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Às Gerações Futuras

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Às Gerações FuturasPoesias Inéditas de

Emmanuel Bezerra dos Santos

Organização:

Ponto de Cultura Tecido Cultural

Equipe CENARTE / CDHMP

Coleção Memória das Lutas Populares, Volume I

Homenagem aos 15 anos da DHnet Rede Direitos Humanos e Cultura

www.dhnet.org.br

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Às Gerações Futuras © 2010 - Natal/RNColeção Memória das Lutas Populares, Volume I

Homenagem aos 15 da DHnet Rede Direitos Humanos e Cultura www.dhnet.org.br

Capa: Venâncio PinheiroProjeto Gráfico: Alessandro AmaralRevisão: Aluizio Matias dos SantosDigitação: Augusto Matias B. O. SantosArte Finalização: Hugnelma de AlmeidaImpressão: Manoel AndréMontagem: Maria Rosimar e José Guedes BeloPerfilamento: Lúcio DantasAtendimento: Márcia Maria e Luís GonzagaFotomontagem: Baltazar JanuárioImpressão: Gráfica Manimbu-FJA

Catalogação Fonte: Biblioteca Pública Câmara Cascudo

G354 As gerações futuras - poesias inéditas de Emanuel Bezerra dos Santos./Ponto de Cultura Tecido Cultural. Equipe CENARTE/CDHMP. (org.) - Natal(RN) : DHnet, 2010.

52 p. (Coleção Memória das Lutas Populares, v.1)

Homenagem aos 15 anos da DHnet.

1. Poesia brasileira. I. Santos, Emmanuel Bezerra dos. II Coleção. III. Ponto de Cultura Tecido Cultural (org.)

2010/03 CDD B869.1 CDU 869.0(81)-1

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Sumário

Prefácio

Apresentação

O pássaro preso na gaiola

A hora do adeus

Regresso

Uma manhã na terra

Dezesseis Primaveras

Quem sou eu

Vitória

Caiçara

A perda de um ninho

Sonhador

Tu és

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Para alguém que dirá com saudades quando vier

O Jovem Eu

Meu único amor

Pedido

O teu seio

Anexos

As Gerações Futuras

A Las Geraciones Futuras

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Prefácio

Falar de Emanuel Bezerra é quase uma catarse histórica. Conheci-o em meados dos anos sessenta, ao chegar à Casa do Estudante após cinco anos de internato no Colégio Diocesano Seridoense. Nossa primeira convivência se deu na eleição para o Grêmio da Casa. As primeiras lembranças dele, me levam ao rapaz magro e feio, testudo e de pele estragada, sentado na parte inferior de um beliche, escreven-do versos e comentários sobre os textos da Revista Civilização Brasileira. Não nos demos muito bem, de início. Com meu jeito falastrão, zoadento e intrometido, eu perturbava suas reflexões. Ele não escon-dia o desgosto das minhas visitas ao seu quarto.

Passado o tempo, fomos nos conhecendo melhor. E nos tornamos grandes amigos. Quando ele foi eleito Presidente da Casa do Estudante, convidou-me para ser o diretor cultural da Casa. Nossa gestão substituiu a do Presidente Kerginaldo Ro-cha, grande figura humana que Alexandria presenteou à humanidade. Na sucessão de

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Emmanuel, eu fui candidato único. Mas o Exército interveio e me prendeu, impedin-do as eleições.

Ao me enfronhar na leitura de marxistas, Emmanuel passou a me assediar política-mente. E foi ele quem me recrutou para o PCR. E me apresentou a Manoel Lisboa, o Galego, alagoano fundador do Partido. No livro “A Vida e a Luta do Comunista Manoel Lisboa”, o narrador conta, pg.16, que Emmanuel foi preso pela polícia in-ternacional na fronteira da Argentina com o Chile. E confirma o que todos sabem: Que Emmanuel foi morto sob a mais bru-tal e requintada tortura das que setêm notícia. Ele, Manoel Lisboa, Mário Alves, Luiz Maranhão, Manoel Aleixo e muitos outros que foram assassinados lentamente, tendo partes do corpo ar-rancadas ainda em vida. Neste mesmo livro, na página 73, há uma referência de Leonardo Cavalcanti a minha pessoa. Ele declara que conheceu por meu intermédio o militante do PCR Jaime Ariston, e que Jaime o levou até Manoel Lisboa.

E é verdade. Tivemos um “ponto” numa pracinha do Recife, do “Chora menino”,

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nas proximidades da Ilha do Leite, Ma-noel Lisboa, Emmanuel Bezerra, Jaime Ariston e eu. Foi a última vez que vi Emmanuel. Manoel Lisboa eu ainda vi uma vez, em Natal. E Ariston sempre me visitava quando vinha a Natal, já morta a ditadura. Foi nesse dia, da Ilha do Leite, que apresentei Ariston a Leonardo Caval-canti.

Eu nunca havia escrito sobre essa reunião, que desaguou no meu desligamento do Partido. O PCR entendia que o Movi-mento Estudantil era apenas um fornece-dor de quadros para a organização revolu-cionária. E que sua ação chegara a termo e ao cansaço. Percebida a minha insegurança quanto ao sucesso da luta armada, não havia mais condições de minha permanên-cia na organização. O rompimento foi amigável. E eu continuo admirador de Emmanuel, Ariston, Lisboa e Leonardo. Do PCR e do nosso “adversário” PCBR, de Luciano Almeida e Juliano Siqueira. Não fosse a estupidez da ditadura e sua violenta reação desproporcional, poderia dizer que aqueles foram uns tempos de poesia. Até do lirismo dos versos adoles-cente de Emmanuel. Mas foi “um tempo

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sem sol...de se comer a comida no meio da batalha”... “E tanta coisa por fazer”, versos de um poema já maduro de Em-manuel Bezerra.

Obrigado aos montadores dessa ação de resgate dos poemas inéditos de Em-manuel, pássaro que se soltou da prisão de sua cidadezinha para quebrar as grades do mundo, e este lhe abraçou com a morte mais cruel e desumana. Emmanuel Vive!

François SilvestreAdvogado e escritor

contemporâneo de Emmanuel

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Emmanuel Bezerra dos Santos [ 11 ]

Apresentação

Com esta homenagem à memória do grande militante Emmanuel Bezerra dos Santos, o Centro de Direitos Humanos e Memória Popular-CDHMP inicia a Coleção Memória das Lutas Potiguares. Nesta primeira edição histórica estamos publicando os poemas inéditos de Em-manuel Bezerra tendo como parceiros fundamentais a Fundação José Augusto, o CENARTE – Centro de Estudos, Pes-quisa e Ação Cultural, a DHnet – Rede de Direitos Humanos e Cultura e o Ponto de Cultura Tecido Cultural.

Começar com Emmanuel Bezerra esta relevante Coleção de Memória Histórica demonstra a preocupação de uma das missões do CDHMP que é contribuir para o resgate da memória colocando a disposição do público, informações e documentos para estudo e conhecimento de fatos históricos acontecidos no Mun-do, no Brasil e no Estado do Rio Grande do Norte. Nesse sentido estaremos proporcionando reflexões acerca de nossa memória histórica, resgatando situações

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culturais, fatos, valores e personagens que contribuíram para a construção da vida cultural e política.

Sendo assim a publicação das poesias de Emmanuel Bezerra revelam a sensibilidade e um momento lírico desse aguerrido militante social que junto com seus com-panheiros de época lutou fortemente por uma sociedade livre, justa e igualitária.

Roberto Monte e Aluizio Matias dos Santos

CDHMP/CENARTE

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Emmanuel Bezerra dos Santos [ 13 ]Emmanuel Bezerra aperta a

mão de Ademir Ribeiro

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Emmanuel Bezerra dos Santos [ 15 ]

O pássaro preso na gaiola

O pássaro preso na gaiolaNa gaiola que é o mundoVoar além quisera além no espaço Além dos céus,Além da vida, da mente e dos fracassosVoar além... além...E nunca em meio,Ser livre como o vento.Não ter freio E cantarCantar , cantar Diversos cantos imortais,Cantos de outras erasÉ o poeta este pássaro.

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A hora do adeus

Agora que anoitece o sol se escondeO adeus da despedida breve façoA praia querida recebe o meu abraçoE a nossa amizade mais e mais se fronde

Adeus terra querida! Que a partidaMe espera e comovida embora tristeParto e te deixo assim como já visteTriste tão triste nesta triste vida

Adeus meu pedaço de céu puroCidade mãe que de berço me serviuParto mas sinto o que Jesus sentiu

Ao ser crucificado eu juroSofro tanto com o sofrer misturoA pura alegria de um sentimento puro

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Regresso

Minha terra me espera e tão contenteRegresso aquela vila mui saudoso!Que seja meu regresso gloriosoQue gloriosa é toda aquela gente

Podem dizer que sou louco que é doidiceTodo esse meu pensar chorar sofrerPouco importa o que o povo diz ou disse

Minhas horas meus minutos meus segundosMeu coração meus pensamentos minha vidaTu és meu amor

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Uma manhã na terra

Um nevoeiro cobre o céu de MarçoA aurora da manhã surge sã e divinaLá nos campos a gélida neblinaCai em leve rítmo e leve compasso

Areia branca que do chão derivaNa suave brisa desfalece e gelaA singela árvore que deriva a belaFruta silvestre dela então se priva

O mar sereno rumoreja e cantaInda se levanta uma leve vagaCom doce encanto o pescador afagaO lindo peixe a lhe servir de janta

Na beira da praia onde quebra a vagaMulticores peixes repentina vão As céleres gaivotas ligeiras dão Um vôo celeste que a neblina apaga

O galo canta com a voz que encantaSuave canto do feliz cantorA manhã airosa como um mar de florDevagar levanta o seu véu de santa

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Dezesseis Primaveras

Tal qual sobre as asas da gaivotaEm rápida evolar em doce lidaTambém os anos que o tempo anotaCéleres passam pela doce vida

Dezesseis primaveras é o tempoQue assim passa como passa a vidaForam em meu coração uma guaridaDe amor e de bondade e de contente

Passam os anos como passam os ventosE sigo bem feliz minha rotinaComo o vento passa a mais divina

Hora da vida e brando acentoPassa o vento da manhã suave e lentoQue tudo passa como passa o vento

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Emmanuel Bezerra dos Santos [ 25 ]

Quem sou eu

Quem sou eu? Quem sou eu? Meu eu repeteEm louco alvoroço em louca lidaQuem sou eu? Quem sou eu? A mim competeResponder a pergunta repetida

Mas como responder se nesta vidaEu não sei onde vou onde me levamEssa treva obscura que convidaA penetrar mais e mais dentro da treva!

Como cego enfim vou caminhandoNesse caminho áspero e escuro;Tanto mais as tontas vou andandoQuanto mais caminhando vê procuro

Como louco vagando sem governoSigo... sigo, sempre e sempreNo mar da vida ao léu, mas de repenteEm fúria sobre mim cai o inverno

Cai o inverno em fúria e tempestade Meu Deus, meu Deus onde irei? E nadaQue ouço na triste madrugadaResponda-me meu Deus por caridade

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Quem será que fala e que exclamaEm alta voz! E que consolo pedeAdeus e Deus não lhe concede?É minha voz perdida que reclama

Que chora murmura, grita e clamaDesgarradas das vozes cá do mundoE aquela que do pélago profundoInda vibra, inda pede, inda se inflama

Como nada me respondeNada a dizer então fico caladoDeixo ao mistério o mistério atadoE não respondo ao que minha alma brada

Não me culpo oh! Eu insatisfeitoDe não responder-te em nada influiUma resposta em tom tão imperfeitoOlhai meu eu, eu sou quem sempre fui

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Emmanuel Bezerra dos Santos [ 27 ]

Vitória

Nas tristes horas de padecimentoVociferas em desesperados tonsO meu cérebro exaltando os muitos donsQue algum sairá do esquecimento

Enfrentando batalhas aterradorasMeu espírito clama por vitóriaQuer que eu venha possuir a glóriaAlmejada por mim em bravas horas

Meu coração meus olhos meus mínimos pensamentosExpressam a retumbância da palavra glóriaPara terminar os meus tormentos

Qualquer voz vinda do alémQue pronuncie a palavra vitóriaMinha boca acrescenta amém

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Emmanuel Bezerra dos Santos [ 29 ]

Caiçara

Ficcionando minha terra um deserto de SaaraAo ver da bela praia as rutilas areiasImagino ouvir o canto da sereiaQue se perde longínquo em Caiçara

O que importa realmente é viverSublimado na esperança alegre ou tristeDe manhã vila saudosa! Eu te rever

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A perda de um ninho

O dia está escuro como a noite Resvalam nevoeiro na amplidãoE o vento frio num gelado açoitePenetra dentro de meu coração

Ontem sorria já não mais sorrioOntem cantava já não canto maisApertando os lençóis contra este frioRevejo o balançar dos coqueirais

Minha terra distante é como um ninhoÉ como um ninho quente que ofereceGuarida ao triste passarinho

Que triste evola sobre o frio que cresceEntão eu penso ser o passarinhoQue chora a perda de seu ninho agreste

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Emmanuel Bezerra dos Santos [ 33 ]

Sonhador

Sonhador! Sonhador! Teu mundo é louroTem encantos sutis e tem venturasTem meiguice amores e tesouros,Tem paixões tem vitórias e bravuras

Nos teus sonhos não vês as desventurasDa vida amarga e os desdém da genteColocas teus amores nas alturasE as desventuras passam e tu não sente

És feliz, és feliz e o teu caminhoSerá sempre de flores bem floridaNunca nas lutas estarás sozinho

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Emmanuel Bezerra dos Santos [ 35 ]

Tu és

Tu és o meu anjo a senhora do meu mundoÉs a razão do meu viver, és o meu céuÈs minhas noites de luar, és minha luaÉs minha inspiração, és tudo para mim

Teu sorriso é o meu bálsamo meu encantoMeu alívio nas horas tristes de melancoliaÉ a bandeira de minha luta, é por quem morroÉ minha aurora, minha luz e meu tesouro

Teus cabelos fios dourados dos meus sonhosSão as fimbrias dos horizontes ao afago dos meus dedosSão os rutilos raios do meu sol de amorSão o símbolo de tua beleza, de teu encanto de anjo

Os teus olhos! Os teus olhos! Tem belezaDe noite de estrela de anjos a cantarTem carícia do veludo e a luz do solMas tem o brilho macio de lua cheia

Tu és minha querida enfim meus dias

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Emmanuel Bezerra dos Santos [ 37 ]

Para alguém que dirá com saudades quando vier

Minha mente examina se debatePor querer em massa exaráToda a beleza que aqui ficar

Esta beleza que me abateFaz com que eu fique ao sabor de um vendavalDilacera o meu coração hoje que parto de minha terra natal

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Emmanuel Bezerra dos Santos [ 39 ]

O Jovem Eu

Um olhar partido como um estrondoNas cruéis desventuras nas vis sortes É o cruel vazio são as torpesCurvas das misérias imunda do mundo

Vê-se um jovem com um triste olharNos seus pensamentos está pensandoApesar de tudo está se deleitandoNas dificuldades que a vida lhe dar

Este jovem a vida vive bemConfortado na imortal esperançaDe algum dia ser chamado alguém

Seu nome imortal ficara no coração meuPara a perplexidade de alguém que me ouçaChamarei este jovem de eu

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Emmanuel Bezerra dos Santos [ 41 ]

Meu único amor

Minha mãe que sempre sempre conheciViveu ao meu lado toda a minha infânciaEmbalava-me sussurrava baixinhoDorme meu filho dorme minha criança

Este amor classifico meu único amorPois é indissolúvel inacabávelNão é como os amores banais que por ai passamNão é covarde não retrocede é inabalável

Todos amores que em mim pousaramComo pássaros nômades não ficharam-senem os reconheci com ardorSentindo uma necessidade inebriante proclamoÉ minha mãe meu único amor

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Emmanuel Bezerra dos Santos [ 43 ]

Pedido

Meu Deus conservai no mundoO que eu mais queroSou pecador bem sei porémCom o coração ardendo em fogo vos peçoMinha mãe é a lâmpadaQue me guia nas tristezas Me dá alegria é tudoQue me peito encerraNa minha luta pela sobrevivência na terraMinha alma vagando soluça sem pararMeu cérebros muitas vezes obscurecidoTeu coração não cabe aqui na terraNo entanto mãe teu coração aqui estáMãe eu que direi Tu ésMãe és Mãe

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Emmanuel Bezerra dos Santos [ 45 ]

O teu seio

O teu seio... o teu seio, o seio ardenteQue palpita constante e em tal doçuraFaz-me te amar e a tua formosuraDeseja-la prá mim, prá mim somente

O tremor o gemer do seio quenteQue o meu olhar desejoso em ti procuraÉ um suspiro da alma de brandura Que alimenta este fogo em mim crescente

Ah! Eu quisera por ti amadoPôr o meu lábio em teu rosadoGozar-te em fim, oh! anjo meigo e santo

Quisera adormecer encobertado Em teus cabelos louros abraçadoEm teu mimoso seio que cheira, tanto

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Emmanuel Bezerra dos Santos [ 47 ]

Anexos

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Emmanuel Bezerra dos Santos [ 49 ]

Às Gerações Futuras

Eu vos contemploDa face oculta das coisas.Meus desejos são inconclusos,Minhas noites sem remorsos. Eu vos contemplo,Pelas grades insensíveis.Meu sonho,É uma grande rosa.Minha poesia,Luta. Eu vos contemplo,Da virtual extremidade.Minha vida (pela vossa).Meu amor,Vos liberta.

Eu vos contemploDa própria contingência.Mas minha forçaÉ imbatívelPorque estaisÀ espera.

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[ 50 ] Ás Gerações Futuras

Eu vos contemploDo fogo da batalha.Meus soldadosNão se rendem.O outro diaChegará. Eu vos contemploGerações futuras,Herdeiros da paz e do trabalho.As grades esmaecemAnte o meu contemplar. Emmanuel Bezerra dos SantosBase Naval de Natal/1969

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Emmanuel Bezerra dos Santos [ 51 ]

A Las Generaciones Futuras

Yo os contemploDe la face oculta de las cosasMis deseos son inconclusosMis noches sin remordimientos

Yo os contemploPor las rejas insensiblesMi sueñoEs una grande rosaMi poesíaLucha

Yo os contemploDe la virtual extremidadMi vida (por la vuestra)Mi amor os liberta

Yo os contemploDe la propia contingenciaPero mi fuerzaEs imbatiblePorque estásA la espera

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[ 52 ] Ás Gerações Futuras

Yo os contemploDel fuego de la batallaMis soldados no se rindenEl otro día llegará

Yo os contemplo generaciones futurasHerederos de la paz y del trabajoLas rejas se conmuevenAnte mi contemplar

Emmanuel Bezerra dos SantosBase Naval de Natal/ 1969

Tradução: Eugênio Pacheco, direto dos Andes

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