0
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE NUTRIÇÃO
ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E
DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NA
POPULAÇÃO BRASILEIRA
MARIANA FAVERO BOAVENTURA
Cuiabá-MT, Fevereiro de 2019
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE NUTRIÇÃO
ASSOCIAÇÃO ENTRE COMPORTAMENTO SEDENTÁRIO E
DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NA
POPULAÇÃO BRASILEIRA
MARIANA FAVERO BOAVENTURA
Trabalho de Graduação apresentado ao Curso de
Nutrição da Universidade Federal de Mato
Grosso como parte dos requisitos exigidos para
obtenção do título de Bacharel em Nutrição, sob a
orientação do Professor Dr. Paulo Rogério Melo
Rodrigues.
Cuiabá-MT, Fevereiro de 2019
2
3
F273a Boaventura, Mariana Favero.
Associação entre comportamento sedentário e doenças crônicas não transmissíveis na população brasileira / Mariana Favero Boaventura. -- 2019
41 f.; 30 cm.
Orientador: Paulo Rogério Melo Rodrigues.
TCC (graduação em Nutrição) - Universidade Federal de Mato Grosso, Faculdade de Nutrição, Cuiabá, 2019.
Inclui bibliografia.
1. Doenças Crônicas Não-Transmissíveis. 2. Comportamentos Sedentários. 3. Pesquisa Nacional de Saúde. I. Título.
FICHA CATALOGRÁFICA
Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.
Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.
4
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 07
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral
2.2. Objetivos Específicos
10
10
10
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1. Comportamento sedentário: definições e formas de avaliação
3.2. Comportamento sedentário no Brasil e no mundo
3.3. Doenças crônicas não transmissíveis e comportamento sedentário
11
11
12
16
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1. População do estudo
4.2. Coleta de dados
4.3. Variáveis analisadas
4.3.1. Variáveis dependentes
4.3.2. Variável independente
4.3.3. Covariáveis
4.4. Análise dos dados
4.5. Aspectos éticos
19
19
19
20
20
20
20
20
21
5. RESULTADOS
5.1. Manuscrito
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
8. ANEXO
Anexo 1
22
22
35
36
40
40
5
RESUMO
Objetivo: Estimar a prevalência de comportamento sedentário e sua associação com doenças crônicas não
transmissíveis na população brasileira. Métodos: Estudo transversal, utilizando dados obtidos na Pesquisa
Nacional de Saúde, inquérito populacional de base domiciliar, realizado em 2013 no Brasil. O comportamento
sedentário foi avaliado considerando o tempo despendido assistindo à televisão, obtido pela pergunta “Em
média, quantas horas por dia o(a) sr(a) costuma ficar assistindo televisão?”. As doenças crônicas consideradas
foram hipertensão arterial e excesso de peso corporal, estimado por meio do índice de massa corporal. Foram
consideradas também variáveis sociodemográficas como sexo, faixa etária e nível de escolaridade. Nas análises
foram utilizados o teste do qui-quadrado e modelos de regressão logística ajustados, estimando a Odds Ratio
(ORaj). Resultados: Foram avaliados 60.202 indivíduos, sendo 52,9% mulheres, 34,2% entre 25 e 39 anos de
idade, 38,9% das pessoas não possuíam instrução ou possuíam o ensino fundamental incompleto, 32,3%
apresentavam hipertensão arterial e 53,8% tinham excesso de peso corporal. Para o comportamento sedentário
foi observado que 25,8% assistiam à televisão entre 1 hora e < 2 horas diariamente e a menor frequência desse
comportamento (15,2%) ocorreu entre os indivíduos que assistiam à televisão por 5 horas ou mais diariamente.
Houve associação significativa entre o tempo de tela e a prevalência de hipertensão arterial e excesso de peso
corporal. Conclusão: A prevalência de comportamento sedentário na população brasileira foi elevada e quanto
mais tempo assistindo à televisão diariamente, maiores as chances de apresentar hipertensão arterial e excesso de
peso corporal na população brasileira.
PALAVRAS-CHAVE: Doenças Crônicas Não-Transmissíveis; Comportamentos Sedentários; Pesquisa
Nacional de Saúde.
6
ABSTRACT
Objective: Estimate the prevalence of sedentary lifestyle and analyze it’s association with chronic non-
communicable diseases in Brazilian population. Methods: Cross-sectional study, using data obtained in the
National Health Survey, a population-based household survey conducted in Brazil, in 2013. The sedentary
behavior was evaluated considering the time spent watching television, obtained with the question "On average,
how many hours a day do you usually watch television?". The chronic diseases considered were arterial
hypertension and excess body weight, estimated by means of body mass index. Sociodemographic variables such
as gender, age group and schooling level were also considered. The chi-square test and adjusted logistic
regression models were used in the statistical analysis, estimating the Odds Ratio (ORaj). Results: A total of
60,202 individuals were evaluated, 52.9% female, 34.2% between 25 and 39 years of age, 38.9% of the people
were not educated or had incomplete elementary education, 32.3% had arterial hypertension and 53.8% were
overweight. For sedentary behavior, it was observed that 25.8% watched television between 1 hour and <2
hours daily and the lowest frequency of this behavior (15.2%) occurred among subjects who watched television
for 5 hours or more daily. There was a significant association between screen time and the prevalence of
hypertension and excess body weight. Conclusion: The prevalence of sedentary lifestyle in the Brazilian
population was high and the greater the time spent watching television daily, the greater are the chances of
showing arterial hypertension and excess body weight in the Brazilian population.
KEY WORDS: Chronic Non-communicable Diseases; Sedentary Lifestyle; National Health Survey.
7
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, desde a década de 50 vem ocorrendo acelerada mudança nos perfis
demográfico, epidemiológico e nutricional, influenciando um novo padrão de
morbimortalidade da população. A transição demográfica tem sido caracterizada pela
migração dos indivíduos de uma sociedade predominantemente rural e tradicional para uma
sociedade urbana e moderna. Esse processo de urbanização foi acompanhado de importantes
mudanças sociais, como nas formas de inserção da mulher na sociedade, rearranjos familiares
e incrementos tecnológicos. Além disso, o envelhecimento, a urbanização, as mudanças
sociais e econômicas e a globalização impactaram o modo de viver, trabalhar e se alimentar
dos brasileiros e consequentemente, houve o crescimento da prevalência de fatores como a
obesidade e o sedentarismo (OMRAN, 2009; DUARTE; BARRETO, 2012).
Nesse contexto, as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) representam um
problema de saúde global e ameaçam o desenvolvimento humano, especialmente, nos países
de baixa e média renda (ABEGUNDE et al., 2007; MALTA et al., 2014). Entre as DCNT
mais frequentes encontram-se as doenças cardiovasculares e as do aparelho respiratório, os
cânceres e o diabetes (BRASIL, 2011, WHO 2013).
No Brasil, as DCNT foram responsáveis, no ano de 2011, por 72,7% do total de
mortes, com destaque para as doenças do aparelho circulatório (30,4% do total de óbitos), as
neoplasias (16,4% do total de óbitos) e o diabetes (5,3% do total de óbitos) (MALTA et al.,
2014) e a proporção de mortes por DCNT aumentou em mais de três vezes entre os anos de
1930 e 2006 (MALTA et al., 2006). Esses dados reafirmam a relevância das DCNT neste
momento de transição epidemiológica no Brasil, sendo que conceitualmente, a teoria da
transição epidemiológica foca na complexa mudança nos padrões de saúde e doença, nas
interações entre esses padrões e seus determinantes demográfico, econômico e sociológico e
suas consequências (OMRAN, 2009; DUARTE; BARRETO, 2012).
No ano de 2016, mais de 1,9 bilhões de adultos (18 anos de idade ou mais), no mundo,
estavam acima do peso. Desses indivíduos, 650 milhões eram obesos (13%) e 741 milhões
estavam com sobrepeso (39%) (OMS, 2018).
As DCNT são consideradas doenças de caráter multifatorial, com fatores não
modificáveis e modificáveis, sendo evitáveis por meio da adoção de políticas públicas de
saúde que estimulem modificações nos fatores de risco modificáveis. Nesse contexto, os
fatores de riscos em comum são: tabagismo, nível de atividade física insuficiente,
comportamentos sedentários, alimentação não saudável e consumo nocivo de bebida alcoólica
(CASADO et al., 2009; MUNIZ et al., 2012; WHO, 2013; ASHTON et al., 2015).
8
Segundo os dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para
Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), o tempo gasto em comportamentos
sedentários está fortemente relacionado ao aumento do risco de DCNT (BRASIL, 2014).
Ainda segundo dados do VIGITEL, no acompanhamento do ano de 2010, foi incluída uma
avaliação a respeito do tempo assistindo televisão. Os resultados apontam que 28,2% dos
adultos entrevistados relataram assistir a televisão por três horas ou mais por dia e as capitais
com o maior número de adultos que assistem à televisão por três horas ou mais por dia foram
Curitiba, Boa Vista e Fortaleza, todas com 23% dos adultos, e as capitais com menores
proporções foram Belém (32%), Aracaju (33%) e Macapá (33%) (BRASIL, 2014).
A população brasileira está exposta aos comportamentos sedentários, o que pode
acarretar em danos à saúde da população, tais como as DCNT, isto devido às mudanças no
estilo de vida dos indivíduos, além disso, a quantidade de horas que um indivíduo utiliza
assistindo à televisão aumenta a predisposição ao desenvolvimento de obesidade e, como
consequência, outras doenças e a esta associação positiva ocorre, possivelmente, pois essa
relação entre as duas variáveis ocorre devido ao aumento do consumo de energia e/ou
diminuição do gasto energético (WILLIAMS; RAYNOR, 2008; INSTITUTO BRASILEIRO
DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2014).
Em um estudo prospectivo de coorte, realizado nos Estados Unidos, com 221.426
indivíduos, foi possível identificar que o risco mortalidade por todas as causas aumenta em
14%, quando há aumento do tempo assistindo televisão por 2 horas diárias (KEADDLE et al.,
2016).
São poucos os inquéritos de base populacional existentes que realizam o uso de
medidas diretas para mensuração do comportamento sedentário. Em um estudo, foi avaliado o
comportamento sedentário através de medidas diretas, com uso de acelerômetros, em
aproximadamente 6.000 indivíduos americanos. Foi encontrado que os adultos despendem
56% do seu tempo acordado em comportamentos sedentários (MATTHEWS et al., 2012).
No VIGITEL (BRASIL, 2017) a pergunta realizada para os participantes do inquérito
para se avaliar o comportamento sedentário foi “Em média, quantas horas por dia o (a) sr.(a)
costuma fica assistindo à televisão?”, na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2013) a pergunta
foi “Em média, quantas horas por dia o (a) sr(a) costuma fica assistindo televisão?” (IBGE,
2013), já na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) de 2015, a questão foi “Em um
dia de semana comum, quanto tempo você fica sentado(a), assistindo televisão, usando
computador, jogando videogame, conversando com amigos(as) ou fazendo outras atividades
9
sentado(a)? (não contar sábado, domingo, feriados e o tempo sentado na escola)” (IBGE,
2015).
Dessa forma, a utilização de questionários em função da viabilidade em estudos
populacionais é uma estratégia bem pronunciada na avaliação do comportamento sedentário.
Estudos têm utilizado questionários para a avaliação do tempo gasto sentado (BAUMAN et
al., 2011) e de indicadores do comportamento sedentário, como por exemplo o tempo de
Televisão (LEGNANI et al., 2012).
Diante desse contexto, este trabalho tem por objetivo avaliar a frequência de
comportamentos sedentários e sua associação com excesso de peso corporal e hipertensão
arterial na população brasileira.
10
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
Analisar a associação entre tempo assistindo à televisão e doenças crônicas não
transmissíveis na população brasileira.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Estimar a prevalência de comportamento sedentário;
Avaliar a associação entre tempo assistindo à televisão e excesso de peso;
Avaliar a associação entre tempo assistindo à televisão e hipertensão arterial.
11
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1. Comportamento sedentário: definições e formas de avaliação
O comportamento sedentário é definido por atividades que não elevam de maneira
significativa o gasto energético do indivíduo, sendo exemplos dessas atividades assistir
televisão, utilizar computador, tempo sentado no trabalho ou no deslocamento. O
comportamento sedentário pode ainda ser estipulado como atividades que tenham um gasto
energético entre 1,0 e 1,5 equivalentes metabólicos (METs) (MIELKE, 2012).
Em relação à avaliação do tempo exposto a comportamentos sedentários é necessário
distinguir as atividades realizadas no fim de semana das atividades dos dias úteis de semana,
assim como deve ser considerado o tempo despendido em comportamento sedentário em
diferentes domínios (como, por exemplo: trabalho, lazer, doméstico ou transporte) e ainda as
interrupções ocorridas durante esse comportamento (MARSHALL et al., 2010; CLARK et al.,
2011).
Como estratégia de avaliação, o tempo sentado tem sido utilizado como um dos
marcadores específicos de comportamento sedentário. O Questionário Internacional de
Atividade Física (IPAQ) apresenta boa confiabilidade para o tempo sentado total (tempo
sentado dia semana mais o tempo sentado final de semana) e validade aceitável
(ROSENBERG et al., 2008).
O poder da validade externa dos estudos pode diminuir devido às confusões dos
termos operacionais acerca do comportamento sedentário. É comum encontrar estudos que
consideram os participantes como sedentários devido ao fato de os mesmos não serem
fisicamente ativos, enquanto outros classificam os participantes como sedentários por estarem
envolvidos em atividades de baixo dispêndio energético. A falta de padronização de
instrumentos para avaliação do comportamento sedentário dificulta a comparação de dados
tanto em regiões próximas como entre países (BAUMAN et al., 2011).
Dentre os equipamentos utilizados para a avaliação do comportamento sedentário, os
dispositivos de acelerometria triaxiais tem demonstrado bons índices psicrométricos, podendo
os mesmos serem um recurso para futuras pesquisas epidemiológicas (GRANT et al., 2006).
Contudo, os dispositivos via acelerometria não diferenciam a posição corporal sentada da
posição ortostática (TREMBLAY et al., 2010).
O instrumento desenvolvido pela Microsoft chamado de SenseCam, pode ser
considerado um exemplo de instrumento com potencial para ser utilizado juntamente com
outras estratégias para a avaliação do comportamento sedentário, como por exemplo a
acelerometria. O dispositivo de informação contextual, por meio de registro de imagens, o
12
SenseCam passa a ser ativado por meio de um sensor de acordo com a alteração de
movimento, luz, temperatura ou presença de pessoas (KERR et al., 2013).
Outro instrumento desenvolvido para a avaliação do tempo sentado é o Sitting pad
(RYDE et al., 2012). Este instrumento é uma almofada que é instalada no assento de uma
cadeira e contem um dispositivo para o registro do tempo em que a pessoa fica sentada. Esse
dispositivo pode ser também programado para soar um alarme, alertando o individuo para o
mesmo interromper o seu tempo sentado.
São poucos os inquéritos de base populacional existentes que realizam o uso de
medidas diretas para mensuração do comportamento sedentário. Em um estudo, foi avaliado o
comportamento sedentário através de medidas diretas, com uso de acelerômetros, em
aproximadamente 6.000 indivíduos americanos. Foi encontrado que os adultos despendem
56% do seu tempo acordado em comportamentos sedentários (MATTHEWS et al., 2012).
Dessa forma, tem sido usual a utilização de medidas indiretas, tais como aplicação de
questionários ou perguntas específicas, para avaliação do comportamento sedentário em
estudos populacionais. No VIGITEL (BRASIL, 2017) a pergunta realizada para os
participantes do inquérito para se avaliar o comportamento sedentário foi “Em média, quantas
horas por dia o (a) sr.(a) costuma fica assistindo à televisão?”, na PNS (IBGE, 2013) a
pergunta foi “Em média, quantas horas por dia o (a) sr(a) costuma fica assistindo televisão?”,
já na PeNSE (IBGE, 2015), a questão foi “Em um dia de semana comum, quanto tempo você
fica sentado(a), assistindo televisão, usando computador, jogando videogame, conversando
com amigos(as) ou fazendo outras atividades sentado(a)? (não contar sábado, domingo,
feriados e o tempo sentado na escola)”.
A utilização de questionários em função da viabilidade em estudos populacionais é
uma estratégia bem pronunciada na avaliação do comportamento sedentário. Estudos têm
utilizado questionários para a avaliação do tempo gasto sentado (BAUMAN et al., 2011) e de
indicadores do comportamento sedentário, como por exemplo o tempo de Televisão
(LEGNANI et al., 2012).
3.2. Comportamentos sedentários no Brasil e no mundo
Em estudo de revisão sistemática realizado por Mielke (2012), com amostras representativas
de 20 países, incluindo adultos com idades entre 18 e 65 anos, o tempo sentado diariamente foi em
média de 300 minutos. Dentre os 20 países que fizeram parte do estudo, o Brasil esteve entre
aqueles com menores medianas de tempo sentado (aproximadamente 180 minutos por dia).
13
No VIGITEL, de acordo com dados de 2018, o hábito de ver televisão por três ou mais
horas diárias, por indivíduos adultos (18 anos de idade ou mais) foi de 24,6% e as capitais
com as maiores proporções são São Luis (29,8%), Salvador (28,1%) e Belém (26,9%), e as
capitais com menores proporções foram Rio Branco (19,8%), Distrito Federal (19,7%) e
Palmas (15,5%) (BRASIL, 2018).
Outro estudo realizado no Brasil avaliou a média de tempo assistindo televisão em
4.331 indivíduos de 12 anos ou mais residentes no Rio de Janeiro e encontrou que as médias
de horas assistindo televisão entre homens e mulheres foram de 3,8 e 3,5 horas por dia,
respectivamente (GOMES et al., 2001). Na cidade de Ribeirão Preto, estado de São Paulo, a
média diária de tempo sentado por meio da questão referente ao tempo sentado presente no
Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) (CRAIG et al., 2003) e foi encontrado
que o tempo sentado médio foi de 280,9 minutos (SUZUKI; MORAES; FREITAS, 2010).
Em um estudo transversal, realizado na cidade de Manaus, com estudantes do ensino
público municipal, com idades entre 15 e 19 anos de idade, no qual o tempo > 2 horas
assistindo à televisão e jogando videogames por dia foi considerado como excessivo, 60,8%
dos meninos e 63,3% das meninas declararam que gastam mais do que 2 horas por dia com
essa atividade durante dias de escola e durante os finais de semana esses valores foram de
59,7% e 63,9%, respectivamente (BEZERRA et al., 2016).
Em outro estudo, ao comparar os níveis de atividade física e comportamento
sedentário entre adolescentes da zona urbana e rural, com amostra composta por estudantes
com idades entre 14 e 19 anos, matriculadas na rede pública estadual de ensino médio do
estado de Pernambuco, os autores verificaram que os adolescentes da zona rural assistiam
menos televisão, usavam menos computador e/ou videogame, passavam menos tempo
sentados, optaram menos pelo lazer passivo e tinham menos chances de serem classificados
como insuficientes ativos, quando comparados àqueles da zona urbana, independente do sexo
e idade (REGIS et al., 2016).
O número de horas que um indivíduo gasta assistindo à televisão aumenta a
predisposição ao desenvolvimento de obesidade e, como consequência, outras doenças. Na
PNS, cerca de 42,3 milhões de pessoas (28,9%) da população adulta, declararam ter assistido
televisão por 3 ou mais horas diárias. Do mesmo modo, o menor número de adultos que
assistiam televisão por 3 ou mais horas diárias possuía o nível superior completo (21,1%) e
tanto os mais idosos (60 anos ou mais) como os mais jovens (18 a 24 anos) foram os grupos
de indivíduos com maior parcela de indivíduos que assistia à televisão por ≥ 3 horas diárias
(32%) (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2014).
14
Em um estudo de coorte prospectivo nos Estados Unidos com 221.426 indivíduos,
com idade entre 50–71 anos, os participantes autorreferiram o tempo que assistiam à
televisão. Com base nas respostas desses indivíduos, foi possível verificar que aqueles que
assistiam à televisão por um maior período de tempo, tinham menos chance de ter atendido à
universidade, dormido pelo menos 7 horas/por noite, ou ter hiperlipidemia. Da mesma forma,
possuíam a tendência de consumir mais calorias e álcool, e eram mais propensos à serem
obesos (IMC >30 kg/m2), fumantes e serem diabéticos ou hipertensos (KEADLE, et al.,
2016).
Um agravante no que diz respeito ao comportamento sedentário é o seu aparecimento
como um hábito, que pode ser decorrente de práticas de vida não saudáveis, muitas vezes
durante um longo período de tempo, até mesmo desde a infância. Dessa maneira, em um
estudo que analisou dados de duas pesquisas de coorte, com dados de 2474 crianças em idade
pré-escolar, foi identificada a associação direta entre o tempo assistindo à televisão dos pais e
de seus filhos (14.4% e 8.1% nas amostras australianas e bélgicas, respectivamente) (DE
DECKER, et al., 2015).
15
Quadro 1. Estudos que avaliaram o tempo assistindo televisão no Brasil e no mundo.
Autor/ano Local do
estudo Grupo estudado
Comportamentos
avaliados Principais resultados
GOMES et al.,
2001
Rio de Janeiro
(Brasil)
4.331 indivíduos de
12 anos de idade ou
mais.
Tempo assistindo
televisão.
As médias de horas assistindo televisão entre homens e mulheres
foram de 3,8 e 3,5 horas por dia, respectivamente.
SUZUKI et al.,
2010
Ribeirão Preto
(São Paulo).
930 indivíduos com
30 anos de idade ou
mais.
Tempo sentado. Para os homens, a média diária do tempo sentado foi de 306,2 minutos
e, para as mulheres, 270,3 minutos.
BARNETT et
al., 2014
Norfolk
(Inglaterra)
25.639 indivíduos,
com idades entre
45 e 79 anos.
Tempo assistindo
televisão.
Aposentadoria é associada com um aumento médio semanal no tempo
assistindo à televisão: o maior aumento foi entre as classes sociais
mais baixas (homens: +3,9 h/semana; mulheres: +2,8 h/semana).
DECKER et
al., 2015
Austrália e
Bélgica.
3294 crianças com
idades entre 3 e 6
anos.
Tempo assistindo
televisão.
Os pais australianos relataram menores níveis de tempo assistindo à
televisão comparados aos pais belgas (8,7 ± 6,7 horas/semana vs. 9,8 ±
7,6 horas/semana), porém houveram níveis mais elevados de crianças
belgas assistindo à televisão (11,0 ± 6,7 horas/semana vs. 6,5 ± 4,9
horas/semana).
CHEN et al.,
2018
Shanghai
(China)
50.090 indivíduos,
com idades entre
10 e 18 anos.
Tempo assistindo
televisão, jogando no
computador ou
utilizando aparelhos
eletrônicos.
18,4% do público estudado atingiu as recomendações para atividade
física, 25,5% atingiu as recomendações para comportamento
sedentário e 5,7% atingiu as recomendações para ambos.
IMRAN et al.,
2018
Jackson,
Mississipi
(EUA)
2000 indivíduos,
com idade entre 21
e 94 anos.
Tempo assistindo
televisão.
28,3% dos participantes assistem televisão por menos de 2 horas
diariamente, 33,8% assistem televisão por 2 à 4 horas diariamente e
37,9% assistem televisão por 4 horas ou mais diariamente.
MATTHEWS,
et al., 2018
Pittsburgh
(EUA)
1.020 indivíduos,
com idades entre
50 e 74 anos.
Tempo assistindo
televisão.
81% assistem à televisão por um tempo prolongado.
16
3.3. Doenças crônicas não transmissíveis e comportamentos sedentários
Estudos epidemiológicos têm demonstrado que demasiado tempo despendido em
comportamento sedentário, além de estar associado a doenças cardiovasculares, obesidade,
síndrome metabólica e diabetes mellitus (HAMILTON et al., 2007), pode ser considerado um
fator de risco para todas as causas de mortalidade, independentemente do nível de atividade
física (KATZMARZYK et al., 2009; VAN DER PLOEG et al., 2012). Segundo FARIAS
JÚNIOR (2011), comportamentos sedentários estão associados à biomarcadores de doenças
cardiovasculares e metabólicas, sendo fator de risco importante para essas patologias.
De acordo com THORP et al. (2011) desde das primeiras revisões sistemáticas sobre
esse tema, já haviam associações positivas entre o tempo gasto assistindo TV e excesso de
peso, hipertensão arterial, colesterol elevado, diabetes tipo 2, síndrome metabólica, câncer de
ovário e endométrio. Ainda segundo os autores, o tempo visualizando TV e o ganho ponderal
e aumento da ingestão de lanches hipercalóricos, consumidos nessas ocasiões (THORP et al.,
2011).
Nos EUA, foram identificados no estudo de risco de aterosclerose com mais de 15 mil
indivíduos, avaliados em dois momentos (1986 e 1989), em que pessoas com alta exposição à
TV foram mais propensas à inatividade física, hábitos alimentares não saudáveis e elevação
do índice de massa corporal (MEYER et al., 2008; HEINONEN et al., 2013).
Em adultos que gastam mais tempo assistindo à televisão maior é a chance de se ter
maior peso corporal. Esta associação positiva ocorre, provavelmente, pois a relação entre
essas duas variáveis ocorre devido ao aumento do consumo de energia e/ou diminuição do
gasto energético (WILLIAMS; RAYNOR, 2008). DUNSTAN et al. (2010) em estudo com a
população australiana verificaram que o tempo de visualização da TV está associado à
mortalidade por doenças cardiovasculares e por todas as causas. SUGIYAMA et al. (2008),
com a mesma população, identificaram que o tempo de visualização de TV foi um marcador
robusto de estilo de vida sedentário para mulheres, mas não para os homens.
Em estudo de revisão foi observado que aumento de assistir televisão em mais de 5
(cinco) anos previu significativas mudanças na circunferência da cintura para homens e
mulheres, na pressão sanguínea diastólica e no grupo de pontos de risco cardiometabólico
para mulheres. Essas associações foram independentes do patamar de tempo assistindo à
televisão, de atividade física e mudança de atividade física e outros potenciais fatores de
confusão. Além disso, altos níveis de tempo de televisão provavelmente aumenta a ingestão
energética devido à indução de frequentes comerciais sobre comidas e bebidas e diferente de
17
várias outras atividades, as mãos estão livres para comer durante o tempo de televisão
(OWEN, 2010).
Já em um estudo transversal, conduzido em Aragão (Espanha), que avaliou 929
indivíduos, com idades entre 40 e 55 anos de idade, para a avaliação dos comportamentos
sedentários foi utilizada a variável “tempo sentado”, sendo esses comportamentos: horas
gastas assistindo à televisão ou vídeos e horas gastas no computador, horas de sono e tempo
sentado, que foram separados em dias de trabalho e finais de semana. Os indivíduos mais
sedentários, ou seja, com maior tempo gasto com telas no geral, possuíam maior índice de
massa corporal, maior circunferência de cintura, maior pressão sanguínea sistólica, um pior
perfil lipídico, com um maior nível de proteína C-reativa (LEÓN-LATRE et al., 2014).
Em um estudo longitudinal, nos Estados Unidos realizado com 5.301 adultos, com
idades entre 21 e 94 anos, ocorreram 615 óbitos, sendo que as razões de risco para
mortalidade em relação ao tempo assistindo à televisão foi de 1,08 e de 1,48 para tempo
assistindo televisão por 4 horas ou mais diariamente, quando comparado à quem assistia à
televisão por menos de 2 horas diariamente. No entanto, quando as análises foram restrita
aqueles que praticavam atividades no período de lazer, as razões de risco para mortalidade
foram de 1,10 para o tempo assistindo à televisão de 2 à 4 horas diariamente e 1,45 para
tempo assistindo à televisão por mais de 4 horas diariamente, quando comparado à quem
assistia à televisão por menos de 2 horas diariamente (IMRAN, 2018).
BIDDLE et al. (2017), em uma revisão sistemática recente, detectaram associações
consistentes entre o tempo gasto em frente às telas, principalmente TV, e obesidade em
adultos, além de maior risco de excesso de peso, na vida adulta, entre adolescentes com
comportamento sedentário.
Em um estudo realizado em Aracajú, Sergipe, com 5.114 rapazes, em idade de
alistamento militar (18 anos de idade) foi observado que os indivíduos mais expostos a
comportamentos sedentários foram aqueles com maior escolaridade (82,6%), com menor
classe econômica (92%), vivendo sem parceiros (90,6%) e não trabalhador (91%). Neste
estudo, a exposição ao comportamento sedentário não apresentou associação com os
indicadores da condição socioeconômica na análise bruta e o excesso de peso corporal foi
mais evidente entre os sujeitos das classes econômicas “C” e “D/E” (SMITH-MENEZES;
DUARTE; SILVA, 2012).
Em um estudo transversal, realizado na Áustria com 2.930 adolescentes, com idades
de 10, 14 e 17 anos, o tempo total despendido com tela no final de semana foi
significativamente associado com um maior Índice de Massa Corporal (IMC) em jovens de 10
18
anos de idade de ambos os sexos, assim como houve associações significativas entre um
maior IMC, tempo de televisão e maior uso de videogame aos finais de semana entre os
jovens de 10 e 14 anos. Níveis educacionais mais elevados foram associados com menor uso
diário de videogame e uso mais prolongado de computador. Homens e adolescentes de
famílias imigrantes relataram tempo de tela mais longo em todas as idades, menor nível de
escolaridade dos pais e seu maior IMC, foram correlacionados de maneira significativa com
maior tempo de tela e IMC entre o grupo mais jovem (FURTHNER et al., 2017).
Em uma análise realizada com 567 crianças, no Canadá, foi observado que, de todas as
crianças avaliadas 22,6% das crianças tinham sobrepeso, as mesmas passavam em média, 2,8
horas/dia em frente à tela, das quais 1,5 horas era em frente à televisão e 1,3 horas era jogando
vídeo game ou no computador (LE BLANC et al., 2015).
19
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1. População de estudo
O presente estudo trata-se de uma análise seccional a partir dos dados obtidos na
Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), que é um inquérito de base domiciliar realizado em 2013
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da
Saúde (MS).
A PNS é integrante do Sistema Integrado de Pesquisas Domiciliares do IBGE e utiliza
a amostra mestra desse sistema, de maior cobertura geográfica e ganho de precisão nas
estimativas. O plano amostral empregado foi de amostragem probabilística em três estágios.
No primeiro estágio, houve estratificação das unidades primárias de amostragem (UPA),
constituídas pelos setores ou conjunto de setores censitários. O segundo estágio foi formado
pelos domicílios, e o terceiro estágio pelos moradores com 18 e mais anos de idade. A seleção
da subamostra de UPA foi feita por amostragem aleatória simples.
A amostra foi estimada em 81.167 domicílios e foram coletadas informações em
64.348 deles, onde foram entrevistados 60.202 adultos. Foram definidos pesos amostrais para
as UPA, os domicílios e todos seus moradores; e um peso para o morador selecionado. Este
último foi calculado considerando-se (i) o peso do domicílio correspondente, (ii) a
probabilidade de seleção do morador, (iii) ajustes de não resposta por sexo e (iv) calibração
pelos totais populacionais por sexo e faixas etárias, estimados com o peso de todos os
moradores (SZWARCWALD et al., 2014; BRASIL, 2014).
4.2. Coleta de dados
Para a coleta de dados os entrevistados responderam ao questionário com registro por
computadores de mão e após o contato com a pessoa responsável ou com algum dos
moradores do domicílio selecionado, o agente de coleta descreveu para o morador os
objetivos e procedimentos do estudo, e a importância de sua participação na pesquisa, sendo
elaborada uma lista de todos os moradores adultos do domicílio.
Foram identificados o informante, que respondeu ao questionário domiciliar, e todos
os moradores do domicílio, além do morador adulto encarregado de responder à entrevista
individual, selecionado por programa de seleção aleatória no PDA. As entrevistas foram
agendadas nas datas e horários mais convenientes para os informantes, prevendo-se duas ou
mais visitas a cada domicílio (BRASIL, 2014).
20
4.3. Variáveis analisadas
4.3.1. Variáveis dependentes
As DCNTs consideradas foram: Excesso de peso corporal e hipertensão arterial. As
medidas de peso e estatura foram utilizadas para calcular o Índice de Massa Corporal (IMC=
peso/estatura²), sendo a condição de peso classificada de acordo com a faixa etária:
adolescentes (indivíduos de 18 e 19 anos de idade) (WHO, 2007), adultos (de 20 a 59 anos de
idade) (WHO, 1995) e idosos (The Nutrition Screening Initiative, 1994). Para análise os
resultados foram agrupados em: sem excesso de peso (baixo peso e peso adequado) e com
excesso de peso (sobrepeso e obesidade).
Para avaliação da hipertensão arterial sistêmica aferida foram consideradas as três
medidas de pressão arterial, com intervalos de dois minutos entre elas. A média entre a
segunda e terceira medição foi utilizada para o presente estudo. A hipertensão arterial
sistêmica foi diagnostica considerando a medida da pressão arterial sistólica maior ou igual a
140 mmHg ou medida diastólica maior ou igual a 90 mmHg, assim como o relato de uso de
medicamentos para controlar a pressão arterial nos últimos 15 dias.
4.3.2. Variável independente
O indicador de comportamento sedentário foi avaliado considerando o tempo
despendido assistindo à televisão, o qual foi obtido com a pergunta “Em média, quantas horas
por dia o(a) sr(a) costuma ficar assistindo televisão?” e categorizado em: Menos de 1 hora ou
não assisti; ≥ 1hora e < 2horas; ≥ 2horas e < 3horas; ≥ 3horas e < 4horas; e ≥ 4 horas.
4.3.3. Covariáveis
As informações sociodemográficas analisadas foram: sexo, faixa etária (18 a 24 anos,
25 a 39 anos, 40 a 59 anos e 60 anos ou mais) e nível de escolaridade (sem instrução e
fundamental incompleto, fundamental completo e médio incompleto, médio completo e
superior incompleto, superior completo).
4.4. Análises dos dados
Todas as análises estatísticas foram realizadas com auxílio do software Statistical
Package for the Social Science (SPSS for Windows – versão 19.0).
Na análise bivariada foi utilizado o teste do qui-quadrado para avaliar a relação entre a
frequência de comportamento sedentário e as variáveis de interesse. Em seguida, a associação
entre o comportamento sedentário e as DCNT foi estimada por meio de modelos de regressão
21
logística, brutos e ajustados por sexo, idade e nível de escolaridade, expressos com Odds
Ratio (OR) e seus respectivos Intervalos de Confiança de 95% (IC95%).
4.5. Aspectos éticos
O inquérito foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa para Seres
Humanos, do Ministério da Saúde, sob o Parecer no 328.159, de 26 de junho de 2013
(ANEXO 1). O Termo de consentimento Livre e Esclarecido foi firmado no próprio PDA.
Todos os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido estão disponíveis no sítio eletrônico
da PNS.
22
5. RESULTADOS
5.1. MANUSCRITO
Associação entre tempo de tela e doenças crônicas não transmissíveis na população
brasileira
RESUMO
Objetivo: Estimar a prevalência de tempo de tela e sua associação com doenças crônicas não
transmissíveis na população brasileira.
Métodos: Estudo transversal, utilizando dados obtidos na Pesquisa Nacional de Saúde,
inquérito populacional de base domiciliar, realizado em 2013 no Brasil. O comportamento
sedentário foi avaliado considerando o tempo despendido assistindo à televisão, obtido com a
pergunta “Em média, quantas horas por dia o(a) sr(a) costuma ficar assistindo televisão?”. As
doenças crônicas consideradas foram a hipertensão arterial e o excesso de peso corporal,
estimado por meio do índice de massa corporal. Foram consideradas também variáveis
sociodemográficas como sexo, faixa etária e nível de escolaridade. Nas análises estatísticas
foram utilizados o teste do qui-quadrado e modelos de regressão logística ajustados,
estimando a Odds Ratio (ORaj).
Resultados: Foram avaliados 60.202 indivíduos, sendo 52,9% do sexo feminino, 34,2% entre
25 e 39 anos de idade, 38,9% das pessoas não possuíam instrução ou possuíam o ensino
fundamental incompleto, 32,3% apresentavam hipertensão arterial e 53,8% tinham excesso de
peso corporal. Para o comportamento sedentário foi observado que 25,8% assistiam a
televisão entre 1 hora e < 2 horas diariamente e a menor frequência desse comportamento
(15,2%) ocorreu entre os indivíduos que assistiam à televisão por 5 horas ou mais
diariamente. Houve associação significativa entre o tempo de tela e a prevalência de
hipertensão arterial (≥1hora e <2horas: ORaj= 1,09; ≥2horas e <3horas: ORaj= 1,15; ≥3horas
e <4horas: ORaj= 1,21; ≥4horas: ORaj= 1,29) e excesso de peso corporal (≥1hora e <2horas:
ORaj= 1,15; ≥2horas e <3horas: ORaj= 1,14; ≥3horas e <4horas: ORaj= 1,19; ≥4horas:
ORaj= 1,19).
Conclusão: Foi elevada a prevalência de comportamento sedentário na população brasileira,
avaliado por meio do tempo despendido assistindo televisão. Adicionalmente, quanto maior o
tempo despendido diariamente assistindo à televisão, maiores são as chances de apresentar
hipertensão arterial e excesso de peso corporal na população brasileira.
Palavras-Chave: Doenças Crônicas Não-Transmissíveis; comportamentos sedentários;
Pesquisa Nacional de Saúde.
23
ABSTRACT
Objective: Estimate the prevalence of sedentary lifestyle and analyze it’s association with
chronic non-communicable diseases in Brazilian population.
Methods: Cross-sectional study, using data obtained in the National Health Survey, a
population-based household survey conducted in Brazil, in 2013. The sedentary behavior was
evaluated considering the time spent watching television, obtained with the question "On
average, how many hours a day do you usually watch television?". The chronic diseases
considered were arterial hypertension and excess body weight, estimated by means of body
mass index. Sociodemographic variables such as gender, age group and schooling level were
also considered. The chi-square test and adjusted logistic regression models were used in the
statistical analysis, estimating the Odds Ratio (ORaj).
Results: A total of 60,202 individuals were evaluated, 52.9% female, 34.2% between 25 and
39 years of age, 38.9% of the people were not educated or had incomplete elementary
education, 32.3% had arterial hypertension and 53.8% were overweight. For sedentary
behavior, it was observed that 25.8% watched television between 1 hour and <2 hours daily
and the lowest frequency of this behavior (15.2%) occurred among subjects who watched
television for 5 hours or more daily. There was a significant association between screen time
and the prevalence of hypertension (≥1hora e <2horas: ORaj= 1,09; ≥2horas e <3horas:
ORaj= 1,15; ≥3horas e <4horas: ORaj= 1,21; ≥4horas: ORaj= 1,29) and excess body weight
(≥1hora e <2horas: ORaj= 1,15; ≥2horas e <3horas: ORaj= 1,14; ≥3horas e <4horas: ORaj=
1,19; ≥4horas: ORaj= 1,19).
Conclusion: The greater the time spent watching television daily, the greater are the chances
of showing arterial hypertension and excess body weight in the Brazilian population.
KEY WORDS: Chronic Non-communicable Diseases; Sedentary Lifestyle; National Health
Survey.
24
INTRODUÇÃO
As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) representam um problema de saúde
global, ameaçando o desenvolvimento humano, especialmente, nos países de baixa e média
renda (MALTA e SILVA JÚNIOR, 2013; WHO, 2014), como o Brasil. No Brasil, as DCNT
foram responsáveis, no ano de 2011, por 72,7% do total de mortes, com destaque para as
doenças do aparelho circulatório (30,4% do total de óbitos), as neoplasias (16,4% do total de
óbitos) e o diabetes (5,3% do total de óbitos) (MALTA et al., 2014) e a proporção de mortes
por DCNT aumentou em mais de três vezes entre os anos de 1930 e 2006 (MALTA et al.,
2006). Esses dados reafirmam a relevância das DCNT neste momento de transição
epidemiológica e nutricional no Brasil (OMRAN, 2009; DUARTE; BARRETO, 2012).
Entre os fatores de risco predisponentes às DCNT existem aqueles que são
classificados como não modificáveis, tais como sexo, idade, genética, e os modificáveis,
comumente chamados de comportamentos de risco à saúde, principalmente aqueles
relacionados ao estilo de vida dos indivíduos (MALTA et al., 2015).
Nesse contexto, o tempo gasto em comportamentos sedentários, tais como tempo
despendido com televisão, computadores e telas em geral, além de estar associado a doenças
cardiovasculares, obesidade, síndrome metabólica e diabetes mellitus (FARIAS JÚNIOR,
2011; THORP et al., 2011; BIDDLE et al., 2017), pode ser considerado um fator de risco para
todas as causas de mortalidade, independentemente do nível de atividade física
(KATZMARZYK et al., 2009; GRONTVED e HU, 2011; VAN DER PLOEG et al., 2012).
Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi estimar a prevalência do tempo de tela
e analisar sua associação com doenças crônicas não transmissíveis na população brasileira.
MATERIAIS E MÉTODOS
O presente estudo trata-se de uma análise seccional a partir dos dados obtidos na
Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), que é um inquérito de base domiciliar realizado em 2013
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da
Saúde (MS). A PNS é integrante do Sistema Integrado de Pesquisas Domiciliares do IBGE e
utiliza a amostra mestra desse sistema, de maior cobertura geográfica e ganho de precisão nas
estimativas. O plano amostral empregado foi de amostragem probabilística em três estágios.
No primeiro estágio, houve estratificação das unidades primárias de amostragem (UPA),
constituídas pelos setores ou conjunto de setores censitários. O segundo estágio foi formado
pelos domicílios, e o terceiro estágio pelos moradores com 18 e mais anos de idade. A seleção
25
da subamostra de UPA foi feita por amostragem aleatória simples2. A amostra foi estimada
em 81.167 domicílios e foram coletadas informações em 64.348 deles, onde foram
entrevistados 60.202 adultos. Foram definidos pesos amostrais para as UPA, os domicílios e
todos seus moradores; e um peso para o morador selecionado. Este último foi calculado
considerando-se (i) o peso do domicílio correspondente, (ii) a probabilidade de seleção do
morador, (iii) ajustes de não resposta por sexo e (iv) calibração pelos totais populacionais por
sexo e faixas etárias, estimados com o peso de todos os moradores (SZWARCWALD et al.,
2014; BRASIL, 2014).
Para a coleta de dados os entrevistados responderam ao questionário com registro por
computadores de mão e após o contato com a pessoa responsável ou com algum dos
moradores do domicílio selecionado, o agente de coleta descreveu para o morador os
objetivos e procedimentos do estudo, e a importância de sua participação na pesquisa, sendo
elaborada uma lista de todos os moradores adultos do domicílio. Foram identificados o
informante, que respondeu ao questionário domiciliar, e todos os moradores do domicílio,
além do morador adulto encarregado de responder à entrevista individual, selecionado por
programa de seleção aleatória no PDA. As entrevistas foram agendadas nas datas e horários
mais convenientes para os informantes, prevendo-se duas ou mais visitas a cada domicílio
(BRASIL, 2014).
O indicador de comportamento sedentário foi avaliado considerando o tempo
despendido assistindo à televisão, o qual foi obtido com a pergunta “Em média, quantas horas
por dia o(a) sr(a) costuma ficar assistindo televisão?” e categorizado em: Menos de 1 hora ou
não assisti; ≥ 1hora e < 2horas; ≥ 2horas e < 3horas; ≥ 3horas e < 4horas; e ≥ 4 horas.
As DCNTs consideradas foram: Excesso de peso corporal e hipertensão arterial. As
medidas de peso e estatura foram utilizadas para calcular o Índice de Massa Corporal (IMC=
peso/estatura²), sendo a condição de peso classificada de acordo com a faixa etária:
adolescentes (indivíduos de 18 e 19 anos de idade) (WHO, 2007), adultos (de 20 a 59 anos de
idade) (WHO, 1995) e idosos (The Nutrition Screening Initiative, 1994). Para análise os
resultados foram agrupados em: sem excesso de peso (baixo peso e peso adequado) e com
excesso de peso (sobrepeso e obesidade).
Para avaliação da hipertensão arterial sistêmica aferida foram consideradas as três
medidas de pressão arterial, com intervalos de dois minutos entre elas. A média entre a
segunda e terceira medição foi utilizada para o presente estudo. A hipertensão arterial
sistêmica foi diagnostica considerando a medida da pressão arterial sistólica maior ou igual a
26
140 mmHg ou medida diastólica maior ou igual a 90 mmHg, assim como o relato de uso de
medicamentos para controlar a pressão arterial nos últimos 15 dias.
As informações sociodemográficas analisadas foram: sexo, faixa etária (18 a 24 anos,
25 a 39 anos, 40 a 59 anos e 60 anos ou mais) e nível de escolaridade (sem instrução e
fundamental incompleto, fundamental completo e médio incompleto, médio completo e
superior incompleto, superior completo).
Análises dos dados
Todas as análises estatísticas foram realizadas com auxílio do software Statistical
Package for the Social Science (SPSS for Windows – versão 19.0). Na análise bivariada foi
utilizado o teste do qui-quadrado para avaliar a relação entre a frequência de comportamento
sedentário e as variáveis de interesse. Em seguida, a associação entre o comportamento
sedentário e as DCNT foi estimada por meio de modelos de regressão logística, brutos e
ajustados, expressos com Odds Ratio (OR) e seus respectivos Intervalos de Confiança de 95%
(IC95%).
Aspectos éticos
O inquérito foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa para Seres
Humanos, do Ministério da Saúde, sob o Parecer no 328.159, de 26 de junho de 2013. O
Termo de consentimento Livre e Esclarecido foi firmado no próprio PDA. Todos os Termos
de Consentimento Livre e Esclarecido estão disponíveis no sítio eletrônico da PNS.
RESULTADOS
No presente estudo foram analisados dados de 60.202 indivíduos, sendo 52,9% do
sexo feminino, 34,2% com idade entre 25 e 39 anos e 38,9% eram pessoas sem instrução e
com ensino fundamental incompleto. Em relação ao tempo de TV, 22,7% referiram assistir
menos de 1 hora ou não assisti à TV, 25,8% assistiam à TV por um período entre 1 hora e
menos de 2 horas, 22,6% assistiam à TV por um período entre 2 horas e menos de 3 horas,
13,7% assistiam à TV por um período entre 3 horas e menos de 4 horas e 15,2% assistiam à
TV por um período 4 horas ou mais. Quanto às DCNT analisadas, 32,3% dos indivíduos
apresentaram hipertensão arterial e 53,8% tinham excesso de peso corporal (Tabela 1).
Por meio dos modelos de regressão logística ajustados foi possível observar
associação significativa positiva entre o aumento do número de horas assistindo TV e as
27
prevalências tanto de excesso de peso corporal (≥1hora e <2horas: ORaj= 1,15, IC95%= 1,05;
1,25; ≥2horas e <3horas: ORaj= 1,14, IC95%= 1,05; 1,25; ≥3horas e <4horas: ORaj= 1,19,
IC95%= 1,08; 1,31; ≥4horas: ORaj= 1,19, IC95%= 1,08; 1,30) quanto de hipertensão arterial
(≥1hora e <2horas: ORaj= 1,09, IC95%= 0,99; 1,02; ≥2horas e <3horas: ORaj= 1,15, IC95%=
1,04; 1,28; ≥3horas e <4horas: ORaj= 1,21, IC95%= 1,07; 1,37; ≥4horas: ORaj= 1,29,
IC95%= 1,15; 1,45) (Tabela 2).
DISCUSSÃO
No presente estudo foi observada elevada prevalência de comportamento sedentário na
população brasileira. Além disso, verificou-se que quanto maior é a exposição ao tempo
assistindo à televisão maiores são as chances de o indivíduo apresentar excesso de peso
corporal e hipertensão arterial.
A prevalência observada no presente estudo é semelhante à verificada nos dados do
Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito
Telefônico (VIGITEL) (2018), no qual a frequência do hábito de ver televisão por três ou
mais horas diárias, por indivíduos adultos (18 anos de idade ou mais) foi de 24,6% e as
capitais com as maiores proporções são São Luis (29,8%), Salvador (28,1%) e Belém
(26,9%), e as capitais com menores proporções foram Rio Branco (19,8%), Distrito Federal
(19,7%) e Palmas (15,5%) (BRASIL, 2018).
Gomes, Siqueira e Sichieri (2001), avaliando 4.331 indivíduos, com mais de 12 anos
de idade, encontraram que a média de tempo assistindo televisão entre homens e mulheres
foram de 3,8 e 3,5 horas por dia, respectivamente. Entre adultos de Campinas, Santini (2017)
encontrou que o tempo médio assistindo à TV foi de 2,9 horas. Já Schaan et al. (2018),
encontraram prevalência de tempo assistindo à televisão por ≥2 h/dia de 58.8% de entre
adolescentes brasileiros, sendo essa prevalência menor em meninos (59.2%) do que em
meninas (66.3%).
Em um estudo transversal, realizado na cidade de Manaus, com 864 estudantes do
ensino público municipal com idades entre 15 e 19 anos de idade, no qual o tempo de mais do
que 2 horas assistindo à televisão e jogando videogames por dia foi considerado como
excessivo, sendo que não houve diferença entre meninos e meninas em relação ao tempo
gasto assistindo TV nos dias de escola e em finais de semana, no entanto 60,8% dos meninos
e 63,3% das meninas declararam que eles gastam mais do que 2 horas por dia com essa
atividade durante dias de escola e durante os finais de semana 59,7% dos garotos e 63,9% das
28
garotas continuaram a gastar o mesmo número de horas assistindo à TV (BEZERRA et al.,
2016).
Em outro estudo transversal, com uma amostra composta por 6.234 estudantes, com
idades entre 14 e 19 anos, matriculadas na rede pública estadual de ensino médio do estado de
Pernambuco, tanto da zona urbana, quanto da zona rural, sendo os comportamentos
sedentários caracterizados em menos de 4 horas e mais do que 4 horas. Dos alunos da área
urbana, 86% utilizam a televisão por um período menor a 4 horas diárias, enquanto dos alunos
da zona rural 88,7% utilizam a televisão por um período menor a 4 horas diárias (REGIS et
al., 2016).
Já em um estudo de revisão, no qual foram analisados 39 artigos, publicados entre os
anos de 2003 e 2013, sendo a maior concentração das publicações com essa temática entre os
anos de 2012 e 2013. Desses artigos, 51,3% foram compostos exclusivamente por pessoas
idosas (≥ 60 anos) e os demais apresentaram ampla faixa etária incluindo em alguns casos os
adultos jovens, entretanto nestes estudos os resultados de comportamento sedentário foram
estratificados de acordo com as faixas etárias (DOS SANTOS et al., 2015).
A associação positiva entre tempo despendido assistindo televisão e excesso de peso
corporal pode ocorrer devido ao aumento do consumo de energia e/ou diminuição do gasto
energético (WILLIAMS; RAYNOR, 2008).
Em estudo de revisão, com indivíduos entre 30 e 87 anos, foi observado que o
aumento no tempo despendido assistindo televisão em mais de cinco anos previu
significativas mudanças na circunferência da cintura, para homens e mulheres, e em um
conjunto de fatores de risco cardiometabólico para mulheres. Uma possível explicação é o
aumento na ingestão energética devido à indução de frequentes comerciais sobre comidas e
bebidas e diferente de várias outras atividades, as mãos estão livres para comer durante o
tempo de televisão (OWEN, 2010). Nesse sentido, THORP et al. (2011) verificaram em
revisões sistemáticas, muitos autores associaram o tempo despendido assistindo televisão e o
ganho ponderal e aumento da ingestão de lanches hipercalóricos, consumidos nessas ocasiões.
Algumas revisões sistemáticas demonstraram uma relação positiva entre tempo
prolongado de comportamento sedentário e todas as causas de morte e por doenças
cardiovasculares e metabólicas, independentemente da prática de atividades físicas de
intensidade moderada a vigorosa. Nesses estudos foi demonstrado que os comportamentos
sedentários estão associados à biomarcadores de doenças cardiovasculares e metabólicas,
assim como a fatores de risco para essas doenças (circunferência abdominal, índice de massa
29
corporal, pressão arterial, glicose), independentemente do nível de atividade física (FARIAS
JÚNIOR., 2011).
Em uma meta-análise, realizada com estudos publicados de 1970 a março de 2011,
foram incluídos 8 estudos, dos quais 4 relataram resultados de diabetes tipo 2 (175938
indivíduos; 6428 casos incidentes por 1,1 milhões de pessoas em anos de acompanhamento),
4 relataram em doenças cardiovasculares fatais ou não fatais (34253 indivíduos; 1052 casos
incidentes), and 3 relataram mortalidade por todas as causas (26509 indivíduos; 1879 mortes
durante 202353 pessoas em anos de acompanhamento). Os riscos relativos agrupados por 2
horas assistindo TV diariamente foi 1,20 para diabete tipo 2, 1,15, para doença cardiovascular
fatal ou não fatal e 1,13 para mortalidade de todas as causas. Enquanto as associações entre
tempo gasto assistindo TV e risco de diabetes tipo 2 e doença cardiovascular foram lineares, o
risco de mortalidade de todas as causas apareceu aumentar durante assistir TV por mais do
que 3 horas por dia (GRONTVED; HU, 2011).
Com base em análises realizadas com dados de 222.497 participantes que
completaram um questionário base de fevereiro de 2006 à 30 de novembro de 2008, foi feito
um estudo de coorte prospectivo em larga escala de homens e mulheres de 45 anos ou mais da
população em geral, do estado de New South Wales, Austrália. Dos participantes, 52,4%
eram mulheres, 62,0% tinham sobrepeso ou obesidade, 86,7% relataram sua saúde como
sendo de boa à excelente, 25,2% sentavam pelo menos 8 horas/dia, e 75,0% atingiam os 150
minutos/semana das diretrizes de atividade física (VAN DER PLOEG et al., 2012).
Segundo Schofield, Quigley e Brown (2009) há evidência considerável sobre a
associação entre comportamento sedentário com o risco de obesidade e ganho de peso em
pessoas eutróficas. No entanto, existem limitações na quantidade de evidências
epidemiológicas em relação à associação entre comportamento sedentário e várias medidas de
síndrome metabólica. Além disso, para os autores há uma significativa associação positiva
entre comportamento sedentário e diabetes, doença cardiovascular e dislipidemia. Para alguns
tipos de câncer, existe uma ligação plausível com algumas evidências em perspectiva e para
dor nas costas, saúde óssea, cálculos biliares e saúde mental as investigações são limitadas
(SCHOFIELD; QUIGLEY; BROWN, 2009).
Em relação às limitações o presente estudo, avalia apenas o tempo despendido
assistindo à televisão, que apesar de ser considerando como uma das diversas formas de
tempo despendido com o uso de telas e esse tipo de comportamento ser um entre diversos
comportamentos sedentários, o trabalho avalia dados de indivíduos adultos, que possuem
30
poucos estudos à seu respeito quando se trata de comportamento sedentários e avalia dados da
PNS, que é um estudo de abrangência nacional.
Owen (2010) destaca que existe um potencial erro de medida do tempo utilizado
assistindo à televisão associado ao uso de medidas auto-declaradas que são comuns na
maioria dos estudos de tempo assistindo à televisão, apesar de as medidas utilizadas serem
razoavelmente confiáveis e válidas.
CONCLUSÃO
Foi elevada a prevalência de comportamento sedentário na população brasileira,
avaliado por meio do tempo despendido assistindo televisão. Adicionalmente, foi possível
verificar que quanto maior é a exposição ao tempo assistindo à televisão, maiores são as
chances de o indivíduo apresentar excesso de peso corporal e hipertensão arterial.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEZERRA, E. S.; NEVES, E. B.; ROSSATO, M.; DOS SANTOS, J. O. L.; NAHAS, M. V.; BARBOSA, R. M.
S. P. The influence of gender on the practice of physical activity in high school adolescents in the city of
Manaus. O Mundo da Saúde, v. 40, n. 3, p. 302–309, 2016.
BIDDLE, S. J. H.; BENGOECHEA, G. E.; PEDISIC, Z. et al. Screen Time, Other Sedentary Behaviors, and
Obesity Risk in Adults: A Review of Reviews. Curr Obes Rep, v. 6, n. 2, p. .134-47, jun. 2017.
BRASIL. Ministério da Saúde. VIGITEL BRASIL 2017. 130p. 2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde, 120p – Série G. Estatística e Informação
em, 2014.
DUARTE, E. C.; BARRETO, S. M. Transição demográfica e epidemiológica: a Epidemiologia e Serviços de
Saúde revisita e atualiza o tema. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 21, n. 4, p. 529–532, 2012.
DOS SANTOS, R. F.; MEDEIROS, J. C.; SCHMITT, B. D.; MENEGUCI, J.; SANTOS, D. A. T.; DAMIÃO,
R.; TRIBBES, S.; VIRTUOSO JR., J. S. Comportamento sedentário em idosos: Uma revisão sistemática.
Revista Motricidade, v. 11, n. 3, p. 171–186, 2015.
FARIAS JÚNIOR, J. C. (In) Atividade física e comportamento sedentário: estamos caminhando para uma
mudança de paradigma? Rev Bras Ativ Fisica Saude, v.16, n. 4, p. 279-80, 2011.
FURTHNER, D.; EHRENMUELLER, M.; LANZERSDORFER, R. et al. Education, school type and screen
time were associated with overweight and obesity in 2930 adolescents. Foundationa Acta Paediatrica, v. 107,
n. 3, p. 517-522, 2017.
GOMES, V. B.; SIQUEIRA, K. S.; SICHIERI, R. Atividade física em uma amostra probabilística da população
do Município do Rio de Janeiro. Cad. Saúde Pública [online], v. 17, n. 4, p. 969 –976, 2001.
GRONTVED, A.; HU, F. B. Television viewing and risk of type 2 diabetes, cardiovascular disease, and all-cause
mortality. JAMA, v. 305, n. 23, p. 2448–55, 2011.
GUERRA, P. H.; DE FARIAS JR, J. C.; FLORINDO, A. A. Sedentary behavior in Brazilian children and
adolescents: a systematic review. Revista de Saúde Pública, v. 50, n. 9, p. 15, 2016.
31
KATZMARZYK, P. T.; CHURCH, T. S.; CRAIG, C. L. et al. Sitting time and mortality from all causes,
cardiovascular disease, and cancer. Med Scie Sports Exer, v. 41, n. 5, p. 998-1005, 2009.
MALTA, D. C.; CAMPOS, M. O.; OLIVEIRA, M. M.; ISER, B. P. M.; BERNAL, R. T. I.; CLARO, R. M.;
MONTEIRO, C. A.; SILVA JÚNIOR, J. B.; REIS, A. A. C. Prevalência de fatores de risco e proteção para
doenças crônicas não transmissíveis em adultos residentes em capitais brasileiras, 2013. Epidemiol. Serv.
Saúde, v. 24, n. 3, p. 387–373, 2015.
MALTA, D. C.; MORAIS NETO, O. L. De; CEZÁRIO, A. C.; SILVA JUNIOR, J. B. Da; MOURA, L. De. A
construção da vigilância e prevenção das doenças crônicas não transmissíveis no contexto do Sistema Único de
Saúde. Epidemiologia e serviços de saúde, v. 15, n. 3, p. 47–65, 2006.
MALTA, D. C.; MOURA, L. de; PRADO, R. R. do; ESCALANTE, J. C.; SCHMIDT, M. I.; DUNCAN, B. B.
Mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis no Brasil e suas regiões, 2000 a 2011. Epidemiologia e
Serviços de Saúde, v. 23, n. 4, p. 599–608, 2014.
OMRAN, A. The Epidemiologic Transition: A Theory of the Epidemiology of Population Change. The
Milbank Memorial Fund Quarterly, v. 49, n. 4, p. 509–538, 2009.
OWEN, N. E. Al. Too Much Sitting: The Population-Health Science of Sedentary Behavior. Ex Sports Sci
Revires, v. 38, n. 3, p. 105–113, 2010.
REGIS, M. F.; DE OLIVEIRA, L. M. F. T.; DOS SANTOS, A. R. M.; LEONIDIO, A. C. R.; DINIZ, P. R. B.;
DE FREITAS, C. M. S. M. Estilos de vida urbano versus rural em adolescentes: associações entre meio
ambiente, níveis de atividade física e comportamento sedentário. Einstein (São Paulo), v. 14, n. 4, p. 461–467,
2016.
SANTINI, P. A. Comportamento sedentário: estudo de base populacional ISACamp 2014/15 (Dissertação
de mestrado - UNICAMP). 2017, Campinas.
SCHAAN, C. W.; CUREAU, F. V., SBARAINI, M. et al. Prevalence of excessive screen time and TV
viewingamong Brazilian adolescents: a systematic review andmeta-analysis. J Pediatr, p 1- 11, 2018.
SCHOFIELD, G.; QUIGLEY, R.; BROWN, R. Does sedentary behaviour contribute to chronic disease or
chronic disease risk in adults. New Zealand: Commitee of Agencies, p. 1–128, 2009.
SZWARCWALD, C. L.; MALTA, D. C.; PEREIRA, C. A. et al. Pesquisa Nacional de Saúde no Brasil:
concepção e metodologia de aplicação. Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, n. 2, p. 333–42, 2014.
THORP, A. A.; OWEN, N.; NEUHAUS, M. et al. Sedentary behaviors and subsequent health outcomes in adults
a systematic review of longitudinal studies, 1996 –2011. Am J Prev Med, v. 41, n. 2, p. 207–15, aug. 2011.
VAN DER PLOEG, H. P.; CHEY, T.; KORDA, R. J.; et al. Sitting time and all cause mortality risk in 222 497
Australian adults. Arch Int Med, v. 172, n. 6, p. 494-500, 2012.
WILLIAMS, D. M.; RAYNOR, H. A. A review of TV Viewing and its association with health outcomes in
adults. American Journal of Lifestyle Medicine, v. 2, n. June, p. 250–259, 2008.
World Health Organization [internet]. Media Centre. Cancer, Nº 297. Geneva; 2015 [acesso em 15 fev 2018].
Disponível em:<http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs297/en/>.
World Health Organization [internet]. Media Centre. Obesity and Overweight, Nº 311. Geneva; 2015 [acesso
em 15 fev 2018]. Disponível em:<http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs311/en/>.
World Health Organization [internet]. Media Centre. Diabetes, Nº 312. Geneva; 2015 [acesso em 15 fev 2018].
Disponível em:<http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs312/en/>.
World Health Organization [internet]. Media Centre. Cardiovascular diseases (CVDs), Nº 317. Geneva; 2015
[acesso em 15 fev 2018]. Disponível em:<http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs317/en/>.
32
World Health Organization [internet]. Media Centre. Noncommunicable diseases (NCDs), Nº 355. Geneva;
2015 [acesso em 15 fev 2018]. Disponível em:<http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs355/en/>.
33
Tabela 1. Distribuição da população segundo variáveis de interesse (N= 60.202). Pesquisa
Nacional de Saúde, Brasil, 2013.
Característica da população Total % (IC 95%)
Sexo 60202
Masculino 25920 47,1 (46,4; 47,8)
Feminino 34282 52,9 (52,2; 53,6)
Idade (em anos)
18 – 24 7823 15,9 (15,4; 16,5)
25 – 39 20767 34,2 (33,6; 34,9)
40 – 59 20435 31,8 (31,1; 32,4)
60 ou mais 11177 18,0 (17,5; 18,6)
Escolaridade
Sem instrução e fundamental incompleto 24083 38,9 (38,3; 39,6)
Fundamental completo e ensino médio incompleto 9215 15,5 (15,0; 16,0)
Ensino médio completo e superior incompleto 19149 32,8 (32,1; 33,5)
Superior completo 7755 12,7 (12,3; 13,2)
Tempo de TV por dia
Menos de 1 hora ou não assiste 13276 22,7 (22,1; 23,3)
Entre 1 hora e menos de 2 horas 15481 25,8 (25,2; 26,4)
Entre 2 horas e menos de 3 horas 13676 22,6 (22,0; 23,2)
Entre 3 horas e menos de 4 horas 8342 13,7 (13,2; 14,2)
4 horas ou mais 9427 15,2 (14,7; 15,7)
Hipertensão arterial
Não 41175 67,7 (67,0; 68,4)
Sim 18227 32,3 (31,6; 33,0)
Excesso de peso corporal
Não 27405 46,2 (45,5; 46,9)
Sim 31997 53,8 (53,1; 54,5)
IC95% = Intervalo de Confiança de 95%.
Todas as proporções levam em consideração os pesos amostrais.
34
Tabela 2. Associação entre tempo de TV com excesso de peso e hipertensão na população
brasileira (N= 60.202). Pesquisa Nacional de Saúde, Brasil, 2013.
Tempo de TV Odds Ratio (IC95%)
Bruta Ajustada
Excesso de peso corporal*
< 1 hora ou não assiste 1 1
Entre 1 hora e < 2 horas 1,17 (1,07; 1,27) 1,15 (1,05; 1,25)
Entre 2 horas e < 3 horas 1,16 (1,06; 1,26) 1,14 (1,05; 1,25)
Entre 3 horas e < 4 horas 1,21 (1,10; 1,33) 1,19 (1,08; 1,31)
4 horas ou mais 1,19 (1,08; 1,31) 1,19 (1,08; 1,30)
Hipertensão arterial**
< 1 hora ou não assisti 1 1
Entre 1 hora e < 2 horas 1,10 (1,0; 1,21) 1,09 (0,99; 1,02)
Entre 2 horas e < 3 horas 1,14 (1,04; 1,25) 1,15 (1,04; 1,28)
Entre 3 horas e < 4 horas 1,23 (1,12; 1,37) 1,21 (1,07; 1,37)
4 horas ou mais 1,30 (1,17; 1,43) 1,29 (1,15; 1,45) *Análise de regressão logística ajustada por sexo, idade e nível de escolaridade. **Análise de regressão logística ajustada por sexo, idade, nível de escolaridade e índice de
massa corporal.
IC95%= Intervalo de Confiança de 95%.
35
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise a cerca do
comportamento sedentário na população brasileira, avaliado por meio do tempo despendido
assistindo televisão diariamente, por meio de dados coletados na Pesquisa Nacional de Saúde
(PNS), de 2013. Além disso, foi possível averiguar que quanto maior é a exposição do
indivíduo ao tempo assistindo à televisão, maiores são as suas chances de apresentar excesso
de peso corporal e hipertensão arterial.
Dessa forma, considerando o papel que comportamentos saudáveis relacionados ao
estilo de vida tem no contexto de saúde, qualidade de vida e relacionamento social entende-se
a necessidade da conscientização e o reconhecimento da importância de promover a redução
do tempo de exposição a televisão, valorizando a prática de atividades ativas durante o tempo
de lazer.
A discussão a respeito de comportamentos de risco relacionados ao estilo de vida, tal
como o comportamento sedentário tem avançado, cabendo destacar a importância da
realização de estudos que aprofundem na relação entre esses comportamentos e as condições
de saúde da população, em especial o desenvolvimento e prevenção das doenças crônicas não
transmissíveis.
Nesse contexto, este trabalho contribui para auxiliar na compreensão e estudo a
respeito do uso de tela, em especial, tempo assistindo à televisão e sua associação com o
aparecimento de DCNT em adultos. Além disso, o estudo auxilia na promoção da PNS,
estudo esse, que possui de representatividade nacional.
36
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABEGUNDE, D. O.; MATHERS, C. D.; ADAM, T. et al. The burden and costs of chronic diseases in low-
income and middle-income countries. Lancet, v. 370, n. 9603, p. 1929-30, 2007.
ASHTON, L. M.; MORGAN, P. J.; HUTCHESSON, M. J. et al. A systematic review of SNAPO (smoking,
nutrition, alcohol, physical activity and obesity) randomized controlled trials in young adult men. Prev Med, v.
81, p. 221-31, 2015.
BARNETT, I.; VAN SLUIJS, E.; OGILVIE, D.; WAREHAN, N. J. Changes in household, transport and
recreational physical activity and television viewing time across the transition to retirement: longitudinal
evidence from the EPIC-Norfolk cohort. J Epidemiol Community Health, v. 68, n. 8, p. 747–53, 2014.
BAUMAN, A.; AINSWORTH, B. E.; SALLIS, J. F.; HAGSTRÖMER, M.; CRAIG, C. L.; BULL, F. C.;
PRATT, M.; VENUGOPAL, K.; CHAU, J.; SJÖSTRÖM, M. The descriptive epidemiology of sitting: A 20-
country comparison using the international physical activity questionnaire (IPAQ). American Journal of
Preventive Medicine, v. 41, n. 2, p. 228–235, 2011.
BIDDLE, S. J. H.; BENGOECHEA, G. E.; PEDISIC, Z. et al. Screen Time, Other Sedentary Behaviors, and
Obesity Risk in Adults: A Review of Reviews. Curr Obes Rep, v. 6, n. 2, p. .134-47, jun. 2017.
BOULOS, R.; VIKRE, E. K.; OPPENHEIMER, S. et al. ObesiTV: How television is influencing the obesity
epidemic. Physiology & Behavior, v. 107, n. 1, p. 146-153, 2012.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde, 120p – Série G. Estatística e Informação
em, 2014.
BRASIL. Ministério da Saúde. Plano de ações estratégicas para o enfretamento das Doenças Crônicas Não
Transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022. Brasília: Ministério da Saúde, 2011.
CASADO, L.; VIANNA, L. M.; THULER, L. C. S. Fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis no
Brasil: uma revisão sistemática. Rev Bras Cancerol, v.55, n. 4, p. 379-88, 2009.
CHEN, S.; LIU, Y.; HONG, J.; et al. Co-existence of physical activity and sedentary behavior among children
and adolescentes in Shanghai, China: Do gender and age matter?. BMC Plubic Health, v. 18, n. 12, p. 1–9,
2018.
CLARK, B. K.; THORP, A. A.; A.H. WINKLER, E.; GARDINER, P. A.; HEALY, G. N.; OWEN, N.;
DUNSTAN, D. W. Validity of self-reported measures of workplace sitting time and breaks in sitting time.
Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 43, n. 10, p. 1907–1912, 2011.
CRAIG, C. L.; MARSHALL, A. L.; SJÖSTRÖM, M.; BAUMAN, A. E.; BOOTH, M. L.; AINSWORTH, B. E.;
PRATT, M.; EKELUND, U.; YNGVE, A.; SALLIS, J. F.; OJA, P. International physical activity questionnaire:
12-Country reliability and validity. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 35, n. 8, p. 1381–1395,
2003.
DE DECKER, E.; HESKETH, K.; DE CRAEMER, M. et al. Parental Influences on Preschoolers’ TV Viewing
Time: Mediation Analyses on Australian and Belgian Data. Journal of Physical Activity and Health, v. 12, n.
9, p. 1272–79, 2015.
DUARTE, E. C.; BARRETO, S. M. Transição demográfica e epidemiológica: a Epidemiologia e Serviços de
Saúde revisita e atualiza o tema. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 21, n. 4, p. 529–532, 2012.
DUNSTAN, D. W.; BARR, E. L. M.; HEALY, G. N. et al. Television Viewing Time and Mortality The
Australian Diabetes, Obesity and Lifestyle Study (AusDiab). Circulation, v. 121, n. 3, p. 384-91, jan. 2010.
FARIAS JÚNIOR, J. C. (In) Atividade física e comportamento sedentário: estamos caminhando para uma
mudança de paradigma? Rev Bras Ativ Fisica Saude, v.16, n. 4, p. 279-80, 2011.
37
GOMES, V. B.; SIQUEIRA, K. S.; SICHIERI, R. Atividade física em uma amostra probabilística da população
do Município do Rio de Janeiro. Cad. Saúde Pública [online], v. 17, n. 4, p. 969 –976, 2001.
GRANT, P. M.; RYAN, C. G.; TIGBE, W. W.; GRANAT, M. H. The validation of a novel activity monitor in
the measurement of posture and motion during everyday activities. British Journal of Sports Medicine, v. 40,
n. 12, p. 992–997, 2006.
HAMILTON, M. T.; HAMILTON, D. G., ZDERIC, T. W. Role of low energy expenditure and sitting in obesity,
metabolic syndrome, type 2 diabetes, and cardiovascular disease. Diabetes, v. 56, n. 11, p. 2655-2667, 2007.
Heinonen I, Helajärvi H, Pahkala K et al. (2013) Sedentary behaviors and obesity in adults: the Cardiovascular
Risk in Young Finns Study. BMJ Open 3, e002901.
HOWARD, B. J.; BALKAU, B.; THORP, A. A. et al. Associations of overall sitting time and TV viewing time
with fibrinogen and C reactive protein: the AusDiab study. Br J Sports Mede Cardiol, v. 49, n. 4, p. 1–5, 2015.
IMRAN,T. F.; OMMERBORN, M.; CLARK, C. et al. Television Viewing Time, Physical Activity, and
Mortality Among African Americans. Prev Chronic Dis, v. 15, n. 10, p. 1–9, 2018. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Nacional de Saúde 2013:
percepção de estado de saúde, estilo de vida e doenças crônicas. [s.l: s.n.]
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar
2015 [s.l: s.n.]
KATZMARZYK, P. T.; CHURCH, T. S.; CRAIG, C. L. et al. Sitting time and mortality from all causes,
cardiovascular disease, and cancer. Med Scie Sports Exer, v. 41, n. 5, p. 998-1005, 2009.
KEADLE, S. K.; MOORE, S. C.; SAMPSON, J. N.; XIAO, Q.; SLBANES, D.; MATTHEWS, C. E. Causes of
death associated with prolonged Tv viewing: NIH-AARP diet and health study. American Journal of
Preventive Medicine, v. 49, n. 6, p. 1–17, 2016.
KERR, J.; MARSHALL, S. J.; GODBOLE, S.; CHEN, J.; LEGGE, A.; DOHERTY, A. R.; KELLY, P.;
OLIVER, M.; BADLAND, H. M.; FOSTER, C. Using the SenseCam to improve classifications of sedentary
behavior in free-living settings. American Journal of Preventive Medicine, v. 44, n. 3, p. 290–296, 2013.
LE BLANC, A. G.; BROYLES, S. T.; CHAPUT, J. P. et al. Correlates of objectively measured sedentary and
self-reported screen time in Canadian children. Int J Behav Nutr Phys Act, v. 12, n. 38, p. 1-12, 2015.
LEGNANI, E.; LEGNANI, R. F.; DELLAGRANA, R. A.; SILVA, M. P.; BARBOSA FILHO, V. C.;
CAMPOS, W. Comportamentos de risco à saúde e excesso de peso corporal em escolares de Toledo, Paraná,
Brasil. Motricidade, v. 8, n. 3, p. 59–70, 2012.
LEÓN-LATRE, M.; MORENO-FRANCO, B.; ANDRÉS-ESTEBAN, E. M.; LEDESMA, M.; LACAUSTRA,
M.; ALCALDE, V.; PEÑALVO, J. L.; ORDOVÁS, J. M.; CASASNOVAS, J. A. Sedentary lifestyle and its
relation to cardiovascular risk factos, insuline resistance and inflammatory profile. Rev Esp Cardiol, v. 67, n. 6,
p. 449–55, 2014.
MALTA, D. C.; MORAIS NETO, O. L. De; CEZÁRIO, A. C.; SILVA JUNIOR, J. B. Da; MOURA, L. De. A
construção da vigilância e prevenção das doenças crônicas não transmissíveis no contexto do Sistema Único de
Saúde. Epidemiologia e serviços de saúde, v. 15, n. 3, p. 47–65, 2006.
MALTA, D. C.; MOURA, L. de; PRADO, R. R. do; ESCALANTE, J. C.; SCHMIDT, M. I.; DUNCAN, B. B.
Mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis no Brasil e suas regiões, 2000 a 2011. Epidemiologia e
Serviços de Saúde, v. 23, n. 4, p. 599–608, 2014.
MARSHALL, A. L.; MILLER, Y. D.; BURTON, N. W.; BROWN, W. J. Measuring total and domain-specific
sitting: A study of reliability and validity. Medicine and Science in Sports and Exercise, v. 42, n. 6, p. 1094–
1102, 2010.
38
MARSHALL, S. J.; MERCHANT, G. Advancing the science of sedentary behavior measurement. Am J Prev
Med, v. 44, n. 2, p. 190–191, 2013.
MATTHEWS, C. E.; CHEN, K. Y.; FREEDSON, P. S.; BUCHOWSKI, M. S.; BEECH, M.; PATE, R. R.;
TROIANO, R. P. Amount of Time Spent in Sedentary Behaviors in the United States, 2003–2004. v. 167, n. 7,
p. 875–81, 2012.
MATTHEWS, C. E.; KEADLE, S. K.; SAINT-MAURICE, P. F. et al. Use of Time and Energy on Exercise,
Prolonged TV Viewing, and Work Days. Am J Prev Med, v. 55, n. 3, p. 1–9, 2018.
MIELKE, G. I. Comportamento sedentário em adultos. Dissertação de Mestrado - Universidade Federal de
Pelotas, p. 1–149, 2012.
MEYER, A. M.; EVENSON, K. R.; COUPER, D. J. et al. Television, physical activity, diet, and body weight
status: the ARIC cohort. Int J Behav Nutr Phys Act, v. 5, n. 68, dec. 2008.
MUNIZ, L. C.; SCHNEIDER, B. C.; SILVA, I. C. M. et al. Fatores de risco comportamentais acumulados para
doenças cardiovasculares no sul do Brasil. Rev Saude Publica, v. 46, n. 3, p. 534-42, jun. 2012.
OMRAN, A. The Epidemiologic Transition: A Theory of the Epidemiology of Population Change. The
Milbank Memorial Fund Quarterly, v. 49, n. 4, p. 509–538, 2009.
OWEN, N. E. Al. Too Much Sitting: The Population-Health Science of Sedentary Behavior. Ex Sports Sci
Revires, v. 38, n. 3, p. 105–113, 2010.
ROSENBERG, D. E.; BULL, F. C.; MARSHALL, A. L.; SALLS, J. F.; BAUMAN, A. E. Assessment of
sedentary behavior with the International Physical Activity Questionnaire. Journal of physical activity &
health, v. 5 Suppl 1, n. 2008, p. S30-44, 2008.
RYDE, G. C.; GILSON, N. D.; SUPPINI, A.; BROWN, W. J. Validation of a novel, objective measure of
occupational sitting. Journal of Occupational Health, v. 54, n. 5, p. 383–386, 2012.
SCHOFIELD, G.; QUIGLEY, R.; BROWN, R. Does sedentary behaviour contribute to chronic disease or
chronic disease risk in adults. New Zealand: Commitee of Agencies, p. 1–128, 2009.
SMITH-MENEZES, A.; DUARTE, M. D. F. D. S.; SILVA, R. J. D. S. Inatividade física, comportamento
sedentário e excesso de peso corporal associados à condição socioeconômica em jovens. Revista Brasileira de
Educação Física e Esporte, v. 26, n. 3, p. 411–418, 2012.
SUGIYAMA, T.; HEALY, G. N.; DUNSTAN, D. W. et al. Is television viewing time a marker of a broader
pattern of sedentary behavior? Ann Behav Med, v. 35, n. 2, p. 245-50, apr. 2008.
SUZUKI, C. S.; MORAES, S. A. de; FREITAS, I. C. M. de. Média diária de tempo sentado e fatores associados
em adultos residentes no município de Ribeirão Preto-SP, 2006: projeto OBEDIARP. Revista Brasileira de
Epidemiologia, v. 13, n. 4, p. 699–712, 2010.
SZWARCWALD, C. L.; MALTA, D. C.; PEREIRA, C. A. et al. Pesquisa Nacional de Saúde no Brasil:
concepção e metodologia de aplicação. Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, n. 2, p. 333–42, 2014.
time and self-reported screen time in Canadian children. International Journal Behavioral Nutrition and
Physical Activity Health, v. 12, n. 38, p. 1–12, 2015.
THORP, A. A.; OWEN, N.; NEUHAUS, M. et al. Sedentary behaviors and subsequent health outcomes in adults
a systematic review of longitudinal studies, 1996 –2011. Am J Prev Med, v. 41, n. 2, p. 207–15, aug. 2011.
TREMBLAY, M. S.; COLLEY, R. C.; SAUNDERS, T. J.; HEALY, G. N.; OWEN, N. Physiological and health
implications of a sedentary lifestyle. Applied Physiology, Nutrition, and Metabolism, v. 35, n. 6, p. 725–740,
2010.
VAN DER PLOEG, H. P.; CHEY, T.; KORDA, R. J.; et al. Sitting time and all cause mortality risk in 222 497
Australian adults. Arch Int Med, v. 172, n. 6, p. 494-500, 2012.
39
WILLIAMS, D. M.; RAYNOR, H. A. A review of TV Viewing and its association with health outcomes in
adults. American Journal of Lifestyle Medicine, v. 2, n. June, p. 250–259, 2008.
WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global action plan for the prevention and control of
noncommunicable diseases 2013-2020. Geneva: World Health Organization, 2013.
40
8. ANEXO
ANEXO 1