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AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DÉRMICA AGUDA DE EXTRATOS DA PLANTA

Acca sellowiana

Suzana JUST1, Leonel Rosa FRIGO1, Gabriella MACHADO2, Alexandre Meneghello FUENTEFRIA2, Mário Lettieri

TEIXEIRA3 1Discente Curso de Medicina Veterinária IFC-Campus Concórdia; 2Programa de Pós Graduação em Microbiologia Agrícola e

do Ambiente (UFRGS); 3Orientador IFC-Campus Concórdia.

Introdução

Pertencente à família Myrtaceae, Acca sellowiana (O.Berg) Burret é uma planta nativa

da América do Sul, em regiões de clima subtropical como o estado do Rio Grande do Sul, no

Brasil. Alguns dos seus componentes, tais como terpenos e compostos fenólicos, têm

atividade antifúngica quando avaliada isoladamente. Frutas frescas de A. sellowiana (nomes

comuns: feijoa, abacaxi e goiaba Guavasteen) é apreciado pelo seu sabor característico, que é

semelhante ao da goiaba. Além disso, há uma grande variedade de produtos fabricados com a

fruta, particularmente na região da Austrália, sob a forma de xarope, geleias, bebidas e frutas

cristalizadas (Ruberto e Tringali, 2004). Estudos anteriores descobriram que seus frutos têm

grandes quantidades de terpenos, taninos, saponinas e flavonóides. Além disso, extratos

cetônicos dos frutos de A. sellowiana possuem antibacteriana, antioxidante e atividade anti-

cancro in vitro (Vuotto et al., 2000). Apesar de existirem estudos que avaliem as atividades de

composição e biológicos de frutos de A. sellowiana, pouco se sabe sobre as outras partes da

planta, como folhas.

Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar, de forma preliminar, as propriedades

citotóxicas do extrato bruto de folhas (EBF) de A.sellowiana por meio do teste de toxicidade

dérmica aguda.

Material e Métodos

Exemplares de A. sellowiana foram recolhidos da mata da região, sendo realizada a

identificação botânica por meio de excicata. Os extratos foram preparados à base de folhas e

submetidos ao processo de extração por maceração. O solvente (etanol:acetona – 50:50) foi

evaporado em rotavapor e o resíduo ressuspendido em meio liquido RPMI 1640 na

concentração de 1 mg/mL.

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Para o estudo de toxicidade dérmica aguda foi utilizado pele de orelha de suínos. Este

pele foi obtida a partir de animais abatidos de acordo com as normas do Ministério da

Agricultura, respeitando o bem-estar animal (Brasil, 2013). Os pêlos foram cuidadosamente

retirados por um aparador elétrico. As amostras de pele foram montadas em células de difusão

de Franz (Logan Instrument Corp., NJ, EUA) com a área de difusão de aproximadamente 1,75

cm2. O lado epidérmico da pele foi exposto a uma solução tampão PBS pH 7,0 (controle

negativo) por um período de 24 horas. O extrato de folhas de A. sellowiana na concentração

de 1 mg/mL foi colocado em contato com o lado epidérmico da pele por um período de 24

horas. Todos os testes foram realizados em triplicata. Após este período estas amostras de

tecido epitelial foram submetidos a avaliação histopatológica, as quais foram coradas com

hematoxilina-eosina e observadas por microscopia óptica com aumento de 100x e 400x

(Obatomi et al., 1998).

Resultados e discussão

O resultado da avaliação histopatológica de pele de orelha de suínos incubadas com

extrato liofilizado de A. sellowiana não mostrou lesões microscópicas (Figura 1).

A ausência de alterações histopatológicas em tecidos tratados com extrato liofilizado

de A. sellowiana era esperado, devido ao uso popular dessa planta na Austrália para o

tratamento de lesões de pele. Diferentes níveis de citotoxicidade podem estar relacionados

com os parâmetros bioquímicos das células envolvidas, como a composição da membrana de

plasma e a atividade metabólica, do tempo de exposição ao agente tóxico, ensaio de

toxicidade usado, o meio utilizado para aplicar os extratos, e também o grau de purificação

dos extratos (Papo e Shai, 2005; Maher e McClean, 2006).

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Figura 1. Avaliação histopatológica de pele de orelha de suíno tratada com extrato de Acca

sellowiana e tratada com solução tampão PBS pH 7,0 (controle negativo em aumentos de 100

e 400 vezes de magnitude. 1A. Células epiteliais de orelha de suínos tratadas com tampão

PBS pH 7,0 em aumento de 100 vezes de magnitude. 1B. Células epiteliais de orelha de

suínos tratadas com extrato de folhas de A. sellowiana (concentração de 1 mg/mL) em

aumento de 100 vezes de magnitude. 2A. Células epiteliais de orelha de suínos tratadas com

tampão PBS pH 7,0 em aumento de 400 vezes de magnitude. 2B. Células epiteliais de orelha

de suínos tratadas com extrato de folhas de A. sellowiana (concentração de 1 mg/mL) em

aumento de 400 vezes de magnitude.

Conclusão

Ao término desta pesquisa, constatou-se que o extrato de folhas de A. sellowiana não

apresentou um potencial efeito citotóxico em tecido epitelial de suínos. As perspectivas deste

trabalho remetem a identificação e caracterização físico-química deste(s) composto(s)

presentes nas folhas, além de mais testes confirmatórios para a avaliação de toxicidade.

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Referências

BRASIL. Ministério da agricultura. Instrução Normativa nº 3/2000. Aprova Regulamento

Técnico de Métodos de Insensibilização para Abate Humanitário de Animais de

Açougue. 2013.

MAHER, S.; MCCLEAN, S. Investigation of the cytotoxicity of eukaryotic and prokaryotic

antimicrobial peptides in intestinal epithelial cells in vitro. Biochemistry Pharmacology, v.

71, p. 1289-1298, 2006.

OBATOMI, D. K.; BRANT, S.; ANTHONYPILLAI, V.; BACH, P. H. Toxicity of

atractyloside in precision-cut rat and porcine renal and hepatic tissue slices. Toxicology and

Applied Pharmacology, v. 148, p. 35-45, 1998.

PAPO, N.; SHAI, Y. Host defense peptides as new weapons in cancer treatment. Cellular

and Molecular Life Sciences, v. 62, p. 784-790, 2005.

RUBERTO, G.; TRINGALI, C. Secondary metabolites from the leaves of Feijoa sellowiana

Berg. Phytochemistry, v. 65, p. 2947-2951, 2004.

VUOTTO, M. L.; BASILE, A.; MOSCATIELLO, V. Antimicrobial and antioxidant

activities of Feijoa sellowiana fruit. International Journal of Antimicrobial Agents, v. 13,

p. 197–201, 2000.


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