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AS MÃOS COMO VEÍCULO DE INFEÇÕES NOSOCOMIAIS
HANDS AS VEHICLE FOR NOSOCOMIAL INFECTIONS
Serrano, Ana; Barbosa, Filipa; Jorge, Gonçalo; Gameiro, Raquel; Rebelo, Rita
Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz
Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas
Saúde Pública
Dezembro 2013
RESUMO
Entende-se por Infeção Nosocomial o
aparecimento de uma infeção proveniente
dos cuidados de saúde podendo resultar,
embora nem sempre, como consequência da
falha de sistemas e processos da prestação
de cuidados. Deste modo, representa um
problema maior da segurança dos doentes e
como tal, de saúde pública. A maioria das
infeções associadas aos cuidados de saúde
são causadas por bactérias e vírus, existindo
três tipos de transmissão possíveis.
O nosso estudo teve como intuito a
sensibilização da comunidade hospitalar
para uma boa prática de higiene, no que diz
respeito essencialmente às mãos, pois estas
estão constantemente em contacto com os
agentes infeciosos.
Palavras-chave: Infeções Nosocomiais;
Mãos; Profissionais de Saúde
ABSTRACT
It is understood that a Nosocomial Infection
is an infection that may result from health
care, although not always, as a result of the
system failure and processes of care
providing. Thus represents a larger problem
of patient safety and as such, public health.
Most infections associated with health care
are caused by bacteria and viruses, there
being three types of possible transmission.
Our study was aimed to raise awareness on
the hospital community to practice good
hygiene, regarding mainly the hands, as
they are constantly in contact with
infectious agents.
Keywords: Nosocomial infections; Hands;
Healthcare Professional
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INTRODUÇÃO
Infeção nosocomial ou hospitalar é
definida como “uma infeção que ocorre
num doente durante a prestação de cuidados
num hospital ou outra instituição prestadora
de cuidados de saúde que não existia nem
estava em incubação na altura da sua
administração. Inclui também infeções
adquiridas no hospital mas que se
manifestam após a alta, assim como
infeções de natureza ocupacional que
surgem nos profissionais da instituição.”
(Organização Mundial de Saúde; Ministério
da Saúde , 2013)
Entende-se assim que o
aparecimento de infeções está ligado à
prestação dos cuidados de saúde como
falhas de sistemas ou processos da
prestação de cuidados e ainda do
comportamento humano. Com isto a
segurança dos doentes fica em risco.
Como tal estas infeções, para além
de aumentarem a probabilidade de morte de
um indivíduo e de aumentarem a sua
permanência no hospital (Barnett, A.; Page,
K.; Graves, N.; Campbell,M.; Martin, E.;
Rashleigh-Rolls, R.; et al., 2013),
constituem um grande problema de saúde
pública, devido às elevadas taxas de
morbilidade e mortalidade associadas.
(Rosineide M. Ribas; Claudete Freitas;
Paulo P.; Gontijo Filho, 2007)
Este tipo de infeções ocorre
principalmente em doentes com
queimaduras graves (devido à perda da
primeira linha de defesa do organismo, a
pele),3 doentes oncológicos, indivíduos nos
extremos de idade e unidades de cuidados
intensivos, (Turrini, R.N.; Santo, A.H.,
2002) ou seja, doentes enfraquecidos que se
encontram no hospital e que adquirem uma
infeção depois de serem tratados para o
problema que já tinham.
A maioria das infeções associadas
aos cuidados de saúde é causada por
bactérias e vírus. (Organização Mundial de
Saúde; Ministério da Saúde , 2013) Neste
caso, os agentes infeciosos com mais
importância são os Staphylococcus aureus
Meticilina resistentes (MRSA), a
Pseudomonas aeruginosa, o Acinetobacter
baumanii
(Leseva, M., Arguirova, M.,
Nashev, D., Zamirova, E., & Hadzhyiski,
O., 2013) e o Staphylococcus aureus com
resistência intermédia à Vancomicina.
(Rosineide M. Ribas; Claudete Freitas;
Paulo P.; Gontijo Filho, 2007) O grande
problema destes agentes é o aparecimento
de multirresistência, neste caso aos
antibióticos, isto é, bactérias com variados
meios para contrariar o efeito que os
antibacterianos (como por exemplo os β-
lactâmicos) causam nelas. A transmissão
dos microrganismos ocorre
maioritariamente através de uma ou mais de
três vias distintas: Transmissão por
contacto, via Aérea e veículos comuns. A
transmissão por via aérea consiste em
microrganismos cuja disseminação passa
pela suspensão no ar e onde são inalados
por um hospedeiro suscetível dentro da
mesma sala. A transmissão por veículos
comuns consiste num objeto inanimado
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contaminado que vai funcionar como vetor
para a transmissão do agente microbiano.
A transmissão com maior impacto,
não só para o nosso estudo mas também a
nível hospitalar, é a de contacto. Esta ocorre
quando um doente entra em contacto direto,
indireto ou por via de gotículas com a fonte.
No contacto direto ocorre interação física
entre a fonte e o doente, nomeadamente de
pessoa para pessoa. No indireto a
transmissão ocorre de modo passivo através
de um objeto anteriormente contaminado.
Já a transmissão de gotículas ocorre por via
aérea, por exemplo através de espirros ou
tosse. (Organização Mundial de Saúde;
Ministério da Saúde , 2013) No entanto, na
maioria dos casos, as mãos dos
profissionais de saúde constituem a
principal fonte ou veiculo para a
transmissão de microrganismos da pele dos
doentes. (Organização Mundial de Saúde;
Ministério da Saúde , 2013)
Como tal devem ser tomadas
medidas de qualificação de assistência
hospitalar, para criar e implementar
orientações de boas práticas, de modo a
minimizar o risco de desenvolver infeções
relacionadas com procedimentos de saúde.
A higiene das mãos dos profissionais de
saúde está assim no cerne das preocupações
básicas e é indiscutivelmente a medida
isolada e mais eficaz no controlo das
infeções pois, são estas que
progressivamente são colonizadas durante a
prestação de cuidados com microrganismos.
(Organização Mundial de Saúde; Ministério
da Saúde , 2013)
Segundo um relatório do European
Centre for Disease Prevention and Control,
em 67 hospitais de Portugal, a prevalência
de infeções nosocomiais no ano 2002 era de
8,4%, um pouco acima da média europeia
de 7,1%. (European Centre for Disease
Preventions and Control, 2013)
De acordo com o jornal Público,
comparado com a restante Europa, Portugal
é um dos países com a maior taxa deste tipo
de infeções. Em 2013, a prevalência de
infeções nosocomiais já terá passado para
os 10,3%. (Público, 2013)
Nos Estados Unidos da América,
cerca de 4 em cada 100.000 pessoas
morreram de infeções nosocomiais em
1998. (Turrini, R.N.; Santo, A.H., 2002).
MÉTODO
Neste estudo foram escolhidos 20
enfermeiros da área de Dermatologia do
hospital em estudo. Num primeiro
momento foi entregue uma ficha
sociodemográfica aos enfermeiros que se
disponibilizaram e feita uma primeira
avaliação. No mesmo dia foi-nos possível
dar uma pequena formação sobre os 5
momentos para uma correta fricção das
mãos e de seguida uma segunda avaliação,
no sentido de se perceber se todos tinham
compreendido as indicações dadas. Num
último momento, dias mais tarde, foi feita
uma última avaliação com o intuito de
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perceber se todos aderiram corretamente à
formação dada.
Como tal o nosso estudo é
experimental de intervenção, longitudinal e
prospetivo. O tratamento estatístico dos
dados obtidos foi realizado usando o
programa Statistical Package for the Social
Sciences (SPSS) e comparado com os
dados existentes de anos anteriores.
A higiene das mãos é regida por
cinco momentos. Os momentos “antes”
protegem o doente enquanto que os “após”
protegem os profissionais de saúde e o
ambiente de prestação de cuidados de
saúde. (Organização Mundial de Saúde;
Ministério da Saúde , 2013)
Antes do Contacto com o Doente: Aplica-se
quando o profissional de saúde entra no
ambiente envolvente do doente para
contactar com ele, por exemplo, ao ajuda-lo
a levantar-se. Como tal a higiene das mãos
deve ser realizada antes de tocar no doente.
Antes de Procedimentos Assépticos:
Aplica-se antes de qualquer tarefa
envolvendo o contacto direto com mucosas,
pele com solução de continuidade,
dispositivos médico invasivos ou
equipamentos ou produtos de cuidado, por
exemplo, ao fazer um penso. Assim a
higiene das mãos deve ser realizada
imediatamente antes da tarefa, sendo um
pré-requisito para a assepsia.
Após Risco de Exposição a Fluidos
Orgânicos: Aplica-se após qualquer tarefa
que real ou potencialmente envolva a
exposição das mãos a um fluido orgânico,
por exemplo, uma aspiração traqueal. Como
tal a higiene das mãos deve ser imediata
após à tarefa, protegendo assim os
profissionais de saúde e o ambiente
envolvente.
Após o Contacto com o Doente mas
também com o Ambiente envolvente:
Aplica-se quando o profissional de saúde
abandona o ambiente envolvente do doente
após ter tido contacto com o mesmo, por
exemplo, depois de uma observação clinica.
Assim a higiene das mãos deve ser
realizada após ter tocado no doente e no
ambiente envolvente do mesmo.
(Organização Mundial de Saúde; Ministério
da Saúde , 2013)
Assim é possível prevenir infeções
associadas aos cuidados de saúde por
transmissão cruzada causada pelas mãos. A
ação correta no momento certo garante o
maior cuidado em termos de higiene e de
segurança para os doentes. (Organização
Mundial de Saúde; Ministério da Saúde ,
2013)
RESULTADOS
TESTE 1
06.11.2013 TESTE 2
06.11.2013 TESTE 3
22.11.2013
60% 100% 95%
13% 100% 88% ≥35 ANOS
92% 100% 100% <35 ANOS
Tabela 2 - Tabela de Resultados: avaliação de resultados tendo
em consideração a idade como parâmetro-chave de avaliação de
conhecimento dos profissionais para a técnica aplicada
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DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
A intervenção executada consistiu
na realização de três provas, junto de uma
equipa de enfermeiros, do serviço de
dermatologia, de uma instituição hospitalar
privada de Lisboa.
Para os testes realizados, foi
necessário um gel alcoólico desinfetante, ao
qual foi adicionado uma substância
fluorescente. Posteriormente, os resultados
foram lidos num aparelho revelador de
U.V., sendo então realizada uma análise
grosseira inicial de resultados: mãos
totalmente fluorescentes – desinfeção
correta; e mãos não fluorescentes na
totalidade – desinfeção incorreta.
As avaliações foram realizadas em
três fases distintas: a primeira, efetuou-se
antes de qualquer formação e sensibilização
dos profissionais em estudo; a segunda,
deu-se no mesmo dia, imediatamente após
ter sido realizada a palestra dos “5
momentos – fricção antisséptica das mãos
”; por fim, a terceira, cumpriu-se 15 dias
após as anteriores. Considerando os
parâmetros impostos pelo método aplicado,
achámos de extrema relevância dissecar os
testes de cada um dos elementos da
amostra, de forma a poder ver se cada um
destes era devidamente executado.
Avaliando os resultados obtidos no
estudo, é então possível concluir que, após
a formação prestada aos profissionais houve
uma melhoria significativa do
comportamento destes no que respeita ao
cuidado de higienização das mãos, na
fricção antisséptica, uma vez que decorridos
15 dias após a formação prestada, apenas
um dos profissionais não executou
corretamente a técnica, falhado o sétimo
passo, que respeita às unhas, parâmetro que
desde o início se verificou ser o mais
esquecido pela equipa, e que consiste em
esfregar rotativamente os dedos de uma das
mãos na palma da mão contrária.
Concluímos também, através dos dados
recolhidos à equipa de enfermeiros que
constituiu a amostra em estudo, que existe
2013 RESULTADOS
HOMENS (n=6)
1º TESTE 67%
2º TESTE 100%
3º TESTE 100%
MULHERES (n=14)
1º TESTE 57%
2º TESTE 100%
3º TESTE 93%
IDADE ≥ 35 (n=8)
1º TESTE 13%
2º TESTE 100%
3º TESTE 88%
IDADE < 35 (n= 12)
1º TESTE 92%
2º TESTE 100%
3º TESTE 100%
GERAL (N= 20)
1º TESTE 60%
2º TESTE 100%
3º TESTE 95%
Tabela 1 - Tabela de Resultados Geral
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um elevado cuidado e sensibilização para a
regular e correta assepsia das mãos por
parte dos profissionais com idade inferior a
35 anos, causa que associamos ao facto, de
nos últimos anos, não só se terem
verificado um grande número de
campanhas e promoções, direcionados a
profissionais de saúde e cidadãos comuns,
mas também, uma maior sensibilização e
educação por parte das instituições de
ensino superior que formam os futuros
profissionais de saúde, no que respeita a
esta matéria.
AGRADECIMENTOS
A realização deste projeto só se
tornou possível graças à disponibilidade e
recetividade do hospital em estudo, ao
enfermeiro responsável pelo serviço da
CCI, R. M. e ainda a toda a equipa que
connosco colaborou. Dirigimos assim, o
nosso especial agradecimento a estas
unidades.
REFERÊNCIAS
Barnett, A.; Page, K.; Graves, N.;
Campbell,M.; Martin, E.; Rashleigh-
Rolls, R.; et al. (10 de Novembro de
2013). The increased risks of death
and extra lengths of hospital and
IUC stay from hospital-acquired
bloodstream infections: a case-
control study.
European Centre for Disease Preventions
and Control. (10 de Novembro de
2013). Healthcare-associated
infections.
Leseva, M., Arguirova, M., Nashev, D.,
Zamirova, E., & Hadzhyiski, O.
(Março de 2013). Nosocomial
Infections in Burn Patients:
Etiology, Antimicrobial Resistance,
Means to Control. Obtido de
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pub
med/
Organização Mundial de Saúde; Ministério
da Saúde . (2013). Manual para os
Observadores: um guia para a
observação da prática da higiene
das mãos nas Unidades de Saúde
portuguesas.
Público. (22 de Novembro de 2013). Sites
Público. Obtido de
http://www.publico.pt/sociedade/
noticia/um-em-cada-18-doentes-
contrai-infeccoes-hospitalares-
1599236
Rosineide M. Ribas; Claudete Freitas; Paulo
P.; Gontijo Filho. (Junho de 2007).
Nosocomial Bloodstream
Infections: Organisms, Risk Factors
and Resistant Phenotypes in
Brazilian University Hospital. The
Brazilian Journal of Infectious
Diseases, 351-354.
Turrini, R.N.; Santo, A.H. (2002). Infecção
Hospitalar e Causas Multiplas de
Morte. Jornal de pediatria, 485-
490.