Download - asilo padre cacique

Transcript
Page 1: asilo padre cacique

RESPONSABILIDADE SOCIAL

16 Jornal do Comércio - Porto AlegreJCJCEmpresas & NegóciosSegunda-feira, 14 de março de 2011

Um lar de repouso e alegriaAsilo Padre Cacique oferece aulas decanto, artesanato, dança e informática aidosos em situação devulnerabilidade social

Há 15 anos, Loreni (d) ensina canto aos moradores da ins! tuição

Giordano Benites Tronco, especial para o JC

Não existe idade para parar de aprender. Pedro Viega de Freitas que o diga. Aos 75 anos, o residen-te do Asilo Padre Cacique dá agora os primeiros passos no mundo da informática. “Por enquanto estou aprendendo o teclado. Meu conhe-cimento de português é pouco e nunca usei máquina de escrever, mas aos poucos a gente vai pe-gando o jeito”, diz o aposentado, que, apesar da pouca experiência no mundo digital, tem muita von-tade de aprender.

A aula de informática é uma das diversas atividades que o Pa-dre Cacique oferece para os seus 150 residentes, em sua maioria idosos sem conexões familiares. Rodas de chimarrão, jogos de car-tas, bailes e passeios são outros dos programas proporcionados pela instituição, que existe desde 1892. “Mostramos as atividades e vemos de quais eles mais gos-tam”, relata a assistente social Ju-liana Rosa. Ela conta a história de um morador do asilo que apren-

Escola de samba leva idosos para odes!ile de Carnaval no Porto Seco

Residentes desÞ laram com fantasias doadas pela comunidade

Os residentes do Padre Cacique tiveram umCarnaval especialmente animado neste ano. Elesdesfi laram junto com a escola de samba EsporteDá Samba no Carnaval de Porto Alegre, no Com-plexo Cultural do Porto Seco. A escola é ligada aoprojeto social da Secretaria Municipal do Esportede mesmo nome, que leva ofi cinas de bateria, mes-tre-sala e porta-bandeira a crianças de comunida-des carentes.

A Esporte dá Samba proporcionou um encon-tro de gerações ao convidar os idosos para desfi lar

junto com crianças de 70 comunidades diferentes. A madrinha da escola foi a ginasta Daiane dos Santos.

O tema do desfi le foi Educação, mas os convi-dados do Padre Cacique estavam livres para usar as fantasias, maquiagens e enfeites que quisessem - a maioria adquirida através de doações. Elza Pa-checo dos Santos, uma das que desfi laram, pediu uma fantasia de palhaço e a recebeu através de uma doação. “Queria fazer uns números de palha-ço no desfi le”, brinca.

deu a usar a internet nas ofi cinas.“Recentemente ele recebeu um e-mail, onde a família disse que eletinha virado bisavô.”

O estabelecimento proporcio-na também atendimento médico,odontológico, psicológico e nutri-cional. De acordo com a diretoratécnica do Padre Cacique, CristinaMesquita, 60% dos moradoresnecessitam de cuidados médicos.“Temos só uma médica na casa.Se o morador precisa de um exa-me, é encaminhado para a redepública de atendimento.” Os aten-dimentos odontológicos são feitospor alunos de Odontogeriatria daUfrgs. O IPA possui uma parceriade estágio com a instituição paraos alunos de Serviço Social, Nutri-ção e Fisioterapia. Mesmo assim,há ao menos um profi ssional con-tratado em cada uma das áreas.

Para entrar no asilo, o idosopassa por uma triagem. É neces-sário ter mais de 65 anos, ganharno máximo dois salários-mínimospor mês e dispensar cuidadosespeciais, como ajuda para ir aobanheiro. Mesmo para os que seenquadram nos pré-requisitos, háfi la de espera, pois a falta de apoiofi nanceiro impede a instituição deabrigar mais de 150 pessoas. Comexceção da Kalykin, indústria quí-mica que doa material de higiene,não há empresa com contribuiçãomensal fi xa à instituição, o que fazcom que esta dependa das doaçõesde pessoas físicas. Os moradoresdo Padre Cacique vendem no local

os artesanatos, pães e cucas pro-duzidos, cuja renda ajuda apenas a fi nanciar os passeios.

Alguns colaboradores prefe-rem contribuir doando seu tempo e disposição e organizam ativida-des com os moradores. Um exem-plo é a voluntária Loreni Agüero, que ministra há 15 anos a aula de coral, onde os idosos soltam a voz acompanhados por uma banda que inclui violão e outros instru-

mentos. Entre os instrumentistasestá o morador do asilo, Gibraildos Santos, de 68 anos. “Giba”toca meia-lua, mas diz que seu ta-lento é cantar. Costumava se apre-sentar por diversão com grupos debolero e tango, tendo cantado embares não só no Brasil como emoutros países. Ele nunca recebeueducação musical. Lembra, commuito orgulho, da vez em que umprofessor de canto da Ufrgs visitou

o asilo e ouviu-o cantar. “Pergun-tei se ele podia me passar umaslições. Ele respondeu que eu nãotinha mais nada para aprender,eu é que deveria ensinar”, conta.

Histórias como a de Giba sãoa recompensa dos voluntários.Loreni valida este pensamento:“Eles me contam as suas históriase aprendo muito com eles. A genteaprende com os mais velhos, poiseles têm mais experiência.”

MA

RC

ELO

G. R

IBE

IRO

/JC

FR

ED

Y V

IEIR

A/J

C

!"

Top Related