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O jovem não pode, mas precisa falhar!
Quando imaginamos todos os desafios que a realidade atual apresenta, fica bastante claro que é na atuação profissional da Geração Y que está a maior preocupação. Por isso o assunto é muito debatido hoje, principalmente por gestores nas empresas, que têm a missão de receber os jovens profissionais, com suas características, limitações e qualidades.
Contudo, a primeira impressão que temos é a de que as gerações estão vivendo um tempo de
ruptura total, em que os mais velhos não entendem os jovens, que, por sua vez, os consideram
absolutamente lentos e desconectados da realidade atual. O aumento da expectativa de vida
contribui para a intensidade nos conflitos, pois existem mais gerações lutando por um lugar no
mundo.
Os jovens da Geração Y são mais pragmáticos e não se apegam aos valores que serviram de
referência para a criação da realidade atual. Estão sempre buscando desafios e esperam
receber feedback com muita rapidez. Surpreendem líderes ao ignorar os padrões conhecidos,
principalmente quando apresentam um bom desempenho no estudo, no trabalho ou em todo seu
estilo de vida, enquanto escutam músicas e navegam em redes sociais.
Investigar com novas abordagens toda a complexidade que o novo cenário nos traz é essencial
neste momento, pois podem resultar em importantes avanços e inegável sucesso na identificação
dos fatores de motivação do jovem, principalmente no campo profissional. Isso significa que será
prioritário inovar os conceitos de liderança e o caminho é a mentoria.
Atualmente, o resgate dos princípios de mentoria demandam programas de formação específicos,
realinhando conceitos como coaching e mentoring que, de certo modo, se misturaram diante da
busca por uma atuação mais adequada das lideranças.
Mentoria deve ser considerada o grande legado que o verdadeiro líder deixa após sua passagem
como gestor de uma equipe de trabalho. Quando bem implementada, representa a continuidade por
meio da sucessão e formação dos potenciais. O objetivo deve ser sempre o desenvolvimento de
modelos que supram as necessidades crescentes de formação de novos talentos.
Em um mundo onde as transformações alcançam conceitos exponenciais, a competitividade se
transforma em posicionamento estratégico e os relacionamentos estabelecem diferenciais
competitivos definitivos. Pais, gestores e educadores precisam adotar um novo posicionamento,
muito mais alinhado com os conceitos atribuídos hoje aos jovens da Geração Y, que representam a
maior fatia do mercado consumidor e de profissionais na próxima década.
Definitivamente, o cenário mudou e as prioridades devem ser realinhadas para que se alcancem
novas soluções. O grande problema que advém com a chegada dos jovens no mercado de trabalho
é a falta de experiência. A situação já deixou de ser apenas uma circunstância passageira para se
transformar em um fenômeno corporativo e, como tal, merece atenção intensa dos gestores nas
empresas. Duas questões estão sempre presentes neste momento:
– Porque os jovens se afastam do emprego ao primeiro obstáculo realmente relevante?
– Porque os jovens de hoje não se engajam nas oportunidades de trabalho?
Primeiramente, é necessário entender que nem todo jovem da Geração Y é um fenômeno, tampouco
deve ser considerado um gênio. Se levarmos em conta apenas o aspecto de formação acadêmica,
veremos que ainda é grande o número de jovens que não conseguem ultrapassar a formação no
ensino médio. O impacto dessa situação só é ligeiramente reduzido porque o contexto atual
proporciona a esses jovens maior acesso a informação e até mesmo à formação técnica, seja
presencial ou virtual. Portanto, é necessário um novo alinhamento de expectativas sobre as
capacidades dos jovens, principalmente porque essa geração chega ao mercado de trabalho muito
mais tarde que as gerações anteriores.
Entretanto, o questionamento tem sentido se considerarmos que esta é, sem dúvida, a geração com
o maior número de jovens preparando-se para o mundo corporativo. Os jovens da Geração
Y concorrem a diversas posições, desde as mais operacionais até as disputadas vagas nos
programas de trainees, em que é esperada a melhor e mais completa formação acadêmica. O
empenho para alcançar as melhores vagas é visível e a ambição dos jovens profissionais é uma
característica considerada positiva pela maioria dos recrutadores.
Com este cenário, era de se esperar muitos jovens profissionais excepcionais, alinhados aos valores
de suas empresas e com suas estratégias de carreira definidas, mas não é o que ocorre. Isso leva a
mais uma questão:
·– Afinal, porque eles parecem não se comprometer com o trabalho?
Certamente, o fator de maior impacto para a falta de comprometimento e engajamento do jovem é a
pressão por resultados sem falhas. É certo que os resultados são indispensáveis para qualquer
empresa e merecem todo foco de seus profissionais; contudo, a incansável busca pela produtividade
retirou a possibilidade de falhas da equação e passou a considerá-las absolutamente danosas para
as empresas.
Os jovens de hoje estão cada vez mais “famintos” por desafios que os levem a alcançar
experiências, mas para isso precisam falhar. Somente assim alcançarão a experiência que leva ao
engajamento e ao comprometimento com a própria trajetória profissional. Por isso, o novo papel dos
mais veteranos não é mais o de esperar que a Geração Y seja um sucesso sem fracassos, mas de
ajudá-los a desenvolver o aprendizado que as falhas proporcionam para o crescimento de todos nós.
Texto extraído do livro “Jovens para Sempre – Como entender os conflitos de gerações”, Editora
Integrare.