Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 40º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Curitiba - PR – 04 a 09/09/2017
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As Tecnologias de informação e comunicação (TIC) como estratégia de
disseminação e uso de conteúdo religioso por líderes de Comunidades católicas em
Campina Grande-PB1
Emilson Ferreira GARCIA JUNIOR 2 Edvaldo Carvalho ALVES3
Robéria Nádia Araújo NASCIMENTO4
Resumo
Analisa as estratégias de disseminação e uso da informação religiosa por meio das
tecnologias de informação e comunicação (TIC) pelos líderes das comunidades
católicas: Pio X, Remidos no Senhor e Obra Nova da cidade de Campina Grande –
Paraíba. De natureza qualitativa e tipo descritiva, o nosso estudo adotou como
ferramenta de coleta de dados, a entrevista semiestruturada no diálogo com os líderes
religiosos das agremiações referidas. Para a análise dos dados, optamos por adotar a
técnica de categorização da Análise de Conteúdo (AC). Os resultados apreendidos
evidenciam uma presença forte por parte das entidades católicas Pio X e Obra Nova no
ciberespaço, especialmente em sites e redes sociais, enquanto que a Remidos no Senhor
investe de forma mais personalizada. Em todas as citadas, o objetivo central é ressoar às
ações da comunidade e agregar novos membros.
Palavras-chave: TIC. Líderes. Comunidades católicas.
Introdução
Nas últimas três décadas, a mídia transformou-se num espaço em que diversas
vertentes buscaram visibilidade, seja na compra de horários em rádios ou televisão,
como na aquisição de emissoras de TV. Os evangélicos obtiveram êxito nessas referidas
1 Trabalho apresentado no DT 05 – Comunicação Multimídia do 40º Congresso Brasileiro de Ciências da
Comunicação.
2Professor Substituto na área de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na educação –Campus Sumé/PB-
Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e professor do curso de jornalismo das Faculdades Integradas de
Patos –(FIP). Mestre em Ciência da Informação (UFPB). Email: [email protected]..
3 Professor Doutor do Departamento de Ciência da Informação e do Programa de Pós-Graduação em Ciência da
Informação (PPGCI) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). [email protected].
4 Professora Doutora do Departamento de Comunicação Social da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).
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empreitadas, e viram o número de adeptos crescerem substancialmente. Essa
participação estende-se em diversas outras esferas midiáticas, como na música (gospel)
e na divulgação de grandes concentrações.
A reação católica veio com os showmissas de Padre Marcelo e no investimento
em canais com programação 100% religiosa, como a Canção Nova. Celebrações em
praças públicas começaram a ser incentivadas como forma de demonstrar a força e a
solidez institucional. A ascensão de sacerdotes como Padre Fábio de Melo e Padre
Reginaldo Manzoti, demarcou a ofensiva em outros campos, como na literatura e na
internet.
Para além do ramo cristão, a doutrina espírita é regularmente reverberada no
cinema, nas obras de Zíbia Gasparatto e na teledramaturgia global. Enfatiza-se a
abertura da programação de emissoras laicas, às apresentações dos músicos religiosos,
uma incessante aposta que traz significativa repercussão e bons índices de audiência.
Atrelado a tal sutuação e concatenados ao amplo universo que abrange o
sagrado midiatizado, nos debruçamos nessa jornada investigativa, sobre a Igreja
Católica e suas comunidades carismáticas: “PIO X”, “Remidos no Senhor” e “Obra
Nova”. O conceito de comunidades católicas surge no Brasil na década de 80, oriundo
da Renovação Carismática Católica (RCC) que avançou pelas paróquias de todo o país
no mesmo período. As também chamadas “comunidades novas” é constituída por
leigos5 consagrados e clérigos que adotam uma nova proposta de evangelização
inteiramente atenta aos princípios doutrinais e as exigências do Concílio Vaticano II
(1962-1965) que remodelou a ação da Igreja no mundo.
Cada agremiação referida, no âmbito das ciências sociais, pode ser entendida
como um grupo de pessoas que compartilham experiências, trocam informações e são
continuamente formadas por líderes religiosos (DAYRELL, 2002), segue filosofias
parecidas, como a convivência comunitária, a missão contínua, círculos bíblicos,
festivais artísticos e direcionamento espiritual.
No contexto da Ciência da Informação, uma área que estuda as atividades de
geração, coleta, organização, armazenamento, recuperação, interpretação, transmissão,
transformação e utilização da informação, acreditamos na pertinência da discussão que
abrange a midiatização e seu fundamento em novas materialidades, novas linguagens,
sensibilidades, saberes, escrituras que demarcam a relação de vários campos com a
5 Na Igreja Católica, o leigo é aquele que não recebeu o sacramento da ordem, que confere o grau de
sacerdote.
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mídia. Na nova ambiência midiatizada, as informações circulam com maior densidade,
alcançando o maior número de usuários, conseqüentemente, adquirindo maior
percepção.
Nessa perspectiva, nossa proposta de discussão integra a primeira parte da
dissertação intitulada “As tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) como
estratégia de disseminação e uso de informação religiosa pelas comunidades católicas
de Campina Grande-PB”. Com o intuito de apresentar os resultados apreendidos na
pesquisa acima, trazemos o desenvolvimento teórico e o trabalho de campo realizado na
primeira etapa do estudo, que foram a identificação das tecnologias de informação e
comunicação utilizadas no processo de disseminação da informação religiosa pelas
comunidades; a classificação dos conteúdos de informação religiosa presentes nas
estratégias de disseminação por meio das Tecnologias de Informação e
Comunicação(TIC) e a descrição das dificuldades e / ou obstáculos na disseminação de
conteúdos de informação religiosa.
Metodologia
Com o intuito de perscrutar as técnicas de disseminação e uso da informação
religiosa por intermédio das TIC pelos líderes das comunidades católicas “Obra Nova”,
“Remidos no Senhor” e “Pio X” é fundamental traçar um itinerário metodológico que
seja adequado ao universo a ser explorado. Nesse horizonte, ressalte-se a compreensão
de Minayo (2010, p.14) que entende a metodologia como “o caminho do pensamento e
a prática exercida da abordagem da realidade”. Ainda segundo a autora, tal jornada
protagonizada pelo pesquisador inclui simultaneamente três enfoques, “o método, as
técnicas e sua experiência pessoal”.
As revisões de literatura produzida bem como as aferições realizadas em eventos
importantes dos respectivos objetos de estudo, as comunidades católicas, fornecem
bases para a confecção de alguns levantamentos teóricos e estatísticos. Esses passos
preliminares são naturais quando se pretende montar hipóteses que poderão ser
ratificadas ou negadas na trajetória final da pesquisa. A nossa proposta investigativa é
de natureza qualitativa, onde realizamos três entrevistas semi-abertas, o que nos
oportunizou perceber os códigos, idéias, sentimentos e valores que extrapolam as
mensagens assimiladas no diálogo proposto.
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. O uso da pesquisa qualitativa envolve a multiplicidade das perspectivas e de
seus agentes, ela faz a pensar as necessidades específicas dos meios socioculturais.
Permitindo, de certa maneira reconceituar as problemáticas sociais, a partir das induções
a respeito dos hábitos e representações Minayo; Sanches (2003).
Considerando que na nossa modalidade de pesquisa o foco não é apenas a
quantificação, mas a apreciação dos fenômenos e a conferência de conceitos, a presente
investigação é de natureza descritiva, assim compartilhamos com a reflexão de
Sampieri, Collado e Lucio (2006, p.100), que aponta como objetivo do pesquisador
“descrever situações, acontecimentos e feitos, isto é, dizer como se manifesta
determinado fenômeno”.
O trabalho de campo é uma das mais importantes etapas da pesquisa, pois
possibilita uma visão profunda da realidade que originou uma problemática a ser
respondida e também, suscita uma interação com os atores integrantes do contexto
escolhido para a investigação.
A Obra Nova é formada por homens e mulheres, casais e celibatários, procura-se
viver o chamado tendo como modelo a Trindade Santa, por isso, dentro de uma única
Obra vive-se na diversidade das formas de vida. A comunidade Obra Nova é formada
pela comunidade de vida, comunidade de aliança e aliança residencial. A comunidade
de vida é formada por pessoas que deixaram suas casas para se dedicarem integralmente
a serviço da evangelização, pelo resgate e salvação integral do homem. A comunidade
de aliança é formada por irmãos que não residem nas casas comunitárias, mas assume
de forma consciente tal missão de consolar o Coração de Jesus, evangelizando em seus
ambientes de trabalho, de estudo e de lazer, testemunhando o Cristo perante todos
aqueles com quem convive.
A comunidade de aliança residencial é uma experiência nova dentro da
comunidade, é “um novo dentro do novo”. São irmãos que moram em casas
comunitárias, porém continuam em seus empregos e de forma intensa vivem o chamado
de ser Obra Nova. O movimento se sustenta por benfeitores, através de doações
mensais, pelos retiros, shows de evangelização, e encontros de formação promovidos
pela comunidade. Têm-se ainda uma livraria onde se vende artigos religiosos e
materiais produzidos pelos próprios membros.
Na Remidos no Senhor, o processo vocacional dura dois anos e inclui um
período de convivência. A formação inicial se processa em duas etapas subsequentes:
postulantado e discipulado. Essas etapas são concluídas normalmente entre três e quatro
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anos. Após isso, realiza-se a consagração temporária, renovada anualmente por seis
vezes, ocasião em que o membro começa a se preparar para a consagração definitiva.
A Associação Carismática Católica São Pio X é uma entidade privada de direito
civil fundada em 16 de novembro de 1998, com Registro Civil sob n.º 19941, Livro A-
05 no Cartório de Registro da cidade de Campina Grande. Tem como objetivo a
manutenção e representação civil da ação assistencial, educacional e filantrópica da
Comunidade de São Pio X. Além de ser a entidade responsável pela realização do
Crescer – O Encontro da Família Católica. assistencial, educacional e filantrópica da
Comunidade de São Pio X. Além de ser a entidade responsável pela realização do
Crescer – O Encontro da Família Católica.
Com os líderes das 03 agremiações pesquisadas, 01 representante para cada uma
delas, foi efetuada uma entrevista semiaberta, por ser adequada para a abordagem
quantiqualitativa que propomos. “Os dados não são apenas colhidos, mas também
resultado da interpretação e reconstrução do pesquisador, em diálogo inteligente e
critico com a realidade” (DUARTE, 2005, p.62-63). Os encontros ocorreram nas
respectivas sedes e tiveram uma duração média de 01 hora.
A entrevista possibilitou captar as intenções implícitas das mensagens, porém
deve se atentar para as possíveis distorções que prejudicam a essência do que foi
transmitido. Para Duarte (2005, p.68) “a amostra em entrevistas em profundidade não
tem significado visual, ligando à capacidade que as fontes possuem para informar de
modo relevante”.
Ainda segundo Duarte (2005), a modalidade de entrevista adotada, semi-aberta,
parte do roteiro base, mas considera o exercício dialógico do processo de interlocução.
Assim, a perspectiva relacional e interpretativa perpassa qualquer intenção de pesquisa
científica, visto que nenhum objeto é dado, mas é construído pelos observadores, numa
trajetória que atravessa todas as etapas, desde a formulação da problemática até os
procedimentos de análise de dados, momento que se respalda no arcabouço teórico.
Destaque-se também, a intenção da Análise de conteúdo em sua sistemática de
deduções, hipóteses e os indicadores descritivos e dedutivos, ou seja, aquilo que se pode
absorver de imediato e os pressupostos que se interligam nas entrelinhas.
A inferência de conhecimentos relativos às condições de produção
(ou, eventualmente, de recepção), inferência esta que recorre a
indicadores (quantitativos ou não). (...) Se a descrição (a enumeração
das características do texto, resumida após tratamento) é a primeira
etapa necessária e se a interpretação (a significação concedida a estas
características) é a última fase, a inferência é o procedimento
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intermediário que vem permitir a passagem explícita e controlada de
uma à outra. (BARDIN, 1977, p.42).
A Análise de conteúdo (AC) como conjunto de técnicas se vale da comunicação
como ponto de partida, “é apropriada para medir a legibilidade de um texto ou
comunicação e, analisar as questões relacionadas com atitudes, interesses e valores
culturais de um grupo” (BATISTA; CUNHA, 2007, p.181). Ela sempre parte da
mensagem e tem por finalidade a produção de inferências sobre as informações
coletadas.
Nesse contexto, para o campo da Ciência da Informação, o método mostra-se
oportuno, pois o ato de inferir significa realizar uma operação lógica, pela qual se
admite uma proposição dos temas em virtude de sua ligação com outras proposições já
aceitas como verdadeiras (DUARTE; BARROS, 2011).
O conceito de informação e a natureza da informação religiosa
Os modos de se captar/traduzir/elucidar a informação deriva também de sua
condição, como bem lembra Le Coadic (2004, p.04), ao sedimentá-la em
“conhecimento inscrito (registrado), em forma escrita (impressa ou digital), oral ou
audiovisual, em um suporte”. Ainda segundo Le Coadic, o que também deve ser posto
como artifício para apreensão, é a arquitetura do artefato, como bem levantado nas
discussões anteriores, as TIC reformulam o status da disseminação e uso conteudístico.
Com o objetivo de conceber uma tessitura conceitual ainda mais abrangente e
justaposta, é salutar que voltemos ao cerne da Ciência da Informação e instauremos
considerações sobre seu campo interdisciplinar nas Ciências Sociais. É o que se
denomina entre os cientistas da área como ‘expansão das fronteiras’, devido a definição
polissêmica da informação. Convém aludir-se a Saracevic (1999) e sua metáfora sócio-
geográfica a pretexto da constituição da CI, ao compará-la como o mapa da Austrália.
Segundo a autora, o campo é recheado em seus limítrofes e disperso em seu interior.
Diferentes perspectivas teóricas contribuem para verdadeiras bifurcações em seu
estatuto epistemológico, já que o objeto de estudo é bastante vasto. “a informação é um
fenômeno tão amplo que abrange todos os aspectos da vida em sociedade, pode ser
abordado por diversas óticas, seja a comunicacional, a filosófica, a semiológica, a
sociológica, a pragmática e outras” (OLIVEIRA, 2005, p. 19-20).
Na comunicação, a informação é associado a um fato ou notícia; na filosofia,
pode ser apreendida como base para a busca da sabedoria; enquanto que na sociologia,
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ela tem papel preponderante na investigação dos fenômenos em determinados grupos.
Todas essas demandas exemplificadas promovem o que Gonzáles de Gómez (2001,
p.05) concebe como um “pluralismo metodológico” da CI.
Acerca disso, Rawski (1973, p.11) direciona as suas atenções ao que denomina
de “conhecimento compartilhado em direção a um problema comum”, assim as
múltiplas abordagens que se somam ao trâmite científico, são percebidas como uma
forma de intercâmbio, mais eficiente de chegar-se a solução de determinada
problemática inquirida. Pombo (2003) enxerga esse assunto como um ‘’continuum’, que
em sua ótica parte dos seguintes ângulos mais ou menos equivalentes: coordenação
(pluridisciplinaridade), passa pela combinação (interdisciplinaridade) e chega à fusão
(transdisciplinaridade).
Em suma, a pluridisciplinaridade recruta várias disciplinas na avaliação de
determinado objeto, ela ocorre concatenadamente visando um fim específico, porém
envolvido em uma série de contribuições de outras searas científicas. No que diz
respeito a interdisciplinaridade, Saracevic (1996, p.47), parte da premissa de que
“problemas complexos são tratados de várias formas em muitos campos”.
Apesar disso, tal preceito não invalida, frise-se, a indispensável consolidação
epistemológica. A transdisciplinaridade percorre entre e por intermédio das disciplinas.
Ela busca ir além do que é formulado, sem se descompor ao seu objetivo.
À luz dos levantamentos expostos, chegamos ao seguinte conclusão sobre informação:
dado que é apresentado e passa por um estágio de ‘atenção, decodificação e apreensão’,
que somados à conjuntura e a utilidade, ganha significado e relevância. O sujeito é
motivado por inúmeros fatores, profissional/social (ambiente), apreensão cognitiva
(criação de significados) e reações emocionais (subjetividade). Os desígnios de sua
prática estabelecem pontes de conhecimento e provocam sensações. Assim, o sujeito
esboça a trajetória de assimilação informacional.
Sob esse horizonte, traçamos um quadro que raciocina a respeito da informação
de matriz religiosa, tendo como parâmetro a acepção construída por Santos (2014).
A informação registrada em suporte (tradicional ou digital), que tem
seu significado apreendido por sujeitos que compõem o grupo
religioso que comunga de uma linguagem própria, que pode produzir
conhecimento a respeito das tradições, normas e confissões de fé
típica da instituição que a gera ou apenas a dissemina em seus canais
de comunicação (SANTOS, 2014, p. 50)
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À vista disso, 04 aspectos do conceito acima merecem determinadas
considerações. Inicialmente a forma de registro. As recepções à informação religiosa
comunicada nos diferentes veículos reúnem públicos diferenciados, gerando modos de
apreensão de significados distintos. O programa religioso do rádio atende às
necessidades de uma dona de casa que precisa cuidar do seu lar, porém não se olvida de
vivificar sua pertença doutrinal, atentando-se para os direcionamentos do líder; a
televisão com seus artifícios de imagens e cenarização consegue capturar um foco maior
dos membros; o jornal informativo entregue na igreja, no ônibus ou às ruas, viabilizam
uma repercussão fragmentada e de pouco fôlego, enquanto que a internet por intermédio
da interatividade, desencadeia uma participação de maior longo prazo e respostas
imediatas.
O segundo ponto é a linguagem própria, fruto de um elo com uma coletividade
que partilha saberes, valores e protocolos. É esse sentimento de vinculação que concebe
o entendimento de seu conteúdo, terceiro aspecto. Saliente-se a indispensabilidade
quanto ao entendimento do arcabouço institucional, suporte para a caracterização da
chamada fidelidade religiosa. Por último, o item lançamento das informações, seus
métodos e meios, é razão preponderante pra garantir o êxito funcional da denominação
religiosa, a consistência do vínculo dos fiéis já estabelecidos e o arrebanhamento de
novos componentes.
Origem e expansão das comunidades católicas
A Renovação Carismática Católica, a quem o então Papa João Paulo II definiu
como a “primavera da igreja” fez surgir comunidades religiosas cujos propósitos
seguem a cartilha da Santa Sé, desde a doutrina conservadora até a valorização do líder.
Essas fundações que contam em sua maioria com leigos, valorizam a oração e o
compromisso evangélico do anúncio profético.
A força desses movimentos expressou-se em 2014, no III Congresso Mundial dos
Movimentos Eclesiais e das Novas Comunidades, ocorrido entre os dias 20 e 22 de
novembro, em Roma, Itália. Representantes de mais de 100 entidades de 40 países
fizeram-se presente. Nas audiências realizadas, o Papa Francisco realçou o papel
missionário desses grupos. O primeiro encontro sucedeu em 1998 com o Papa João
Paulo II e o segundo em 2006 com o então Papa Bento XVI, ambos na Praça São Pedro.
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As destacadas agremiações começam a surgir na França na década de 1970 na
França e nos Estados Unidos, chegando ao Brasil uma década depois. Apesar de não
existir dados oficiais, estima-se que exista mais de 500 comunidades católicas pelo
Brasil, segundo levantamento da também comunidade Pantokrator6.
As comunidades de maior ressonância no país são: a “Canção Nova”, fundada em
1978 com sede em Cachoeira Paulista, São Paulo, conta hoje com um sistema de
comunicação que incluem TV, rádio, gravadora e editora. A comunidade “Shalom”,
criada em 1982 em Fortaleza e hoje se estende por dezenas de países, além de realizar
festivais grandiosos como o Halleluya. A “Obra de Maria” também merece atenção
pelo fato de possuir casas de missão em vários estados do Brasil e em mais de 16
países. As peregrinações religiosas lideradas são outro ponto de evidência nas hostes
católicas.
Com vistas a compreender a dimensão coletiva desse fenômeno religioso, é
preciso voltar ao conceito de comunidade, para isso remetemos a Bauman (2001) e suas
reflexões. Para o sociólogo polonês, as características heterogêneas que perpassam o
sentido do coletivo, que é implícito na noção de comunidade, avançaram para a
percepção de indivíduo, o que gera novas combinações estéticas.
A disseminação e uso da informação religiosa pelos líderes nas comunidades
Como evidenciamos na metodologia, com o intuito de atender ao objetivo geral:
analisar as estratégias de disseminação e uso da informação religiosa por meio das
tecnologias de informação e comunicação (TIC) pelas comunidades católicas: PIO X,
Remidos no Senhor e Obra Nova de Campina Grande – Paraíba, optamos por utilizar a
técnica de categorização (classificação das unidades de informação) presente na Análise
de Conteúdo. As fases descritas foram operacionalizadas na produção das entrevistas
semi-abertas com os líderes das comunidades “Obra Nova”, “Remidos no Senhor” e
“Pio X” e nas induções efetuadas dos dados colhidos. As entrevistas com um líder de
cada agremiação foram realizadas nas respectivas sedes, o ambiente escolhido levou em
consideração a comodidade e a disponibilidade dos mesmos.
6 Comunidade Católica Pantokrator, que em grego significa ‘Todo poderoso’ ou ‘Onipotente’ tem sede
em Campinas, São Paulo. http://pantokrator.org.br/po/
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Com o propósito de atender ao primeiro objetivo específico, fora questionado
aos representantes: Quais Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC)
utilizadas pela comunidade na disseminação de informações?
Maurício Alves Lucena, responsável peto setor da juventude da comunidade
Obra Nova, destacou o uso de:
“Web Site, Web Rádio, Redes Sociais (Facebook, Flickr,
Twitter, etc)”.
Ronaldo José de Sousa, representante da comunidade “Remidos no Senhor”,
reconheceu que apesar de ser um estudioso da mídia, a entidade não realiza uma
constante investida nos meios de comunicação, devido a questões técnicas e a outras
missões prioritárias.
“Esse meio é complexo e existe uma competitividade nele.
Prezamos pela qualidade na difusão. Temos uma rádio na
cidade de Pombal, chamada Bom Sucesso. O nosso site não tem
grande infra-estrutura, mas usamos facebook e emails”.
Chamou-nos atenção o fato de a direção da comunidade primar por envio de
mensagens via celulares, o que concebe na opinião de Ronaldo José, uma atuação mais
“personalizada” e “barata”.
“Enviamos leituras bíblicas, convites, palavras motivacionais.
Esse recurso consegue chegar de maneira mais pessoal e
efetiva”.
O líder da “Pio X”, Gustavo Lucena, frisou o ciberespaço como área central para
a propagação de conteúdo religioso acerca da agremiação. Dentre as três comunidades
investigadas, a Associação PIO X é a que mais produz conteúdo religioso.
Atualmente utilizamos como principal ambiente de
comunicação, a internet. Através dela utilizamos várias
tecnologias, desde as redes sociais, onde temos perfis em várias
redes até a transmissão em áudio e vídeo de nossos eventos de
evangelização. Atualmente estamos implantando dois estúdios,
um de áudio e outro de vídeo, onde iremos ampliar as nossas
atividades de comunicação com maior qualidade. Mas ainda,
dentro das redes sócias, estamos desenvolvendo um sistema de
software para melhor disseminarmos a comunicação pelo
WhatsApp.
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O quadro abaixo ilustra a atuação das mencionadas entidades nas redes sociais e
corrobora no tocante à compreensão do seu uso e potencial ressonância, que se visualiza
nos números constatados anteriormente.
Quadro 1- Participação das comunidades nas redes sociais
REDES SOCIAIS OBRA NOVA REMIDOS NO
SENHOR
PIO X
TWITTER Total Total Total
Postagens 129 Não usa 13, 8 mil
Seguindo 45 - 1.430
Seguidores 215 - 1.933
Fotos e vídeos
compartilhados
12 - 1437
Publicação de
imagens
84 62 4060
Curtidas 5633 625 10210
Postagens 127 - 436
Seguidores 971 - 4040
Segundo 216 - 110
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.
Visivelmente, a Comunidade Pio X é a que mais lança dados nas redes sociais,
atingindo um alto número de publicações, seguidores e compartilhamento. Deduz-se
que um dos motivos que leva a entidade a reunir multidões em seus eventos, é o reforço
da divulgação pelo ciberespaço. A Obra Nova soma um quantitativo considerável de
postagens e repercussão, além de uma razoável assiduidade na internet. A Remidos no
Senhor utiliza somente o facebook como rede social, ignorando assim o Twitter e o
Instagram. Como antecipado pelo líder entrevistado, tal quesito não é uma das
prioridades da citada agremiação.
Com o intuito de responder ao segundo objetivo específico, foi indagado aos três
entrevistados: Quais conteúdos religiosos são selecionados e divulgados através das
TIC? Por que esses conteúdos e não outros?
Maurício Alves Lucena, Obra Nova, pontuou os seguintes elementos:
“Noticias da Igreja Universal e particular; noticias da
comunidade Obra Nova do Coração de Maria; Formações
doutrinais e humanas; artigos sobre temáticas diversas; Critica
de filmes, livros, músicas, entre outros”.
Sobre a razão de divulgar esses conteúdos, Maurício respondeu:
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“Pelo motivo de ansiarmos a evangelização e a formação do
público a ser alcançado. O enfoque de nossa mensagem que o
anúncio Kerigmático”.
Imagem 1- Twitter e Instagram da Obra Nova
Fonte: Obra Nova, 2015
As imagens acima mostram o Twitter oficial com um link para a transmissão das
missas às segundas feiras, às 19h. O intuito é fazer com que a celebração seja
acompanhada por aqueles não puderam estar presentes fisicamente na sede. Além disso,
nessa plataforma, a “assembléia virtual” assiste a cada instante respondendo às
invocações litúrgicas por meio de postagens em tempo real.
A foto do Instagram apresenta um grupo de jovens orando diante do Santíssimo
Sacramento, posto em primeiro plano, com o seguinte título ‘Adoração da juventude’.
Com as mãos elevadas ao céu e os olhos fechados, há uma clara sinalização de uma
transmissão de ‘paz interior’ dos que ali estão.
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Imagem 2- Site da comunidade Obra Nova
Fonte: Obra Nova, 2015.
A imagem de cima exibe o site da Obra Nova. Em destaque, na parte de cima do
lado direito, os canais de interatividade: facebook, twitter, instagram e youtube. Uma
junção de notícias da comunidade e da Igreja Católico no mundo são retratadas na
página inicial. A foto de um jovem e seu testemunho aparece em destaque. O
informativo online traz informações sobre o dia a dia dos agentes da entidade e suas
ações pastorais.
Imagem 3 - Site da comunidade Obra Nova
Fonte: Obra Nova, 2015.
Mais abaixo do portal, as colunas ‘santo do dia’ e ‘testemunhos’ chamam a
atenção, bem como a difusão dos eventos da comunidade. Do lado direito,
“Aconselhamento Obra Nova” imprime um dos mais notáveis trabalhos da entidade.
“Faça seu pedido de oração” redireciona o internauta a uma outra página, onde será
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possível escrever uma prece. Ressalte-se a mensagem ‘Pedi e vos será dado’ (Lc11,9)
que busca suscitar a chamada ‘esperança cristã’ aos interessados. Os vídeos com as
transmissões empreendidas são arquivadas e hospedadas no portal.
O respondente da comunidade Remidos no Senhor, Ronaldo José de Sousa,
elencou dois tipos de informação que são selecionados e divulgados através das TIC,
“Mensagens bíblicas e notícias dos encontros”.
Ambas são transmitidas por notificações via celular, como já frisado. Na
opinião de Ronaldo José, a motivação para essas escolhas, dá-se pela seguinte razão:
“Muitos já usam as redes sociais, daí a necessidade de ser
diferente” e completou “No nosso site, tem informações sobre
nós, tem opções de busca, até com verbetes. Temos a obra em
Campina Grande, Pombal, Lagoa Seca, bairro das Malvinas e
duas missões na Diocese da Bahia”.
Além disso, o referido líder elaborou uma pertinente discussão sobre o processo de
midiatização religiosa, que em sua opinião merece reconsiderações.
Acredito que a mídia não é um veículo evangelizador. Na minha
visão, quem acessa a um canal já tem uma predisposição
religiosa. Eu vi na Canção Nova, 90% era católico praticante.
Eu não atinjo pessoas com o site. Por isso que nos empenhamos
em outras frentes, por exemplo. Eu te dou um exemplo do
restaurante. Há um missionário aqui que tem a missão de
recepcionar as pessoas, falar sobre assuntos normais, criar um
clima de confiança, gerando assim um ambiente de ação
evangelizadora face a face. Agora, claro que a mídia não é
inútil, ela dá visibilidade pública. o resultado da evangelização
é proporcional ao ambiente.
Imagem 4- Site da comunidade Remidos no Senhor
Fonte: Remidos no Senhor, 2015.
No site da Remidos no Senhor, percebe-se uma lacuna de atualização, na parte
focalizada a cima, há apenas uma reportagem na sessão “artigos” do lado direito. No
item “vídeos”, há somente a divulgação de um evento religioso, o que corrobora com a
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reflexão do líder entrevistado. Desde o dia 20 de novembro de 2015, o endereço está
fora do ar
Imagem 5: Facebook da Comunidade Remidos no Senhor
Fonte: Remidos no Senhor, 2015.
No facebook, a rede social é empregada para difundir acontecimentos
importantes, desde retiros até festas patronais. Não há textos religiosos ou expressões de
efeito para canalizar as atenções de quem não conhece o trabalho da entidade, apenas
um meticuloso exercício artístico nos banners compartilhado.
O representante da PIO X, Gustavo Lucena, explanou que por intermédio das
TIC, o grupo promove uma formação humana e doutrinária e realçou que a opção por
esses conteúdos baseia-se na missão da comunidade e nas necessidades apresentadas
pela juventude.
Imagem 6: Twitter da comunidade Pio X
Fonte: Pio X, 2015.
Na figura 1, o twitter estabelece uma ponte com o instagram e o site. Na
mensagem, há a seguinte notícia hoje tem #grupodeoração, o uso da hashtag, com a
intenção de indexar uma discussão e gerar uma teia de compartilhamento.
Imagem 7- Site da comunidade Pio X
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Fonte: Pio X, 2015.
Na imagem acima temos um panorama do sistema de navegação do portal
oficial. Ficam nítidas as notícias da comunidade junto com informações da Igreja
Católica em todo o mundo, além disso, no lado de cima, aparecem os canais de
interatividade, como o facebook, instagram, youtube e twitter e o google plus. A média
de produção de conteúdos nessas plataformas são de 03 a 06 compartilhamentos por dia.
Imagem 8:- Site da comunidade Pio X
Fonte: Pio X, 2015.
Na imagem aparecem as pregações feitas nos eventos da comunidade, bem como
entrevistas. Além do canto esquerdo, ficar visível o que é compartilhado nas redes
sociais. A ilustração do lado direito com os dizeres “Jesus é solidário com os nossos
sofrimentos” é uma súmula da liturgia diária.
Uma novidade adotada nesse segundo semestre pela Pio X e que amplia sua
inserção nos dispositivos tecnológicos é o WhatsApp, aplicativo que permite a troca de
mensagens de forma instantânea. O intento da comunidade é enviar informações sobre
os eventos e conteúdos de fé.
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Imagem 9- Banner da comunidade Pio X
Fonte: Pio X, 2015.
Para os dirigentes, a relatada ferramenta tem oferecido bons resultados por
proporcionar um método ainda mais ágil no contato com os integrantes ou a quem se
interessar. Com a divisão do gerenciamento do dispositivo, a reprodução dos recados
e/ou notícias é muito mais heterogênea e descentralizada.
Produzimos abaixo uma síntese das informações que mais são disseminadas
pelas comunidades. Ao total, elencamos os treze conteúdos7 que mais se replicam entre
as mesmas.
Quadro 2- Resumo dos conteúdos mais disseminados pelas comunidades
CONTEÚDOS OBRA NOVA REMIDOS NO
SENHOR
PIO X
Celebrações X X X
Orações X X X
Mensagens do Papa X X X
Testemunhos de
jovens
X X X
Eventos X X X
Catequese X X X
Textos e reflexões
bíblicas
X X X
Artigos católicos X X X
Dicas de livros
religiosos
X - X
Sugestões de
Filmes
X - X
Notícias da Igreja
no mundo
X -
X
Notícias da Diocese x - X
Temas - - X
7 A letra X indica que a comunidade pesquisada dissemina o conteúdo, enquanto que o traço denota a sua
inexistência na disseminação por intermédio das TIC.
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contemporâneos
Fonte: Dados da pesquisa, 2015.
Como é observado, a Pio X é a que possui uma maior diversidade de dados
expostos nas TIC, seguida da Obra Nova que não indicou muito interesse em exibir
temáticas contemporâneas, como as notícias que envolvem economia, política,
educação, entre outros.
Como já repetidamente reiterada por seu líder, a Remidos no Senhor é a que
menos pluraliza seus assuntos, por não apostar tanto nas TIC. Celebrações, orações,
mensagens do Papa, testemunhos de jovens, eventos, catequese, textos e reflexões
bíblicas e os artigos católicos estão presentes em todos os três grupos e revelam duas
coisas:
A primeira é a conveniência de divulgar os acontecimentos que ocorrem na
entidade e por isso manter o jovem atento às novidades que cercam à comunidade
vinculada. Segundo, a necessidade de manter uma formação religiosa a partir da
divulgação de textos que servem como uma espécie de base doutrinal e aprendizado
contínuo.
Em convergência com o terceiro objetivo específico, foram perguntados aos três
entrevistados: Quais as dificuldades/obstáculos enfrentados para disseminar a
informação por meio das TIC? e Que motivos foram os que orientaram a
comunidade para o uso das TIC como instrumento de disseminação da informação
religiosa?
Maurício Alves Lucena, Obra Nova, salientou os seguintes aspectos:
“Nosso maior desafio é a demanda de produção que a
instantaneidade das TIC exige, apesar disso, a nossa motivação
para o seu está no alcance que estas possibilitam”.
Ronaldo José de Sousa, Remidos no Senhor, considerou a imediata questão:
“Temos o problema prático, da debilidade técnica, mas se eu
tivesse estrutura, estaríamos nas mídias. A repercussão no JPB
de um evento que estávamos organizando foi imenso. É melhor
se inserir nos programas seculares do que em programas
religiosos. A Record entendeu isso. Com relação a segunda
pergunta, acredito que seja melhor investir em veículos
seculares. A inserção na Televisão é muito grande. Atraem mais
pessoas, a maioria já tem uma predisposição religiosa, não é
que seja inútil, já que pode ser um doador, um fiel ativo. A coisa
que funciona é o face a face”.
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Gustavo Lucena, PIO X, pontuou tais enfoques:
“Atualmente a maior dificuldade é no quesito financeiro, pois o
investimento para que se tenha uma informação comunicada
com qualidade e uma beleza plástica atrativa requer
investimento e profissionais qualificados e habilitados. Quanto
às razões para o uso das TIC, a cada dia mais, a informação
religiosa, entendendo aqui a transmissão dos valores
evangélicos e cristão, necessita estar atualizada com os novos
meios e tecnologias, com a possibilidade de não ser mais
“ouvido”. Por haver a necessidade de continuarmos sendo
ouvidos e cada vez com maior alcance é que se motiva avançar
ainda mais no uso das TIC”.
Todos os líderes reconheceram que é complexo o desafio de difundir conteúdo
via TIC, devido a fatores econômicos e de estrutura produtiva. Ronaldo José de Souza,
da Remidos no Senhor, foi o único a sobrelevar o papel do meio de comunicação
secular, por entender a amplitude da audiência. Para os entrevistados da Obra Nova e
Pio X, a capacidade que as TIC têm de atingir a segmentos distantes (físico e
espiritualmente) respaldam a introdução das comunidades nesse canal.
A partir dos diálogos com os líderes, compreendemos que a informação religiosa
se baseia em enunciações no âmbito do sagrado disseminado por meio das TIC pelas
comunidades se operacionaliza e imbrica-se sob duas formas: atração e permanência.
Ambas estão presentes nas estratégias das comunidades estudadas e seus efeitos advêm
da leitura/associação que o receptor possui com a entidade.
A técnica da atração imprime-se mediante a elaboração de significações
provocadas e estimuladas por recursos imagéticos que suscitam um misto de emoção e
empatia, ocasionando um mecanismo de interpretação que altera, divide e reduz a
informação. Nessa circunstância, ocorrem recomposições no saber já estocado, como
aprofunda Barreto (2013) sobre a geração de conhecimento.
A geração de conhecimento pode ser pensada como uma reconstrução
das estruturas mentais do indivíduo realizadas através de suas
condições cognitivas, ou seja, é uma modificação em seu estoque
mental de saber acumulado, resultante de uma interação com um
conteúdo. Essa reconstrução pode alterar o estado de conhecimento do
indivíduo, ou porque aumenta seu estoque de saber acumulado,ou
porque sedimenta saber já estocado. (BARRETO, 2013, P.136)
A alteração acontece porque se subentende que sujeito tem cristalizado em sua
consciência, princípios do arcabouço religioso que se enraíza na cultura. que para
Geertz (2006), é a “síntese do ethos de um povo”. Após uma alteração inicial que causa
desarranjo, modificação e oscilação, a informação apreendida é dividida como forma de
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organização, como que ordenadas em unidades, pudesse obter uma melhor apreciação
daquilo que foi captado. A redução é fruto do exercício de síntese, intencionalmente
realizado como artifício a obtenção de um resultado da interpretação do dado. É uma
tentativa de extrair a essência da informação, devido a superficialidade do estoque
acumulado até antes de seu contato.
Os modos de estratégia de permanência são tecidos a partir de uma relação já
estabelecida com o usuário partícipe de uma vivência de fé. Assim, a circulação
informacional é manuseada e projetada com a reiteração do ser religioso, pautado por
padrões de experiência incorporados em discursos e ritualizações, que superam,
atualizam e ampliam a informação. Nessa ótica, o conhecimento ao aditar novos
saberes, ele aperfeiçoa-se, como indica Jorente (2012).
Os órgãos mediadores da percepção das informações (visão, audição,
tato, paladar e olfato) registram-nas de forma única, exclusiva e
individualizada na construção das representações que passam pelos
filtros da bagagem cognitiva e das perturbações internas. Sobre elas
serão montados esquemas e quadros de imagens constantemente
renovados pela adição de novas experiências, sedimentando de forma
dinâmica o conhecimento (JORENTE, 2012, p.35).
A superação é acionada com a meta de suplantar um depósito informacional que
o sujeito já possua. Com a adição de novos conceitos e acepções, há uma conseqüente
atualização, já que se congregam novos dados a essa etapa. Com o incremento de novos
elementos, o conteúdo é ampliado. Dessa maneira, reafirma-se a imagem do ser
religioso, que vai criar permanentes ramificações de propagação de informação
religiosa
O arquétipo do ser religioso fundamenta-se nos hábitos instaurados no vínculo
com o sagrado no coletivo. Aquilo que se tem como verdade, deve ser permanentemente
rememorizado e colocado à disposição, para como bem apregoa Jorente (2012), ser
suscetível a “filtragem e conformação”. As TIC impulsionam o surgimento do ciberfiel,
que não apenas segue determinado seguimento religioso, como também gerencia uma
cadeia de operações que almeja expandir conteúdo de cunho doutrinário
multimidiaticamente (imagens, vídeos, infografias).
A difusão de conteúdo religioso pelas TIC é uma evidência da acentuação do
caráter privado da religiosidade. Alicerçado nessa observação, o estágio de informação
religiosa de atração orienta-se pela anulação do genérico, para centrar-se na individual,
com discursividades que rebatem o caráter desinstitucional, realça o valor da
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experiência em comunidade e aspira à formação. O fiel virtual pode transfigurar-se em
um freqüentador do templo, como bem sintetiza Carranza (2011, p.221).
No esquema de permanência, o elo com o divino, materializado na participação
de uma agremiação religiosa já é estabilizado. Assim, o que interessa é o seu
aprofundamento, sua reverberação em outros espaços, seu florescimento em novas
camadas. Por isso, o compartilhamento virtual, não é só um exercício de ressonância
subjetiva, mas também de plena militância.
Conclusões
Com o propósito de atender às metas assumidas nesse artigo, optamos por
sistematizar as observações identificadas em cada um dos objetivos estipulados. O
primeiro objetivo procurou identificar as TIC utilizadas no processo de disseminação de
informação religiosa pelas comunidades pesquisadas. Constatou-se uma forte
penetração da comunidade Obra Nova em redes sociais e no lançamento de programas
da entidade em vídeo e na rádioweb, destaquem-se os eventos Acampom que ocorre no
período carnavelesco e o Cristo jovem geralmente no mês de outubro, em sintonia com
as celebrações pelo Dia Nacional da Juventude nas paróquias.
A Remidos no Senhor centraliza suas atenções nos meios de comunicação
seculares, por entender a maior abrangência desses veículos. Seus eventos são
divulgados com maior ênfase em espaços que são conseguidos na TV aberta. Seja nos
grandes acontecimentos como o retiro Enchei-vos ou no encontro de cura e libertação
denominado Levanta-te, a idéia é sempre popularizá-los por intermédio de entrevistas
em jornais locais.
A Pio X é a comunidade que mais usa as TIC para divulgar suas ações, é
também a que mais reúne pessoas em suas celebrações de massa, sendo o Crescer,
evento que acontece durante o feriado de carnaval, o maior encontro católico de
Campina Grande, chegando a somar cerca de 50 mil pessoas. Além desses, o Viver em
Cristo que ocorre no segundo semestre, é também de grande expressão na cidade. Ainda
há um informativo intitulado Frutos e um programa semanal na rádio Campina FM,
denominado Voltai a mim. Recentemente, a referida agremiação adotou um espaço no
whatsApp, no qual compartilha informações de eventos e orações entre os usuários.
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Nos canais de interação das comunidades, há uma limitação de hiperlinks que
estabeleçam uma interconexão com páginas afins e que possa redefinir ou construir
centros de ramificação, “essas zonas, conectar o texto a outros documentos, arrimá-lo a
toda uma memória que forma como que o fundo sobre o qual ele se destaca e ao qual
remete, são outras tantas funções do hipertexto informático”. (LÉVY, 1996, p. 37).
A webtv das comunidade “Pio X” dá uma suavização no design, e não traz um
efeito destoante ao visualizar a página, o que se coaduna com o olhar de Padovani
(2002), “com uma seqüência pode-se perceber o grau de linearidade e de arborescência
da navegação, ou seja, até que ponto o percurso realizado se aproxima de um percurso
linear e até que nível da rede semântica do hipertexto o usuário visitou”.
Os portais da Obra Nova, Pio X e Remidos no Senhor, como bem destacado em
seus princípios editoriais, adota um criterioso processo avaliativo em cada post que é
divulgado e submete os comentários feitos pelos internautas também a uma triagem
específica, que se coadune com a essência da proposta do site. Nesse caso, há uma
restrição interativa para não se perder no foco principal dos administradores: uma
evangelização que perpasse as redes e contribua com a formação religiosa do sujeito e
sua integração à Igreja Católica.
As dinâmicas das relações no espaço social ao qual pertencem as
instituições exigem uma redefinição continua dos comportamentos
legítimos de cada participante. É necessário, portanto, que exista uma
espécie de voz corrente da instituição, mas também que possa ser
aplicada rapidamente. A aplicação ideal desse mecanismo é a criação
de canais de comunicação institucionais, a partir dos quais as divisões
geradoras de comportamento possam ser livremente divulgadas
(MARTINO, 2003, p.85)
No tocante ao segundo objetivo específico, demarcado por classificar os
conteúdos de informação religiosa presentes nas estratégias de disseminação por meio
das tecnologias de informação e comunicação, percebe-se a atenção em somar notícias
que envolvem o trabalho pastoral na comunidade e menções às atividades da Igreja
Católica.
Na Obra Nova, há uma ação mais versátil, que reúne desde reportagens com um
cunho formativo até críticas de filmes e livros que se coadunam com a moral cristã.
Essas intervenções são conseqüências do perfil de seu público. A Remidos no Senhor
adota uma postura de veicular principalmente notícias de formação religiosa, ressalte-se
a resistência do líder em promover o grupo em tempo real pelas TIC, por considerá-las
ineficazes no ponto de vista de arrebanhar novos membros.
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Quanto a Pio X, observa-se uma ampla cobertura do que acontece na
comunidade, desde cenáculos de oração até grandes cerimônias. Com atualização
constante, uma vasta gama de conteúdos é lançada em seu portal oficial concatenados às
redes sociais. Questões que envolvem a doutrina católica, a temática da oração pessoal e
vivência evangélica permeiam às exposições via TIC.
Com relação ao objetivo terceiro, descrever as dificuldades e/ ou obstáculos na
disseminação de conteúdos de informação religiosa, foram relatados a questão da
demanda de produção por parte da Obra Nova, dificuldades financeiras pela Pio X e a
ineficiência instrumental na Remidos no Senhor. Para atingir a instantaneidade inerente
ao ciberespaço é preciso de certa condição orçamentária que abarque suportes técnicos e
material humano.
No contexto plural que se percebe, as expressões de religiosidade podem
produzir novos conceitos e viabilizar reinterpretações de práticas espirituais. Esse
estudo expôs como a visibilidade midiática mediada pelas TIC pode contribuir na
propagação de informação religiosa por intermédio de seus atributos de mobilidade,
inter-atuação e distribuição. Às comunidades católicas examinadas, esse estudo propõe
uma leitura sobre o fenômeno infocomunicacional que se introduz em compasso
exponencial na sociedade e que concebe novos lócus de vivência e prováveis afiliações.
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