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ANLISE EPISTEMOLGICA DO HABEAS CORPUS NO BRASILOs Direitos Humanos e a Questo do Cabimento do Habeas Corpus.

Emanuel Barros Gomes

RESUMO O presente artigo visa estudar cientificamente o instituto do hbeas corpus, cuja sua origem no mundo e no Brasil teve grande relevncia como um instrumento a ser utilizado para a valorizao dos direitos humanos, pois sua historia vem dar efetividade aos princpios fundamentais do cidado, sobretudo, da igualdade, legalidade, impessoalidade e dignidade da pessoa humana. Quanto sua impetrao contra transgresso disciplinar militar vedada o cabimento do habeas corpus em relao a punies de militares, mas h divergncias doutrinrias e jurisprudenciais. Foram abordados e analizados aspectos constitucionais, administrativos e militares. Analisou-se a doutrina correlata, cuja a legitimidade de qualquer pessoa. H opinies que defendem a exegese literal do dispositivo, enquanto h outras que no consideram a vedao constitucional uma regra absoluta. PALAVRAS-CHAVE: Habeas corpus. Direitos Humanos. Cabimento. Transgresso disciplinar militar. RSUM: Cet article cherce etudier scientifiquement le Habeas corpus dont origens au monde et au Brsil parce que avait une grande importance parce que fonctionn comme un moyen de la valeur des droits de lhomme, parce que, la historie a donn lefficacitt pour les principes fondamentaux du citoyens, comme : lgalite, lgalit, impersonnalit et la dignit humaine. Le dpt contre la transgression disciplinaire militaire joint la possibilit du Habeas corpus empche les peines des militaires, mais Il y a divergence doctrinale et jurisprudentiel. Cet article traite des aspects constitutionneles, administratifs et militaires. Analyse les doctrines lies dont legitimit est de quelqu'un. Il y a des interprtations qui tiennent compte qui est rellement dcrit dans la loi, bien quil existe des points de vue que ne considrent pas linterdiction constitutionnelle dune rgle absolue. Mots cls: Habeas corpus. Droits de l'homme. appartiennent. Transgression disciplinaire militaire.

O Habeas Corpus mais importante do que o ar que respiramos

______________________ Artigo Cientifico elaborado disciplina de Processo Penal III, para obteno da 2 nota. ministrada pelo professor Isaque Ramos. Acadmico do 7 perodo do curso de Direito da Faculdade So Lus. [email protected]. Gilmar Mendes: Habeas Corpus mais essncial que o ar que respiramos. Disponvel em: http://www.leieordem.com.br/gilmar-mendes-habeas-corpus-e-mais-essencial-que-o-ar-querespiramos.html. Acesso em 08/11/2010.

1 INTRODUOO Habeas corpus, assim como o mandado de segurana e a reviso criminal so aes autnomas de impugnao com fundamentao constitucional, mas o remdio constitucional em estudo alm de ter sua natureza constitucional tem sua atuao na rea penal, destinada a coibir qualquer ilegalidade ou abuso de poder contra a liberdade de locomoo. Etimologicamente falando habeas corpus significa tomar o corpo, pode ser dito que uma locuo composta do verbo latino habeas, de habeo (ter, tomar, andar com),e corpus (corpo), de modo que se pode traduzir: ande com o corpo ou tenha o corpo. Existe uma grande diversidade de correntes quanto origem do habeas corpus, entre as duas mais fortes esta a origem no Direito Romano, e a Carta Magna da Inglaterra de 1215. Independente da poca histrica fica claro que desde o inicio da humanidade compreendia-se a importncia da liberdade de locomoo do ser humano, a ponto de considerar-se que os atentados propriedade e vida lesariam menos o interesse e o bem geral, do que a coao ou a violncia exercida sobre a liberdade fsica. Assim, os direitos humanos so os direitos e liberdades bsicos de todos seres humanos. Normalmente quando se fala em direitos humanos tem-se a idia tambm de liberdade de pensamento e de expresso, e a igualdade perante a lei. Ele um tema recorrente em todo o mundo, pois com sua integra proteo e garantia o mundo ser construdo com mais dignidade. Por isso houve uma brusca evoluo dos direitos humanos com a criao da Declarao Universal dos Direitos Humanos, mas no o suficiente, e apesar da ampliao do pensamento, da conscincia e da tica da sociedade humana, ainda assim so desrespeitados. O habeas corpus destaca-se por sua relevncia dentro dos direitos humanos, mas no que tange a transgresso disciplinar militar deixa a desejar, pois a vedao do seu cabimento, que constam no artigo 142, pargrafo 2, da Constituio Federal brasileira e no prprio Cdigo de Processo Penal brasileiro. A liberdade assegurada a todos os brasileiros e estrangeiros residentes no pas. Negar ao militar esse direito fundamental significa negar vigncia ao art. 5 da mesma constituio.

2. DIREITOS HUMANOSCom o resultado das lutas travadas ao longo dos tempos no sculo XX veio a tona a expresso Direitos Humanos que foi tradicionalmente conhecido como Direitos Naturais ou Direitos dos Homens. Os direitos humanos e direitos fundamentais seriam sinnimos, o que possibilitaria um novo termo que seria os Direitos Humanos Fundamentais. No final desse mesmo sculo, os direitos humanos foram discutidos em tratados e convenes internacionais, e por fim sendo ingressada na legislao ordinria dos estados. Na Europa a partir da segunda metade da Idade Mdia j havia um registro de documentos escritos que registra o direito do homem, e direitos de comunidades locais. Mas o destaque especial da Magna Carta de 21 de junho de 1215, em que esta o mago da Constituio Inglesa e de todo o constitucionalismo que trouxe consigo a criao do habeas corpus. A Carta foi confirmada e reforada pelos monarcas ingleses como prova de sua importncia. Assim, na Inglaterra surgiu o common law, rule of law, due process, equal protection of the laws, cujos contedos foram levados pelos ingleses Amrica do Norte, herana que os tribunais americanos, sobretudo a Suprema Corte, souberam aproveitar de modo a flexibilizar as decises, contribuindo de forma relevante ao desenvolvimento da doutrina dos direitos fundamentais. No sculo XVIII houve uma incorporao dos direitos fundamentais ao liberalismo que defendia a liberdade individual e o direito dos cidados contra o abuso de poder. Em 1789 na Frana houve a edio da Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado, foi repetida em 1793, assim como as constituies francesas de 1946 e 1958 j citavam os direitos do homem em seu prembulo. Nos dias atuais, a maioria das constituies possuem declarao de direitos e garantias fundamentais, mas a Declarao Universal dos Direitos do Homem foi promulgada em 1948 pela Organizao das Naes Unidas. Na doutrina dos direitos humanos se universalizou e se espalhou por toda civilizao cristoocidental, no entanto culturas como a chinesa, a hindu e a rabe no valorizam direitos, mas, obrigaes, virtudes e comportamentos socialmente aceitos.

No final do sculo XVII o que veio ocorrer foi a constatao da primeira gerao dos direitos fundamentais: as liberdades pblicas, enfrentando o problema do arbtrio governamental. Logo depois surge a segunda gerao dos direitos fundamentais: os direitos econmicos e sociais, na tentativa de reduzir os desnveis sociais. Hodiernamente se luta pela terceira gerao, contra a deteriorao da qualidade da vida humana e outras mazelas: os direitos de solidariedade. Contudo, a existncia desta Declarao Universal dos Direitos Humanos, que j parte integrante da constituio de vrios pases, inclusive do Brasil, seus princpios ainda no passam de uma utopia. Eles podem at ser realidade em alguns pases, mas na maioria deles ainda falta muito para que todos os direitos propostos nessa declarao possam ser respeitados, se que um dia sero, pois no se pode dizer universal algo que constantemente contestado e desrespeitado em vrios pases, podendo ser citado como exemplo, o caso da transgresso disciplinar militar em que h discusses divergentes se esses direitos so violados ou no, por impedir a execuo de uma garantia como o habeas corpus.

3 HISTRICO DO HABEAS CORPUS3.1 Origem do habeas corpus O Habeas Corpus possui trs correntes fundamentais: a primeira que origina o Habeas Corpus no direito romano; a segunda que origina-o na Constituio da Inglaterra de 1215 (Magna Charla Libertatum), e a terceira que possu menos adeptos que origina o Habeas Corpus na Petition of Rights editada no reinado de Carlos II. A corrente do direito romano foi a pioneira, esta coloca o instituto interdicto de homine libero, do perodo romano, tornou-se o possvel precursor do Habeas Corpus. O referido instituto garantia ao cidado romano o direito de locomoo, a liberdade de ir, vir e ficar. O nome dado a essa ao era interdictum de homine libero exhibendo, onde todo cidado tinha o direito de reclamar a apresentao ao publico do homem livre detido ilegalmente. O autor Pinto Ferreira um dos autores adeptos da primeira corrente, onde o Habeas Corpus teria se originado do direito romano. Pela sua doutrina, anos aps,

os writs (FERREIRA,1998, p.137-38) ressurgiram destinados a proteger a liberdade, no reinado de Henrique II (1133 -1189), na Inglaterra. Porm, s ampararia os bares e nobres, sem extenso aos homens comuns. Com o passar dos anos, em 19 de junho de 1215, no captulo XXIX, da Carta Magna da Inglaterra, que foi outorgada pelo Rei Joo Sem Terra veio mostrar que nenhum homem poderia ser preso ou detido, sem a permisso das leis de sua localidade ou o prvio julgamento. Dizia no seu art.48: Ningum poder ser detido, preso ou despojado de seus bens, costumes e liberdades, seno em virtude de julgamento de seus pares, de acordo com as leis do pas.. Foi desse ponto que a segunda corrente acredita ter se originado o habeas corpus, e por sua vez a corrente que tem mais seguidores e tem uma relao maior com a primeira gerao dos direitos humanos. Por conseguinte, nos sculos XV e XVI, este instituto ganhou fora e era utilizada claramente excessos das autoridades, embora na poca de Carlos I a legitimidade da ao era tema de grande discusso. J no sculo XVII, no reinado de Carlos II surgiu o habeas corpus act, cujo a presena de preso perante o juiz era obrigatria no prazo de 20 dias. Caso o juiz concedesse a liberdade do paciente e por alguma razo quem ordena-se pelo mesmo motivo uma nova deteno seria punido por multa. O habeas corpus act s poderia ser utilizado caso a pessoa fosse acusada de crime, no podendo ser utilizado em outras hipteses. Neste perodo s protegia quem tivesse sido detido por crimes comuns. Logo depois deste perodo a terceira corrente veio enraizar de vez o habeas corpus, porm esta corrente a que possui menos adeptos. Por fim, o habeas corpus act ingls, no ano de 1816 veio ampliando o campo de atuao do instituto para efetivar uma defesa rpida e eficaz da liberdade individual, proporcionando maior celeridade no processamento da ordem e defesa da liberdade pessoal garantindo uma efetividade aos direitos humanos.

4 Histrico do Habeas corpus no Brasil4.1 Perodo Pr-Imperial As disposies que vigiam no Brasil Colnia, no faziam referncia matria, mas vigorava o interdito de liberis exhbendis.

4.2 Perodo Constitucional Imperial Com a vinda de D. Joo VI para o Brasil, foi introduzido no decreto de 23 de maio de 1821: Todo cidado que entender que ele, ou outro, sofre uma priso ou constrangimento ilegal em sua liberdade, tem direito de pedir uma ordem de habeas corpus a seu favor. Pouco tempo depois, a constituio imperial de 1824 tinha dispositivos que proibia as prises arbitrrias, mas no usava a denominao habeas corpus expressamente, simplesmente silenciou-se sobre o assunto. (art.179 n.6) Em 1832 surgiu expressamente no Cdigo de Processo Criminal de 29 novembro, onde o habeas corpus estendia-se s para brasileiros, disposto no art 340 que mencionava: Todo cidado que entender que ele ou outrem sofre uma priso ou constrangimento ilegal em sua liberdade tem direito de pedir uma ordem de habeas corpus em seu favor. A primeira forma reconhecida foi a liberatria, e em 1871 o decreto Lei 2033 disps em suas entrelinhas que o habeas corpus teria carter preventivo e se estenderia aos estrangeiros. Direito esse fixado no art. 18, 18:No vedado ao estrangeiro requerer para si ordem de habeas corpus, nos casos em que esta em lugar 4.3 Perodo Constitucional Republicano No ano de 1890, no decreto 848, ficou autorizado o recurso Suprema Corte em todos os casos que a ordem de habeas corpus fosse negada. Em 1891 com o surgimento de uma nova Constituio surgiu a interpretao brasileira habeas corpus que ampliava o instituto, inclusive para a proteo de direitos pessoais e no mais a liberdade fsica puramente. Podendo ser encontrado no seu art.72, 22. Foi a primeira vez que o habeas corpus foi citado em texto constitucional. Nessa poca existia uma discusso entre Pedro Lessa e Ruy Barbosa onde deram causa a uma polmica. Pedro Lessa defendia a interpretao restrita do dispositivo que no poderia ser impetrado para defesa de outros direitos lquidos e certos, mas somente quando fosse em defesa da liberdade de locomoo. J Ruy

Barbosa entendia que poderia ser utilizado para a defesa de qualquer direito e por sua vez foi a que sagrou-se vitoriosa no Supremo Tribuna Federal.A reforma constitucional de 1926 restringiu o habeas corpus to-somente para a proteo da liberdade pessoal, ficando sem amparo os direitos pessoais, protegidos em outros pases pelos writs especiais, hoje amparados pelo mandado de segurana. (FERREIRA, Pinto- pg.137).

Em seqncia a Constituio de 1934 j podia ser encontrado a definio no art. 113, XXIII e antes que iniciasse uma nova discusso o mandado de segurana foi criado. A constituio de 1946 em seu art.141, XXIII dizia: Dar-se- habeas corpus sempre que algum sofrer ou se achar ameaado de sofrer violncia ou coao em sua liberdade de locomoo, por ilegalidade ou abuso de poder. Nas transgresses disciplinares, no cabe habeas corpus. Onde se manteve restrito. Na constituio de 1967 trazia no art.150,20: Dar-se- habeas corpus sempre que algum sofrer ou se achar ameaado de sofrer violncia ou coao em sua liberdade de locomoo, por ilegalidade ou abuso de poder. Nas transgresses disciplinares no caber habeas corpus. Na ditadura militar o ato institucional n5 de 13 de dezembro 1968, dizia em seu art.10: Fica suspensa a garantia de habeas corpus nos casos de crimes polticos, contra segurana nacional, a ordem econmica e social e a economia popular. Em seguida uma Emenda Constitucional de n1 de 1969 repete em seu art.153, 20; o art.150 20 da constituio de 1967. Por fim, Constituio Federal de 1988 vigente ate hoje diz em seu art.5, LXVIII: Conceder-se- habeas corpus sempre que algum sofrer ou se achar ameaado de sofrer violncia ou coao em sua liberdade de locomoo, por ilegalidade ou abuso de poder.

5 CONCEITO DE HABEAS CORPUSVrios doutrinadores vislumbram o conceito do habeas corpus: Segundo Mirabete (2005): Habeas corpus o remdio judicial que tem por finalidade evitar ou fazer cessar a violncia ou a coao liberdade de locomoo decorrente de ilegalidade ou abuso de poder"

Para Moraes (2008) :Habeas corpus uma garantia individual ao direito de locomoo, consubstanciada em uma ordem dada pelo Juiz ou Tribunal ao coator, fazendo cessar a ameaa ou coao liberdade de locomoo em sentido amplo - o direito do indivduo de ir, vir e ficar.

Sendo assim, o habeas corpus originalmente era utilizado para fazer cessar a priso considerada ilegal, uma concepo que durou por muitos anos no Brasil, mas atualmente isso mudou e ele abrange qualquer ato constitutivo direta ou indiretamente liberdade. Esse instituto uma ao penal no condenatria e no um recurso, pois alm de sua natureza de demanda para proteger especificamente a liberdade de locomoo, tambm j admitido nos casos de sucedneo recursal, onde a violao dos direito individuais no se verifica somente na esfera privada, mas, tambm pelo Estado, por seus agentes ou por seus diferentes rgos. O habeas corpus o processo onde a violncia atinge a liberdade corprea da pessoa. Garantindo o direito de ir e vir livremente. Assim, temos como finalidade deste instituto a proteo da liberdade de locomoo, a liberdade de ir e vir, primria e natural, ameaada ou atingida por ato ilegal ou abusivo. O habeas corpus diferente do mandado de segurana. O mandado de segurana vem proteger o direito lquido e certo, no amparado pelo habeas corpus ou pelo habeas data. Basicamente, quando o responsvel pela ilegalidade ou abuso de poder, for um agente de pessoa jurdica no exerccio de atribuies do Poder Pblico ou uma autoridade pblica.

6 NATUREZA DA AOTrata-se de ao penal popular constitucional. Nas hipteses dispostas nos incisos II, III, IV e V do art. 648, CPP dispe-se uma natureza cautelatria. Dependendo do caso concreto, a sua natureza constitutiva negativa ou de natureza rescisria ser abordada nos incisos VI e VII do j mencionado dispositivo. o habeas corpus tem assento no texto constitucional. Aqui estar, o seu aspecto de remdio ou writ constitucional.

A natureza cautelar, constitutiva ou declaratria dependendo do caso, pode ser vista no inciso I.Art. 648. A coao considerar-se- ilegal: I - quando no houver justa causa; II - quando algum estiver preso por mais tempo do que determina a lei; III - quando quem ordenar a coao no tiver competncia para faz-lo; IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coao; V - quando no for algum admitido a prestar fiana, nos casos em que a lei a autoriza; VI - quando o processo for manifestamente nulo; VII - quando extinta a punibilidade.

7 LEGITIMIDADE PARA INTERPOR HABEAS CORPUSQuanto a legitimidade, pode se dizer que qualquer pessoa seja fsica ou jurdica, independente se nacional ou estrangeiro, independente de sua capacidade civil, poltica, profissional, sexo, profisso, idade, estado mental, escolaridade. No caso de ser analfabeto algum dever assinar a petio a rogo; no caso de ser menor ou insano, no tem necessidade de estarem representados ou assistidos por outrem. Essa pessoa a que requer o habeas corpus denominada impetrante, e a que est sofrendo a violncia ou coao ilegal na liberdade de locomoo, ou seja, o favorecido pelo mesmo chamado de paciente, mas isso no impede que o impetrante e o paciente no seja o mesmo individuo. O sujeito ativo da coao ilegal ou violncia o coator ou autoridade coatora. Ainda tem uma figura que por muitas vezes esquecido pelos doutrinadores, o detentor que aquele que tem o paciente sobre custodia. O habeas corpus dever ser impetrado diretamente contra o coator, que poder ser tanto o particular contra ato de ilegalidade, e com a autoridade - promotor de justia, delegado de polcia, juiz de direito, tribunal nos casos de ilegalidade e abuso de poder. Assim, o juiz ou o tribunal nos casos de ilegalidade pode conceder ex officio previsto no Art. 654, 2.Art. 654. O habeas corpus poder ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministrio Pblico. 1o A petio de habeas corpus conter: a) o nome da pessoa que sofre ou est ameaada de sofrer violncia ou coao e o de quem exercer a violncia, coao ou ameaa; b) a declarao da espcie de constrangimento ou, em caso de simples ameaa de coao, as razes em que funda o seu temor; c) a assinatura do impetrante, ou de algum a seu rogo, quando no souber ou no puder escrever, e a designao das respectivas residncias.

2o Os juzes e os tribunais tm competncia para expedir de ofcio ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que algum sofre ou est na iminncia de sofrer coao ilegal. (GRIFOU-SE).

Um fato de grande relevncia a ser retratado quando o paciente deve ter uma ordem de habeas corpus individual, no existindo uma impetrao coletiva. O paciente tem a faculdade de recusar o habeas corpus impetrado por terceiros. Nesse caso, ele deve dirigir uma simples petio ao juiz ou tribunal. O juiz poder, se achar necessrio, solicitar informaes da autoridade apontada como coatora no prazo que estabelecer, e tambm, poder interrogar o beneficirio, a partir disto o juiz ter 24 horas para decidir. A pessoa fsica no pode impetrar habeas corpus em favor de pessoa jurdica. Assim sendo, ela no pode ser paciente, pois o que ele protege direta ou indiretamente a liberdade de locomoo, o que no diz respeito as pessoas jurdicas. O habeas corpus pode ser Legitimatio ad causam quando esta se referindo ao verdadeiro sujeito ativo ou passivo de uma mesma relao jurdica controvertida. Pode ser tambm Legitimatio ad processum que a possibilidade global que se tem para agir ou se defender em juzo como sujeito ativo ou passivo de uma mesma relao processual, diferindo da legitimatio ad causam Existe uma exceo no que diz respeito a habeas corpus, que so os casos das punies disciplinares militares. Em questo do Ministrio Pblico, o promotor de justia poder impetrar o habeas corpus em favor do indiciado ou acusado, no desenrolar da investigao criminal ou do processo desde que ele demonstre efetivo interesse de beneficio. Em referncia ao magistrado, como j demonstrado, desde que se aperceba e se conscientizar da necessidade do habeas corpus, o determinara de ofcio, ou seja, por conta prpria, sem a necessidade de que algum impede. O STF veio admitir o habeas corpus via FAX, para isso deve ser conhecido pelo MinistroRelator e mais tarde ratificado impetrado com as originais dentro do prazo estabelecido em lei. Morares (2008) ensina:As decises de qualquer das Turmas do Pretrio Excelso so inatacveis por habeas corpus, uma vez que a Turma quando profere julgamento, em matria de sua competncia, representa o prprio Supremo Tribunal

Federal. Dessa forma, a circunstncia do Objeto impugnado ser deciso emanada da prpria corte. O rgo fracionrio ou no - inviabiliza o ajuizamento do writ.

8 DA COMPETNCIA PARA ADMITIR HABEAS CORPUS8.1 Da Competncia de Julgamento e Regras gerais No primeiro momento o que deve ser identificado o territrio onde ocorreu o fato, indicando a sua comarca. Logo depois, verificando se a autoridade coatora possui foro privilegiado. A identificao da comarca de onde ocorreu o delito deve ser impetrado habeas corpus para a mesma comarca. No caso de ter mais de um magistrado deve ocorrer a distribuio, e estando o processo em andamento a distribuio tem que acontecer por preveno. J na hiptese de um individuo for detido por ordem do juiz de direito a competncia ser do respectivo tribunal. 8.2 Da competncia do Supremo Tribunal Federal com base na Constituio Federal de 1988 Essa competncia bem desenrolada pelo professor Guilherme de Sousa Nucci onde ele diz:Cabe ao STF julgar, originalmente, o habeas corpus, sendo paciente o Presidente da Repblica, o Vice- Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus prprios Ministros, o Procurador-Geral da Republica, os Ministros de Estado, os Comandantes da Marinha, do Exrcito e da Aeronutica, os membros de Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da Unio e os chefes de misso diplomtica de carter permanente(art.102, I, d, CF), bem como o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou paciente for autoridade ou funcionrio cujos atos estejam sujeitos diretamente jurisdio do Supremo Tribunal Federal (neste contexto, inserem-se os membros do Conselho Nacional da Justia e do Conselho Nacional do Ministrio Pblico), ou se tratando de crime sujeito mesma jurisdio em uma nica instancia(art.102, I, i, CF). (NUCCI, 2009, p.957)

Contudo, o Supremo Tribunal Federal entende que havendo coao por Turma Recursal do Juizado Especial Criminal dos Estados, o habeas corpus deve ser julgado residualmente pelo STF em conformidade com a Smula 690 do mesmo rgo: compete originariamente ao supremo tribunal federal o julgamento de

habeas corpus contra deciso de turma recursal de juizados especiais criminais. Teoricamente seria competncia do Superior tribunal de justia mas nesse caso a lei no se pronunciou, e por tanto a smula veio regulamentar essa questo. De fato o Tribunal de Justia ou Tribunal Regional Federal assim como as Turmas Recursais so rgos de segundo grau por esse motivo essa competncia no poderia ser dada ao mesmo. Ser cabvel habeas corpus em caso de recurso ordinrio denegatrio, ser julgado em nica instancia pelos tribunais superiores estando implicitamente o casos de habeas corpus decididos em ltima instancia por tribunais superiores. Nos momentos em que Tribunal Superior for o rgo coator, logicamente a competncia ser do STF para o julgamento previsto no art. 102, I, i:Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituio, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: i) o habeas corpus, quando o coator ou o paciente for tribunal, autoridade ou funcionrio cujos atos estejam sujeitos diretamente jurisdio do Supremo Tribunal Federal, ou se trate decrime sujeito mesma jurisdio em uma nica instncia;

A deciso monocrtica de relator de Tribunal Superior no pode ser includa nesse rol, materializada na Smula 691 do STF que graceja: No compete ao supremo tribunal federal conhecer de "habeas corpus" impetrado contra deciso do relator que, em "habeas corpus" requerido a tribunal superior, indefere a liminar. mas j existe entendimento do STF que pode haver uma exceo que no casos graves. A doutrina no permite a interveno do assistente da acusao no processo de habeas corpus, tendo, porm, o STF, por votao majoritria resolvendo questo preliminar, entendido legtima a interveno na ao penal do habeas corpus, inclusive para fazer sustentao oral, do credor fiducirio, autor da ao civil de depsito. (Aurlio, 1995, p. 41.010) 8.3 Da competncia do Superior Tribunal de Justia com base na Constituio Federal de 1988 De igual maneira ao STF o STJ possui sua competncia definida pela Constituio Federal de 1988, constatada no art. 105, I, c:

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justia: I - processar e julgar, originariamente: a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justia dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municpios e os do Ministrio Pblico da Unio que oficiem perante tribunais; c) os habeas corpus, quando o coator ou o paciente for quaisquer das pessoas mencionadas na alnea a, ou quando o coator for Ministro de Estado, ressalvada a competncia da Justia Eleitoral; (GRIFOU-SE).

A matria que no citada pelo paciente, o STJ nunca poder apreci-la. Esse ocorrido chamado de prequestionamento podendo ser dispensvel no habeas corpus pelo fato de ser uma ao de impugnao e no um recurso. 8.4 Da competncia do Tribunal Regional federal e dos juzes federais com base na Constituio Federal de 1988 Caso um juiz federal seja a autoridade coatora caber originalmente julgar o habeas corpus o Tribunal regional Federal respectivo Art.108. Compete aos Tribunais Regionais Federais: I [...] d) os habeas corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal. J aos juzes federais competi-lhes julgar habeas corpus quando for de sua competncia ou em momentos que um individuo no se sujeita a uma jurisdio definida conforme dita pela CF de 88: Art.109, VII - os habeas corpus, em matria criminal de sua competncia ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos no estejam diretamente sujeitos a outra jurisdio; 8.5 Da competncia do Tribunal do Estado com base na Constituio Federal de 1988 A Constituio definiu no seu Art. 125, 1 que a competncia dos Tribunais Estaduais seria definida de acordo com cada Constituio Estadual.Art. 125. Os Estados organizaro sua Justia, observados os princpios estabelecidos nesta Constituio. 1. A competncia dos tribunais ser definida na Constituio do Estado, sendo a lei de organizao judiciria de iniciativa do Tribunal de Justia.

9 DAS ESPCIES DE HABEAS CORPUS SEU CABIMENTO E SUAS RESTRIES.Toda e qualquer ao possui causa de pedir, seja ela do ramo civil ou penal, serve para delimitar a resposta do jurisdicional, demandada pela parte. Por isso, o habeas corpus no foge dessa linha de pensamento, tendo uma causa de pedir remota e uma causa de pedir prxima. a chamada teoria da substanciao. A causa de pedir remota expor em mincias o ato que viola ou vem ameaar a liberdade de locomoo. J a causa de pedir prxima a norma jurdica construda contra a compreenso da relao jurdica do direito material, no caso concreto previstos no Art.5, XV e LXVIII da Constituio Federal brasileira.Art. 5 [...] XV - livre a locomoo no territrio nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; LXVIII - conceder-se- habeas corpus sempre que algum sofrer ou se achar ameaado de sofrer violncia ou coao em sua liberdade de locomoo, por ilegalidade ou abuso de poder;

Assim, a causa de pedir do habeas corpus a violao liberdade do direito de ir e vir prevista no ordenamento jurdico. Por isso, o impetrante no deve colocar somente os fundamentos jurdicos, mas tambm os elementos fticos dessa causa. Na ocorrncia de justaposio com relao aos fundamentos fticos quanto aos jurdicos, pode ocorrer uma renovao do habeas corpus perante o mesmo juzo. J as modificaes dos aspectos que circundam os fundamentos de direito a renovao deve ser feita pela instancia originaria, no sendo permitida a supresso da mesma. A teoria de individualizao incompatvel com o habeas corpus, devido a formao da coisa julgada ocorrer de forma que recaia sobre o direito, no se importando com os aspectos fticos ou com a relao jurdica material referentes a liberdade de ir e vir. Segundo Tvora, Alencar (2010, p.1033) agraciam em sua obra:A impetrao do habeas corpus admitida quando o inqurito ou processo penal vise apurao de delito que tenha cominao em abstrato, dentre suas penas previstas, de privao de liberdade. O habeas corpus pode se dirigir contra priso ilegal, contra ameaa de priso e contra inqurito,

procedimento criminal ou processo penal cuja concluso possa resultar em pena privativa de liberdade.

Por tanto, ocorrendo a ilegalidade o Cdigo de Processo Penal vem em seu Art.648 indicar as hipteses em que caber o remdio constitucional. No que diz respeito ao excesso de prazo o habeas corpus poder ser utilizado como meio processual adequado para cessar o constrangimento ilegal liberdade de locomoo do acusado que estiver preso, decorrente de abusivo excesso de prazo para o encerramento da intruso processual penal. importante a colocao que no se encaixa no caso citado de habeas corpus o prazo ocorrido por exigncia da prpria defesa em arrolar testemunhas residentes em comarcas diversas, ou em virtude do nmero alto de acusados, principalmente quando a instruo teve tempo regular. Uma observao que a possvel greve de serventurios da justia configura fora maior no ensejando alegao de excesso de prazo. As Smulas 21, 52 e 64 do Superior Tribunal de Justia, vem retratando do excesso de prazo. A primeira diz que depois do ru ter se pronunciado ficar extinto o constrangimento ilegal da priso por excesso de prazo na instruo. Na segunda diz que no mais existir o constrangimento ilegal encerrada a instruo criminal. Por fim a smula 64 trata do excesso de prazo que no haver constrangimento ilegal que foi provocado pela defesa. Existe apontamentos no sentido de quando a pena privativa de liberdade de determinado indivduo estiver extinta no caber habeas corpus, que conforme corrobora a smula 695 do STF. Veio tambm regulamentar que no caber habeas corpus nas penas de excluso de militar ou na sua perda de patente ou ate mesmo da sua funo publica smula 694 STF. J a smula 692 do STF vem dizer que no caber contra omisso de relator de extradio se essa for fundada em fato ou direito estrangeiro. O documento expedido, pelo tribunal ou juiz, que concede a ordem designado pelo Cdigo de Processo Penal como ordem de habeas corpus; coloquialmente, se trata de um habeas corpus liberatrio conhecido como alvar de soltura, e se tratar de um habeas corpus preventivo, a ordem escrita do juiz denomina-se salvo conduto.

9.1 Habeas corpus em espcie Para Fernando Capez o habeas corpus pode ser: liberatrio/repressivo e preventivo. J Nestor Tvora e Rosmar Rodrigues Alencar, juntamente com Alexandre de Moraes denominam de: preventivo, repressivo e suspensivo. O habeas corpus liberatrio, tambm denominado repressivo destinado a afastar constrangimento ilegal liberdade de locomoo j existente. O habeas corpus repressivo consubstancia-se numa ordem expedida pelo juiz ou tribunal competente, determinando a imediata cessao do constrangimento Quando o habeas corpus concedido apenas diante de uma ameaa liberdade de locomoo, diz-se ele preventivo. Nestas hipteses, o juiz expede um salvo-conduto. a expressa disposio do 4 do art. 660 do CPC, transcrito: " 4 Se a ordem de habeas corpus for concedida para evitar ameaa de violncia ou coao ilegal, dar-se- ao paciente salvo-conduto assinado pelo juiz." De acordo com o caso poder ser aplica do o princpio da fungibilidade, em que o preventivo pode se transformar em liberatrio. Cabe ainda falar em habeas corpus suspensivo, nesse caso ocorre quando existe uma ilegalidade, porem o sujeito ainda no foi preso emitindo-se um contramandado de priso, aja vista que a liberdade de locomoo esta sendo efetivamente ameaada, contudo o individuo ainda no est preso. 9.2 Nos crimes com pena privativa de liberdade De certa forma considerado como uma condio de admissibilidade, em que o crime que corre no inqurito, na ao penal deve-se pressupor que seja pena privativa de liberdade. Pois, nos processos referentes aos delitos que possuem as penas privativas de direito no caber habeas corpus assim como esse instituto no cabe para as pessoas jurdicas. de grande relevncia a identificao do crime e da pena a ele cominada, para que o meio autnomo de impugnao seja aplicado corretamente. Por tanto, o mandado de segurana ser o meio adequado quando a sano no seja pena privativa de liberdade. Ambas as aes de impugnao se prestam a mesma finalidade.

9.3 No cabimento. No caber habeas corpus se no houver ilegalidade ou abuso de poder na ameaa ou na privao da liberdade de locomoo do indivduo. Toda via, quando regularmente preso, no ter concedida a ordem de habeas corpus. Caso aja a necessidade de uma dilao probatria no se poder usar o habeas corpus. Pressupe o direito lquido e certo liberdade de locomoo com a demonstrao documental de que h ilegal ou abusiva ameaa ou violao a esse direito. As provas devem estar pr-constitudas. Havendo a necessidade de comprovao das provas, de percias, tomadas de testemunhos etc., torna-se incabvel o habeas corpus. 10 DOS ASPECTOS CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E MILITAR DA TRANSGRESSO DISCIPLINAR MILITAR. O art. 142 da Constituio Federal vem proferindo em seu 2 que o habeas corpus no caber nos casos de punio disciplinar dos militares. Mas importante lembrar que na poca do estado de defesa muitos direito e garantias foram suprimidos, pois esse pensamento surgiu nessa poca. Assim, seguindo a linha de pensamento de Guilherme de Souza Nucci, no a que se falar em habeas corpus na punio disciplinar militar que no envolva a liberdade de ir e vir, devendo ser encerrada na esfera administrativa, e no caso da deciso no agradar o militar ele poder buscar o Poder judicirio comum, que ser a Justia Federal sendo ele das Foras Armadas ou na Estadual sendo Policial Militar. Essa punio pode ser a excluso do militar, ou perda de patente ou da funo publica. No obstante, a punio que ameaa o direito de ir e vir, como a priso disciplinar militar, admite-se apenas em situaes excepcionais. Pois a justificativa seria que o principio da hierarquia e disciplina inseparvel das organizaes militares evitando a impugnao da punio determinado pelo superior militar. Assim, s seria caso de habeas corpus nos casos de incompetncia da autoridade, falta de previso legal para a punio, inobservncia das formalidades legais ou excesso de prazo de durao na punio restritiva de liberdade.

Entretanto, a liberdade de locomoo do individuo que direito fundamental esta sofrendo uma limitao e no poderia haver essa proibio com relao aos militares. Vendo como um assunto divergente Nestor Tvora e Rosmar Rodrigues Alencar analisam que as infraes administrativas previstas nos regulamentos disciplinares militares que a depender de quanto for grave prevem sanes de advertncia, deteno da liberdade caberia habeas corpus. O Cdigo de Processo Penal no art. 647 vem regulamentar que: Dar-se- habeas corpus sempre que algum sofrer ou se achar na iminncia de sofrer violncia ou coao ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punio disciplinar.. Porm, o entendimento ortodoxo era contra ao regulamento militar que fundamentada no mesmo determinava a priso ou deteno no cabendo habeas corpus, mas sim o mandado de segurana com os devidos pressupostos. Nesse mesmo sentido a Lei maior vem fixando em seu art. 5, LXVIII conceder-se- habeas corpus sempre que algum sofrer ou se achar ameaado de sofrer violncia ou coao em sua liberdade de locomoo, por ilegalidade ou abuso de poder;. Por isso o art. 647 do CPP esta anulado devido a no recepo pela Constituio Federal de 1988 que no sustenta esse sentido de limitao garantia constitucional. Nessa tica o STF entendeu: No cabe habeas corpus contra a imposio da pena de excluso de militar ou de perda de patente ou de funo pblica. Smula n 694 STF. Pode ser visto claramente que em nenhum momento se comenta em violao ou ameaa liberdade de locomoo. A Constituio Federal vem em seu art.125 4 discutir esse assunto que foi modificado pela Emenda Constitucional n 45/2004 que deixa evidente o momento do cabimento do habeas corpus. Quando o ato disciplinar impuser priso ou deteno e no privativa ser o mandado de segurana o remdio adequado, competindo Justia Militar estadual processar e julgar as aes judiciais Seja para a reeducao do militar transgressor, seja para afast-lo em definitivo da vida da caserna, essas punies disciplinares tem por fim resguardar a hierarquia e a disciplina juntamente com os princpios por meio dos quais se organizam as Instituies Militares. O alicerce da estabilidade poltica do Pas, a hierarquia e a disciplina militares necessitam serem tuteladas jurisdicionalmente pelo Estado.

Entretanto, toda importncia que se reveste a preservao da incolumidade hierrquica e disciplinar castrenses, a punio disciplinar militar decorre de ato exarado por autoridade no exerccio de funo administrativa e, sendo imprescindvel serem atendidos tambm os requisitos do ato administrativo em geral. 11 PROCEDIMENTOS. A forma de propositura do habeas corpus livre, ou seja, no tem nenhuma formalidade. Podendo ser condescendido de oficio, as disposies que anunciam os requisitos da petio inicial no exigem formalidades intransponveis. Contudo no 1 do art. 654 do CPP prescreve-se que a petio dessa ao conter: "a) o nome da pessoa que sofre ou est ameaada de sofrer violncia ou coao e o de quem exercer a violncia, coao ou ameaa; b) a declarao da espcie de constrangimento ou, em caso de simples ameaa de coao, as razes em que se funda seu temor; c) a assinatura do impetrante, ou de algum a seu rogo, quando no souber ou no puder escrever, e a designao das respectivas residncias". O 2 do aludido artigo enuncia que "os juzes e os tribunais tm competncia para expedir de ofcio ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que algum sofre ou est na iminncia de sofrer coao ilegal". O habeas corpus possui um rito abreviado e de cognio sumria. A doutrina majoritria e a jurisprudncia tm optado pela apresentao de qualquer prova seja ela pericial ou testemunhal. Tambm tem sido menos rigorosa no conhecimento e julgamento dessa ao. A admissibilidade dessa ao pressupe direito lquido e certo, no cabendo investigaes ou dilaes probatrias, devendo as provas documentais estar pr-constitudas e juntas aos autos. O art. 656 do CPP prescreve que "recebida a petio de habeas corpus, o juiz, se julgar necessrio, e estiver preso o paciente, mandar que este lhe seja imediatamente apresentado em dia e hora que designar". No pargrafo nico desse artigo est enunciado que "em caso de desobedincia, ser expedido mandado de priso contra o detentor, que ser processado na forma da lei, e o juiz providenciar para que o paciente seja tirado da priso e apresentado em juzo". da essncia original do habeas corpus a apresentao do "corpo" do paciente ao magistrado, inclusive para verificar a integridade fsica do preso. Ainda em casos de embaraar

ou procrastinar a expedio da ao, as informaes sobre a causa da priso, a conduta e apresentao do paciente ou sua soltura, receber multa.sendo possvel a fixao de astreinte. Sendo a apresentao determinada pelo juiz, no podendo alegar para no fazer, salvo motivo de grave enfermidade do paciente ou quando no estiver sob a guarda de quem atribuiu a deteno ou quando no determinado pelo juiiz ou tribunal. Nesses casos, o juiz poder ir ao local onde se encontra o paciente mas somente nos casos de doena. Ao juiz deve ser informado sob a ordem de qual autoridade esteja o paciente custodiado, nos termos do art. 658 do CPP. O magistrado ou tribunal julgar prejudicado o o habeas corpusno memento que cessar a violncia ou coao ilegal, caso concedido em virtude de nulidade do processo ele ter que ser renovado. O art. 660 do CPP prescreve que "efetuadas as diligncias, e interrogado o paciente, o juiz decidir, fundamentadamente, dentro de 24 (vinte e quatro) horas". Nos pargrafos desse artigo constam as seguintes disposies: "Se a deciso for favorvel ao paciente, ser logo posto em liberdade, salvo se por outro motivo dever ser mantido na priso (1). Se os documentos que instrurem a petio evidenciarem a ilegalidade da coao, o juiz ou o tribunal ordenar que cesse imediatamente o constrangimento (2). Se a ilegalidade decorrer do fato de no ter sido o paciente admitido a prestar fiana, o juiz arbitrar o valor desta, que poder ser prestada perante ele, remetendo, neste caso, autoridade os respectivos autos, para serem anexados aos do inqurito policial ou aos do processo judicial (3). Se a ordem de HC for concedida para evitar ameaa de violncia ou coao ilegal, darse- ao paciente salvo-conduto assinado pelo juiz (4). Ser incontinenti enviada cpia autoridade que tiver ordenado a priso ou tiver o paciente sua disposio, a fim de juntar-se aos autos do processo (5). Quando o paciente estiver preso em lugar que no seja o da sede do juzo ou tribunal que conceder a ordem, o alvar de soltura ser expedido pelo telgrafo, se houver, observadas as formalidades estabelecidas no art. 289, pargrafo nico, in fine, ou por via postal (6). Havendo solicitao de habeas corpus a deciso juiz poder: o Conceder a ordem - O juiz entende a necessidade desta e a determinar.

o Denegar a ordem - Se o juiz entender que no se configuram os requisitos necessrio. o Julgar prejudicando o pedido - O juiz no nega e no concede. Fica arquivado para se aparecer algum fato concreto e o juiz achar que necessrio. Nos tribunais, a petio ser distribuda ao rgo competente, que requisitar, informaes por escrito da autoridade apontada como coatora, se entender necessrio. Se a petio no satisfazer os requisitos formais de seu conhecimento, ser aberta a possibilidade de sua emenda, sob pena de indeferimento, mediante a confirmao do rgo competente (arts. 661 a 663, CPP). O habeas corpus tem rito privilegiado nos tribunais, ou seja, sumrio. Pois, em regra, no h a necessidade de sua incluso na pauta de julgamentos, nem de previa intimao. Recebidas as informaes, ou dispensadas, ser julgado na primeira sesso, podendo, entretanto, adiar-se o julgamento para a sesso seguinte (art. 664, CPP). O pargrafo nico do referido artigo prescreve: "A deciso ser tomada por maioria de votos. Havendo empate, se o presidente no tiver tomado parte na votao, proferir voto de desempate; no caso contrrio, prevalecer a deciso mais favorvel ao paciente". Esse dispositivo sufraga o princpio in dubio pro reo que um dos alicerces das garantias penais dos indivduos.O habeas corpus no poder ser utilizado para a correo de qualquer inidoneidade que no impliquem coao ou iminncia direta de coao liberdade de ir e vir. Assim, por exemplo, no caber habeas corpus para questionar pena pecuniria. (TAVORA, ALENCAR. 2010. p. 1035)

Trata-se aqui de uma clusula ptrea, assim sendo no poder ser excludo do ordenamento jurdico. Mas, o habeas corpus poder sofrer uma diminuio em sua abrangncia, nos casos de Estado de Stio ou o Estado de Defesa. 12 DO TRANCAMENTO DO INQURITO POLICIAL, DO PROCESSO OU DO TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRNCIA A regra para a interposio de habeas corpus a ameaa liberdade de locomoo do individuo. Por tanto, no caso em que no houver recurso especifico

contra ato lavrado em procedimento criminal, ele ser pode ensejado com natureza de sucedneo recursal. Para essa ao necessria a presena do constrangimento ilegal, como uma provvel cerceio da liberdade de ir e vir, que no haja previso de recurso especifico contra o ato violador ou ameaador da liberdade de locomoo, s assim poder ocorrer o trancamento do inqurito policial, processo penal, termo circunstanciado de ocorrncia ou procedimento criminal junto ao juizado especial. Nos juizados especiais criminais, a lavratura de termo circunstanciado de ocorrncia sem que fato constitua crime autoriza o deferimento do mandado. Para alguns doutrinadores o termo trancamento por no existir na legislao no poderia ser utilizada, pois no se tranca o inqurito policial ou a ao penal, mas sim se arquiva ou se extingue o processo com ou sem resoluo do mrito. Contudo, o termo trancamento foi consagrado e ganhou reconhecimento doutrinrio. 13 RECURSOS CONTRA HABEAS CORPUS Como j relatado no possui natureza de recurso, mas sim de ao. Assim sendo caber recurso contra essa ao. Da sentena que conceder ou negar habeas corpus, proferida por Juiz singular, caber recurso em sentido estrito, que poder ser interposto pelas partes do processo ou pelo membro do Ministrio Pblico. O cdigo de processo penal prev a hiptese de reexame necessrio. Nos Tribunais de justia ou pelos Tribunais Regionais Federais caber recurso especial ao STJ ou recurso extraordinrio ao STF conforme o caso concreto, dispostos nos artigos 105 Compete ao Superior Tribunal de Justia: II - julgar, em recurso ordinrio; a) os habeas corpus decididos em nica ou ltima instncia pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territrios, quando a deciso for denegatria; e no artigo 102 Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituio, cabendo-lhe: II - julgar, em recurso ordinrio: a) o habeas corpus, o mandado de segurana, o habeas data e o mandado de injuno decididos em nica instncia pelos Tribunais Superiores, se denegatria a deciso;

14 CONSIDERAES FINAIS H um caminho muito longo a se percorre no que concerne a garantir os direitos humanos em sua completude em todo o mundo. No entanto, a segurana do instituto do habeas corpus garante, em casos extremos, a liberdade de ir e vir: direito fundamental e inerente pessoa humana. As reflexes feitas sobre o habeas corpus nas transgresses disciplinares militares, percebe-se ser da mais inteira justia em favor do superior hierrquico que no quer que seu posto seja contrariado por um indivduo de menor patente, assim, adotar um ponto principiolgico amplo pelo qual o juiz uma vez provocado a apreciar a legalidade e a legitimidade do ato punitivo, verifique a razoabilidade da subsuno da conduta do militar acusado norma punitiva, bem como a proporcionalidade da fixao da sano disciplinar, devendo para tanto sopesar em sua deciso princpios bsicos da Administrao Pblica e das Instituies Militares como visto a priso militar no cabe habeas corpus. Por fim, pode se dizer que o habeas corpus, assim como o habeas data, so gratuitos. O habeas corpus uma ao de impugnao, e um procedimento eficiente e rpido. Sendo que, este tm preferncia sobre todos os demais, em primeira e segunda instncia, a fim de que sejam julgados o mais depressa possvel para que a garantia constitucional seja preservada e demonstrar a importncia que ele possui. 15 REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS CAPEZ,Fernando. Curso de PROCESSO PENAL. 15 edio. Editora: SARAIVA, 2008, So Paulo. NUCCI, Guilherme de Souza. MANUAL DE PROCESSO PENAL E EXECUO PENAL. 5 edio. Editora: Revista dos Tribunais, 2009, So Paulo. TVORA, Nestor; ALENCAR, Rosmar Rodrigues. CURSO PROCESSUAL PENAL. 4 edio. Editora: Podivm, 2010, Bahia. DE DIREITO

MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. 23 edio. Editora: Atlas,2008, So Paulo. CRANSTON, Maurice. O que so Direitos Humanos?. Londres: The Bodley Head,1979.

FERREIRA, Pinto. Curso de Direito Constitucional. Editora: Saraiva, 1998, So Paulo. MIRABETE, Julio Fabbrini Mirabete. Processo Penal. 18 edio. Atlas,2008, So Paulo. MIRABETE, Julio Fabbrini Mirabete. CDIGO DE PROCESSO PENAL. 11 edio. Atlas,2003, So Paulo. FERREIRA, Pinto. Curso de Direito Constitucional. Editora: Saraiva, 1998, So Paulo. pg.137-38. ANGHER, Anne Joyce. VADE MECUM UNIVERSITARIO DE DIREITO RIDEEL. 8 Edio. Editora Rideel, 2010, So Paulo. Estudo terico sobre o remdio constitucional habeas corpus. Disponvel em: Acesso: 24/10/2010 HABEAS CORPUS. Disponvel http://www.vemconcursos.com/opiniao/index.phtml?page_id=484 24/10/2010 em: Acesso:

O habeas corpus. Disponvel em: Acesso: 24/10/2010 (2) HABEAS CORPUS. Disponvel em: < http://www.profpito.com/gd2.html>

Acesso: 26/10/2010 Texto retirado do STF, Habeas Corpus n72.131-1/RJ - Rel. Min. Marco Aurlio, Dirio de Justia, Seo I, 28/09/95, pg. 41.010


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