Download - Aula 12 Criminologia
Direito Penal – POLÍCIA FEDERAL (2013) DELEGADO DA POLÍCIA FEDERAL
Teoria e exercícios comentados Prof. Renan Araujo – Aula 12
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AULA 12: CRIMINOLOGIA: ESCOLAS PENAIS,
CORRENTES CRIMINOLÓGICAS, VITIMOLOGIA.
SUMÁRIO PÁGINA
Apresentação da aula e sumário 01
I – Criminologia 02
Questões para praticar 15
Questões comentadas 18
Gabarito 25
Olá, meus amigos concurseiros!
Primeiramente, peço desculpas pela alteração na data de
postagem da aula.
Na aula de hoje vamos estudar um pouco sobre Criminologia,
passando pelas principais correntes criminológicas clássicas e
contemporâneas.
Esta é uma matéria meio “negligenciada” em concursos, motivo
pelo qual temos poucas questões em nossa aula de hoje.
Como é nosso último encontro, desejo a TODOS UMA
EXCELENTE PROVA!
Bons estudos!
Prof. Renan Araujo
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CRIMINOLOGIA
CONCEITO
A origem da palavra Criminologia é comumente atribuída a
Raffaele Garofalo, que com ela intitulou sua principal obra. Consta,
porém, que tal vocábulo já tinha sido utilizado antes, na França, por
Topinard. A criminologia é uma ciência social, ligada à Sociologia.
A criminologia estuda:
1 - As causas da criminalidade;
2 - As manifestações e os efeitos da criminalidade; e
3 - A política a opor, assistencialmente, à etiologia da
criminalidade, suas manifestações e seus efeitos.
Podemos assim defini-la: Uma área do conhecimento que estuda o
fenômeno e as causas da criminalidade, a personalidade do infrator e sua
conduta, e a maneira de ressocializá-lo (se é que isso é possível).
ESCOLAS PENAIS
Longe da uniformidade, o pensamento jurídico-penal orienta-se por
filosofias jurídicas chamadas de Escolas Penais. Mesmo a aceitação da
denominação de Escola Penal não é unânime.
Assim, João Mestieri conceitua Escola Penal como: "(...) o elenco de
soluções típicas do problema penal abrangendo-o em todos os seus
aspectos principais, quais sejam: o delinquente, a responsabilidade penal,
o crime e a pena".
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Temos como principais Escolas:
Escola Clássica: Também chamada idealista, filosófico-jurídica,
crítico-forense etc., é individualista e liberal, considerando o
crime fenômeno jurídico e a pena, meio retributivo. Os
clássicos são contratualistas e racionalistas.
Para a Escola Clássica, a pena é um mal imposto ao indivíduo que
merece um castigo em razão de uma falta considerada crime, que
voluntária ou conscientemente, cometeu.
Escola Positiva: É determinista e defensivista, encarando o
crime como fenômeno social e a pena como meio de defesa
da sociedade e de recuperação do indivíduo. Chama-se
positiva, não porque aceite o sistema filosófico derivado de Comte,
porém, pelo método.
Para esta Escola o crime é um fenômeno natural e social, e a pena
meio de defesa social. Enquanto os clássicos aceitam a
responsabilidade moral, para os positivistas todo homem é
responsável, porque vive e enquanto vive em sociedade
(responsabilidade legal ou social).
Escola Intermediária: Em meio aos extremos bem definidos das
Escolas Clássica e Positiva, surgiram, no decorrer do tempo,
posições conciliatórias. Embora acolhendo o princípio da
responsabilidade moral, não aceitam que a responsabilidade moral
fundamente-se no livre arbítrio, substituindo-o pelo que se chamou
de "determinismo psicológico". Desta forma, a sociedade não tem
o direito de punir, mas somente o de defender-se nos limites
do justo.
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Escola da Nova Defesa Social: Reagindo ao sistema meramente
retributivo, surge a Escola do Neodefensivismo Social, no segundo
pós-guerra. Segundo seus postulados não visa punir a culpa
do agente criminoso, apenas proteger a sociedade das ações
delituosas. Essa concepção rechaça a ideia de um direito penal
repressivo, que deve ser substituído por sistemas de prevenção e
por intervenções educativas e reeducativas, postulando não uma
pena para cada delito, mas uma medida para cada pessoa.
CORRENTES CRIMINOLÓGICAS
Existem basicamente três correntes criminológicas clássicas: a
clínica, a sociológica e a jurídica. Outras tantas, no entanto, foram se
solidificando com o passar dos anos e podem ser consideradas correntes
de relevo no cenário atual.
Vejamos as principais:
Criminologia Clínica
Possui como ponto central a busca por uma explicação etiológico-
endógena do crime e do homem criminoso. Procura-se apontar uma causa
da conduta criminosa que estaria no próprio homem, enquanto alguma
forma de anormalidade física e/ou psíquica. Ultrapassada.
Criminologia Sociológica
Propõe uma revisão da "Criminologia Clínica", o argumento de que p
apego excessivo aos fatores endógenos era um equívoco, pois deixava de
lado a análise dos fatores sociais. Para esta corrente as causas
preponderantes da criminalidade seriam ambientais ou exógenas, de
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forma que mais relevante do que perquirir as características do homem
criminoso, seria identificar o meio criminógeno em que ele se encontra.
Teorias Estrutural-Funcionalistas
As Teorias Estrutural-Funcionalistas afirmam que o crime é produzido
pela própria estrutura social, inclusive exercendo certa função fisiológica
no interior do sistema, de maneira que não deve ser visto como uma
anomalia ou moléstia social. A base teórica principal é ofertada pelo
filósofo e sociólogo Emile Durkheim, que sustenta a normalidade do crime
em toda e qualquer sociedade.
Durkheim sustenta que "o crime é normal porque uma sociedade
isenta dele é completamente impossível". Chega a reconhecer que o
crime não somente é normal, mas também "é necessário" para a coesão
social, sendo uma sociedade sem crimes indicadora, esta sim, de
deterioração social.
Durkheim indica o fenômeno criminal como reafirmador da ordem
social violada e, portanto, legitimador de sua existência. Toda vez que
se pratica um delito, a reação desencadeada contra este fato
reafirma os vínculos sociais e ratifica a validade e a vigência das
normas legais.
Portanto, o desvio é funcional, somente tornando-se perigoso ao
exceder certos limites toleráveis. Nestas circunstâncias, pode eclodir um
estado de anarquia, no qual o ordenamento normativo, como um todo,
perde sua efetividade. Não surgindo um novo ordenamento a substituir
aquele que caiu, e chega a uma situação de carência absoluta de
normatividade, ficando a conduta humana à margem de qualquer
orientação.
A isso Durkheim dá o nome de "anomia", efetiva causadora de
desagregação e deterioração social.
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Robert Merton, por sua vez, se apropria do conceito de "anomia"
para demonstrar que o desvio não passa de um produto da própria
estrutura social. Portanto, absolutamente normal, considerando que esta
própria estrutura é que vem a compelir o indivíduo à conduta desviante.
Para Merton, o próprio desvio (delitos acima do “natural”) seria
natural, na medida em que a sociedade exigiria do indivíduo
determinadas metas, sem dar a ele as ferramentas para tal, conduzindo-o
a uma busca por meios ilegítimos para alcançar estas metas socialmente
impostas.
Para Merton: "a desproporção entre os fins culturalmente
reconhecidos como válidos e os meios legítimos à disposição do indivíduo
para alcançá-los, está na origem dos comportamentos desviantes". E
mais: "a cultura coloca, pois, aos membros dos estratos inferiores,
exigências inconciliáveis entre si. Por um lado, aqueles são solicitados a
orientar a sua conduta para a perspectiva de um alto bem — estar; por
outro, as possibilidades de fazê-lo, com meios institucionais legítimos,
lhes são, em ampla medida, negados".
Outro referencial importante é a denominada
Teoria da Associação Diferencial
Desenvolvida por Edwin H. Sutherland, para esta construção teórica, a
criminalidade, a exemplo de qualquer outro modelo de comportamento
humano, é aprendida conforme as convivências específicas às
quais o sujeito se expõe em seu ambiente social e profissional.
Essa linha de pensamento possibilitou a formulação de outras teorias.
Sutherland se inspirou, em grande parte, no trabalho do filósofo francês,
Gabriel Tarde, que desenvolveu as “Leis da Imitação”.
Teoria das Subculturas Criminais
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Para esta teoria o sujeito aprenderia o crime de acordo com sua
convivência em certos ambientes, assumindo as características de
determinados grupos aos quais estaria vinculado por uma aproximação
voluntária, ocasional ou coercitiva.
Afirma Sutherland que o processo de "associação diferencial" propicia
ao sujeito, de conformidade com seu convívio, aprender e absorver as
condutas desviantes respectivas.
Dessa forma, tal teoria teria a vantagem de poder explicar a
criminalidade das classes baixas tanto quanto a das classes altas (O que
Merton não conseguiria explicar). Nesse processo de convívio os
infratores menos privilegiados praticariam usualmente os mesmos crimes,
vez que estariam conectados ao convívio de pessoas de seu nível social e
só teriam oportunidade de aprender essas determinadas espécies de
condutas delitivas, não lhes sendo possibilitado o acesso a conhecimentos
e condicionamentos que os tornassem aptos a outras condutas mais
sofisticadas. De outra banda, os mais abastados teriam acesso ao
aprendizado de outras modalidades criminosas ligadas naturalmente ao
seu meio social.
Dessa forma, uma pessoa torna-se ou não criminosa de acordo "com
o grau relativo de frequência e intensidade de suas relações com os dois
tipos de comportamento" (legal e ilegal).
Teoria das Técnicas de Neutralização
Seus principais expoentes foram Gresham M. Sykes e David Matza.
Trata-se de uma “correção da Teoria das Subculturas Criminais",
mediante a complementação implementada pelo acréscimo dos estudos
das "técnicas de neutralização". Estas seriam maneiras de promover a
racionalização da conduta marginal, as quais seriam apreendidas
e usadas lado a lado com os modelos de comportamento e valores
desviantes, de forma a neutralizar a atuação eficaz dos valores e regras
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sociais, aos quais o delinquente, de uma forma ou de outra, adere. Na
verdade, mesmo aquele indivíduo que vive mergulhado em uma
subcultura criminal não perde totalmente o contato com a cultura oficial
e, de alguma forma, sofre a influência e presta reconhecimento a algumas
de suas regras.
São descritas algumas espécies básicas de "técnicas de
neutralização":
a) Exclusão da própria responsabilidade — O infrator se enxerga como
vítima das contingências, surgindo como sujeito passivo quanto ao seu
encaminhamento para a criminalidade.
b) Negação da ilicitude — O criminoso interpreta suas atuações apenas
como proibidas, mas não criminosas, imorais ou destrutivas, procurando
redefini-las com eufemismos.
c) Negação da vitimização — A vítima da ação delituosa é apontada como
merecedora do mal ou do prejuízo que lhe foi impingido.
d) Condenação dos que condenam — Atribuem-se qualidades negativas
às instâncias oficiais responsáveis pela repressão criminal.
e) Apelo às instancias superiores — sobrevalorização conferida a
pequenos grupos marginais a que o desviado pertence, aderindo às suas
normas e valores alternativos, em prejuízo das regras sociais normais (A
idolatria aos chefes do PCC, CV, etc., por exemplo).
Note-se que a mais destacável "técnica de neutralização" é a própria
criação de uma subcultura. Esta é a maior ensejadora de abrandamentos
de consciência e defesas contra remorsos, na medida em que o apoio e
aprovação por parte de outras pessoas integrantes do grupo ocasionam
uma tranquilização e um sentimento de integração que não se poderia
obter no seio da sociedade fundamentada nas normas e valores oficiais.
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Criminologia Crítica
Uma alteração verdadeiramente radical do modelo de pesquisa do
fenômeno criminal somente apareceria com o surgimento da chamada
"Criminologia Crítica".
É com ela que se leva a efeito o abandono da mais constante
premissa da Criminologia tradicional, qual seja, aquela de ser o crime
uma realidade ontológica. A partir das ideias trazidas à tona pela
revisão criminológica crítica, o crime passa a ser visto como uma
realidade meramente normativa, moldada pelo Sistema Social
responsável pela edição, vigência e aplicação das leis penais.
Por reflexo disso o criminoso deixa de ser encarado como um
"anormal" e o crime como manifestação "patológica".
A explicação para a criminalidade é agora procurada no desvelar da
atuação do Sistema Penal que a define e reage contra ela, iniciando pelas
normas abstratamente previstas, até chegar à efetiva atuação das
agências oficiais de repressão e prevenção que aplicam as leis.
Para esta teoria, o crime não seria uma realidade natural, mas uma
realidade normativa. O crime não existe. O que existem são condutas,
que são consideradas criminosas ou não. O Sistema penal serviria, assim,
como instrumento nas mãos da classe dominante para punir os pobres,
considerando como crimes as condutas preponderantemente praticadas
por estas classes sociais.
A Criminologia Crítica é caracterizada por certo viés marxista, pois
parte da ideia de que o Sistema Punitivo é construído e funciona com
apoio em uma ideologia da sociedade de classes. Dessa forma, seu
principal objetivo passaria longe do ideal da defesa social ou da
preocupação com a criação ou manutenção de condições para um
convívio harmônico entre as pessoas. O verdadeiro fim oculto de todo
Sistema Penal seria a sustentação dos interesses das classes
dominantes.
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Qualquer instrumento repressivo de controle social revelaria a
atuação opressiva de umas classes sobre as outras. Por isso seria o
Direito Penal elitista e seletivo, recaindo pesadamente sobre os pobres e
raramente atuando contra os integrantes das classes dominantes, os
quais, aliás, seriam aqueles que redigem as leis e as aplicam.
É nesse contexto que emerge a "TEORIA DO LABELLING
APPROACH" ou "Teoria do Etiquetamento”. Enquanto o pensamento
criminológico até então vigente sustentava que o atributo criminal de uma
conduta existia objetivamente, como um ente natural e até era
preexistente às normas penais que o definiam num mero exercício de
reconhecimento (num alardeado consenso social), a "Teoria do Labelling
Approach" virá para desmistificar todas essas equivocadas convicções.
O "Labelling Approach" ou "etiquetamento" indica que um fato só é
tomado como criminoso após a aquisição desse "status" através da
criação de uma lei que seleciona certos comportamentos como
irregulares, de acordo com os interesses sociais. Em seguida, a atribuição
a alguém da pecha de criminoso depende novamente da atuação seletiva
das agências estatais.
Com isso, cai o mito do Sistema Penal como recuperador dos
desviados. Ao contrário, entende-se que a atuação rotuladora e
estigmatizante do Sistema Penal exerce forte pressão para a
permanência do indivíduo no papel social (marginal e
marginalizado) que lhe é atribuído.
Estas teorias que sustentam o Direito Penal como instrumento de
dominação de classes inauguram o que se chamou de “Teorias do
Conflito Social”, já que entendem o Direito Penal como instrumento
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nas mãos de uma das partes no eterno conflito entre dominador e
dominado.
FINALIDADE DAS PENAS
Três são as principais teorias sobre as finalidades da pena:
A Teoria Retributiva: Parte do princípio de que a pena é sempre
merecida pelo infrator. A sanção penal é essencialmente retributiva
porque age causando um mal ao transgressor.
Destina-se à reconstituição do status quo ante através da reposição,
indenização ou da restituição.
Finalidade meramente PUNITIVA.
As Teorias Relativas: Fundamentam a pena por seus efeitos
preventivos. Distinguem dois tipos de prevenção: a geral, e a
especial.
A geral é a intimidação, ameaça com sanções os prováveis
infratores. Pretende intimidar todos os membros da
comunidade jurídica pela ameaça da pena.
A especial atua diretamente sobre o autor da violação penal,
para que não volte a delinquir, tentando corrigir os que são
possíveis de ressocialização e isolar os irrecuperáveis.
As Teorias Mistas ou Sincréticas: Mesclam as retributivas e as
relativas, defendendo que a pena é retribuição e também
prevenção.
Em resumo, as teorias mistas ou sincréticas acolhem a retribuição e
o princípio da culpabilidade como critérios limitadores da
intervenção da pena.
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VITIMOLOGIA, A CIÊNCIA PENAL E O ITER VICTIMAE - PROCESSO
DE VITIMIZAÇÃO.
Segundo Edmundo de Oliveira, "Iter Victimae é o caminho, interno e
externo, que segue um indivíduo para se converter em vítima, o conjunto
de etapas que se operam cronologicamente no desenvolvimento de
vitimização (Vitimologia e direito penal, p.103-4)".
Perigosidade Vitimal
No importante estudo sobre o comportamento da vítima, é relevante
discorrermos brevemente sobre a perigosidade vitimal, que é a etapa
inicial da vitimização. Perigosidade vitimal é um estado
psíquico e comportamental em que a vítima se coloca estimulando a sua
vitimização. EXEMPLO: A mulher que usa roupas provocantes,
estimulando a libido do estuprador no crime de estupro ou o homem que
desfila com joias caras na periferia, local onde comumente ocorrem
muitos crimes patrimoniais.
De acordo com Benjamin Mendelsohn as vítimas podem ser
classificadas da seguinte maneira:
Vítima completamente inocente ou vítima ideal - Trata-se da
vítima completamente estranha ao fato criminoso, não provocando
nem colaborando de alguma forma para a realização do delito, não
sendo, portanto, um “fator criminógeno”. EXEMPLO: uma senhora
que tem sua bolsa arrancada pelo bandido na rua.
Vítima de culpabilidade menor ou por ignorância - Existe um
grau de culpa que leva a pessoa à vitimização. EXEMPLO: Um
homem que, sabendo que seu vizinho é botafoguense fanático,
pendura na varanda da casa deste uma camisa do Flamengo, sendo
agredido por ele.
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Vítima voluntária ou tão culpada quanto o infrator -Ambos
podem ser criminoso ou vítima. EXEMPLO: Roleta Russa.
Vítima mais culpada que o infrator – Aqui se encontram as
vítimas provocadoras, que incitam o autor do delito e as vítimas por
imprudência, que ocasionam o acidente por não se controlarem,
ainda que haja uma parcela de culpa do autor. EXEMPLO: O
camarada que estupra a filha do vizinho, sendo por ele assassinado.
Vítima unicamente culpada - Nessa modalidade, as vítimas são
classificadas em: a)Vítima infratora, ou seja, a pessoa comete um
delito e no fim se torna vítima, como ocorre no caso do homicídio
por legítima defesa; b) Vítima Simuladora, que por meio de uma
atitude irresponsável induz um indivíduo a ser acusado de um
delito, gerando, dessa forma, um erro judiciário; c) Vítima
imaginária, que se trata de uma pessoa portadora de um transtorno
mental que, em decorrência de tal distúrbio, leva o judiciário à erro,
passando-se por vítima de um crime, acusando uma pessoa de ser
o autor, sendo que tal delito nunca existiu, logo, fruto de sua
imaginação.
O COMPORTAMENTO DA VÍTIMA NO ARTIGO 59, CAPUT DO
CÓDIGO PENAL BRASILEIRO
No nosso ordenamento jurídico temos alguns dispositivos
constitucionais e infraconstitucionais que falam sobre a vítima, como o
Art. 59, 61, II, c, in fine; 65, III, c, do Código Penal e art. 245 da
Constituição Federal de 1988.
Contudo, nos interessa primordialmente a redação do art. 59 do CP,
com redação dada Lei 7.209/84:
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Art. 59. "O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à
conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às
circunstâncias e consequências do crime, bem como o
comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime".
Assim, podemos perceber que a conduta da vitima possui relevância
penal, podendo funcionar como causa que conduz à atipicidade da
conduta (no caso de consentimento do ofendido, por exemplo, em
determinados delitos) ou, em caso de comportamento não tão grave, ao
menos sugerir uma pena inferior ao condenado.
Bons estudos!
Prof. Renan Araujo
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01 - (VUNESP - 2013 - PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL)
Assinale a alternativa correta, a respeito da Vitimologia.
A) O comportamento da vítima em nada contribui para a ocorrência do
crime contra si praticado.
B) A Vitimologia estuda o papel da vítima no episódio danoso, o modo
pelo qual participa, bem como sua contribuição na ocorrência do delito.
C) A Vitimologia nasceu como ramo das ciências jurídicas, por conta das
observações feitas pelos estudiosos a respeito do comportamento da
vítima perante o ordenamento jurídico em vigor.
D) A Vitimologia surgiu, como ramo da Criminologia, em 1876, por meio
da obra “O Homem Delinquente”, de Cesare Lombroso.
E) O comportamento da vítima sempre contribui para a ocorrência do
crime contra si praticado.
02 - (VUNESP - 2013 - PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL)
São conhecidas por __________os crimes que não são registrados em
órgãos oficiais encarregados de sua repressão, em decorrência de
omissão das vítimas, por temor de represália.
Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna.
A) estatísticas azuis
B) estatísticas brancas
C) cifras douradas
EXERCÍCIOS PARA PRATICAR
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D) cifras negras
E) cifras cinza
03 - (VUNESP - 2013 - PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL)
Assinale a alternativa que apresenta corretamente uma das
características da função retributiva da pena, segundo a Teoria Absoluta.
A) Analogia: pena independente da gravidade do delito.
B) Duração indeterminada: a duração da pena dependerá, dentre outros
fatores, do comportamento do apenado.
C) Infligibilidade: a pena consistirá em aflição corporal.
D) Derrogabilidade: o delito terá, por consequência, uma punição, ainda
que injusta.
E) Responsabilidade penal individual: a pena não passará da pessoa do
condenado.
04 - (VUNESP - 2013 - PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA)
O legislador brasileiro, ao dispor sobre as funções da reprimenda pela
prática de infração penal no artigo 59 do Código Penal – O juiz,
atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à personalidade do agente,
aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao
comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e
suficiente para reprovação e prevenção do crime... –, adotou a teoria da
A) função reeducativa da pena.
B) função de prevenção especial da pena.
C) função de prevenção geral da pena.
D) função retributiva da pena.
E) função mista ou unificadora da pena.
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05 - (VUNESP - 2013 - PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA)
Um indivíduo que, ao abrir a porta de seu veículo automotor, a fim de
sair do estacionamento de um shopping center, é surpreendido por
bandido armado que estava homiziado em local próximo, aguardando a
primeira pessoa a quem pudesse roubar, é
A) tão culpado quanto o criminoso.
B) vítima ideal.
C) mais culpado que o criminoso.
D) exclusivamente culpado.
E) vítima de culpabilidade menor.
06 - (VUNESP - 2013 - PC-SP - PAPILOSCOPISTA POLICIAL)
Uma das mais importantes teorias do conflito; surgiu nos Estados Unidos
nos anos de 1960, e seus principais expoentes foram Erving Goffman e
Howard Becker. Trata-se da
A) Teoria do labelling approach.
B) Teoria da subcultura delinquente.
C) Teoria da desorganização social.
D) Teoria da anomia.
E) Teoria das zonas concêntricas.
07 - (MPE-SC - 2013 - MPE-SC - PROMOTOR DE JUSTIÇA - MANHÃ)
A criminalização primária, realizada pelos legisladores, é o ato e o efeito
de sancionar uma lei penal material que incrimina ou permite a punição
de determinadas pessoas; enquanto a criminalização secundária,
exercida por agências estatais como o Ministério Público, Polícia e Poder
Judiciário, consistente na ação punitiva exercida sobre pessoas
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concretas, que acontece quando é detectado uma pessoa que se supõe
tenha praticado certo ato criminalizado primariamente.
08 - (PC-SP - 2011 - PC-SP - DELEGADO DE POLÍCIA)
Assinale a alternativa incorreta. A Teoria do Etiquetamento
A) é considerada um dos marcos das teorias de consenso.
B) é conhecida como Teoria do Labelling Aproach.
C) tem como um de seus expoentes Ervinh Goffman.
D) tem como um de seus expoentes Howard Becker.
E) surgiu nos Estados Unidos.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
01 - (VUNESP - 2013 - PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL)
Assinale a alternativa correta, a respeito da Vitimologia.
A) O comportamento da vítima em nada contribui para a
ocorrência do crime contra si praticado.
B) A Vitimologia estuda o papel da vítima no episódio danoso, o
modo pelo qual participa, bem como sua contribuição na
ocorrência do delito.
C) A Vitimologia nasceu como ramo das ciências jurídicas, por
conta das observações feitas pelos estudiosos a respeito do
comportamento da vítima perante o ordenamento jurídico em
vigor.
D) A Vitimologia surgiu, como ramo da Criminologia, em 1876, por
meio da obra “O Homem Delinquente”, de Cesare Lombroso.
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E) O comportamento da vítima sempre contribui para a ocorrência
do crime contra si praticado.
COMENTÁRIOS: A Vitimologia é o ramo da criminologia focado na
vítima, analisando seu comportamento, ou seja, seu papel no evento
criminoso.
O comportamento da vítima pode possuir relevância penal, conduzindo,
em alguns casos, à própria atipicidade da conduta, pelo que se chama de
“consentimento do ofendido”. Em determinados casos, pode reduzir a
pena do condenado.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.
02 - (VUNESP - 2013 - PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL)
São conhecidas por __________os crimes que não são
registrados em órgãos oficiais encarregados de sua repressão,
em decorrência de omissão das vítimas, por temor de represália.
Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna.
A) estatísticas azuis
B) estatísticas brancas
C) cifras douradas
D) cifras negras
E) cifras cinza
COMENTÁRIOS: Esses delitos que ficam à margem dos registros oficiais
são denominados pela Doutrina criminológica como “cifras negras”, ou
“cifras ocultas” e ajudariam a sustentar o modelo jurídico-penal vigente,
mero instrumento de dominação de classes, na medida em que a classe
dominante poderia manipular os dados da forma que melhor lhe
conviesse, como forma de legitimação do sistema.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.
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03 - (VUNESP - 2013 - PC-SP - ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL)
Assinale a alternativa que apresenta corretamente uma das
características da função retributiva da pena, segundo a Teoria
Absoluta.
A) Analogia: pena independente da gravidade do delito.
B) Duração indeterminada: a duração da pena dependerá, dentre
outros fatores, do comportamento do apenado.
C) Infligibilidade: a pena consistirá em aflição corporal.
D) Derrogabilidade: o delito terá, por consequência, uma punição,
ainda que injusta.
E) Responsabilidade penal individual: a pena não passará da
pessoa do condenado.
COMENTÁRIOS: Uma das características da função retributiva da pena
(Infligir um mal ao infrator, um mal necessário em razão do rompimento
dos laços com a sociedade) é a intranscendência da pena, segundo o qual
a pena não passará da pessoa do apenado, já que tendo função
retributiva, deverá, necessariamente, ser punido aquele que cometeu o
delito, pois o seu sofrimento através da pena é fundamental para que
esta alcance sua finalidade.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.
04 - (VUNESP - 2013 - PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA)
O legislador brasileiro, ao dispor sobre as funções da reprimenda
pela prática de infração penal no artigo 59 do Código Penal – O
juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e
consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima,
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estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime... –, adotou a teoria da
A) função reeducativa da pena.
B) função de prevenção especial da pena.
C) função de prevenção geral da pena.
D) função retributiva da pena.
E) função mista ou unificadora da pena.
COMENTÁRIOS: Podemos perceber que o nosso ordenamento jurídico
adotou a teoria mista das funções da pena, já que pela leitura do art. 59
do CP fica claro que se pretende tenha a pena um viés retributivo (castigo
ao infrator) e um viés preventivo (prevenção geral e especial).
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA E.
05 - (VUNESP - 2013 - PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA)
Um indivíduo que, ao abrir a porta de seu veículo automotor, a
fim de sair do estacionamento de um shopping center, é
surpreendido por bandido armado que estava homiziado em local
próximo, aguardando a primeira pessoa a quem pudesse roubar,
é
A) tão culpado quanto o criminoso.
B) vítima ideal.
C) mais culpado que o criminoso.
D) exclusivamente culpado.
E) vítima de culpabilidade menor.
COMENTÁRIOS: No caso em tela, podemos identificar, sem maiores
problemas, que a vítima EM NADA CONTRIBUIU para o evento criminoso,
de forma que podemos considera-la, na classificação tradicional, como
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vítima ideal, ou vítima inocente, ou seja, aquela que não possui qualquer
culpa pelo fato criminoso.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.
06 - (VUNESP - 2013 - PC-SP - PAPILOSCOPISTA POLICIAL)
Uma das mais importantes teorias do conflito; surgiu nos Estados
Unidos nos anos de 1960, e seus principais expoentes foram
Erving Goffman e Howard Becker. Trata-se da
A) Teoria do labelling approach.
B) Teoria da subcultura delinquente.
C) Teoria da desorganização social.
D) Teoria da anomia.
E) Teoria das zonas concêntricas.
COMENTÁRIOS: As teorias do conflito são as correntes criminológicas
que, em contraposição às teorias do consenso, entendem que o Direito
Penal não parte de um consenso social sobre os bens jurídicos mais
relevantes e por isso os tutela (ou pretende tutelar).
As teorias do conflito entendem o Direito Penal como um instrumento nas
mãos de uma das classes na sociedade, a classe dominante e que,
portanto, o Direito Penal não selecionaria bens jurídicos mais importantes
para a sociedade a fim de tutelá-los, mas selecionaria os bens jurídicos
mais importantes para esta classe dominante, de forma que haveria um
conflito entre uma classe e outra.
Erving Goffman e Howard Becker foram dois dos maiores expoentes da
teoria do Labelling approach, ou teoria do “etiquetamento”, segundo a
qual o delito não é um dado natural, mas um dado normativo, ou seja,
nada é delito “por sua própria natureza”. É delito aquele fato que foi
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assim rotulado, e é criminoso, portanto, aquele que foi assim rotulado
pela lei, já que o fenômeno “crime” necessita de uma previsão normativa.
Podemos citar como expoentes, ainda, o grande Alessandro Baratta.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.
07 - (MPE-SC - 2013 - MPE-SC - PROMOTOR DE JUSTIÇA - MANHÃ)
A criminalização primária, realizada pelos legisladores, é o ato e
o efeito de sancionar uma lei penal material que incrimina ou
permite a punição de determinadas pessoas; enquanto a
criminalização secundária, exercida por agências estatais como o
Ministério Público, Polícia e Poder Judiciário, consistente na ação
punitiva exercida sobre pessoas concretas, que acontece quando
é detectado uma pessoa que se supõe tenha praticado certo ato
criminalizado primariamente.
COMENTÁRIOS: De fato, o processo de criminalização pode ser dividido
em fases, no qual temos como fase primária o momento de seleção do
bem jurídico-penal que se pretende tutelar, ou o grupo social que se
pretende atingir com determinada criminalização, ou seja, com a escolha
das condutas que serão criminalizadas.
Já a criminalização secundária não ocorre no plano legislativo, mas no
plano concreto, quando o delito já praticado é reprimido pelas
Instituições do Estado (MP, Polícia, Judiciário, etc.).
Portanto, a AFIRMATIVA ESTÁ CORRETA.
08 - (PC-SP - 2011 - PC-SP - DELEGADO DE POLÍCIA)
Assinale a alternativa incorreta. A Teoria do Etiquetamento
A) é considerada um dos marcos das teorias de consenso.
B) é conhecida como Teoria do Labelling Aproach.
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C) tem como um de seus expoentes Ervinh Goffman.
D) tem como um de seus expoentes Howard Becker.
E) surgiu nos Estados Unidos.
COMENTÁRIOS: A teoria do Labelling approach, ou teoria do
“etiquetamento”, é a teoria segundo a qual o delito não é um dado
natural, mas um dado normativo, ou seja, nada é delito “por sua própria
natureza”. É delito aquele fato que foi assim rotulado, e é criminoso,
portanto, aquele que foi assim rotulado pela lei, já que o fenômeno
“crime” necessita de uma previsão normativa.
Podemos citar como expoentes, ainda, o grande Alessandro Baratta.
Esta teoria surgiu nos EUA, em meados dos anos 1960.
Não se trata de uma das teorias do “consenso”, ao contrário, é uma das
teorias do conflito social, teorias estas que entendem o Direito Penal
como um instrumento nas mãos de uma das classes na sociedade, a
classe dominante e que, portanto, o Direito Penal não selecionaria bens
jurídicos mais importantes para a sociedade a fim de tutelá-los, mas
selecionaria os bens jurídicos mais importantes para esta classe
dominante, de forma que haveria um conflito entre uma classe e outra, e
não um consenso entre elas contra um “mal comum”.
Portanto, a ALTERNATIVA INCORRETA É A LETRA A.
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1. ALTERNATIVA B
2. ALTERNATIVA D
3. ALTERNATIVA E
4. ALTERNATIVA E
5. ALTERNATIVA B
6. ALTERNATIVA A
7. CORRETA
8. ALTERNATIVA A