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ECONOMIA INTERNACIONAL – BNDES/TEORIA E EXERCÍCIOS Profa. Julia Olzog
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Aula 01
Olá alunos,
Seguimos com nosso curso. Hoje veremos:
O modelo de Heckscher-Ohlin; o teorema da equalização dos preços
dos fatores; comércio e distribuição de renda: o teorema de Stolper-
Samuelson; modelo de concorrência monopolística, diferenciação de
produtos e comércio intraindustrial. Vantagens comparativas dinâmicas.
As vantagens comparativas dinâmicas veremos na próxima aula. Antes
de prosseguirmos com os tópicos da aula 01 que aborda as teorias
neoclássicas e novas teorias de comércio internacional, vamos ver mais uma
teoria clássica.
Teoria da Demanda Recíproca
A Teoria da Demanda Recíproca foi desenvolvida por John Stuart Mill,
economista inglês, em sua obra Principles of Political Economy, de 1848.
Formula sua teoria de forma inversa a de Ricardo, tentando evidenciar a
eficiência comparativa: a base para a produção de um produto não é sua
unidade, mas o que, em um determinado número de horas, dois países
diferentes possam produzir.
Além disso, há um outro fator que estabelecerá o valor exato das trocas:
a demanda por mercadorias em cada país (logo, o nome da teoria), sendo esse
o segundo avanço.
De acordo com Mill, é a demanda que definirá o valor monetário da
troca, ou, de outra forma, a definição do termo de troca vai depender da
demanda recíproca. Assim, a demanda passa a ter importância, de modo a ser
destacada no nome da teoria que é Teoria da Demanda Recíproca.
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Pela teoria da demanda recíproca, a amplitude das trocas internacionais
não dependeria apenas das possíveis vantagens resultantes da especialização,
mas das elasticidades de um país pela produção desenvolvida por seu parceiro
comercial. Assim, os termos de troca reais de dois produtos entre dois países
dependeriam também da intensidade da procura de cada país pelo produto do
outro.
O preço, ditado pela demanda das mercadorias, permitirá a troca quando
esses estiverem nivelados entre os dois países. Dessa forma, de acordo com
essa teoria, o comércio se realizará quando os prec�os equalizarem as
demandas nos dois países. Os preços vão se alternando até que cheguem ao
equilíbrio, sendo que a relação de troca se altera de acordo com a maior ou
menor demanda pelos respectivos produtos. Essa demanda sofre os efeitos dos
problemas conjunturais (dependem da maior ou menor necessidade
momentânea que cada país tem das mercadorias negociadas).
As teorias de Smith, Ricardo e Mill foram aceitas por um longo período,
devendo ser destacadas também teorias modernas sobre o comércio
internacional, teorias as quais dão maior ênfase a fatores de produção como
matéria prima, investimentos (equipamentos, patentes e sistemas
administrativos) etc., não considerando o trabalho como único fator de
produção.
Teorias Neoclássicas
111... O modelo de Heckscher-Ohlin
Um século após Ricardo ter estabelecido o princípio das vantagens
comparativas, Eli Heckscher e Bertil Ohlin formularam uma teoria que
procurava responder o que determina a vantagem comparativa e o efeito do
comércio internacional sobre os rendimentos dos vários fatores de produção
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(capital, trabalho e terra) das nações que participam do comércio, ou seja,
como se dá a distribuição de renda auferida com o comércio. O modelo H-O foi
apresentado originalmente no livro “Interregional and International Trade”, de
Bertil Ohlin, publicado em 1933.
Basicamente, a Teoria de Heckscher-Ohlin (ou Teoria da Dotação
de Fatores ou Teoria da Proporção dos Fatores), afirma que as forças
produtivas de um país se especializam e exportam os produtos que requerem a
utilização mais intensiva de seu fator de produção abundante.
O modelo H-O, diferentemente de Smith e Ricardo que consideravam
apenas o fator de produção trabalho, considera todos os fatores de
produção: terra, trabalho e capital. Outra diferença em relação à teoria de
Ricardo é que no modelo da dotação dos fatores a tecnologia é assumida
constante, ou seja, as tecnologias de produção são idênticas em ambos os
países, comente variando os fatores de produção.
Dado que os fatores de produção são fixos/estáticos, o comércio
internacional decorre da diferença entre os países no que diz respeito à
dotação dos fatores de produção. Assim, se um país possui abundância do
fator de produção capital, por exemplo, ele irá se especializar na produção e
exportação de bens que sejam intensivos em capital e irá importar bens
intensivos em terra e trabalho. Pelo modelo H-O, o que determina o comercio
internacional são as diferenças relativas nas dotações de recursos entre os
países.
Assim, o padrão de comércio do modelo é o seguinte: países tendem a
exportar produtos que utilizam intensivamente o fator de produção que
se encontra relativamente mais abundante, e importam mercadorias que
utilizam intensivamente o fator de produção menos abundante em seu
território. Pose-se dizer que os países têm vantagens comparativas naqueles
bens cuja produção requer fatores relativamente abundantes
domesticamente. Isso porque, onde o fator é abundante (capital, por
exemplo), seu custo relativo aos demais fatores (trabalho e terra) é menor, o
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que torna economicamente mais rentável a produção de bens intensivos em
capital.
No modelo H-O original existem apenas dois países, duas commodities
que podem ser produzidas e dois fatores homogêneos de produção: é um
modelo tipo 2x2x2. Vejamos:
- Duas economias – país A e B;
- Dois bens – M e X;
- Dois fatores de produção – K e L (Capital e Trabalho)
No modelo, o bem M será intensivo em capital se a relação
capital/trabalho em sua produção for superior à taxa usada para produzir o
bem X: KM/LM > KX/LX. Consequentemente, se o bem M é intensivo em capital,
o bem X será intensivo em trabalho.
Quanto aos países, o país A será relativamente abundante em capital se
a taxa capital/trabalho (K/L) for maior que a taxa K/L do país B: (K/L)A >
(K/L)B . Nesse caso, sendo o país A relativamente abundante em capital, o país
B terá abundância relativa de trabalho.
Assim, o modelo de H-O mostra que as vantagens comparativas são
influenciadas por:
• Intensidade relativa no emprego de fatores (K, L)1 no que se refere
a bens;
• Abundância relativa de fatores (K, L) no que se refere a países.
Dadas as suposições do modelo acima, um país exportará a commodity
cuja produção é intensiva no fator relativamente mais abundante
domesticamente. Isso também equivale a dizer, que as trocas internacionais
podem ser identificadas como a troca de fatores abundantes por fatores
escassos.
Assim, por exemplo, a especialização dos países latino americanos na
produção de produtos primários para a exportação, associada à importação de
1 No exemplo foram usados K= capital e L= trabalho, mas o fator Terra também é condiderado como fator de
produção
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produtos manufaturados, seria um corolário do teorema de Hecksher-Ohlin,
dado que estes países possuem uma abundante dotação de recursos naturais e
de mão de obra de baixa qualificação.
Em relação ao custo de oportunidade, em um modelo de um único fator
de produção, como é o caso do Modelo de Ricardo, a Fronteira de
Possibilidades de Produção da economia é uma reta e o custo de oportunidade
é constante. Já em um modelo de dois ou mais fatores, a Fronteira de
Possibilidades de produção da economia é uma curva e os custos de
oportunidade são crescentes.
Os pressupostos básicos do modelo H-O são os seguintes:
• As funções de produção para ambas as commodities exibem retornos
constantes de escala2, mas diferem entre si no que diz respeito à utilização de
capital e trabalho. Ou seja, uma commodity é capital-intensiva e a outra é
trabalho-intensiva.
• Ambos os países possuem as mesmas tecnologias de produção (constante).
• As preferências são homogêneas e idênticas em ambos os países.
• A única diferença entre os países se deve à abundância relativa de capital,
trabalho e terra em cada país.
2 No caso dos rendimentos constantes de escala tendo os insumos dobrados, a função de produção também irá dobrar,
ou seja, o aumento na produção se dá na mesma proporção do aumento dos insumos utilizados.
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• A oferta total dos fatores de produção é fixa.
• Há plena mobilidade de capital e trabalho entre os dois setores produtivos;
• Não há mobilidade de capital e trabalho entre os países;
• Não há barreiras comerciais, tarifas ou custos de transporte;
• Há concorrência perfeita e pleno emprego.
• O comércio de bens é uma forma indireta de comerciar os fatores de
produção contidos nas mercadorias.
Na tentativa de avaliar a relação entre distribuição de renda e comércio
internacional, o teorema foi aprimorado para mostrar que haveria uma
equalização dos preços relativos dos fatores de produção com o comércio
internacional.
222... Teorema Hecksher-Ohlin-Samuelson ou Teorema da
Equalização dos Preços dos Fatores
Como decorrência da Teoria Heckscher-Ohlin, surgiu o Teorema da
Equalização dos Preços dos Fatores, desenvolvida por Paul Samuelson. É
também conhecido como Teorema da Equalização dos Custos dos Recursos ou
Teorema Heckscher-Ohlin-Samuelson.
Os pressupostos do Teorema H-O-S são os mesmos do modelo de H-O,
mas agora a análise é feita sobre os efeitos do livre comércio na remuneração
dos fatores de produção.
Por exemplo, vamos novamente usar o modelo 2x2x2
- Dois países – China e Alemanha;
- Dois bens – vestuário e automóveis;
- Dois fatores de produção – K e L (Capital e Trabalho)
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A China tem abundância do fator de produção trabalho e, portanto, se
especializa na produção e exportação de bens intensivos em trabalho, no
nosso exemplo: vestuário. A Alemanha, possui abundância do fator de
produção capital e, portanto, se especializa na produção e exportação de bens
intensivos em capital, nesse caso automóveis.
Com o livre comércio entre as nações, a China passa a vender roupas
(vestuário) para a Alemanha e compra desta automóveis. Com isso, a indústria
chinesa precisa produzir mais vestuário, o que acaba aumentando a demanda
por mais trabalhadores (mão de obra). Já a indústria alemã, precisa produzir
mais automóveis, o que aumenta a demanda por capital (investimentos).
A especialização e comércio entres os países causa um efeito sobre a
remuneração dos fatores: na China, o aumento da demanda por mão de obra
provoca a elevação dos salários (aumenta a demanda por trabalho, que leva a
um aumento da remuneração do fator de produção trabalho). Na Alemanha, o
aumento da demanda por capital causa a elevação dos juros (remuneração do
fator de produção capital).
Como há o comércio entre os países que suprem a oferta do bem
intensivo no fator escasso, a China deixa de produzir automóveis e passa a
comprar da Alemanha. Da mesma forma, a Alemanha não produz mais roupas,
pois compra da China. Na China, haverá então uma redução da demanda por
capital enquanto na Alemanha haverá redução da demanda por mão de obra.
A redução da demanda por capital na China acaba levando a uma
redução dos juros (remuneração do fator de produção capital); enquanto na
Alemanha, a redução da demanda por mão de obra gera uma redução dos
salários.
Então, com o livre comércio, verifica-se que houve elevação dos salários
e redução dos juros na China; e elevação dos juros e redução dos salários na
Alemanha.
Em síntese, o teorema diz que o país com abundância em um fator de
produção e escassez em outro irá demandar mais fator de produção abundante
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para atender às exportações nas quais possui vantagem comparativa. Ao longo
do tempo, isso possibilitará aumentar a remuneração do fator abundante.
A consequência em termos globais, seria a equalização dos preços
dos fatores de produção. Na China os salários que eram baixos aumentaram
e os juros que eram altos diminuíram. Na Alemanha, os salários que eram
altos caíram, e os juros que eram baixos subiram. Isso leva a uma
convergência na remuneração dos fatores e uma situação de equilíbrio.3
Em linhas gerais, o teorema explica o efeito do livre comércio sobre a
remuneração dos fatores de produção.
Dentro de uma economia vemos os efeitos causados pelo comércio em
relação à distribuição de renda: no nosso exemplo, o comércio favorecerá os
trabalhadores chineses – provocando aumento dos salários – e prejudicará os
proprietários do capital – queda dos juros, menor remuneração do fator. A
mesma coisa na Alemanha: o dono do capital recebe mais juros, mas em
compensação, os trabalhadores saem perdendo. Há, portanto, ganhadores e
perdedores, sendo a renda distribuída para os detentores do fator abundante
em detrimento dos detentores do fator escasso.
Resumo de Comércio Internacional e Distribuição de Renda:
–Numa economia fechada, o fator abundante produz muito do bem
intensivo, o que faz com este bem tenha um preço relativamente baixo.
–Com a abertura, há aumento no preço relativo deste bem, por conta da
demanda do resto do mundo.
–O comércio (livre de barreiras) leva à convergência dos preços relativos
(o custo de produção de um bem está diretamente relacionado ao preço dos
fatores utilizados na sua produção)
–Mudanças nos preços relativos têm fortes efeitos sobre a remuneração
relativa dos fatores nos países: os proprietários dos fatores abundantes de um
país obtêm ganhos do comércio, mas os proprietários dos fatores escassos
saem perdendo.
3 Na prática, sabemos que não é isso que acontece, pois os salários na vida real são bem maiores nos países
desenvolvidos e os juros maiores nos países não desenvolvidos! Mesmo caindo os salário e os juros eles não chegam a se equalizar.
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O modelo sofre críticas, pois a maior parte do comércio mundial é feita
entre países desenvolvidos e entre países em desenvolvimento, os quais
apresentam dotações fatoriais relativamente similares, caso que o modelo H-
O-S não pode explicar. Veremos isso mais adiante.
Mas, apesar disso, o teorema pode ser percebido na vida real: na China,
o grande crescimento econômico causado pelo aumento da produção e
exportação dos bens produzidos naquele país têm provocado a elevação dos
salários, que pressionam os preços para cima, gerando inflação. Como os
chineses têm que repassar o aumento dos salários para os preços dos
produtos, a China acaba exportando sua inflação, embutida nos preços dos
produtos, para o resto do mundo.
333... O Teorema de Stolper-Samuelson
O Teorema de Stolper-Samuelson, diz que o aumento no preço relativo
de um bem provoca um aumento mais que proporcional da renda do fator
de produção empregado intensivamente em sua produção e uma redução da
remuneração do fator de produção escasso.
Suponha que a intensidade do uso fator trabalho é maior na produção do
bem 1 que na produção do bem 2. Se aumentar o preço do bem 1 (p1), o
preço de equilíbrio do trabalho (fator usado intensivamente na produção do
bem 1) aumenta, enquanto que o preço do outro fator, não usado
intensivamente, diminui. Isso porque o aumento do preço do bem 1 provoca
um estímulo à expansão da produção em detrimento da produção do bem 2, o
que acaba gerando um aumento da demanda pelo insumo (fator) de produção
do bem, que eleva seu preço.
Vimos no modelo H-O-S os efeitos do livre comércio sobre a distribuição
de renda. Mas o que acontece com as remunerações dos fatores de produção
se houver protecionismo (imposição de barreiras), ao invés do livre comércio?
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Outro aspecto importante do teorema S-S é que ele explica os efeitos
que a imposição de tarifas (barreiras tarifárias) provocam sobre a
remuneração dos fatores de produção.4
Vamos voltar ao exemplo anterior: a China se especializou na produção
de vestuário, enquanto a Alemanha se especializou na produção de
automóveis. Mas, o que acontece se a China colocar uma tarifa (imposto de
importação) sobre a importação de vestuário?
Num primeiro momento, a oferta externa (importação) de vestuário
tende a diminuir (pois agora há uma barreira tarifária que deixa o produto
mais caro), mas a demanda doméstica se mantém constante. Nesse caso, a
indústria de roupas chinesa será incentivada a produzir mais, pois a proteção
abre espaço para o aumento da oferta nacional. Só que, para produzir em
maior escala, a indústria chinesa necessitará de maior quantidade de mão de
obra. O aumento da demanda por trabalhadores provocará uma elevação dos
salários.
E se os chineses cobrassem imposto de importação sobe automóveis?
Nesse caso, sendo que oferta externa de carros tende a diminuir e a demanda
se mantém constante, os preços dos carros sobem na China. As empresas
chinesas de automóveis vão se sentir então estimuladas a produzir mais e,
para isso, vão precisar de capital para aumentar a produção. O aumento da
procura por capital leva a um aumento da remuneração deste fator, ou seja,
os juros sobem na China.
Com isso, podemos afirmar que, de acordo com o Teorema Stolper-
Samuelson, a imposição de tarifa sobre a importação de um bem tem
como efeito o aumento da remuneração do fator de produção intensivo
no bem protegido. Dito de outra forma, a proteção favorece o fator usado de
forma intensiva no setor que compete com as importações.
Vamos fazer um paralelo entre o teorema H-O-S e o teorema S-S
4 Teorema Stolper-Samuelson descreve os efeitos do protecionismo sobre a remuneração dos fatores de produção.
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Nos 2 teoremas, há correspondência entre os preços relativos dos bens e
os preços relativos dos fatores utilizados para produzir os bens, o que, com a
abertura comercial, provoca a distribuição de renda. O teorema H-O-S
descreve a distribuição da renda em livre comércio, enquanto o teorem S-S
descreve a distribuição da renda em situação de protecionismo.
No teorema H-O-S o livre comércio leva ao aumento da remuneração do
fator de produção abundante e no teorema S-S o protecionismo leva ao
aumento da remuneração do fator de produção intensivo no bem protegido.
A diferença entre os teoremas é que, no caso do livre comércio, mesmo
havendo aumento da demanda, haverá uma tendência à equalização dos
preços no mercado internacional; já numa economia protegida, a tarifa
aumenta a remuneração do fator protegido, mas também aumenta o preço do
bem protegido domesticamente, o que acaba provocando uma perda do ganho
real dos salários em decorrência do aumento da inflação.
444... Paradoxo de Leontief
Pelo modelo de Heckscher-Ohlin, os países apresentam vantagens
comparativas nos bens cuja produção utiliza-se do fator de produção
abundante no país, de modo que a tendência é a de que o país exporte esses
tipos de produtos. Todavia, um estudo do economista Wassily Leontief,
publicado em 1953, colocou em xeque a teoria de Hecksher-Ohlin, ao
evidenciar que as exportações norte-americanas, no pós-Segunda Guerra
Mundial, eram menos capital-intensivas do que as importações, ou seja, a
economia mais capital-intensiva do mundo, os EUA, tinha um padrão de
comércio que se afastava dos modelos clássico e neoclássico: exportava bens
intensivos em trabalho e importava bens intensivos em capital. Essa
constatação estatística foi denominada de paradoxo de Leontief.
Essa contradição levantou algumas hipóteses em relação ao padrão de
comércio americano. Alguns argumentos era de que os EUA detêm uma
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vantagem comparativa muito mais relacionada com a mão de obra altamente
qualificada (i.e., capital humano) do que com o capital físico. Com base nesta
explicação, as exportações dos EUA são muito intensivas em capital humano, e
não particularmente intensivas em trabalho (i.e., mão de obra desqualificada).
Outros autores acham que o modelo H-O está correto, porém deveria
levar em conta mais fatores de produção além do capital e do trabalho
homogêneos. Segundo este argumento, o padrão de comércio parece também
ser influenciado pela dotação de recursos naturais e de mão de obra
qualificada. Neste caso, o erro do modelo teria sido apenas o de considerar
toda a mão de obra como homogênea. Por outro lado, também se defende que
o modelo deveria levar em consideração os padrões de demanda.
Outra explicação é que a estrutura tarifária americana proporciona maior
proteção aos produtos intensivos em trabalho. Se os EUA adotam uma política
protecionista em relação aos produtos trabalho-intensivos, as importações
destes diminuem e há, comparativamente, um volume maior de importações
de produtos capital-intensivos.
O Paradoxo de Leontief acabou estimulando o surgimento de novas
teorias para explicar o comércio internacional, levando em conta outros
aspectos até então não abordados pelas teorias tradicionais.
555... Teorema de Rybczynski
O teorema de Heckscher-Ohlin estabelece relac�ão entre comércio e
dotação de fatores: cada país exporta o bem na produc�ão do qual utiliza
intensivamente o fator relativamente abundante (o bem onde detém vantagem
comparativa). Mas, no teorema H-O, os fatores de produção são estáticos, ou
seja, não se movem entre os países.
Já o teorema de Rybczynski considera que há mobilidade entre os fatores
de produção, o que é mais realista, pois tanto a mão de obra (migração de
trabalhadores) quanto os fluxos de capital podem se deslocar entre os países.
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Quando um país se especializa na produção de um bem intensivo no
fator abundante, na hipótese dos preços dos bens se manterem constantes, o
aumento da oferta de um fator conduz ao aumento da produc�ão do bem que
utiliza intensivamente esse fator à custa da diminuic�ão da produc�ão do
outro bem que utiliza esse fator de forma menos intensiva (fator escasso).
Vamos supor que um país seja intensivo em trabalho e esteja produzindo
têxteis e televisores (nesse caso, a especialização não é total). O aumento da
dotação do fator de produc�ão trabalho (L) – por exemplo, pela entrada de
mão de obra imigrante - provoca o crescimento da produção de têxteis que
usa este fator de forma intensiva e a queda da produção de televisores que
usa o fator escasso (K) de forma intensiva.
Isso significa que, se no país está havendo aumento na dotação de um
fator, então o país se especializará e exportará os produtos que requererem a
utilização desse fator de produção cuja dotação aumentou, diminuindo a
produção dos bens intensivos no outro fator. O país não vai deixar de fabricar
TVs, mas a sua produção vai diminuir, em virtude do aumento da produção de
têxteis (realocação dos fatores).
Agora que vimos os modelos neoclássicos, podemos destacar:
Vantagens do comércio internacional:
- Realocação dos recursos produtivos: transfere recursos destinados à
produc�ão de bens com desvantagem comparativa para a produc�ão de bens
que têm vantagem comparativa;
- Equalizac�ão dos preços no mercado internacional: em outras palavras, os
preços da mercadoria X nos países A e B tornam-se iguais.5
- Melhora do nível de vida da populac�ão: pela realocação dos recursos
produtivos, haverá redução de custos e, por conseguinte, ampliação do poder
aquisitivo dos consumidores.
Falhas dos modelos:
5 Cabe esclarecer que essa equalizac�ão ocorre no preço FOB. Para simplificar, nos modelos neoclássicos não
existem custos de transporte ou outros impedimentos ao comércio internacional. Evidentemente, no mercado interno de cada país haverá diferenc�as no valor do frete, seguro e principalmente na carga tributária.
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- Dois países A e B produzem os mesmos dois produtos, em um mercado
competitivo domesticamente. Cada produto é produzido separadamente
empregando dois fatores de produc�ão, trabalho e capital.
- modelo 2x2x2: 2 países, 2 bens, 2 fatores
- A tecnologia empregada pelos dois países é idêntica e tem retornos
constantes de escala.
- Cada país tem dotac�ão distinta de fatores de produc�ão.
- Cada país compartilha padrões de preferência idênticos.
Novas Teorias do Comércio Internacional
As inovações tecnológicas ocorridas a partir de meados da década de 70
geraram um novo paradigma tecnológico. Os fundamentos desse novo
paradigma são as novas tecnologias de informação e inovações organizacionais
relacionadas. No núcleo das transformações recentes está a combinação da
revolução microeletrônica, originada nos Estados Unidos, com o modelo de
organização flexível, desenvolvido inicialmente no Japão.
Em nível macro, assistimos, no início da década de 80, à ascensão do
monetarismo e da corrente neoliberal nos Estados Unidos e Inglaterra, e sua
influência nas instituições multilaterais, FMI e Banco Mundial. Esse novo
paradigma está redefinindo não só os parâmetros de desenvolvimento,
comércio nacional e internacional, mas também as formas de organização e
gestão.
As evidências empíricas sempre apontavam que a teoria tradicional das
vantagens comparativas precisava ser complementada por outras hipóteses,
como as economias de escala, economias de escopo, fatores do lado da
demanda como diferenciação de produto, tecnologia de mercado devido à
competição imperfeita e política governamental. A nova teoria do comércio
internacional procura dar conta desses novos fatores, desenvolvendo
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explicações dos padrões de comércio e da competitividade a partir do exame
das interações estratégicas das empresas e de governos.
Nesses modelos, o comércio e os investimentos internacionais ocorrem
em mercados imperfeitamente competitivos - oligopólios ou competição
monopolística – em que fatores como barreiras de entrada, diferenciação de
produtos, economias de escala, learning-by-doing e progresso tecnológico têm
papel importante.
A nova teoria de comércio é chamada também de “teoria estratégica de
comércio” porque o comércio é resultado da rivalidade estratégica de empresas
e governos, em que um pequeno número de empresas e o governo tomam
decisões levando em consideração a reação dos demais participantes do
mercado. Nessa análise, os governos nacionais, sob certas condições bastante
restritivas, podem intervir com sucesso, alterando o resultado da competição
entre as empresas nacionais em relação às estrangeiras e aumentando o bem
estar – lucro da empresa nacional – por meio de subsídios ou imposição de
barreiras ao comércio (Krugman, 1988).
A teoria estratégica de comércio incorpora alguns elementos da nova
realidade mundial. Explica também alguns aspectos dos padrões de comércio
observados nas últimas décadas, como o grande volume do comércio
intrafirma e a crescente participação das empresas multinacionais no comércio
mundial, particularmente nos setores de alta tecnologia.
666... Economias de Escala
Os modelos clássicos apresentados têm como base a concorrência
perfeita e rendimentos constantes de escala. Em concorrência perfeita, temos
as seguintes características: elevado número de ofertantes e demandantes de
forma que, isoladamente, nenhum deles exerce influencia sobre o preço;
homogeneidade do produto – não existe diferenciação entre os produtos;
transparência do mercado – todos tem conhecimentos das condições do
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mercado; liberdade de entrada e saída de empresas - livre mobilidade de
capital. Quanto aos rendimentos constantes de escala, assume-se que se
duplicarmos os inputs (insumos) de fatores produtivos numa determinada
indústria, então a produção dessa indústria duplicará também.
Contudo, na prática, a maior parte das indústrias operara em ambiente
de concorrência imperfeita e economias (crescentes) de escala, ou seja,
quando se duplicam os inputs, mais que duplica a produção. Ou seja, haverá
ganhos de escala quando o aumento dos fatores produtivos (trabalho, capital)
empregados na fabricação de um bem acarretar um aumento mais do que
proporcional da produção. A premissa básica da existência de economias de
escala (ou ganhos de escala) seria que os custos da empresa ou do mercado
se reduzem à medida que aumenta a quantidade produzida.
Com a especialização, cada país produziria uma variedade restrita de
bens, beneficiando-se dos retornos crescentes de escala sem sacrificar,
contudo, a variedade no consumo possibilitada pelo comércio internacional.
As economias de escala surgem da especialização dos países e dão
razões suplementares à existência de comércio internacional, a medida que os
países vão se tornando mais eficientes na produção de determinados bens, ao
invés de tentar produzir tudo. Se cada país produz apenas alguns dos bens,
então cada bem pode ser produzido em escala maior do que se cada país
tentasse produzir tudo, e a economia mundial pode produzir mais de cada
bem. Segundo Krugman, os países participam do comércio internacional em
razão dos benefícios decorrentes das diferenças entre eles, o que lhes permite
se especializarem na produção daquilo que fazem melhor em relação aos
outros. Essa especialização leva a economias de escala, isto é, ao se
especializarem, os países produzem numa escala maior e de maneira mais
eficiente do que se produzissem eles mesmos todos os bens de que
necessitam.
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Então, em função dos rendimentos crescentes de escala, mesmo
países idênticos no que se refere a suas dotações de fatores, gostos e
preferências podem obter ganhos com o comércio mútuo6.
Esse comércio, no entanto, não se realiza em condições de concorrência
perfeita, fazendo-se necessário certo grau de monopolização. Sendo assim, os
ganhos de escala levam à formação, não de um mercado de concorrência
perfeita, mas de um mercado no qual as firmas tenham um certo grau de
poder (concorrência imperfeita).
As economias de escala favorecem o surgimento de monopólios: em
empresas com grande escala de produção, normalmente grandes empresas, o
investimento inicial (custo fixo) é difundido sobre o crescente número de
unidades de produção. Quando os custos médios caem, se diz que existe
economia de escala ou rendimentos crescentes de escala, entendendo-se por
isto que aumentando-se a escala de produção, o custo por unidade tende a
cair.7 Desta forma, estas empresas possuiriam vantagens sobre as pequenas,
com custos médios ainda altos, o que poderia favorecer monopólios.8
Economias de Escala
Custo por unidade produzida
Custo médio
Produção acumulada
6 Além disso, o intenso comércio entre países de dotações semelhantes não é tão difícil de explicar. É intuitivo
imaginar que países próximos fisicamente tenderão a ter dotações semelhantes e, visto que os custos de transporte influenciam os dados do mundo real, temos uma explicação razoável.
7 Da mesma maneira, quando os custos médios tendem a aumentar, tem-se deseconomias de escala ou rendimentos decrescentes em escala. http://www.eps.ufsc.br/disserta98/moreira/cap4.html
8 Por isso, economias de escala são mais freqüentes em indústrias com altos custos fixos de produção: indústrias capital-intensivas.
Aumentando a produção diminui o custo médio
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As economias de escala podem ser externas ou internas. Economias de
escala externas9 ocorrem quando os custos por unidade dependem do
tamanho da indústria (do setor), mas não necessariamente do tamanho da
empresa em si. Existem sinergias horizontais (“clusters”) e verticais (cadeia ou
complexo produtivo) que resultam num fornecimento mais eficiente de
insumos, fatores, serviços e transbordamento do conhecimento.
Já as economias de escala internas ocorrem quando os custos por
unidade produzida dependem do tamanho de uma empresa em termos
individuais, mas não necessariamente da indústria em si. Há vantagens de
custo para as firmas maiores e a estrutura de mercado é de concorrência
imperfeita: firmas procuram reduzir custos e diferenciar seus produtos.
Nas economias externas, a ideia é que um conglomerado de empresas é
mais eficiente do que uma empresa isolada por concentrar o fornecimento
especializado, um mercado comum de trabalho e transbordamentos de
conhecimento (fluxo informal de informações). A presença de economias
externas em distritos industriais dinâmicos garante a eficiência coletiva das
empresas individuais, pois, um conjunto de empresas do mesmo setor
operando em uma determinada região, irá incentivar o estabelecimento de
fornecedores especializados naquela área, maiores facilidades logísticas e,
consequentemente, redução de custos. As economias externas derivam da
disponibilidade de fatores de produção de baixo custo no mercado, e não de
uma melhor utilização dos recursos produtivos no interior da firma.
Países que possuem setor industrial com economias de escala externas,
podem produzir certos bens a custos inferiores e com isso, aumentar o volume
de produção, dominando o mercado.
As economias de escala podem ser estáticas ou dinâmicas. As
economias de escalas estáticas são as oriundas da planta industrial, e permite
a queda nos custos unitários de produção na media em que a escala aumenta. 9 Ganhos de escala externos acontecem na existência de especialização dentro da indústria, vantagens de
conglomeração e usufruto de bens públicos comuns (Helpman, 1984). Krugman e Obstfeld (2001) comentam os ganhos externos resultantes dos clusters industriais, mais especificamente do Vale do Silício na Califórnia. Os autores argumentam que a concentração das indústrias atrai fornecedores especializados, diminuindo custo dos insumos, gera um mercado comum de trabalho e possibilita o transbordamento de conhecimento (spillover effects).
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As economias de escala dinâmicas são oriundas da expansão industrial que
induz mudanças técnicas através de processos como o learning by doing
(aprender fazendo) que é o processo de aprendizado tecnológico de uma
economia. Desta forma, há evidências de que existe uma elevada correlação
entre aumento do produto industrial e aumento da produtividade industrial.
Assim, a análise acerca das economias externas traz também a ideia de
rendimentos crescentes dinâmicos, isto é, levando-se em conta o acúmulo de
conhecimento, os custos tendem a cair com a produção acumulada ao longo do
tempo ao invés de caírem com a taxa de produção corrente. Tal aspecto abre
espaço para argumentos protecionistas como o da indústria nascente, visto
que a falta de experiência produtiva em determinada área é fator prejudicial à
queda dos custos de produção e consequente aumento da competitividade
internacional dos produtos nacionais. Dessa forma, os governos nacionais
encontram argumentos para intervir de forma ativa no processo de competição
entre firmas nacionais e estrangeiras, alterando o resultado em prol das
primeiras, no sentido de gerar maior bem estar à sociedade nacional.
777... Concorrência Imperfeita
Num mercado perfeitamente competitivo – um mercado no qual há
muitos compradores e vendedores, sendo que nenhum deles representa uma
grande parte do mercado –, as firmas são tomadoras de preços. Isto é, os
vendedores dos produtos acreditam que podem vender o quanto desejam ao
preço corrente e não podem influenciar o preço que se paga pelo seu produto.
Quando apenas algumas firmas produzem um bem, no entanto, a
questão é diferente. Na concorrência imperfeita, então, as firmas estão
conscientes de que podem influenciar os preços dos seus produtos e que
podem vender mais somente por meio da redução dos preços. A concorrência
imperfeita é característica tanto de setores nos quais há poucos e grandes
produtores, como dos setores nos quais o produto de cada produtor é visto
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pelos consumidores como diferenciado dos produtos dos concorrentes. Sob
estas circunstâncias, cada firma considera-se uma formadora de preços,
escolhendo o preço do seu produto, em vez de uma tomadora de preços.
Na concorrência imperfeita, temos as seguintes estruturas de mercado:
oligopólio, monopólio e concorrência monopolística.
A estrutura de mercado de concorrência imperfeita mais simples para
esse exame é o monopólio puro: um mercado no qual a firma não tem
concorrência. Porém, a existência de lucros elevados num determinado
mercado atrai sempre competidores e, por isso, as situações de monopólio
puro no mercado internacional são raras.
Quando internamente as empresas usufruem de economias de escala,
estão em geral, operando em oligopólio, ou seja, o mercado é composto por
algumas empresas, com peso suficiente que possam influenciar o preço, mas
nenhuma isoladamente com poder a esse nível. Cada empresa, numa situação
de oligopólio, ao fixar um preço, considera não só a reação dos consumidores,
mas também a reação dos seus competidores diretos nesse mercado. Essas
respostas têm também a ver com as expectativas dos competidores em
relação ao comportamento e reação das empresas concorrentes. No comércio
internacional, a teoria do oligopólio considera que, em virtude da existência de
grandes empresas multinacionais e transnacionais, o mercado mundial é
oligopolizado. Muitas vezes essas empresas recebem apoio dos governos na
forma de incentivos e proteção, pois essas empresas possuem um impacto
econômico local em termos de geração de emprego e renda. Então, é
interessante para os governos que elas mantenham sua competitividade.
Mas, vamos nos ater ao modelo da concorrência monopolística, pedido
pelo edital.
7.1. Modelo de Concorrência Monopolística
Até então, estávamos estudando modelos que consideravam serem os
bens homogêneos, o que não é verdade, afinal, para o comércio de alguns
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bens (sobretudo industriais) é razoável supor que os consumidores diferenciam
os produtos em termos de qualidade, desenho industrial, marca, desempenho,
etc.10
Na estrutura de mercado da concorrência monopolística, existe um
grande número de empresas, cada uma produzindo um produto próprio, com
características próprias.11 Isso quer dizer que as firmas vendem produtos
semelhantes, mas não homogêneos, ou seja, a concorrência se dá pela
diferenciação de produtos. A diferenciação dos produtos assegura que cada
firma tenha um monopólio no seu produto particular dentro do setor.
Cada firma pressupõe que os preços cobrados pelos seus rivais são
dados – isto é, ela ignora o impacto no seu próprio preço sobre os preços das
outras firmas. Como resultado, o modelo de concorrência monopolística
assume que, mesmo que cada firma se esteja defrontando com a concorrência
de outras firmas, ela comporta-se como se fosse um monopolista (daí o nome
do modelo). Devido à diferenciação dos produtos, alguns consumidores estão
dispostos a pagar mais por determinado produto, mas o poder de monopólio
pode ser limitado, dependendo da elasticidade da demanda: quanto mais alta
a elasticidade da demanda, menor o poder de monopólio.
A aplicação do modelo de concorrência monopolística ao comércio
internacional tem em si internalizada a ideia de que o comércio aumenta o
mercado. Com a expansão do mercado consumidor, cada país pode
especializar-se na produção de determinados tipos de bens, que não poderia
fazer na ausência de comércio, e ao mesmo tempo, proporciona uma maior
gama de produtos aos seus consumidores.
Com isso, só haverá comércio para atender gostos distintos dos
consumidores se um país não produzir todos os bens. Temos assim vantagens
mútuas na existência de comércio entre países, mesmo quando os países têm
diferenças a níveis de recursos e de tecnologia. O exemplo tradicional é o da
10 Isto vale tanto para bens de consumo (ex. carros, eletrodomésticos, computadores) quanto para bens de capital (ex.
tratores, tornos) e bens intermediários (ex. microprocessadores). 11 Nesse tipo de estrutura mercadológica, existem características de uma concorrência perfeita (grande número de
vendedores) e características de um monopólio (cada empresa é detentora única de seu produto).
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indústria automobilística em que existem muitos fabricantes, mas as empresas
tentam ganhar o consumidor oferecendo automóveis com características
próprias, diferentes dos concorrentes.
Modelo básico de concorrência monopolística: imagine um setor com
diversas firmas. Estas firmas produzem produtos diferenciados – isto é, bens
que não são exatamente os mesmos, mas são substitutos uns dos outros.
Cada firma é, portanto, um monopolista no sentido de que não é a única firma
a produzir um bem particular, mas a procura por seu bem depende dos outros
produtos similares disponíveis e dos preços das outras firmas do setor.
Hipóteses do modelo: iniciamos descrevendo a procura do ponto de vista
de uma firma em concorrência monopolística. Em geral, imaginamos que a
empresa venda mais quanto maior for a procura total pelo produto e quanto
maiores os preços cobrados pelos seus rivais. Por outro lado, supomos que a
firma venda menos quanto maior for o número de firmas no setor e quanto
maior é o seu próprio preço. Uma equação particular para a procura da firma
que tem essas propriedades é:
Q = S{1/n - bx (P - P’)}
em que Q são as vendas da firma, S são as vendas totais do setor, n é o
número de firmas no setor, b é uma constante representando a sensibilidade
das vendas de uma firma ao seu preço, P, o preço cobrado pela firma e P’, o
preço médio cobrado pelos seus concorrentes. Esta equação tem a seguinte
justificação intuitiva: se todas as firmas cobram o mesmo preço, cada uma
terá uma parcela de mercado igual a 1/n. Uma firma que cobre mais do que a
média das demais terá uma parcela de mercado menor; uma firma cobrando
menos terá uma parcela de mercado maior.
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Equilíbrio num mercado de concorrência monopolística: o número de
firmas num mercado em concorrência monopolística e os preço que elas
cobram, são determinados por 2 relações: 1) quanto mais firmas houver, mais
intensamente elas concorrem e, portanto, menor é o preço daquele setor; 2)
quanto mais firmas houver, menos cada uma vende e, portanto, maior o seu
custo médio. Se o preço exceder o custo médio, o setor terá lucros e firmas
adicionais entrarão no setor. Se o preço é menor que o custo médio, o setor
estará incorrendo em perdas e firmas sairão do setor. O preço e o número de
empresas correspondentes ao equilíbrio ocorrem quando o preço é igual ao
custo médio.
7.2. Comércio Intraindústria
Subordinada à aplicação do modelo de concorrência monopolística do
comércio está a ideia de que o comércio aumenta o tamanho do mercado. Nas
indústrias em que existem economias de escala, tanto a variedade dos bens
que um país pode produzir como a escala da sua produção são restringidas
pelo tamanho do mercado. Comercializando entre si, forma-se um mercado
mundial integrado que é maior que qualquer mercado nacional individual.
Como resultado, o comércio oferece uma oportunidade de ganhos mútuos
mesmo quando os países não diferem em recursos ou tecnologia.
O modelo de concorrência monopolística faz, na verdade, uma integração
entre os modelos com ganhos de escala e diferenciação de produtos.
Do lado da oferta, os ganhos de escala resultam, em equilíbrio, em um
número finito de firmas na indústria. Do lado da demanda, a diferenciação dos
produtos percebida pelos consumidores assegura aos produtores alguma
margem para formação de preços, isto é, os consumidores não deixarão de ser
fiéis aos seus produtos devido a pequenas mudanças nos preços (Krugman e
Obstfeld). Se, em equilíbrio, houver produtos diferenciados produzidos em
mais de um país, então existirá comércio intraindustrial.
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Krugman e Obstfeld, argumentam que essa modalidade de comércio é
justificada pela pressuposição de que, como a indústria de manufaturas não é
perfeitamente competitiva, cria uma situação em que aparecem produtos
substitutos próximos, embora não idênticos, elaborados por empresas do
mesmo ramo industrial, que podem estar localizadas em países distintos ou
não.
Os ganhos de comércio intraindústria são decorrentes de duas fontes. A
primeira fonte é a existência de ganhos de escala, pois como o comércio
internacional amplia o mercado, então um nível de produto maior a menor
preço é possível. A segunda fonte é a preferência pela diversidade por parte
dos consumidores, pois o mercado maior possibilita a existência de mais firmas
dentro de uma mesma indústria, o que significa uma maior oferta de
variedades de um mesmo produto. Estes ganhos de comércio intrasetorial são
proporcionais ao tamanho dos parceiros comerciais (Krugman e Obstfeld).
O padrão de comércio intraindústria é explicado por um conjunto de
características, tais como a ocorrência de economias de escala, imperfeições
de mercado e similaridade da renda entre os países, que não pode ser
analisado sob as óticas dos modelos de abundância de fatores e/ou vantagens
comparativas.
O comércio intraindústria tem como característica a utilização dos
mesmos fatores de produção em ambos os países. A ocorrência do comércio
intraindústria, portanto, dependerá da capacidade de os países produzirem
bens diferenciados, com características de concorrência monopolística e,
adicionalmente, ganhos provenientes de economias de escala e da demanda
dos consumidores do outro país, conforme analisado por Krugman. As
economias de escala permitem, portanto, a existência do comércio
intraindústria, assim denominado o comércio dentro de um mesmo setor
industrial. Outra característica é que o comércio intraindústria é
dominante entre países com grau de desenvolvimento econômico
semelhante.
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Esse tipo de comércio permitirá que os países se especializem em uma
variedade menor de bens, produzindo-os com maior eficiência e em maior
quantidade, auferindo ganhos de escala. As economias de escala permitem que
exista comércio entre dois países mesmo que estes possuam idênticas
dotações de fatores de produção.
888... Vantagem competitiva
Porter (1989), ao contestar as teorias clássicas, propõe uma nova
abordagem, que deve ir além do conceito de vantagem comparativa, para se
concentrar na vantagem competitiva dos países, refletindo o conceito de
competição, que inclui mercados segmentados, produtos diferenciados,
diversidades tecnológicas e economias de escala.
Para Porter, a competitividade de um país depende da capacidade da sua
indústria de inovar e melhorar. As diferenças nos valores nacionais, a cultura,
as estruturas econômicas, as instituições e a história são fatores que
contribuem para o êxito competitivo. Em todos os países, constatam-se
disparidades marcantes nos padrões de competitividade. Nenhum país é capaz
de competir em todos e nem mesmo na maioria dos setores.
Três ambientes da competitividade são apresentados por Porter: o
ambiente empresarial, o estrutural e o sistêmico. No primeiro, observamos a
gestão de fato da firma em seus setores financeiro, tecnológico, etc. Ainda
numa perspectiva micro, no ambiente estrutural, o mercado entra em cena e
passamos a considerar as interações da firma com seus fornecedores, clientes,
distribuidores e concorrentes, sejam eles efetivos ou potenciais. No ambiente
sistêmico, já numa visão macro, as variáveis relevantes de análise serão as
políticas macroeconômicas, sociais, de infraestrutura, educacionais do país.
Na construção de suas estratégias, as empresas devem ter por base uma
análise da estrutura da indústria na qual a firma está inserida. A conduta das
firmas deverá ser pautada em cinco elementos fundamentais, os quais servirão
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de bússola na formulação das estratégias: 1) ameaça de novas empresas; 2)
concorrência efetiva; 3) ameaça de novos produtos ou serviços; 4) poder de
barganha dos fornecedores; e 5) poder de barganha dos consumidores. Diante
de tais condicionantes, as firmas traçaram seus esquemas estratégicos no
sentido de aumentarem seus lucros e market-share. Em mercados onde a
diferenciação é mais difícil, como no mercado de produtos agrícolas
(commodities), a estratégia da liderança pelos custos é priorizada, tendo como
fundamento a ideia de que o menor custo num mercado de produtos
homogêneos é fator primordial de aumento de competitividade e, por
conseguinte, de lucros. Contudo, em mercado onde a diferenciação é mais
fácil, as firmas tendem a tirar proveito de tal aspecto e buscam a diferenciação
de produtos e a criação de certo grau de monopólio relativamente ao produto.
Na estratégia de enfoque, a firma escolhe seu nicho específico do mercado
quanto foco de busca de lucros.
Talvez o ponto mais interessante e significante de abordagem de Porter
acerca da vantagem competitiva das nações esteja na sua construção teórica
do que ele chama de diamante nacional. É aqui que toda sua argumentação
toma forma final de análise nova sobre o tema do comércio entre as nações. O
diamante nacional seria na verdade a construção de vantagens competitivas
das nações num ambiente estratégico sistêmico. Quatro elementos principais
são apresentados e interrelacionados como sendo de fundamental relevância
na construção do diamante nacional. São eles: 1) condições fatoriais (recursos
humanos, físicos, de conhecimento, de capital e infraestrutura); 2) condições
de demanda (determina o rumo e o caráter da inovação); 3) indústrias
correlatas e de apoio (a proximidade de fornecedores e de indústrias correlatas
aumenta a eficiência no acesso aos insumos, a coordenação de estratégias fica
mais fácil, a inovação e o aperfeiçoamento contínuo são estimulados, ocorre a
redução dos custos de transação); 4) estruturas, estratégias e rivalidade de
empresas (quanto maior a rivalidade e competição interna entre as firmas,
maior é a chance de se gerar grandes players internacionais a partir da base
interna de competitividade). Além dos quatro elementos principais, dois outros
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são apresentados como coadjuvantes no processo de construção da
competitividade nas nações: a) o papel do Estado; e b) o papel do acaso.
999... Teoria de Linder
A teoria de Linder é também conhecida como Teoria dos Gostos dos
Consumidores ou Teoria da Sobreposic�ão da Procura, pois, para Linder, o que
determina as vantagens comparativas é a demanda dos consumidores (e
não a oferta).
Ele investigou por que os países transacionam crescentemente produtos
industrializados e viu que a causa estava na maior demanda por produtos
diferenciados: a demanda por um produto está relacionada a sua qualidade e
ao nível de renda do país que o adquire.
Isso explicava porque que boa parte do comércio internacional ocorria
entre países com níveis de desenvolvimento semelhante, ou seja, países com
mesmas dotações de fatores de produção. Linder observou que países com
mesmas dotações de fatores e um mesmo nível de renda possuem estruturas
produtivas semelhantes e demandas semelhantes. Com isso, o volume de
trocas entre estes países tende a ser maior.
A conclusão de que o comércio de produtos industrializados é maior
entre países com níveis de renda semelhantes é contrária ao modelo de
Heckscher-Ohlin, que prevê um maior potencial de comércio entre países com
diferentes níveis de renda per capita, o que significa diferentes razões capital-
trabalho. Ou seja, o potencial de comércio de manufaturas é maior entre
países com estrutura de demanda similar, ou ainda, com renda per capita
similar.
Linder traçou uma intrínseca relac�ão entre nível de renda e qualidade
em func�ão da crescente exigência dos consumidores. Evidentemente, para
que isto fosse verdade, a produc�ão teria de se processar em escala – a
empresa deveria considerar o mercado global, intensificando a sua atuac�ão
para um maior número de consumidores. Neste sentido, a competic�ão por
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meio da diferenciac�ão de produtos representa força competitiva para as
empresas que os fabricam em mercados de concorrência imperfeita.
A demanda de produtos nos mercados externos é variável dependente
das preferências, gostos, disponibilidade financeira dos parceiros comerciais
(nível de renda).
Então, o modelo de Linder ressalta o papel da demanda e o nível de
renda na determinac�ão da competitividade internacional:
- demanda por produtos diferenciados é relevante em produtos com
contínua agregac�ão de valor, justificando-se pela crescente exigência dos
consumidores;
- nível de renda dos países (renda per capta), que exerce grande
influência sobre a demanda e acaba por ter repercussão sobre o comércio
internacional pois, se a renda de um país é elevada, haverá maior demanda
por bens sofisticados, se a renda é baixa, a demanda por bens sofisticados não
será muito grande.
Assim, Linder justifica porque países de renda per capita mais elevada
tenderiam a consumir maior quantidade de produtos com um grau de
sofisticação maior que os consumidos em países menos desenvolvidos. Por
exemplo, os EUA consomem não só uma maior quantidade de carros, mas
também de carros mais sofisticados. Consumidores de outros países de renda
mais elevada, como a Alemanha, também consomem modelos mais
sofisticados de carros. Havendo demandas semelhantes, a produção é
semelhante. E se a produção é semelhante, haverá comércio intraindústria
entre os países, suprindo o mercado consumidor com bens diferenciados.12
Críticas: Linder afirma que todo país limitaria sua produção aos bens que
estivessem dentro da faixa de qualidade dos produtos consumidos
internamente, porém isso não explica um tipo de comércio que vem ganhando
espaço que é a produção exclusivamente voltada para exportação, sem bases
12 Da mesma forma, fica difícil imaginar um comércio intenso entre EUA e Angola, por exemplo, países que têm
estruturas de produção e consumo tão diferentes.
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de comparação com a demanda interna. O modelo de Linder se limita a
explicar o comércio de bens manufaturados (o comércio de bens agrícolas é
melhor explicado pelo modelo de H-O).
111000... Teoria do Ciclo de Vida do Produto
Raymond Vernon (1966) faz uma crítica às teorias neoclássicas do
comércio internacional devido à sua ênfase exclusiva nos custos relativos dos
fatores produtivos e no conceito de vantagens comparativas (estáticas) como
determinantes dos fluxos internacionais de comércio, deixando assim de
considerar outros elementos, cuja importância já se mostrava bastante
evidente, a saber: as inovações, as economias de escala e a ignorância e
incerteza decorrentes da informação limitada.
Ao enfatizar a importância desses elementos sobre a definição dos
padrões de comércio e de investimento internacionais, a teoria do ciclo do
produto desenvolve o argumento de que decisão sobre quando e onde investir
na produção de um novo produto é influenciada pela evolução das vantagens
comparativas de custos ao longo do ciclo de vida do produto. E ao fazê-lo
amplia o marco teórico da análise do comércio e investimento internacionais,
na medida em que: i) estabelece um elo entre padrão de demanda e padrão de
inovação; ii) imprime um sentido dinâmico à noção clássica de vantagens
comparativas de custos, evidenciando assim o equívoco de se considerar a
condição de vantagem/desvantagem comparativa de custos como sendo
função exclusiva da dotação relativa de fatores, como se estes fossem
conceitos intercambiáveis. A noção de ciclo de vida do produto é a seguinte:
surgem novos produtos, estes se desenvolvem, atingem a maturidade, entram
em declínio e, eventualmente, desaparecem.
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As fases do ciclo de vida do produto são:
I – Introdução ou lançamento: na fase inicial do desenvolvimento do
produto os investimentos são crescentes. Com a introdução há um período
lento crescimento das vendas. Não há lucros nesse estágio devido aos altos
custos da introdução (investimento inicial, propaganda, distribuição).
II – Crescimento : período de rápida aceitação no mercado e de lucros
crescente (supondo que o produto foi aceito pelo mercado). Durante esta fase,
os lucros aumentam à medida que os custos promocionais se diluem sobre o
maior volume de vendas.
III – Maturidade : período em que o crescimento das vendas se
estabiliza. Nessa fase novos produtos concorrentes já estão se projetando, o
que provoca redução das vendas. Gasta-se muito dinheiro com propaganda
para enfrentar a concorrência. O lucro também estabiliza-se até entrar em
declínio
IV – Declínio : período em que as vendas e os lucros caem. A queda nas
vendas ocorre por diversas razões, incluindo avanços tecnológicos, mudanças
nos gostos dos consumidores, obsolescência e devido ao aumento da
competição tanto doméstica quanto pela entrada de concorrentes estrangeiros.
Vernon parte desse conceito e o articula a uma teoria do comércio que aponta
para uma noção de vantagens comparativas de caráter dinâmico e a uma
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teoria do investimento produtivo que pressupõe racionalidade limitada e
estrutura de mercado em concorrência imperfeita.
Na fase inicial da introdução de um novo produto as decisões de
investimento e produção se mostram relativamente mais complexas, uma vez
que até mesmo os condicionantes mais imediatos do processo produtivo
encerram elevado grau de indeterminação, levando a que os produtores se
vejam defrontados com várias indefinições críticas, ainda que transitórias.
Assim, Vernon argumentou que o surgimento de novos produtos,
especialmente os intensivos em capital e tecnologia13, se daria inteiramente
nos países mais avançados. Isso ocorre porque, nos estágios iniciais de
desenvolvimento de um produto, as decisões de investimento e produção são
complexas, sendo fundamental o conhecimento, a capacidade de inovação e
gastos em pesquisa e desenvolvimento. Então, como início do ciclo de vida de
um produto é intensivo em capital, ele ocorreria nos países desenvolvidos, por
serem esse países abundantes nesse fator de produção.
Na medida em que se exploram plenamente as economias de escala e as
inovações incrementais vão surgindo, os custos unitários de produção dos
novos bens vão se reduzindo, de modo que, em um segundo estágio, seu
consumo pode se dar também em países de renda mais baixa. Assim, eles são
produzidos e exportados pelos países industrializados. Em uma última etapa
(ou estágio) de disseminação dos novos produtos (e, assim, tecnologias),
torna-se possível a produção destes nos países relativamente mais atrasados.
Esta produção se daria por meio de empresas transnacionais. No modelo
de Vernon a padronização do produto, o amadurecimento da tecnologia e a
rotinização da produção, juntamente com a entrada de novos concorrentes
induziriam as empresas a abrir subsidiárias no exterior, com vistas a auferir
vantagens de menores custos de produção, ou mesmo proteger seus ganhos
de monopólio com as inovações dada a entrada de novos concorrentes. A
padronização da produção permite que os produtos passem de intensivos em
13 O modelo do ciclo do produto não trata da inovação industrial em geral, mas somente da inovação em classes de
produtos industriais voltados para consumidores de alta renda e cuja função de produção seja do tipo poupadora de mão de obra. O elevado custo de mão de obra nas economia desenvolvidas estimula o processo de inovação.
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capital para intensivos em trabalho e possam ser produzidos pelos países em
desenvolvimento, abundantes no fator trabalho.
Vernon integra, em um mesmo modelo, a dinâmica de disseminação de
internacional de inovações e a análise dos determinantes do investimento
externo direto e dos padrões de especialização e comércio.
Representação esquemática do mecanismo do Ciclo do Produto de Vernon
Exportação - Importação
Países em
desenvolvimento
0 t0 t1 t2 Tempo
t3 t4
outros países
país desenvolvidos
inovador
Introdução Maturação Padronizado
(1) (2) (3)
Estágios de desenvolvimento do produto
A Teoria do Ciclo do Produto baseia-se num conceito dinâmico de
vantagens comparativas, ao contrário das teorias neoclássicas que supoem
vantagens comparativas estáticas. A dinâmica se dá em torno dos produtos
mais sofisticados que são originalmente produzidos em países desenvolvidos e,
posteriormente, passam a ser produzidos nos países em desenvolvimento em
decorrências dos custos de produção que são mais baixos nestes últimos.
Então, as vantagens comparativas se deslocam para os países em
desenvolvimento no estágio em que passam de intensivos em capital para
intensivos em trabalho. A teoria explica bem o processo de internacionalização
e decisões de investimento das empresas em outros países.
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Críticas:
- O modelo do ciclo do produto não seria aplicável às inovações
industriais em geral, mas tão somente às inovações em produtos associados a
elevados níveis de renda, ou que permitem maior grau de substituição de
capital por trabalho;
- O modelo, como explicação para a composição e dinâmica das
exportações e dos investimentos produtivos externos dos países
desenvolvidos, teve o seu poder de análise progressivamente reduzido à
medida que se aprofundavam as transformações tecnológicas e produtivas nas
décadas de 1970 e 1980;
- Além disso, a teoria não se sustenta mais num mundo globalizado. Com
o processo de globalização da produção, as fases de produção são realizadas
em diferentes países, muitas vezes inclusive em países em desenvolvimento
onde os custos de produção são mais competitivos. Não há que se esperar a
maturidade do produto para sua internacionalização.
111111... Teoria da Síntese Dinâmica
Johnson (1971) propõe a construção, a partir das contribuições de Linder
e Vernon, de uma explicação mais geral do comércio internacional, superando
as hipóteses simplificadoras do modelo H-O e tentando sintetizar as hipóteses
tecnológicas.
Na tentativa de dinamização das vantagens comparativas, a teoria da
síntese dinâmica inclui novos elementos negligenciados pelas teorias
tradicionais: economias de escala, diferenciações tecnológicas, grau de
monopólio, desigualdades em termos de dimensão e riqueza dos mercados
nacionais, políticas governamentais orientadas para a criação de vantagens
específicas (pesquisa, financiamento da inovação, formação em capital humano
etc.), diferenciações culturais e sociais e diferenças de poder entre empresas.
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A teoria também considera custos de transporte, informação e os custos do
protecionismo.
Segundo o autor, os melhoramentos tecnológicos estão na origem das
vantagens comparativas, as quais desaparecerão a partir do processo de
difusão tecnológica na economia mundial, principalmente através dos
mecanismos de transferência da produção (imitação da inovação, investimento
no estrangeiro, compra de patentes e a disposição livre do conhecimento, que
perdem valor comercial).
Johnson sugere uma síntese de enfoques fatoriais e tecnológicos através
de um conceito ampliado de capital, incluindo não apenas capital humano, mas
também capital intelectual na forma de conhecimento produtivo. Assim, deve-
se reconhecer tanto a obsolescência de produtos e processos produtivos como
a mobilidade internacional de capital.
EXERCÍCIOS
1. (ESAF – AFRF/2000) A Teoria de Vantagens Absolutas afirma em quais
condições determinado produto ou serviço poderia ser oferecido com:
a) preços de custo inferiores aos do concorrente.
b) preços de aquisição inferiores aos do concorrente.
c) preço final (CIF) inferiores aos do concorrente.
d) custo de oportunidade maior que as do concorrente.
e) menor eficiência que os do concorrente.
Comentários
a) A Teoria das Vantagens Absolutas afirma que os países devem se
especializar na produção daquilo em que forem mais eficientes. A forma de se
medir essa eficiência é pelo custo de produção. Logo, cada país deve se
especializar na produção dos produtos que tenham menor custo de produção,
ou seja, menor preços de custo menores que os concorrentes. certo
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b) Não se trata de preço de aquisição, mas preço de venda. errado
c) O preço CIF é o preço do bem acrescido do custo do frete e seguro
internacional. A teoria não se preocupa com essas questões, independente de
qual o preço negociado, se CIF ou FOB, a vantagem está no menor custo de
produção. errado
d) O custo de oportunidade é um dilema econômico que decorre da noção de
que toda escolha implica em algum tipo de renúncia, introduzido por Haberler.
Esse conceito não tem relação com a Teoria das Vantagens Absolutas, mas sim
com a Teoria das Vantagens Comparativas de Ricardo: a vantagem
comparativa reflete o custo de oportunidade relativa, isto é, a relação entre as
quantidades de um determinado bem que dois países precisam deixar de
produzir para focar sua produção em outro bem. errado
e) Ao contrário, a base da teoria é a maior eficiência na alocação do fator
trabalho. errado
______________
2. (ESAF - MDIC/2002) Sobre a Teoria das Vantagens Comparativas no
Comércio Internacional, é correto afirmar o seguinte:
a) ao se considerar a eficiência produtiva dos países “A” e “B”, para que o país
“A” aproveite os ganhos de vantagem comparativa ao produzir um bem ou
serviço específico, ele precisa possuir vantagem absoluta na produção do
mesmo bem em relação a “B”.
b) no modelo de Ricardo, as condições de demanda interna condicionam os
preços internos antes da abertura do mercado, já que tais preços são apenas
parcialmente determinados pelo fator trabalho.
c) depois da abertura do mercado torna-se interessante para o país “A”
comprar um bem ou serviço do país “B”, que o produza a custo menor do que
“A”, visto que “A” passa a poder empregar sua mão-de-obra na produção de
outros bens ou serviços, em que tenha alguma vantagem comparativa.
d) mesmo sabendo-se os valores dos preços de mão-de-obra e os requisitos de
trabalho inerentes à produção de um bem específico em dois países, não se
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pode utilizar a taxa de câmbio como parâmetro de comparação dos preços nos
dois países, visto que as estruturas produtivas encerram distorções na
formação de preços.
e) uma vez observada a abertura de mercados, a especialização da produção
engendrada pelas vantagens comparativas passa a constituir novo incentivo ao
aumento do comércio internacional, produzindo benefícios para todos os
participantes dos mercados competitivos sempre que os preços relativos dos
bens comercializados forem iguais aos que se observariam na ausência do
comércio.
Comentários
Vamos recordar a Teoria das Vantagens Comparativas de David Ricardo. Antes
de Ricardo, Adam Smith criou a Teoria das Vantagens Absolutas que dizia que
os países deveriam se especializar e exportar bens em que fossem mais
eficientes e comprar os bens que não fossem eficientes na produção. Se um
país é mais eficiente em tudo não haveria comércio. Já a Teoria das Vantagens
Comparativas ou Relativas provou que, mesmo um país A seja mais eficiente
na produção dos dois produtos, ainda assim valeria a pena comercializar com o
exterior (B), devendo o país A este se especializar na produção do bem em que
fosse mais eficiente e B se especializar na fabricação daquele em que fosse
menos ineficiente.
a) pela teoria das vantagens comparativas, o país A não precisa ter vantagem
absoluta na produção dos bens, e o comércio ocorrerá desde que A seja
relativamente mais eficiente na produção de outro bem, não do mesmo bem.
errado
b) na teoria de Ricardo os preços são totalmente influenciados pelo fator
trabalho. errado
c) Com a abertura comercial, os países irão se especializar na produção de
bens que o produzam a custo menor, empregando os recursos disponíveis na
produção destes bens e importarão produtos que tenham um custo de
produção interna relativamente mais elevado. certo
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d) não são as estruturas produtivas que encerram distorções na formação de
preços, mas sim a produtividade do trabalho. errado
e) uma vez observada a abertura de mercados, a especialização da produção
engendrada pelas vantagens comparativas passa a constituir novo incentivo ao
aumento do comércio internacional: OK/ produzindo benefícios para todos os
participantes dos mercados competitivos: OK/ sempre que os preços relativos
dos bens comercializados forem iguais aos que se observariam na ausência do
comércio: o livre comércio e a especialização contribuem para a redução dos
custos de produção permitindo que os países consumam uma maior
quantidade de bens do que em autarquia (economia fechada). A vantagem da
abertura comercial é a competição e redução dos custos. errado
_______________
3. (ESAF – AFRF/2000) O conceito de vantagens comparativas refere-se a:
a) Conceito de custos onde se relacionam dois produtos (A e B) produzidos por
dois países distintos (1 e 2) comparando-os. Possui vantagem comparativa o
país onde for menor a relação de custos de produção dos produtos (A e B).
b) Conceito de vantagens onde estas são baseadas na ideia de produtividade
onde se relacionam dois produtos (A e B) produzidos por dois países distintos
(1 e 2) comparando-os em termos de produtividade. Possui maiores vantagens
comparativas aquele país que possuir a menor eficiência relativa na produção
de um dos bens.
c) Conceito de vantagens baseados na ideia de alternativas de produção, onde
se relacionam dois produtos (A e B) produzidos por dois países distintos (1 e
2) comparando-os ao longo da curva de produção. Possui vantagem
comparativa o país onde for maior o deslocamento em direção a curva de
fronteira de produção (em termos possibilidades tecnológicas de produção) na
produção dos produtos (A e B).
d) Conceito de vantagens onde estas são baseadas na ideia de abundância de
fatores de produção, onde se relacionam dois produtos (A e B) produzidos por
dois países distintos (1 e 2) comparando-os em termos da referida
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disponibilidade. Possui maiores vantagens comparativas aquele país que
possuir a maior disponibilidade de recursos na produção de um dos bens.
e) Conceitos de custos de oportunidade onde se relacionam dois produtos (A e
B) produzidos por dois países distintos (1 e 2) comparando-os. Possui
vantagem comparativa o país onde for menor o custo de oportunidade (em
termos de oportunidade de benefício não aproveitada) na produção dos
produtos (A e B).
Comentários
a) Vantagens comparativas: os países se especializam na produção dos bens
em que seus custos de produção são relativamente menores. certo
b) Conceito de vantagens onde estas são baseadas na ideia de produtividade
onde se relacionam dois produtos (A e B) produzidos por dois países distintos
(1 e 2) comparando-os em termos de produtividade: OK/ Possui maiores
vantagens comparativas aquele país que possuir a menor eficiência relativa na
produção de um dos bens: errado, possui maior eficiência relativa. errado
c) Esse conceito abrange a Teoria das Vantagens Absolutas. Quanto maior a
produção, ou seja, quanto maior o deslocamento em direção à curva de
fronteira de produção, maior a vantagem absoluta. errado
d) A teoria que fala da abundância de fatores de produção é a de Heckscher-
Ohlin. errado
e) Conceitualmente está certo, mas cronologicamente não. As vantagens
comparativas dependem da quantidade que se deixa de produzir de um bem
para se produzir um segundo produto, que está ligado à ideia de custo de
oportunidade. Se o país 2 produz um bem a um custo relativamente menor do
que o país 1, 1 não vai produzir o bem, vai comprar de 2 e vai empregar sua
mão de obra na produção de outros bens ou serviços, em que tenha alguma
vantagem comparativa. Assim, um país possuirá vantagem comparativa nos
bens em que possuam menor custo de oportunidade de produção interna. Mas
esse conceito (Teoria de Custos de Oportunidade) somente surgiu em 1933.
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Não era, portanto, citado por David Ricardo na Teoria das Vantagens
Comparativas. errado
________________
4. (Cesgranrio – BNDES/2011) No modelo de Heckscher-Ohlin de comércio
internacional, as vantagens comparativas, que levam ao comércio entre dois
países, decorrem de
a) economias de escala na produção
b) dotações diferentes dos fatores de produção
c) tecnologias de produção diferentes
d) diferenças nas taxas de inflação interna dos países
e) desvalorizações cambiais competitivas
Comentários
a) O modelo H-O supõe retornos constantes de escala, ou seja, produção
aumenta na mesma proporção que o aumento dos insumos. errado
b) Segundo o Teorema Hecksher-Ohlin, os países se especializam na produção
de bens intensivos no fator de produção abundante em seu território, então, o
fator que determina a vantagem comparativa de um país (especialização) é a
dotação de fatores de produção. Assim, o comércio internacional ocorre em
função de os países possuírem diferentes dotações de terra, capital e
produtividade da mão de obra. letra b
c) as teorias neoclássicas assumem que os países possuem a mesma
tecnologia de produção. errado
d) o modelo não faz referência à inflação doméstica. errado
e) nem às diferenças de câmbio. errado
_____________
5. (Cesgranrio – BNDES/2002) No modelo de Heckscher-Ohlin, a causa
mais importante para explicar por que as nações trocam mercadorias entre si
(comércio internacional) é a diferença
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a) na tecnologia.
b) na dotação de fatores.
c) nas preferências dos consumidores.
d) nas condições de demanda.
e) no nível de preços.
Comentários
a) No modelo H-O as tecnologias dos países são constantes, o que significa
que a tecnologia é a mesma nos países, não há diferença de tecnologia. errado
b) Esse é o pressuposto do modelo, como vimos na questão anterior. certo
c) O modelo supõe que os consumidores nos diferentes países têm as mesmas
preferências. errado
d) o modelo baseia-se nas condições de oferta. errado
e) não faz referência ao nível de preços. errado
______________
6. (ESAF – MDIC/2012) Considere as premissas e os objetivos do Modelo
Hecksher-Ohlin e assinale a opção correta.
a) O modelo permite demonstrar como a oferta relativa de fatores de produção
e o emprego dos mesmos em diferentes intensidades na produção explicam os
padrões de especialização e as possibilidades do comércio internacional.
b) O modelo é um complemento do modelo ricardiano por aliar a abundância
dos fatores de produção aos custos do trabalho como fator explicativo dos
padrões de especialização e dos ganhos do comércio.
c) O modelo preconiza que um país produzirá e exportará aqueles produtos
cujos fatores produtivos sejam aproveitados mais eficientemente,
independentemente de sua oferta internamente.
d) O modelo ressalta a dotação de recursos como fator determinante dos
padrões de especialização e de comércio, considerando de importância
secundária os custos dos fatores e a intensidade relativa de seu emprego na
produção como elementos explicativos daqueles padrões.
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e) O modelo preconiza que, com a ocorrência do comércio, a especialização
decorrente da abundância de fatores tende a produzir, ao longo do tempo,
crescente diferenciação dos preços relativos dos fatores de produtos no
mercado internacional.
Comentários
a) De acordo com o teorema de H-O, os fatores de produção (capital, trabalho
e terra) são empregados em diferentes intensidades na produção. Assim, por
exemplo, a especialização dos países latino-americanos na produção de
produtos primários para a exportação, associada à importação de produtos
manufaturados, seria a confirmação do teorema de Hecksher-Ohlin, dado que
estes países possuem uma abundante dotação de recursos naturais e de mão
de obra de baixa qualificação. certo
b) O modelo é um complemento do modelo ricardiano/ sim; por aliar a
abundância dos fatores de produção aos custos do trabalho/ não; como fator
explicativo dos padrões de especialização e dos ganhos do comércio/ não. O
modelo não tratou dos custos do trabalho nem dos “ganhos do comércio”, mas
sim dos padrões de especialização e a abundância da dotação dos fatores.
errado
c) Os países têm vantagens comparativas naqueles bens cuja produção seja
relativamente mais eficiente domesticamente. errado
d) Os custos dos fatores e a intensidade no emprego de cada fator determinam
as vantagens de cada país nas trocas comerciais. errado
e) A teoria não explica a diferenciação de preços dos fatores de produtos no
mercado internacional. Trata da abundância dos fatores como causa da
especialização. errado
___________________
7. (ESAF - AFRFB/2002) De acordo com a moderna teoria do comércio
internacional, segundo o modelo Heckcsher-Ohlin,
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a) os padrões de especialização e de comércio entre os países resultam de
diferenças entre os preços praticados domesticamente e aqueles praticados
internacionalmente.
b) os países tenderão a produzir e exportar bens cuja produção seja intensiva
no fator produtivo mais abundante em suas respectivas economias.
c) os países tenderão a concentrar-se na produção e exportação de bens cujos
custos de produção, definidos pela remuneração dos fatores de produção,
sejam menores.
d) a produtividade da mão-de-obra determina os padrões de especialização e
as possibilidades de comércio entre os países.
e) a disponibilidade dos fatores de produção não exerce influência significativa
sobre o padrão de comércio entre os países uma vez que a mobilidade dos
mesmos equilibra as condições de produção internacionalmente.
Comentários
a) não importam os preços praticados, e sim quais os fatores abundantes.
errado
b) Segundo Hecksher-Ohlin, os países se especializam na produção de bens
cujo fator de produção é abundante em seu território. certo
c) o modelo das vantagens absolutas diz que os países tenderão a concentrar-
se na produção e exportação de bens cujos custos de produção, definidos pela
remuneração do fator trabalho, seja menor. errado
d) O modelo das vantagens comparativas é que estabelece que a
especialização decorre da produtividade da mão-de-obra. errado
e) A disponibilidade dos fatores de produção exerce influência significativa
sobre o padrão de especialização e, pelo modelo, não há mobilidade dos
fatores de produção entre os países. errado
__________________
8. (ESAF – AFRF/2000) O comércio internacional depende das diferenças
dos custos (ou preços) relativos dos artigos produzidos pelos vários países.
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Mas por que esses custos relativos diferem entre países? A Dotação Relativa
dos Fatores de Produção não se refere a uma das afirmativas abaixo.
Identifique-a.
a) O conjunto de condições naturais e sociais que influenciam a eficácia das
forças produtivas nos diversos setores de produção e produtividade do trabalho
também teriam uma forte influência nos preços.
b) Os diversos produtos exigem proporções diferentes de fatores de produção
para serem produzidos.
c) Os fatores de produção não se encontram distribuídos nas mesmas
proporções nos diversos países.
d) Um fator relativamente escasso em um país terá um custo relativo mais
elevado.
e) A causa da diferença de custos relativos reside na distribuição desigual de
recursos (fatores) de produção.
Comentários
a) A Dotação Relativa dos Fatores de Produção ou Teoria da Dotação dos
Fatores ou Teoria de Teoria de Heckscher-Ohlin refere-se as diferenças entre
países na alocação dos fatores de produção como trabalho, capital e terra. Por
exemplo, países com grandes extensões de terra produzirão produtos agrícolas
na divisão internacional do trabalho. Já os países com muito capital produzirão
computadores. Mas a teoria não se preocupa com as condições sociais. errado
b, c, d, e) Pela teoria de H-O: os países têm dotações distintas de recursos, ou
seja, os fatores de produção não se encontram distribuídos nas mesmas
proporções nos diversos países; um fator relativamente escasso em um país
terá um custo relativo mais elevado; a causa da diferença de custos relativos
reside na distribuição desigual de recursos (fatores) de produção, cada produto
tem diferentes necessidades de fatores de produção; os fatores de produção
são imóveis, mas os produtos são móveis. certo
__________________
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9. (Cesgranrio – BNDES/2009) Os Estados Unidos são um país com relativa
abundância do fator de produção capital. Assim, segundo o Modelo Heckscher-
Ohlin de comércio internacional, o seu setor exportador deveria usar maior
intensidade de capital, em relação ao fator trabalho, do que o setor da
economia americana que compete com as importações do país.
Empiricamente, entretanto, verificou-se o contrário. Este fato é chamado
a) efeito preço cruzado.
b) distorção das relações de troca.
c) Paradoxo de Giffen.
d) Paradoxo de Leontief.
e) Reversão de Bhagwati.
Comentários
Um estudo do economista Wassily Leontief, publicado em 1953, colocou em
xeque a teoria de Hecksher-Ohlin, ao evidenciar que as exportações norte-
americanas, no pós-Segunda Guerra Mundial, eram menos capital-intensivas
do que as importações, ou seja, a economia mais capital-intensiva do mundo,
os EUA, tinha um padrão de comércio que se afastava dos modelos clássico e
neoclássico: exportava bens intensivos em trabalho e importava bens
intensivos em capital. Essa constatação estatística foi denominada de paradoxo
de Leontief.
_________________
10. (ESAF - CVM/2010) Em nível teórico, a abordagem tradicional do
comércio internacional, com suporte no teorema de Stolper-Samuelson, refere-
se ao processo de abertura comercial como uma forma de reduzir as
disparidades de salário entre trabalhadores qualificados e não qualificados nos
países em desenvolvimento. Esse argumento tem como pressuposto o fato de
a liberalização comercial:
a) diminuir o preço do fator abundante (trabalho não qualificado) nos países
em desenvolvimento.
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b) reduzir o prêmio do trabalho qualificado.
c) melhorar os termos de troca em favor das importações.
d) piorar os termos de troca em favor das exportações.
e) aumentar o prêmio do trabalho qualificado.
Comentários
O enunciado da questão faz uma confusão. Como está falando em liberalismo
comercial, deveria citar o Teorema Hecksher-Ohlin-Samuelson que é o que
explica os efeitos da liberalização comercial sobre a remuneração dos fatores
de produção. Já o Teorema Stolper-Samuelson explica os efeitos de barreiras
comerciais – efeitos do protecionismo.
O Teorema H-O-S diz que o país com abundância em um fator de
produção e escassez em outro irá demandar mais fator de produção abundante
para atender às exportações nas quais possui vantagem comparativa. Ao longo
do tempo, isso possibilitará aumentar a remuneração do fator abundante.
Então, o livre comércio provoca o aumento da remuneração do fator de
produção abundante e a redução da remuneração do fator de produção
escasso.
A questão quer saber o pressuposto da abertura comercial como uma
forma de reduzir as disparidades de salário entre trabalhadores qualificados e
não qualificados nos países em desenvolvimento:
a) os países em desenvolvimento são intensivos em trabalho, então, pelo
teorema, haveria aumento do preço da mão de obra não qualificada. errado
b) mão de obra qualificada é um fator escasso nos países em desenvolvimento.
Assim, sendo um fator escasso, a abertura comercial aumentará a
remuneração do fator abundante que é o trabalho desqualificado e reduzirá a
remuneração do fator escasso. certo
c) d) ‘Termos de troca’ é preço relativo dos bens exportáveis em termos dos
bens que são importados, ou a quantidade de importações recebida em troca
de uma unidade de exportações. A questão menciona os efeitos nos salários.
errado
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e) como vimos na letra b, a abertura comercial levará a uma redução nos
salários do trabalho qualificado nos países em desenvolvimento. errado
________________
11. (Cesgranrio – BNDES/2009) Duas economias são precisamente iguais,
em termos de dotação de fatores, tecnologia usada, estrutura da demanda
interna, de impostos e gastos públicos (e, portanto, idênticas em preços e
custos). A abertura comercial entre as duas e o consequente aumento do
mercado disponível para as empresas, em ambas,
a) vai levar ao comércio internacional se houver rendimentos crescentes de
escala em pelo menos um setor produtivo.
b) vai levar ao comércio internacional apenas se houver rendimentos
crescentes de escala em todos os setores produtivos.
c) não vai levar ao comércio internacional, pois não há possibilidades de
ganhos.
d) aumentará a competição entre as empresas e reduzirá seus lucros.
e) reduzirá os salários reais, pela maior oferta de mão de obra.
Comentários
Ao contrário das teorias clássicas e neoclássicas, que assume rendimentos
constantes de escala, na prática, muitas indústrias são caracterizadas por
possuir rendimentos crescentes de escala. Pode-se argumentar que as
economias de escala são um incentivo para os países se especializarem e
comercializarem, mesmo havendo uma grande semelhança de recursos e
tecnologia entre eles. Isto porque, os rendimentos crescentes de escala
permitem que cada país concentre sua produção em uma variedade restrita de
bens, produzindo-os em escala maior e de modo mais eficiente do que se cada
país buscasse produzir toda a variedade de bens por si mesmo. Há, portanto,
ganhos adicionais de comércio, pois a variedade de produtos disponíveis em
cada país não é comprometida, podendo a economia mundial produzir mais de
cada bem. letra a
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12. (Cesgranrio – BNDES/2007) O comércio internacional tem sido muito
intenso entre os países industrializados, os quais têm estruturas produtivas e
dotações similares de fatores de produção. Isto sugere que
a) a teoria das vantagens comparativas se aplica perfeitamente à explicação
desse padrão de comércio.
b) a teoria das vantagens absolutas não explica adequadamente esse padrão
de comércio.
c) a hipótese de concorrência perfeita entre as indústrias dos países explica o
padrão de comércio descrito.
d) o comércio intrasetorial entre os países industrializados deve ser pequeno.
e) as economias de escala podem explicar esse padrão de comércio.
Comentários
a) Pela teoria das vantagens comparativas os países se especializarão na
produção de bens que o seu trabalho produz de forma relativamente mais
eficiente, independente de terem estruturas produtivas semelhantes ou não.
errado
b) de fato não explica, mas também não sugere porque o comércio
internacional tem sido muito intenso entre os países industrializados. errado
c) esse padrão de comércio é explicado pelos modelos de concorrência
imperfeita. errado
d) o comércio entre países industrializados é altamente influenciado pelo
comércio intraindústria. errado
e) Como vimos na questão anterior, as economias de escala são um incentivo
para que os países comercializem, mesmo que possuam estruturas produtivas
e dotações similares de fatores de produção. certo
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13. (ESAF – AFRF/2000) A Teoria da Concorrência Monopolística não tem o
seguinte pressuposto:
a) Se há comércio intraindústria, um país pode produzir todos os bens.
b) Existência de diferenciação de produtos.
c) Existência de economias de escala.
d) Existência de importante comércio intraindústria.
e) Existência de um grande número de firmas produzindo bens diferenciados
Comentários
A teoria da concorrência monopolística afirma que só haverá comércio gerado
por gostos distintos se um País não produzir todos os bens. Um país deve
produzir apenas alguns bens para tirar vantagem das economias de escala.
Portanto, a teoria da concorrência monopolística combina as preferências dos
consumidores e os ganhos de escala decorrentes da especialização de apenas
alguns bens e não todos os bens. letra a
_________________
14. (ESAF – MDIC/2012) Analise as assertivas abaixo e, em seguida,
assinale a opção correta.
a) O aproveitamento de economias de escala em diferentes países conduz à
especialização em um número restrito de produtos, reduzindo assim a oferta
de bens no mercado mundial e as possibilidades de comércio entre eles.
b) Em um modelo de concorrência imperfeita e em condições monopolísticas, o
comércio internacional é restringido pela segmentação dos mercados, escalas
de produção limitadas e pequena diversidade de bens disponíveis para o
intercâmbio comercial.
c) Mesmo em condições de concorrência imperfeita, as possibilidades e os
ganhos do comércio resultam de vantagens comparativas relativas tal como
definidas no modelo ricardiano e não do aproveitamento de economias de
escala pelas indústrias.
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d) No modelo de concorrência monopolística centrado na produção de
manufaturas, um país tanto produzirá e exportará bens manufaturados como
também os importará, alimentando assim o comércio intraindústrias e gerando
ganhos extras no comércio internacional.
e) Os rendimentos crescentes associados ao aproveitamento de economias de
escala alimenta a concentração monopolística, levando assim ao aumento dos
preços nos mercados domésticos e no mercado internacional e impactando
negativamente o comércio internacional.
Comentários
a) O aproveitamento de economias de escala em diferentes países conduz à
especialização em um número restrito de produtos: OK /reduzindo assim a
oferta de bens no mercado mundial e as possibilidades de comércio entre eles:
não, se cada país se especializa num certo número de produtos quer dizer que
vão empregar seus recursos de forma mais eficiente na produção destes bens,
produzindo em maior escala e aumentando a oferta mundial do bem. errado
b) A concorrência monopolística combina o livre comércio com características
de monopólio decorrente da diferenciação decorrente dos gostos dos
consumidores. No mercado mundial, a segmentação e especialização promove
o aumento da diversidade dos bens, produção em escala e comércio
intraindústria. errado
c) o modelo das vantagens comparativas é baseado na concorrência perfeita.
O que explica o comércio em mercados de concorrência imperfeita são os
ganhos de escala. errado
d) As economias de escala, a diferenciação da oferta e a concorrência
imperfeita estão na origem dos fluxos de bens e serviços entre economias
homogêneas em termos de desenvolvimento, produtividade e preferência dos
consumidores e ajudam a explicar o comércio intraindústria, que é o comércio
produtos de manufatura complexa e diferenciados. certo
e) os ganhos crescentes de escala levam à diminuição dos preços e (não a sua
elevação) com impactos positivos no comércio internacional. errado
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15. (ESAF – MDIC/2002) Com base nas novas teorias de comércio
internacional, é correto afirmar, a respeito da relação entre comércio
internacional e preços dos fatores de produção, com implicações para a
distribuição de renda:
a) o aumento de riqueza ocasionado pela liberalização comercial produz, cedo
ou tarde, maior distribuição de renda, motivo pelo qual o pensamento
neoliberal defende a remoção de barreiras ao comércio.
b) a abertura do mercado ocasiona o aumento do preço relativo do fator
trabalho em uma economia em que este fator seja abundante e reduz o seu
preço na economia em que o fator capital seja relativamente abundante.
c) a especialização das economias em setores nos quais possuem vantagens
comparativas engendra o abandono de atividades outrora realizadas em tais
economias, produzindo desemprego e, no longo prazo, aumento nas
disparidades de renda entre os mais ricos e os mais pobres.
d) a abertura do mercado ocasiona a redução do preço relativo do fator
trabalho em uma economia em que este fator seja abundante e aumenta o seu
preço na economia em que o fator capital seja relativamente abundante.
e) a abertura do mercado ocasiona a redução do preço relativo do fator
trabalho tanto em uma economia em que este fator seja abundante quanto na
economia em que o fator capital seja relativamente abundante.
Comentários
A questão pede a relação entre comércio internacional e preços dos fatores de
produção, com implicações para a distribuição de renda. A teoria que faz essa
análise é o Teorema Hecksher-Ohlin-Samuelson. Segundo esse teorema, o
livre comércio gera o aumento da remuneração do fator de produção
abundante e a redução da remuneração do fator de produção escasso. Isso
ajuda a explicar os efeitos da distribuição de renda entre os países, pois os
proprietários do fator de produção abundante saem ganhando com o aumento
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da remuneração, enquanto os proprietários do fator de produção escasso saem
perdendo.
a) A liberalização comercial provoca sim maior geração de riqueza pelo
aumento da oferta e demanda de bens e serviços, mas a distribuição de renda
não ocorrerá de forma igual para todos os países. Esse item não está
totalmente errado, mas também não está completamente certo. Deve-se ler
todos os itens e marcar a resposta mais completa de acordo com o enunciado.
errado
b) Teorema Hecksher-Ohlin-Samuelson: Se no exemplo o fator abundante for
trabalho, de acordo com esse teorema, a abertura do mercado levará ao
aumento da remuneração do trabalho (aumento dos salários) e redução da
remuneração do capital (fator de produção escasso, reduzem-se os juros).
certo
c) a especialização das economias em setores nos quais possuem vantagens
comparativas não significa o abandono de outras atividades. Elas continuarão
existindo, só que com produção reduzida. errado
d) Como vimos, é o contrário. errado
e) Não, se o fator trabalho é o fator abundante, sua remuneração aumentará
com a abertura comercial. errado
______________
16. (ESAF – AFRF/2000) A Teoria do Ciclo de Vida do Produto foi criada por
R. Vernon. Os enunciados citados abaixo são pressupostos da Teoria, exceto:
a) As inovac�ões surgidas nos países desenvolvidos dão a estes situac�ão de
monopólio provisoriamente na produc�ão de um certo bem.
b) A Teoria procura explicar o comércio internacional a partir do progresso
tecnológico.
c) Novos Produtos e Processos Produtivos tendem a surgir nos países ricos
devido à demanda por produtos sofisticados, pela existe�ncia de capacidade
empresarial e mão-de-obra especializada para trabalhar em Pesquisa e
Desenvolvimento.
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d) As vantagens comparativas estariam sempre nos países desenvolvidos.
e) À medida que os produtos fossem ficando padronizados poderiam ser
produzidos em outros locais, inclusive países em desenvolvimento.
Comentários
A Teoria do Ciclo de Vida do Produto de Raymond Vernon explica como se d’a a
internacionalizac�ão da produc�ão. Segundo ele, os produtos mais
sofisticados (intensivos em capital) surgem nos países avançados devido ao
fato de na fase de desenvolvimento de um novo produto haver maior
necessidade de investimentos em P&D, tecnologia e capital, fatores
abundantes nesses países. A hipótese assumida pelo modelo ‘e de que os
novos produtos em questão se destinam a mercados consumidores de alta
renda. Apos a introdução e padronização da produção do novo produto, a
produc�ão seria deslocada para os países em desenvolvimento, para
aproveitar os custos mais reduzidos e aumentar a escala de produção. Nessa
fase, esses produtos deixariam de ser intensivos em capital e passam a ser
intensivos em trabalho, fator abundante nos países em desenvolvimento.
Assim, a vantagem comparativa se deslocaria, nesse segundo momento, dos
países desenvolvidos para os países em desenvolvimento. A produc�ão é,
portanto, internacionalizada, o que explica o surgimento das multinacionais.
a) O modelo de Vernon afirma ainda que na fase inicial do desenvolvimento do
novo produto a concorrência assume duas características principais: o número
de produtores será relativamente pouco expressivo, ao passo que será
observado um elevado o grau de diferenciação de produto entre eles. A
primeira dessas características se deriva do caráter assimétrico da dinâmica
inovativa, remetendo, pois, à natureza seletiva e cumulativa desse processo,
sendo também uma indicação clara da presença de elementos de monopólio na
concorrência. certo
b) O progresso tecnológico possibilita o surgimento de novos bens sofisticados
para atender aos consumidores de maior renda, o que impulsiona o comércio
internacional. certo
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c) Os produtos mais sofisticados surgem nos países desenvolvidos por terem
vantagem comparativa na produc�ão de bens intensivos em capital, que
requerem gastos com Pesquisa e Desenvolvimento. certo
d) As vantagens comparativas estariam nas mãos dos países desenvolvidos
somente durante o período em que os produtos fossem intensivos em capital.
Após a produc�ão ser internacionalizada e estes se tornarem intensivos em
mão de obra, as vantagens comparativas passariam para os países em
desenvolvimento. errado
e) As vantagens comparativas são dinâmicas e se deslocam dos países
desenvolvidos para os países em desenvolvimento quando há padronização da
produção. certo
___________
17. (ESAF - AFTN/1998) As chamadas Novas Teorias do Comércio
Internacional incluem diversos elementos não devidamente incorporados pelas
teorias anteriores. Entre tais elementos, destacam-se:
a) tecnologia e produtividade
b) preços, tecnologia e demanda/oferta
c) abundância dos fatores de produção e termos de troca
d) preços e termos de troca
e) economias de escala, diferenciação de produtos
Comentários
As novas teorias relacionam os seguintes elementos como relevantes à
existência do comércio:
- Ganhos de Escala
- Diversidade dos Gostos dos Consumidores – Existência de produtos
diferenciados que geram gostos distintos
- Concorrência Monopolística – ganhos de escala + produtos diferenciados
- Comércio intraindústria – comércio entre mesmos setores econômicos de
países diferentes.
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- Teoria Ciclo Produto – Internacionalização da produção após sua
padronização
a) A teoria que trata da tecnologia e produtividade é a teoria clássica das
vantagens comparativas: os países exportarão e se especializarão na produção
dos bens cujo custo for comparativamente menor em relação aos demais
países. É a partir de diferenças tecnológicas relativas, as quais se manifestam
em produtividades do trabalho ou coeficientes de produção diferentes, que
existem trocas internacionais. errado
b) Está relacionado aos pensamento de Adam Smith e sua teoria das
Vantagens Absolutas que acreditava que o Estado deveria intervir para
equilibrar o mercado (oferta e demanda), através do ajuste de preços ("mão
invisível"). errado
c) A teoria que trata da abundância dos fatores de produção é a teoria
neoclássica da dotação dos fatores ou H-O. errado
d) preços e termos de trocas é o argumento do modelo de substituição de
importações. errado
e) A teoria moderna da concorrência monopolística aborda os conceitos de
economias de escala e diferenciação de produtos. certo
______________
18. (ESAF - AFRF/2000) A Teoria da Concorrência Monopolística não tem o
seguinte pressuposto:
a) Se há comércio intraindústria, um país pode produzir todos os bens.
b) Existência de diferenciação de produtos.
c) Existência de economias de escala.
d) Existência de importante comércio intraindústria.
e) Existência de um grande número de firmas produzindo bens diferenciados.
Comentários
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Segundo a teoria da concorrência monopolística, um país não pode produzir
todos os bens de que necessita. Ele se especializa na produção de alguns bens
a fim de obter ganhos de escala. A teoria da concorrência monopolística
combina a teoria da diversidade dos gostos dos consumidores e a teoria dos
ganhos de escala. Se um país produzir todos os bens não haverá ganhos de
escala. letra a
_____________
A internacionalização crescente do espaço econômico faz que o estudo da
teoria do comércio internacional, incluindo os aspectos macro e
microeconômicos das economias abertas, seja fundamental para uma inserção
adequada no cenário mundial. Acerca desse assunto, julgue os itens.
19. (CESPE- MDIC/2008) De acordo com o modelo ricardiano, as vantagens
comparativas, baseadas em diferenças nos custos de produção, na demanda e
na presença de economias de escala, justificam a existência do livre comércio
entre países e se traduzem em ganhos adicionais para consumidores e
produtores domésticos.
Comentários
Na teoria das Vantagens Comparativas de Ricardo os países se especializam na
produção dos bens em que seus custos de produção são relativamente
menores. Economias de escala e diferenças entre as demandas pelos produtos
não foram consideradas no modelo. errada.
___________
20. (CESPE – MDIC/2008) No modelo de Heckscher-Ohlin, a ideia de que o
comércio internacional promove a convergência e até a equalização dos
salários entre países não se sustenta caso essas economias utilizem
tecnologias distintas.
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Comentários
O modelo de Hecksher-Ohlin pressupõe que a tecnologia é constante, ou seja,
que a tecnologia é a mesma entre os países. Na verdade, é o teorema
Hecksher-Ohlin-Samuelson que sustenta que o livre comércio internacional
promoverá a equalização dos salários entre países, desde que as tecnologias
sejam constantes. Dessa forma, se as tecnologias forem distintas, o comércio
internacional não irá promover tal convergência. certo
_____________
21. (CESPE – MDIC/2008) A hipótese de Linder de que o volume de
comércio é maior entre países ricos e semelhantes do que entre países com
níveis de rendimento per capita distintos decorre, em parte, da existência de
economias de escala e dos padrões diferenciados de demanda que prevalecem
nesses dois grupos de países.
Comentários
Linder justifica a comércio intraindústria afirmando que quanto mais parecida a
estrutura de demanda (gosto dos consumidores) dos países maior o fluxo
comercial entre eles. O autor procurou enfatizar o lado da demanda a fim de
explicar o padrão de comércio intraindustrial: quanto mais parecida for a
demanda dos países (ou seja, quanto mais próximo o nível de
desenvolvimento dos países), maior é o comércio entre esses países, pois eles
tenderão a produzir bens que mais facilmente atendem à demanda de
potenciais importadores. Assim, os produtos a serem exportados são
preferencialmente aqueles já produzidos para atender ao próprio mercado
doméstico, já que os parceiros comerciais têm estruturas de demanda
relativamente parecidas. A concorrência entre países, neste contexto, é
exercida com base em um processo de diferenciação de produto. certo
____________
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22. (CESPE – MDIC/2008) As economias de escala dinâmicas, decorrentes
da diferenciação de produto e da presença de learning by doing, constituem
uma das bases para a existência do comércio intraindustrial.
Comentários
A partir dos anos 1970 os modelos de comércio foram incorporando avanços
da teoria da organização industrial e das novas teorias de crescimento
econômico. Nos dois casos trabalha-se com estruturas de mercado em
concorrência imperfeita (“concorrência monopolística” ou “oligopólio”) onde há
retornos crescentes de escala, externalidades, diferenciação de produtos,
tecnologia como um bem proprietário, efeitos dinâmicos de aprendizagem
(learning by doing, learning by using, etc.), que criam espaço para a
justificativa de políticas comerciais estratégicas.
Paul Krugman, um dos mais renomados estudiosos de economia internacional,
afirma que é possível a existência de comércio entre países com mesma
estrutura de produção devido a existência de comércio intraindústria e
economias de escala. As economias de escala implicam redução dos custos
médios à medida que a produção aumenta. O processo de learning-by-doing
implica, similarmente, que os custos unitários de produção reduzem-se à
medida que a produção se acumula ao longo do tempo. O learning by doing, é
um conceito econômico ligado à especialização, que se refere à capacidade dos
trabalhadores aumentarem sua produtividade ao repetirem regularmente um
mesmo tipo de atividade que leva a ganhos de escala. certo
_______________
23. (CESPE – ACE/2008) A idéia de que, nos países avançados, o comércio
internacional prioriza inovações tecnológicas fortemente baseadas em trabalho
qualificado para dificultar a imitação tecnológica pelos países menos
desenvolvidos é consistente com a hipótese de complementaridade entre o
capital humano e as novas tecnologias, que resulta no aumento das
desigualdades salariais nesses grupos de países.
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Comentários
Nos países avançados o capital humano, associado ao trabalho qualificado, é
um fator determinante para que sejam implementadas inovações tecnológicas,
que limitam a concorrência feita através da imitação pelos países menos
desenvolvidos pois estas ultimas não são capital intensivas. A valorização do
capital humano com ênfase na inovação acaba por aumentar a remuneração
do trabalho qualificado, o que distancia os ganhos salarias médios entre os
países desenvolvidos e em desenvolvimento. certo
________________
24. (ESAF - AFRF/2000) A transnacionalização é um fenômeno distinto que,
sutilmente, relega a internacionalização comercial quase a um segundo plano.
Este fenômeno começou a ser percebido a meados dos anos sessenta, quando
o valor da produção das subsidiárias dos grandes conglomerados industriais no
estrangeiro começou a superar o valor do comércio internacional. O auge da
inversão estrangeira direta, que alentou a instalação destas sucursais, deveu-
se a múltiplos fatores: a reconstrução e recuperação de um mundo destruído
pela guerra, o descobrimento da possibilidade de dividir o ciclo produtivo de
maneira muito mais fina do que no passado e a compreensão de que era
possível ter acesso às vantagens comparativas (relativas) peculiares que
ofereciam os diversos países e regiões do mundo. O grande mérito de um
economista foi mostrar que o comércio também seria proveitoso para dois
países, mesmo que um deles tivesse vantagem absoluta sobre o outro na
produção de todas as mercadorias; mas sua vantagem seria maior em alguns
produtos do que em outros.
O economista em questão foi:
a) Adam Smith
b) Stephen Kanitz
c) Keneth Galbraith
d) Karl Max
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e) David Ricardo
Comentários
A palavras chave comparativa, relativa e a declaração final de que “o grande
mérito de um economista foi mostrar que o comércio também seria proveitoso
para dois países, mesmo que um deles tivesse vantagem absoluta sobre o
outro na produção de todas as mercadorias; mas sua vantagem seria maior
em alguns produtos do que em outros”, indicam que o economista em questão
é David Ricardo. letra e
______________
25. (ESAF-Aduana/1998) Tradicionalmente os países latino-americanos
mantiveram economias fechadas, fundamentalmente primário-exportadoras,
com uma indústria incipiente e protegida; governos grandes, nacionalistas e
pouco eficientes; setores privados excessivamente tímidos e quase
inexistentes, sociedades simples, mas tremendamente dicotômicas; mercados
de trabalho fortemente concentrados, e uma cultura paroquial que, de acordo
com um ditado mexicano, vivia agarrada ao passado. Os primeiros passos de
sua inserção no processo de globalização lhes deram acesso aos mercados
comerciais, tecnológicos e financeiros internacionais e, o que é mais
importante, aos mercados do conhecimento e das ideias, que favoreceu o
fortalecimento de suas vinculações políticas com o resto do mundo,
permitindo-lhes constituir esquemas de integração competitivos, abertos e
extrovertidos, proporcionando a diversificação de sua estrutura social e
ocupacional, exercendo pressão para a melhoria de seus sistemas educativos,
estabelecendo desafios, cujas respostas estão surpreendentemente atrasadas,
do ponto de vista da modernização de seus sistemas políticos e do Estado.
Já vimos que o comércio internacional depende das diferenças dos custos (ou
preços) relativos dos artigos produzidos pelos vários países. Por que os países
apresentam uma estrutura de custo diferenciado?
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a) A resposta nos é dada pelo economista Adam Smith em sua obra “Comércio
Inter-regional e Internacional”.
b) A resposta nos é dada pelo economista Bertil Ohlin em sua obra “Comércio
Inter-regional e Internacional”.
c) A resposta nos é dada pelo economista Peter Schumpeter em sua obra
“Comércio Inter-regional e Internacional”.
d) A resposta nos é dada pelo economista Francis Fukuyama em sua obra
“Comércio Inter-regional e Internacional”.
e) A resposta nos é dada pelo economista Paul Singer em sua obra “Comércio
Inter-regional e Internacional”.
Comentários
Então, pessoal para finalizar, cabe aqui um ultimo comentário sobre as
diferenças nas estrutura de custo dos países que tenta explicar as diferenças
de preços no comércio internacional. Em 1919, o economista sueco Eli
Heckscher publicou o artigo ‘Os Efeitos do Comércio Exterior sobre a
Distribuição da Renda’. O artigo de Heckscher passou vários anos sem ser
analisado e discutido até que, o também economista sueco Bertil Ohlin
analisou-o e publicou, em 1933, o livro Comércio Inter-Regional e
Internacional, onde elenca os pressupostos da Teoria Neoclássica do Comércio
Internacional. Na sua obra, Bertil Ohlin apresentou uma teoria regional da
localização mais próxima da realidade, sem a restrição da suposição de
concorrência perfeita, e sua definição de região incluía diferentes economias
internacionais e seus exemplos incluíam também economias com diferentes
moedas. No entanto, sua análise é relevante também para explicar
movimentos de fatores e comércio entre regiões nacionais, uma vez que
assume um alto grau de mobilidade dos fatores e considera os mercados das
principais regiões como efetivamente integrados de forma mais ampla, apesar
das variações locais de mercado. Assim, introduz imperfeições, indivisibilidades
e fricções nos padrões inter-regionais de demanda e oferta, incluindo os custos
de transportes como fator que reforça as imperfeições e fricções do comércio
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inter-regional. Em geral, Ohlin conclui que o comércio inter-regional e os
movimentos dos fatores têm efeitos virtuosos, levando à equalização dos
preços dos fatores e das mercadorias em diferentes regiões. letra b.
Respostas
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
A C A B B A B A D B
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
A E A D B D E A Errado Certo
21 22 23 24 25
Certo Certo Certo E B
Até a próxima aula!
Prof. Julia Olzog
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