FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
FORMAÇÃO PELA ESCOLA
CURSO PROGRAMAS DO LIVRO - PLi
GILVANI ALVES DE ARAUJO
UNIDADE OU FRACIONAMENTO DO LIVRO DIDÁTICO
CARLA CRISTINE AGULHAM
SÃO JOSÉ DOS PINHAIS
2015
FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO
FORMAÇÃO PELA ESCOLA
CURSO PROGRAMAS DO LIVRO
GILVANI ALVES DE ARAUJO
UNIDADE OU FRACIONAMENTO DO LIVRO DIDÁTICO
Projeto apresentado como requisito final para a
conclusão do Curso Programas do Livro (PLi), do
Programa de Formação Continuada à Distância
nas Ações do FNDE.
SÃO JOSÉ DOS PINHAIS
2015
UNIDADE OU FRACIONAMENTO DO LIVRO DIDÁTICO
1. VISÃO GERAL DO PROJETO
ASSUNTO:
O livro didático versus ergonomia e funcionalidade.
TEMA:
A unidade ou a fracionamento do livro didático volume único.
PROBLEMA:
Como sugerir uma maneira de uso funcional do livro didático (volume único e
consumível), aos alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual Costa Viana, levando em
consideração questões ergonômicas e o uso efetivo pelos alunos?
OJETIVO GERAL:
Aplicar a sugestão de uma maneira de uso funcional do livro didático (volume único e
consumível), aos alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual Costa Viana, levando em
consideração questões ergonômicas e o uso efetivo pelos alunos.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
1. Desenvolver um questionário para fazer um levantamento entre os professores e alunos
do Ensino Médio para saber o que pensam sobre o uso do livro didático em sala de aula,
com sugestões sobre uso que preserva o formato em que recebeu o livro ou o
fracionamento do livro em capítulos por período de uso.
2. Organizar as respostas ao questionário de maneira significativa, tabulando as
informações e as sugestões extras, para que seja possível tirar conclusões a partir dos
resultados.
3. Empregar um plano de conscientização para o uso efetivo do livro didático seja em
sua unidade ou ainda que fracionado em unidades de uso, a finalidade é empregar
estratégias para minimizar os danos ergométricos ocasionados pelo peso excessivo das
mochilas e ao mesmo tempo garantir que os livros didáticos cumpriram seu papel social.
2. INTRODUÇÃO
A unidade do livro didático foi sendo construída historicamente. E,
contraditoriamente, está “unidade” reflete uma fragmentação funcional e ao mesmo
tempo estrutural. Isso quer dizer que, pelo menos no Ensino Médio, os livros didáticos
são fragmentados em disciplinas e por sua vez em reutilizáveis e consumíveis, espelha
uma fragmentação funcional. Já a divisão em volume único ou serial, aponta para uma
fragmentação estrutural. Em ambos os casos citados, a unidade é assegurada por um
projeto comum. E, os livros exibem uma continuidade absoluta como se cada conteúdo
agrupado fosse a continuidade imediata do outro, quando na verdade tem uma função
apenas gráfica a sua disposição no território do livro.
3. DESENVOLVIMENTO
Ao analisar os livros destinados ao suprimento das séries do Ensino Médio, do
Colégio Estadual Costa Viana, no qual trabalho como professor da disciplina de filosofia.
Percebi que enfrentamos uma série de problemas que contribuem para o mal uso do livro
didático e consecutivamente desperdício do dinheiro público. Acredito que a
identificação dos problemas e a sugestão de medidas simples podem ajudar a tornar mais
efetivo o uso tanto dos livros didáticos quanto do próprio recurso financeiro destinado ao
Programa do Nacional do Livro Didático (PNLD).
Os problemas que mencionei surgiram em conversas com outros professores que
atuam no ensino médio, assim como eu. E, em alguns minutos de discussão pude perceber
que as questões eram comuns as áreas e as práticas e, podem ser resumidas assim:
I. O número de aulas por dia inviabiliza trazer e fazer uso de todos os livros;
II. Cada aluno tem que trazer em média 3 a 4 livros por dia;
III. O peso é muito grande, a mochila não suporta e nem o aluno aguenta trazer
todos os livros que faria uso no dia;
IV. Os professores negociam quando trazer os livros, para o uso efetivo em
sala de aula, mas raramente os alunos trazem ele;
V. O Colégio não tem espaço físico e nem mobiliário disponível para que os
livros permaneçam nas dependências;
VI. O ideal é que cada aluno pudesse trazer todos os livros para a sala e após
leva-los para casa, para que cumpram sua finalidade de apoiar a
compreensão e a manutenção do conhecimento.
Logo, quando questionei os alunos, apontando o levantamento que realizei
descobri outras alegações e que nos ajudam a compreender melhor o problema, pude
resumir assim as alegações:
A. Os livros são muito pesados para que tenhamos que trazer todos que
utilizaremos no dia.
B. As vezes nós trazemos os livros e eles não são utilizados, então acho
desnecessário leva-los sempre.
C. Nós fazemos combinados com os professores de quando utilizaremos os
livros em sala, assim na maior parte das vezes eles ficam em casa.
D. Os livros são desnecessários, pois alguns professores fazem o resumo do
conteúdo e daí não é necessário levarmos para o colégio.
E. O colégio deveria ficar com todos os livros, no início do ano eles nos
obrigam a levar uma pilha pesadíssima de livros para casa, mas ninguém
pergunta se queremos leva-los.
Esses, são algumas das opiniões recolhidas e sistematizadas. Quando
confrontamos com as opiniões dadas pelos professores vemos que existe conflitos
acentuados pelo contexto econômico, cultural e social. Econômico, porque a escola não
tem estrutura para ficar com os livros e muito menos oferecer logística aceitável para que
todos os dias os alunos possam apanhar os livros que serão utilizados. Cultural, porque
apesar do livro didático ser consagrado uma ferramenta importante no ensino-
aprendizagem, ele não é encarado como tal e não faz parte do cotidiano escolar como
deveria. E, social, porque levar o livro para casa não assegura o uso efetivo do livro e nem
que ele estará seguro até retornar para a escola.
A bibliotecária do colégio assegurou que o estado em que os livros reutilizáveis
chegam ao colégio no fim do período letivo é deplorável, que ela sente pena dos alunos
que receberá a tutela do livro pelos próximos anos. E, que o número de livros que tem
que ser solicitado para repor aqueles que sofreram maus tratos é muito grande. Ela
comentou que não é falta de conscientização, todos rebem orientações que o livro tem
uma vida útil de pelo menos três anos e que deve ser encapado para assegurar seu perfeito
manuseio sem colocá-lo em risco. Mas, o que mais recebem são livros mutilados: sem
capa e contracapa, rabiscados à lápis e a caneta, com resposta aos exercícios e atividades,
sem ter sido encapado, com folhas dobradas e amassadas, recortados ou rasgados e assim
por diante.
4. CONCLUSÃO
O Colégio Estadual Costa Viana, situa-se no bairro Braga, na R. Paulino de
Siqueira Cortês, 2685, São José dos Pinhais. É um Colégio centralizado e de grande porte.
Segundo dados atualizados, temos 2.130 alunos no total, divididos em três turnos, em
anos do fundamental II, séries do médio e cursos profissionalizantes de nível médio
integrado ou subsequente. A clientela escolar é formada por alunos oriundos da região e
de outros bairros que acabam se deslocando por transferência para este colégio devido à
grande proximidade ao centro de São José dos Pinhais, ou pelo motivo de ser o único a
oferecer ensino especializado.
A ideia que tematiza o projeto surgiu a partir de minha própria prática como
professor do ensino médio. Além de ser consciente das duas posições descritas à
introdução deste trabalho, tenho uma experiência que me acompanhou desde a época de
estudante. Trata-se do uso bastante difundido do fichário, como forma de organizar a
descontinuidade dos conteúdos e a continuidade cronológica das matérias. Sempre achei
a pragmática de seu uso inovadora, mas apenas explorei em sua totalidade quando já
professor deparei-me carregando além do material necessário as aulas três ou quatro
livros diferentes para suprir o uso em cada sala em que ministraria as aulas do dia.
Diante desta realidade, percebi, que no fim do período letivo estava sempre com
os braços cansados em grande parte devido ao excesso de peso. Passei a lidar com a
situação de maneira a problematizá-la para dar uma solução ao impasse ergonômico. Dei
por conta que se eu tinha um impasse desta natureza, também tinham meus alunos. E,
suas razões para não trazer “o livro nosso de cada dia” tinham um fundo coerência. Logo,
não tardou para a resposta aparecer e o fichário é a personagem principal desta história.
Todo professor além das obras enviadas pelo MEC, específicas para a sua
regência; também acaba por receber amostras ou cortesias das editoras que tiveram seus
livros adotados no colégio. Tomei os volumes que recebi, levei-os a uma gráfica e pedi
que as lombadas fossem retiradas – ao cortar a lombada o livro fica com suas páginas
soltas. E, em seguida que perfurassem a margem próxima a lombada, com quatro
perfurações para que pudesse usar suas páginas no fichário. Desta maneira, selecionei os
capítulos que estava usando em cada turma e aquilo que era necessário; as demais páginas
arquivei-as em uma pasta A-Z, para que em cada período de uso pudesse repor as páginas
e substituir pela unidade de uso subsequente.
Quando comecei a usar diariamente meu fichário apenas com o material
necessário, passei a chamar a atenção de meus colegas professores e também a de meus
alunos. Que desejavam fazer o mesmo. Todavia, criou-se um impasse institucional. Pois,
a prática não podia ser regimentada para todas as disciplinas, apenas para aquelas que
adotavam obras consumíveis. Como é o caso de minha disciplina, mas que não podia ser
efetivada devido a prática configurar algo ilegal (segundo alguns colegas uma prática de
depredação de patrimônio público!).
Logo, o projeto em questão tenta lançar um olhar diferenciado sobre a aparente
unidade do livro didático e ao mesmo tempo sugerir que o fracionamento do livro em
“unidades de uso,” pode garantir que ele, o livro, seja efetivamente uma ferramenta a
serviço do ensino-aprendizagem, sem causar danos ergonômicos a vida dos estudantes e
também dos professores. Logo, o problema central do projeto é sugerir uma maneira de
uso funcional do livro didático (volume único e consumível), aos alunos do Ensino Médio
do Colégio Estadual Costa Viana, levando em consideração questões ergonômicas e o
uso efetivo pelos alunos?
A ideia é que o projeto seja realizado com apenas os livros de filosofia,
sociologia e artes. A experiência com estas disciplinas, serão o laboratório para testarmos
a eficiência e os problemas colaterais que a prática pode acarretar. O público que receberá
a ideia de fracionamento, trata-se de todas as séries do ensino médio no período da manhã.
Que totalizam um público de 733 alunos que poderão ser beneficiados pela prática. A
ideia não é apenas desenvolver, organizar e empregar uma nova cultura do livro didático,
mas de outro modo mostrar quanto é significativo ter sempre material de consulta as mãos
durante as aulas. O impacto que as três disciplinas representaram na carga pesada dos
livros é de quase 1/3 do número de livros que os alunos terão que deslocar no trajeto
casa/escola.
Assim, como já foi descrito o projeto tem objetivos de aplicação que tentam dar
conta do caminho experimental que a prática pode sugerir. Seus resultados serão
apresentados sob a forma de um artigo de divulgação científica. Acredito que eles se
demonstraram positivos e quando generalizados, deixaremos de lado o termo
“reutilizável” e todos os problemas físicos e econômicos que sua natureza acarreta. Além
de resolver aquele que considero o verdadeiro problema: a de que o conhecimento pesa
muito e demanda um grande sacrifício o seu uso.
5. REFERÊNCIAS
A gestão do livro didático. Revista Nova Escola. Acessado em 24/08/2015, pelo site:
http://revistaescola.abril.com.br/swf/animacoes/exibi-animacao.shtml?gestao-livro-
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ADRIÃO, Theresa; GARCIA, Teise; BORGUI, Raquel; ARELARO, Lisete. Uma
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pp. 799-818, out/2009.
BECSKEHÁZY, Ilona; LOUZANO, Paula. Sala de aula estruturada: o impacto do uso
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estado de São Paulo. Fundação Lemann, 2010. Apresentação em PowerPoint.
CASSIANO, Célia Cristina de Figueiredo. Reconfiguração do mercado editorial
brasileiro de livros didáticos no início do século XXI: história das principais editoras
e suas práticas comerciais. Em Questão, Porto Alegre, v. 11, n. 2, pp. 281-312, jul-
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BRITO, T. F. O livro didático, o mercado editorial e os sistemas de ensino apostilas.
Acessado em 24/08/2015, pelo site: http://www12.senado.gov.br/publicacoes/estudos-
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editorial-e-os-sistemas-de-ensino-apostilados
FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO. Página eletrônica:
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LOUZANO, Paula et al. Sistemas estruturados de ensino e redes municipais do
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NICOLETI, João Ernesto. Ensino apostilado na escola pública: tendência crescente
nos municípios da região de São José do Rio Preto – SP. Dissertação de mestrado.
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, 2009.
SAMPAIO, Francisco Azevedo de Arruda; CARVALHO, Aloma Fernandes de. Com a
palavra, o autor. Em nossa defesa: um elogio à importância e uma crítica às
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SOARES, Ricardo Pereira. Compras governamentais para o Programa Nacional do
Livro Didático: uma discussão sobre a eficiência do governo. Textos para Discussão
nº 1307. Brasília, DF: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 2007.