, principalmente por ações

antrópicas (CONAMA, 2005).

A condutividade elétrica é um parâmetro

diretamente proporcional à temperatura, sendo seu valor

indicativo de carga mineral, inferindo características da

geologia local ou lançamento de alguma fonte poluidora.

Os valores identificados, nos pontos amostrados,

para a condutividade elétrica são inferiores ao limite,

sendo considerados bons. O valor normal para fontes de

águas doces deve ser inferior 2000 µS/cm, sendo que

valores acima podem indicar poluição (ALVES, 2016).

Em relação ao oxigênio dissolvido, muitos fatores

podem interferir na sua presença, dentre eles a

temperatura, a velocidade, o fluxo, a altitude, a

quantidade de matéria em suspensão, a quantidade de

nutrientes, a profundidade, a arborização e,

principalmente, a poluição. Na área, como trata-se de uma

nascente, muitos destes fatores não estão presentes,

enquadrando as amostras nas classes III (P1, valores entre

4 e 5 mg/L) e II (P2 e P3, valores entre 5 e 6 mg/L).

As águas de classe II são destinadas ao

abastecimento para consumo após um tratamento simples,

à recreação de contato primário, à irrigação e à proteção

de comunidades aquáticas. Já as águas de classe III são

destinadas ao consumo após um tratamento convencional,

à recreação de contato primário, à irrigação, à aquicultura,

à pesca e à proteção de comunidades aquáticas. Neste

caso, os pontos P2 e P3 referem-se aos trechos mais

distantes da nascente, revelando que interferentes

antrópicos já podem alterar a condição do curso d’agua

assim que deixam a nascente.

Por fim, o pH das águas deve estar o mais próximo

do neutro (valor 7). De acordo com o CONAMA

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357/2005, este deve estar entre 6 e 9 para corpos d’água

de classe I. No local, todos os pontos enquadraram-se

como neutros.

Apesar de não haver as regularidades de uso

conforme o Plano Diretor e o Código Florestal exigem, a

qualidade da água evidenciou-se como boa. O ponto P3,

por estar mais exposto, apresentou valores de

condutividade, oxigênio dissolvido, pH e temperatura

maiores, revelando uma maior alteração nos parâmetros,

comparado ao P1 e ao P2 refletindo-o como o ponto de

maior degradação de qualidade da água.

Ao identificar tais impactos, faz-se necessário

realizar medidas de conservação, recuperação e

preservação. Manfredini (2015) relatou a necessidade de

elaboração/introdução de medidas de conservação e

preservação na área do rio Pirajibu-Mirim.

A recuperação das áreas de APPs pode ser

realizada por uma série de medidas. Uma ação inicial

seria realizar trabalhos de educação ambiental com a

população, a fim de conscientizá-la sobre a importância

da manutenção da vegetação no entorno de recursos

hídricos, especialmente em nascentes.

Um método de monitoramento e conservação pode

ser o Cadastro Ambiental Rural (CAR), que tem por

finalidade integrar as informações ambientais referentes à

situação das APPS, Reservas Legais, dos remanescentes

de vegetação nativa, das áreas de uso restrito e

consolidação das propriedades rurais do país (BRASIL,

2012).

A resolução n° 429/2011 também dispõe sobre a

metodologia de recuperação das APPs, indicando a

recuperação voluntária destas áreas consideradas de

interesse social pelo Código Florestal atual, devendo

priorizar a manutenção das espécies nativas, dispensando

autorização do órgão ambiental (CONAMA, 2011;

BRASIL, 2012).

Para realizar a condução da regeneração natural de

APPs é necessário minimizar o uso agrícola ou pecuário

da área e permitir o desenvolvimento das plantas nativas

espontaneamente ou por implantação de reflorestamento.

A área de regeneração deverá ser protegida evitando

incêndios, atividade de caça, invasão de espécies

invasoras, erosão, entre outros, preservando a

biodiversidade. Este método tem como pontos positivos a

simplicidade de aplicação e o baixo custo.

Algumas medidas de manejo agroflorestal

sustentável praticadas em pequenas propriedades rurais

familiares também podem ser aplicadas desde que

observem o preparo do solo, o controle de erosão, a

recomposição e a manutenção da flora nativa, entre

outros.

A nível municipal, uma atitude visando esta

preservação já foi tomada. A Prefeitura de Sorocaba

iniciou um projeto de um parque natural em Brigadeiro

Tobias, localizado dentro da bacia do rio Pirajibu-Mirim,

englobando as APPs da área (SOROCABA, 2014).

4 CONCLUSÃO

A área avaliada apresenta-se com maiores

extensões de pastagem e área urbana. As matas

encontram-se presentes ao longo dos cursos d’agua,

auxiliando a conservação dos recursos hídricos. As APPs

de nascentes apresentaram um uso do solo fortemente

antrópico, com predominância de pastagens.

A qualidade da água da nascente avaliada é

satisfatória com relação aos parâmetros analisados, sendo

o ponto P3 o de menor qualidade hídrica. A avaliação da

qualidade da água realizada é superficial, mas indica a

presença de poluição local a medida que o curso se

distanciou da nascente, devendo estudos mais abrangentes

serem realizados para a caracterização hídrica local.

Ainda assim, deve-se ressaltar a importância da

preservação das APPs, tendo em vista que parte do

entorno dessas áreas é agrícola e urbanizada, podendo

aumentar o nível de degradação por ações antrópicas.

AGRADECIMENTOS

Ao Laboratório de Geoprocessamento e

Modelagem Matemática Ambiental.

REFERÊNCIAS

ALVES, L. S. Desenvolvimento de Medidor de

Condutividade Elétrica da Água para Fins de

Monitoramento Ambiental. Trabalho de Diplomação em

Engenharia Física, Universidade Federal do Rio Grande

do Sul (UFRGS). Porto Alegre, 2016. Disponível em: < http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/150061

/001005224.pdf?sequence=1>. Acesso em: 09 jun. 2017.

BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe

sobre a proteção da vegetação nativa. Diário Oficial [da]

República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 28 mai.

2012. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-

2014/2012/lei/l12651.htm >. Acesso em: 21 nov. 2016.

CARVALHO, R. G. As Bacias Hidrográficas Enquanto

Unidades de Planejamento e Zoneamento Ambiental

no Brasil. Caderno Prudentino de Geografia, Presidente

Prudente, v. especial, n. 36, p. 26-43. 2014. Disponível

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<http://revista.fct.unesp.br/index.php/cpg/article/view/317

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CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente).

Resolução n° 357/05. Estabelece a classificação das

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Brasília, SEMA, 2005.

CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente).

Resolução nº 429, de 28 de fevereiro de 2011. Dispõe

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