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ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MATO GROSSO ATA DA SESSÃO ESPECIAL EM HOMENAGEM AO 50 ANIVERSÁRIO DE FUNDAÇÃO DA AME-ASSOCIAÇÃO MATO-GROSSENSE DE ESTUDANTES, DE 24 DE SETEMBRO DE 1997.

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ATA N° 124 - “B” PRESIDENTE - DEPUTADO ELIENE (EM EXERCÍCIO) 1ª SECRETÁRIA - DEPUTADA SERYS SLHESSARENKO (AD HOC) 2ª SECRETÁRIA - DEPUTADA ZILDA (AD HOC).

O SR. PRESIDENTE - Autoridades presentes, Senhoras e Senhores, estudantes, boa-tarde!

Em nome desta augusta Assembléia Legislativa, declaro aberta esta Sessão Especial em homenagem aos 50 anos de fundação da AME-Associação Mato-grossense dos Estudantes.

Convido para fazer parte da Mesa: o Sr. Rubens de Amorim, representante do Prefeito Municipal de Cuiabá, Roberto França (PALMAS); a Srª Ernany Pessoa, representante do SINTEP (PALMAS); o Sr. Benedito Lucas de Miranda, Coordenador do DCE-Diretório Central dos Estudantes, da UFMT (PALMAS); o Sr. Hilário Tavares, ex-Presidente da AME (PALMAS); o Sr. Rafael da Silva Melo, Secretário-Geral da ACES-Associação Cuiabana de Estudantes Secundaristas (PALMAS).

Registramos, com satisfação, as presenças do Sr. Sebastião Rondon, Presidente do Grêmio Estudantil da Escola Estadual “André Luiz da Silva Reis”; da Srª Roselaine Alves da Costa, do Diretório Municipal do PC do B; dos estudantes da Escola Municipal de 1° Grau “Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon”; dos estudantes da Escola Estadual de 1° e 2° Graus “Zélia Costa Almeida”; dos alunos representantes do Grêmio Estudantil da Escola “Marechal Rondon”, dos alunos representantes da Escola Estadual de 1° e 2° Graus “Estevão Alves Corrêa”, do Bairro Tijucal; do Sr. Edvande de França, Vice-Presidente do Diretório Municipal do PSB; do estudante José Lemos, representando o Vereador Rinaldo Almeida

Agradecemos a presença do ex-Presidente da AME, o Sr. Franco Querendo e o convidamos para fazer parte da Mesa (PALMAS).

Registramos, também, a presença do ex-Diretor da AME, hoje, Presidente do PC do B, o Sr. Brás, e a presença do Sr. Joelcirney, ex-Vice-Presidente da AME.

Para darmos abertura a esta Sessão Especial, convido a todos para que se ponham de pé para ouvir o Hino Nacional.

(NESTE MOMENTO, É EXECUTADO O HINO NACIONAL - PALMAS) O SR. PRESIDENTE - Gostaríamos, também, de registrar a presença dos alunos

e do Diretor da Escola Estadual “Ulisses Cuiabano” Prof. Joary da Costa, do nosso Assessor, Sr. Dalton Vasconcelos, e de sua esposa Srª Claudiane.

Pedimos desculpas por não termos mencionado algumas pessoas, mas é que não temos aqui registrados os nomes de todos os presentes.

Senhoras e Senhores, como professor da Escola Técnica Federal de Mato Grosso, de cursinhos, de escolas da rede estadual, pela minha dedicação à profissão e por

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tratar bem os meus alunos, eu sempre tive inserção no meio dos jovens, na classe estudantil, pois além de estimulá-los no estudo, sempre os incentivei a batalhar e a trilhar o caminho positivo da construção do bem.

Nós sempre tivemos um relacionamento muito próximo com o alunado, passando a mensagem de um pensador de esquerda, um trabalhador que luta em prol das transformações sociais, na expectativa de construir um projeto de felicidade.

E essa convivência nos possibilitou ter essa relação com alguns ex-dirigentes da AME. Ao sabermos que este ano, em 14 de julho, a AME completaria 50 anos, ao sabermos da preocupação de alguns dirigentes, que foram batalhadores em prol da existência da AME, e que hoje encontram dificuldades na busca de entrosamento, até de registro da história da AME, isso nos fez - através de sugestões desses jovens com quem convivemos no dia-a-dia, como o Joelcirney, o Dalton, o Zé Lemos - oportunizar esta discussão, que é comemorativa, em busca do reerguimento do movimento estudantil. Um movimento que, sem dúvida alguma, fez história por esse Brasil afora! Infelizmente, nós assistimos, dia-a-dia, o seu distanciamento, a falta de posição dos jovens, a falta de luta e de participação. Então, eu acho que o Movimento dos Caras-pintadas, na queda do ex-Presidente Collor, foi um movimento que aconteceu esporadicamente. Pois, se olharmos a organização do movimento estudantil, veremos que há muito tempo ele vem se esfacelando, vem deixando de lado a organização. De vez em quando nos deparamos com um ou outro grêmio estudantil que tem na sua filosofia um demonstração de que tudo pode recomeçar de novo, pode trazer à tona aquele Movimento que tanta história fez no Brasil.

Então, nós apoiamos essa discussão e queremos agradecer a presença de todos os Senhores que vieram participar e dar suas opiniões. Eu tenho a certeza de que, pelo que eu conheço de vários dirigentes do movimento estudantil, nessa trajetória de quase vinte anos acompanhando o movimento em Mato Grosso, nós teremos aqui, com certeza, testemunhos importantes nesta comemoração dos 50 anos de uma Entidade que é tão popular. Uma Entidade que nós temos que, se possível, reerguê-la novamente; uma Entidade que esteve um período, inclusive, fora do Mato Grosso, quando não tínhamos, ainda, a Universidade de Mato Grosso. Foi quando instalou a sua sede no Rio de Janeiro, ocasião em que o Prof. Amorésio foi o Presidente da Entidade, inclusive meu ex-professor. E nós temos conhecimento de que o Governador Dante Oliveira ajudava a manter essa Entidade no Rio de Janeiro. Então, por que não restaurar esta Entidade hoje, quando temos várias universidades no Estado de Mato

Grosso, e um movimento estudantil de alunos de 2 e 3 graus muito maior? Vamos deixá-la no esquecimento?

Então, essa foi a finalidade principal de promovermos essa discussão aqui, hoje. Porque, a conscientização, o envolvimento, o senso crítico desenvolvidos na formação política de cada um dos estudantes do Estado de Mato Grosso, com certeza, contribuirá muito para as mudanças, para as transformações democráticas, que nós, do Partido Socialista Brasileiro, buscamos. Um Partido que hoje tem na sua formação uma predominância de professores. É o Prof. Rinaldo, Vereador da Capital, é o Prof. João Batista, da rede estadual, da Escola Estadual “Ulisses Cuiabano”. Temos tido sempre uma representatividade na participação do Partido. Eu sou professor, como já registrei. Além disso, nós temos dentro da nossa assessoria vários componentes que são professores, temos o nosso núcleo da Escola Técnica e várias outras escolas em Cuiabá. Nós temos esse sonho, realmente, de ver, amanhã,

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as entidades populares, que buscam a transformação social, a plena democracia - que é um sonho da maioria dos brasileiros -, participando da nossa sociedade.

Foi nesse sentido que convocamos esta Audiência Pública e queremos conclamar esses militantes do movimento estudantil, que conhecemos há quase vinte anos, para que dêem a sua contribuição nesta Audiência Pública.

Agradeço a presença de todos e, agora, passaremos a fazer as inscrições para os oradores que queiram falar nessa nossa Audiência Pública.

Então, pessoal, nós queremos, mais uma vez, dizer que a participação dos senhores aqui, com certeza, possibilitará a elaboração de um documento, que deverá ser divulgado nos grêmios estudantis, no DCE da Universidade, em todas as organizações que, realmente, tenham interesse em incrementar o movimento estudantil.

Eu quero agradecer, de coração, a participação de vocês que, com certeza, terá grande utilidade (PALMAS).

Passemos à segunda parte dos trabalhos, que são as participações. Com a palavra, o Prof. Benedito Rubens de Amorim.

O SR. BENEDITO RUBENS DE AMORIM - Exm° Professor Eliene, Deputado Estadual e Presidente desta Sessão que homenageia os 50 anos da AME; Sr. representante do Diretório Central dos Estudantes; os ex-Presidentes da AME; a nossa companheira, que representa, também, o valoroso Sindicato do Ensino Público-SINTEP; alunos da Rede Pública Municipal e Estadual e das escolas particulares da nossa cidade.

Nós queremos louvar, Prof. Eliene, essa iniciativa de V. Exª e dizer que nós comungamos com suas idéias, sendo que já estivemos no grêmio estudantil “Dom Aquino”, do São Gonçalo, participamos do Centro Acadêmico “8 de Abril”, o CAD-Centro Acadêmico de Direito, fomos da direção do próprio DCE, esse diretório que, hoje, na gestão “Xeque-mate”, tem desenvolvido um bom trabalho, inclusive de atendimento à saúde, através da Interclínicas - se não me falha a memória. Essas ações são necessárias num país onde não há priorização da saúde, da educação, da segurança. Enfim, para tantos outros setores.

Mas, aqui, o que é mais importante, é colocarmos que esta oportunidade, também, é para acordar a juventude que, hoje, anda meio vagarosa, anda meio parada nas mobilizações, e que precisa ter e reviver aquela memória, aquela histórica fase que nós, brasileiros, vivemos, há pouco tempo, quando os Caras pintadas derrubaram o Presidente cara-de-pau. Foi a histórica presença dos jovens na rua, foi a histórica demonstração de que o estudante unido, organizado tem poder de colocar as pessoas nos seus devidos lugares.

A Prefeitura Municipal de Cuiabá, hoje, preocupa-se com a parte do Ensino Básico de I a IV e da pré-escola. Nós tivemos, há poucos dias - a representante do SINTEP deve estar a par disso -, uma reunião onde foi colocada pela SME, Secretaria Municipal de Educação, uma discussão com toda a comunidade escolar, Professor Eliene, para se compreender a Gestão Democrática, porque antes de eleger um diretor para a escola, é preciso que a comunidade saiba o poder e a força que ela própria tem, os seus direitos, mas também os deveres que tem para com a escola, porque muitos só querem cobrar e deixam de cumprir com as suas próprias obrigações dentro desses locais de informação, de opinião e de tomada de decisões, que são as nossas escolas.

Eu acho que vocês, estudantes, que aqui se encontram, estão de parabéns, porque fazem parte desta Entidade que foi mantida em Goiânia, no Rio de Janeiro, e em vários outros lugares brilhou, que teve o REMAP, o nosso saudoso restaurante feito pelo ex-

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Governador Pedro Pedrossian. É, sem dúvida alguma, Professor Eliene, digna de elogio essa ação de V. Exª.

Nós queremos, como professor, empenhar a cada estudante aqui presente o compromisso de estar ao lado de vocês nas mobilizações e na busca do respeito ao estudo, que é a maior riqueza que o ser humano pode ter, e a única riqueza que nenhum ladrão pode tomar, que é a força intelectual e a capacidade pessoal de você ser independente.

Então, eu o parabenizo, Deputado Eliene, e em nome do Prefeito Roberto França e da própria Secretária de Bem-Estar Social, Dª Iraci França, nós queremos dizer que aquilo que depender da colaboração dos órgãos públicos municipais com certeza estará sempre à disposição. A educação tem sido encaminhada nesta Capital como prioridade, mas a maior prioridade que nós precisamos ter é esta juventude com força, para que amanhã ou depois, se preciso for, os jovens pintem a cara de novo e derrubem o tremendo cara-de- pau, porque eles têm força e a força da juventude é uma força que ninguém segura.

Parabéns, Deputado Eliene! Essa decisão de V. Exª foi louvável e eu espero que os que aqui estão sejam porta-vozes para levar esta mensagem àqueles que não vieram. Escola não é apenas freqüentar às aulas, ouvir uma mensagem massificada, mas é, também, discutir aquilo que é do interesse de vocês.

Parabéns ao DCE pela Gestão Xeque-mate que inclusive está aí com essa gincana. Isso é importante, porque muitas universidades se distanciam da comunidade e não promovem a união. E, eu vejo a importância dessas coordenações e parabenizo essa comissão por esse trabalho, porque o DCE tem que ser a vanguarda da Universidade, e não pode se distanciar do povo, mas sim trazer o formando para prestar assistência jurídica e assistência médica àqueles que necessitam. Certamente, o aluno não pode só ficar dentro da Universidade, fazendo de conta que está aprendendo e não levando o que aprendeu para a comunidade, e isso causa dificuldades para todos nós.

Parabéns, estudantes, vocês sabem a força que têm, só depende da vontade e do desejo de cada um colocar em ação esse poder. Muito obrigado. (PALMAS)

O SR. PRESIDENTE - Nós queremos registrar, com satisfação as presenças dos

Srs. José Valter Alves de Araújo, ex-Presidente do Grêmio Estudantil da Escola Estadual de 1° e

2° graus “Presidente Médici”, do Sr. Clóvis Alberto da Rocha, ex-Presidente da AME; do Francisvaldo Pereira Santana, Tesoureiro da Secretaria da Juventude Socialista Brasileira; do

Sr. Ivan Deluque, Tesoureiro Geral da ASSES; e da Profª Jacy Proença, nossa Assessora. Inicialmente, nós vamos ouvir os componentes da Mesa que queiram fazer

uso da palavra, e enquanto isso a Srª Nádia estará fazendo a inscrição para a segunda parte da Sessão, para que cada participante possa expor a sua posição.

Com a palavra, a Profª Ernany Pessoa, do Diretório Estadual do SINTEP. A SRª ERNANY PESSOA - Boa-tarde a todos os componentes da Mesa, aos

quais eu cumprimento em nome do Deputado Eliene, meu companheiro de Partido, que muito nos honra por convocar esta Audiência Pública, onde será discutida a questão do movimento estudantil. E, os estudantes presentes, eu cumprimento em nome do Brás, meu companheiro de luta do movimento estudantil da cidade de Rondonópolis.

Eu quero dizer a todos que esse é um encontro muito importante, principalmente para a gente que veio do movimento estudantil, porque, se, hoje, nós temos um sindicato respeitado no Estado, que é o SINTEP, é porque o movimento estudantil assim nos ensinou.

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Cumprimento também a companheira Jacy, com quem convivi no Centro Acadêmico de Pedagogia, da UFMT, do qual muito me orgulho, bem como do Diretório Central dos Estudantes, na gestão “Reflexão e Luta”, 83/84.

Esse reencontro, esse resgate do movimento estudantil tem que se dar, ele tem que acontecer não só no âmbito do movimento estudantil secundarista, mas também junto ao movimento estudantil universitário.

Nós precisamos, a sociedade organizada precisa, através dos sindicatos, dos movimentos populares estudantis, traçar uma batalha ferrenha para que a gente possa assegurar os direitos sociais que estão sendo retirados muito rapidamente, porque quando a gente acordar, talvez não dê mais tempo de recuperar aquilo que hoje a democracia e a liberdade construíram neste País, através de muitos companheiros do movimento estudantil que morreram para que a gente pudesse ter o direito e a liberdade, inclusive, de ter uma Audiência Pública como esta.

O SINTEP quer dizer para os companheiros estudantes que nós temos que estar lado a lado, fazendo um trabalho em defesa da escola pública gratuita e de qualidade. Nós temos que ser parceiros no dia-a-dia, não podemos deixar para amanhã. E, o movimento estudantil tem muito com o que contribuir para o resgate da credibilidade da escola pública. Nós precisamos dela, nós, como trabalhadores e nós enquanto estudantes.

A Universidade também passa por um momento muito difícil, que é a onda da privatização. Por que estou falando da Universidade? Porque a platéia que está sentada do lado de lá é aquela que vai precisar da Universidade Pública. E, a gente tem que lutar por ela.

Em nome do Sindicato, nós estamos aqui para dar apoio e parabenizar a entidade, a AME, pelos seus 50 anos, apenas 18 a mais do que o SINTEP, que tem 32 anos de muita luta. Nós precisamos resgatar a AME, aquilo que ela já representou no movimento estudantil, para que a gente possa traçar, conjuntamente nas nossas pautas, a unicidade da nossa luta. Eu, enquanto Secretária de Organização do SINTEP, tenho a tarefa de fazer contato com o movimento estudantil e para isso, hoje, estou aqui, fazendo esse contato, colocando-nos à disposição para estarmos juntos, encaminhando as questões referentes, não apenas à escola, mas as que se referem ao direito de cidadania.

Eu até fiquei muito surpresa porque não sabia que ia fazer parte da Mesa, e muito me honra essa participação aqui. Eu vim para falar da nossa 2ª Caminhada, que estaremos realizando no dia 03 de outubro, reivindicando escola, salário e emprego. Queremos convocar o movimento estudantil para se aliar ao SINTEP e às outras organizações populares que estarão conosco nessa caminhada. Venham caminhar dia 03 de outubro! Mostrem que o movimento estudantil, que o estudante também está aí, está vivo e está colocando a cara na rua! Nós não podemos deixar a política neoliberal acabar com aquilo que a gente conquistou com o sangue de companheiros estudantes deste país afora. Muito obrigada (PALMAS).

O SR. PRESIDENTE - Queremos registrar a presença do Prof. Vilson, Assessor da Deputada Serys Slhessarenko.

O companheiro Dalton Vasconcelos faz questão de registrar que ele é ex-Presidente do Grêmio da Agrotécnica e ex-Diretor da AME.

Na seqüência, para fazer uso da palavra, o Sr. Benedito Lucas de Miranda - Coordenador do Diretório Central dos Estudantes da UFMT.

O SR. BENEDITO LUCAS DE MIRANDA - Boa-tarde a todos.

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Gostaria de cumprimentar o Deputado Eliene, o colega Dalton, o colega Maxuel e todas as pessoas da Plenária.

O DCE não poderia faltar neste momento de homenagem aos 50 anos de fundação de uma agremiação que foi tão importante para o nosso Estado, como a AME. Uma entidade com 50 anos de fundação, com certeza, tem uma história muito grande e com certeza ela foi muito importante para muitos jovens, assim como a nossa entidade, o Diretório Central da UFMT, que neste ano completou 18 anos. Para nós, é importante estar participando desse momento.

Em todas as falas que ouvimos aqui, todos perceberam a mudança que ocorreu no perfil dos candidatos durante esses anos. É necessária essa adequação no movimento estudantil, assim como houve mudança no perfil da Economia, no perfil da política nacional e mundial. Os quadros mudaram também e se não houver o retorno à base, para discussão dos problemas que estão envolvendo cada vez mais a massa.

Eu gostaria de ver, hoje aqui, uma sala cheia, repleta não só do pessoal passado e do presente, mas do pessoal do futuro, dos estudantes que não participam das entidades, do pessoal que está dentro das entidades, e hoje, infelizmente, não está aqui presente. Eu vou fazer questão de falar aos que não vieram hoje da grande falta que fizeram, porque este é um momento de homenagem, mas também estamos discutindo e refletindo como está o nosso movimento estudantil, quais os caminhos que ele está tomando, e o que temos que fazer para torna-lo realmente mais atuante e representativo dos estudantes. As universidades, assim como as escolas de 1° e 2° graus, têm seus problemas, mas os estudantes, através das entidades, têm condições de ajudar a resolvê-los, ou pelo menos, como é característica do movimento estudantil, de estar indo contra o que está errado e denunciando o que é falso. Eu acho que isso é importante dentro do nosso movimento. Nós temos que nos adequar até para chamar a grande massa. Essa é a forma de atuação do movimento estudantil, mostrando que é uma entidade de representação, de organização dos estudantes. Essa Entidade deve ser também prestadora de serviço, de alguma forma, porque o perfil do estudante, não só universitário, mas o do 1° e 2° graus, mudou e os representantes vão ter que cair na real, e a gente vai ter que mudar a nossa forma de atuação para que o movimento estudantil não morra também. Eu ouvi aqui alguém dizendo que foram momentos esporádicos na questão do Collor. Sim, os estudantes quando têm uma causa que, realmente, consiga balançá-los, aí sim, o estudante vai para a rua! A gente foi, na época da ditadura, na época do Collor.

Tenho certeza absoluta que, aparecendo novamente um fato - como está acontecendo agora, lá em Rondonópolis, a questão da CPI na Prefeitura -, o pessoal estará indo para a rua. A mobilização já está acontecendo no campus. É só nós, que fazemos parte das representações estudantis, não ficarmos aí de boca aberta! E, sim, alerta a tudo o que está acontecendo, informando o pessoal e realizando ações que, realmente, possam promover a integração dos estudantes, seja da forma que ele quiser.

Se você consegue aglomerar os estudantes para uma festa, aglomere-os para a festa, mas, durante a festa, passe alguma coisa do movimento estudantil e da política estudantil. Muitos confundem a política estudantil com a política partidária, as entidades são suprapartidárias, isso deve ser bem lembrado e não pode ser confundido dentro de uma entidade.

Então, a gente parabeniza o Deputado Eliene por esta iniciativa. Queremos homenagear mesmo, eu não sabia que a AME tinha tanto tempo de fundação assim! É

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importante que o Estado de Mato Grosso já tenha uma entidade com todo esse tempo de fundação, principalmente, no movimento estudantil.

Deixamos aqui o nosso abraço para os companheiros que fazem parte da AME. Toquem para a frente! Quando vocês chegarem ao movimento estudantil universitário,

tragam a mesma garra existente nos grêmios das escolas de 1 e 2 graus, para que a gente possa, realmente, tentar moldar este País como a gente quer, porque nós somos o futuro.

Tenho certeza que todos têm as melhores intenções para o nosso País. Muito obrigado (PALMAS).

O SR. PRESIDENTE - Com a palavra, o Sr. Hilário Tavares, ex-Presidente da AME.

O SR. HILÁRIO TAVARES - Deputado Eliene; Prof. Benedito Rubens, meu

professor no 2 grau; Profª Ernany Pessoa, do SINTEP; companheiros do DCE; companheiro Franco; companheiro Rafael; estudantes do movimento; companheiro Clóvis, que se faz presente na platéia, ex-presidente da AME; companheiro Dalton, ex-Diretor; companheira Magda, ex-Diretora; companheiro Joel, ex-vice-Presidente; Zé Carlos, ex-Diretor; Ivan Deluque, ex-Diretor; Márcio Coene, ex-Diretor; José Valter; Wilson, do Liceu Cuiabano; o nosso amigo Brás; Rose, enfim, todos os companheiros que aqui se encontram:

Como ex-Presidente dessa grande entidade, que completa 50 anos, fundada em 14 de junho de 1947, na cidade do Rio de Janeiro, nós temos que agradecer a iniciativa do Deputado Eliene porque ninguém, absolutamente ninguém fez nada. Ninguém levantou uma palha para comemorar os 50 anos da entidade. É uma entidade tão bem destacada no País, é uma das entidades mais antiga do País, é a terceira entidade mais antiga do movimento estudantil.

Queremos agradecer, sinceramente, o Deputado. Eu acho que essa iniciativa foi louvável, foi muito louvável!

Foi o companheiro Dalton que nos convidou, ontem, quando estávamos em Diamantino, realizando um trabalho árduo no Estado, promovido pela Secretaria de Educação. Trata-se da Campanha “Cuida bem de mim”. É uma campanha que está incentivando a criação dos grêmios estudantis na unidade escolar, juntamente com a questão da conservação da natureza, os conselhos deliberativos e o concurso de verso, prosa e desenho.

Sinceramente eu fico bastante honrado em participar desta Mesa, emocionado por saber que ainda têm pessoas preocupadas com o movimento estudantil do Estado, que, hoje, de certa forma é uma vergonha. O movimento foi tão ativo, tão participativo e hoje está deixando a desejar.

Em 579 escolas que existem no Estado, somente 10% têm grêmio organizado na unidade escolar. É muito pouco! Eu acho que poderia ser feito muito mais, poderia haver mais participação.

Aqui nós temos presidentes de grêmios e eles sabem que o trabalho não é fácil. Fui presidente de grêmio, na Escola “André Avelino Ribeiro”, CPA I, onde o Prof. Benedito era o meu professor de Português e nós tivemos, naquele tempo, uma grande participação no movimento. Como ex-militante do movimento, como ex-diretor na época da gestão do Clóvis, nós tivemos uma grande luta, que foi a questão da meia-entrada - 50% de desconto nos eventos ocorridos no Estado, 50% de desconto no cinema -, garantida pela Lei n° 5.931, feita por esta Casa, e sancionada pelo Governador da época.

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A cada dia que passa, nós percebemos que os empresários estão cada vez menos preocupados com isso, porque não tem ninguém lutando pelos nossos interesses, pelos interesses dos estudantes.

Na época em que nós tivemos uma participação, lembro-me claramente, houve um show no Monte Líbano e nós tivemos que ir até a Secretaria de Justiça, de Segurança - o Secretário, na época, era o Sr. Oscar Travassos, e o Presidente do Centro Acadêmico era o Fred -, e olha que nós conseguimos, fizemos com que se colocasse a meia-entrada naquele momento. Então, a AME existe na história, a AME tem história! E eu acho que tem que ser respeitada uma entidade tão importante para Mato Grosso, que passou por Goiânia, por Corumbá e veio, em 1957, para Cuiabá.

Dessa forma, Senhores, nós, como ex-militante, estamos à disposição para ajudar.

Através da campanha “Crie o seu Grêmio Livre”, nós tivemos a iniciativa da fazer esta cartilha...

(O SR. ORADOR MOSTRA A CARTILHA AO AUDITÓRIO) O SR. HILÁRIO TAVARES - ... o estatuto, através da Lei n° 7.398, que dá

direito de criar o grêmio livre na unidade escolar. Nós estamos fazendo seminários em todo o Estado, são 16 pólos. Amanhã mesmo estará acontecendo um seminário em Nova Olímpia, depois em Pontes e Lacerda, Cáceres e o último vai ser em Cuiabá. Mas desde o dia 16 de agosto que nós estamos rodando o Estado fazendo e realizando esses seminários. A campanha foi lançada no dia 11 de agosto na Escola “Presidente Médici”.

O que não dá para admitir, também, é a falta de participação da juventude. Eu sempre digo: a juventude está congelada, mas não está morta. O jovem está congelado. O que falta é a iniciativa das pessoas, da juventude de uma forma geral.

Nós não podemos mais deixar acontecer coisas lamentáveis como têm acontecido em nosso Estado e ficarmos de braços cruzados sem nada fazer.

No ano que vem nós teremos eleição, que vai ser dura e quem será o nosso Governador? Eu acho que nós temos que participar, sim, das eleições de 98.

A juventude, quando se fala em política, corre longe da política, mas se esquece que tudo que fazemos depende da política: para comer, beber, dormir, dependemos da política. Agora, quando se fala em política partidária, eu acho que não tem o que se discutir. Eu sempre falo o seguinte: religião, futebol e política partidária não se discute e cada um tem a sua. Agora, não dá para misturar, fazer uma entidade de um movimento partidário. Eu acho que tem que ter desvinculação, movimento estudantil é uma coisa, movimento partidário é outra coisa.

Quando fui presidente da AME, nós fizemos um trabalho dessa forma. Naquele momento em que fui eleito para presidente da AME, nós tínhamos representantes de vários partidos, segmentos partidários, mas, mesmo assim, nós conseguimos terminar o nosso mandato. Não foi um dos melhores mandatos, mas também não foi dos piores.

Existe um problema sério na confecção e entrega das carteirinhas. Denúncias graves, mas, pelo menos na minha gestão, as carteirinhas foram feitas e entregues.

A cada dia que passa, só vejo alunos reclamando, indo a jornais, e a AME, cada vez mais, está entrando em decadência. Têm pessoas, que até falam em trocar o nome da entidade. Eu acho isso um absurdo, porque é um nome tão importante na história de Mato Grosso, não se deve simplesmente fazer uma troca. Eu acho que tem, sim, de fazer um trabalho de mobilização com todos os estudantes de Mato Grosso para que nós possamos

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reerguer esse movimento estudantil e que a AME possa ter credibilidade junto à sociedade, junto aos empresários, junto ao Governo. Que seja respeitada. Que dê respeito para poder ser respeitada. No momento, ninguém tem dado respeito para que se possa respeitar a entidade.

Aqui fica a nossa indignação pelo movimento, porque não dá para acreditar na forma como está sendo dirigida essa entidade tão importante para o Estado, tão importante para a sociedade, para o movimento estudantil, que não tem um pingo sequer de respeito pela AME.

Eu acho que cabe a cada um de nós, a cada estudante que ainda está na escola, que faz parte do grêmio, fazer um trabalho de mobilização, de iniciativa, no sentido de estar reerguendo o movimento estudantil do nosso Estado.

É louvável, Profª Ernany Pessoa, representante do SINTEP, este convite feito pela senhora aqui. Dia 03 de outubro, eu acho que todos deveriam participar! Em 1991, quem participou viu a grande manifestação, a grande caminhada que foi feita. Eu participei! Acho que cada um de nós deveria participar, sim, porque só a partir do momento que estivermos juntos, unidos, é que vamos conseguir alguma coisa. Por que Governo, Senhores, é quem? Somos nós, porque somos nós quem o elegemos. O Governo é, simplesmente, um funcionário do povo. Então, tem que dar o respeito para ser respeitado.

E aqui, Deputado Eliene, nós queremos agradecer em nome de todos que compõem a Mesa, em nome de todas as pessoas que vieram e dizer muito obrigado. Que a AME venha a reerguer o movimento no Estado de Mato Grosso. Obrigado...(PALMAS).

O SR. PRESIDENTE - Com a palavra, o ex-Presidente da AME, Franco Querendo.

O SR. FRANCO QUERENDO - Boa tarde, Senhoras e Senhores, cumprimento a Mesa na pessoa do seu Presidente, Deputado Eliene, e a Plenária, na pessoa dos nossos companheiros Brás Rubson e Clóvis Rocha. Seria um pouco didático, talvez, explicar porque a AME nasceu no Rio de Janeiro.

Primeiramente, gostaria de fazer um registro um pouco doloroso, principalmente para pessoas como eu, preocupadas com o processo histórico de uma entidade tão importante quanto a Associação Mato-grossense dos Estudantes. Todo o material que poderia repassar essas informações a nós foi totalmente queimado por uma diretoria que passou. Eu não quero, aqui, entrar nesse detalhe.

Na verdade, os estudantes saíam de Mato Grosso e iam para o Rio de Janeiro, porque aqui não havia o curso universitário. Por isso a AME foi fundada no Estado da Guanabara, na Cidade do Rio de Janeiro, em 1947. Alguns estudantes no Paraná, também, fundaram as entidades, como a Associação Mato-grossense dos Estudantes no Paraná e a AMEGO, em Goiás. Mas, na verdade - falaram datas até errôneas - , foi em 1975 que a AME veio para cá, porque não tinha necessidade da AME continuar no Rio de Janeiro, uma vez que fora fundada a Universidade Federal de Mato Grosso.

Eu vejo a situação com muita preocupação. É louvável a atitude de estarmos discutindo hoje, talvez uma reflexão, melhor que uma homenagem, para que possamos entender todo o contexto histórico do movimento estudantil no Estado de Mato Grosso.

Tivemos lutas memoráveis, como o impeachment. Tivemos lutas de cunho social interessantíssimo, como a participação em várias passeatas, manifestos e atos públicos. E, hoje, essa entidade, que completou 50 anos dia 14 de julho, onde está a sua mobilização? Que fim deram à Associação Mato-grossense dos Estudantes? A não formação de novas lideranças, a falta de compromisso com as causas sociais, afastaram os estudantes da

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Associação Mato-grossense dos Estudantes. Cada vez mais nós percebemos que há uma aversão do estudante pela política, porque entende que política é coisa de corrupto. Aí eu digo: Então está na hora de você entrar na política, porque se você confia em você mesmo, está na hora de você começar a participar! Porque os fóruns populares, os movimentos populares, as entidades, é o fórum onde devermos estar discutindo, reivindicando. Um fórum onde estaremos permanentemente colocando em questionamento as políticas do setor educacional.

Temos aí a privatização das universidades; temos aí, cada vez mais, o Governo se afastando do ensino público essencial. É hora de nós, militantes do movimento estudantil, estarmos cada vez mais agregados e firmes no nosso propósito de combater qualquer política que venha contra os princípios sociais e democráticos.

Vemos uma trajetória enorme que a AME tem, uma história de luta em defesa dos estudantes, não só dos estudantes, mas do trabalhador, também, porque a AME sempre foi uma entidade que se caracterizou como entidade de resistência. E hoje, infelizmente, nós não sabemos onde está a diretoria da AME. Nós não temos conhecimento das ações da AME. Ao contrário, vemos pelos jornais: “AME caloteira”, “AME pega dinheiro e não devolve carteirinha”. Temos que saber distinguir a entidade desses militantes. A AME tem uma honra que não pode ser maculada por qualquer militante “picaretinha que queira destruir essa história. É o meu pensamento!

Eu agradeço ao Deputado Eliene pela oportunidade que nos dá. Quero dizer a vocês, estudantes, que aqui estão, que continuem firmes no

propósito de defender a escola pública, porque sem escola, companheiros, nós vamos voltar a reinventar o fogo e vamos redescobrir a machadinha de pedra. Muito obrigado...(PALMAS).

O SR. PRESIDENTE - Com a palavra, o Sr. Rafael Silva Melo, Secretário Geral da ACES.

O SR. RAFAEL SILVA MELO - Boa-tarde a todos os presentes; boa-tarde, Sr. Deputado Eliene e aos demais componentes da Mesa.

Como estudante secundarista e como ex-Presidente do Grêmio Estudantil da Escola “Marechal Rondon” sinto uma dor dentro de mim, e fico indignado por não poder continuar a história que sempre vivi e sonhei, a história daquela caminhada que a AME percorreu.

Eu fico indignado, hoje, quando digo: cadê a AME? Fico indignado porque o pessoal fez a eleição da AME sem comunicar aos próprios estudantes. E, onde estão esses membros da AME? Fico indignado porque aquela moral que existia, a história que foi construída, estão sendo destruídas, como disse o companheiro Franco e o companheiro Hilário. Essas pessoas picaretas que estão carregando esse nome sem a autorização dos verdadeiros estudantes. Dói a gente ver isso acontecer! Mas nós, como estudantes, não devemos ficar sentados, e somente olhando isso acontecer. Foi difícil conquistar a meia-entrada, foi difícil conquistar a carteirinha de estudante e essas conquistas estão se perdendo.

Passarem-se 50 anos! Conseguimos tirar um Presidente, que era o Fernando Collor. E agora, como está essa força nossa?

Eu estou vendo muitos estudantes, aqui presentes, se esforçando cada vez mais, e buscando de todas as formas levar essa caminhada. O movimento estudantil perdeu sua direção e nós temos que começar a mostrar a verdadeira direção desse movimento.

Nós, como Secretário-Geral da ACES, como representante da ACES - a nova direção tomou posse em 14 de julho - , estamos começando a trabalhar uma nova pedagogia

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de grêmio estudantil. Por quê? Porque como o companheiro Hilário disse, se nós não formos aos grêmios fazer uma festa e aproveitar para dizer da importância, nós não vamos conseguir mobilizar os estudantes. As épocas mudaram. Por que na época da ditadura o movimento estudantil tinha tanta força? Por que razão, agora, estamos perdendo essa força?

Os estudantes estão nas escolas. Poucos estudantes estão querendo saber de política. Como nós vamos fazer para mostrar aos estudantes que a política faz parte de nós?

Vamos pensar, companheiros, que essa bandeira está caindo, não vamos deixar essa peteca cair, vamos estender ou levantar essa bandeira até no pico, e mostrar que o movimento estudantil está vivo, está vivo dentro de nós. Como Secretário-Geral da ACES, muito obrigado a todos (PALMAS).

O SR. PRESIDENTE - Queremos registrar as presenças de Andréia Aparecida dos Reis, Presidente do Grêmio da Escola “Antônio Cesário Neto”; do Sr. Bilo, Professor de Educação Física da Escola Estadual de 1° e 2° Graus “André Avelino Ribeiro”; do Secretário-Geral da Executiva Municipal do PSB, Sr. Moisés Suris.

E, agora, passaremos a ouvir os inscritos da platéia. Nós queremos limitar as falas para que esta Sessão não se estenda até muito tarde. Já temos oito inscritos, sendo três minutos para cada um. Então, passaremos a chamar, por ordem de inscrição, o Sr. José Carlos, ex-Diretor da AME, e Membro da Juventude do PSDB.

O SR. JOSÉ CARLOS - Quero agradecer à Mesa em nome do companheiro, Deputado Eliene; agradecer a presença dos professores em nome da companheira do SINTEP, Ernany Pessoa; aos estudantes, em nome do Hilário Tavares, do qual fomos companheiros de Direção da AME, e do companheiro Benedito Rubens de Amorim, da Universidade e demais companheiros que estão aqui.

Companheiro Deputado Eliene, para começo de discussão, eu, mais uma vez, parabenizo essa idéia de estarmos aqui, hoje, numa proposta de comemorar os 50 anos da AME.

Mas, num segundo momento, o que devemos discutir, o que precisamos discutir, é que isso se repita por várias vezes, mas numa discussão mais ampla, para que se erga novamente o movimento estudantil do Estado de Mato Grosso. Várias gestões se passaram! Fiz parte da gestão do Hilário, e sinto orgulho de dizer que, se não foi a melhor, foi uma boa gestão, porque ninguém pode dizer - o Hilário lembrou agora -, que as carteirinhas que fizemos foi de péssima qualidade e que não foram entregues. Pelo menos isso, nós resgatamos.

Um fato que ele se esqueceu de lembrar foi quando, no Show da Daniela Mercury, duas horas antes do show, não tinha ingresso de meia entrada. Nós fomos lá e conseguimos colocar na bilheteria o ingresso para estudante, o que para nós foi motivo de grande orgulho e de grande importância.

Há alguns destaques que nós gostaríamos de colocar, companheiro do SINTEP. Os estudantes, a AME e a ACES têm que estar presentes em todas as passeatas que o SINTEP realizar, com reivindicações por melhores salários, reivindicações de melhorias para o ensino. Mas, de forma alguma, eu jamais gostei, jamais admitirei, como estudante secundarista, como ex-membro da AME, que se faça, como já fizeram, massa de manobra na cabeça dos estudantes. O estudante tem que se filiar a grêmios, mas não um grêmio que chega na escola e indica um líder, mas, sim, um grêmio que cria primeiro um líder para, depois, ter um grêmio forte, um grêmio que possa discutir, que não seja alienado a diretor, a professor, a ninguém. O pensamento nosso é esse.

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Gostaríamos aqui, nesta Sessão Solene, de registrar que, infelizmente, a AME precisa de nós que somos ex-Diretores, que somos ex-Presidentes e que sabemos o valor que a AME tem, porque o atual Presidente - eu não gostaria de ter que dizer isso, mas infelizmente, o que é verdade tem que ser dito, eu estive com ele há alguns dias em Rondonópolis - não está interessado em “pitibiriba” nenhuma. Ele está a fim de fazer politicagem, fazer sacanagem e o movimento estudantil não pode mais viver dessa forma, aliás, o movimento estudantil e nenhum outro movimento. O País passa por uma reforma revolucionária muito grande e nós não podemos ficar atrás disso. Nós temos que ser o carro-chefe.

Nós, a ACES, bem como V. Exª, Deputado, que representa o estudante, que representa os parlamentares, tem que contribuir conosco para que isso seja possível. Muito obrigado (PALMAS).

O SR. PRESIDENTE - Com a palavra, o Sr. Brás Ferreira Barbosa, Presidente Municipal do PC do B, ex-Diretor de imprensa da AME ex-Secretário Geral da AME.

O SR. BRÁS FERREIRA BARBOSA - Boa-tarde a todos; boa-tarde aos membros da Mesa.

Eu quero parabenizar a iniciativa do Deputado Eliene por estarmos comemorando hoje os 50 anos da AME.

Como ex-Diretor da entidade, fico muito feliz de estar reencontrando vários colegas de caminhada, de luta, do movimento secundarista.

Até estava pensando, ali comigo, se nós pudéssemos abandonar todos os compromissos nossos agora e mexer com a AME de novo, a gente já sairia daqui com uma diretoria de peso. Então, poderíamos até resolver os problemas que ela está vivendo hoje.

Mas, eu vejo que tudo é um processo. Nós começamos organizando a AME, mas antes de entrar na diretoria, eu participei de um congresso, que foi fechado, lá no ginásio do Quilombo. Depois tivemos que formar uma comissão eleitoral, foi uma briga enorme para resolver um problema semelhante a este que está ocorrendo agora com a entidade. Então, o movimento secundarista também faz política, mas é diferente, é diferente da política que é colocada aí, onde existe tanta coisa errada. Mas, na verdade, o ser humano está sujeito aos desvios, isso ocorre em todo lugar, no movimento secundarista, na política, em diversos outros locais. O importante é fortalecer os mecanismos para impedir que isso ocorra, para impedir esses desvios. Por exemplo, no Estatuto da entidade tem o Conselho de Entidade de Base, que inclui os grêmios estudantis, que podem se reunir agora em qualquer momento, já que a entidade, neste momento, se encontra tão debilitada, e o Presidente nem está aqui comemorando. Esse Conselho pode se reunir e convocar um congresso extraordinário. Quer dizer, a luta começa por aí. O papel dos estudantes é esse, fazer um chamamento da escola para transformar esta realidade ainda hoje. Então, isso no aspecto organizativo.

No aspecto político, o movimento estudantil caminha junto com as lutas do nosso povo. E aí, sim, creio que é um fator que pesa atualmente em função dos ceticismo em que a gente vive hoje, do momento histórico brasileiro. Na época em que eu atuei, que foi de 86 a 88, era a retomada da democracia, a campanha das diretas, a gente chegava nas escolas e o pessoal queria saber de tudo, os professores queriam saber o que estava acontecendo, queriam que o diretor da AME falasse, quer dizer, a empolgação era outra.

Hoje, nós vivemos um momento em que o que está em voga, o que está tomando conta do debate político é a entrega do nosso País, é a privatização da educação, da universidade pública, do ensino público. Então, esses setores que queriam transformar a

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sociedade, naquela época, de redemocratização do País, estão, hoje, na defensiva, na resistência a isso que é muito maior. Então, a gente tem que enxergar também a dificuldade do movimento estudantil, hoje, dentro desse contexto de luta, até mesmo para corrigir os rumos e escolher as bandeiras corretas para o movimento estudantil como também para estar atingindo um nível maior de organização.

Eu acho que a história da AME ainda está para ser escrita. Fundada em 1947, todos os ex-Diretores sabem muito bem que no Rio de Janeiro tem patrimônio da AME lá, mas nós nunca tivemos força econômica mesmo para sair daqui e ir até o Rio de Janeiro verificar, levantar essa situação. A gente tem informação por ex-Diretores que lá tem uma sede, uma sala comercial no centro do Rio de Janeiro, no Catete. Então, é preciso que se verifique essa situação toda.

Agora, é preciso diferenciar também a AME enquanto uma entidade que representou todos os estudantes de Mato Grosso e depois passou a cumprir um papel de representante do movimento secundarista. Esse foi outro aspecto, quando a partir de 1987, 1988 a AME passou a representar apenas o movimento secundarista, pois até então ela representava também a Universidade, tinha cursinhos...

Peço um pouquinho de paciência da Mesa só para eu concluir o raciocínio. Então, é preciso reconstruir considerando todas esses momentos históricos

pelos quais a entidade passou. Eu fico um pouco entristecido quando penso no papel que o movimento secundarista tem que exercer na formação do cidadão e, no entanto, nada tem feito. É um papel importante, porque na verdade é o local de transição entre a família e a comunidade, é quando o estudante passa a ter um contato maior com a sociedade. O movimento secundarista é a porta de entrada. Então, tem que ser revestido, hoje, de ética. É importante que os dirigentes do movimento revistam de ética essa entidade, porque, caso contrário, como vamos transformar essa sociedade, se esse primeiro degrau que o cidadão vai galgar na formação política e ética, já se encontra tão deturpado, desviado e viciado?

Então, é mais do que importante o estudante sempre participar e essa participação tem que se dar através da escola. O importante é a consolidação do grêmio dentro das escolas, as experiências com a cultura, com a educação, porque o papel da AME é importante, mas ela é uma entidade de articulação estadual, assim como a UBES também é uma entidade de articulação nacional. Agora, onde as coisas acontecem é dentro da escola, é lá que o cidadão é formado, é onde, inclusive, essa formação, essa consciência vai ser passada para todos os estudantes, porque a AME, a UBES fazem congresso, mas é uma parcela pequena de estudantes que vai nesses congressos. Então, a luta tem que ser travada principalmente dentro das escolas, junto com os professores, junto com a associação escolar e com o movimento estudantil descobrindo o seu veio dentro da escola, para estar transformando essa realidade. E, a partir daí, estar colaborando com essas lutas maiores, com a luta contra a privatização do nosso ensino, que hoje é a bandeira fundamental do movimento estudantil.

Estive na Universidade vendo um debate sobre neoliberalismo, o professor Motta Menezes, Presidente do PSDB, defendendo publicamente a privatização da Universidade e ainda teve estudante que bateu palmas. Vejam bem como é que nós estamos? Diante disso, é preciso que a gente dê uma chacoalhada e acorde essas pessoas, porque daqui a pouco nós vamos estar perdendo mesmo esses direitos e aí já vai ser tarde demais. Vamos começar participando juntos na caminhada da Prof.ª Ernany, no dia 03 de outubro. (PALMAS)

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O SR. PRESIDENTE - Nós queremos registrar a presença também do Sr. José Bezerra, Presidente da Associação dos Moradores do Bosque da Saúde.

Peço mais uma vez a compreensão para que não extrapolem muito o tempo disponível de três minutos, porque já temos oito inscritos.

Agora, com a palavra, o Sr. Ivan Deluque - Tesoureiro Geral da ACES. O SR. IVAN DELUQUE - Boa-tarde a todos. Quero aqui agradecer o Deputado Eliene por esta Sessão Especial em

comemoração aos 50 anos de fundação da AME. Como sou do movimento estudantil, entendo que até há uma certa parte boa

nesse movimento. Quando havia a escolha dos delegados da nossa escola - naquela época o Clóvis era Presidente da Associação, no nosso bairro Tijucal - todo mundo queria participar do movimento. O nosso amigo Márcio comentou hoje que vai escolher o delegado das escolas para participar do Congresso da AME, e que será escolhido entre os líderes. Antes os estudantes participavam disso, faziam assembléia geral, tiravam todos da sala porque todo mundo queria participar desse movimento estudantil. E, quando a Associação Mato-grossense chamava os alunos para alguma manifestação, daquela que teve até caixão preto, estávamos lutando pela educação. Eu fiz parte desse movimento, estava na linha de frente. E, hoje em dia, a gente não vê mais isso. Eu fiz parte da Associação, fui Diretor de Esporte da AME, fiz parte de uma gestão que, desculpem-me a palavra, foi uma ... , e ainda mais, cito o nome do Presidente Geraldo, aqui, em cuja gestão foram vendidas 70 mil carteirinhas a oito reais e não sei para onde foi essa verba! Eu fazia parte dessa Diretoria. Falo aqui na frente, não tenho vergonha, falo porque o aluno tem que saber das maracutaias que acontecem hoje. E esse Presidente que fez isso, colocou o irmão dele agora!

Cito mais uma coisa: o nosso amigo Dalton me procurou na escola e disse: “Ivan, me ajude a colocar essas pessoas para discutir sobre a questão da AME.” Eu fui numa escola, ontem à noite, e falei que estava ali para convidá-los a participar de um debate sobre a AME. Responderam-me: “AME! AME, aqui não entra.” O que eu tenho que fazer? Usei a minha diretoria - porque agora sou Tesoureiro Geral da ACES -, e sugeri, então, que falássemos sobre a questão da ACES. Só assim concordaram que eu entrasse. Conversamos e falamos sobre o que iria ser discutido aqui.

Então, pessoal, eu fiquei envergonhado! O movimento estudantil hoje em dia, não tem respaldo! A pessoa vai, hoje, em um gabinete pedir ajuda a um Deputado ou Vereador, ele responde: “Ah, o movimento estudantil, hoje, não tem nada, porque é que eu vou ajudar? Vocês não estão mobilizados!”

Então, a questão é essa pessoal: nós temos que mudar. Como o nosso companheiro aqui, ex-Diretor da AME, disse: nós temos que levantar esse Conselho, o COEB! Temos que nos mobilizar, quem está aqui dentro, com a ajuda dos ex-presidentes, dos diretores, tomar a frente nesse Conselho de Base e tirar esses “picaretas” que estão lá dentro, usando essa entidade para fins lucrativos! Eles, primeiro, entram na entidade, pensando em retirar dinheiro, ao invés de batalhar pelo movimento estudantil, criar grêmios e fazer passeatas!

Para finalizar, Hilário, você falou que o movimento estudantil não está organizado. Eu sou Diretor da ACES, e digo que nós estamos tentando organizar, pelo menos, aqui dentro da Capital. Amanhã, haverá um manifesto a partir das 13:00 horas, na Praça Alencastro.

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Gostaria de convidar a todos, inclusive, os participantes da Mesa, para discutir a questão das escolas, a depredação das escolas, porque, hoje, na minha escola, E.E.P.S.Gs “Nilo Póvoas”, estamos estudando nas sala de aula, em pé! Não temos carteira!

Então, é isso, estamos procurando os direitos do alunos dentro das escolas. Temos que “bater duro” em quem quer que seja, independente do Partido que está no Poder. Para ajudar as nossas escolas, temos que sair, temos que ir para as escolas e trazer esse movimento para as ruas. Muito obrigado (PALMAS).

O SR. PRESIDENTE - Com a palavra, a Srª Edna Souza de Moraes, 2ª Suplente da ACES.

A SRª EDNA SOUZA MORAES - Boa-tarde a todos; boa-tarde ao Deputado Eliene.

Eu estou começando no movimento estudantil agora. Sempre morei em fazenda e nunca tive a oportunidade de estudar. Então, fiz uma prova no supletivo e agora estou cursando a 5ª série.

Então, quando o nosso colégio “Nilo Póvoas” foi convidado para o Congresso da ACES eu entrei para participar e estou junto. Então, estou começando agora, pretendo continuar, pois já tenho uma filha na 6ª série e tento passar para ela o que é o movimento estudantil.

Acho que quem está começando agora tem que continuar e os que já estão, têm que progredir, ir para frente. A nossa escola, ultimamente, está sem grêmio, porque o nosso grêmio foi destituído, inclusive o companheiro Hilário esteve lá, não é Hilário? O nosso grêmio foi uma farsa e foi destituído, não tivemos nada.

Eu gostaria de falar sobre a AME também, pois a nossa escola mesmo foi uma das que fez 10 carteirinhas e ninguém as recebeu, só passamos o dinheiro. Eu fiz as carteirinhas porque, à época, o Presidente da AME, o Marcos, pediu para que eu ficasse com o bloco e fizesse as carteirinhas. Assim eu fiz. Peguei cinco reais de entrada, e mais cinco reais para quando fossem entregues as carteirinhas. Eu peguei os cinco reais de entrada, dei para o Marcos, entreguei o dinheiro para ele e a via da carteirinha. Só que ele voltou à escola para pegar o restante do dinheiro, e depois entregar as carteirinhas. Juntei com o pessoal, repassamos o dinheiro para ele e, hoje, o pessoal cobra de mim porque fui eu quem fiz as carteirinhas. Eu não sei onde estão as carteirinhas porque eu fiz para o Marcos, que era da AME. Eu não era nada! Eu era simplesmente uma estudante nessa época, nem da ACES eu não era.

Hoje, o pessoal me cobra por isso. O que eu fiz? Juntei todo mundo e levei na casa dele! Ele também não soube nos explicar onde estavam as carteirinhas. Então, está todo mundo sem carteirinhas, cada um com dez reais perdidos!

Então, a gente tem que lutar contra isso aí. Agora que eu estou na ACES acho que temos que lutar mais um pouquinho. Muito obrigado (PALMAS).

O SR. PRESIDENTE - Com a palavra, o Sr. José Lemos, aluno da Escola Técnica Federal, Presidente do PSB de Acorizal, fundador do Grêmio da Escola Municipal “Marechal Rondon”, do Bairro Alvorada.

O SR. JOSÉ LEMOS - Boa-tarde a todos. Eu gostaria de cumprimentar a todos da Mesa: Rafael, o nosso amigo da

Escola Marechal Rondon, ex-Presidente do Grêmio e integrante do SINTEP; Deputado Eliene, da Escola Técnica Federal do Estado de Mato Grosso; Prof. Rubens; nosso amigo Lucas, Diretor do DCE; nosso amigo Hilário Tavares e o nosso amigo Franco.

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A Plenária lamenta que o pessoal esteja indo embora, não esperando nem o término dessa Sessão.

Cumprimento, também, aqui, o nosso amigo Lauro, do Grêmio Estudantil da Escola Técnica, ex-Presidente; o amigo Sebastião, Presidente do Grêmio Estudantil do Colégio “André Luiz”; as lideranças, dentre elas um rapaz que esteve conosco na batalha, o Max; o Márcio, enfim, o nosso amigo Dalton, ex-aluno da Escola Agrotécnica.

Primeiramente, louvo a atitude do Prof. Eliene por essa lembrança dos 50 anos da AME. Poxa, 50 anos!

Todos já falaram, mas vou repetir novamente. Uma entidade tão importante quanto a AME e ninguém se lembrou até agora. Então, nós queremos louvar a atitude do Prof. Eliene, porque ele é uma pessoa que sempre está ao lado dos alunos, é uma pessoa que sempre preza muito os estudantes. A gente é testemunha disso, pois na minha escola eu já vi pessoas dizendo a ele que queriam estudar, mas não tinham caderno. Eu já presenciei essa cena na Escola Técnica. Ele é uma pessoa que preza muito o aluno, e acho que dá para entender o porquê dessa lembrança dos 50 anos da AME, dessa homenagem.

Quanto à questão da AME, é lamentável o que todos colocaram aqui, apesar de verdadeiras as colocações, mas a gente se sente bastante indignado. Nós, como militantes do movimento estudantil, lamentamos muito por isso.

Hoje, nós temos uma entidade extremamente importante, não só para os estudantes, mas para a sociedade mato-grossense, para o Brasil inteiro - acredito -, e que está hoje naufragada, que está no descrédito, não tem credibilidade. Inclusive, como o nosso amigo ali colocou, quando alguém chega em algum lugar para falar em nome da AME, no mesmo momento é barrado por causa de tantas coisas erradas que já fizeram as gestões passadas.

Agora, eu acho que nós temos condições de reaver isso, nós temos condições de tocar esse barco para a frente, reverter esse passado negro, ou melhor, esse passado escabroso, e fazer com que esse movimento brilhe novamente. Eu acho que depende de nós. Nós que estamos à frente, nós que somos estudantes e militantes do movimento estudantil, depende de nós. Acredito que se unirmos as forças a gente vai conseguir fazer com que a AME tenha uma identidade novamente, com crédito, e os estudantes voltem a fazer aquele movimento que nós fizemos anteriormente, como fizemos em 1994 e 1995 junto com essa “galera” aqui que é “fera” em movimento estudantil.

Então, eu vou finalizando, dizendo que a gente lamenta por isso, mas que não podemos cruzar os braços e não podemos esmorecer por isso. Nós temos condições, sim, de reerguer essa questão aí. Muito obrigado (PALMAS).

O SR. PRESIDENTE - Com a palavra, o Sr. Joelcirney Santos Klimaschewsk, Vice-Presidente da AME, componente da Juventude do PMDB e Assessor do Deputado Wilson Santos.

O SR. JOELCIRNEY SANTOS KLIMASCHEWSK - Boa-tarde! Trago aqui um abraço, em nome do Deputado Wilson Santos, que está

recebendo muitas pessoas, e, portanto, não vai poder estar aqui presente. Deputado Eliene, demais companheiros da Mesa, especialmente os Presidentes

aqui presentes, eu gostaria de parabenizá-los pelo evento. Eu vou ser breve, já que são três minutos apenas, e tenho que correr um

pouco.

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Fui feliz em ter sido Presidente, juntamente com uma maravilhosa equipe,

Deputado Eliene, V.Ex.ª que presenciou o nosso trabalho no Grêmio Estudantil da Escola Técnica. Naquela época, nós conseguimos fazer um trabalho inédito na ETF, trabalhando a questão social e a questão política de uma forma bastante coerente, ética, buscando satisfazer a todos os estudantes da Escola. Tive a felicidade de também ser eleito Diretor de Técnicas Agrotécnicas de Escolas Técnicas da AME na gestão “Se unir o bicho foge”, em que o companheiro Cleber foi o Presidente. Nunca deixo de dizer, quando encontro o Cleber, que tenho muitas saudades daquela época, especialmente daquela gestão. Foi a gestão em que nós garantimos muitas coisas e tive a honra de ser o Vice-Presidente na gestão de 91/92, do meu amigo, irmão, ex-vizinho, Clóvis, que aqui está também.

Deputado Eliene, demais companheiros aqui presentes, amigos: naquela época, o que caracterizava o movimento estudantil, a meu ver, era a grande quantidade de grêmios. Grêmios mais fortes, mais atuantes, com lideranças que buscavam sempre a discussão e o debate, principalmente a unidade. Eu me lembro que nenhuma atividade no Liceu Cuiabano era feita sem que o “Presidente Médici”, a Escola Técnica estivessem juntos. Ora nos convidavam para o debate, para a atividade e assim por diante. Nós trabalhávamos em bloco e assim era nas regiões, também, no CPA, no Tijucal, e assim por diante. Hoje, não vemos mais isso como constante.

A questão da meia entrada já foi citada aqui, mas eu gostaria de dizer que essa vitória foi mais bonita na Câmara. Quem acompanhou o processo na Câmara viu como ela foi mais bonita. Foi amarga, foi difícil, foi uma luta de duas, três Sessões, fora as pressões extras. O passe estudantil, a gincana no CPA. Olhem, o sacrifício que uma Diretoria de AME faz!

O diretores da AME são bastante criticados pelos seus professores e diretores das escolas, sacrificam o seu trabalho, o seu tempo de sala de aula e tudo mais, para militar um pouco melhor no seu ofício de diretor de grêmio e de presidente de grêmio. O espírito de equipe que reinava naquela época era bonito de ver. Eu percebia isso, existia um espírito de equipe, o compromisso dos diretores, dos presidentes, era muito maior. Não era questão política, era questão de assumir um cargo e fazer com que aquilo que foi assumido fosse cumprido. Eram realizados seminários nas regiões. Vimos tantos seminários serem realizados! Hoje, não se busca mais a discussão dos problemas das escolas, das regiões. Eram distribuídos vários jornais, panfletos, folders, que eram feitos com o intuito de conscientizar os estudantes das questões do movimento estudantil.

Hoje vemos, com menos quantidade, a mobilização dos grêmios em torno disso e das entidades. As visitas, que os diretores faziam à AME, às escolas, eram constantes. Víamos que todos buscavam o setor, dividiam equipe. Visitava-se as escolas! Hoje não vemos mais isso. Até mesmo a ACES, Associação Cuiabana de Estudantes Secundaristas, e, aqui, eu já critiquei alguns companheiros, dizendo que precisam visitar mais as escolas. Mais ainda! Não está bom! Eu visitei nessas duas semanas onze escolas. Conversei com o Dalton e disse a ele que nessas onze escolas não têm grêmio. São todas aqui em Cuiabá! Não tem grêmio nas onze escolas!

Encerrando, eu gostaria de dizer ao DCE que havia uma parceria forte do DCE com a AME, naquela época. Tem alguns anos que não vemos essa parceria acontecer. Os debates eram constantes. O DCE junto com a AME, unidos em torno dos interesses conjuntos dos estudantes. Falta, ainda, alguma coisa nesse sentido...

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O SR. Hilário Tavares - Da UNIC, também. O SR. JOELCIRNEY SANTOS KLIMASCHEWSK -... Da UNIC, também. Então,

eu coloco tudo isto para que se faça uma análise, para que pensemos um pouco. Convoco a todos para uma visita esclarecedora à Imprensa, para que

possamos buscar todos os meios de nos informar. Já conversamos isso com o Sr. Franco Querendo, com o Sr. Hilário Tavares. Já conversamos isso entre nós! Vamos visitar a Imprensa enquanto ex-líderes e denunciar o que está acontecendo. Nós temos moral para falar sobre o que está acontecendo. Se nós falarmos, os estudantes vão pensar: “Não, realmente, alguma coisa foi feita antes e não está certo agora.” Não vão fazer carteirinha com essa diretoria que está aí, mas sim com uma diretoria respaldada pela ACES, que hoje começa forte, pelo DCE, que está forte, por gente que está trabalhando no movimento e não por esses que aí estão...(O SR. PRESIDENTE FAZ SOAR A CAMPAINHA, COMUNICANDO AO ORADOR QUE O SEU TEMPO ESTÁ ESGOTADO).

O SR. JOELCIRNEY SANTOS KLIMASCHEWSK - Essa é a primeira proposta, Deputado Eliene. Já estou fechando.

A segunda proposta é marcar uma reunião das entidades que formam o COEB, reforçando aqui o que o companheiro Brás colocou, e buscar, realmente, que os estudantes participem, que os grêmios participem, e, se possível, envolver os DCE’s e os CA’s nesse processo!

Por fim, precisamos sair a campo, fundar grêmios, não só a ACES, mas aqueles que estão, de uma forma ou de outra, envolvidos. Eu trabalho na assessoria do Deputado Wilson Santos na questão de juventude. O movimento estudantil está ligado ao meu trabalho. Se a ACES não for fundar os grêmios, nós vamos lá fundar. Estamos aí para somar com quem for. Devemos acompanhar o Hilário e todo o trabalho que essa turma tem feito para fundar grêmios. Agora, não podemos ficar dormindo no ponto. Nós estamos fazendo, alguns estão fazendo, mas outros não!

Quero encerrar as minha palavras agradecendo o espaço e o convite, e dizer ao Brás que tenho saudades da nossa época de militância. Espero ver os novos líderes, que estão começando agora, “botando para quebrar” e fazendo alguma coisa nova pela frente. Obrigado...(PALMAS).

O SR. PRESIDENTE - Encerrando essa parte da Audiência, passamos a palavra ao último inscrito, Sr. Clóvis Rocha, ex-Presidente da AME.

O SR. CLÓVIS ROCHA - Gostaria, antes de tudo, de parabenizar o Deputado Eliene, um companheiro que já conhecemos há muitos anos e que sempre nos apoiou quando participávamos da AME, nos grêmios estudantis, dentro das suas possibilidades. Agradecemos, também, Deputado, sua iniciativa de, hoje, trazer à discussão uma coisa que, para nós, jovens - apesar da cara de vovô-, é de fundamental importância.

Quando iniciamos os trabalhos na AME, lembro-me que uma das primeiras coisas que conseguimos foi recuperá-la, porque a AME tinha alugado uma casa na Rua Comandante Costa e não pagou o aluguel, então, tomaram da AME os móveis e toda documentação. Na minha gestão e do Cleber, nós conseguimos recuperar esses documentos. Estavam lá todos os livros atas da AME, desde a sua fundação em 1947, no Rio de Janeiro. Lá estavam as documentações, inclusive, do imóvel que a AME tinha no Rio de Janeiro, que é uma sobreloja que ficava no centro e depois a AME vendeu essa sobreloja. Ela conseguiu com o Governo do Estado, na época de Pedro Pedrossian, no seu primeiro mandato, o restante do dinheiro para comprar um imóvel na Praia do Flamengo. Esse imóvel, só para que todos

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tenham uma idéia, tem um anfiteatro com seiscentos lugares. Essa é uma das partes do imóvel. Inclusive, costumávamos brincar, na minha gestão, que aquele imóvel era de meio brasileiro, apenas, porque a única coisa que tinha de nacional lá era o cimento, a areia e o cascalho, o resto era tudo importado. Tudo veio de Portugal, da Europa. Esse imóvel é um bom patrimônio, pois na época fizemos um levantamento, e hoje teríamos, se a AME conseguir recuperar, uma independência financeira, pois seria possível comprar um edifício de dezoito andares em Cuiabá, totalmente mobiliado, ou seja, a independência financeira da AME estaria garantida.

O problema é que, quando nós visitamos o Rio de Janeiro, conversamos com o

Governo, na época, o Exm° Sr. Leonel Brizola, Presidente Nacional do PDT. Conversamos com o restante do seu secretariado e começamos um trabalho, mas acabou o nosso mandato e, infelizmente, não foi dado seqüência a esse trabalho.

Agora, o que eu gostaria de colocar, gente... (NESTE MOMENTO O SR. PRESIDENTE TOCA A CAMPAINHA E PEDE LICENÇA AO

ORADOR) O SR. PRESIDENTE - Eu gostaria de convidar a Deputada Serys Slhessarenko,

que acabou de chegar, para fazer parte da Mesa. O SR. CLÓVIS ROCHA - A Deputada me deu muita carona para o interior do

Estado, porque nós andávamos muito de carona de caminhão. Como eu gostaria de colocar, gente, todo o movimento estudantil, desde

quando começou sua história, no auge de 1968 ou anterior a isso, ou depois disso, nós só conseguimos mobilizar os estudantes quando conseguíamos transmitir, na linguagem dos estudantes, o que estava acontecendo fora. Nós só conseguimos levar os estudantes, em 68, para a rua, não só por causa do golpe militar, mas pela cassação das liberdades democráticas que houve naquela época. Nós só conseguimos colocar os estudantes nas Diretas Já, em 86, pela necessidade que os estudantes tinham da democratização, e só aconteceu quando conseguimos traduzir isso na linguagem deles.

Desde quando existe o movimento estudantil, nós já discutíamos a necessidade de ter uma escola pública, gratuita, de boa qualidade e voltada para toda população. Esse discurso de escola pública existe desde quando se iniciou o movimento estudantil nesse país, desde quando criaram os sindicatos, as associações de professores. Agora, o que está acontecendo hoje é que, infelizmente, a coisa mudou e nós, os líderes, não estamos conseguindo traduzir o quadro que se tem hoje para a linguagem dos estudantes, não estão conseguindo mobilizar os estudantes para defender o que é deles, para defender as suas necessidades. Quem vai ser prejudicado com a privatização do ensino público não somos só nós, não são só os nossos alunos, são os nossos filhos, são os nossos netos.

Então, o que a gente tem hoje a fazer é transmitir isso, nessa posição, numa linguagem fácil, compreensível aos estudantes, expondo as suas necessidades, porque muitas vezes nem eles sabem o que está acontecendo. Muito obrigado (PALMAS).

O SR. PRESIDENTE - Nós vamos conceder cinco minutos à Deputada Serys, que por outros motivos não pôde estar aqui antes, para que ela possa também externar a sua posição a respeito do movimento estudantil, da sua organização, da comemoração dos 50 anos da AME.

Com a palavra, a Deputada Serys Slhessarenko.

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A SRª SERYS SLHESSARENKO - Obrigada, Deputado Eliene, em nome de quem eu saúdo e cumprimento toda a Mesa, e faço um cumprimento especial a todos os presentes:

Em primeiro lugar, quero dizer que estivemos, aqui, antes do começo, mas tínhamos um compromisso distante daqui, e o temporal lá fora está feio, violento. Tomamos muita chuva, mas não podíamos deixar de passar aqui. Nós fizemos um esforço grande para chegar aqui, e pegar, pelo menos, o final. Ainda bem que conseguimos!

Eu acho que essa questão de discutirmos o movimento estudantil é muito importante. Não sei o que já foi discutido aqui, vou ser repetitiva com certeza, mas acho também que não faz mal. Nós sabemos a história do movimento estudantil em nosso País, o papel fundamental, decisivo e determinante de muito tempo até os dias atuais, com certeza. Hoje, às vezes, nós ficamos preocupados com os estudantes que, há tão pouco tempo, fizeram uma mobilização determinante, decisiva em termos de transformação política neste País, e agora estão encontrando certas dificuldades.

Nós sabemos que toda organização popular, organização sindical, organização estudantil, todas as espécies e formas de organizações estão tendo dificuldades, no momento atual. A Educação não está diferente, e nós vimos tudo o que o Sr. Fernando Henrique tem feito e está fazendo contra a Educação.

Eu acho que todos os senhores são sabedores que ele tirou, só para citar um exemplo, das Disposições Transitórias da Constituição, a questão da Erradicação do Analfabetismo. Com certeza isso deve ter sido falado aqui, hoje. Parte-se do princípio de que não tem mais analfabeto no País. Não há mais recursos para a Educação!

Nós sabemos que são em torno de 30 milhões de analfabetos no Brasil, independente da idade. Nesse País, cuja Constituição diz que tem que haver uma vaga na escola pública, independente da idade, se um senhor com 70 anos de idade bater na porta da escola, pela Constituição, diz que tem que ter uma vaga para ele. No entanto, se ele for analfabeto, ninguém é responsável pelo seu analfabetismo, nem da criança, nem do adulto e nem do idoso, porque não consta mais das Disposições Transitórias. Isso significa que não temos mais analfabetos no Brasil. Isso é uma coisa extremamente grave, gravíssima. Isso sem falar - o meu tempo está acabando -, na facilidade com que ele está conduzindo a questão das privatizações das escolas públicas. Isso aí é outra questão extremamente pano de fundo, é grave, é séria. E aí alguns dirão: “E, agora, o que vamos fazer?” Nós temos que nos organizar, nós temos que nos mobilizar Agora mesmo eu recebi um convite para a posse de um grêmio estudantil, e eu tenho ido a vários. O caminho é por aí: a organização, a mobilização, a partir das escolas, e das escolas irmos para as ruas. Enfim, essa é a saída!.

A gente vê aqui em Mato Grosso - não precisa ir longe, eu peguei o Fernando Henrique com a questão do analfabetismo, mas aqui em Mato Grosso - o que o Sr. Dante de Oliveira está gastando com a Educação? Está devendo 33 milhões para a Educação só este ano, dos 25%. Aí, quando chegar no final do ano, ele faz uma manobra de papel e acaba dizendo que gastou os 25%. Isso era até o mês passado. Está lá documentado, 33 milhões de reais, que deveriam ter sido repassados, dentro do percentual dos 25%, para a Educação do Estado, aliás, pela Constituição, deveria ser 35%. Como existe uma ADIN etc, etc. Inclusive eu acho que se existe a vontade política joga-se a ADIN no lixo e faz valer o que é melhor e mais importante para a Educação, que seria a aplicação dos 35%. Ele não está fazendo isso e, o que é pior, dos 25%, em 1997, ele já está devendo 33 milhões - eu não me recordo se até o final de julho ou final de agosto - parece-me que até o mês de agosto. Eu tenho esse documento.

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Quer dizer, isso é grave? É gravíssimo! Porque recursos para a Educação é vontade política e tendo vontade política tem recursos. Eu posso até dizer que a Educação tem que ser pública, gratuita, de boa qualidade, tem que ter isso, aquilo, aquilo outro e etc., só no discurso. Não interessa! Eu tenho que ter o discurso e o recurso, sob pena de realmente não existir a vontade política.

Então, eu deixo aqui esse meu recado. Eu agradeço ao Deputado Eliene por ter me oferecido esse tempo final, por isso eu estou tentando ser obediente e não romper muito o tempo. Um abraço grande a todos.

Quero, ainda, dizer que a gente está aí na Educação, brigando, sempre juntos, com a organização dos grêmios. Botem para quebrar por aí que vocês vão longe e vão chegar aonde tem que chegar, com certeza. Muito obrigada.

O SR. PRESIDENTE - Agradecemos também a presença do Marcinho Lacerda, que acabou de chegar, infelizmente, já no fim, mas veio nos prestigiar.

Antes de encerrar, eu gostaria de tecer alguns comentários. Acho que se quisermos fortalecer o movimento estudantil tem que ser a partir

dos grêmios. Quando o Joelcirney era meu aluno e assumiu o grêmio da Escola Técnica,

nós tivemos sérias divergências, porque eu sempre preguei que aluno tem que fazer política sem prejuízo do aproveitamento escolar. Isso talvez tenha sido um dos fatores que mais enfraqueceu os grêmios, a má imagem do alunado que fazia o movimento estudantil perante os professores. Por quê? Porque o professor não gosta do aluno que está faltando. Quem está no movimento fica entusiasmado e não quer assistir aula, ele quer fazer o trabalho de estruturação. Então, eu sempre defendi esse ponto de vista, por isso eu e o Joelcirney tivemos “trombando” várias vezes na Escola Técnica. Se bem que o Presidente do Grêmio que sucedeu o Joelcirney até me pediu apoio, aliás três candidatos, e eu disse: Agora, eu vou apoiar nesta eleição quem trouxer o boletim escolar com melhor aproveitamento. Ganhou o candidato apoiado pelo Joel, continuou com o bom aproveitamento, mas foi um péssimo Presidente de grêmio.( RISOS NA PLATÉIA)

Então, é uma coisa complicada você conseguir conjugar as duas coisas. Realmente, fazer política estudantil foi um prejuízo no aproveitamento escolar.

Eu quero deixar o meu gabinete à disposição para esta estruturação. O Dalton, como eu já disse, trabalha comigo, é ex-Presidente do Grêmio da Escola Agrotécnica de São Vicente, é muito esforçado neste sentido, é um estudante de História. Eu gostaria de fazer uma proposta para que se formasse, como o Joelcirney citou aí, uma comissão de ex-dirigentes para reativar o movimento.

Cadê a AME? Porque o sujeito não pode botar a AME no embornal e sumir para Rondonópolis. A gente não sabe onde ele está, nem o que ele quis fazer. Eu acho que nós podemos criar o movimento “Cadê a AME?”

Como disse o Clóvis a respeito do imóvel do Rio de Janeiro: será que se esse espaço - se ele ainda tiver sob a responsabilidade da AME! -, fosse vendido, não daria para estruturar aqui a AME, ou que seja a ACES, e se chegar a um acordo e fundar realmente uma entidade que possa organizar a classe estudantil, que está esfacelada?

Quando Vereador, eu apresentei um Projeto que tratava do passe livre. Hoje, os Vereadores Reinaldo e João Batista tentam dar prosseguimento - o Vereador Mário Nadaf também buscou essa bandeira - mas isso é impossível de se tornar realidade, na minha avaliação. Quem normatiza a questão do transporte urbano? É uma comissão existente em

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cada município e ela, hoje, mostra claramente, que quem usa o transporte coletivo é a classe menos favorecida da sociedade. Hoje, se aumentar o valor - e vai ter que aumentar - você vai repassar para a categoria mais pobre da sociedade! É aí que está, essa Comissão não concorda de jeito nenhum nesse sentido. E não adianta pressionar. Eu pressionei, na ocasião, e não teve jeito. Hoje, eu sou favorável ao passe livre e batalhamos por isso. Apesar de que seria jogar para a classe menos favorecida da sociedade mais um ônus, que é, comprovadamente em pesquisas, a classe que mais utiliza o transporte coletivo. Mas, eu defendo essa bandeira do passe livre. Fui o primeiro a apresentar na Câmara, depois tem esses outros Vereadores que estão defendendo. A questão da meia-entrada, também temos que batalhar para que as entidades levem isso avante.

Eu acho que valeria a pena fazer o que o Brás sugeriu: abandonar tudo e recompor a AME. Na verdade, não precisa abandonar nada, mas dar um pouquinho de tempo a mais para fazer realmente a recomposição, reconstituir um organismo que tem 50 anos de existência, que foi tão importante para a história do Estado de Mato Grosso!

E, a busca dos documentos... Há poucos dias atrás eu estive numa localidade chamada Água Fria, aqui no Município de Chapada, e presenciei ali um Prof. de História que lançou um concurso para que os alunos buscassem entre os velhinhos, as pessoas que conheciam a história da Água Fria, no sentido de fazer um documento, de elaborar um documentário sobre o que era a Água Fria.

Buscando algo para falar sobre a AME, nós achamos que também não existe nada hoje. É tão difícil encontrar algo que possa conter informações da AME, há vinte, há trinta, há quarenta anos atrás, a não ser nesta ocasião em que todos os ex-Diretores, os ex-Presidentes estão aqui presentes.

Então, nós podíamos também - esse grupo que está aqui, essa Comissão - buscar a história da AME, no sentido de fazer um documentário, que não fosse talvez original, mas que tivesse, a partir de agora, dados que pudessem ser utilizados quando você quisesse falar sobre a AME.

Quero agradecer a presença de todos, da Deputada Serys Slhessarenko,

embora tenha chegado no final, mas realmente, ela passou aqui antes; da Srª Ernany Pessoa, que está aqui representando o SINTEP; dos companheiros nossos do PSB; dos representantes da ACES; do Prof. Benedito Rubens, Advogado, representando aqui o nosso Prefeito Roberto França; do Benedito do DCE, de todos vocês que estiveram aqui, dos alunos que já foram embora por questão do horário.

Finalizando, peço para que todos fiquem em pé para que possamos ouvir o Hino do Estado de Mato Grosso.

(NESTE MOMENTO, É EXECUTADO O HINO DO ESTADO DE MATO GROSSO - PALMAS.) O SR. PRESIDENTE - Está encerrada a presente Sessão Especial (LEVANTA-SE

A SESSÃO).

Revisada por Maria Aparecida


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