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  • Aula 09

    Direito Processual Civil p/ XX Exame de Ordem - OAB

    Professores: Equipe Gabriel Borges, Gabriel Borges

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    DIREITO PROCESSUAL CIVIL P/ OAB

    AULA 09: DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS E DOS MEIOS DE IMPUGNAO DAS

    DECISES JUDICIAIS; DA AO RESCISRIA; DOS RECURSOS; DOS EMBARGOS DE

    DECLARAO; DOS RECURSOS PARA O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E PARA O

    SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA.

    DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS

    Os seguintes institutos: I) a cronologia dos julgamentos; II) a alterao do

    duplo juzo de admissibilidade so dois pontos de mudana do Novo Cdigo que

    geraram polmica porque tenderiam, respectivamente, 1) a ferir a liberdade de julgar

    do magistrado e 2) imporiam alta carga de anlise de admissibilidade de recursos ao

    STF e ao STJ.

    No por outra razo que essas questes, entre outras, foram objeto de

    alterao do Novo Cdigo, antes mesmo de sua entrada em vigor, por meio da

    publicao da Lei n 13.256/2016.

    SUMRIO PGINA

    1. Captulo X: Dos processos nos tribunais e dos meios de impugnao

    das decises judiciais; Da ao rescisria; Dos recursos. 02

    2. Resumo 79

    3. Questes comentadas 83

    4. Lista das questes apresentadas 93

    5. Gabarito 96

    CAPTULO X: DOS PROCESSOS NOS TRIBUNAIS E DOS MEIOS DE IMPUGNAO DAS DECISES JUDICIAIS; DA AO RESCISRIA; DOS RECURSOS; DOS EMBARGOS DE DECLARAO; DOS RECURSOS PARA O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E PARA O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA.

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    Em linhas gerais, a Lei de 2016 disciplina o processo e o julgamento do

    recurso extraordinrio e do recurso especial; alterando a Lei n 13.105, de 16 de

    maro de 2015 - Novo Cdigo de Processo Civil.

    O art. 12 do CPC/2015 prev que as sentenas ou acrdos sero

    pronunciados em ordem cronolgica. Por esse instrumento visa-se a alcanar a

    isonomia processual, de modo a evitar que haja favorecimento de alguma natureza a

    uma ou outra parte sujeita tutela jurisdicional. Essa conduta leva inquestionvel

    coerncia com o princpio da impessoalidade.

    O 1 do art. 12, ao dispor que a lista de processos aptos a julgamento

    dever estar permanentemente disposio para consulta pblica em cartrio e na

    rede mundial de computadores atende a outro princpio, o da publicidade e, ao

    mesmo tempo, torna o gerenciamento dos processos mais previsvel s partes,

    ampliando o conhecimento sobre o andamento dos processos.

    Contudo, a presso das associaes de magistrados alterou a previso da

    ordem cronolgica dos julgamentos, pois essa exigncia engessaria o trabalho dos

    juzes e levaria ao congelamento de processos que, por serem menos complexos,

    poderiam ser julgados rapidamente, passando frente de questes mais complexas.

    Antes da alterao promovida pela Lei n 13.256/2016, o comando relativo ordem cronolgica no deixava opo aos sujeitos imparciais (juiz e auxiliares), cabia-lhes o seguimento restrito cronologia dos processos. A Lei 13.256/2016 inseriu o adverbio preferencialmente nos artigos 12 e 153 do CPC/2015, abrandando, assim, o comando quanto obedincia da cronologia no julgamento.

    Art. 12. Os juzes e os tribunais atendero, preferencialmente, ordem cronolgica de concluso para proferir sentena ou acrdo. (Redao dada pela Lei n 13.256, de 2016) (Vigncia)

    Art. 153. O escrivo ou o chefe de secretaria atender, preferencialmente, ordem cronolgica de recebimento para publicao e efetivao dos pronunciamentos judiciais. (Redao dada pela Lei n 13.256, de 2016) (Vigncia)

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    A redao completa do artigo 12 vale ser lida.

    Art. 12. Os juzes e os tribunais atendero, preferencialmente, ordem cronolgica de concluso para proferir sentena ou acrdo. (Redao dada pela Lei n 13.256, de 2016) (Vigncia)

    1o A lista de processos aptos a julgamento dever estar permanentemente disposio para consulta pblica em cartrio e na rede mundial de computadores.

    2o Esto excludos da regra do caput: I - as sentenas proferidas em audincia, homologatrias de acordo ou

    de improcedncia liminar do pedido; II - o julgamento de processos em bloco para aplicao de tese jurdica

    firmada em julgamento de casos repetitivos; III - o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resoluo

    de demandas repetitivas; IV - as decises proferidas com base nos arts. 485 e 932; V - o julgamento de embargos de declarao; VI - o julgamento de agravo interno; VII - as preferncias legais e as metas estabelecidas pelo Conselho

    Nacional de Justia; VIII - os processos criminais, nos rgos jurisdicionais que tenham

    competncia penal; IX - a causa que exija urgncia no julgamento, assim reconhecida por

    deciso fundamentada. 3o Aps elaborao de lista prpria, respeitar-se- a ordem cronolgica

    das concluses entre as preferncias legais. 4o Aps a incluso do processo na lista de que trata o 1o, o requerimento

    formulado pela parte no altera a ordem cronolgica para a deciso, exceto quando implicar a reabertura da instruo ou a converso do julgamento em diligncia.

    5o Decidido o requerimento previsto no 4o, o processo retornar

    mesma posio em que anteriormente se encontrava na lista.

    6o Ocupar o primeiro lugar na lista prevista no 1o ou, conforme o

    caso, no 3o, o processo que:

    I - tiver sua sentena ou acrdo anulado, salvo quando houver

    necessidade de realizao de diligncia ou de complementao da instruo;

    II - se enquadrar na hiptese do art. 1.040, inciso II.

    Feita a leitura do artigo 12, passemos, agora, a uma breve anlise do

    sistema inserido no CPC/2015, para a admissibilidade dos recursos especial e

    extraordinrio.

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    De acordo com a sistemtica do CPC de 1973, o recurso especial e o

    recurso extraordinrio se subordinavam ao duplo juzo de admissibilidade, assim,

    os recursos passavam por dois momentos: no juzo a quo (de origem), quando o

    Presidente do Tribunal admitia ou no o recurso; e no juzo ad quem (de destino),

    quando, em julgamento do Tribunal Superior ou Supremo, verificava-se,

    preliminarmente, o cabimento do recuso.

    O CPC/2015 tentou extinguir a competncia do Presidente ou Vice-

    Presidente do respectivo Tribunal (juzo a quo) para o juzo de admissibilidade

    do recurso extraordinrio e/ou recurso especial. Todavia, a Lei 13.256/2016

    restaurou o duplo juzo de admissibilidade para esses recursos. A redao do

    artigo 1.030 foi alterada e o resultado ficou assim:

    Art. 1.030. Recebida a petio do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido ser intimado para apresentar contrarrazes no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos sero conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que dever: (Redao dada pela Lei n 13.256, de 2016) (Vigncia)

    I negar seguimento: (Includo pela Lei n 13.256, de 2016) (Vigncia) a) a recurso extraordinrio que discuta questo constitucional qual o Supremo

    Tribunal Federal no tenha reconhecido a existncia de repercusso geral ou a recurso extraordinrio interposto contra acrdo que esteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal exarado no regime de repercusso geral; (Includa pela Lei n 13.256, de 2016) (Vigncia)

    b) a recurso extraordinrio ou a recurso especial interposto contra acrdo que esteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justia, respectivamente, exarado no regime de julgamento de recursos repetitivos; (Includa pela Lei n 13.256, de 2016) (Vigncia)

    II encaminhar o processo ao rgo julgador para realizao do juzo de retratao, se o acrdo recorrido divergir do entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justia exarado, conforme o caso, nos regimes de repercusso geral ou de recursos repetitivos; (Includo pela Lei n 13.256, de 2016) (Vigncia)

    III sobrestar o recurso que versar sobre controvrsia de carter repetitivo ainda no decidida pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justia, conforme se trate de matria constitucional ou infraconstitucional; (Includo pela Lei n 13.256, de 2016) (Vigncia)

    IV selecionar o recurso como representativo de controvrsia constitucional ou infraconstitucional, nos termos do 6 do art. 1.036; (Includo pela Lei n 13.256, de 2016) (Vigncia)

    V realizar o juzo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justia, desde que: (Includo pela Lei n 13.256, de 2016) (Vigncia)

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    a) o recurso ainda no tenha sido submetido ao regime de repercusso geral ou de julgamento de recursos repetitivos; (Includa pela Lei n 13.256, de 2016) (Vigncia)

    b) o recurso tenha sido selecionado como representativo da controvrsia; ou (Includa pela Lei n 13.256, de 2016) (Vigncia)

    c) o tribunal recorrido tenha refutado o juzo de retratao. (Includa pela Lei n 13.256, de 2016) (Vigncia)

    1 Da deciso de inadmissibilidade proferida com fundamento no inciso V caber agravo ao tribunal superior, nos termos do art. 1.042. (Includo pela Lei n 13.256, de 2016) (Vigncia)

    2 Da deciso proferida com fundamento nos incisos I e III caber agravo interno, nos termos do art. 1.021. (Includo pela Lei n 13.256, de 2016) (Vigncia)

    Vamos l:

    O CPC/2015 prev recursos dirigidos aos tribunais superiores e STF: 1)

    Recurso Ordinrio; 2) Recurso Especial; 3) Recurso Extraordinrio; 4) Agravo de

    Instrumento; 5) Embargos de Divergncia de Recurso Especial ou Extraordinrio.

    Alm desses recursos, os Tribunais tambm contam com meios prprios de

    impugnar decises judiciais.

    1. DA UNIFORMIZAO DA JURISPRUDNCIA

    Os tribunais so divididos em turmas, cmaras, sees, grupos. rgos que

    nem sempre tm entendimentos idnticos sobre as questes que lhes so

    submetidas, gerando divergncias entre questes de mesmo teor.

    A falta de padronizao da jurisprudncia leva insegurana jurdica, falta

    de previsibilidade na realizao dos negcios jurdicos, o que pode ser bastante

    prejudicial ao desenvolvimento socioeconmico de quem poderia ter um ambiente

    seguro para realizar seus negcios. Por esse motivo que se torna necessrio, entre

    outros remdios, a uniformizao de jurisprudncia.

    De maneira a uniformizar o entendimento sobre mesmas questes, h

    instrumentos de padronizao da jurisprudncia exemplo: a possibilidade de

    interposio de recurso especial fundado na divergncia de julgados, conforme

    disposio constitucional do artigo 105, III, c:

    Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justia: [...]

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    III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em nica ou ltima

    instncia, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do

    Distrito Federal e Territrios, quando a deciso recorrida: [...]

    c) der a lei federal interpretao divergente da que lhe haja atribudo

    outro tribunal.

    No CPC/2015, h Livro especfico para o tema: Livro III Dos Processos nos

    Tribunais e Dos Meios de Impugnao das Decises Judiciais.

    De acordo com o diploma de direito processual, os tribunais devem

    uniformizar sua jurisprudncia e mant-la estvel, ntegra e coerente, na forma

    estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno. Ademais, os

    tribunais editaro enunciados de smula correspondentes a sua jurisprudncia

    dominante, atendo-se s circunstncias fticas dos precedentes que motivaram sua

    criao.

    A cada juiz ou tribunal, por seu turno, compete, visando uniformizao

    da jurisprudncia, observar (art. 927):

    I - as decises do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade;

    II - os enunciados de smula vinculante;

    III - os acrdos em incidente de assuno de competncia ou de resoluo de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinrio e especial repetitivos;

    IV - os enunciados das smulas do Supremo Tribunal Federal em matria constitucional e do Superior Tribunal de Justia em matria infraconstitucional;

    V - a orientao do plenrio ou do rgo especial aos quais estiverem vinculados.

    - A alterao de tese jurdica adotada em enunciado de smula ou em

    julgamento de casos repetitivos poder ser precedida de audincias pblicas e da

    participao de pessoas, rgos ou entidades que possam contribuir para a

    rediscusso da tese.

    - Na hiptese de alterao de jurisprudncia dominante do Supremo Tribunal

    Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos

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    repetitivos, pode haver modulao dos efeitos da alterao no interesse social e no

    da segurana jurdica.

    - A modificao de enunciado de smula, de jurisprudncia pacificada ou de

    tese adotada em julgamento de casos repetitivos observar a necessidade de

    fundamentao adequada e especfica, considerando os princpios da segurana

    jurdica, da proteo da confiana e da isonomia.

    - Os tribunais daro publicidade a seus precedentes, organizando-os por

    questo jurdica decidida e divulgando-os, preferencialmente, na rede mundial de

    computadores.

    1.1. DA DECLARAO DE INCONSTITUCIONALIDADE

    A declarao de inconstitucionalidade constitui incidente, ou seja,

    circunstncia acidental ao processo. Podendo ser utilizada em questo relativa ao

    recurso ou causa originria.

    Somente se fala em controle de constitucionalidade porque h no

    ordenamento jurdico ptrio reconhecimento da supremacia da Constituio.

    Desse modo, h a necessidade de controle das normas infraconstitucionais, que,

    quando em confronto com a Constituio, devem ser declaradas inconstitucionais e

    invalidadas.

    O sistema de controle de constitucionalidade no Brasil ecltico ou hbrido,

    j que combina o controle poltico-preventivo com o controle judicial-repressivo

    (concentrado ou difuso).

    Interessa-nos, para o tpico em tela, o controle judicial, o legislador ptrio

    disps ao Poder Judicirio dois mtodos de controle: 1) o reservado ou

    concentrado, por via de ao; 2) difuso ou aberto, por via de exceo ou defesa

    controle de constitucionalidade concreto.

    Quando for concentrado, caber ao STF exercer o controle exatamente,

    por isso, chamado concentrado, j que cabe a um nico rgo. Quanto ao controle

    difuso, alm do STF, todos os demais tribunais e juzes do Poder Judicirio

    devero exerc-lo.

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    Sobre o incidente que estamos estudando, h previso constitucional (art.

    97) que embasa a previso do CPC/2015 (arts. 948 a 950).

    Na CF/88:

    Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos

    membros do respectivo rgo especial podero os tribunais declarar a

    inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Pblico.

    Percebam que a declarao de inconstitucionalidade, pela via difusa,

    exercida pelos Tribunais somente se dar pela maioria absoluta dos votos do

    Plenrio ou de rgo especial, no se dar por maioria simples. Sobre o tema o

    STF aprovou a Smula Vinculante n 10: Viola a clusula de reserva de plenrio

    (CF, artigo 97) a deciso de rgo fracionrio de tribunal que, embora no declare

    expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder pblico,

    afasta sua incidncia, no todo ou em parte.

    Os artigos 948 a 950 do Cdigo de Processo Civil disciplinam o incidente de arguio de inconstitucionalidade no mbito dos tribunais.

    Art. 948. Arguida, em controle difuso, a inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder pblico, o relator, aps ouvir o Ministrio Pblico e as partes, submeter a questo turma ou cmara qual competir o conhecimento do processo.

    Art. 949. Se a arguio for:

    I - rejeitada, prosseguir o julgamento;

    II - acolhida, a questo ser submetida ao plenrio do tribunal ou ao seu rgo especial, onde houver.

    Pargrafo nico. Os rgos fracionrios dos tribunais no submetero ao plenrio ou ao rgo especial a arguio de inconstitucionalidade quando j houver pronunciamento destes ou do plenrio do Supremo Tribunal Federal sobre a questo.

    Art. 950. Remetida cpia do acrdo a todos os juzes, o presidente do tribunal designar a sesso de julgamento.

    1o As pessoas jurdicas de direito pblico responsveis pela edio do ato questionado podero manifestar-se no incidente de inconstitucionalidade se assim o requererem, observados os prazos e as condies previstos no regimento interno do tribunal.

    2o A parte legitimada propositura das aes previstas no art. 103 da Constituio Federal poder manifestar-se, por escrito, sobre a questo constitucional objeto de apreciao, no prazo previsto pelo regimento interno,

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    sendo-lhe assegurado o direito de apresentar memoriais ou de requerer a juntada de documentos.

    3o Considerando a relevncia da matria e a representatividade dos postulantes, o relator poder admitir, por despacho irrecorrvel, a manifestao de outros rgos ou entidades.

    5.1. LEGITIMIDADE

    A legitimidade para arguir o incidente das partes, entre as quais os

    litisconsortes, assistentes e intervenientes; do Ministrio Pblico ou de qualquer dos

    juzes, que tenha atuado no recurso ou na causa originria.

    5.2. PROCEDIMENTO

    Aps ser suscitado o incidente, ouve-se o Ministrio Pblico, para em

    seguida o relator submeter a questo ao rgo fracionrio (turma, cmara)

    responsvel pelo julgamento da causa. A este rgo julgador caber o juzo de

    admissibilidade. Assim, se a alegao for rejeitada, prosseguir o julgamento; se

    acolhida, ser lavrado o acrdo a fim de que a questo seja submetida ao tribunal

    pleno, ou rgo especial. Como vimos, somente pela maioria absoluta de seus

    membros podem os tribunais declarar a inconstitucionalidade da norma.

    Exceo se faz hiptese de j haver pronunciamento do plenrio, do rgo

    especial ou do plenrio do Supremo Tribunal Federal sobre a questo (art. 949,

    pargrafo nico), caso em que no ser necessrio seguir o procedimento do artigo

    949, inciso II.

    Expe o STF o entendimento de que a deciso que enseja a interposio

    de recurso ordinrio ou extraordinrio no a do plenrio, que resolve o incidente de

    inconstitucionalidade, mas a do rgo (cmaras, grupos ou turmas) que completa o

    julgamento do feito. (Smula n 513 STF).

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    DOS RESCURSOS.

    1. RECURSO

    O recurso o meio utilizado para reexaminar uma deciso judicial, no curso

    ou no desfecho do processo, que tenha causado prejuzo a uma das partes, a

    terceiros ou ao Ministrio Pblico. o remdio voluntrio de uso endoprocessual e,

    por isso, no se confunde com os sucedneos recursais mandado de segurana,

    reclamao.

    Ele se destina a provocar o reexame das decises judiciais por um grau de

    jurisdio superior. Pretende-se, assim, evitar erros judicirios, ao submet-las a

    uma nova anlise. Com o recurso ocorre um prolongamento da relao processual,

    e no o surgimento de um novo processo. Ele constitui uma etapa do procedimento.

    Lembrem-se que a identidade de processo no significa a identidade de

    autos, uma vez que o recurso pode desenvolver-se em autos prprios, como o

    agravo de instrumento. Ele, no entanto, continuar a ser parte do mesmo processo

    no qual a deciso impugnada foi proferida.

    ATENO!

    A ausncia de citao do recorrido demonstra que o recurso um

    prolongamento da relao processual, ou seja, ele se desenvolver no prprio corpo

    do processo. O que ocorre uma intimao para que o recorrido apresente,

    livremente, as contrarrazes. O artigo 332 apresenta uma exceo regra, por se

    tratar de hiptese de citao aps interposio de recurso.

    Exceo: Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutria, o juiz,

    independentemente da citao do ru, julgar liminarmente improcedente o pedido

    que contrariar:

    I - enunciado de smula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior

    Tribunal de Justia;

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    II - acrdo proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior

    Tribunal de Justia em julgamento de recursos repetitivos;

    III - entendimento firmado em incidente de resoluo de demandas

    repetitivas ou de assuno de competncia;

    IV - enunciado de smula de tribunal de justia sobre direito local.

    O juiz tambm poder julgar liminarmente improcedente o pedido se

    verificar, desde logo, a ocorrncia de decadncia ou de prescrio.

    No interposta a apelao, o ru ser intimado do trnsito em julgado da

    sentena. Interposta a apelao, o juiz poder retratar-se em 5 dias. Se houver

    retratao, o juiz determinar o prosseguimento do processo, com a citao do ru,

    e, se no houver retratao, determinar a citao do ru para apresentar

    contrarrazes, no prazo de 15 dias.

    ENUNCIADO DO FRUM PERMANENTE DE PROCESSUALISTAS CIVIS

    293. (arts. 331, 332, 3, 1.010, 3) Se considerar intempestiva a apelao contra

    sentena que indefere a petio inicial ou julga liminarmente improcedente o pedido,

    no pode o juzo a quo (juiz do qual, de origem) retratar-se. (Grupo: Petio inicial,

    resposta do ru e saneamento)

    Seguindo...

    Pergunta: O que exatamente Impugnao das decises judiciais?

    Resposta: Temos o gnero: meios de impugnao das decises judiciais,

    do qual so espcies, o recurso e os sucedneos recursais (lembrando que estes

    no se confundem com aqueles; tudo que no for recurso ser considerado

    sucedneo recursal anlise comparativa residual). Todavia, o mecanismo recursal

    , em muitos casos, excessivamente oneroso; sem contar que as partes podem

    submeter-se a um longo perodo de espera para receber a prestao jurisdicional.

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    O recurso tem cinco caractersticas essenciais: voluntariedade; previso

    legal expressa; utilizao pelas partes, terceiros e MP; desenvolvimento no prprio

    processo; objetivo de reformar, anular, integrar ou esclarecer deciso judicial.

    Todavia, o mecanismo recursal , em muitos casos, excessivamente oneroso; sem

    contar que as partes podem submeter-se a um longo perodo de espera para

    receber a prestao jurisdicional.

    O artigo 994 do PC/2015 elenca os seguintes recursos:

    I - apelao;

    II - agravo de instrumento;

    III - agravo interno;

    IV - embargos de declarao;

    V - recurso ordinrio;

    VI - recurso especial;

    VII - recurso extraordinrio;

    VIII - agravo em recurso especial ou extraordinrio;

    IX - embargos de divergncia.

    Importante mencionar que os recursos no impedem a eficcia da deciso,

    salvo disposio legal ou deciso judicial em sentido diverso. Ou seja, a regra da

    no ocorrncia do efeito suspensivo. Contudo, a eficcia da deciso recorrida

    poder ser suspensa por deciso do relator, se da imediata produo de seus

    efeitos houver risco de dano grave, de difcil ou impossvel reparao, e ficar

    demonstrada a probabilidade de provimento do recurso.

    Importante!

    cabvel recurso do Amicus Curiae (Amigo da Corte)?

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    Sim, mas somente em dois casos: para opor embargos de declarao e

    para questionar deciso que julgar o incidente de resoluo de demandas

    repetitivas.

    A interveno (do Amicus Curiae) de que trata o artigo 138 do

    CPC/2015 no implica alterao de competncia nem autoriza a interposio de

    recursos, ressalvadas a oposio de embargos de declarao, bem como poder

    recorrer quando da deciso que julgar o incidente de resoluo de demandas

    repetitivas.

    1.1. CLASSIFICAO DOS RECURSOS

    Vamos comentar as mais importantes classificaes recursais. So as

    relativas a: objeto imediato do recurso, fundamentao recursal, abrangncia da

    matria impugnada e independncia (tambm chamada de subordinao).

    1.2. OBJETO IMEDIATO DO RECURSO

    No objeto imediato, os recursos se dividem em ordinrios e

    extraordinrios. Os recursos que possuem como objeto imediato a proteo e a

    preservao da boa aplicao do direito so classificados como recursos

    extraordinrios.

    Os recursos extraordinrios tm como objetivo possibilitar, no caso concreto,

    uma melhor aplicao da lei federal e constitucional. Assim, a inteno proteger o

    direito objetivo, entendendo-se que a preservao deste de importncia para toda

    a sociedade e no somente para o sucumbente.

    So trs as espcies de recursos extraordinrios: especial,

    extraordinrio e embargos de divergncia. Os recursos ordinrios, por sua vez,

    visam a proteger o interesse particular da parte o direito subjetivo. No recurso

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    ordinrio tambm se obtm a preservao do direito objetivo, mas como uma mera

    consequncia de seu provimento.

    1.3. FUNDAMENTAO RECURSAL

    Todo recurso deve ser fundamentado, devendo o recorrente expor os

    motivos pelos quais ataca a deciso impugnada, justificando o pedido de

    esclarecimento, integrao ou anulao. a causa de pedir recursal. A

    fundamentao ser dividida de acordo com a amplitude da matria, podendo ser

    vinculada ou livre.

    Nos recursos de fundamentao vinculada, o recorrente ter que

    fundamentar o recurso baseando-se nas matrias previstas em lei o rol dessas

    matrias exaustivo. Caso no siga o rol, ocorrer a inadmissibilidade do recurso por

    vcio formal. No entanto, essa caracterstica do recurso uma excepcionalidade,

    podendo ocorrer, somente, em trs tipos: nos recursos especiais, extraordinrios

    e nos embargos de declarao.

    Na fundamentao livre, o recorrente tem liberdade para fundamentar sobre

    as matrias a serem alegadas no recurso, respeitando a limitao lgica e jurdica

    a matria alegada ser aquela aplicada ao caso sub judice. Alm disso, deve-se

    obedecer aos limites objetivos da demanda e ao sistema de precluses. Os

    embargos infringentes so exemplo de recurso de fundamentao livre.

    1.4. INDEPENDNCIA OU SUBORDINAO

    O recurso independente oferecido pelo sujeito, no prazo recursal, sem

    levar em considerao a reao da parte contrria em relao deciso impugnada.

    Est condicionado, to somente, ao preenchimento de seus pressupostos de

    admissibilidade para obteno da deciso de mrito.

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    Por sua vez, o recurso subordinado aquele apresentado no prazo das

    contrarrazes de recurso feito pela outra parte, sendo motivado no pela vontade

    inicial de impugnar a deciso, mas como resposta ao recurso oferecido pela parte

    contrria. Portanto, seria a situao em que a parte A no recorre da deciso

    tempestivamente, mas no quer deixar que a parte B reclame sozinha, fazendo

    uso do meio adesivo para discordar do recurso interposto pela outra parte. forma

    principiolgica de ampliao da defesa.

    O recurso subordinado condiciona, ao contrrio do independente, ao

    conhecimento do recurso principal e ao preenchimento de seus pressupostos de

    admissibilidade, para que seja obtida a deciso de mrito.

    Os doutrinadores e a lei chamam o recurso independente de recurso

    principal e o recurso subordinado de recurso adesivo, uma vez que colado ao

    principal. O recurso adesivo no uma espcie recursal, mas sim um recurso

    interposto de forma diferenciada, o modo que se utiliza. Se o principal for extinto, o

    adesivo tambm se extingue.

    Art. 997. Cada parte interpor o recurso independentemente, no prazo e

    com observncia das exigncias legais.

    1o Sendo vencidos autor e ru, ao recurso interposto por qualquer deles

    poder aderir o outro.

    2o O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe

    aplicveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e

    julgamento no tribunal, salvo disposio legal diversa, observado, ainda, o seguinte:

    I - ser dirigido ao rgo perante o qual o recurso independente fora

    interposto, no prazo de que a parte dispe para responder;

    II - ser admissvel na apelao, no recurso extraordinrio e no recurso

    especial;

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    III - no ser conhecido, se houver desistncia do recurso principal ou

    se for ele considerado inadmissvel.

    Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso independente,

    quanto s condies de admissibilidade, preparo e julgamento no tribunal superior.

    Com a ressalva que fizemos antes, sendo inadmitido o principal o adesivo tambm

    no ser admitido, porque dependente do primeiro.

    No que concerne ao recurso adesivo, assinale a opo correta.

    a) O julgamento de mrito do recurso principal no interfere na admissibilidade do recurso adesivo, embora a anlise da admissibilidade o faa.

    b) Ocorre recurso adesivo cruzado quando uma das partes interpe, simultaneamente, recurso extraordinrio e recurso especial na forma adesiva.

    c) Se o recurso principal for interposto por terceiro prejudicado, no possvel parte sucumbente interpor recurso adesivo a este.

    d) A parte que j apresentou recurso principal contra um dos captulos desfavorveis da sentena pode utilizar recurso adesivo contra os demais captulos se a parte contrria tambm interpuser recurso principal.

    e) A parte deve interpor recurso adesivo no prazo previsto para contrarrazes e no mesmo momento da apresentao destas.

    COMENTRIOS:

    Essa questo foi anulada, mas a justificativa para a anulao relevante a

    nosso estudo [adaptada]:

    H mais de uma opo correta. A opo a est correta porque pacfico o

    entendimento de que o julgamento do mrito do recurso principal no interfere na

    admissibilidade do recurso adesivo, uma vez que para que o mrito do recurso

    principal seja enfrentando, necessariamente, ele foi conhecido. Em seguida, decide-

    se sobre o provimento ou no do recurso. Logo, o mrito do recurso principal no

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    interfere na admisso do recurso adesivo. O mrito do recurso principal pode

    interferir no mrito do recurso adesivo, mas no na sua admissibilidade.

    Concluso distinta se tem com a admissibilidade do recurso principal em

    relao admissibilidade do recurso adesivo. Desse modo, a segunda parte da letra

    a tambm est correta: a anlise da admissibilidade do recurso principal

    interfere na admissibilidade do recurso adesivo. A motivao e a fundamentao

    para tal fato est sedimentada no inciso III do art. 997 do CPC/2015 que assim

    dispe: III - no ser conhecido [o recurso adesivo], se houver desistncia do

    recurso principal ou se for ele [o recurso principal] considerado inadmissvel. Assim,

    no restam dvidas de que, ex vi legis, se o recurso principal for inadmissvel o

    recurso adesivo no ser admitido ante a dependncia do adesivo ao recurso

    principal ou aderido, como vem decidindo reiteradamente os nossos tribunais.

    O gabarito preliminar considerou a letra c, como nica opo correta. Mas, com o novo entendimento da banca, passou-se a considerar a letra a tambm

    correta.

    1.5. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE

    Requisitos extrnsecos

    Vinculados ao recurso: tempestividade; preparo; regularidade formal; adequao.

    Requisitos intrnsecos Alusivos ao recorrente: legitimidade; interesse.

    1.6. OBSERVAES IMPORTANTES A RESPEITO DOS REQUISITOS DE

    ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS

    1 Tempestividade: os prazos de interposio gerais esto no artigo 1.003 do CPC.

    Art. 1.003. O prazo para interposio de recurso conta-se da data em que

    os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pblica, a Defensoria

    Pblica ou o Ministrio Pblico so intimados da deciso.

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    1o Os sujeitos previstos no caput considerar-se-o intimados em

    audincia quando nesta for proferida a deciso.

    2o Aplica-se o disposto no art. 231, incisos I a VI, ao prazo de interposio

    de recurso pelo ru contra deciso proferida anteriormente citao.

    3o No prazo para interposio de recurso, a petio ser protocolada em

    cartrio ou conforme as normas de organizao judiciria, ressalvado o disposto

    em regra especial.

    4o Para aferio da tempestividade do recurso remetido pelo correio,

    ser considerada como data de interposio a data de postagem.

    5o Excetuados os embargos de declarao, o prazo para interpor os

    recursos e para responder-lhes de 15 (quinze) dias.

    6o O recorrente comprovar a ocorrncia de feriado local no ato de

    interposio do recurso.

    As normas especficas para ampliao ou reduo dos prazos so

    disciplinadas em legislaes esparsas e no prprio CPC. Em relao ampliao

    de prazo, enfatiza-se a importncia da leitura dos artigos 180, 183 e 186 do

    CPC/2015, que dispem terem o Ministrio Pblico, a Fazenda Pblica e Defensoria

    Pblica prazo em dobro para interposio de qualquer espcie recursal.

    2 Preparo: as custas so indispensveis para o reconhecimento do recurso, sendo exigido o seu recolhimento no ato da interposio art. 1.007,

    CPC/2015. Entretanto, so dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de

    retorno, os recursos interpostos pelo Ministrio Pblico, pela Unio, pelo Distrito

    Federal, pelos Estados, pelos Municpios, e respectivas autarquias, e pelos que

    gozam de iseno legal.

    A insuficincia no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno,

    implicar desero se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, no vier a

    supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias. dispensado o recolhimento do porte de

    remessa e de retorno no processo em autos eletrnicos.

    O recolhimento das custas no exigido quando o recurso for interposto pelo

    Ministrio Pblico, Fazenda Pblica, Defensoria ou pobre na forma da lei. So

    hipteses classificadas como isenes subjetivas, em que a regra de iseno

    determina-se pela pessoa e no pelo tipo de recurso.

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    3 Regularidade formal: em regra, a interposio dos recursos ocorre por meio da petio, salvo quando a lei expressamente admitir a forma oral, a exemplo

    do disposto no art. 937.

    1.7. EFEITOS

    Efeito suspensivo: determinada a suspenso, enquanto o recurso estiver

    em julgamento, a deciso impugnada no causa efeitos. A doutrina tambm

    menciona os seguintes efeitos: o obstativo, o translativo, o expansivo, o substitutivo,

    o regressivo, o diferido.

    1.7.1. ESQUEMATIZADOS: DEMAIS EFEITOS DOS RECURSOS

    Obstativo

    Guarda relao com a precluso temporal e sua relao com a interposio do recurso.

    Durante o trmite recursal no possvel falar em precluso da deciso impugnada, afastando-se no caso concreto durante esse lapso temporal o trnsito em julgado e eventualmente a coisa julgada material. (Neves, 2011, pg. 578)

    Devido ao efeito obstativo, enquanto pendente recurso de julgamento, no admitida uma execuo definitiva, uma vez que inexiste o trnsito em julgado necessrio.

    Translativo

    a possibilidade de o tribunal conhecer matrias de ordem pblica de ofcio no julgamento do recurso.

    Expansivo

    Divide-se em dois tipos de efeitos expansivos:

    Efeito expansivo objetivo: o efeito ser gerado sempre que o julgamento do recurso ensejar deciso mais abrangente do que a matria impugnada. Esse efeito poder ser interno: quando a matria a ser atingida pelo julgamento do recurso est localizada dentro da deciso impugnada; ou externo: quando a matria encontra-se fora da deciso impugnada.

    Efeito expansivo subjetivo: ocorre quando a deciso atingir sujeitos que no participam como partes do recurso, apesar de serem partes na demanda.

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    Substitutivo

    Determina que o julgamento do recurso substituir a deciso recorrida.

    Devemos interpretar da seguinte maneira: a substituio da deciso recorrida pelo julgamento do recurso ocorrer, somente, na hiptese de julgamento do mrito recursal, e a depender do resultado do julgamento.

    Recebido ou conhecido o recurso, no haver o efeito substitutivo, pois o julgamento do recurso no se coloca no lugar da deciso recorrida que se matm ntegra para todos os fins jurdicos.

    Caso o recurso seja conhecido e julgado em seu mrito, caber a anlise do resultado para aferir a existncia ou no do efeito substitutivo.

    Quando a causa de pedir do recurso for fundada em error in judicando e o pedido em reforma da deciso, qualquer que seja a deciso de mrito do recurso substituir a deciso recorrida.

    A causa de pedir composta por error in procedendo e sendo o pedido de anulao de deciso, o efeito substitutivo somente ser gerado na hiptese de no provimento, porque o provimento do recurso, ao anular a deciso impugnada, naturalmente no a substitui, tanto assim que a nova deciso dever ser proferida em seu lugar. (Theodoro Jr., 1999a)

    Regressivo

    Esse efeito permite que, por via do recurso, a causa volte ao conhecimento do juzo prolator da deciso.

    Devemos lembrar que isso ocorre no pelo fato de o juzo ser o competente para julgar o recurso, mas sim em razo de expressa previso legal que lhe permite rever sua prpria deciso.

    Diferido

    Ocorre quando o conhecimento do recurso depende de recurso a ser interposto contra outra ou a mesma deciso.

    Exemplos: no primeiro caso: recurso de agravo retido. Esse recurso depende do conhecimento da apelao para que possa ser julgado em seu mrito.

    No segundo caso: recurso especial e extraordinrio contra o mesmo acrdo, sempre que a anlise do recurso extraordinrio dependa do conhecimento e julgamento do recurso especial.

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    1.8. PRINCPIOS RECURSAIS

    1.8.1. DUPLO GRAU DE JURISDIO

    um princpio recursal que consiste no reexame da deciso da causa, ou

    seja, a possibilidade de reviso da soluo da causa. A diferena hierrquica entre

    os rgos jurisdicionais que, respectivamente, profere a primeira deciso e que

    reexamina para que ocorra o duplo grau de jurisdio imprescindvel.

    1.8.1.1. AS VANTAGENS E DESVANTAGENS EM RELAO AO PRINCPIO DO

    DUPLO GRAU DE JURISDIO

    Vantagens Desvantagens O ser humano, no satisfeito com a deciso, poder ter uma segunda opinio acerca do caso.

    Prejudicar a ideia de jurisdio uma, uma vez que se pode obter uma deciso contrria primeira proferida.

    O magistrado est sujeito ao erro, assim necessrio manter um mecanismo de reviso das decises.

    Afasta o princpio da oralidade, pois o duplo grau de jurisdio, em regra, interposto por meio da apelao, que exige a forma escrita.

    Evitar a arbitrariedade do magistrado.

    Prejudica a identidade fsica do magistrado, uma vez que o juiz que produziu a prova oral no ser mais quem ir prolatar a sentena.

    Deciso proferida por rgo colegiado pressupe melhor qualidade na prestao da jurisdio, pois os magistrados so mais experientes.

    Prejudica a celeridade processual, j que, havendo recurso, a prestao jurisdicional se torna, por bvio, mais lenta.

    1.8.1.2 REMESSA NECESSRIA

    Est sujeita ao duplo grau de jurisdio, no produzindo efeito seno

    depois de confirmada pelo tribunal, a sentena:

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    I - proferida contra a Unio, os Estados, o Distrito Federal, os

    Municpios e suas respectivas autarquias e fundaes de direito pblico;

    II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos

    execuo fiscal.

    No interposta a apelao no prazo legal, o juiz ordenar a remessa dos

    autos ao tribunal, e, se no o fizer, o presidente do respectivo tribunal ir avoc-los

    (tomar para si a conduo do processo). Em seguida, o tribunal julgar a remessa

    necessria.

    Contudo, esse procedimento no se aplica quando a condenao ou o

    proveito econmico obtido na causa for de valor certo e lquido inferior a:

    I - 1.000 (mil) salrios-mnimos para a Unio e as respectivas autarquias e

    fundaes de direito pblico.

    II - 500 (quinhentos) salrios-mnimos para os Estados, o Distrito Federal,

    as respectivas autarquias e fundaes de direito pblico e os Municpios que

    constituam capitais dos Estados;

    III - 100 (cem) salrios-mnimos para todos os demais Municpios e

    respectivas autarquias e fundaes de direito pblico.

    Tambm no se aplica o procedimento da remessa necessria dos autos

    quando a sentena estiver fundada em:

    I - smula de tribunal superior;

    II - acrdo proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior

    Tribunal de Justia em julgamento de recursos repetitivos;

    III - entendimento firmado em incidente de resoluo de demandas

    repetitivas ou de assuno de competncia;

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    IV - entendimento coincidente com orientao vinculante firmada no mbito

    administrativo do prprio ente pblico, consolidada em manifestao, parecer ou

    smula administrativa.

    1.8.2. TAXATIVIDADE (LEGALIDADE)

    Somente poder ser reconhecido como recurso o instrumento de

    impugnao que estiver expressamente previsto em Lei Federal. Essa concluso se

    d pela interpretao ao inciso I do art. 22 da CF, que atribuiu Unio a

    competncia exclusiva para legislar sobre o processo. Dessa forma, entende-se que

    o recurso uma maneira de legislar sobre o processo e, por isso, deve ser tratado

    por Lei Federal.

    Lembramos que no h necessidade de todo e qualquer assunto sobre

    recurso estar previsto no Cdigo de Processo Civil. Existem, por exemplo, as leis

    extravagantes que tambm criam recursos, como o art. 34, Lei de Execues

    Fiscais.

    Assim, o princpio da taxatividade impede, em tese, que as partes, a

    doutrina, as leis estaduais e municipais e os regimentos internos dos tribunais criem

    recursos no previstos no ordenamento jurdico processual.

    1.8.3. SINGULARIDADE (UNICIDADE)

    Esse princpio admite como forma (meio) de impugnao de deciso judicial

    somente uma espcie recursal. Contra a mesma deciso admite-se a existncia

    concomitante de mais de um recurso, bastando ter a mesma natureza jurdica,

    fenmeno. uma prtica bastante recorrente quando h no caso concreto

    sucumbncia recproca ou litisconsrcio.

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    1.8.4. VOLUNTARIEDADE

    O princpio da voluntariedade condiciona a existncia de um recurso

    exclusivamente vontade da parte, que demonstra a vontade de recorrer com o ato

    de interposio do recurso. Assim, nada adiantar ao sujeito expor sua pretenso

    de recorrer se, no prazo legal, no interpuser o recurso cabvel. (Neves, 2011, pg.

    299)

    Exemplo: na audincia, a parte avisa que pretende agravar de instrumento

    no prazo de 10 dias. Caso no venha a recorrer dentro desse prazo, a expresso de

    sua vontade de recorrer posteriormente de nada ter adiantado.

    Conclui-se que a nica maneira de a parte demonstrar sua vontade de

    recorrer por meio da interposio do recurso. No entanto, essa no a nica

    forma de a parte expressar seu desejo de no recorrer. Alm da no interposio do

    recurso, a parte tambm poder demonstrar sua vontade de no recorrer por meio

    da prtica de um ato que demonstre concordncia com a deciso proferida ou por

    meio da renncia ao direito de recorrer. Em decorrncia desse princpio no

    admitido que o juiz, em qualquer caso, interponha recurso de ofcio.

    1.8.5. DIALETICIDADE

    Para entendermos o princpio da dialeticidade, devemos lembrar que o

    recurso composto por dois elementos: o volitivo, caracterstica da voluntariedade

    de que falamos, referente vontade da parte em recorrer; e o descritivo

    consubstanciado nos fundamentos e pedido constantes do recurso.

    Este princpio (da dialeticidade) refere-se ao segundo elemento, o descritivo,

    porque exige que o recorrente exponha a fundamentao recursal (causa de pedir)

    e o pedido, que poder ser pela anulao, reforma, esclarecimento ou integrao da

    deciso judicial que deu origem ao recurso.

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    Trata-se, portanto, do princpio que promove o conhecimento dos motivos do

    recurso, para que seja dada a oportunidade de efetiva defesa quele em face de

    quem se recorre.

    Essa necessidade amparada em duas motivaes, a saber: permitir ao

    recorrido a elaborao das contrarrazes e fixar os limites de atuao do

    tribunal no julgamento do recurso.

    (TJ PI/Adaptada) Intimado da interposio de apelao pela parte contrria, o ru apresentou contrarrazes no dcimo dia e, no dcimo quarto, apresentou petio na qual declarou inteno de apelar de forma adesiva, mencionando que juntaria as razes em momento adequado.

    Considerando a situao hipottica acima, assinale a opo correta.

    a) Houve interposio intempestiva da apelao na forma adesiva, pois as contrarrazes j haviam sido apresentadas.

    b) A apelao na forma adesiva s poder ser conhecida se as razes forem juntadas at o dcimo quinto dia da intimao para contrarrazes.

    c) No ser possvel conhecer da apelao na forma adesiva, por ter ocorrido precluso consumativa e afronta dialeticidade.

    d) Como o prazo para apresentao de recurso na forma adesiva de dez dias, a apelao, no caso, foi intempestiva.

    e) A interposio da apelao na forma adesiva est de acordo com a legislao, sendo as razes necessrias apenas se for positivo o juzo de admissibilidade da principal.

    COMENTRIOS:

    Ao recurso adesivo se aplicam as mesmas regras do recurso independente,

    quanto s condies de admissibilidade, preparo e julgamento no tribunal superior.

    Com a ressalva de que, sendo inadmitido o principal, o adesivo tambm no ser

    admitido, porque dependente do primeiro.

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    A letra c a resposta questo porque feriria o princpio da dialeticidade

    ao viabilizar ao recorrido uma condio de manifestar-se mais vantajosa em relao

    ao recorrente (em dois momentos do processo), alm de que, sendo apresentadas

    as contrarrazes, ocorreria a precluso consumativa, com fundamento no artigo 507

    do novo CPC, o que impossibilitaria o posterior recurso adesivo.

    Art. 507. vedado parte discutir no curso do processo as questes j

    decididas a cujo respeito se operou a precluso.

    Gabarito: C

    1.8.6. FUNGIBILIDADE

    Fungvel, juridicamente, refere-se a tudo que possa ser substitudo, trocado.

    Assim, este princpio explica que um recurso, mesmo sendo incabvel para

    questionar determinado tipo de deciso, pode ser validado, desde que exista dvida,

    na doutrina ou na jurisprudncia, quanto ao recurso vivel a ser interposto naquela

    ocasio.

    O Cdigo de Processo Civil de 1939, em seu artigo 810 previa o princpio da

    fungibilidade; contudo, o CPC/1973, bem como o CPC/2015 no o preveem de

    forma explcita. Pode-se entender que o princpio da fungibilidade est implcito no

    art. 277 do CPC/2015: quando a lei prescrever determinada forma, o juiz considerar

    vlido o ato se, realizado de outro modo, lhe alcanar a finalidade.

    O princpio da fungibilidade visa flexibilizao do formalismo processual.

    Est intimamente ligado ao princpio da instrumentalidade das formas e ao princpio

    da economia processual. O cuidado excessivo com a forma no pode ser motivo de

    restrio do acesso justia, sob risco de tornar ineficiente a prestao jurisdicional.

    Modernamente, o maior objetivo do processo deixou de ser a deciso sobre

    quem tem razo no mrito, ao formar-se a coisa julgada material, para prestigiar-se

    a efetiva prestao jurisdicional. Mais importante do que dizer quem tem razo na

    lide oferecer a tutela jurisdicional de modo tempestivo e adequado ao direito

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    material. Desse modo, a questo da fungibilidade est em possibilitar o resultado

    prtico, ainda que o meio processual adotado no seja o mais adequado.

    Para a aplicao do princpio da fungibilidade, h um nico requisito: a

    existncia da dvida objetiva, que envolve a boa-f da parte e exclui o erro

    grosseiro. Em outras palavras, a dvida objetiva deve ser vista como requisito nico

    que substituiu os requisitos da ausncia de m-f e de erro grosseiro.

    A dvida objetiva pode ser entendida como aquela que ocorre quando h

    divergncia na doutrina ou na jurisprudncia sobre determinado tema jurdico, ou

    quando se conclui pela ausncia de elementos a respeito de qual instrumento

    processual utilizar.

    1.8.7. PROIBIO DA REFORMATIO IN PEJUS

    O princpio da proibio da reformatio in pejus consiste na vedao imposta

    pelo sistema recursal brasileiro da reforma da deciso recorrida em prejuzo do

    recorrente e em benefcio do recorrido, fundada no fato de que o rgo jurisdicional

    somente age quando provocado e nos exatos termos do pedido (conforme arts. 2,

    141 e 492 do CPC/2015).

    Art. 2 O processo comea por iniciativa da parte e se desenvolve por

    impulso oficial, salvo as excees previstas em lei.

    Art. 141. O juiz decidir o mrito nos limites propostos pelas partes, sendo-

    lhe vedado conhecer de questes no suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa

    da parte.

    Art. 492. vedado ao juiz proferir deciso de natureza diversa da pedida,

    bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que

    lhe foi demandado.

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    Pargrafo nico. A deciso deve ser certa, ainda que resolva relao

    jurdica condicional.

    Na hiptese em que a deciso favorvel em parte a um e a outro dos

    litigantes, podero ambos interpor recursos; assim, no se fala em reformatio in

    pejus, porque o tribunal poder dar provimento ao recurso do autor ou do ru ou

    negar provimento aos dois, nos limites dos recursos interpostos.

    A reformatio in pejus seria a pior das hipteses para o recorrente, porque

    alteraria a deciso para pior, de modo que o recorrente, ao ingressar na esfera

    recursal porque no concordou com algo, teria sua situao alterada para mais

    grave.

    Contudo, por bvio, o recorrente, ao ingressar na esfera recursal, por existir

    na deciso um elemento desfavorvel, requer que seja modificado somente esse

    elemento e no o que lhe favorvel. Vejamos, sobre a apelao, o que dispe o

    art. 1.013, caput, do CPC/2015: A apelao devolver ao tribunal o conhecimento

    da matria impugnada.

    Excees ao princpio em estudo so aplicadas aos requisitos da

    admissibilidade dos recursos (art. 337 do CPC/2015), salvo o conhecimento de

    conveno de arbitragem. Alm disso, no se operando a precluso, o juiz deve

    aplicar o disposto nos arts. 485, 3o, e 337, 5o, do CPC/2015, no se podendo falar

    na proibio da reformatio in pejus so questes que podem ser conhecidas a

    qualquer tempo, independentemente de manifestao das partes. Convm ressaltar

    que, igualmente, no se admite a reformatio in melius, no podendo o rgo ad

    quem melhorar a situao do recorrente alm do que foi pedido.

    1.8.8. COMPLEMENTARIDADE

    As razes recursais devem ser apresentadas no ato da interposio do

    recurso. No se admite que o recurso seja interposto em outro momento

    procedimental e que as razes sejam apresentadas posteriormente.

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    No entanto, pelo princpio da complementaridade, sempre que for criada

    uma nova sucumbncia decorrente do julgamento dos embargos de declarao

    interpostos pela parte contrria, a parte recorrente poder complementar as razes

    de recurso j interpostas.

    Essa complementao ser limitada nova sucumbncia. Isso ocorre para

    evitar que, sendo parcial o recurso j interposto, o recorrente no se aproveite do

    princpio da complementaridade para impugnar parcela da deciso que deveria ter

    sido impugnada originariamente. Esse princpio tem como fundamento a

    precluso consumativa.

    1.8.9. CONSUMAO

    Esse princpio, assim como o princpio da complementaridade, tem como

    fundamento a precluso consumativa que pode ser verificada no ato de

    interposio do recurso. O princpio da consumao probe que, interposto um

    recurso, este seja substitudo por outro interposto posteriormente, ainda que no

    prazo recursal.

    1.9. EFEITOS PROCESSUAIS DOS RECURSOS

    1.9.1 SUSPENSIVO

    Regra geral, a apelao tem efeito suspensivo. Manteve-se essa

    disposio no texto final do CPC/2015, depois da proposta veiculada no projeto

    inicial para no se aplicar o efeito suspensivo como regra para a apelao.

    Contudo, alm de outras hipteses previstas em lei, comea a produzir

    efeitos imediatamente aps a sua publicao a sentena que:

    I - homologa diviso ou demarcao de terras;

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    II - condena a pagar alimentos;

    III - extingue sem resoluo do mrito ou julga improcedentes os

    embargos do executado;

    IV - julga procedente o pedido de instituio de arbitragem;

    V - confirma, concede ou revoga tutela provisria;

    VI - decreta a interdio.

    Nesses casos, em que a sentena comea a produzir efeitos de imediato, o

    apelado poder promover o pedido de cumprimento provisrio depois de publicada a

    sentena.

    Inversamente aos casos em que o feito suspensivo a regra, nas situaes

    em que a sentena pode produzir efeitos de imediato, poder, todavia, ser

    concedido o efeito suspensivo mediante pedido formulado por requerimento dirigido

    ao:

    I - tribunal, no perodo compreendido entre a interposio da apelao e sua

    distribuio, ficando o relator designado para seu exame prevento para julg-la;

    II - relator, se j distribuda a apelao.

    A eficcia da sentena poder ser suspensa pelo relator se o apelante

    demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a

    fundamentao, houver risco de dano grave ou de difcil reparao.

    1.9.2 DEVOLUTIVO

    Os recursos, em geral, tm efeito devolutivo. O artigo 1.013 do CPC/2015

    atribui dimenses devolutividade da apelao, dispe sobre a extenso da matria

    impugnada e a profundidade, ou seja, menciona a possibilidade de reexame, pelo

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    tribunal, dos fundamentos suscitados pelos sujeitos processuais; ainda que,

    solicitados, no tenham sido analisados em primeira instncia.

    A apelao devolver ao tribunal o conhecimento da matria impugnada,

    que, porm, no analisar somente o objeto da impugnao, mas apreciar todas as

    questes suscitadas e discutidas no processo, ainda que no tenham sido

    solucionadas, desde que relativas ao captulo impugnado.

    Ademais, como j se pontuou, havendo o pedido ou a defesa mais de um

    fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelao devolver ao tribunal o

    conhecimento dos demais.

    Nos casos em que o julgamento verse sobre questes unicamente de direito,

    sem que os fatos venham a influir no julgamento, o efeito devolutivo permitir que o

    tribunal julgue a lide de imediato, desde que a deciso recorrida no tenha analisado

    o mrito.

    O efeito devolutivo pode suscitar situaes de difcil soluo, relacionadas

    ao interesse recursal.

    Exemplo: Beto ajuza demanda em face de Bruno, postulando determinada

    quantia. Beto solicita provas testemunhais, por entender que sejam imprescindveis.

    O magistrado, no entanto, as considera desnecessrias, julgando antecipadamente

    o mrito em favor de Beto. Como a sentena foi favorvel a Beto, e a deciso de

    indeferir a ouvida de testemunhas foi dada na sentena, formando com ela um todo

    inseparvel, Beto no tem interesse em apelar. Contudo, poder Bruno apelar e o

    tribunal entender ser necessria a ouvida para provar o alegado pelo autor [Beto], e

    que, sem ela, o recurso ter de ser provido.

    Seria injusto no dar a Beto a oportunidade de produzir a prova que ele

    requereu, e no pde produzir. Nesses casos, o tribunal deve anular a sentena

    para determinar a produo de provas requeridas pelo autor.

    Dvida: Por que o tribunal viria a declarar a nulidade da sentena?

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    Nessa hiptese, em que o Tribunal entende ser necessria a produo de

    provas, j que os fatos narrados e documentos apresentados contemplam o recurso

    do ru, tem-se claro cerceamento de defesa do autor, em virtude do julgamento

    antecipado. Obviamente, no haveria cerceamento de defesa se o Tribunal

    continuasse a considerar a causa favorvel ao autor, porque as demais provas j

    seriam tidas por suficientes para admitir a verso do Beto.

    Assim, o processo volta ao juiz de primeiro grau para que proceda

    produo de provas e repita a sentena. No sero retomados os atos iniciais, j

    que o processo estar preservado at o momento de produo de provas.

    1.9.3 REGRESSIVO

    Consiste no efeito em que o prprio juiz prolator da deciso impugnada a

    reconsidera. H autores que interpretam como efeito autnomo do prprio princpio

    devolutivo.

    Houve ampliao do juzo de retratao em relao ao Cdigo de 1973.

    Antes somente era possvel nas sentenas liminares (sem a citao do ru), no

    CPC/2015, passou-se a admitir a retratao em todas as sentenas terminativas

    (sem resoluo do mrito).

    Em qualquer das situaes de julgamento do processo sem resoluo do

    mrito, uma vez que seja interposta a apelao, o juiz ter 5 (cinco) dias para

    retratar-se (art. 485, 7).

    Tanto quando decidir pelo indeferimento da inicial quanto pelo indeferimento

    liminar do pedido, o juzo de retratao tambm ser possvel, a saber:

    Indeferimento da Petio Inicial

    Art. 331. Indeferida a petio inicial, o autor poder apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se.

    [...]

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    Julgamento Liminar do Pedido

    Art. 332. 3o Interposta a apelao, o juiz poder retratar-se em 5

    (cinco) dias.

    4o Se houver retratao, o juiz determinar o prosseguimento do processo,

    com a citao do ru, e, se no houver retratao, determinar a citao do ru para

    apresentar contrarrazes, no prazo de 15 (quinze) dias.

    1.9.4 TRANSLATIVO

    O efeito translativo , em regra, prprio a todos os recursos. Ele est

    presente inclusive na apelao, permitindo ao tribunal apreciar de ofcio as matrias

    de ordem pblica, ainda que no suscitadas no recurso. Portanto, admite-se por este

    efeito, que o rgo destinatrio do recurso extrapole o pedido de nova deciso em

    casos que o sistema processual autorize a anlise fora das razes ou contrarrazes

    solicitada pelas partes, sob a justificativa de tratar-se de matrias de ordem pblica.

    Assim, em se tratando do efeito translativo no h que se falar em

    julgamento extra, ultra ou citra petita.

    1.9.5 EXPANSIVO

    Confere, tambm, a possibilidade de o julgamento do recurso ultrapassar os

    limites da matria impugnada.

    O efeito expansivo pode ser subjetivo ou objetivo.

    a) Subjetivo: somente um dos litisconsortes prope o recurso, mas os

    demais acabam dele se beneficiando. No litisconsrcio unitrio, como a

    sentena se estende a todos, o recurso tem de ser acolhido em beneficio

    de todos. No simples, o recurso acolhido em beneficio daquele que o

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    apresentou. Porm, poder estender-se aos demais, ou seja, ter efeito

    expansivo, quando a matria alegada por um for comum aos demais.

    b) Objetivo: recorre-se apenas de uma parte da deciso, mas o julgamento

    se expande para a outra parte, com ela vinculada.

    2. EMBARGOS DE DECLARAO

    Os embargos de declarao so uma das espcies de recurso elencadas no

    art. 994 do CPC/2015, utilizados para impugnao de deciso judicial, mas se

    distinguem dos demais recursos em razo de sua finalidade.

    Enquanto os recursos, em geral, submetem uma deciso a nova apreciao

    do Poder Judicirio com o fim de modific-la, os embargos de declarao tm

    como finalidade completar a deciso, remediando vcios de obscuridade,

    contradio ou omisso. Por isso, eles so apreciados pelo prprio rgo que

    prolatou a deciso.

    Cabimento:

    Art. 1.022. Cabem embargos de declarao contra qualquer deciso judicial

    para:

    1 - esclarecer obscuridade ou eliminar contradio;

    2 - suprir omisso de ponto ou questo sobre o qual devia se pronunciar o

    juiz de ofcio ou a requerimento;

    3 - corrigir erro material.

    Considera-se omissa a deciso que:

    I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos

    repetitivos ou em incidente de assuno de competncia aplicvel ao caso sob

    julgamento;

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    II - incorra em qualquer das condutas descritas abaixo:

    I - se limitar indicao, reproduo ou parfrase de ato normativo, sem

    explicar sua relao com a causa ou a questo decidida;

    II - empregar conceitos jurdicos indeterminados, sem explicar o motivo

    concreto de sua incidncia no caso;

    III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra deciso;

    IV - no enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de,

    em tese, infirmar a concluso adotada pelo julgador;

    V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de smula, sem identificar

    seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se

    ajusta queles fundamentos;

    VI - deixar de seguir enunciado de smula, jurisprudncia ou precedente

    invocado pela parte, sem demonstrar a existncia de distino no caso em

    julgamento ou a superao do entendimento.

    Prazos:

    O prazo para sua interposio, importante registrar, de 5 (cinco) dias aps

    a intimao da sentena ou acrdo.

    A interposio de embargos de declarao interrompe (na interrupo, a

    contagem do prazo reiniciada) para todos os sujeitos processuais o prazo para a

    apresentao dos demais recursos, salvo a hiptese de intempestividade (de estar

    fora do prazo).

    A forma de interposio : petio escrita; exceto nos Juizados Especiais,

    em que, alm da forma escrita, cabe tambm a sustentao oral na audincia em

    que se proferiu a sentena.

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    importante lembrar que os embargos de declarao, no mbito dos

    Juizados Especiais, acarretam a simples suspenso do prazo para a interposio

    do recurso inominado (recurso que equivale apelao, s que no mbito do

    Juizado Especial). Quando apresentado o recurso principal, ser descontado o

    prazo utilizado no embargo de declarao, espcie intermediria.

    Caractersticas:

    So caractersticas dos embargos de declarao: a natureza jurdica de

    recurso; sujeitos teoria geral dos recursos e aos requisitos de admissibilidade;

    espcies: embargos de declarao com efeitos modificativos e com efeitos

    infringentes.

    Outro ponto que merece ser mencionado diz respeito ao uso do expediente

    recursal para protelar o andamento processual: os recursos considerados

    protelatrios. Caso se verifique essa inteno, o magistrado dever aplicar multa

    contra o recorrente. A multa ser fixada em 1% do valor atribudo causa, podendo,

    nos casos de reiterao, chegar at 10% do valor da causa. A multa deve ser,

    igualmente, aplicada para os sujeitos que esto isentos do recolhimento das custas

    processuais Ministrio Pblico, Fazenda Pblica e aos pobres na forma da lei.

    2.3. ADMISSIBILIDADE

    Os embargos de declarao devero passar por juzo de admissibilidade

    prvio para verificar se foram preenchidos ou no seus requisitos de admissibilidade,

    para conferncia de sua adequao ao caso em que fora utilizado.

    Podero opor embargos de declarao qualquer das partes, os

    intervenientes, o MP, parte ou fiscal da lei e eventuais terceiros prejudicados. O

    advogado tambm poder opor em seu prprio nome, para sanar vcio de

    obscuridade, contradio ou omisso que diga respeito a seus honorrios.

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    Eles devero ser opostos no prazo de 5 dias, a contar da data em que as

    partes so intimadas da deciso. Quando interposto, interrompe o prazo para

    apresentao de outros recursos. O Juizado Especial, como visto em linhas

    anteriores, constitui exceo a essa regra, pois neles os embargos de declarao

    tero eficcia suspensiva sobre os demais prazos recursais art. 50 da Lei n

    9.099/95.

    Os embargos de declarao no recolhem preparo. Assim, se no

    preenchidos os requisitos de admissibilidade, no sero conhecidos, e, se

    preenchidos, o julgador dar ou no provimento.

    2.4. FUNDAMENTOS DOS EMBARGOS

    Os embargos de declarao tm como fundamentos a declarao de

    existncia de obscuridade, contradio ou omisso na deciso (art. 1.022 do

    CPC/2015).

    O embargo cabvel contra vcio presente na deciso, porm no h

    obrigatoriedade de qualificao precisa do vcio; assim, os fundamentos que

    comportam a previso de embargos so:

    a) Obscuridade: quando o ato no claro, impedindo o destinatrio de

    entender o teor ou alcance da deciso. Logo, sempre que a deciso for ambgua,

    contiver vcios de linguagem, expresses erradas ou outros problemas que impeam

    a compreenso, caber embargo.

    b) Contradio: ocorre quando a deciso no coerente. Ela conflitante

    em si mesma, apresentando afirmaes que se rechaam ou se anulam. Frise-se

    que a deciso que se contradiz tambm obscura.

    A contradio pode ocorrer, nos acrdos ou sentenas, entre duas ou mais

    partes da fundamentao, entre a fundamentao e o dispositivo ou entre duas ou

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    mais partes do dispositivo. E no caso dos acrdos ela pode ocorrer entre a ementa

    e o contedo.

    c) Omisso: ocorre quando o juiz deixa de emitir suas consideraes sobre

    algo relevante para o processo. Isso no quer dizer que o juiz deva apreciar todas as

    questes suscitadas pelas partes em cada pequeno detalhe, mas somente aquelas

    que forem relevantes para o julgamento. Nesse sentido:

    No h omisso na deciso judicial se o fundamento nela acolhido prejudica

    a questo da qual no tratou (RTJ, 160:354). Desse modo, se uma deciso no

    trata, de maneira expressa, de tema relevante suscitado, mas seu entendimento leva

    ao entendimento de que ele foi admitido ou inadmitido, completo est o contedo da

    deciso, no se devendo falar em omisso.

    A omisso da sentena, quando no suprida pelos embargos, poder

    ensejar nulidade, e caber parte que no embargou apelar para anul-la. Porm,

    se todos os elementos constarem nos autos, o tribunal poder apreciar o que tiver

    sido omitido pela instncia inferior, sem que seja anulado o julgado (CPC/2015, art.

    1.013, 3).

    2.5. EMBARGOS DE DECLARAO COM EFEITO INFRINGENTE

    Infringente vem do verbo infringir [que significa: postergar, quebrantar,

    transgredir, violar (leis, ordens, tratados) dicionrio Michaelis].

    Ao acolher um embargo, pode acontecer, excepcionalmente, de o juiz

    modificar a deciso ou o resultado do julgamento; assim, o art. 494, II, do CPC/2015

    admite que publicada a sentena, o juiz possa alter-la via embargos de declarao.

    Essa possibilidade foi contemplada porque sanar o vcio da deciso, relativo a

    omisso, contradio ou obscuridade, pode levar a sua alterao.

    Em regra, para que os embargos tenham eficcia modificativa, necessrio

    que a sentena tenha sido omissa ou obscura, nesse sentido a seguinte deciso:

    Embargos declaratrios no podem conduzir a novo julgamento, com reapreciao

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    do que ficou decidido. No h bice, entretanto, a que o suprimento de omisso leve

    a modificar-se a concluso do julgado (RSTJ, 103:187).

    Contudo, em situaes nas quais a deciso tem revelado erro material ou

    erro de fato verificvel de plano, tm-se tambm admitido a oposio dos embargos

    com finalidade infringente. Nesse sentido: Doutrina e jurisprudncia tm admitido o

    uso de embargos declaratrios com efeitos infringentes do julgado, mas apenas em

    carter excepcional, quando manifesto equvoco e no existindo no sistema legal

    outro recurso para correo do erro cometido (STJ, 4 Turma, REsp 1.757-SP, rel.

    Min. Slvio Figueredo).

    Assim, embora os embargos de declarao no oportunizem ao juiz sua

    mudana de convico, reexame da prova, ou nova anlise do direito aplicvel, eles

    envolvem duas hipteses em que podem ter efeito infringente: 1) quando

    cumprem sua finalidade de solucionar vcios de obscuridade, contradio ou

    omisso e implicam a alterao do que foi decidido, ou 2) quando opostos para

    sanar erros materiais ou de fato.

    2.6. EFEITOS DOS EMBARGOS DE DECLARAO

    Os embargos de declarao tm efeito suspensivo e devolutivo. O efeito

    suspensivo recai sobre a executividade do julgado impedindo a deciso de produzir

    efeitos desde logo, mas no interfere no prazo para interposio de outros recursos.

    J o efeito devolutivo possibilita, pela devoluo ao julgador, a apreciao daquilo

    que for objeto do recurso, ficando o reexame restrito contradio, obscuridade ou

    omisso apontada nos embargos.

    3. APELAO

    Recurso aplicado sentena terminativa ou definitiva (mrito), dirigid


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